1. O documento descreve as principais áreas de investigação e aplicação da psicologia, incluindo a psicologia pura, cognitiva, emocional, social, do desenvolvimento, biológica e patológica.
2. As áreas de aplicação incluem a psicologia educacional, do trabalho, desportiva e clínica.
3. A psicologia pura realiza investigação sobre o comportamento humano enquanto a aplicada se concentra na educação, organizações, desporto e saúde mental.
1. Doc.4 - Áreas de investigação e de aplicação da Psicologia
A Psicologia como ciência pura ou de investigação produz teorias sobre as várias facetas
do comportamento humano.
Os investigadores especializam-se no estudo de certas áreas do comportamento e
processos mentais. Irá conhecer essas áreas ao longo dos três anos em que estudará
esta disciplina, porque elas correspondem aos temas do programa:
A Psicologia pura ou de investigação estuda os fundamentos dos fenómenos psi-
cológicos, apesar das diferenças existentes entre os objectos de cada uma das áreas.
Como analisa as bases biológicas, sociais e culturais do comportamento, não trata
directamente da aplicação das teorias. A investigação em psicologia científica pressupõe
a criação de métodos de medição e de controlo, que vão desde a construção de testes e
a realização de experiências laboratoriais até aos procedimentos estatísticos
computorizados.
Nos EUA, por exemplo, mais de 10% dos psicólogos dedicam-se à investigação pura,
realizando trabalhos que podem depois ter ou não aplicação directa na vida prática.
Partiremos da análise dos casos do João e da Isabel, para identificar as principais áreas
de investigação existentes em Psicologia. Cada área da Psicologia teórica estuda uma
categoria de fenómenos psicológicos, alguns dos quais são, directa ou indirectamente,
observáveis nestes jovens e referidos no texto que se segue.
Os processos cognitivos ou do conhecimento e os processos afectivos ou
emocionais estão intimamente relacionados e constituem uma área de inves-
tigação que estuda temas, tais como a percepção, o pensamento, a memória, a
inteligência natural e artificial (ligados ao conhecimento) e a motivação, a
frustração e as emoções (ligados à afectividade).
A psicologia dos processos cognitivos relaciona-se com várias disciplinas
entre elas a Psicolinguística e a Inteligência Artificial, especializadas em
temas mais restritos.
A Psicolinguística é uma ciência que aborda os processos psicológicos
relacionados com a aquisição e produção da linguagem, com o seu
reconhecimento, com a sua compreensão e com a sua memorização.
Combinando a Psicologia com a linguística, considera a linguagem como
instrumento de comunicação.
A Psicolinguística investiga os mecanismos neuropsicológicos subjacentes aos
processos de comunicação e às estruturas linguísticas e gramaticais da
linguagem.
A Inteligência Artificial [IA] é uma disciplina científica que apoia a Psicologia
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2. cognitiva e constitui hoje um domínio do conhecimento cada vez mais "na moda".
Procura investigar os processos que permitem reproduzir, através de tecnologias,
o processamento da informação. É, por um lado, uma ciência que procura estudar
e compreender o fenómeno da inteligência com o objectivo de construir teorias e
modelos do pensamento humano sob a forma de programas de computador. É,
por outro lado, um ramo da engenharia que, baseando-se nesses modelos,
procura construir instrumentos para apoiar a inteligência humana. Assim, por
exemplo, uma actividade perceptiva como a visão pode ser substituída por uma
célula fotoeléctrica; algumas actividades cognitivas são assumidas por
computadores e muitas das actividades manipulativas são realizadas por
mecanismos robóticos.
A Psicologia dos processos emocionais aborda os fenómenos relacionados
com a energia psicológica envolvida nos comportamentos. Inclui a Psicologia da
Motivação, dimensão da investigação psicológica que estuda o processo
energético que desencadeia, orienta e mantém cada comportamento. Todos os
comportamentos pressupõem motivações conscientes ou inconscientes.
Existem diferentes níveis de motivação correspondentes aos impulsos orgânicos
inatos (fome, sede, necessidade de oxigénio, etc.) e às tendências aprendidas
(hábitos, padrões de cultura, etc.).
Quando as motivações enfrentam obstáculos à sua realização, surgem as
frustrações e os conflitos.
PSICOBIOLOGIA
Esta grande área da Psicologia teórica estuda as funções e actividades mentais e
comportamentais, nas suas relações com os processos biológicos. De facto,
todos os processos cognitivos, como a memória ou a inteligência, os movimentos
e actividades que realizamos para falar, ler ou escrever envolvem órgãos com
uma dada forma, especialmente um cérebro com certas características de
funcionamento, além dos músculos e meios de transmissão nervosa. Também os
processos emocionais implicam a activação de diferentes processos orgânicos.
Assim, a Psicobiologia relaciona-se com a genética, que estuda os fundamentos
da formação e transmissão de
características no indivíduo
(comportamento e personalidade)
e na espécie. Relaciona-se com a
(do grego morfos), que estuda a
influência da forma do corpo no
2
3. comportamento dos indivíduos; com a fisiologia que estuda o funcionamento dos
órgãos do corpo e com a neuropsicologia, entre outras.
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4. A neuropsicologia analisa os mecanismos biológicos do sistema nervoso
que estão subjacentes a todos os nossos comportamentos e processos
mentais. Recentemente, o desenvolvimento tecnológico dos meios de
observação do sistema nervoso como, por exemplo, a tomografia axial
computorizada (TAC), a ressonância magnética (RM) ou o
electroencefalograma (ECG), provocaram um grande desenvolvimento na
neuropsicologia. Actualmente, mesmo as minúsculas células nervosas – os
neurónios – são observáveis através de microscópios electrónicos.
Psicologia Social
A Psicologia social estuda as Interacções sociais entre os indivíduos, entre
os indivíduos e os grupos e as dos grupos entre si. Procura analisar a influência
social no comportamento e na construção da personalidade: a formação de atitu-
des, preconceitos, estereótipos, padrões culturais, etc. Além disso, investiga os
fenómenos ligados à dinâmica dos grupos restritos, como, por exemplo, os
fenómenos de liderança, conformismo e obediência.
Na realidade somos, por natureza, seres sociais: nascemos incompletos e é na
sociedade que construímos a nossa humanidade (aprendendo a falar, a pensar,
a agir e a ser).
Psicologia do desenvolvimento
Esta importante área da Psicologia de investigação descreve e explica as
transformações quantitativas e qualitativas que vão ocorrendo nos
indivíduos. As transformações quantitativas dizem respeito, fundamentalmente,
ao crescimento físico. As qualitativas referem-se, sobretudo, aos aspectos
afectivos e intelectuais da personalidade.
A Psicologia do desenvolvimento, como objecto de investigação científica, está
associada ao período pós-darwinista, dado que, nos finais do século XIX, Darwin
aprofundou a ideia de evolução. Além disso, nos últimos 100 anos, multiplica-
ram-se as concepções sobre a criança, o que levou a considerar o século XX
como o «século da criança».
Nas últimas décadas, o conceito de desenvolvimento não abrange apenas
o desenvolvimento infantil, terminando com o final do crescimento biológico ou
«maturidade», mas aplica- se a todo o ciclo vital. O desenvolvimento dos
indivíduos é, assim, uma mistura de maturação ou desenvolvimento gradual e
5. de
mutação ou transformação brusca. O desenvolvimento é, portanto, um misto de
evolução e revolução, de continuidade e de ruptura.
Uma característica geral do desenvolvimento é que ele é progressivo. Por exem-
plo, o desenvolvimento das competências manuais obedece a uma sequência
em que aumenta a precisão dos movimentos.
O desenvolvimento surge, assim, segundo os diferentes autores, associado à
predominância da maturação genética, à predominância de factores ambientais
ou, mais frequentemente, como resultado da interacção entre os dois tipos de
factores.
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6. 2.
1. Psicopatologia
Esta área de investigação da Psicologia é transversal, abarcando todas as
temáticas de investigação psicológica, todos os tipos de comportamentos
e de processos mentais, desde que estejam ligados a distúrbios
comportamentais e/ou a doenças mentais. Os dois ramos principais das
doenças mentais são as neuroses (Alteração global e grave da
personalidade, geralmente de origem orgânica.) e as psicoses.
(perturbação grave do psiquismo que provoca desordens do
comportamento sem perada da referência à realidade).
No que diz respeito ao ser humano normal, a Psicopatologia fornece
contributos para o conhecimento dos mecanismos mentais. Por exemplo,
o exagero de um traço de personalidade – agressividade, hiperactividade,
apatia - permite conhecer "melhor essa característica num indivíduo
normal.
Estas áreas de investigação que referimos não formam compartimentos
estanques, incomunicáveis entre si. Ao contrário, elas estabelecem
constante diálogo, pois só assim é possível compreender e explicar o
comportamento humano que, como já referimos, se caracteriza pela
complexidade Na verdade, se o ser humano é simultaneamente biológico,
social e cultural, todo o seu pensar, sentir e agir (isto é, todo o seu
comportamento) traduzem essas três dimensões de forma integrada.
Da mesma forma, também entre a Psicologia de investigação e a
Psicologia aplicada existe uma interdependência. Na verdade, como
poderíamos aplicar conhecimentos – ajudando a melhorar a qualidade de
vida das pessoas e tratando psicoses e neuroses – se não houvesse
investigação? E, por outro lado, a aplicação dos conhecimento na vida
prática permite enriquecer as teorias, fornecer casos concretos que
sustentam o conhecimento teórico ou até detectar lacunas que permitem
melhorá-lo.
Quais as áreas da psicologia aplicada?
A psicologia como ciência prática ou aplicada refere-se a áreas de
intervenção da Psicologia que são utilizadas nas mais variadas situações da
7. sociedade contemporânea. Assim, pode-se encontrar um psicólogo na escola,
no hospital, no tribunal, na fábrica, na universidade, no clube desportivo, num
centro de design de objectos e brinquedos, num departamento de uma
câmara municipal, no staff de um grupo político, num departamento de um
meio de comunicação social, num consultório, etc.
Iremos analisar sucintamente algumas destas áreas de aplicação e intervenção da
Psicologia:
Psicologia educacional e da orientação escolar e profissional; Psicologia do
trabalho e das organizações;
Psicologia desportiva;
Psicologia clínica;
Psicologia forense.
PSICOLOGIA EDUCACIONAL E DA ORIENTAÇÃO ESCOLAR E PROFISSIONAL
A Psicologia educacional é aplicada, essencialmente, em três tipos de situações
envolvendo:
Alunos – o psicólogo procura promover o seu desenvolvimento e maturação psicológicos e
intervir nas dificuldades de natureza intelectual e emocional que perturbam a sua
aprendizagem e a integração escolar.
Professores – O psicólogo da educação apoia os educadores em questões
psicopedagógicas como, por exemplo, a escolha dos métodos de ensino, a elaboração de
programas e materiais adequados ao perfil dos alunos, questões de indisciplina, etc.
Outros intervenientes na acção educativa – o psicólogo procura ajudar todos os
intervenientes na educação melhorando a comunicação, facilitando as relações pessoais,
melhorando a comunicação família/escola, encontrando as funções educativas mais
adequadas às características dos funcionários, etc.
Para além destas actividades de apoio aos educadores e alunos, o psicólogo escolar
também desenvolve e realiza a orientação escolar e profissional dos alu nos,
identificando as características de personalidade e competências que tornam os alunos
mais aptos a frequentar uma certa área de estudos e para optar por uma determinada
carreira profissional.
Os locais de intervenção do psicólogo educacional são os jardins-de-infância, escolas e
outras instituições de ensino e, ainda, as instituições de educação especial, o Ministério
8. da Educação e as autarquias.
Os psicólogos escolares também participam em parcerias entre instituições, como: os
territórios educativos (áreas pedagógicas de intervenção prioritária devido a problemas
socioeconómicos), as equipas de educação especial, o SOS Criança, etc. Também
podem exercer as suas funções em
3. consultórios de orientação escolar e profissional.
4.
Psicologia do trabalho e das organizações
Como melhorar a relação de cada indivíduo com o seu trabalho e
com a organização onde exerce a sua
profissão?
Como optimizar as relações de trabalho,
resolvendo conflitos existentes entre os
recursos humanos?
Como adaptar as
pessoas às novas
tecnologias e às
novas necessidades
que o mundo do
trabalho actualmente
exige?
Como melhorar a
produtividade de uma
empresa,
aumentando a
satisfação individual?
O psicólogo
organizacional trata
destas e de muitas
outras questões que
se prendem com a
vida das
organizações, com o
trabalho que nelas se
produz e com as
relações humanas
que se estabelecem
entre as pessoas
que nelas trabalham. As suas funções são exercidas em
organizações estatais, privadas ou militares, sejam empresas,
autarquias, escolas, hospitais, estabelecimentos prisionais ou outros.
A sua intervenção procura aumentar a produtividade
Podemos, então, dizer que o psicólogo organizacional actua,
fundamentalmente, em três áreas:
9. Área do trabalho - organização do trabalho, segurança, saúde,
interacção indivíduo/máquina;
Área da organização - relações interpessoais, gestão de conflitos,
motivação, negociação;
Área do pessoal - selecção de pessoal, formação, desenvolvimento de
carreiras, promoções.
Psicologia Clínica
O psicólogo clínico aplica os seus conhecimentos para diagnosticar
Perturbações, dificuldades e problemas, realizando uma interacção psicólogo/
paciente num esforço de análise e compreensão dos comportamentos. Desenvolve
psicoterapias individuais e de grupo de modo a facilitar os processos de mudança
necessários para ultrapassar as perturbações, dificuldades e problemas que
impedem uma integração social adequada.
10º CPAF