O documento descreve a experiência de uma professora em ensinar uma criança, chamada Rafael, com necessidades educacionais especiais em uma turma regular de 1o ano. A professora inicialmente tinha preocupações sobre como Rafael se adaptaria, mas ele foi se acomodando à rotina da sala de aula e participando ativamente das atividades. Atualmente, Rafael está apresentando um processo interessante de alfabetização e reconhecimento de letras, palavras e nomes. A professora está otimista com seu progresso.

1. RAFAEL É UM NOME FICTÍCIO A FIM PRESERVAR A IDENTIDADE DA CRIANÇA.
Orientadora de Estudo: Mariana Santos de Jesus (1º A).
Professora Alfabetizadora: Maria Auxiliadora Borges dos Santos.
Pólo: CRE São Caetano.

2. Após visita realizada em uma turma de 1º ano, conheci o referido aluno e observei
como ele relacionava-se com o grupo e com a professora. Achei interessante que a
professora compartilhasse uma experiência exitosa em seu trabalho com um
aluno com necessidade de educação especial, apesar das dificuldades tão iguais
na maioria das escolas que lidam com tais situações. Através da partilha da
experiência, objetiva-se a fim de contribuir para a prática docente com essas
crianças e contribuir de forma significativa na aprendizagem delas. A professora
ainda destacou como a rotina adotada pela Rede Municipal de Salvador
considerando a proposta de trabalho do PNAIC tem contribuído para o
desenvolvimento do aluno relatado no texto abaixo.

3. Ao saber que teria um aluno com retardo mental moderado, confesso que a
preocupação me invadiu. Não só pelo fato de não haver suporte em nossa escola
para atender de forma adequada crianças portadoras de necessidades especiais
(quaisquer delas), mas por não sentir-me capaz; ainda por tratar-se de um
menino de 11 anos numa turma regular de 1º ano, ou seja, crianças com metade
de sua idade! Ressalto que *Rafael foi matriculado neste grupo devido ao fato de
não ter frequentado escola regular nos últimos 4 anos (segundo informações da
mãe).

4. Contudo, sabendo que é dever de proporcionar igualdade de oportunidades a
todos os alunos com necessidades educacionais especiais, tendo em vista a
igualdade de condições de acesso e permanência desses alunos na escola, que
busquei informações acerca de *Rafael, as especificidades do seu caso, de modo
a garantir o desenvolvimento de suas potencialidades.
Minha preocupação inicial foi com sua adaptação a este grupo, pois conforme
observações, *Rafael apresentava atitudes e comportamento que destoavam da
turma em questão: notei que *Rafael reagia de forma “empolgada” a situações
novas (como o contexto escolar, por exemplo) falava alto, queria atenção a todo
instante, o que, as vezes atrapalhava.

5. Isso assustou um pouco as crianças, que não o reconheciam como integrante
do grupo. Passado este período inicial, e após conversar com a turma e com sua
mãe, percebi que ele foi se acomodando, adequando-se a rotina da sala, atento
ao que acontecia, participando de todas as atividades, tais como os momentos
de leitura, contagem dos alunos presentes, trabalho com letras móveis dentre
outros, resolvendo as questões propostas, interagindo com os colegas nas
conversas, jogos e brincadeiras, respeitando as regras de convivência construídas
no grupo (com sua colaboração). Aos poucos, estamos nos reconhecendo e cada
dia ele mostra um traço interessante de si, seja numa pergunta ou resposta dada,
ao ajudar um colega com a tarefa, enfim há muito a ser conhecido.

6. Hoje, *Rafael apresenta um processo interessante de alfabetização,
reconhece a maioria das letras e ao identificar a letra inicial deduz o resto
da palavra, realiza leitura global após pontuar a primeira letra; demonstra
interesse pela leitura e pelos livros; lê e escreve seu nome e sobrenome
com letras de imprensa maiúscula, reconhecendo-o dentre os demais;
reconhece os nomes da escola, da professora, de todos os colegas
(memorizou a ordem da chamada); lembra dos que faltaram. Estou otimista
com seu progresso e nem eu, tampouco ele sabe até onde irá. Cabe a mim,
enquanto educadora desafiá-lo, mostrando e descobrindo o quanto ele é
capaz.