Psicólogos respondem às declarações de Dunga e Levir sobre a psicologia no esporte, afirmando que a psicologia do esporte é uma ciência que desenvolveu conhecimentos para fortalecer atletas emocionalmente. Eles também esclarecem que psicólogos do esporte seguem protocolos científicos para lidar com situações competitivas, considerando aspectos como personalidade e fatores sociais. Além disso, a preparação psicológica é fundamental para o alto desempenho esportivo e já era usada
1. Psicólogos respondem a Dunga e Levir
Em relação às declarações do técnico da Seleção Brasileira de Futebol,
Dunga, e do técnico do Fluminense, Levir Culpi, sobre a atuação do profissional
da psicologia no contexto esportivo, o Grupo de Trabalho Psicologia e Esporte
da Assembleia de Políticas, da Administração e das Finanças do Sistema
Conselhos de Psicologia posiciona-se conforme segue.
A partir da cobertura jornalística, destacamos que a Psicologia do Esporte,
compreendida como uma Ciência do Esporte, bem como a Medicina do Esporte
e a Nutrição Esportiva, compartilham conhecimentos (de natureza
interdisciplinar), por meio de métodos e técnicas capazes de contribuir para
“resolver problemas” em uma perspectiva relacional e conjunta. Somos uma
ciência que desenvolveu, ao longo dos anos, um vasto e denso conjunto de
conhecimentos que subsidiam o fortalecimento emocional de atletas e de todos
os envolvidos no contexto esportivo, principalmente no que tange ao alto
rendimento.
As dimensões psicológicas da conduta humana (afetiva, cognitiva e
comportamental) na preparação de um atleta fundamentam-se nos aspectos
ligados as competências e habilidades da psicologia do esporte. Eles precisam
estar integrados e se constituírem mutuamente de forma a promover a saúde
integral do ser humano. Ser humano concebido como biopsicossocial e,
sobretudo político e pensante, que opera sobre o seu meio de forma a sentir os
efeitos e consequências de tudo que realiza. Exatamente o contrário de ser
paternalista, mas sem deixar de respeitar o ser humano atleta, ou querer fazer
dele um objeto que deva apenas render ou obedecer aos comandos para
diminuir a pressão que sofrem outros atores que estão em funções distintas no
mesmo contexto.
Para tanto, as competências e habilidades psicológicas necessárias em âmbito
de alto rendimento são extremamente refinadas e precisam de preparação,
acompanhamento e avaliação constantes. Este fato se faz presente nas mais
diferentes modalidades (não somente no futebol), tendo experiências de
sucesso em Seleções Nacionais de Futebol como Alemanha e Inglaterra –
noticiadas em várias mídias – e o projeto FIFA "Mental Health and Sport",
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2. lançado em 29 de agosto de 2014, para a promoção da saúde mental dos
profissionais da modalidade, incluídos atletas e membros das comissões
técnicas.
Quanto ao sigilo que deve manter o profissional da Psicologia do Esporte, deve-
se verificar o artigo 9º do Código de Ética do Profissional da área. Diante das
falas expostas, fica explícito que muitos dirigentes e treinadores não apenas o
desconhecem como também são capazes de comparar a atuação de
profissionais qualificados, que levam em torno de 10 anos para se efetivar (entre
graduação, especialização, mestrado e doutorado), com práticas de “conversa
ao pé de orelha”, demonstrando publicamente falta de conhecimento e/ou má-
fé.
Então, aproveitamos para esclarecer: o que faz o Psicólogo do Esporte?
Fundamentado nos aspectos cognitivos, comportamentais e emocionais,
contextualizados socialmente, o profissional da psicologia do esporte segue um
protocolo de trabalho gerado especificamente para cada esporte e população-
alvo, considerando peculiaridades individuais quando necessário. Tal profissional
constrói esse protocolo por meio de seu conhecimento teórico e com o uso de
testes e técnicas psicológicas validadas cientificamente para lidar com
determinadas situações, englobando elementos entre diferentes níveis de
análise – que vão desde aspectos psicofisiológicos, características de
personalidade até os mais determinantes fatores psicossociais. A exemplo disso,
alcançar equilíbrio emocional e nível de concentração ideal para bater um pênalti
ou reagir a provocações do time adversário, responder a perguntas capciosas de
jornalistas e distanciar-se de problemas pessoais e familiares que podem afetar
seu desempenho .
Deixar de considerar a preparação ou treinamento psicológico é ignorar a
importância da relação entre os aspectos psicofísicos e psicossociais,
determinantes para alcance dos objetivos e dos resultados esperados pelo
atleta ou pela equipe.
Desse modo, a comunicação oral é a matéria-prima que leva à definição dos
caminhos para o psicodiagnóstico esportivo e para a escolha das ferramentas e
protocolos a serem utilizados. Além disso, a observação do atleta em seu
contexto de treino e competição aliada à interlocução com os demais
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3. profissionais envolvidos nesse cenário, membros efetivos da comissão técnica
que podem construir em conjunto uma rotina e uma estrutura de trabalho com
objetivos e metas reais para o bom resultado da equipe.
Assim, no que tange ao futebol, lembramos que já na década de 1950 tivemos
uma Seleção Brasileira vencedora com um profissional da psicologia do esporte
compondo oficialmente a comissão técnica. Seu êxito não foi somente um
diferencial para a conquista da taça como também a presença de um psicólogo
do esporte foi incorporada por grandes potências já naquela época. Potências
esportivas que incluem a preparação psicológica como estratégia fundamental
nas diversas modalidades esportivas há décadas achariam risível o
questionamento da eficiência de um profissional da área.
Dra. Luciana Ferreira Angelo
Coordenadora do Grupo de Trabalho Psicologia e Esporte
Dra. Adriana Bernardes Pereira
Dra. Cristianne Almeida Carvalho
Esp. Murilo Tolêdo Calafange
Ms. Fabrício Antonio Raupp
Ms. Giane Silva Souza
Psicólogo Rodrigo Acioli Moura
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