Apesar de a pandemia de coronavírus reduzir a demanda por proteína animal, a alta do dólar em relação ao real deixou a carne bovina brasileira em um patamar relativamente baixo de preços no mercado internacional, de acordo com a consultoria Cogo — Inteligência em Agronegócio.
Bases para uma a Estratégia de Longo Prazo do Brasil para a China
Covid-19 e impactos no agronegócio brasileiro
1. Report Diário: impactos do Covid-19 no
agronegócio brasileiro
Impactos nos segmentos de proteínas animais
Overview 14/04/2020
Consolidado: 20h39
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➢ O dólar à vista fechou em leve alta de 0,13%, cotado a R$ 5,1911, após bater em R$
5,21 pela manhã, mas acabou terminando a terça-feira perto da estabilidade.
➢ Com agenda local esvaziada, o mercado de câmbio acabou seguindo o exterior,
onde o dólar teve dia de enfraquecimento.
➢ O dólar começou a terça-feira em queda, com a divulgação de dados melhores que
o esperado do comércio exterior da China, mas passou a subir acompanhando o
petróleo, que operava em alta no mercado futuro.
➢ Porém, o petróleo começou a despencar no final da manhã em meio a crescentes
preocupações sobre o descompasso entre a oferta e a demanda do óleo,
estressando também os mercados de moedas emergentes.
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➢ Petróleo Brent sofreu forte queda de 6,74%, para US$ 29,60 o barril, com a fraqueza
da demanda, que provoca desequilíbrio nesse mercado.
➢ O corte anunciado há alguns dias pela Organização dos Países Exportadores de
Petróleo e aliados (Opep+) não será suficiente para reverter a situação.
➢ Nesta terça-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu sua projeção para
o PIB global, projetando agora retração de 3,0% em 2020, diante dos impactos da
pandemia de coronavírus, que resultam em menor demanda pelo óleo.
➢ O corte na oferta compensa apenas em parte o colapso na demanda devido à crise
da Covid-19, o que deve manter os preços deprimidos por enquanto e levar à
paralisação de algumas unidades de produção de fora da Opep, inclusive nos EUA.
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OVERVIEW 14/04/2020: INDICADORES
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➢ Ibovespa fechou em alta de 1,37%, para 79.918 pontos, o maior patamar desde 13
de março, quando atingiu 82.677 pontos, mesmo com a forte queda nos preços do
petróleo, que pressionou as ações da Petrobras, o principal índice da B3.
➢ O Ibovespa se afastou das máximas do dia e não conseguiu se sustentar, ainda
que levemente, acima dos 80 mil pontos no fechamento desta terça-feira, em dia no
qual contou com o suporte de Nova York, ante a percepção de que os EUA, assim
como a Europa, começam a deixar para trás o pior momento da pandemia.
➢ O desempenho acima do esperado para a balança comercial da China em março
também contribuiu para dar alento ao apetite por ativos de risco, aqui como no
exterior, apesar do desempenho negativo do petróleo.
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OVERVIEW 14/04/2020: INDICADORES
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➢ A cadeia de proteína animal na China sofreu impactos de curto prazo com as
medidas de contenção da Covid-19.
➢ O consumo de carne suína pode ser compensado pelo consumo nos domicílios,
mas o consumo de carne bovina foi afetado porque ocorria principalmente no setor
de food service.
➢ O setor de frango também foi prejudicado por problemas de coordenação entre
fornecimento de ração e processamento de carne.
➢ São boas as perspectivas de importação de carnes pela China, já que a indústria
local de suínos deverá demorar mais três a quatro anos para se recuperar
totalmente da Peste Suína Africana.
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COVID-19 E OS IMPACTOS NOS SEGMENTOS DE CARNES DO BRASIL
7. maio | 2018
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COMMODITY
EXPORTAÇÕES AGRÍCOLAS EM MARÇO/2020 E NO 1º TRIMESTRE/2020
MARÇO/2020* 1º TRIMESTRE/2020*
SOJA +37,7% +15,3%
MILHO -40,1% -53,3%
ALGODÃO +35,1% +33,5%
CAFÉ -5,1% -8,1%
AÇÚCAR +44,1% +32,2%
ARROZ -47,5% -38,1%
CARNE BOVINA +6,2% +5,1%
CARNE DE FRANGO +2,6% +8,8%
CARNE SUÍNA +31,5% +32,1%
SUCO DE LARANJA -5,7% -11,7%
ABRIL 2020
* Comparativos em volumes ante o mesmo período do ano anterior
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➢ A cadeia de processamento de carnes chinesa sofreu interrupções nos primeiros
meses deste ano por causa da Covid-19.
➢ No nordeste da China, apenas 11 frigoríficos estavam em operação entre janeiro e
fevereiro e as fábricas não conseguiram operar por falta de mão de obra.
➢ Isso levou a uma série de medidas que o governo chinês adotou para facilitar a
importação de produtos de origem animal e a distribuição no interior do país
mesmo em meio ao auge da pandemia.
➢ A alta das exportações do Brasil nos primeiros meses do ano está relacionada à
situação da Covid-19, mas permanece a tendência de crescimento das importações
chinesas de proteínas animais.
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➢ 104 estabelecimentos brasileiros de proteína animal foram habilitados a exportar
para a China e há espaços para habilitar mais estabelecimentos no futuro.
➢ A pandemia atrapalhou o processo de certificação de unidades brasileiras pela
China, que vinha ocorrendo com inspeções por videoconferência.
➢ No entanto, o governo brasileiro continua em negociação para habilitação de novas
plantas de carnes para exportação à China.
➢ No processo de revisão das práticas sanitárias da China, o governo tem mostrado
interesse em estimular investimentos no exterior nas cadeias de proteína animal.
➢ O governo brasileiro quer inserir o País nesse movimento, como receptor desses
fluxos de investimento.
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➢ A crise do novo coronavírus pegou a pecuária bovina brasileira em uma situação
relativamente confortável, pois chegou em momento de baixa no ciclo da pecuária.
➢ Se estivéssemos em outra fase do ciclo pecuário, o setor iria sofrer mais.
➢ Além disso, apesar de a pandemia afetar a demanda de forma global, a alta do
dólar em relação ao Real deixou a carne brasileira num patamar relativamente
baixo de preços no mercado internacional.
➢ Atualmente, nenhum país tem condições de produzir carne bovina de qualidade
com a mesma competitividade que o Brasil.
➢ No Brasil, a arroba do boi equivale hoje a US$ 37, enquanto, na Argentina, está em
US$ 35, na Austrália a US$ 58 e nos EUA a US$ 59.
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PERÍODO FRANGO BOI SUÍNO
ÚLTIMOS 30 DIAS -10,8% -0,7% -29,4%
ACUMULADO 2020 -8,8% 3,0% -30,2%
ÚLTIMOS 12 MESES -18,3% 26,4% 0,0%
CARNES: EVOLUÇÃO DOS PREÇOS PAGOS AOS CRIADORES
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➢ Embora a Europa, um importante comprador de cortes nobres do Brasil, esteja
praticamente paralisada, a China e o Oriente Médio seguem demandando.
➢ A demanda de China é sólida e o Brasil tem a melhor condição para atender o país.
➢ Além de a China necessitar importar em razão da Peste Suína Africana – que
dizimou praticamente 50% do rebanho suíno daquele país – o crescimento da
renda na China também sustenta o avanço da demanda de carne bovina.
➢ O maior concorrente para a carne bovina brasileira na região é a Austrália, que
enfrentou problemas graves na produção em decorrência de incêndios e secas.
➢ Existe demanda consistente para a carne bovina tanto na Ásia como nos países do
Oriente Médio.
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➢ Desde 2018, o bezerro para reposição tem alcançado preços recordes, o que
desestimulou o abate de vacas e reduziu a oferta.
➢ Dessa forma, o enxugamento da demanda por causa da Covid-19 ocorre em um
momento em que a oferta de boi também está enxuta.
➢ Com isso, deve haver poucas variações nos preços da arroba ao longo de 2020.
➢ Os frigoríficos enfrentarão maiores dificuldades no mercado de carne premium, que
é consumido em churrascos, bares, restaurantes e hotéis.
➢ O desempenho do setor deve ser acelerado após o fim da crise, mas essa ainda
está longe de ter sido resolvida e a demanda está afetada pelo fechamento do food
service e o consumo nos lares está enfraquecido.
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➢ Quando a pandemia da Covid-19 arrefecer globalmente, os fundamentos de
mercado para o setor de proteína animal voltarão a se fortalecer e o Brasil deve ser
o país que obterá mais vantagens disso.
➢ Deve se ressaltar que, além do problema conjuntural da Covid-19, há um outro
relevante que continua influenciando o mercado global de proteína animal: a Peste
Suína Africana (PSA), que dizimou os plantéis chineses desde o ano passado.
➢ Ainda há pelo menos mais três a quatro anos para a recomposição do rebanho
suíno na China e o país seguirá mantendo volumes elevados de importações de
carne de frango, suína e bovina: quando a pandemia cessar, o mercado chinês
retomará o crescimento do consumo de proteínas animais.
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➢ No mercado de carne de frango, as exportações sofreram abalos entre março e
abril, quando a Covid-19 já havia se espalhado pelo mundo.
➢ O cenário no mercado externo é bastante semelhante ao do mercado interno.
➢ O setor de food servisse reduziu bastante suas compras, principalmente na Europa.
➢ No Japão, houve vários cancelamentos de encomendas, por causa do adiamento
da Olimpíada de 2020, que seria realizada no país asiático.
➢ Os mercados da UE e Japão frearam as compras de forma mais intensa.
➢ No Canadá, que adquire muito frango do Brasil para produção de snacks, como asa
e meio da asa, servidos em bares e restaurantes, o consumo desabou, com
inúmeros problemas de postergação de entregas e até cancelamentos.
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➢ Em relação a outros mercados, alguns estão elevando suas compras, como é o
caso da própria China.
➢ Mesmo com os Estados Unidos aumentando a oferta para a China ainda não houve
mudança no cenário de preços nem redução da demanda em março e abril.
➢ Outros países da Ásia também mantêm os patamares de demanda, como a Coreia
do Sul e Cingapura.
➢ No Oriente Médio, outro grande consumidor de carne de frango brasileira, as
vendas também não têm tido grandes dificuldades de colocação.
➢ Porém, os estoques para o Ramadã devem se reduzir, pois, com a pandemia, a
peregrinação para Meca deve ser menor e afetar o consumo de frango.
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Fontes de Consultas
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Agências: Broadcast Agro, Reuters, Agência Brasil, Valor Econômico e Bloomberg
Cepea – Centro de Pesquisas Econômicas da Esalq/USP
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
CNA – Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária
ANEC – Associação Nacional dos Exportadores de Cereais
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
USDA – Departamento de Agricultura dos Estados Unidos
OMS – Organização Mundial da Saúde
ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
Elaboração: COGO INTELIGÊNCIA EM AGRONEGÓCIO