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                                                    Índice


Índice ................................................................................................................ 2

Introdução ......................................................................................................... 3

Neurologistas, psicólogos clínicos, psiquiatras, psicanalistas e psicoterapeutas . 4

Psicologia do Desporto ...................................................................................... 6

O Psicólogo, Promotor de Desenvolvimento e Autonomia ................................. 8

Conclusão ........................................................................................................ 10

Biografia .......................................................................................................... 11

Anexos............................................................................................................. 12




                                                                                                    2|Página
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                                      Introdução


       O termo psicologia provém de duas palavras gregas, psyche, que significa
mente ou alma, e logos, que significa análise de um determinado assunto. Nos finais
do século XIX os processos mentais eram encarados como o objecto apropriado da
psicologia. Durante o século XX tentou-se reduzir o objecto de estudo da psicologia ao
que era observável, ao comportamento, Mais tarde estas perspectivas simplistas e
redutoras foram ultrapassadas pois referiam que a psicologia era, por definição, a
análise do comportamento e dos processos mentais. Estes dois elementos não devem,
de maneira alguma, ser estudados separadamente, pois estão intimamente
relacionados, pelo que os psicólogos actuais entendem por Comportamento aquilo que
um ser vivo (essencialmente o ser humano) faz, diz, pensa e sente.

       O progresso da psicologia e a complexidade dos problemas da população
traduz uma progressiva especialização da psicologia aplicada, que se organiza em
várias áreas de investigação. De entre todas essas temos a psicologia educacional,
psicologia de orientação, psicologia clínica, psicologia criminal, etc., focar-nos-emos
numa das mais presentes em Portugal, a psicologia do desporto.

       Em meados dos anos 60 a psicologia do desporto aparece com um corpo
teórico de conhecimentos próprio e independente. Porem, o interesse pelo estudo
desta temática incentivou investigadores de diversas áreas científicas e filosóficas a
efectuarem diversos estudos, podendo-se situar o começo no final do século XIX. O
investigador Norman Triplett (1897) foi e é considerado o primeiro a conduzir um
estudo no âmbito da psicologia desportiva.

       Os psicólogos do desporto, inicialmente, preocupavam-se em descrever,
observar e explicar os factores psicológicos que influenciavam a actividade física e
desportiva, uns anos mais tarde, passaram a preocupar-se com a aprendizagem e em
controlar o rendimento desportivo assinalando a acção do psicólogo e, hoje em dia
preocupam-se em optimizar o rendimento desportivo.




                                                                         3|Página
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            Neurologistas, psicólogos clínicos, psiquiatras,
                        psicanalistas e psicoterapeutas


       Hoje em dia, existem diversos técnicos que actuam no tratamento da saúde
mental,     tais    como,           neurologista,   psicólogos,   psiquiatras,    psicanalistas         e
psicoterapeutas e, por esse motivo, podem ser frequentemente confundidos entre si.

          De entre todos os psicólogos, os que são mais confundidos, são os psicólogos
clínicos, pois estes, assim como os psiquiatras, fazem tratamento terapêutico. Para
uma melhor compreensão, passaremos a referir o modo como cada um dos técnicos
intervêm na saúde mental. Assim, um neurologista (Fig.1) é licenciado em medicina
que, posteriormente, se especializa em neurologia. É formado para investigar,
diagnosticar e tratar distúrbios neurológicos recorrendo a técnicas de análise como
electroencefalogramas e TAC.

       Um psicólogo clínico (Fig.2) é licenciado em psicologia, mas faz especialização
em psicologia clínica. Esta é uma área da psicologia aplicada que tem como principais
objectivos diagnosticar, prevenir e tratar um ou vários indivíduos que manifestem
problemas a nível psicológico, tentando-lhes garantir o equilíbrio necessário para se
desenvolverem de forma adaptada. Psicólogo Clínico não pode prescrever medicação,
porém tem aptidões para aconselhar a procurar um psiquiatra ou médico de família caso o
paciente necessite.




             Fig.1 – Pierre Marie                   Um psiquiatra           Fig.2 – Psicóloga clínica

(Fig.3), diferente do psicólogo clínico, é licenciado em medicina especializando-se,

                                                                                      4|Página
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posteriormente, em psiquiatria. O psiquiatra possui uma formação centrada no
funcionamento biológico e fisiológico do Homem, podendo utilizar psicofarmacos 1
para abrandar a dor psicológica e limitar a intensidade ou a duração das perturbações
mentais.

        Um Psicanalista (fig.4) é um profissional que possui formação em psicologia,
medicina, ou pode ter outra formação de base. A psicanálise é um método terapêutico
criado por Sigmund Freud, que consiste em observar e interpretar processos não
conscientes que estimulam os comportamentos e a vida emocional das pessoas. Estes
factores inconscientes podem originar descontentamento e sofrimento.

        Um Psicoterapeuta (Fig.5) é um psicólogo ou um médico que seguidamente se
especializa em psicoterapia após a conclusão da licenciatura em psicologia clínica. A
psicoterapia tem como objectivo actuar sobre o comportamento e sobre o psiquismo,
através de abordagens essencialmente psíquicas, esta mais próxima da psicologia.
Inicialmente, esta técnica era procurada por pessoas que manifestavam problemas no
convivência com a realidade, manifestando-se por fobias, ansiedade, comportamentos
obsessivos, etc. Hoje em dia, é procurada por pessoas com conflitos conjugais, nas
relações pais-filhos, no emprego, etc.




   Fig.3 – Vittorino Andreoli                                          Fig.5 - James Bugental
                                              Fig.4 – Sigmund Freud




        1
            Medicamentos para tratamento de doenças psiquiátricas

                                                                       5|Página
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                             Psicologia do Desporto


        A psicologia do desporto é considerada uma nova área da psicologia aplicada
que tem tido um enorme desenvolvimento e expansão nos últimos tempos, cujo
objectivo é compreender os processos mentais e o comportamento do praticante. A
psicologia do desporto exprime-se em respostas notáveis, pois o desporto manifesta-
se, maioritariamente, por processos físicos e respostas mais discretas, sucedidas no
interior dos atletas, pois estes possuem interesses, afectos e valores. Desta forma,
podemos afirmar que o objectivo do psicólogo é promover o seu bem-estar, ou seja,
promover o equilíbrio no funcionamento do corpo e da mente.

         A actividade desportiva não se limita apenas a épocas de competição, mas
também aos treinos. Assim, o psicólogo deve acompanhar o atleta para que possa
superar de um modo assertivo determinados aspectos negativos tais como
consequências de uma lesão (Fig.6), derrotas e desconsiderações. Na vida de um atleta
existem várias relações interpessoais que nem sempre são as melhores, como por
exemplo, com colegas de equipa, adversários, treinadores e dirigentes desportivos.
Para além disso, temos ainda a comunicação social e o público que não só elogiam e
admiram, mas também criticam e ofendem o atleta.

       Esta área da psicologia aplicada não
intervém    apenas    em     clubes,   equipas,
preparadores físicos e árbitros mas também
em estabelecimentos de actividades físicas e
desportivas de lazer e aliadas à saúde, como
ginásios, instituições vocacionadas para a
reabilitação e clínicas médicas.



                                                       Fig. 6 – Lesão no futebol




                                                                            6|Página
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       Segundo a Sociedade Britânica de Psicologia, Divisão de Psicologia do Desporto
e exercício, o psicólogo deve intervir, por exemplo, para auxiliar atletas de elite a
desenvolverem estratégias de preparação para lidarem com as exigências da
competição e do treino, ajudar gestores, treinadores e árbitros para uma melhor
comunicação e relação interpessoal (fig.7), aplicar a investigação na aprendizagem
motora e nos processos psicofisiológicos maximizando assim regimes de prática e
forma física, consultar a nível psíquico atletas lesionados durante a sua reabilitação,
ajudar a gerir o stress, ansiedade e esgotamento, etc.

       Existem vários psicólogos formados em psicologia do desporto, de entre eles,
Gisele Silva, Fátima Novais, Luís Sénica, Sidónio Serpa e José Cruz. Contudo, mérito do
nascimento deste ramo da psicologia deve ser atribuído a António Paula Brito, “verdadeiro pai
da psicologia do desporto em Portugal” (Cruz, 1996: 31).




                                           Fig.7 – Relacionamento entre treinador e equipa




                                                                                     7|Página
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          O Psicólogo, Promotor de Desenvolvimento e
                                   Autonomia
       O grande objectivo da psicologia é a prevenção e a remediação de doenças
mentais e de perturbações comportamentais bem como a promoção da autonomia e
desenvolvimento pessoal.

       Embora trabalhem em diferentes áreas, os psicólogos têm os mesmos objectivos.
Devem ser agentes de mudança, isto é, devem, seja qual for a sua área da psicologia
aplicada, procurar modificar o estado de coisas: podem modificar um problema já
identificado, tornando-o menos problemático, ou podem tentar evitar problemas que
possam surgir e que são provocados por uma dada situação. Assim, tanto a remediação
como a prevenção fazem parte da prática profissional dos psicólogos.

       Uma das primeiras abordagens sistemáticas da prevenção na intervenção
psicológica começou por distinguir entre prevenção primária, secundária e terciária. Esta
abordagem trata-se de um modelo vindo da saúde pública e ficou conhecido como o
modelo médico da prevenção da perturbação mental. A prevenção primária tem o
objectivo de fazer diminuir a prevalência de um determinado problema e tem o objectivo
de fazer diminuir a frequência com que surgem determinados problemas mentais ou
comportamentais numa população ou comunidade. A prevenção secundária tem como
objectivo a identificação precoce de problemas mentais e comportamentais, ou seja, se
estes problemas forem identificados nas suas fases iniciais, há maior probabilidade de agir
com maior eficácia e, desta forma prevenir outras perturbações mais severas e que
danifiquem o bem-estar das pessoas. A prevenção terciária tem como objectivo a inserção
social e a reabilitação de pessoas que sofrem ou sofreram de doenças mentais ou que
apresentam ou apresentaram distúrbios comportamentais.

       Para além da prevenção poder ser distinguida entre primária, secundária e
terciária, existem outras duas perspectivas, a prevenção centrada na situação, que é
defendida pelo psicólogo George Albee, e a prevenção centrada nas competências. É
muito importante, para aumentar a eficácia dos esforços preventivos realizados, combinar
estas duas perspectivas e actuar tanto ao nível das situações como ao nível das
competências.


                                                                            8|Página
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       A prevenção centrada na situação concentra-se, por exemplo, para as causas de
stress ou perturbações que existem na relação de uma pessoa consigo mesma, com os
outros ou com os seus contextos de vida. A prevenção actua de forma a diminuir os
factores de perturbação que afectam as pessoas ou as suas relações.

       A prevenção centrada nas competências preocupa-se em fazer com que as pessoas
passem a possuir determinadas características e capacidades que ajudarão a lidar com os
problemas que possam surgir, ou seja, não age sobre os aspectos da situação que podem
contribuir para o aparecimento e agravamento de situações de perturbação mental ou
comportamental, procura-se capacitar as pessoas com competências que os ajudem a lidar
com os problemas que possam surgir.

       Mas a intervenção dos psicólogos não se deve ficar pela remediação e pela
prevenção. Os psicólogos devem também promover a saúde mental, o bem-estar e o
desenvolvimento psicológico dos seres humanos. Devem ser potenciadores de bem-estar
e saúde mental e agir sobre os contextos e situações problemáticas, tornar as pessoas
mais aptas para resolverem os seus problemas, promover a transformação e o
desenvolvimento para que as pessoas possam integrar-se nas acções quotidianas e fazê-
las compreender o que se passa e, assim, encontrar significados para as suas acções. Desta
forma, podemos afirmar que a promoção do desenvolvimento é a melhor forma de
prevenir não só o aparecimento de distúrbios mentais e comportamentais mas também é
a melhor forma de ajudar as pessoas a construir contextos onde possam viver melhor.

       As perturbações psicológicas e os distúrbios comportamentais colocam, muitas
vezes, dificuldades à adaptação das pessoas que os experiencia. Neste caso, os psicólogos
devem facilitar a adaptação de pessoas que, por exemplo, tenham elevada ansiedade
social e assim não consigam ter sucesso na sua vida profissional. Devem ensinar essas
pessoas a relaxarem e evitar pensamentos negativos e deprimentes, para ajudá-las na sua
adaptação, ou seja, ao seu ajustamento social e comportamental.




                                                                           9|Página
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                                      Conclusão


       Ainda existem muitos técnicos que actuam no tratamento da saúde que são
frequentemente confundidos entre si, isto acontece precisamente porque existem
muitos e, grande parte deles, utiliza métodos muito semelhantes para tratar doenças
relacionadas a transtornos mentais. O facto de nem todos poderem prescrever
medicamentos com a finalidade de curar doenças psicológicas faz com que seja este a
principal diferença entre eles.

       Com o passar do tempo a psicologia passou a ter uma vasta diversidade de
áreas de intervenção, uma delas era a psicologia do desporto.

       A Psicologia do Desporto tem demonstrado ser um forte campo de pesquisa e
emprego do conhecimento psicológico. O seu desenvolvimento tem-se tornado
assunto comum entre treinadores e atletas, visto que, dentro dos limites impostos
pelas suas capacidades físicas, o rendimento deles na competição e nos treinos está
significativamente relacionado com o seu funcionamento psicológico.

       A preparação psicológica de cada um vai diferenciar “os melhores do resto”
(Lohasz e Leith, 1997). Contudo, os treinos psicológicos diversificam de pessoa para
pessoa, pois não possuímos iguais formas de ser, de ver e de reagir a determinada
situação, sendo, por este motivo, resultantes das preferências de cada um. Assim, o
que resulta com um desportista pode não resultar com os outros e vice versa.




                                                                      10 | P á g i n a
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                                     Biografia


   Matos Monteiro, Manuela; Pedro Tavares Ferreira; Ser Humano - 2ªParte,
    Psicologia B – 12ºano; pp. 230-231/250-257
   Luís Rodrigues; PSICOLOGIA 12º Ano – 1º Volume; Plátano Editora; 2005
   http://psicologiab-jml.blogspot.com/2010/11/psicologia-do-desporto.html
   http://www.joaosilas.com/psicologia-do-desporto/
   http://www.psicoterapiaintegrativa.com/therapists/images/S_James_Bugental
    .jpg
   http://www.baillement.com/image-quinte/pierre_marie_1890.gif
   http://jpn.icicom.up.pt/imagens/pessoas/manuela_fleming_jfuente.jpg
   http://4.bp.blogspot.com/_lzpSZJLzhSs/TCZt43FkAlI/AAAAAAAAABw/reOQB3m
    bA5Q/s1600/Sigmund_Freud_LIFE%5B1%5D.jpg
   http://semanal.omirante.pt/index.asp?idEdicao=423&id=60407&idSeccao=654
    1&Action=noticia




                                                                 11 | P á g i n a
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                                        Anexos

                                               Arquivo: Edição de 23-12-2009

       Entrevista

“A psicologia do desporto ajuda a fazer a diferença”
                                                 Professor universitário e investigador
                                        científico Paulo Malico Sousa é, desde
                                        Setembro, o psicólogo da equipa sénior de
                                        hóquei em patins do Benfica. Em entrevista a
                                        O MIRANTE, o vila franquense de 39 anos –
                                        que      tem     um    currículo     académico
                                        impressionante – garante que a psicologia do
                                        desporto “ajuda a fazer a diferença”, mas
                                        lamenta que em Portugal esse reconhecimento
                                        tarde em chegar, ao contrário do que já
                                        acontece lá fora. Considera “sério, realista e
                                        meritório”, o trabalho da direcção da União
                                        Desportiva Vila franquense, o clube do seu
                                        coração.

                                               Jorge Afonso da Silva




       Como surgiu o convite do Benfica?

       O professor Luís Sénica – treinador da equipa sénior de hóquei em patins do
Benfica – saiu da selecção e entendeu que deveria ter a trabalhar com ele um
psicólogo. Foram apresentadas várias propostas e a minha foi aceite. Pediram-me para
fazer o diagnóstico da situação individual e colectiva do grupo e, se as coisas
corressem bem havia a possibilidade de fazer um contrato e de dar continuidade a
esse trabalho inicial. Senti-me bem, o clube e a equipa técnica gostaram da minha
prestação e assinei por um ano com o Benfica. Desde o início da época que faço parte
da estrutura técnica do hóquei sénior do Benfica juntamente com o professor Luís
Sénica e o professor Nuno Ferrão que é o treinador adjunto.




                                                                       12 | P á g i n a
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        Contratar psicólogos para as equipas técnicas é uma coisa recente em
Portugal?

        Não tem muitos anos. As intervenções que têm acontecido ao nível da
psicologia em alta competição no nosso país têm sido esporádicas e com pouca
continuidade. Excepto a intervenção do colega Pedro Almeida, que esteve no Benfica
com o Jesualdo Ferreira e o Toni e que tem um trabalho com mais de 10 anos. Ao
contrário do que acontece noutros países onde já há uma larga tradição na
intervenção psicológica no alto rendimento. Na América os psicólogos fazem parte das
equipas técnicas em modalidades como o basebol, basquetebol ou hóquei. Desde a
época 2001/2002, altura em que o Real Madrid criou um gabinete de psicologia, que
tem havido uma tendência crescente em toda a Europa, em particular na Espanha,
onde muitos clubes seguiram o exemplo, de se trabalhar de uma forma efectiva nessa
área.

        Acha que só agora estamos a dar os primeiros passos?

        Sim. Com dificuldade e resistência por parte de alguns treinadores menos
informados. Depois, a conjuntura económica não potencia, neste momento, a entrada
de mais um elemento para uma equipa técnica. O processo é lento mas consistente no
sentido de se integrar alguém especialista na área da psicologia para ajudar no treino
mental dos atletas, que é uma das quatro vertentes fundamentais no alto rendimento.
O treino psicológico é tão importante quanto o treino físico, técnico e táctico. Estas
quatro dimensões estão de mãos dadas e quando as primeiras intervenções
começarem a dar resultado, acredito que alguns treinadores menos sensibilizados para
esta questão, vão perceber a importância do psicólogo na melhoria do rendimento dos
atletas. Normalmente são os treinadores mais bem informados, aqueles que têm
formação académica ao nível superior, que mais rapidamente têm essa percepção e
recorrem aos serviços de um especialista em psicologia do desporto para os ajudar
nessa área.




                                                                       13 | P á g i n a
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       Quando é que se deve iniciar essa intervenção psicológica?

       Deve-se começar nos escalões de formação. São os atletas mais jovens que
mais facilmente adquirem competências psicológicas básicas, em contraponto com os
atletas mais veteranos, que mais dificilmente conseguem moldar o seu
comportamento através das técnicas de modificação comportamental que vamos
implementando. A ideia é fazer estas intervenções o mais cedo possível. Ao nível dos
iniciados, com 12,14 anos, seria a altura ideal para se começar o treino psicológico,
como se faz no treino físico, técnico ou táctico. Seria interessante fazer a evolução do
processo mental a partir daí.

       Como é que é feito o trabalho psicológico numa equipa de alta competição?

       Há vários modelos de intervenção. Preconizo um modelo que consiste em
várias fases ao longo da época. A primeira consiste num diagnóstico da situação feito
na pré-época. O psicólogo vai para o terreno, equipado como mais um elemento da
equipa técnica, faz observação directa e sistemática do comportamento dos atletas em
treino e depois em competição. Através de uma grelha de registo de dados que ele
próprio constrói, vai avaliando algumas componentes dos atletas. Depois, é feito uma
bateria de testes e provas psicológicas especificamente vocacionados para o contexto
desportivo. Cruzam-se os dados e numa entrevista final chega-se ao perfil psicológico e
a um diagnóstico mais claro sobre cada um dos atletas. A partir daí inicia-se a segunda
fase que é um trabalho mais de gabinete, em que através de técnicas de modificação
comportamental, cientificamente comprovadas e validadas, vamos encetar melhorias
nas diversas vertentes mentais para que o atleta seja cada vez melhor.

       É possível evoluir psicologicamente?

       É possível melhorar competências psicológicas da mesma forma que é possível
melhorar as competências físicas, técnicas e tácticas. Treinando-as e tornando mais
elástico o nosso cérebro. Cada atleta é um caso e cada indivíduo tem o seu potencial
de evolução à semelhança de todas as áreas de intervenção da psicologia.




                                                                         14 | P á g i n a
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       Acha que isso fará a diferença no resultado final?

       A psicologia ajuda a fazer a diferença. O objectivo da psicologia não é resolver
mas sim ajudar a resolver. Por si só o treino psicológico não contribuiu com nada. Mas
integrado num modelo de treino em que também se valoriza a vertente técnica, física
e táctica, de certeza que ajuda. Quando uma componente falha as outras também. A
psicologia do desporto ajuda a melhorar o rendimento e as competências psicológicas
dos atletas.“Direcção da UDV tem feito trabalho sério, realista e meritório”




                                                                         15 | P á g i n a

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  • 1. Escola Secundária de Valongo 10/11 1|Página
  • 2. Escola Secundária de Valongo 10/11 Índice Índice ................................................................................................................ 2 Introdução ......................................................................................................... 3 Neurologistas, psicólogos clínicos, psiquiatras, psicanalistas e psicoterapeutas . 4 Psicologia do Desporto ...................................................................................... 6 O Psicólogo, Promotor de Desenvolvimento e Autonomia ................................. 8 Conclusão ........................................................................................................ 10 Biografia .......................................................................................................... 11 Anexos............................................................................................................. 12 2|Página
  • 3. Escola Secundária de Valongo 10/11 Introdução O termo psicologia provém de duas palavras gregas, psyche, que significa mente ou alma, e logos, que significa análise de um determinado assunto. Nos finais do século XIX os processos mentais eram encarados como o objecto apropriado da psicologia. Durante o século XX tentou-se reduzir o objecto de estudo da psicologia ao que era observável, ao comportamento, Mais tarde estas perspectivas simplistas e redutoras foram ultrapassadas pois referiam que a psicologia era, por definição, a análise do comportamento e dos processos mentais. Estes dois elementos não devem, de maneira alguma, ser estudados separadamente, pois estão intimamente relacionados, pelo que os psicólogos actuais entendem por Comportamento aquilo que um ser vivo (essencialmente o ser humano) faz, diz, pensa e sente. O progresso da psicologia e a complexidade dos problemas da população traduz uma progressiva especialização da psicologia aplicada, que se organiza em várias áreas de investigação. De entre todas essas temos a psicologia educacional, psicologia de orientação, psicologia clínica, psicologia criminal, etc., focar-nos-emos numa das mais presentes em Portugal, a psicologia do desporto. Em meados dos anos 60 a psicologia do desporto aparece com um corpo teórico de conhecimentos próprio e independente. Porem, o interesse pelo estudo desta temática incentivou investigadores de diversas áreas científicas e filosóficas a efectuarem diversos estudos, podendo-se situar o começo no final do século XIX. O investigador Norman Triplett (1897) foi e é considerado o primeiro a conduzir um estudo no âmbito da psicologia desportiva. Os psicólogos do desporto, inicialmente, preocupavam-se em descrever, observar e explicar os factores psicológicos que influenciavam a actividade física e desportiva, uns anos mais tarde, passaram a preocupar-se com a aprendizagem e em controlar o rendimento desportivo assinalando a acção do psicólogo e, hoje em dia preocupam-se em optimizar o rendimento desportivo. 3|Página
  • 4. Escola Secundária de Valongo 10/11 Neurologistas, psicólogos clínicos, psiquiatras, psicanalistas e psicoterapeutas Hoje em dia, existem diversos técnicos que actuam no tratamento da saúde mental, tais como, neurologista, psicólogos, psiquiatras, psicanalistas e psicoterapeutas e, por esse motivo, podem ser frequentemente confundidos entre si. De entre todos os psicólogos, os que são mais confundidos, são os psicólogos clínicos, pois estes, assim como os psiquiatras, fazem tratamento terapêutico. Para uma melhor compreensão, passaremos a referir o modo como cada um dos técnicos intervêm na saúde mental. Assim, um neurologista (Fig.1) é licenciado em medicina que, posteriormente, se especializa em neurologia. É formado para investigar, diagnosticar e tratar distúrbios neurológicos recorrendo a técnicas de análise como electroencefalogramas e TAC. Um psicólogo clínico (Fig.2) é licenciado em psicologia, mas faz especialização em psicologia clínica. Esta é uma área da psicologia aplicada que tem como principais objectivos diagnosticar, prevenir e tratar um ou vários indivíduos que manifestem problemas a nível psicológico, tentando-lhes garantir o equilíbrio necessário para se desenvolverem de forma adaptada. Psicólogo Clínico não pode prescrever medicação, porém tem aptidões para aconselhar a procurar um psiquiatra ou médico de família caso o paciente necessite. Fig.1 – Pierre Marie Um psiquiatra Fig.2 – Psicóloga clínica (Fig.3), diferente do psicólogo clínico, é licenciado em medicina especializando-se, 4|Página
  • 5. Escola Secundária de Valongo 10/11 posteriormente, em psiquiatria. O psiquiatra possui uma formação centrada no funcionamento biológico e fisiológico do Homem, podendo utilizar psicofarmacos 1 para abrandar a dor psicológica e limitar a intensidade ou a duração das perturbações mentais. Um Psicanalista (fig.4) é um profissional que possui formação em psicologia, medicina, ou pode ter outra formação de base. A psicanálise é um método terapêutico criado por Sigmund Freud, que consiste em observar e interpretar processos não conscientes que estimulam os comportamentos e a vida emocional das pessoas. Estes factores inconscientes podem originar descontentamento e sofrimento. Um Psicoterapeuta (Fig.5) é um psicólogo ou um médico que seguidamente se especializa em psicoterapia após a conclusão da licenciatura em psicologia clínica. A psicoterapia tem como objectivo actuar sobre o comportamento e sobre o psiquismo, através de abordagens essencialmente psíquicas, esta mais próxima da psicologia. Inicialmente, esta técnica era procurada por pessoas que manifestavam problemas no convivência com a realidade, manifestando-se por fobias, ansiedade, comportamentos obsessivos, etc. Hoje em dia, é procurada por pessoas com conflitos conjugais, nas relações pais-filhos, no emprego, etc. Fig.3 – Vittorino Andreoli Fig.5 - James Bugental Fig.4 – Sigmund Freud 1 Medicamentos para tratamento de doenças psiquiátricas 5|Página
  • 6. Escola Secundária de Valongo 10/11 Psicologia do Desporto A psicologia do desporto é considerada uma nova área da psicologia aplicada que tem tido um enorme desenvolvimento e expansão nos últimos tempos, cujo objectivo é compreender os processos mentais e o comportamento do praticante. A psicologia do desporto exprime-se em respostas notáveis, pois o desporto manifesta- se, maioritariamente, por processos físicos e respostas mais discretas, sucedidas no interior dos atletas, pois estes possuem interesses, afectos e valores. Desta forma, podemos afirmar que o objectivo do psicólogo é promover o seu bem-estar, ou seja, promover o equilíbrio no funcionamento do corpo e da mente. A actividade desportiva não se limita apenas a épocas de competição, mas também aos treinos. Assim, o psicólogo deve acompanhar o atleta para que possa superar de um modo assertivo determinados aspectos negativos tais como consequências de uma lesão (Fig.6), derrotas e desconsiderações. Na vida de um atleta existem várias relações interpessoais que nem sempre são as melhores, como por exemplo, com colegas de equipa, adversários, treinadores e dirigentes desportivos. Para além disso, temos ainda a comunicação social e o público que não só elogiam e admiram, mas também criticam e ofendem o atleta. Esta área da psicologia aplicada não intervém apenas em clubes, equipas, preparadores físicos e árbitros mas também em estabelecimentos de actividades físicas e desportivas de lazer e aliadas à saúde, como ginásios, instituições vocacionadas para a reabilitação e clínicas médicas. Fig. 6 – Lesão no futebol 6|Página
  • 7. Escola Secundária de Valongo 10/11 Segundo a Sociedade Britânica de Psicologia, Divisão de Psicologia do Desporto e exercício, o psicólogo deve intervir, por exemplo, para auxiliar atletas de elite a desenvolverem estratégias de preparação para lidarem com as exigências da competição e do treino, ajudar gestores, treinadores e árbitros para uma melhor comunicação e relação interpessoal (fig.7), aplicar a investigação na aprendizagem motora e nos processos psicofisiológicos maximizando assim regimes de prática e forma física, consultar a nível psíquico atletas lesionados durante a sua reabilitação, ajudar a gerir o stress, ansiedade e esgotamento, etc. Existem vários psicólogos formados em psicologia do desporto, de entre eles, Gisele Silva, Fátima Novais, Luís Sénica, Sidónio Serpa e José Cruz. Contudo, mérito do nascimento deste ramo da psicologia deve ser atribuído a António Paula Brito, “verdadeiro pai da psicologia do desporto em Portugal” (Cruz, 1996: 31). Fig.7 – Relacionamento entre treinador e equipa 7|Página
  • 8. Escola Secundária de Valongo 10/11 O Psicólogo, Promotor de Desenvolvimento e Autonomia O grande objectivo da psicologia é a prevenção e a remediação de doenças mentais e de perturbações comportamentais bem como a promoção da autonomia e desenvolvimento pessoal. Embora trabalhem em diferentes áreas, os psicólogos têm os mesmos objectivos. Devem ser agentes de mudança, isto é, devem, seja qual for a sua área da psicologia aplicada, procurar modificar o estado de coisas: podem modificar um problema já identificado, tornando-o menos problemático, ou podem tentar evitar problemas que possam surgir e que são provocados por uma dada situação. Assim, tanto a remediação como a prevenção fazem parte da prática profissional dos psicólogos. Uma das primeiras abordagens sistemáticas da prevenção na intervenção psicológica começou por distinguir entre prevenção primária, secundária e terciária. Esta abordagem trata-se de um modelo vindo da saúde pública e ficou conhecido como o modelo médico da prevenção da perturbação mental. A prevenção primária tem o objectivo de fazer diminuir a prevalência de um determinado problema e tem o objectivo de fazer diminuir a frequência com que surgem determinados problemas mentais ou comportamentais numa população ou comunidade. A prevenção secundária tem como objectivo a identificação precoce de problemas mentais e comportamentais, ou seja, se estes problemas forem identificados nas suas fases iniciais, há maior probabilidade de agir com maior eficácia e, desta forma prevenir outras perturbações mais severas e que danifiquem o bem-estar das pessoas. A prevenção terciária tem como objectivo a inserção social e a reabilitação de pessoas que sofrem ou sofreram de doenças mentais ou que apresentam ou apresentaram distúrbios comportamentais. Para além da prevenção poder ser distinguida entre primária, secundária e terciária, existem outras duas perspectivas, a prevenção centrada na situação, que é defendida pelo psicólogo George Albee, e a prevenção centrada nas competências. É muito importante, para aumentar a eficácia dos esforços preventivos realizados, combinar estas duas perspectivas e actuar tanto ao nível das situações como ao nível das competências. 8|Página
  • 9. Escola Secundária de Valongo 10/11 A prevenção centrada na situação concentra-se, por exemplo, para as causas de stress ou perturbações que existem na relação de uma pessoa consigo mesma, com os outros ou com os seus contextos de vida. A prevenção actua de forma a diminuir os factores de perturbação que afectam as pessoas ou as suas relações. A prevenção centrada nas competências preocupa-se em fazer com que as pessoas passem a possuir determinadas características e capacidades que ajudarão a lidar com os problemas que possam surgir, ou seja, não age sobre os aspectos da situação que podem contribuir para o aparecimento e agravamento de situações de perturbação mental ou comportamental, procura-se capacitar as pessoas com competências que os ajudem a lidar com os problemas que possam surgir. Mas a intervenção dos psicólogos não se deve ficar pela remediação e pela prevenção. Os psicólogos devem também promover a saúde mental, o bem-estar e o desenvolvimento psicológico dos seres humanos. Devem ser potenciadores de bem-estar e saúde mental e agir sobre os contextos e situações problemáticas, tornar as pessoas mais aptas para resolverem os seus problemas, promover a transformação e o desenvolvimento para que as pessoas possam integrar-se nas acções quotidianas e fazê- las compreender o que se passa e, assim, encontrar significados para as suas acções. Desta forma, podemos afirmar que a promoção do desenvolvimento é a melhor forma de prevenir não só o aparecimento de distúrbios mentais e comportamentais mas também é a melhor forma de ajudar as pessoas a construir contextos onde possam viver melhor. As perturbações psicológicas e os distúrbios comportamentais colocam, muitas vezes, dificuldades à adaptação das pessoas que os experiencia. Neste caso, os psicólogos devem facilitar a adaptação de pessoas que, por exemplo, tenham elevada ansiedade social e assim não consigam ter sucesso na sua vida profissional. Devem ensinar essas pessoas a relaxarem e evitar pensamentos negativos e deprimentes, para ajudá-las na sua adaptação, ou seja, ao seu ajustamento social e comportamental. 9|Página
  • 10. Escola Secundária de Valongo 10/11 Conclusão Ainda existem muitos técnicos que actuam no tratamento da saúde que são frequentemente confundidos entre si, isto acontece precisamente porque existem muitos e, grande parte deles, utiliza métodos muito semelhantes para tratar doenças relacionadas a transtornos mentais. O facto de nem todos poderem prescrever medicamentos com a finalidade de curar doenças psicológicas faz com que seja este a principal diferença entre eles. Com o passar do tempo a psicologia passou a ter uma vasta diversidade de áreas de intervenção, uma delas era a psicologia do desporto. A Psicologia do Desporto tem demonstrado ser um forte campo de pesquisa e emprego do conhecimento psicológico. O seu desenvolvimento tem-se tornado assunto comum entre treinadores e atletas, visto que, dentro dos limites impostos pelas suas capacidades físicas, o rendimento deles na competição e nos treinos está significativamente relacionado com o seu funcionamento psicológico. A preparação psicológica de cada um vai diferenciar “os melhores do resto” (Lohasz e Leith, 1997). Contudo, os treinos psicológicos diversificam de pessoa para pessoa, pois não possuímos iguais formas de ser, de ver e de reagir a determinada situação, sendo, por este motivo, resultantes das preferências de cada um. Assim, o que resulta com um desportista pode não resultar com os outros e vice versa. 10 | P á g i n a
  • 11. Escola Secundária de Valongo 10/11 Biografia  Matos Monteiro, Manuela; Pedro Tavares Ferreira; Ser Humano - 2ªParte, Psicologia B – 12ºano; pp. 230-231/250-257  Luís Rodrigues; PSICOLOGIA 12º Ano – 1º Volume; Plátano Editora; 2005  http://psicologiab-jml.blogspot.com/2010/11/psicologia-do-desporto.html  http://www.joaosilas.com/psicologia-do-desporto/  http://www.psicoterapiaintegrativa.com/therapists/images/S_James_Bugental .jpg  http://www.baillement.com/image-quinte/pierre_marie_1890.gif  http://jpn.icicom.up.pt/imagens/pessoas/manuela_fleming_jfuente.jpg  http://4.bp.blogspot.com/_lzpSZJLzhSs/TCZt43FkAlI/AAAAAAAAABw/reOQB3m bA5Q/s1600/Sigmund_Freud_LIFE%5B1%5D.jpg  http://semanal.omirante.pt/index.asp?idEdicao=423&id=60407&idSeccao=654 1&Action=noticia 11 | P á g i n a
  • 12. Escola Secundária de Valongo 10/11 Anexos Arquivo: Edição de 23-12-2009 Entrevista “A psicologia do desporto ajuda a fazer a diferença” Professor universitário e investigador científico Paulo Malico Sousa é, desde Setembro, o psicólogo da equipa sénior de hóquei em patins do Benfica. Em entrevista a O MIRANTE, o vila franquense de 39 anos – que tem um currículo académico impressionante – garante que a psicologia do desporto “ajuda a fazer a diferença”, mas lamenta que em Portugal esse reconhecimento tarde em chegar, ao contrário do que já acontece lá fora. Considera “sério, realista e meritório”, o trabalho da direcção da União Desportiva Vila franquense, o clube do seu coração. Jorge Afonso da Silva Como surgiu o convite do Benfica? O professor Luís Sénica – treinador da equipa sénior de hóquei em patins do Benfica – saiu da selecção e entendeu que deveria ter a trabalhar com ele um psicólogo. Foram apresentadas várias propostas e a minha foi aceite. Pediram-me para fazer o diagnóstico da situação individual e colectiva do grupo e, se as coisas corressem bem havia a possibilidade de fazer um contrato e de dar continuidade a esse trabalho inicial. Senti-me bem, o clube e a equipa técnica gostaram da minha prestação e assinei por um ano com o Benfica. Desde o início da época que faço parte da estrutura técnica do hóquei sénior do Benfica juntamente com o professor Luís Sénica e o professor Nuno Ferrão que é o treinador adjunto. 12 | P á g i n a
  • 13. Escola Secundária de Valongo 10/11 Contratar psicólogos para as equipas técnicas é uma coisa recente em Portugal? Não tem muitos anos. As intervenções que têm acontecido ao nível da psicologia em alta competição no nosso país têm sido esporádicas e com pouca continuidade. Excepto a intervenção do colega Pedro Almeida, que esteve no Benfica com o Jesualdo Ferreira e o Toni e que tem um trabalho com mais de 10 anos. Ao contrário do que acontece noutros países onde já há uma larga tradição na intervenção psicológica no alto rendimento. Na América os psicólogos fazem parte das equipas técnicas em modalidades como o basebol, basquetebol ou hóquei. Desde a época 2001/2002, altura em que o Real Madrid criou um gabinete de psicologia, que tem havido uma tendência crescente em toda a Europa, em particular na Espanha, onde muitos clubes seguiram o exemplo, de se trabalhar de uma forma efectiva nessa área. Acha que só agora estamos a dar os primeiros passos? Sim. Com dificuldade e resistência por parte de alguns treinadores menos informados. Depois, a conjuntura económica não potencia, neste momento, a entrada de mais um elemento para uma equipa técnica. O processo é lento mas consistente no sentido de se integrar alguém especialista na área da psicologia para ajudar no treino mental dos atletas, que é uma das quatro vertentes fundamentais no alto rendimento. O treino psicológico é tão importante quanto o treino físico, técnico e táctico. Estas quatro dimensões estão de mãos dadas e quando as primeiras intervenções começarem a dar resultado, acredito que alguns treinadores menos sensibilizados para esta questão, vão perceber a importância do psicólogo na melhoria do rendimento dos atletas. Normalmente são os treinadores mais bem informados, aqueles que têm formação académica ao nível superior, que mais rapidamente têm essa percepção e recorrem aos serviços de um especialista em psicologia do desporto para os ajudar nessa área. 13 | P á g i n a
  • 14. Escola Secundária de Valongo 10/11 Quando é que se deve iniciar essa intervenção psicológica? Deve-se começar nos escalões de formação. São os atletas mais jovens que mais facilmente adquirem competências psicológicas básicas, em contraponto com os atletas mais veteranos, que mais dificilmente conseguem moldar o seu comportamento através das técnicas de modificação comportamental que vamos implementando. A ideia é fazer estas intervenções o mais cedo possível. Ao nível dos iniciados, com 12,14 anos, seria a altura ideal para se começar o treino psicológico, como se faz no treino físico, técnico ou táctico. Seria interessante fazer a evolução do processo mental a partir daí. Como é que é feito o trabalho psicológico numa equipa de alta competição? Há vários modelos de intervenção. Preconizo um modelo que consiste em várias fases ao longo da época. A primeira consiste num diagnóstico da situação feito na pré-época. O psicólogo vai para o terreno, equipado como mais um elemento da equipa técnica, faz observação directa e sistemática do comportamento dos atletas em treino e depois em competição. Através de uma grelha de registo de dados que ele próprio constrói, vai avaliando algumas componentes dos atletas. Depois, é feito uma bateria de testes e provas psicológicas especificamente vocacionados para o contexto desportivo. Cruzam-se os dados e numa entrevista final chega-se ao perfil psicológico e a um diagnóstico mais claro sobre cada um dos atletas. A partir daí inicia-se a segunda fase que é um trabalho mais de gabinete, em que através de técnicas de modificação comportamental, cientificamente comprovadas e validadas, vamos encetar melhorias nas diversas vertentes mentais para que o atleta seja cada vez melhor. É possível evoluir psicologicamente? É possível melhorar competências psicológicas da mesma forma que é possível melhorar as competências físicas, técnicas e tácticas. Treinando-as e tornando mais elástico o nosso cérebro. Cada atleta é um caso e cada indivíduo tem o seu potencial de evolução à semelhança de todas as áreas de intervenção da psicologia. 14 | P á g i n a
  • 15. Escola Secundária de Valongo 10/11 Acha que isso fará a diferença no resultado final? A psicologia ajuda a fazer a diferença. O objectivo da psicologia não é resolver mas sim ajudar a resolver. Por si só o treino psicológico não contribuiu com nada. Mas integrado num modelo de treino em que também se valoriza a vertente técnica, física e táctica, de certeza que ajuda. Quando uma componente falha as outras também. A psicologia do desporto ajuda a melhorar o rendimento e as competências psicológicas dos atletas.“Direcção da UDV tem feito trabalho sério, realista e meritório” 15 | P á g i n a