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GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR

                       SECTES




  PÓLO DE EXCELÊNCIA DO CAFÉ



              PLANO DE NEGÓCIOS




                        LAVRAS – MG
                           2008
SUMÁRIO



APRESENTAÇÃO ........................................................................................................... 4

PARTE I: CONCEPÇÃO DO PÓLO DE EXCELÊNCIA DO CAFÉ ................................. 5
 1.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 5
 1.2 MISSÃO .................................................................................................................... 5
 1.3 VISÃO ....................................................................................................................... 5
 1.4 VALORES .................................................................................................................. 6
 1.5 OBJETIVOS ESTRATÉGICOS ........................................................................................ 6
   1.5.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 6
   1.5.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 6
 1.6 A ARQUITETURA DO PÓLO DE EXCELÊNCIA DO CAFÉ: UMA PLATAFORMA DE NEGÓCIOS .. 7
 1.7 BREVE DESCRIÇÃO DO SETOR E REGIÃO DE ABRANGÊNCIA DO PÓLO ............................ 9

PARTE II: ASPECTOS MERCADOLÓGICOS .............................................................. 10
 2.1 CENÁRIO DO NEGÓCIO CAFÉ .................................................................................... 10
   2.1.1 Cenário Internacional do Café ........................................................................ 10
   2.1.2 Cenário Nacional do Café .............................................................................. 13
 2.2 ANÁLISE DOS SEGMENTOS DA CADEIA DO AGRONEGÓCIO CAFÉ .................................. 16
   2.2.1 Diagnóstico e Análise da Pesquisa e Extensão de Minas Gerais .................. 16
   2.2.2 Diagnóstico e Análise do Perfil da Produção Agrícola ................................... 24
   2.2.3 Diagnóstico e Análise do Perfil da Industrialização e Consumo do café ........ 28
   2.2.4 Diagnóstico e Análise do Escoamento da Produção ..................................... 34

PARTE III: ASPECTOS OPERACIONAIS E ADMINISTRATIVOS ............................... 39
 3.1 ASPECTOS OPERACIONAIS ....................................................................................... 39
 3.2 ASPECTOS ADMINISTRATIVOS ................................................................................... 41
   3.2.1 Forma jurídica ................................................................................................ 41
   3.2.2 Estrutura Organizacional até a Transformação em Pessoa Jurídica.............. 42
   3.2.3 Governança Corporativa ................................................................................ 48

PARTE IV: PROJETOS ESTRUTURANTES E SERVIÇOS DO PEC ........................... 50
 4.1 PROJETO ESTRUTURANTE 1 – “NEGÓCIOS INOVADORES” ................................... 50
   4.1.1 Objetivo geral ................................................................................................. 50
   4.1.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 50
   4.1.3 Efeito multiplicador e transbordamentos (“spillovers”).................................... 50
   4.1.4 Descrição do projeto ...................................................................................... 50
 4.2 PROJETO ESTRUTURANTE 2 – ALINHAMENTO ESTRATÉGICO ............................. 60
   4.2.1 Objetivos Gerais ............................................................................................. 60
   4.2.2 Objetivos Específicos ..................................................................................... 60
   4.2.3 Efeito multiplicador e transbordamentos (“spillovers”).................................... 61
   4.2.4 Descrição do projeto ...................................................................................... 61
4.3 PROJETO ESTRUTURANTE 3 – PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO DE RECURSOS
   HUMANOS ................................................................................................................. 69
      4.3.1 Objetivo geral ................................................................................................. 69
      4.3.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 69
      4.3.3 Efeito multiplicador e transbordamentos (“spillovers”).................................... 69
      4.3.4 Descrição do projeto ...................................................................................... 70
   4.4 PROJETO DE SUPORTE: O SISTEMA INTEGRADO DE AVALIAÇÃO DE RESULTADOS (SIAR)
   .................................................................................................................................... 73
      4.4.1 Desenvolvimento do Portal do PEC ............................................................... 75
   4.5 PROJETO DE SUPORTE: PLANO DE MARKETING DO PEC ............................................ 76
      4.5.1 Detalhamento das ações e do orçamento das mídias para o ano de 2008 .... 80
      4.5.2 Detalhamento das ações e do orçamento das mídias para os anos 2009,
      2010, 2011 e 2012 .................................................................................................. 81
      4.5.3 Resumo do orçamento das ações de marketing do Pólo .............................. 83
   4.6 CRONOGRAMA DE IMPLEMENTAÇÃO DOS PROJETOS ESTRUTURANTES DO PEC............. 83

PARTE V: ASPECTOS ECONÔMICO-FINANCEIROS ................................................. 84
 5.1 ORÇAMENTO DE CUSTOS DO PÓLO DE EXCELÊNCIA DO CAFÉ ..................................... 84
   5.1.1 Orçamento Operacional do PEC .................................................................... 84
   5.1.2 Orçamento dos projetos ................................................................................. 86
   5.1.3 Orçamento Consolidado do PEC ................................................................... 88
   5.1.4 Estimativa de Receitas do Pólo de Excelência do Café ................................. 89

CONCLUSÕES .............................................................................................................. 90




                                                                                                                                        3
APRESENTAÇÃO



       O Pólo de Excelência do Café faz parte da Rede de Inovação Tecnológica, que é um
dos três Projetos Estruturadores do Governo do Estado de Minas Gerais (que inclui os Pólos de
Inovação e os Arranjos Produtivos Locais) executados pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e
Ensino Superior.
       Criado pela resolução conjunta da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior e da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em 2007, o Pólo
de Excelência do Café está sediado nas instalações do Centro de Ensino, Pesquisa e Extensão
do Agronegócio Café, localizado no campus da Universidade Federal de Lavras no sul de Minas
Gerais.
        Para a construção deste Plano de Negócios, foram realizadas entrevistas e visitas a
diversas instituições envolvidas com o agronegócio Café no Estado de Minas Gerais: Secretaria
de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), Universidade Federal de Lavras (UFLA),
Escola Agrotécnica Federal de Machado, Centro de Informação e Mercado, Cocatrel, Conselho
Nacional do Café, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-MG),
Centro de Excelência do Café, Fundação Procafé, Empresa de Assistência Técnica e Extensão
Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas
Gerais (Epamig), Conselho das Associações de Cafeicultores do Cerrado (CACCER), BSCA
(Brazilian Special Coffee Association) além dos atuais gestores do Pólo de Excelência do Café.
As entrevistas foram realizadas com representantes-chave de cada uma destas instituições e
ocorreram no período de dezembro de 2007 a maio de 2008.
        Além das diversas entrevistas com representantes-chave de diversas instituições, foram
realizadas consultas à bibliografia especializada, análise de documentos e consulta a outras
fontes consideradas relevantes para o desenvolvimento deste plano de negócios.
        Este Plano de Negócios está organizado em 6 partes. Na primeira parte, apresenta-se a
concepção do Pólo de Excelência do Café, com a descrição de sua missão, visão, valores,
objetivos, etc. Na segunda parte, apresentam-se os aspectos mercadológicos, incluindo uma
análise e diagnóstico dos principais elos da cadeia produtiva do café. Na terceira parte,
apresentam-se os aspectos operacionais e administrativos do Pólo de Excelência do Café. Na
quarta parte apresentam-se os projetos propostos para o Pólo e o Plano de Marketing. Na
quinta parte são apresentados os aspectos econômico-financeiros e, por fim, as conclusões.




                                                                                            4
PARTE I: CONCEPÇÃO DO PÓLO DE EXCELÊNCIA DO CAFÉ




1.1 INTRODUÇÃO

       O Pólo de Excelência do Café, que será denominado com a sigla PEC no escopo desse
Plano de Negócios, é uma entidade criada com a finalidade de tornar Minas Gerais referência
no agronegócio café, aproveitando-se fundamentalmente, mas não exclusivamente, das
competências localizadas na região onde está situado, no Sul do Estado. A concepção do Pólo
de Excelência do Café, pode ser traduzida por meio da declaração de sua missão, visão,
valores e objetivos. A lógica de cada uma destas declarações pode ser resumida da seguinte
forma:


   a) Missão: está relacionada à razão pela qual a organização existe e o que ela fará. Em
      outras palavras, é aquilo que orienta objetivos e estratégias, devendo ser posta em
      termos claros, objetivos, e entendida por todos da organização;
   b) Visão: está relacionada à definição de onde a organização pretende chegar e serve
      como um incentivo para todos;
   c) Valores: são os princípios fundamentais que devem nortear todas as ações
      desenvolvidas, afetando atitudes e comportamentos.
        A partir do momento que uma organização explicita estas declarações, cria-se melhores
condições de compartilhamento da concepção e dos rumos da atividade. A idéia básica é que
estas declarações moldem comportamentos, orientem as decisões e ações de todos os
indivíduos ligados à organização e criem uma identidade corporativa. Esta identidade
corporativa servirá de guia para o desenvolvimento da estratégia da organização.
       No caso do Pólo de Excelência do Café, as definições de sua missão, visão e valores
estão apresentadas a seguir, e servirão para orientar seus projetos e ações estratégicas.


1.2 MISSÃO
       Promover condições para o desenvolvimento competitivo sustentável do agronegócio
café de Minas Gerais, por meio da integração de competências institucionais, capacitação de
recursos humanos, estímulo à capacidade de inovação e geração de negócios de alto valor
agregado.


1.3 VISÃO
       Consolidar Minas Gerais como referência nacional e internacional na geração de
inovações e oportunidades de negócios de alto valor agregado, relacionados ao café.




                                                                                           5
1.4 VALORES
       Os valores do Pólo de Excelência do Café são expressos nos seguintes itens:
     a) Atuar de forma isenta e ética;
     b) Zelar pela harmonia e participação democrática das instituições gestoras na definição
        das ações do Pólo, privilegiando os princípios de governança corporativa;
     c) Agregar competências e instituições que contribuem para o desenvolvimento competitivo
        sustentável do Agronegócio do Café de Minas Gerais e sua inserção no mercado
        internacional;
     d) Buscar a auto-sustentação financeira, desenvolvendo formas de captação de recursos;
     e) Contribuir para os processos de agregação de conhecimento e valor para o Agronegócio
        do Café por meio da Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação;
     f)   Gerar e difundir informações, contribuindo para a formulação de políticas públicas que
          desenvolvam as esferas econômica, social e ambiental e o respeito ao consumidor.


1.5 OBJETIVOS ESTRATÉGICOS


1.5.1 Objetivo Geral
       O objetivo geral é integrar as competências institucionais para induzir o processo de
desenvolvimento competitivo sustentável do agronegócio café em Minas Gerais.


1.5.2 Objetivos Específicos
a) Promover um ambiente adequado para a atração de investimentos e novos negócios com
    densidade de inteligência e conhecimento nos diversos elos da cadeia produtiva do café;
b) Maximizar o potencial de inovação na cadeia produtiva do café por meio da articulação e
   integração de competências de universidades, instituições de pesquisa e setor produtivo
   dos diversos elos da cadeia do café;
c) Dar suporte aos empreendedores-inovadores que pretendam criar empresas de base
   tecnológica, com produtos, processos ou serviços inovadores, facilitando seu acesso a
   laboratórios e serviços especializados;
d) Reunir massa crítica de recursos humanos, tanto de pesquisadores, professores e
   estudantes, quanto de empreendedores, gestores públicos e empresários atuantes na
   cadeia produtiva do café;
e) Promover a Rede de Inovação Tecnológica do Agronegócio Café com o intuito de realizar
   prospecção tecnológica e de novos nichos de mercado, estabelecendo relacionamentos de
   colaboração com instituições nacionais e internacionais;
f)   Desenvolver instrumentos de suporte ao estabelecimento de treinamento, capacitação e
     formação de recursos humanos demandados pelos diversos elos da cadeia produtiva do
     café;



                                                                                              6
g) Estabelecer, em parceria, programas de desenvolvimento sustentável do agronegócio do
   café, com foco no desenvolvimento regional, especialmente a partir de clusters de
   empresas;
h) Promover a melhoria da qualidade e competitividade na cadeia do café, estimulando ações
   de certificação de origem, processo e produto;
i)   Estimular a geração e disseminação de informações sobre a realidade do Agronegócio
     Café.


1.6 A ARQUITETURA DO PÓLO DE EXCELÊNCIA DO CAFÉ: UMA PLATAFORMA DE NEGÓCIOS

       A concepção do PEC pode ser compreendida através do conceito de plataforma de
Negócios (SUGANO, 2005)1.
       Essencialmente, uma plataforma de negócios oferece um local ou um ambiente propício
para o surgimento de inovações, sejam elas de natureza tecnológica ou de negócios. Isto
ocorre, pois a plataforma de negócios promove intensas interações entre distintas competências
oriundas de diferentes parceiros desta plataforma, interações estas que não seriam possíveis
de ocorrer sem o estímulo proporcionado pela plataforma (Figura 1).
       Através do estímulo às interações, novas combinações de competência podem ocorrer,
resultando no acréscimo na densidade de conhecimentos que poderão se materializar em
inovações tecnológicas ou mesmo em novas oportunidades de negócios. Estas, por sua vez,
podem alavancar todo o negócio do café, levando o agronegócio do café em Minas Gerais à
sua excelência.


                                               Competência
                                                     B                      Competência
                                                                                  C

                 Competência

                      A
                                                                                                   Competência
                                            Plataforma de Negócios
                                                           Negó                                          N
                                             (Locus de integração)
                                                       integraç
                                               ∑Competências
                                                (A+B+C+...+N)

                          Inovação e Oportunidades de Negócios
                          Inovaç                      Negó




                                      Excelência do Negócio Café
                                                    Negó    Café

Figura 1: A arquitetura do Pólo de Excelência do Café

1
          SUGANO, J. Y. The Structure of Web Plataform Strategy: Mapping Organizational Interrelationships through an
Exploratory Analysis of the Internet-Based Companies. Osaka: Osaka University, 2005. 186p. (Ph.D. Thesis).
                                                                                                                        7
Para que uma plataforma de negócios funcione, quatro premissas básicas devem ser
atingidas. São elas:
   1. Uma empresa desenvolve sua competência central (core competence), e então
      compartilha esta competência para os terceiros que irão utilizar-se deste produto ou
      serviço.
       No caso do Pólo de Excelência do Café, sua competência central será a de exercer o
papel fundamental de articulador de diferentes interesses representados pelos atores do
negócio do café, servindo como um elemento aglutinador neutro, cujo objetivo é a não
concorrência com os demais participantes, mas sim o de potencializar ações que visem
alavancar a cadeia e o negócio do café como um todo, em todos os setores. Atuando desta
forma, a consolidação da competência do PEC se potencializará no poder de barganha que o
conjunto refletirá perante terceiros isolados. Semelhantemente à formação de um cluster, este
conjunto estará em uma posição competitiva privilegiada, porém com a vantagem de que não
necessariamente os grupos precisem estar geograficamente próximos, pois virtualmente
poderão atuar em prol de um interesse maior comum.
   2. Uma interface estabelece meios de interação entre o provedor da plataforma e os atores
      complementares (ou firmas que fornecem produtos ou serviços complementares ao
      produto central).
       Para isto, o elemento chave é a criação de interfaces comuns entre os diferentes atores
que possibilitem um diálogo de conciliação. Estas interfaces estão estruturadas em forma dos
projetos estruturantes coordenadas pelo PEC ao longo do tempo.
   3. Os atores utilizam-se da plataforma como uma fonte de adição de valores para seus
      próprios produtos ou serviços.
        Criado o ambiente de articulação, os diferentes atores podem então se utilizar da
plataforma para agregar valor ao seu próprio produto, serviço ou processo. Esta é a etapa em
que o PEC passa a ter um papel fundamental nos negócios de terceiros. O PEC deve ser capaz
de criar condições propícias para que seus parceiros possam agregar valores aos seus
negócios por estarem associados ao mesmo. Ou em outras palavras, o PEC e seus parceiros
devem ser co-dependentes na criação de valores para aqueles que se utilizam da plataforma de
negócios do Pólo. A co-dependência gera um círculo virtuoso entre o PEC e seus parceiros. Isto
é, para os seus usuários, quanto mais ações conjuntas ao PEC tiverem, maiores vantagens
terão; e quanto ao Pólo, uma procura maior pelos seus parceiros legitimará sua razão de ser,
consolidando sua função de catalisador de parcerias.


   4. E finalmente, os agentes complementares e o provedor da plataforma colaboram para,
      em conjunto, desenvolver a plataforma.
       Neste quarto estágio, o PEC e seus parceiros atuam em conjunto para que todo o
sistema alcance êxito. Cabe destacar que para isto, o PEC deve promover as relações de
complementariedade das competências existentes nas distintas instituições já estabelecidas no
agronegócio do café no estado de Minas Gerais. Isto é, a função do PEC é monitorar para que
os avanços dentro de um setor específico do negócio café possam ser repassados a outros
setores que necessitem daquela informação ou expertise, atuando para que o conjunto funcione
harmonicamente.
    O ponto chave para o entendimento da plataforma de negócios é o conceito de
modularidade, ou a forma de organizar-se através de módulos de ações ou projetos

                                                                                            8
estruturantes. Isto permite uma contínua inserção de novos módulos para dentro do PEC de
forma independente, porém com grande sinergia entre si.




1.7 BREVE DESCRIÇÃO DO SETOR E REGIÃO DE ABRANGÊNCIA DO PÓLO


        O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café e é o segundo maior
consumidor, o que significa que é um produto de grande relevância para a economia do país. A
produção nacional de café para a safra 2007/2008 foi estimada em 45,54 milhões de sacas, de
acordo com 2º levantamento da safra feito pela Conab (divulgado em 8/5/2008). Do total, a
produção de café arábica deverá ser de 34,7 milhões de sacas, e a de café robusta (conillon) de
10,84 milhões de sacas. Neste contexto, Minas Gerais ocupa uma posição de destaque, sendo
o maior produtor do país, responsável por quase 50% da produção nacional de café (CONAB,
2007)2.
        A cadeia produtiva do café de Minas Gerais conta com uma vasta rede de fornecedores
de insumos, máquinas e equipamentos, instituições de ensino e pesquisa, produtores rurais,
indústrias de torrefação, canais de comercialização, exportadores e prestadores de serviços
diversos (financiamento, seguro, assistência técnica, etc.), os quais serão pormenorizadamente
explanados na Parte II deste plano.
      Assim, o PEC tem como área de abrangência o Estado de Minas Gerais, mas suas
ações estratégicas visam gerar desdobramentos de maior magnitude, com repercussão e
impacto nacional e internacional.




2
       Disponível em: http://www.conab.gov.br/conabweb/
                                                                                             9
PARTE II: ASPECTOS MERCADOLÓGICOS

       Esta seção objetiva apresentar um diagnóstico do agronegócio do café, tendo como a
base a análise dos vários segmentos, ou elos da cadeia, que o compõe.
       Primeiramente estão apresentados os cenários internacional e nacional do agronegócio
do café de forma geral. Posteriormente, analisam-se os principais segmentos da cadeia do
agronegócio do café de Minas Gerais, sob a ótica da análise SWOT (ou Forças, Fraquezas,
Oportunidades e Ameaças), os quais servirão como o fundamento para a formulação dos
projetos estruturantes a serem executados pelo Pólo de Excelência do Café (PEC).




2.1 CENÁRIO DO NEGÓCIO CAFÉ


2.1.1 Cenário Internacional do Café
       A história do café brasileiro mostra que a participação do Brasil entre os produtores
mundiais apresenta uma curva descendente. O Brasil, que detinha 50% da exportação mundial
até a primeira metade do século XX, apresenta hoje uma participação relativa de 25% das
exportações internacionais, a metade do market share antes conquistado. Enquanto as
remessas mundiais de café quadruplicaram, as exportações nacionais cresceram apenas 20%.
       A causa principal desta diminuição da participação deve-se essencialmente ao
desenvolvimento tecnológico de outros países na produção do café. Um panorama das
exportações de café pode ser observado à partir dos dados abaixo3:
           55% originam-se da América do Sul (a maior parte – 70% – proveniente do Brasil);
           20 % da Ásia e Oceania (principalmente do Vietnã);
           15% da África (distribuídos principalmente entre Costa do Marfim, Guiné Equatorial e
           Uganda);
           10% da América do Norte e Central (majoritariamente México, Guatemala e
           Honduras).


          Na figura 2, apresenta-se a evolução das exportações de café dos principais países no
período de 2000 a 2006. Nota-se que apesar da relativa queda na proporção das exportações
brasileiras de café em nível mundial, o país ainda continua sendo o maior exportador de café
perante os seus principais concorrentes.




3
       Produto globalizado Produtividade, qualidade e organização, Agroanalysis, Edição N° 11 - Volume 26.


                                                                                                             10
Fonte: CIC (2008)
Figura 2: Evolução das exportações de café dos principais países no período de 2000 a 2006.


      A seguir, na figura 3, apresenta-se os principais países importadores de café no período
de 2000 a 2006. Conforme é possível observar, os Estados Unidos e a Alemanha são os dois
maiores importadores mundiais de café.




                                                                                           11
Fonte: CIC (2008)
Figura 3: Volume de café importado pelos principais países – 2000 a 2006.


       Na figura 4, apresenta-se o volume de café exportado pelo Brasil, segundo o tipo de café
(verde arábica, verde robusta, verde total, torrado e solúvel).




                                                                                            12
Fonte: CIC (2008)
Figura 4: Volume de exportações brasileiras por tipo de café – 2000-2006.


        Conforme pode-se observar, o maior volume de exportações do Brasil é representado
pelo café verde, especialmente o café verde arábica. O café torrado e o solúvel ainda
representam um volume muito pequeno em relação ao total das exportações brasileiras de café.
Isto significa que, no setor de café, o Brasil é um exportador de produtos de baixo valor
agregado (café verde). O aumento nas exportações de café solúvel e café torrado,
especialmente os blends, poderia representar um aumento no valor das exportações brasileiras,
a geração de mais empregos e até mesmo uma melhor remuneração aos diversos elos da
cadeia produtiva do café.


                                           4
2.1.2 Cenário Nacional do Café
       As perspectivas para o crescimento do agronegócio café no Brasil são animadoras. A
safra 2008/2009 do Brasil está estimada em 45,54 milhões de sacas, de acordo com 2º
levantamento da safra feito pela Conab (divulgado em 8/5/2008). Do total, a produção de café
arábica deverá ser de 34,7 milhões de sacas, e a de café robusta (conillon) de 10,84 milhões de
sacas. No Brasil, o café é produzido em 11 Estados e em 1.850 municípios. São 2,3 milhões de
hectares plantados, e a produtividade média é de 21,63 sacas por hectare. Os principais
Estados produtores e previsão de safra 2008/2009 (base Conab) podem ser observados na
Tabela 1:


4
    Fonte: Revista da Cafeicultura, 2008
                                                                                            13
Tabela 1: Estimativa de produção safra 2008/2009

                     Estado                        Produção estimada safra 2008/2009
                                                        (em milhões de sacas)
                 Minas Gerais                                       22,9
                 Espírito Santo                                    10,52
                   São Paulo                                        4,72
                     Paraná                                         2,36
                      Bahia                                         2,26
Fonte: Revista da Cafeicultura, 2008

       O setor de processamento é integrado por 1.222 torrefadoras, a grande maioria de
pequeno porte, que respondem por mais de 2 mil marcas. O mercado é concentrado, com as
100 maiores empresas respondendo por 62,72%, mas as perspectivas são de uma
concentração ainda maior nos próximos anos, na busca de economias de escala. Estima-se
que as torrefadoras, principalmente as de maior porte, invistam cerca de R$ 80 milhões por ano
em infra-estrutura, maquinário e em instalações fabris, e algo em torno de R$ 50 milhões a R$
60 milhões por ano em marketing e publicidade. Esses valores deverão ser mantidos nos
próximos cinco anos.
        O consumo interno de café do Brasil é um dos que mais crescem no mundo. Enquanto o
mercado consumidor mundial, conforme dados da Organização Internacional do Café (OIC),
cresce em média 1,5% ao ano, o mercado brasileiro evoluiu 24,8% desde 2003, passando de
13,7 milhões de sacas para as atuais 17,1 milhões (2007). O consumo per capita em 2007 foi
de 5,53 kg de café em grão cru ou 4,42 kg de café torrado, com quase 74 litros para cada
brasileiro por ano, registrando uma evolução de 3,5% em relação ao período anterior (contra
4,5% na última apuração). O consumo no Brasil (5,53 kg/hab/ano) está em níveis muito
semelhantes ao consumo de países desenvolvidos como a Alemanha (5,86 kg/hab/ano), a
França (5,07 kg/hab/ano) e a Itália (5,63 kg/hab/ano). A previsão para 2008 é o Brasil passar
para um consumo de 18,1 milhões de sacas, com vendas de R$ 6,8 bilhões (em 2007, a receita
foi de R$ 6,4 bilhões). A meta brasileira é chegar a 2010 com um consumo interno de 21
milhões de sacas (passando o Brasil a ser o maior consumidor mundial).
        Pesquisa realizada pela TNS/InterScience mostra que 91% da população brasileira
acima dos 15 anos toma café e que, depois da água, é a bebida de maior preferência nacional.
O café coado/filtrado é consumido por 93% da população. Mas vem crescendo
substancialmente o consumo de café expresso, de café instantâneo, cappuccinos, descafeinado
e orgânicos. Entre os principais locais de consumo fora do lar destacam-se: panificadoras e
cafeterias, bares, hotéis, lanchonetes e restaurantes.
       Além disso, o segmento de cafeterias está tendo grande evolução e tem potencial de
crescimento de 20% ao ano. Estima-se que em 2007 existiam 2.500 estabelecimentos desta
natureza. A previsão é que em 2008 o número de lojas atinja 3.000 em todo o País. Este
segmento é considerado fundamental para a promoção dos cafés de maior qualidade, como os
Superiores e Gourmets.
        A ABIC – Associação Brasileira da Indústria de Café atribui o crescimento do consumo a
um conjunto de fatores que se repete há anos, de forma consistente e duradoura. Entre estes
fatores estão:
                                                                                           14
Melhoria contínua da qualidade do café oferecido aos consumidores, com base no Selo
      de Pureza e no PQC – Programa de Qualidade do Café, lançado pela ABIC em final de
      2004 e que, atualmente, já certifica mais de 250 marcas em todo o Brasil. Em 2008, o
      PQC se complementa com o Programa Cafés Sustentáveis do Brasil, que oferece uma
      garantia de certificação completa desde a lavoura até a xícara, para cafés produzidos de
      forma sustentável.
      Consolidação do mercado de cafés tipo Gourmet ou Especiais, e crescimento do
      consumo fora do lar, o que desperta cada vez mais atenção, interesse e curiosidade
      para o produto junto aos consumidores.
      Melhoria significativa da percepção do café quanto aos aspectos dos benefícios do café
      para a saúde, como resultado dos grandes investimentos no Programa Café e Saúde.
      Melhoria das condições econômicas no Brasil, com aumento do consumo e do poder de
      compra da população, expansão da massa salarial, empregabilidade e crescimento do
      contingente de consumidores que migraram das classes D e E para a classe C.
        Os investimentos em promoção e marketing continuam sendo fundamentais para
assegurar o consumo de café. Em 2007, as empresas de café ampliaram o seu investimento
em marketing e publicidade. As grandes empresas fizeram extensas campanhas em diversas
mídias, com investimentos superiores a R$ 50 milhões. A ABIC investiu R$ 630 mil de seu
Fundo de Marketing, com ações institucionais complementares.
        Também merece destaque o Programa Integrado de Marketing - PIM 2007, do MAPA –
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, coordenado pelo DCAF – Departamento
do Café, da SPAE – Secretaria de Produção e Agroenergia, e conta com recursos do
FUNCAFE. Em 2007, investiu somente R$ 2,2 milhões no mercado interno, em função da
redução da verba publicitária oficial, mas aplicou R$ 5 milhões para promoção do café no
exterior, com participações importantes em feiras, degustações e eventos no Japão, na Coréia,
EUA, Alemanha, Romênia, Chile e outros países, além da produção de diversos materiais
promocionais e informativos sobre os Cafés do Brasil.




                                                                                           15
2.2 ANÁLISE DOS SEGMENTOS DA CADEIA DO AGRONEGÓCIO CAFÉ


2.2.1 Diagnóstico e Análise da Pesquisa e Extensão de Minas Gerais
      O potencial de geração de conhecimento para o negócio café em Minas Gerais é imenso
e também desafiador, por contar com distintas instituições fortes e tradicionais (tanto de
pesquisa, como de extensão e comercialização) como também por possuírem diferenças
regionais no que tange aos aspectos sociais, econômicos e tecnológicos.
      Optou-se, portanto, por agregar as principais instituições de pesquisa e eventos
regionalmente. Através deste agrupamento regional torna-se possível evidenciar as ações já
desenvolvidas pelos órgãos ali instalados e verificar as carências, caso porventura houver, que
poderiam se tornar em ações concretas de atuação do Pólo para o desenvolvimento da
cafeicultura mineira.


A - Região Sul de Minas
      A região Sul de Minas possui uma infra-estrutura para o desenvolvimento do negócio
café, em termos de instituições de pesquisa e órgãos relacionados à difusão tecnológica
cafeeira, conforme se verifica abaixo.


Instituições:
     São as instituições de pesquisa e difusão tecnológica da Região Sul de Minas:
       Universidade Federal de Lavras (UFLA)
       Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), com fazendas
       experimentais em Lavras, Machado, São Sebastião do Paraíso e Três Pontas
       Escola Agrotécnica Federal de Machado
       Escola Agrotécnica de Muzambinho
       Fundação Procafé
       Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-
       MG)
       Posto Agropecuário de Guaxupé (COOXUPÉ)
       ASCAFÉ – Asssociação das Entidades de Café de Minas Gerais


Eventos:
     Os principais eventos de difusão tecnológica do café do Sul de Minas são:
       CONCURSO DE QUALIDADE DOS CAFÉS DE MINAS GERAIS
       A SEAPA, através da Emater-MG e a Universidade Federal de Lavras, instituíram o
Concurso Mineiro de Qualidade de Café em 2004, com o objetivo de promover e valorizar os
cafés de Minas Gerais, possibilitando a participação de pequenos cafeicultores. Este evento
tem periodicidade anual e acontece na cidade de Lavras.

                                                                                            16
EXPOCAFÉ
        A EXPOCAFÉ é a maior feira de tecnologia agrícola voltada para o agronegócio café,
idealizada e criada a partir de projetos financiados pelo CNPq/BIOEX-Café. Esta feira surgiu
como uma oportunidade para que produtores busquem novas tecnologias e conhecimentos
fundamentais à sustentabilidade do agronegócio, onde a produtividade das lavouras, a melhoria
da qualidade do produto e a redução dos custos de produção, aliadas à preservação dos
recursos naturais são muito importantes. A Expocafé tem periodicidade anual e acontece na
cidade de Três Pontas, todo mês de junho.


       CIRCUITO SUL-MINEIRO DE CAFEICULTURA
        O Circuito Sul-Mineiro de Cafeicultura é realizado pela UFLA, EMATER-MG, EPAMIG e
Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e tem o objetivo de sistematizar e organizar os
encontros na área da cafeicultura na região, integrando as instituições públicas, privadas e os
cafeicultores na busca do objetivo comum: melhorar a qualidade do café, aumentar a
produtividade, diminuir os custos de produção e, por conseqüência, melhorar a renda dos
cafeicultores. Este evento acontece em cidades-pólo da região Sul de Minas Gerais entre os
meses de março a novembro.


       ENCONTRO SUL-MINEIRO DE CAFEICULTURA
       Promovido pela Universidade Federal de Lavras e pela Emater/MG, o Encontro Sul-
Mineiro de Cafeicultura é um dos maiores encontros técnicos da cafeicultura nacional e
contribui significativamente para avanços técnicos e políticos do setor, através da reunião de
autoridades competentes e cafeicultores na busca de objetivos comuns para o desenvolvimento
da cafeicultura: melhoria da qualidade e da produtividade do café, minimização dos custos de
produção e melhoria das rendas dos cafeicultores. Este evento tem freqüência anual e acontece
na cidade de Lavras em setembro.


       SIMPÓSIO SUL-MINEIRO DE PESQUISA
      É promovido pela EMATER, EPAMIG e UFLA, tem freqüência anual e acontece em
setembro na cidade de Lavras.


       CURSO DE ATUALIZAÇÃO TECNOLÓGICA
        Organizado pela Epamig e Ascafé, com participação da UFLA, Emater, Fundação
Procafé, realizado a cada 2 anos.
 B - Região da Zona da Mata
     A região da Zona da Mata é a segunda maior região produtora de café do Estado de Minas.
Possui uma infra-estrutura para o desenvolvimento do negócio café conforme se verifica a seguir.
Instituições:
       Universidade Federal de Viçosa (UFV)
       EPAMIG
       Emater - MG
                                                                                             17
Eventos:
      Os principais eventos de difusão tecnológicas na Zona da Mata são:


        EVENTO SOBRE CAFÉ ORGÂNICO E AGROECOLÓGICO
         A Epamig, em parceria com o Centro de Tecnologia Alternativa da Zona da Mata (CTA-
 ZM) e Associação de Pequenos Agricultores de Espera Feliz e Araponga, realizam, dias de
 campo sobre os avanços e desafios dos sistemas de produção agroecológico e orgânico. O
 objetivo é apresentar os resultados de pesquisas desenvolvidas pela equipe multidisciplinar da
 Epamig e Universidade Federal de Viçosa, em conjunto com agricultores familiares de
 municípios produtores de café nestes sistemas, na Zona da Mata mineira.


        SIMPÓSIO SOBRE CAFÉ DAS MONTANHAS DE MANHUAÇÚ
        É considerado hoje o 3º evento em importância no setor cafeeiro mineiro. O evento tem
 freqüência anual e acontece na cidade de Manhuaçú.


C - Região do Cerrado
      Responsável pela terceira maior região produtora de café, a região do Cerrado,
 especialmente o Alto Paranaíba, possui uma infra-estrutura avançada para o desenvolvimento
 do negócio café, conforme pode-se verificar.
 Instituições
        Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
        Universidade de Uberaba (UNIUBE)
        Fundação de Desenvolvimento do Café do Cerrado (FUNDACCER)
        EPAMIG
        Emater-MG


 Eventos
      Os eventos de difusão tecnológica da região do cerrado são:


        SEMINÁRIO DO CAFÉ DO CERRADO
          Realizado pela Associação dos Cafeicultores da Região de Patrocínio (Acarpa), com o
 apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) entre outras empresas e
 instituições, o evento busca o aperfeiçoamento do setor por meio de palestras, debates e
 apresentações de novas tecnologias em produtos, equipamentos e serviços. O evento tem
 periodicidade anual e acontece na cidade de Patrocínio.




                                                                                            18
FENICAFÉ
        A Fenicafé congrega a realização simultânea de três dos mais importantes eventos da
cafeicultura irrigada do país: o Encontro Nacional de Irrigação da Cafeicultura no Cerrado, a
Feira de Irrigação em Café do Brasil, e o Simpósio Brasileiro de Pesquisa em Cafeicultura
Irrigada, que tem a coordenação do Núcleo de Cafeicultura Irrigada do Consórcio Brasileiro de
Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D/Café) e da Associação dos Cafeicultores de
Araguari (ACA). A união dos eventos permite grande diversidade de público e temas
envolvendo os avanços e desafios da cafeicultura irrigada. É a oportunidade para os
cafeicultores e técnicos tomarem conhecimento dos resultados das pesquisas e também
apontar demandas para novos estudos. Por possibilitar um melhor aproveitamento de terras
aparentemente inaproveitáveis para a agricultura e reduzir os riscos de quebra de safra, a
irrigação é a tecnologia que tem despertado maior interesse para investimentos. O evento tem
periodicidade anual e acontece na cidade de Araguari.


       CURSO DE QUALIFICAÇÃO PARA JUÍZES DE CAFÉS ESPECIAIS NO BRASIL
        Este Curso de Qualificação constitui-se, em grande parte, de avaliações das aptidões
dos profissionais, compreendendo provas de sensibilidade olfativa e gustativa, além de várias
disciplinas técnicas. Possui o apoio da SCAA e da FUNDACCER – Fundação de
Desenvolvimento do Café do Cerrado para sua realização. O curso acontece na cidade de
Patrocínio.


       OUTROS EVENTOS SEM PERIODICIDADE DEFINIDA
       Seminário Internacional - qualidade e certificação do café (promovido pela FAEMG,
SEBRAE-MG e SENAR), Café irrigado – qualidade e sustentabilidade (promovido pela
universidade Illy do Café, com apoio do Centro de Inteligência do Café/ Centro de Excelência do
Café do Cerrado, FUNDACCER, Universidade de Uberaba - UNIUBE e EPAMIG) e Encontro
com cooperativas do sistema Café do Cerrado (promovido pelo CACCER com apoio do
SEBRAE-MG, discute inovações e parcerias)


DIFICULDADES DO SETOR DE PESQUISA

        Segundo alguns autores5, o setor de pesquisa na cafeicultura vem enfrentando, nos
últimos tempos, uma falta de objetividade e racionalidade na condução de pesquisas que visem,
de fato, trazer soluções de melhoria para o setor. Podem ser apontados como tais problemas os
seguintes aspectos:
       Pesquisas repetidas sem finalidade prática, realizadas em regiões não representativas,
       muito estadualizadas ao invés de atenderem às regiões semelhantes,
       independentemente dos Estados; e
       Concentração de pesquisas basicamente nas universidades a fim de atender às
       demandas de pós-graduação, portanto com estudos parciais, já que se exigem prazos
       curtos para o encerramento dos mesmos.


5
     Matiello J. B. É preciso prioridade e objetividade na pesquisa cafeeira. Coffea, v.04, n.12, p.38-41, 2007.

                                                                                                                   19
Quanto ao primeiro aspecto, cabe destacar a falta de sintonia entre os pesquisadores
nas suas diversas instituições de pesquisa, que levam a dispêndios de recursos que poderiam
ser maximizados através de um trabalho conjunto.
       Quanto ao segundo ponto, é importante salientar, nas palavras de Silvio Crestana,
presidente da Embrapa, que "a capacidade do poder público de investir em pesquisa já está no
seu limite... os caminhos agora são a liberação de recursos dos fundos setoriais e a atração de
recursos privados", ressaltando que enquanto no Brasil 70% dos recursos aplicados em
pesquisa vêm do poder público, em países desenvolvidos, como Estados Unidos, apenas 30%
são verbas públicas6.
        Visando assim, atingir a melhoria nos processos de pesquisa em cafeicultura em nível
nacional, o Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D/Café),
através do Programa Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (PNP&D), vem
financiando a pesquisa da cafeicultura com recursos provenientes do Funcafé, conforme se
verifica na tabela abaixo. Ressalta-se que, além destes recursos, as entidades consorciadas
contribuíram para o Programa de Pesquisa do Café, recursos na ordem de R$540 milhões entre
os anos de 1998 a 2003 (Clécia, 2004) 7.


Tabela 1: Recursos financeiros destinados ao PNP&D Café (em milhares de R$)
              Ano                 Custeio                       Investimento                     Total
              1998                 7.200                            4.800                       12.000
              1999                 8.600                            3.400                       12.000
              2000                 6.730                            5.270                       12.000
              2001                 12.000                           2.000                       14.000
              2002                 4.900                             200                         5.100
              2003                 4.150                             450                         4.600
             Total                 43.580                          16.120                       59.700
    Fonte: Embrapa Café, Relatório de Gestão


       Do montante total de R$ 59,700 milhões, 73% (R$43,580 milhões) foram empregados
no custeio da pesquisa e ações de transferência de tecnologia, 23% (R$13,700 milhões) em
equipamentos de pesquisa, e 4% (R$2,420 milhões) foram investidos em benfeitorias.
        Provenientes do Funcafé, estes recursos são repassados à Embrapa Café, instituição
coordenadora do consórcio, que por sua vez, os repassa às instituições consorciadas que se
habilitam para os recursos através do envio de projetos de pesquisas, baseados nos 12
Núcleos Disciplinares de Referência. Verifica-se, deste modo, que os recursos originados pelo
CNP&D/Café são redirecionados aos consorciados através dos editais por livre concorrência
entre as instituições.
       Este modelo de gestão, no entanto, esbarra-se no fundamento de que uma vez
disponibilizados os recursos, as instituições competem entre si por estes, ocasionando uma
segregação, ao invés de promover uma integração de pesquisadores e instituições ligados à
pesquisa cafeeira em torno de uma demanda. Some-se a isto a tendência de decréscimo no



6
          Cafeicultura, Embrapa busca parcerias para seguir líder em pesquisas,
http://www.cafe.agr.br/index.php?tipo=ler&mat=8294 <acessado em 21/02/2008>.
7
          <http://www22.sede.embrapa.br/cafe/outros/arq_Relat_Gestao/Gest%E3o_Pesquisa.pdf> acessado em 19/02/08.
                                                                                                                    20
montante alocado à pesquisa (Tabela 1) e fica evidenciado que esta competição torna-se ainda
mais acirrada.
      Nota-se, portanto, que uma abordagem diferente à adotada no Consórcio faz-se
necessária para buscar a integração dos distintos órgãos de pesquisa e seus pesquisadores.
       Este modelo poderia ser originado a partir da definição de linhas mestras de pesquisas
geradas através da prospecção da demanda, e então, através da atuação do Pólo, constituir
parcerias entre as instituições que atendam àquela demanda. As instituições parceiras ficariam
responsáveis pela formulação de projetos, os quais são as bases para a captação de recursos
por meio dos órgãos de fomento.
         Através deste modelo, percebe-se que há um incentivo para a atuação conjunta das
instituições através de projetos comuns, uma vez que a formação de parcerias originou-se
através de uma demanda inicial. A integração entre as instituições/pesquisadores também é
potencializada pelo fato de que os recursos seriam captados de forma conjunta, após a
identificação dos problemas e a formulação dos projetos, não ocasionando a disputa por
recursos oriundos de uma só fonte financiadora. Uma idéia geral das principais demandas
tecnológicas apontadas por Matiello (2007) podem ser observadas no ANEXO 1.


PROSPECÇÃO DE DEMANDAS: DIFICULDADES DO SETOR DE PESQUISA-EXTENSÃO

       A prospecção de demandas, anteriormente levantadas, torna-se possível quando as
informações entre a pesquisa e a extensão, e vice-versa, tem o seu fluxo contínuo e integrado.
       Este fluxo de informações pesquisa-extensão também pode ser considerado um dos
gargalos tanto nos setores pesquisa-produção, quanto no setor pesquisa-indústria.


Dificuldades no setor pesquisa-produção
        De acordo com Matiello (2007), a difusão dos resultados da pesquisa para o setor
produtivo enfrenta dificuldades pelo fato de que as informações são muitas vezes peças soltas,
consistindo de boletins com informações conflitantes, sem uma recomendação baseada no
consenso entre os técnicos. Isto estaria gerando insegurança para os cafeicultores.
     Também é importante salientar a falta de oportunidades de integração entre os
membros dos setores da pesquisa e da extensão rural, o que torna frágil o intercâmbio das
demandas de ambas as partes, resultando em ações isoladas.


Dificuldades no setor pesquisa-indústria
        No setor pesquisa-indústria, os gargalos encontrados estão no amadorismo com que
algumas empresas torrefadoras são geridas. Esta constatação também é corroborada pelas
pesquisas conduzidas em 2003 pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), em parceria com a
Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa Agropecuária (Fundepag) e o Consórcio Brasileiro
de Pesquisa e Desenvolvimento do Café8, que constatou que a grande maioria das firmas é de
pequeno porte, tem atuação regional e gestão familiar, e possui baixa motivação para
qualificação gerencial e tecnológica por apresentar alta rotatividade de entrada e saída da


8
           Indústria de torrefação e dificuldade de modernização, Informativo Coffee Break, Ano V - Nº 990 - 18/06/2003.
http://www.coffeebreak.com.br/assinantes/edic-not.asp?ID=990&NT=11&IN=12394 <acessado em 19/02/2008>
                                                                                                                           21
atividade (a Abic estima uma ociosidade da indústria de 65%) e estarem constantemente sobre
pressão das forças de concentração de mercado.
        Há evidências também de que o processo de consolidação e modernização da indústria
cafeeira tem avançado nos últimos anos, porém esta constatação é predominantemente
encontrada nas torrefadoras de médio/grande porte, que detém equipamentos de última
geração, contrastando com a maioria que possui um parque tecnológico de gerações
anteriores.
       É importante salientar também que nos casos de P&D nas grandes empresas, estas são
conduzidas in house, e os resultados destas pesquisas são mantidos como segredo industrial,
mesmo porque geram vantagens competitivas para as que o detém. Para todo o setor industrial,
entretanto, esta postura proprietária da tecnologia mantém o setor desatualizado e com pouca
força competitiva frente aos seus pares internacionais.
        Outro ponto importante é a ausência de uma estrutura industrial para o processo de
fabricação de blends do café para a torrefação e exportação. O paradigma de “importar para
exportar”, aliado às questões legais parecem estar sendo os entraves para sua efetivação. Um
estudo mais aprofundado nestes temas se torna crucial.
       Portanto, pode-se concluir que ainda há grandes espaços para a atuação dos setores
pesquisa-indústria, tanto no que se refere à modernização gerencial das empresas quanto no
desenvolvimento de tecnologias de processamento e industrialização. Questões do
funcionamento do mercado também são temas urgentes de pesquisa neste elo do negócio café.
       A seguir, estão sumarizados os pontos até aqui levantados através da análise SWOT do
setor de Pesquisa/Extensão.


ANÁLISE SWOT DA PESQUISA E EXTENSÃO


Pontos Fortes
       Presença de Centros de Pesquisas/Universidades localizadas em Minas com forte
       tradição e projeção nacional e internacional;
       Recursos humanos de alta competência no setor;
       Laboratórios específicos e modernos para a condução de pesquisas e ensaios nas
       áreas da produção (agronomia), industrialização (engenharia de alimentos) e negócios
       (laboratório de mercados futuros);
       Presença de forte órgãos de fomento do setor cafeeiro estadual e federal;
       Presença de campos experimentais já consolidados com foco ao desenvolvimento da
       cultura;
       Frequência de eventos e calendário consolidados de transferência de conhecimento.




                                                                                           22
Pontos Fracos
      Desarticulação entre a demanda real no campo com as pesquisas realizadas de viés
      acadêmico;
      Desarticulação entre as pesquisas realizadas com fraca sinergia e interação entre os
      pesquisadores;
      Competição por recursos de pesquisa por parte dos pesquisadores;
      Ausência de uma articulação integrada com agenda de pesquisas comuns;
      Competição entre órgãos de transferência tecnológica e extensão;
      Sombreamento nas funções de pesquisa/extensão por parte das instituições, levando á
      duplicidade de gastos de recursos;
      Pouca pesquisa nos setores de industrialização e comercialização do café;
      Baixo enfoque de pesquisas na área de mercado/comercialização;


Oportunidades
      Aumento dos aportes direcionados à pesquisa, especificamente nas áreas da
      biotecnologia, entre eles o setor cafeeiro;
      Criação de Parques Tecnológicos com potenciais para a geração de pesquisas e
      negócios integrados dos setores acadêmicos-empresariais, com ênfase no café;
      Interesse dos setores empresariais do setor cafeeiro na aproximação com a pesquisa
      através de parcerias comerciais;
      Possibilidade de construção de uma agenda comum de eventos e disseminação de
      tecnologia cafeeira;
      Interesse governamental no fomento à pesquisa na cafeicultura mineira como fonte de
      agregação de valor ao produto.


Ameaças
      Presença de uma inércia de desagregação entre os pesquisadores e instituições de
      pesquisa;
      Ausência de um forte elemento aglutinador de coordenação de uma agenda comum de
      pesquisa/desenvolvimento;
      Fraca interatividade entre os institutos/órgãos de pesquisa a nível nacional;
      Fraca infra-estrutura de pesquisa industrial em Minas Gerais, pautado na fraca presença
      de empresas no território mineiro.




                                                                                          23
2.2.2 Diagnóstico e Análise do Perfil da Produção Agrícola

      A produção de café no Brasil é altamente concentrada no estado de Minas Gerais, que é
responsável por 44,8% da produção brasileira. A produção estimada do estado para a safra
2007/2008 é de 14,4 milhões de sacas de café beneficiado (Conab, 2007).
        A distribuição da produção de café dentro do estado de Minas Gerais também é
heterogênea, com concentração no Sul de Minas (aproximadamente 50%), Zona da Mata
(aprox. 20,0%) e Cerrado (aprox. 20,0%) e Alto Jequitinhonha (Região de Capelinha). O
ANEXO 2 apresenta a média de produção dos anos 2005 e 2006 para as 3 principais
macrorregiões produtoras do Estado de Minas Gerais. A produção de café em Minas Gerais é
feita em 80.000 propriedades rurais de 682 municípios, gerando 1.600.000 empregos diretos e
indiretos (SILVA, 2007).
       Os níveis de profissionalização da atividade, organização dos produtores, porte e uso de
tecnologia também variam muito, o que ressalta a complexidade da cadeia produtiva.
       O nível de tecnificação ainda é baixo e precisa ser incrementado com urgência. O
relevo altamente acidentado do estado dificulta a colheita mecânica, mas a progressão nos
últimos anos tem sido expressiva. Estima-se que a colheita mecanizada reduza o custo de
produção na ordem de R$10,00 a R$40,00 a saca, dependendo da produtividade da lavoura e
se a máquina é própria ou alugada. No entanto, no máximo 30,0% da lavoura de café mineira
pode ser mecanizada com a tecnologia atual, por questões topográficas (dados de GARCIA e
MATIELLO, 2007).
       Os tipos de operação de colheita podem ser classificados em (SILVA, 2007):
       Manual: sistema tradicional, onde as operações de colheita são feitas por trabalho
       braçal, demandando grande mão-de-obra.
       Semi-mecanizado: associação do trabalho braçal com máquinas para execução da
       colheita. Esse sistema varia muito, podendo ter desde uma até quase todas operações
       com o auxílio de máquinas (apropriado para pequenos e médios produtores).
       Mecanizado: utilizam-se colhedoras que realizam simultaneamente as operações de
       derriça, recolhimento, abanação e ensaque ou armazenamento a granel do café colhido.
       Está limitado às propriedades com topografia favorável e necessita de operação manual
       de repasse.
       Super-mecanizado: sistema que surgiu em 2000, e que dispensa quase que totalmente
       a mão-de-obra. Os investimentos são altos.
        A colheita semi-mecanizada reduz em até 25,0% os custos de produção em relação à
colheita tradicional, e apresenta-se como uma alternativa viável para a maioria das
propriedades de café, com baixo investimento inicial (SILVA, 2007). Deve-se destacar que o Sul
de Minas e a Zona da Mata são as regiões que dependem mais de mão-de-obra, por causa da
topografia. No Cerrado, a mecanização é muito intensa.
        As inovações tecnológicas no cultivo de café compreendem também inovações no
plantio, cultivo e tratamento fitossanitário, poda e condução da lavoura, colheita seletiva,
descascamento de grãos verdes, entre outras, muitas delas ainda por serem implementadas
por grande parte dos produtores.
       Com relação à qualidade, diversas ações têm sido conduzidas para redução do número
de defeitos e certificação de propriedades, como a BSCA (Brazilian Specialty Coffee
Association), CACCER (Conselho das Associações dos Cafeicultores do Cerrado) e ABIC
                                                                                            24
(Associação Brasileira Indústria do Café). Destaca-se a iniciativa da Secretaria de Estado da
Agricultura de Minas Gerias, por meio do IMA (Instituto Mineiro de Agropecuária), e em parceria
com a Emater (Programa CertificaMinas), na certificação de processo de pequenos produtores.
Muitas associações também têm sido certificadas. Os Concursos de Qualidade do Café
também constituem iniciativa importante. No entanto, a indústria e as cooperativas ainda
compram em grandes quantidades cafés de baixa qualidade, que ao serem incorporados no
processo de torrefação reduzem sobremaneira a qualidade do café. Além disso, o diferencial de
preço e a diversidade de critérios de qualidade utilizados, somando-se à atuação de corretores,
dificulta a compreensão dos produtores e, em última instância, os desestimulam a investir na
melhoria da qualidade do café. A contrapartida em termos de preço remunerador não têm sido
garantida. Um passo importante é a padronização dos critérios.
       Outro gargalo importante se refere à capacitação e aos custos de mão-de-obra.
Estimativa do CNA/CIM aponta que a participação do item mão-de-obra (manutenção da
lavoura) no custo operacional total pode chegar a mais de 26,0 %, enquanto que a colheita e
beneficiamento (item em que a mão-de-obra tem um peso significativo) pode chegar a 35,5 %
do custo operacional total. Cerca de 54,0% de todos os custos de mão-de obra, em casos
extremos, é oriunda somente da colheita (SILVA, 2007). Somente a colheita do café emprega
310.000 trabalhadores no estado. Além disso, na colheita, que dura de três a cinco meses,
geralmente são trazidos trabalhadores de outros estados, especialmente da Bahia. A influência
da mão-de-obra na qualidade é muito grande, pois o descuido na colheita pode danificar o grão.
O Ministério do Trabalho tem intensificado as ações de fiscalização relacionadas às condições
de trabalho, uso de equipamentos de proteção individual (EPI`s) e legislação trabalhista. O
cenário para a colheita de base manual não é muito positivo nesse sentido.
        A relevância do item de mão-de-obra se destaca se levarmos em conta levantamento
recente, que indica que em 2007 ocorreu a pior relação entre preço do café e salário mínimo
dos últimos 5 anos (2,16 sacas para pagar o salário mínimo, segundo dados do CIM-UFLA).
Além disso, a mão-de-obra não é qualificada, o que leva a grandes problemas de produtividade
no que se refere ao adequado processo de colheita dos grãos.
       Levantamento recente efetuado pelo CIM-UFLA aponta que a participação total da mão-
de-obra no custo do café varia muito. Em Altinópolis (SP), o percentual é de 35,0%. Em
Ribeirão do Pinhal (PR), de 37,6%, e em Jaguaré (ES), 51,1%. Já em Minas, enquanto a região
de Patrocínio, altamente mecanizada, tem custo de mão-de-bra correspondendo a apenas
16,6%, temos a região de Manhumirim com 50,4%, a de Três Pontas (Sul de Minas) com 39,9%
e a de Santa Rita do Sapucaí, também Sul de Minas, com 40,1%.
        A produtividade física das lavouras varia muito, mas é da ordem de 12,2 sacas por
hectare em média, variando de 10 a 40 segundo GARCIA e MATIELLO (2007), e pode ser
aumentada significativamente com estratégias de adensamento (que, por seu lado, dificulta a
mecanização) e uso adequado dos insumos. Grande parte dos produtores não faz análise do
solo, e utiliza os adubos/fertilizantes de forma inadequada. O custo de fertilizantes pode chegar
a 40,0% do custo operacional total.
       A produtividade econômica também pode ser aumentada drasticamente, como
demonstrado pelos resultados do programa Sigeor do Sebrae, que tem objetivos ousados de
aumento na renda do produtor rural. O SIGEOR - Sistema de Informação da Gestão Estratégica
Orientada para Resultados é um sistema de apoio à tomada de decisão utilizada na
metodologia de estruturação de projetos chamada GEOR - Gestão Estratégica Orientada para
Resultados. O SIGEOR foi concebido visando agilizar e apoiar às decisões estratégicas de
cada projeto através do gerenciamento e monitoramento dos mesmos pelas instituições
parceiras. Permite que os beneficiários de cada projeto, e a sociedade em geral, possam
                                                                                              25
acompanhar as ações em desenvolvimento e os resultados alcançados, o que contribui para a
qualidade dos projetos desenvolvidos. A gestão de custos demanda a aplicação de critérios
específicos, muitas vezes desconhecidos pelos produtores. Além disso, a ausência de um
sistema de informações eficiente prejudica as decisões e afeta a lucratividade da atividade. A
criação de um sistema de custeios adequado e de fácil assimilação e gestão por parte dos
produtores ainda é um desafio a ser superado.
       Em Minas Gerais existem diversas Cooperativas que atuam na cadeia produtiva do café,
embora com intensidade muito variável, dependendo da região de abrangência. A relação das
sedes das cooperativas por macro e microrregião está relacionada no Quadro 1.
       No que se refere à vinculação com as cooperativas, verifica-se que as cooperativas
são concorrentes entre si, e que ocorre uma destruição do espírito de cooperativismo, já que
um mesmo produtor tem se associado a várias cooperativas. A vinculação produtor-cooperativa
deve ser intensificada, para favorecer a troca de informações, a extensão e a definição de
ações conjuntas. No Cerrado, predomina o CACCER, que é uma associação de 8 cooperativas
e 6 associações regionais, e consegue promover uma união maior entre as cooperativas na
busca de ações comuns.
Quadro 1: Relação de Cooperativas de Café de Minas Gerais
    MACRORREGIÃO            MICRORREGIÃO             CIDADE               COOPERATIVA
                                               Machado               COOPAMA
                                               Paraguaçu             COOMAP
                               ALFENAS
                                                                     COOPFAM, COOPFUNDO,
                                               Poço Fundo
                                                                     COOCAMINAS
                                               Lavras                CAARG
                                LAVRAS         Perdões               COPACAFE
                                               Bom Sucesso           COOPERBOM
                                               Cássia                COOPASSA
                                PASSOS
                                               Ibiraci               COCAPIL
                                               Sta Rita do Sapucaí   COPER-RITA
                             SANTA RITA DO
                               SAPUCAÍ         São Gonçalo do        COPERVASS
     SUL DE MINAS                              Sapucaí
                            SÃO LOURENÇO       Carmo de Minas        COCARIVE
                                               Guaxupé               COOXUPÉ
                           SÃO SEBASTIÃO DO    Monte Belo            COCAMINAS
                               PARAÍSO         São Sebastião do      COOCAM, COOPARAÍSO
                                               Paraíso
                                               Boa Esperança         CAPEBE
                                               Campos Gerais         COOPERCAM
                                               Ilicínea              COOPAPI
                               VARGINHA
                                               Santana da Vargem     COOCAFE
                                               Três Pontas           COCATREL, UNICOOP
                                               Varginha              COCCAMIG, MINASUL
                                ARAXÁ          Araxá                 CAPAL, COOPCAF
                            PATOS DE MINAS     Carmo do Paranaíba    CARPEC
   ALTO PARANAÍBA                              Monte Carmelo         COOCACER, COPERMONTE
                              PATROCÍNIO
                                               Patrocínio            EXPOCACCER
                                ARAXÁ          Perdizes              COOPERDIZES
                            PATOS DE MINAS     São Gotardo           COOPADAP
                              MANHUAÇU         Lajinha               COOCAFE
         MATA
                                MURIAÉ         Muriaé                COCAMUR
      CENTRAL               BELO HORIZONTE     Belo Horizonte        COPACAFE
      RIO DOCE                CARATINGA        Caratinga             COPERCAFE, COORPOL
CENTRO OESTE DE MINAS           PIUMHÍ         São Roque de Minas    COOCANASTRA
  NOROESTE DE MINAS              UNAÍ          Unaí                  COAGRIL, COANOR
Fonte: OCB (2008)
                                                                                           26
É importante destacar que diversas cooperativas possuem grande quantidade de
entrepostos e filiais espalhadas em um grande número de cidades, como é o caso, por
exemplo, da Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé – Cooxupé, que recebe café
produzido em mais de 100 municípios localizados nas regiões sul de Minas, alto Paranaíba
(cerrado mineiro) e Vale do Rio Pardo (SP). Em sua estrutura, a Cooxupé possui 17 núcleos
com estrutura física para armazenagem de café, depósito para fertilizantes e mercadorias
diversas. Nestes núcleos existem engenheiros agrônomos, agentes de comercialização e
funcionários de apoio. Possui ainda 5 unidades avançadas nas quais o produtor pode operar
como se estivesse em um núcleo, podendo pedir insumos, assistência técnica e até
comercializar seu produto. Além destes núcleos e unidades avançadas, a Cooxupé possui um
escritório de exportação em Santos.
        Com relação aos fornecedores de equipamentos e insumos para a cafeicultura, que
constituem outro grupo de atores importantes na cadeia produtiva, verifica-se que estão, em
sua maioria, situados no estado de São Paulo. Em Minas Gerais são encontradas diversas
empresas pequenas. A atração de indústrias de equipamentos e insumos para a produção
cafeeira para o estado de Minas Gerais é um importante desafio que possibilitaria o
desenvolvimento de inovações em trabalhos conjuntos com as instituições de pesquisa e
redução de custos logísticos, aumentando a eficácia e a eficiência do setor como um todo. A
relação das principais indústrias de equipamentos e insumos para o café pode ser observada
no quadro 2.


Quadro 2: Relação de empresas de equipamentos e insumos para o café de Minas Gerais –
Indústrias e distribuidores principais
                               EMPRESA                              CIDADE
Agrimec Ind. de Implementos Agrícolas                             Três Pontas
Agronelli Ind. e Com. de Insumos Agropecuários Ltda                 Uberaba
Asa Arruador Soprador Agrícola Ltda                              Monte Carmelo
Bayer Cropscience Ltda                                           Belo Horizonte
Bunge Fertilizantes S/A                                             Uberaba
Café Brasil Ind. Comércio, Importação e Exportação Ltda             Alfenas
DKM Ind. e Com. de Máquinas Agrícolas Ltda                       Belo Horizonte
Eco Insumos Agro - Pecuários Ltda                                 Pouso Alegre
Fert Minas Ind. e Comercio de Fertilizantes Foliares Ltda           Alfenas
Fertilizantes Heringer S/A                                       Três Corações
Fertilizantes Mitsui S/A Industria e Comercio                   Poços de Caldas
Fertipar Sudeste Adubos e Corretivos Agrícolas Ltda                 Varginha
Ind. e Com. de Máq. De Café Mangará Ltda                           Ouro Fino
Industrial Atilla Ltda                                             Manhuaçu
Lavadores Pimenta                                                 Elói Mendes
Plastro do Brasil S/A                                              Uberlândia
Santa Clara de Assis                                                Botelhos
Sul Mineira Comércio de Sacarias Ltda                               Varginha
TDI Máquinas Agrícolas Indústria e Comércio Ltda                    Araguari
VN Máquinas Ind. e Com. Ltda                                        Varginha
Yara Com. Industria                                               Três Pontas
Fonte: Entrevistas e fontes diversas




                                                                                        27
ANÁLISE SWOT DA PRODUÇÃO
       A Análise SWOT (pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças) para a o
produtor de café mineiro apresentou as seguintes constatações:


Pontos fortes
       Tradição do café mineiro;
       Qualidade do café mineiro;
       Cooperativas fortes e com forte inserção internacional;
       Clima adequado.


Pontos fracos
       Altos custos e baixa capacitação de mão-de-obra (cultivo e colheita);
       Critérios de qualidade heterogêneos;
       Baixa remuneração adicional pela produção de café de qualidade;
       Baixa tecnificação nas propriedades rurais;
       Problemas de gerenciamento da propriedade e baixa profissionalização;
       Relação frágil do produtor rural com as cooperativas.


Oportunidades
       Geração de novas tecnologias para aumento da produtividade e qualidade;
       Aumento da demanda internacional;
       Aumento do café certificado;
       Aumento do consumo interno.


Ameaças
       Propagação e competitividade do café conilon;
       Competição com outras culturas rentáveis (cana, milho e soja);
       Futura instabilidade climática (aquecimento global).




2.2.3 Diagnóstico e Análise do Perfil da Industrialização e Consumo do café

        A industrialização do café é realizada pelas próprias cooperativas e pelas empresas de
torrefação. Como quase a totalidade do café exportado é de café não torrado, isto significa que

                                                                                            28
o café torrado pelas cooperativas e pelas empresas de torrefação se destina basicamente para
o mercado interno.
      A maior parte do café torrado que chega ao mercado consumidor brasileiro é originado
de empresas associadas à Associação Brasileira da Indústria do Café – ABIC, conforme dados
apresentados na Tabela 2.

Tabela 2: Evolução do consumo interno de café em 2005/06 e 2006/07 - produção total anual
de empresas associadas à ABIC e não associadas.

                                                                  Ano anterior           Período atual       Evolução
         Categoria
                                                                (nov/05 a out/06)      (nov/06 a out/07)       (%)
         Empresas associadas                                      10.146.576             10.718.244            5,63
         Empresas não associadas                                   3.358.477              3.454.194            2,85
         Total de empresas cadastradas                            13.505.053             14.172.438            4,94
         Consumo não cadastrado                                   1.899.130              1.953.255             2,85
         Total geral de café torrado e moído                      15.404.184             16.125.694            4,68
         Empresas de café solúvel                                  927.129                979.326             5,63(1)
         Total nacional de consumo de café                        16.331.312             17.105.019            4,74
         Consumo per-capita - café em grão cru                         5,34                   5,53
         Consumo per-capita - café em torrado e moído                  4,27                   4,42

Volume em sacas de 60 kg
(1) Fonte: mercado
Fonte: ABIC (2008)9


      Conforme dados da ABIC, o setor brasileiro de industrialização do café vem passando
por um processo de concentração, o que pode ser observado na Tabela 3.


Tabela 3: Produção de café torrado e moído e participação de mercado por Grupos de
Empresas no período 2005/06 e 2006/07 – Brasil

                                                  2005/2006                                     2006/2007
                  GRUPO                  VOLUME           PARTICIPAÇÃO              VOLUME            PARTICIPAÇÃO
                                         MENSAL                (%)                  MENSAL                 (%)
                 5 Maiores               474.119               36,93                 508.477                37,84
                10 Maiores               588.433               45,84                 627.813                46,72
                20 Maiores               651.030               50,72                 697.165                51,88
                30 Maiores               688.213               53,61                 738.140                54,93
                50 Maiores               740.598               57,69                 790.706                58,84
               100 Maiores               795.122               61,94                 842.893                62,72
               Total Geral              1.283.682                                   1.343.808

Obs.: Associadas + Não associadas à ABIC
Períodos de produção considerados: 2005/2006: nov/05 a out/06 // 2006/2007: nov/06 a out/07
Fonte: ABIC (2008)




9
          Disponível em www.abic.com.br (acesso em 21/02/08)
                                                                                                                        29
Pela tabela 3, observa-se que o grupo das 20 maiores empresas é responsável por
51,88% da produção de café torrado e moído no Brasil em 2006/20007, percentual maior do
que o observado no período anterior.
        No ranking das 100 maiores empresas produtoras de café torrado e moído, aparecem
apenas 15 empresas sediadas em Minas Gerais. Em Minas Gerais, a grande maioria da
empresas de torrefação está associada ao Sindicafé e/ou à ABIC. Uma relação das indústrias
de torrefação, associadas ao Sindicafé está presente no ANEXO 3.
       No que se refere ao consumo brasileiro do café torrado, observa-se um crescimento
gradual a partir do ano de 1990, passando de 2,71 kg/per-capita/ano para um total de 4,42
kg/per-capita/ano em 2007 (Figura 5).




Fonte: ABIC (2008)
Figura 5: Consumo interno em sacas e per-capita - Brasil

       A ABIC tem expectativa que o consumo total de café no país passe de 17,1 milhões de
sacas em 2007 para 18,1 milhões de sacas em 2008.
      As principais razões apontadas pela ABIC (2008) para o aumento do consumo ao longo
dos anos são:
       Melhoria contínua ao longo dos anos da qualidade do café oferecido aos consumidores.
       Para esta melhoria houve a contribuição do PQC – Programa de Melhoria de
       Qualidade do Café, lançado em 2004 e que inclui 250 marcas atualmente. Para 2008
       este programa será complementado com o Programa de Cafés Sustentáveis do
       Brasil, que oferece a garantia de certificação desde a lavoura até o consumo final, para
       cafés produzidos de forma sustentável. O Círculo do Café de Qualidade – CCQ,
       patrocinado pela ABIC, também contribui para o estímulo ao consumo do café fora do
       lar, já que se direciona para as casas de café;

                                                                                            30
Consolidação do mercado de cafés especiais ou tipo Gourmet e crescimento do
        consumo fora do lar;
        Melhoria da percepção do café quanto aos benefícios para a saúde. Neste aspecto a
        ABIC investiu no Programa Café e Saúde;
        Melhoria das condições econômicas do país, principalmente pela migração das classes
        D e E para a classe C, o que aumentou seu poder de compra.


        Além dos programas de certificação da qualidade patrocinados pela ABIC, outros
     programas de certificação, envolvendo o produtor, podem ser citados, como é o caso dos
     seguintes:
       Programa CertificaMinas;
       Produção Integrada de Café – PIC;
       Produção de Café Orgânico;
       Código Comum para a Comunidade Cafeeira (4C);
       Indicações Geográficas – Ex.: Café do Cerrado;
       Sistema de Comércio Justo FLO (Fairtrade Labelling Organization);
       Sistema Eurepgap de certificação;
       Certificação UTZ Certified;
       Rainforest Aliance;
       Brazilian Speciality Coffee Association.


     Segundo a pesquisa “Tendências do Consumo de Café no Brasil” (TNS Interscience,
2007)10, 91% dos 2.256 entrevistados afirmaram ser consumidores de café em 2007. Este
percentual vem se mostrando relativamente estável desde a pesquisa de 2003 e é um dos mais
altos em comparação com outras bebidas. No entanto, a pesquisa mostrou que as categorias
de achocolatados, sucos e água de côco vêm aumentando seu consumo ao longo dos últimos
anos.
     O consumo de café vem crescendo na classe A, principalmente com o consumo de café
tipo Gourmet, em cafeterias e casas de café. O consumo de café fora do lar nas grandes
capitais, que em 2006 representava 32% do consumo, passou a representar 36% em 2007. No
entanto, embora o consumo geral per-capita de café venha aumentando, este aumento não se
verifica entre os jovens entre 15 e 19 anos.
   Em relação à embalagem, a classe A está mais atenta ao selo de pureza e a marca,
enquanto o consumidor da classe D está mais atento ao prazo de validade e preço.
    A pesquisa mostrou que em 2007 apenas 5% das pessoas abandonaram o consumo de
café. No entanto, este percentual é compensado pelos novos consumidores. Os consumidores
que abandonaram o café afirmaram substituir por outras bebidas, principalmente pelo leite, suco
natural, achocolatados e chá. A pesquisa apontou também que 17% dos consumidores


10
        TNS INTERSCIENCE. Tendências do Consumo de Café no Brasil. São Paulo: Tns InterScience, 2007.
                                                                                                        31
pretendem diminuir o consumo de café, indicando, dentre outras razões, aquelas relacionadas à
saúde.
    Para promover o consumo do café, as empresas de café, a ABIC e o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) vêm investindo em marketing e publicidade. No
caso do MAPA, destaca-se as ações de promoção do café em feiras, degustações e eventos
em diversos países.


ANÁLISE SWOT DA INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSUMO
       Nesta seção, busca-se fazer uma análise dos pontos fortes, pontos fracos, ameaças e
oportunidades do setor de industrialização e do consumo, dando ênfase para as repercussões
no Estado de Minas Gerais.


Pontos Fortes
       Liderança de Minas Gerais na produção agrícola do café;
       Ampliação dos programas de melhoria da qualidade e certificação do café;
       Mais de 90% das pessoas consomem café;
       Relativa estabilidade no fornecimento de matéria-prima;


Pontos Fracos
       Baixa qualidade da matéria-prima;
       Presença do mercado informal de industrialização e comercialização de café;
       Parque industrial defasado tecnologicamente;
       Poucos profissionais com boa formação e informação sobre mercados internacionais;
       Problemas com oxidação do café no processo de industrialização;
       Grande consumo de cafés de baixa qualidade;
       Pequena exportação de cafés torrados e moídos;
       Baixo consumo de cafés especiais e do tipo Gourmet;
       Formação de blends de baixa qualidade;
       Existência de poucas indústrias de torrefação em Minas Gerais, em relação à
       participação do Estado na quantidade produzida de café em grão;
       Amadorismo empresarial por parte das pequenas e médias empresas (que são a
       maioria);
       Pequena disseminação da prática de pagamento diferenciado para o café de alta
       qualidade, o que normalmente é restrito para pequenos volumes;
       Marketing incipiente para incentivar o aumento no consumo do café;
       Baixa qualificação da mão-de-obra nos processos de comercialização de produtos de
       maior valor agregado;
                                                                                           32
Baixa variedade de produtos produzidos à partir do café;
     Baixa cooperação entre cooperativas que atuam com torrefação e comercialização do
     café;
     Baixa taxa de inovação no setor, tanto em produtos, quanto em processos, embalagens
     e formas de consumo.


Oportunidades
     Aumento do consumo de café no Brasil;
     Aumento do consumo de café pela classe A;
     Crescimento no consumo de café fora do lar;
     Crescimento do número de casas de café;
     Crescimento do consumo de cafés de maior valor agregado (especiais ou do tipo
     Gourmet);
     Crescimento da renda e aumento do poder de compra das classes mais baixas
     (especialmente das classes D e E) no Brasil;
     Monitorar a qualidade do café torrado, evitando sua deterioração, principalmente pelas
     empresas que praticam preços baixos;
     Possibilidade de agregar maior valor às exportações com a produção de blends,
     inclusive estando atento à possibilidade de drawback (e seu rígido controle) para ter
     acesso a cafés de diferentes características;
     Estímulo ao consumo do café com leite de forma a iniciar as crianças no consumo;
     Criação de novos produtos à base de café;
     Busca por mercados para produtos de maior valor agregado.


Ameaças
     Substituição do café por outras bebidas pelos consumidores;
     Suspeitas de fraudes na industrialização e embalagem do café;
     Crescimento da produção de café em outros Estados do país e em outros países do
     mundo, o que pode levar o Estado de Minas Gerais a ter sua importância relativa
     reduzida;
     Redução das margens de lucro para produtos “básicos” de baixo valor agregado;
     Propaganda equivocada de malefícios do consumo de café.




                                                                                        33
2.2.4 Diagnóstico e Análise do Escoamento da Produção


      Esta subseção possui informações contidas em Fernandes (2004)11, Rezende, Rosado e
Gomes (2007)12 e complementadas com entrevistas com instituições ligadas ao café no Estado
de Minas Gerais.
       O fluxo de escoamento da produção na cadeia produtiva do café pode ser observado na
Figura 6.




Figura 6: Fluxo de comercialização na cadeia produtiva do café
Fonte: Rezende, Rosado e Gomes (2007)


         Na primeira fase do fluxo, não são mostrados os percentuais, sendo explicado pelo
grande número de produtores, corretores e torrefadores que se encontram de forma dispersa no
território brasileiro. Essa falta de informações é representada por uma linha pontilhada.
      A segunda fase do fluxo é denominada pelos fluxos A, B e C. O Fluxo A é representado
por uma seta azul, sendo constituído por: cafeicultor-corretor-torrefador-mercado interno.
Geralmente o café que abastece o mercado interno é de qualidade inferior, do tipo bebida dura


11
           FERNANDES, M. Logística de escoamento do café do sul de Minas Gerais. Dissertação (Mestrado em Agronegócios) -
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004.
12
           REZENDE, A. M.; ROSADO, P. L.; GOMES, M. F. M. Café para todos: a informação na construção de um comércio
mais justo. Belo Horizonte: Segrac, 2007.
                                                                                                                     34
para baixo. Através deste fluxo são comercializados internamente, aproximadamente 39% do
café produzido no Brasil (CECAFÉ, 2007).
       O Fluxo B, ou de exportação é definido por uma seta vermelha, sendo composto dos
elementos: cafeicultor-corretor-exportador-mercado exportador. Nele é comercializado o café de
qualidade superior, do tipo bebida dura superior. A exportação de café produzido no país soma
54,3 %, sendo a grande maioria vinda das próprias empresas exportadoras, totalizando 49,3%,
acrescido de 5% das cooperativas (CECAFÉ, 2007).
       O Fluxo C, representado pela seta lilás, é formado dos elementos: produtores-
corretores-estoques de governo-indústria solúvel-exportação. Nesse fluxo transita o café
beneficiado, numa mistura de café arábica (20%) e robusta (80%), que é industrializado como
café solúvel e consumido no mercado externo. Esse fluxo comercializa 8,7% do café produzido
no país.
       Como pôde ser observado, existem os fluxos de comercialização do café para o
mercado interno e externo. O fluxo do mercado interno inicia com os produtores, pela
intermediação ou não dos corretores, segue para os torrefadores e destes para os varejistas e,
finalmente para os consumidores. A comunicação entre tais instituições é dispersa e
competitiva, não havendo uma coordenação verticalizada da informação.
       O fluxo de comercialização de exportação começa nos produtores, seguindo para os
intermediários, estes passam o café para os exportadores que, posteriormente, são remetidos
para os importadores no mercado internacional. A comunicação é dispersa entre os atores da
cadeia, porém há certa coordenação verticalizada de informação no sentido de se obter
qualidade mais uniforme dos produtos a serem adquiridos.
        Os cafés do Brasil são destinados para vários mercados consumidores em todo mundo,
totalizando 50 países. A maioria da exportação vai para a Europa sendo 50%, 19% para os
Estados Unidos e 8% para o Japão.
       A maior parte do café exportado é proveniente do Estado de Minas Gerais,
especialmente da região Sul de Minas, principal região produtora de café do país, e do Estado
de São Paulo. Mais de 60% do café é escoado para o exterior por meio do Porto de Santos.
       Como a região sul de Minas Gerais é a maior produtora de café, responsável também
pelo maior percentual de escoamento do café do Estado, aqui será dado um destaque para o
escoamento desta região. Os dois principais centros de comercialização do Estado se situam
nas cidades de Varginha e Guaxupé, localizados no Sul de Minas.
       O primeiro estágio crítico de distribuição é a armazenagem, pois os armazéns das
fazendas em geral são pequenos e muitas vezes precários, comprometendo as características
do produto. Assim, percebe a necessidade de melhoria da eficiência da logística e dos meios de
armazenamento.
       O sistema logístico na cadeia agroindustrial pode dividir-se em 2 sub-sistemas:
a) atividades de compra e venda e atividades de transferências de títulos, as quais coordenam
uma série de eventos no processo logístico, interno à comercialização em mercados atuais, a
termo ou futuros.
b) manuseio físico de bens nessa transferência ou processo de troca, identificando-se pelas
atividades de transporte, classificação (beneficiamento e rebeneficiamento) e armazenamento
do produto.
      Os estoques se encontram em diferentes formas, podendo ser de colheita do café, café
processado, café armazenado em saca e café em distribuição.
                                                                                           35
A racionalização dos estoques passa a ser um elemento diferencial considerando os
custos financeiros embutidos em cada estoque ao longo da cadeia. Para o transporte dos
estoques o meio mais usado é o rodoviário, sendo que tentativas de mesclagem de modais já
ocorreram (rodoviário-ferroviário), mas não obteve muito sucesso, devido às restrições de
cobertura da malha ferroviária.
       Ocorre com freqüência a formação de parcerias estratégias com transportadoras que
trabalham com uma gama de serviços que contribuem para a valorização do café para
exportação. Elas funcionam também como corretoras, despachantes aduaneiros, armazéns
gerais e possuem profissionais da área de exportação.
       Há cafeicultores de regiões estranhas ao Sul de Minas que comercializam seu produto
nas cooperativas desta região, devido à visibilidade existente sobre a qualidade do café sul
mineiro, o que fortalece ainda mais as cooperativas da região. Segundo estimativas de
Fernandes (2004), as cooperativas recebem maior parte da produção de café oriundo do
produtor, totalizando cerca 85% do volume total produzido. O restante passa pelo atacado,
varejo ou é vendido diretamente para o consumidor final.
         O café recebido pela cooperativa pode ser armazenado ou destinado à venda imediata,
conforme as necessidades do produtor e interesse da cooperativa. No caso de armazenamento
é feito também um rebeneficiamento para esperar o melhor momento para a venda.
      Da cooperativa, boa parte do café vai para a exportadora, onde é avaliado e
armazenado, podendo ser pesado ou direcionado ao processo de ligas ou formação de blends
(embora quase inexistente). É feita então a estufagem (carregamento do contêiner) com
empresas armazenadoras, que destinam o produto ao Porto Seco de Varginha. Após isso,
normalmente o café vai para os Portos Marítimos, sendo o de Santos o mais procurado.
       A cidade de Varginha possui uma estrutura de Porto Seco, responsável pelo
escoamento para o exterior. O Porto Seco não comercializa o produto, presta apenas os
serviços de desembaraço aduaneiro, entrepostagem e estufagem.
       O Porto Seco de Varginha caracteriza-se por cobrar taxas relativamente menores para
desembaraço em relação aos Portos Marítimos. Esse fator aliado à presença de considerável
número de empresas exportadoras na região de Varginha faz com que as Cooperativas
regionais prefiram vender seu café para as Exportadoras, ao invés de comercializá-lo via Portos
Marítimos.
        No caso específico da Cooxupé, ela evita intermediários, direcionando seu produto
diretamente para os Portos Marítimos, principalmente o de Santos, por seus próprios canais. O
processo de logística de transporte é feito basicamente por empresas terceirizadas. Todo o
processo de estufagem é feito pela própria Cooperativa. Ela age tanto como Cooperativa como
Exportadora, sem necessidade da intervenção de terceiros. O processo de desembaraço é feito
via REDEX (Recinto Especial Não Alfandegado de Zona Secundária), um órgão específico de
exportação presente no Porto Marítimo. O REDEX é um importante agente facilitador da
logística nos portos, evitando perdas e avarias nas mercadorias. Isso se justifica na medida em
que os processos são mais ágeis para empresas que utilizam o REDEX, como é o caso da
Cooxupé.
       A Cooxupé é considerada a maior cooperativa de café do mundo, possui grande
organização para escoar a produção (já que utiliza menos intermediário) e possui seu próprio
padrão internacional de café.



                                                                                            36
O Porto Marítimo do Rio de Janeiro se constitui em uma alternativa para o escoamento
da produção devido aos custos relativamente menores com transporte, porém, no porto de
Santos têm-se uma estrutura mais qualificada em alguns aspectos.
        A questão do modo de estocagem também interfere no valor gasto com a logística do
café. São poucas as cooperativas que possuem estudos nessa área visando reduzir espaço de
armazenamento e vislumbrando custos menores com transporte, inclusive em termos de
exportação. As empresas que trabalham com essa estrutura de tecnologia em logística são as
exportadoras, que vêem relativa importância em ganhos com tal atividade e investem na
utilização de softwares e equipamentos específicos em logística.
        Os armazéns gerais de café têm demonstrado grande importância na cadeia do produto,
visto sua estrutura que possibilita a conservação da qualidade do café, porém, estes reduzem
os ganhos dos produtores com a exportação.
      No mercado internacional, a bolsa de mercados e futuros vem se destacando como
determinante de preço de venda para exportação, fato que exige competência administrativa de
cooperativas e exportadoras para acompanhar e trabalhar com base nas tendências.
       Um importante fator de competitividade no processo de comercialização é a informação,
o que torna necessário uma qualificação e profissionalização dos gestores, principalmente
dentro das fazendas e cooperativas, pois os demais intermediários já estão mais atentos à
importância da informação.


ANÁLISE SWOT DO ESCOAMENTO DA PRODUÇÃO
       Nesta seção, busca-se fazer uma análise dos pontos fortes, pontos fracos, ameaças e
oportunidades no escoamento, dando ênfase para as repercussões no Estado de Minas Gerais.


Pontos Fortes
       Presença da estrutura do “Porto Seco” em Varginha, que possui estrutura de
       desembaraço aduaneiro mais barato que o Porto de Santos;
       Presença de vários agentes envolvidos no processo de escoamento e comercialização
       do café;
       Vasta malha viária na região.


Pontos Fracos
       Condições precárias das rodovias;
       Estrutura de armazenagem deficiente (pequena e precária) nas propriedades rurais;
       Alto custo de armazenagem;
       Alto custo de transporte pelo modal rodoviário, principalmente no caso do produto que
       segue da maior região produtora (sul de Minas Gerais) para o Porto de Santos;
       Taxas altas cobradas nos portos;
       Transporte de produto de baixo valor agregado (café verde) para o mercado externo;
       Filas e atrasos nos terminais portuários, o que eleva os custos para o exportador;
                                                                                            37
Restrições dos Portos em receber grandes embarcações, já que a profundidade dos
     Portos em geral é relativamente pequena.


Oportunidades
     Ampliação da malha ferroviária;
     Produção e escoamento de produtos de maior valor agregado.


Ameaças
     Precarização ainda maior das rodovias e lentidão na construção e recuperação de
     ferrovias;
     Aumento nos custos de transporte.




                                                                                 38
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Plano de Negócios do Pólo de Excelência do Café de Minas Gerais

  • 1. GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR SECTES PÓLO DE EXCELÊNCIA DO CAFÉ PLANO DE NEGÓCIOS LAVRAS – MG 2008
  • 2. SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ........................................................................................................... 4 PARTE I: CONCEPÇÃO DO PÓLO DE EXCELÊNCIA DO CAFÉ ................................. 5 1.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 5 1.2 MISSÃO .................................................................................................................... 5 1.3 VISÃO ....................................................................................................................... 5 1.4 VALORES .................................................................................................................. 6 1.5 OBJETIVOS ESTRATÉGICOS ........................................................................................ 6 1.5.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 6 1.5.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 6 1.6 A ARQUITETURA DO PÓLO DE EXCELÊNCIA DO CAFÉ: UMA PLATAFORMA DE NEGÓCIOS .. 7 1.7 BREVE DESCRIÇÃO DO SETOR E REGIÃO DE ABRANGÊNCIA DO PÓLO ............................ 9 PARTE II: ASPECTOS MERCADOLÓGICOS .............................................................. 10 2.1 CENÁRIO DO NEGÓCIO CAFÉ .................................................................................... 10 2.1.1 Cenário Internacional do Café ........................................................................ 10 2.1.2 Cenário Nacional do Café .............................................................................. 13 2.2 ANÁLISE DOS SEGMENTOS DA CADEIA DO AGRONEGÓCIO CAFÉ .................................. 16 2.2.1 Diagnóstico e Análise da Pesquisa e Extensão de Minas Gerais .................. 16 2.2.2 Diagnóstico e Análise do Perfil da Produção Agrícola ................................... 24 2.2.3 Diagnóstico e Análise do Perfil da Industrialização e Consumo do café ........ 28 2.2.4 Diagnóstico e Análise do Escoamento da Produção ..................................... 34 PARTE III: ASPECTOS OPERACIONAIS E ADMINISTRATIVOS ............................... 39 3.1 ASPECTOS OPERACIONAIS ....................................................................................... 39 3.2 ASPECTOS ADMINISTRATIVOS ................................................................................... 41 3.2.1 Forma jurídica ................................................................................................ 41 3.2.2 Estrutura Organizacional até a Transformação em Pessoa Jurídica.............. 42 3.2.3 Governança Corporativa ................................................................................ 48 PARTE IV: PROJETOS ESTRUTURANTES E SERVIÇOS DO PEC ........................... 50 4.1 PROJETO ESTRUTURANTE 1 – “NEGÓCIOS INOVADORES” ................................... 50 4.1.1 Objetivo geral ................................................................................................. 50 4.1.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 50 4.1.3 Efeito multiplicador e transbordamentos (“spillovers”).................................... 50 4.1.4 Descrição do projeto ...................................................................................... 50 4.2 PROJETO ESTRUTURANTE 2 – ALINHAMENTO ESTRATÉGICO ............................. 60 4.2.1 Objetivos Gerais ............................................................................................. 60 4.2.2 Objetivos Específicos ..................................................................................... 60 4.2.3 Efeito multiplicador e transbordamentos (“spillovers”).................................... 61 4.2.4 Descrição do projeto ...................................................................................... 61
  • 3. 4.3 PROJETO ESTRUTURANTE 3 – PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS ................................................................................................................. 69 4.3.1 Objetivo geral ................................................................................................. 69 4.3.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 69 4.3.3 Efeito multiplicador e transbordamentos (“spillovers”).................................... 69 4.3.4 Descrição do projeto ...................................................................................... 70 4.4 PROJETO DE SUPORTE: O SISTEMA INTEGRADO DE AVALIAÇÃO DE RESULTADOS (SIAR) .................................................................................................................................... 73 4.4.1 Desenvolvimento do Portal do PEC ............................................................... 75 4.5 PROJETO DE SUPORTE: PLANO DE MARKETING DO PEC ............................................ 76 4.5.1 Detalhamento das ações e do orçamento das mídias para o ano de 2008 .... 80 4.5.2 Detalhamento das ações e do orçamento das mídias para os anos 2009, 2010, 2011 e 2012 .................................................................................................. 81 4.5.3 Resumo do orçamento das ações de marketing do Pólo .............................. 83 4.6 CRONOGRAMA DE IMPLEMENTAÇÃO DOS PROJETOS ESTRUTURANTES DO PEC............. 83 PARTE V: ASPECTOS ECONÔMICO-FINANCEIROS ................................................. 84 5.1 ORÇAMENTO DE CUSTOS DO PÓLO DE EXCELÊNCIA DO CAFÉ ..................................... 84 5.1.1 Orçamento Operacional do PEC .................................................................... 84 5.1.2 Orçamento dos projetos ................................................................................. 86 5.1.3 Orçamento Consolidado do PEC ................................................................... 88 5.1.4 Estimativa de Receitas do Pólo de Excelência do Café ................................. 89 CONCLUSÕES .............................................................................................................. 90 3
  • 4. APRESENTAÇÃO O Pólo de Excelência do Café faz parte da Rede de Inovação Tecnológica, que é um dos três Projetos Estruturadores do Governo do Estado de Minas Gerais (que inclui os Pólos de Inovação e os Arranjos Produtivos Locais) executados pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Criado pela resolução conjunta da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em 2007, o Pólo de Excelência do Café está sediado nas instalações do Centro de Ensino, Pesquisa e Extensão do Agronegócio Café, localizado no campus da Universidade Federal de Lavras no sul de Minas Gerais. Para a construção deste Plano de Negócios, foram realizadas entrevistas e visitas a diversas instituições envolvidas com o agronegócio Café no Estado de Minas Gerais: Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), Universidade Federal de Lavras (UFLA), Escola Agrotécnica Federal de Machado, Centro de Informação e Mercado, Cocatrel, Conselho Nacional do Café, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-MG), Centro de Excelência do Café, Fundação Procafé, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Conselho das Associações de Cafeicultores do Cerrado (CACCER), BSCA (Brazilian Special Coffee Association) além dos atuais gestores do Pólo de Excelência do Café. As entrevistas foram realizadas com representantes-chave de cada uma destas instituições e ocorreram no período de dezembro de 2007 a maio de 2008. Além das diversas entrevistas com representantes-chave de diversas instituições, foram realizadas consultas à bibliografia especializada, análise de documentos e consulta a outras fontes consideradas relevantes para o desenvolvimento deste plano de negócios. Este Plano de Negócios está organizado em 6 partes. Na primeira parte, apresenta-se a concepção do Pólo de Excelência do Café, com a descrição de sua missão, visão, valores, objetivos, etc. Na segunda parte, apresentam-se os aspectos mercadológicos, incluindo uma análise e diagnóstico dos principais elos da cadeia produtiva do café. Na terceira parte, apresentam-se os aspectos operacionais e administrativos do Pólo de Excelência do Café. Na quarta parte apresentam-se os projetos propostos para o Pólo e o Plano de Marketing. Na quinta parte são apresentados os aspectos econômico-financeiros e, por fim, as conclusões. 4
  • 5. PARTE I: CONCEPÇÃO DO PÓLO DE EXCELÊNCIA DO CAFÉ 1.1 INTRODUÇÃO O Pólo de Excelência do Café, que será denominado com a sigla PEC no escopo desse Plano de Negócios, é uma entidade criada com a finalidade de tornar Minas Gerais referência no agronegócio café, aproveitando-se fundamentalmente, mas não exclusivamente, das competências localizadas na região onde está situado, no Sul do Estado. A concepção do Pólo de Excelência do Café, pode ser traduzida por meio da declaração de sua missão, visão, valores e objetivos. A lógica de cada uma destas declarações pode ser resumida da seguinte forma: a) Missão: está relacionada à razão pela qual a organização existe e o que ela fará. Em outras palavras, é aquilo que orienta objetivos e estratégias, devendo ser posta em termos claros, objetivos, e entendida por todos da organização; b) Visão: está relacionada à definição de onde a organização pretende chegar e serve como um incentivo para todos; c) Valores: são os princípios fundamentais que devem nortear todas as ações desenvolvidas, afetando atitudes e comportamentos. A partir do momento que uma organização explicita estas declarações, cria-se melhores condições de compartilhamento da concepção e dos rumos da atividade. A idéia básica é que estas declarações moldem comportamentos, orientem as decisões e ações de todos os indivíduos ligados à organização e criem uma identidade corporativa. Esta identidade corporativa servirá de guia para o desenvolvimento da estratégia da organização. No caso do Pólo de Excelência do Café, as definições de sua missão, visão e valores estão apresentadas a seguir, e servirão para orientar seus projetos e ações estratégicas. 1.2 MISSÃO Promover condições para o desenvolvimento competitivo sustentável do agronegócio café de Minas Gerais, por meio da integração de competências institucionais, capacitação de recursos humanos, estímulo à capacidade de inovação e geração de negócios de alto valor agregado. 1.3 VISÃO Consolidar Minas Gerais como referência nacional e internacional na geração de inovações e oportunidades de negócios de alto valor agregado, relacionados ao café. 5
  • 6. 1.4 VALORES Os valores do Pólo de Excelência do Café são expressos nos seguintes itens: a) Atuar de forma isenta e ética; b) Zelar pela harmonia e participação democrática das instituições gestoras na definição das ações do Pólo, privilegiando os princípios de governança corporativa; c) Agregar competências e instituições que contribuem para o desenvolvimento competitivo sustentável do Agronegócio do Café de Minas Gerais e sua inserção no mercado internacional; d) Buscar a auto-sustentação financeira, desenvolvendo formas de captação de recursos; e) Contribuir para os processos de agregação de conhecimento e valor para o Agronegócio do Café por meio da Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação; f) Gerar e difundir informações, contribuindo para a formulação de políticas públicas que desenvolvam as esferas econômica, social e ambiental e o respeito ao consumidor. 1.5 OBJETIVOS ESTRATÉGICOS 1.5.1 Objetivo Geral O objetivo geral é integrar as competências institucionais para induzir o processo de desenvolvimento competitivo sustentável do agronegócio café em Minas Gerais. 1.5.2 Objetivos Específicos a) Promover um ambiente adequado para a atração de investimentos e novos negócios com densidade de inteligência e conhecimento nos diversos elos da cadeia produtiva do café; b) Maximizar o potencial de inovação na cadeia produtiva do café por meio da articulação e integração de competências de universidades, instituições de pesquisa e setor produtivo dos diversos elos da cadeia do café; c) Dar suporte aos empreendedores-inovadores que pretendam criar empresas de base tecnológica, com produtos, processos ou serviços inovadores, facilitando seu acesso a laboratórios e serviços especializados; d) Reunir massa crítica de recursos humanos, tanto de pesquisadores, professores e estudantes, quanto de empreendedores, gestores públicos e empresários atuantes na cadeia produtiva do café; e) Promover a Rede de Inovação Tecnológica do Agronegócio Café com o intuito de realizar prospecção tecnológica e de novos nichos de mercado, estabelecendo relacionamentos de colaboração com instituições nacionais e internacionais; f) Desenvolver instrumentos de suporte ao estabelecimento de treinamento, capacitação e formação de recursos humanos demandados pelos diversos elos da cadeia produtiva do café; 6
  • 7. g) Estabelecer, em parceria, programas de desenvolvimento sustentável do agronegócio do café, com foco no desenvolvimento regional, especialmente a partir de clusters de empresas; h) Promover a melhoria da qualidade e competitividade na cadeia do café, estimulando ações de certificação de origem, processo e produto; i) Estimular a geração e disseminação de informações sobre a realidade do Agronegócio Café. 1.6 A ARQUITETURA DO PÓLO DE EXCELÊNCIA DO CAFÉ: UMA PLATAFORMA DE NEGÓCIOS A concepção do PEC pode ser compreendida através do conceito de plataforma de Negócios (SUGANO, 2005)1. Essencialmente, uma plataforma de negócios oferece um local ou um ambiente propício para o surgimento de inovações, sejam elas de natureza tecnológica ou de negócios. Isto ocorre, pois a plataforma de negócios promove intensas interações entre distintas competências oriundas de diferentes parceiros desta plataforma, interações estas que não seriam possíveis de ocorrer sem o estímulo proporcionado pela plataforma (Figura 1). Através do estímulo às interações, novas combinações de competência podem ocorrer, resultando no acréscimo na densidade de conhecimentos que poderão se materializar em inovações tecnológicas ou mesmo em novas oportunidades de negócios. Estas, por sua vez, podem alavancar todo o negócio do café, levando o agronegócio do café em Minas Gerais à sua excelência. Competência B Competência C Competência A Competência Plataforma de Negócios Negó N (Locus de integração) integraç ∑Competências (A+B+C+...+N) Inovação e Oportunidades de Negócios Inovaç Negó Excelência do Negócio Café Negó Café Figura 1: A arquitetura do Pólo de Excelência do Café 1 SUGANO, J. Y. The Structure of Web Plataform Strategy: Mapping Organizational Interrelationships through an Exploratory Analysis of the Internet-Based Companies. Osaka: Osaka University, 2005. 186p. (Ph.D. Thesis). 7
  • 8. Para que uma plataforma de negócios funcione, quatro premissas básicas devem ser atingidas. São elas: 1. Uma empresa desenvolve sua competência central (core competence), e então compartilha esta competência para os terceiros que irão utilizar-se deste produto ou serviço. No caso do Pólo de Excelência do Café, sua competência central será a de exercer o papel fundamental de articulador de diferentes interesses representados pelos atores do negócio do café, servindo como um elemento aglutinador neutro, cujo objetivo é a não concorrência com os demais participantes, mas sim o de potencializar ações que visem alavancar a cadeia e o negócio do café como um todo, em todos os setores. Atuando desta forma, a consolidação da competência do PEC se potencializará no poder de barganha que o conjunto refletirá perante terceiros isolados. Semelhantemente à formação de um cluster, este conjunto estará em uma posição competitiva privilegiada, porém com a vantagem de que não necessariamente os grupos precisem estar geograficamente próximos, pois virtualmente poderão atuar em prol de um interesse maior comum. 2. Uma interface estabelece meios de interação entre o provedor da plataforma e os atores complementares (ou firmas que fornecem produtos ou serviços complementares ao produto central). Para isto, o elemento chave é a criação de interfaces comuns entre os diferentes atores que possibilitem um diálogo de conciliação. Estas interfaces estão estruturadas em forma dos projetos estruturantes coordenadas pelo PEC ao longo do tempo. 3. Os atores utilizam-se da plataforma como uma fonte de adição de valores para seus próprios produtos ou serviços. Criado o ambiente de articulação, os diferentes atores podem então se utilizar da plataforma para agregar valor ao seu próprio produto, serviço ou processo. Esta é a etapa em que o PEC passa a ter um papel fundamental nos negócios de terceiros. O PEC deve ser capaz de criar condições propícias para que seus parceiros possam agregar valores aos seus negócios por estarem associados ao mesmo. Ou em outras palavras, o PEC e seus parceiros devem ser co-dependentes na criação de valores para aqueles que se utilizam da plataforma de negócios do Pólo. A co-dependência gera um círculo virtuoso entre o PEC e seus parceiros. Isto é, para os seus usuários, quanto mais ações conjuntas ao PEC tiverem, maiores vantagens terão; e quanto ao Pólo, uma procura maior pelos seus parceiros legitimará sua razão de ser, consolidando sua função de catalisador de parcerias. 4. E finalmente, os agentes complementares e o provedor da plataforma colaboram para, em conjunto, desenvolver a plataforma. Neste quarto estágio, o PEC e seus parceiros atuam em conjunto para que todo o sistema alcance êxito. Cabe destacar que para isto, o PEC deve promover as relações de complementariedade das competências existentes nas distintas instituições já estabelecidas no agronegócio do café no estado de Minas Gerais. Isto é, a função do PEC é monitorar para que os avanços dentro de um setor específico do negócio café possam ser repassados a outros setores que necessitem daquela informação ou expertise, atuando para que o conjunto funcione harmonicamente. O ponto chave para o entendimento da plataforma de negócios é o conceito de modularidade, ou a forma de organizar-se através de módulos de ações ou projetos 8
  • 9. estruturantes. Isto permite uma contínua inserção de novos módulos para dentro do PEC de forma independente, porém com grande sinergia entre si. 1.7 BREVE DESCRIÇÃO DO SETOR E REGIÃO DE ABRANGÊNCIA DO PÓLO O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café e é o segundo maior consumidor, o que significa que é um produto de grande relevância para a economia do país. A produção nacional de café para a safra 2007/2008 foi estimada em 45,54 milhões de sacas, de acordo com 2º levantamento da safra feito pela Conab (divulgado em 8/5/2008). Do total, a produção de café arábica deverá ser de 34,7 milhões de sacas, e a de café robusta (conillon) de 10,84 milhões de sacas. Neste contexto, Minas Gerais ocupa uma posição de destaque, sendo o maior produtor do país, responsável por quase 50% da produção nacional de café (CONAB, 2007)2. A cadeia produtiva do café de Minas Gerais conta com uma vasta rede de fornecedores de insumos, máquinas e equipamentos, instituições de ensino e pesquisa, produtores rurais, indústrias de torrefação, canais de comercialização, exportadores e prestadores de serviços diversos (financiamento, seguro, assistência técnica, etc.), os quais serão pormenorizadamente explanados na Parte II deste plano. Assim, o PEC tem como área de abrangência o Estado de Minas Gerais, mas suas ações estratégicas visam gerar desdobramentos de maior magnitude, com repercussão e impacto nacional e internacional. 2 Disponível em: http://www.conab.gov.br/conabweb/ 9
  • 10. PARTE II: ASPECTOS MERCADOLÓGICOS Esta seção objetiva apresentar um diagnóstico do agronegócio do café, tendo como a base a análise dos vários segmentos, ou elos da cadeia, que o compõe. Primeiramente estão apresentados os cenários internacional e nacional do agronegócio do café de forma geral. Posteriormente, analisam-se os principais segmentos da cadeia do agronegócio do café de Minas Gerais, sob a ótica da análise SWOT (ou Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças), os quais servirão como o fundamento para a formulação dos projetos estruturantes a serem executados pelo Pólo de Excelência do Café (PEC). 2.1 CENÁRIO DO NEGÓCIO CAFÉ 2.1.1 Cenário Internacional do Café A história do café brasileiro mostra que a participação do Brasil entre os produtores mundiais apresenta uma curva descendente. O Brasil, que detinha 50% da exportação mundial até a primeira metade do século XX, apresenta hoje uma participação relativa de 25% das exportações internacionais, a metade do market share antes conquistado. Enquanto as remessas mundiais de café quadruplicaram, as exportações nacionais cresceram apenas 20%. A causa principal desta diminuição da participação deve-se essencialmente ao desenvolvimento tecnológico de outros países na produção do café. Um panorama das exportações de café pode ser observado à partir dos dados abaixo3: 55% originam-se da América do Sul (a maior parte – 70% – proveniente do Brasil); 20 % da Ásia e Oceania (principalmente do Vietnã); 15% da África (distribuídos principalmente entre Costa do Marfim, Guiné Equatorial e Uganda); 10% da América do Norte e Central (majoritariamente México, Guatemala e Honduras). Na figura 2, apresenta-se a evolução das exportações de café dos principais países no período de 2000 a 2006. Nota-se que apesar da relativa queda na proporção das exportações brasileiras de café em nível mundial, o país ainda continua sendo o maior exportador de café perante os seus principais concorrentes. 3 Produto globalizado Produtividade, qualidade e organização, Agroanalysis, Edição N° 11 - Volume 26. 10
  • 11. Fonte: CIC (2008) Figura 2: Evolução das exportações de café dos principais países no período de 2000 a 2006. A seguir, na figura 3, apresenta-se os principais países importadores de café no período de 2000 a 2006. Conforme é possível observar, os Estados Unidos e a Alemanha são os dois maiores importadores mundiais de café. 11
  • 12. Fonte: CIC (2008) Figura 3: Volume de café importado pelos principais países – 2000 a 2006. Na figura 4, apresenta-se o volume de café exportado pelo Brasil, segundo o tipo de café (verde arábica, verde robusta, verde total, torrado e solúvel). 12
  • 13. Fonte: CIC (2008) Figura 4: Volume de exportações brasileiras por tipo de café – 2000-2006. Conforme pode-se observar, o maior volume de exportações do Brasil é representado pelo café verde, especialmente o café verde arábica. O café torrado e o solúvel ainda representam um volume muito pequeno em relação ao total das exportações brasileiras de café. Isto significa que, no setor de café, o Brasil é um exportador de produtos de baixo valor agregado (café verde). O aumento nas exportações de café solúvel e café torrado, especialmente os blends, poderia representar um aumento no valor das exportações brasileiras, a geração de mais empregos e até mesmo uma melhor remuneração aos diversos elos da cadeia produtiva do café. 4 2.1.2 Cenário Nacional do Café As perspectivas para o crescimento do agronegócio café no Brasil são animadoras. A safra 2008/2009 do Brasil está estimada em 45,54 milhões de sacas, de acordo com 2º levantamento da safra feito pela Conab (divulgado em 8/5/2008). Do total, a produção de café arábica deverá ser de 34,7 milhões de sacas, e a de café robusta (conillon) de 10,84 milhões de sacas. No Brasil, o café é produzido em 11 Estados e em 1.850 municípios. São 2,3 milhões de hectares plantados, e a produtividade média é de 21,63 sacas por hectare. Os principais Estados produtores e previsão de safra 2008/2009 (base Conab) podem ser observados na Tabela 1: 4 Fonte: Revista da Cafeicultura, 2008 13
  • 14. Tabela 1: Estimativa de produção safra 2008/2009 Estado Produção estimada safra 2008/2009 (em milhões de sacas) Minas Gerais 22,9 Espírito Santo 10,52 São Paulo 4,72 Paraná 2,36 Bahia 2,26 Fonte: Revista da Cafeicultura, 2008 O setor de processamento é integrado por 1.222 torrefadoras, a grande maioria de pequeno porte, que respondem por mais de 2 mil marcas. O mercado é concentrado, com as 100 maiores empresas respondendo por 62,72%, mas as perspectivas são de uma concentração ainda maior nos próximos anos, na busca de economias de escala. Estima-se que as torrefadoras, principalmente as de maior porte, invistam cerca de R$ 80 milhões por ano em infra-estrutura, maquinário e em instalações fabris, e algo em torno de R$ 50 milhões a R$ 60 milhões por ano em marketing e publicidade. Esses valores deverão ser mantidos nos próximos cinco anos. O consumo interno de café do Brasil é um dos que mais crescem no mundo. Enquanto o mercado consumidor mundial, conforme dados da Organização Internacional do Café (OIC), cresce em média 1,5% ao ano, o mercado brasileiro evoluiu 24,8% desde 2003, passando de 13,7 milhões de sacas para as atuais 17,1 milhões (2007). O consumo per capita em 2007 foi de 5,53 kg de café em grão cru ou 4,42 kg de café torrado, com quase 74 litros para cada brasileiro por ano, registrando uma evolução de 3,5% em relação ao período anterior (contra 4,5% na última apuração). O consumo no Brasil (5,53 kg/hab/ano) está em níveis muito semelhantes ao consumo de países desenvolvidos como a Alemanha (5,86 kg/hab/ano), a França (5,07 kg/hab/ano) e a Itália (5,63 kg/hab/ano). A previsão para 2008 é o Brasil passar para um consumo de 18,1 milhões de sacas, com vendas de R$ 6,8 bilhões (em 2007, a receita foi de R$ 6,4 bilhões). A meta brasileira é chegar a 2010 com um consumo interno de 21 milhões de sacas (passando o Brasil a ser o maior consumidor mundial). Pesquisa realizada pela TNS/InterScience mostra que 91% da população brasileira acima dos 15 anos toma café e que, depois da água, é a bebida de maior preferência nacional. O café coado/filtrado é consumido por 93% da população. Mas vem crescendo substancialmente o consumo de café expresso, de café instantâneo, cappuccinos, descafeinado e orgânicos. Entre os principais locais de consumo fora do lar destacam-se: panificadoras e cafeterias, bares, hotéis, lanchonetes e restaurantes. Além disso, o segmento de cafeterias está tendo grande evolução e tem potencial de crescimento de 20% ao ano. Estima-se que em 2007 existiam 2.500 estabelecimentos desta natureza. A previsão é que em 2008 o número de lojas atinja 3.000 em todo o País. Este segmento é considerado fundamental para a promoção dos cafés de maior qualidade, como os Superiores e Gourmets. A ABIC – Associação Brasileira da Indústria de Café atribui o crescimento do consumo a um conjunto de fatores que se repete há anos, de forma consistente e duradoura. Entre estes fatores estão: 14
  • 15. Melhoria contínua da qualidade do café oferecido aos consumidores, com base no Selo de Pureza e no PQC – Programa de Qualidade do Café, lançado pela ABIC em final de 2004 e que, atualmente, já certifica mais de 250 marcas em todo o Brasil. Em 2008, o PQC se complementa com o Programa Cafés Sustentáveis do Brasil, que oferece uma garantia de certificação completa desde a lavoura até a xícara, para cafés produzidos de forma sustentável. Consolidação do mercado de cafés tipo Gourmet ou Especiais, e crescimento do consumo fora do lar, o que desperta cada vez mais atenção, interesse e curiosidade para o produto junto aos consumidores. Melhoria significativa da percepção do café quanto aos aspectos dos benefícios do café para a saúde, como resultado dos grandes investimentos no Programa Café e Saúde. Melhoria das condições econômicas no Brasil, com aumento do consumo e do poder de compra da população, expansão da massa salarial, empregabilidade e crescimento do contingente de consumidores que migraram das classes D e E para a classe C. Os investimentos em promoção e marketing continuam sendo fundamentais para assegurar o consumo de café. Em 2007, as empresas de café ampliaram o seu investimento em marketing e publicidade. As grandes empresas fizeram extensas campanhas em diversas mídias, com investimentos superiores a R$ 50 milhões. A ABIC investiu R$ 630 mil de seu Fundo de Marketing, com ações institucionais complementares. Também merece destaque o Programa Integrado de Marketing - PIM 2007, do MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, coordenado pelo DCAF – Departamento do Café, da SPAE – Secretaria de Produção e Agroenergia, e conta com recursos do FUNCAFE. Em 2007, investiu somente R$ 2,2 milhões no mercado interno, em função da redução da verba publicitária oficial, mas aplicou R$ 5 milhões para promoção do café no exterior, com participações importantes em feiras, degustações e eventos no Japão, na Coréia, EUA, Alemanha, Romênia, Chile e outros países, além da produção de diversos materiais promocionais e informativos sobre os Cafés do Brasil. 15
  • 16. 2.2 ANÁLISE DOS SEGMENTOS DA CADEIA DO AGRONEGÓCIO CAFÉ 2.2.1 Diagnóstico e Análise da Pesquisa e Extensão de Minas Gerais O potencial de geração de conhecimento para o negócio café em Minas Gerais é imenso e também desafiador, por contar com distintas instituições fortes e tradicionais (tanto de pesquisa, como de extensão e comercialização) como também por possuírem diferenças regionais no que tange aos aspectos sociais, econômicos e tecnológicos. Optou-se, portanto, por agregar as principais instituições de pesquisa e eventos regionalmente. Através deste agrupamento regional torna-se possível evidenciar as ações já desenvolvidas pelos órgãos ali instalados e verificar as carências, caso porventura houver, que poderiam se tornar em ações concretas de atuação do Pólo para o desenvolvimento da cafeicultura mineira. A - Região Sul de Minas A região Sul de Minas possui uma infra-estrutura para o desenvolvimento do negócio café, em termos de instituições de pesquisa e órgãos relacionados à difusão tecnológica cafeeira, conforme se verifica abaixo. Instituições: São as instituições de pesquisa e difusão tecnológica da Região Sul de Minas: Universidade Federal de Lavras (UFLA) Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), com fazendas experimentais em Lavras, Machado, São Sebastião do Paraíso e Três Pontas Escola Agrotécnica Federal de Machado Escola Agrotécnica de Muzambinho Fundação Procafé Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater- MG) Posto Agropecuário de Guaxupé (COOXUPÉ) ASCAFÉ – Asssociação das Entidades de Café de Minas Gerais Eventos: Os principais eventos de difusão tecnológica do café do Sul de Minas são: CONCURSO DE QUALIDADE DOS CAFÉS DE MINAS GERAIS A SEAPA, através da Emater-MG e a Universidade Federal de Lavras, instituíram o Concurso Mineiro de Qualidade de Café em 2004, com o objetivo de promover e valorizar os cafés de Minas Gerais, possibilitando a participação de pequenos cafeicultores. Este evento tem periodicidade anual e acontece na cidade de Lavras. 16
  • 17. EXPOCAFÉ A EXPOCAFÉ é a maior feira de tecnologia agrícola voltada para o agronegócio café, idealizada e criada a partir de projetos financiados pelo CNPq/BIOEX-Café. Esta feira surgiu como uma oportunidade para que produtores busquem novas tecnologias e conhecimentos fundamentais à sustentabilidade do agronegócio, onde a produtividade das lavouras, a melhoria da qualidade do produto e a redução dos custos de produção, aliadas à preservação dos recursos naturais são muito importantes. A Expocafé tem periodicidade anual e acontece na cidade de Três Pontas, todo mês de junho. CIRCUITO SUL-MINEIRO DE CAFEICULTURA O Circuito Sul-Mineiro de Cafeicultura é realizado pela UFLA, EMATER-MG, EPAMIG e Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e tem o objetivo de sistematizar e organizar os encontros na área da cafeicultura na região, integrando as instituições públicas, privadas e os cafeicultores na busca do objetivo comum: melhorar a qualidade do café, aumentar a produtividade, diminuir os custos de produção e, por conseqüência, melhorar a renda dos cafeicultores. Este evento acontece em cidades-pólo da região Sul de Minas Gerais entre os meses de março a novembro. ENCONTRO SUL-MINEIRO DE CAFEICULTURA Promovido pela Universidade Federal de Lavras e pela Emater/MG, o Encontro Sul- Mineiro de Cafeicultura é um dos maiores encontros técnicos da cafeicultura nacional e contribui significativamente para avanços técnicos e políticos do setor, através da reunião de autoridades competentes e cafeicultores na busca de objetivos comuns para o desenvolvimento da cafeicultura: melhoria da qualidade e da produtividade do café, minimização dos custos de produção e melhoria das rendas dos cafeicultores. Este evento tem freqüência anual e acontece na cidade de Lavras em setembro. SIMPÓSIO SUL-MINEIRO DE PESQUISA É promovido pela EMATER, EPAMIG e UFLA, tem freqüência anual e acontece em setembro na cidade de Lavras. CURSO DE ATUALIZAÇÃO TECNOLÓGICA Organizado pela Epamig e Ascafé, com participação da UFLA, Emater, Fundação Procafé, realizado a cada 2 anos. B - Região da Zona da Mata A região da Zona da Mata é a segunda maior região produtora de café do Estado de Minas. Possui uma infra-estrutura para o desenvolvimento do negócio café conforme se verifica a seguir. Instituições: Universidade Federal de Viçosa (UFV) EPAMIG Emater - MG 17
  • 18. Eventos: Os principais eventos de difusão tecnológicas na Zona da Mata são: EVENTO SOBRE CAFÉ ORGÂNICO E AGROECOLÓGICO A Epamig, em parceria com o Centro de Tecnologia Alternativa da Zona da Mata (CTA- ZM) e Associação de Pequenos Agricultores de Espera Feliz e Araponga, realizam, dias de campo sobre os avanços e desafios dos sistemas de produção agroecológico e orgânico. O objetivo é apresentar os resultados de pesquisas desenvolvidas pela equipe multidisciplinar da Epamig e Universidade Federal de Viçosa, em conjunto com agricultores familiares de municípios produtores de café nestes sistemas, na Zona da Mata mineira. SIMPÓSIO SOBRE CAFÉ DAS MONTANHAS DE MANHUAÇÚ É considerado hoje o 3º evento em importância no setor cafeeiro mineiro. O evento tem freqüência anual e acontece na cidade de Manhuaçú. C - Região do Cerrado Responsável pela terceira maior região produtora de café, a região do Cerrado, especialmente o Alto Paranaíba, possui uma infra-estrutura avançada para o desenvolvimento do negócio café, conforme pode-se verificar. Instituições Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Universidade de Uberaba (UNIUBE) Fundação de Desenvolvimento do Café do Cerrado (FUNDACCER) EPAMIG Emater-MG Eventos Os eventos de difusão tecnológica da região do cerrado são: SEMINÁRIO DO CAFÉ DO CERRADO Realizado pela Associação dos Cafeicultores da Região de Patrocínio (Acarpa), com o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) entre outras empresas e instituições, o evento busca o aperfeiçoamento do setor por meio de palestras, debates e apresentações de novas tecnologias em produtos, equipamentos e serviços. O evento tem periodicidade anual e acontece na cidade de Patrocínio. 18
  • 19. FENICAFÉ A Fenicafé congrega a realização simultânea de três dos mais importantes eventos da cafeicultura irrigada do país: o Encontro Nacional de Irrigação da Cafeicultura no Cerrado, a Feira de Irrigação em Café do Brasil, e o Simpósio Brasileiro de Pesquisa em Cafeicultura Irrigada, que tem a coordenação do Núcleo de Cafeicultura Irrigada do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D/Café) e da Associação dos Cafeicultores de Araguari (ACA). A união dos eventos permite grande diversidade de público e temas envolvendo os avanços e desafios da cafeicultura irrigada. É a oportunidade para os cafeicultores e técnicos tomarem conhecimento dos resultados das pesquisas e também apontar demandas para novos estudos. Por possibilitar um melhor aproveitamento de terras aparentemente inaproveitáveis para a agricultura e reduzir os riscos de quebra de safra, a irrigação é a tecnologia que tem despertado maior interesse para investimentos. O evento tem periodicidade anual e acontece na cidade de Araguari. CURSO DE QUALIFICAÇÃO PARA JUÍZES DE CAFÉS ESPECIAIS NO BRASIL Este Curso de Qualificação constitui-se, em grande parte, de avaliações das aptidões dos profissionais, compreendendo provas de sensibilidade olfativa e gustativa, além de várias disciplinas técnicas. Possui o apoio da SCAA e da FUNDACCER – Fundação de Desenvolvimento do Café do Cerrado para sua realização. O curso acontece na cidade de Patrocínio. OUTROS EVENTOS SEM PERIODICIDADE DEFINIDA Seminário Internacional - qualidade e certificação do café (promovido pela FAEMG, SEBRAE-MG e SENAR), Café irrigado – qualidade e sustentabilidade (promovido pela universidade Illy do Café, com apoio do Centro de Inteligência do Café/ Centro de Excelência do Café do Cerrado, FUNDACCER, Universidade de Uberaba - UNIUBE e EPAMIG) e Encontro com cooperativas do sistema Café do Cerrado (promovido pelo CACCER com apoio do SEBRAE-MG, discute inovações e parcerias) DIFICULDADES DO SETOR DE PESQUISA Segundo alguns autores5, o setor de pesquisa na cafeicultura vem enfrentando, nos últimos tempos, uma falta de objetividade e racionalidade na condução de pesquisas que visem, de fato, trazer soluções de melhoria para o setor. Podem ser apontados como tais problemas os seguintes aspectos: Pesquisas repetidas sem finalidade prática, realizadas em regiões não representativas, muito estadualizadas ao invés de atenderem às regiões semelhantes, independentemente dos Estados; e Concentração de pesquisas basicamente nas universidades a fim de atender às demandas de pós-graduação, portanto com estudos parciais, já que se exigem prazos curtos para o encerramento dos mesmos. 5 Matiello J. B. É preciso prioridade e objetividade na pesquisa cafeeira. Coffea, v.04, n.12, p.38-41, 2007. 19
  • 20. Quanto ao primeiro aspecto, cabe destacar a falta de sintonia entre os pesquisadores nas suas diversas instituições de pesquisa, que levam a dispêndios de recursos que poderiam ser maximizados através de um trabalho conjunto. Quanto ao segundo ponto, é importante salientar, nas palavras de Silvio Crestana, presidente da Embrapa, que "a capacidade do poder público de investir em pesquisa já está no seu limite... os caminhos agora são a liberação de recursos dos fundos setoriais e a atração de recursos privados", ressaltando que enquanto no Brasil 70% dos recursos aplicados em pesquisa vêm do poder público, em países desenvolvidos, como Estados Unidos, apenas 30% são verbas públicas6. Visando assim, atingir a melhoria nos processos de pesquisa em cafeicultura em nível nacional, o Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D/Café), através do Programa Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (PNP&D), vem financiando a pesquisa da cafeicultura com recursos provenientes do Funcafé, conforme se verifica na tabela abaixo. Ressalta-se que, além destes recursos, as entidades consorciadas contribuíram para o Programa de Pesquisa do Café, recursos na ordem de R$540 milhões entre os anos de 1998 a 2003 (Clécia, 2004) 7. Tabela 1: Recursos financeiros destinados ao PNP&D Café (em milhares de R$) Ano Custeio Investimento Total 1998 7.200 4.800 12.000 1999 8.600 3.400 12.000 2000 6.730 5.270 12.000 2001 12.000 2.000 14.000 2002 4.900 200 5.100 2003 4.150 450 4.600 Total 43.580 16.120 59.700 Fonte: Embrapa Café, Relatório de Gestão Do montante total de R$ 59,700 milhões, 73% (R$43,580 milhões) foram empregados no custeio da pesquisa e ações de transferência de tecnologia, 23% (R$13,700 milhões) em equipamentos de pesquisa, e 4% (R$2,420 milhões) foram investidos em benfeitorias. Provenientes do Funcafé, estes recursos são repassados à Embrapa Café, instituição coordenadora do consórcio, que por sua vez, os repassa às instituições consorciadas que se habilitam para os recursos através do envio de projetos de pesquisas, baseados nos 12 Núcleos Disciplinares de Referência. Verifica-se, deste modo, que os recursos originados pelo CNP&D/Café são redirecionados aos consorciados através dos editais por livre concorrência entre as instituições. Este modelo de gestão, no entanto, esbarra-se no fundamento de que uma vez disponibilizados os recursos, as instituições competem entre si por estes, ocasionando uma segregação, ao invés de promover uma integração de pesquisadores e instituições ligados à pesquisa cafeeira em torno de uma demanda. Some-se a isto a tendência de decréscimo no 6 Cafeicultura, Embrapa busca parcerias para seguir líder em pesquisas, http://www.cafe.agr.br/index.php?tipo=ler&mat=8294 <acessado em 21/02/2008>. 7 <http://www22.sede.embrapa.br/cafe/outros/arq_Relat_Gestao/Gest%E3o_Pesquisa.pdf> acessado em 19/02/08. 20
  • 21. montante alocado à pesquisa (Tabela 1) e fica evidenciado que esta competição torna-se ainda mais acirrada. Nota-se, portanto, que uma abordagem diferente à adotada no Consórcio faz-se necessária para buscar a integração dos distintos órgãos de pesquisa e seus pesquisadores. Este modelo poderia ser originado a partir da definição de linhas mestras de pesquisas geradas através da prospecção da demanda, e então, através da atuação do Pólo, constituir parcerias entre as instituições que atendam àquela demanda. As instituições parceiras ficariam responsáveis pela formulação de projetos, os quais são as bases para a captação de recursos por meio dos órgãos de fomento. Através deste modelo, percebe-se que há um incentivo para a atuação conjunta das instituições através de projetos comuns, uma vez que a formação de parcerias originou-se através de uma demanda inicial. A integração entre as instituições/pesquisadores também é potencializada pelo fato de que os recursos seriam captados de forma conjunta, após a identificação dos problemas e a formulação dos projetos, não ocasionando a disputa por recursos oriundos de uma só fonte financiadora. Uma idéia geral das principais demandas tecnológicas apontadas por Matiello (2007) podem ser observadas no ANEXO 1. PROSPECÇÃO DE DEMANDAS: DIFICULDADES DO SETOR DE PESQUISA-EXTENSÃO A prospecção de demandas, anteriormente levantadas, torna-se possível quando as informações entre a pesquisa e a extensão, e vice-versa, tem o seu fluxo contínuo e integrado. Este fluxo de informações pesquisa-extensão também pode ser considerado um dos gargalos tanto nos setores pesquisa-produção, quanto no setor pesquisa-indústria. Dificuldades no setor pesquisa-produção De acordo com Matiello (2007), a difusão dos resultados da pesquisa para o setor produtivo enfrenta dificuldades pelo fato de que as informações são muitas vezes peças soltas, consistindo de boletins com informações conflitantes, sem uma recomendação baseada no consenso entre os técnicos. Isto estaria gerando insegurança para os cafeicultores. Também é importante salientar a falta de oportunidades de integração entre os membros dos setores da pesquisa e da extensão rural, o que torna frágil o intercâmbio das demandas de ambas as partes, resultando em ações isoladas. Dificuldades no setor pesquisa-indústria No setor pesquisa-indústria, os gargalos encontrados estão no amadorismo com que algumas empresas torrefadoras são geridas. Esta constatação também é corroborada pelas pesquisas conduzidas em 2003 pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), em parceria com a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa Agropecuária (Fundepag) e o Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café8, que constatou que a grande maioria das firmas é de pequeno porte, tem atuação regional e gestão familiar, e possui baixa motivação para qualificação gerencial e tecnológica por apresentar alta rotatividade de entrada e saída da 8 Indústria de torrefação e dificuldade de modernização, Informativo Coffee Break, Ano V - Nº 990 - 18/06/2003. http://www.coffeebreak.com.br/assinantes/edic-not.asp?ID=990&NT=11&IN=12394 <acessado em 19/02/2008> 21
  • 22. atividade (a Abic estima uma ociosidade da indústria de 65%) e estarem constantemente sobre pressão das forças de concentração de mercado. Há evidências também de que o processo de consolidação e modernização da indústria cafeeira tem avançado nos últimos anos, porém esta constatação é predominantemente encontrada nas torrefadoras de médio/grande porte, que detém equipamentos de última geração, contrastando com a maioria que possui um parque tecnológico de gerações anteriores. É importante salientar também que nos casos de P&D nas grandes empresas, estas são conduzidas in house, e os resultados destas pesquisas são mantidos como segredo industrial, mesmo porque geram vantagens competitivas para as que o detém. Para todo o setor industrial, entretanto, esta postura proprietária da tecnologia mantém o setor desatualizado e com pouca força competitiva frente aos seus pares internacionais. Outro ponto importante é a ausência de uma estrutura industrial para o processo de fabricação de blends do café para a torrefação e exportação. O paradigma de “importar para exportar”, aliado às questões legais parecem estar sendo os entraves para sua efetivação. Um estudo mais aprofundado nestes temas se torna crucial. Portanto, pode-se concluir que ainda há grandes espaços para a atuação dos setores pesquisa-indústria, tanto no que se refere à modernização gerencial das empresas quanto no desenvolvimento de tecnologias de processamento e industrialização. Questões do funcionamento do mercado também são temas urgentes de pesquisa neste elo do negócio café. A seguir, estão sumarizados os pontos até aqui levantados através da análise SWOT do setor de Pesquisa/Extensão. ANÁLISE SWOT DA PESQUISA E EXTENSÃO Pontos Fortes Presença de Centros de Pesquisas/Universidades localizadas em Minas com forte tradição e projeção nacional e internacional; Recursos humanos de alta competência no setor; Laboratórios específicos e modernos para a condução de pesquisas e ensaios nas áreas da produção (agronomia), industrialização (engenharia de alimentos) e negócios (laboratório de mercados futuros); Presença de forte órgãos de fomento do setor cafeeiro estadual e federal; Presença de campos experimentais já consolidados com foco ao desenvolvimento da cultura; Frequência de eventos e calendário consolidados de transferência de conhecimento. 22
  • 23. Pontos Fracos Desarticulação entre a demanda real no campo com as pesquisas realizadas de viés acadêmico; Desarticulação entre as pesquisas realizadas com fraca sinergia e interação entre os pesquisadores; Competição por recursos de pesquisa por parte dos pesquisadores; Ausência de uma articulação integrada com agenda de pesquisas comuns; Competição entre órgãos de transferência tecnológica e extensão; Sombreamento nas funções de pesquisa/extensão por parte das instituições, levando á duplicidade de gastos de recursos; Pouca pesquisa nos setores de industrialização e comercialização do café; Baixo enfoque de pesquisas na área de mercado/comercialização; Oportunidades Aumento dos aportes direcionados à pesquisa, especificamente nas áreas da biotecnologia, entre eles o setor cafeeiro; Criação de Parques Tecnológicos com potenciais para a geração de pesquisas e negócios integrados dos setores acadêmicos-empresariais, com ênfase no café; Interesse dos setores empresariais do setor cafeeiro na aproximação com a pesquisa através de parcerias comerciais; Possibilidade de construção de uma agenda comum de eventos e disseminação de tecnologia cafeeira; Interesse governamental no fomento à pesquisa na cafeicultura mineira como fonte de agregação de valor ao produto. Ameaças Presença de uma inércia de desagregação entre os pesquisadores e instituições de pesquisa; Ausência de um forte elemento aglutinador de coordenação de uma agenda comum de pesquisa/desenvolvimento; Fraca interatividade entre os institutos/órgãos de pesquisa a nível nacional; Fraca infra-estrutura de pesquisa industrial em Minas Gerais, pautado na fraca presença de empresas no território mineiro. 23
  • 24. 2.2.2 Diagnóstico e Análise do Perfil da Produção Agrícola A produção de café no Brasil é altamente concentrada no estado de Minas Gerais, que é responsável por 44,8% da produção brasileira. A produção estimada do estado para a safra 2007/2008 é de 14,4 milhões de sacas de café beneficiado (Conab, 2007). A distribuição da produção de café dentro do estado de Minas Gerais também é heterogênea, com concentração no Sul de Minas (aproximadamente 50%), Zona da Mata (aprox. 20,0%) e Cerrado (aprox. 20,0%) e Alto Jequitinhonha (Região de Capelinha). O ANEXO 2 apresenta a média de produção dos anos 2005 e 2006 para as 3 principais macrorregiões produtoras do Estado de Minas Gerais. A produção de café em Minas Gerais é feita em 80.000 propriedades rurais de 682 municípios, gerando 1.600.000 empregos diretos e indiretos (SILVA, 2007). Os níveis de profissionalização da atividade, organização dos produtores, porte e uso de tecnologia também variam muito, o que ressalta a complexidade da cadeia produtiva. O nível de tecnificação ainda é baixo e precisa ser incrementado com urgência. O relevo altamente acidentado do estado dificulta a colheita mecânica, mas a progressão nos últimos anos tem sido expressiva. Estima-se que a colheita mecanizada reduza o custo de produção na ordem de R$10,00 a R$40,00 a saca, dependendo da produtividade da lavoura e se a máquina é própria ou alugada. No entanto, no máximo 30,0% da lavoura de café mineira pode ser mecanizada com a tecnologia atual, por questões topográficas (dados de GARCIA e MATIELLO, 2007). Os tipos de operação de colheita podem ser classificados em (SILVA, 2007): Manual: sistema tradicional, onde as operações de colheita são feitas por trabalho braçal, demandando grande mão-de-obra. Semi-mecanizado: associação do trabalho braçal com máquinas para execução da colheita. Esse sistema varia muito, podendo ter desde uma até quase todas operações com o auxílio de máquinas (apropriado para pequenos e médios produtores). Mecanizado: utilizam-se colhedoras que realizam simultaneamente as operações de derriça, recolhimento, abanação e ensaque ou armazenamento a granel do café colhido. Está limitado às propriedades com topografia favorável e necessita de operação manual de repasse. Super-mecanizado: sistema que surgiu em 2000, e que dispensa quase que totalmente a mão-de-obra. Os investimentos são altos. A colheita semi-mecanizada reduz em até 25,0% os custos de produção em relação à colheita tradicional, e apresenta-se como uma alternativa viável para a maioria das propriedades de café, com baixo investimento inicial (SILVA, 2007). Deve-se destacar que o Sul de Minas e a Zona da Mata são as regiões que dependem mais de mão-de-obra, por causa da topografia. No Cerrado, a mecanização é muito intensa. As inovações tecnológicas no cultivo de café compreendem também inovações no plantio, cultivo e tratamento fitossanitário, poda e condução da lavoura, colheita seletiva, descascamento de grãos verdes, entre outras, muitas delas ainda por serem implementadas por grande parte dos produtores. Com relação à qualidade, diversas ações têm sido conduzidas para redução do número de defeitos e certificação de propriedades, como a BSCA (Brazilian Specialty Coffee Association), CACCER (Conselho das Associações dos Cafeicultores do Cerrado) e ABIC 24
  • 25. (Associação Brasileira Indústria do Café). Destaca-se a iniciativa da Secretaria de Estado da Agricultura de Minas Gerias, por meio do IMA (Instituto Mineiro de Agropecuária), e em parceria com a Emater (Programa CertificaMinas), na certificação de processo de pequenos produtores. Muitas associações também têm sido certificadas. Os Concursos de Qualidade do Café também constituem iniciativa importante. No entanto, a indústria e as cooperativas ainda compram em grandes quantidades cafés de baixa qualidade, que ao serem incorporados no processo de torrefação reduzem sobremaneira a qualidade do café. Além disso, o diferencial de preço e a diversidade de critérios de qualidade utilizados, somando-se à atuação de corretores, dificulta a compreensão dos produtores e, em última instância, os desestimulam a investir na melhoria da qualidade do café. A contrapartida em termos de preço remunerador não têm sido garantida. Um passo importante é a padronização dos critérios. Outro gargalo importante se refere à capacitação e aos custos de mão-de-obra. Estimativa do CNA/CIM aponta que a participação do item mão-de-obra (manutenção da lavoura) no custo operacional total pode chegar a mais de 26,0 %, enquanto que a colheita e beneficiamento (item em que a mão-de-obra tem um peso significativo) pode chegar a 35,5 % do custo operacional total. Cerca de 54,0% de todos os custos de mão-de obra, em casos extremos, é oriunda somente da colheita (SILVA, 2007). Somente a colheita do café emprega 310.000 trabalhadores no estado. Além disso, na colheita, que dura de três a cinco meses, geralmente são trazidos trabalhadores de outros estados, especialmente da Bahia. A influência da mão-de-obra na qualidade é muito grande, pois o descuido na colheita pode danificar o grão. O Ministério do Trabalho tem intensificado as ações de fiscalização relacionadas às condições de trabalho, uso de equipamentos de proteção individual (EPI`s) e legislação trabalhista. O cenário para a colheita de base manual não é muito positivo nesse sentido. A relevância do item de mão-de-obra se destaca se levarmos em conta levantamento recente, que indica que em 2007 ocorreu a pior relação entre preço do café e salário mínimo dos últimos 5 anos (2,16 sacas para pagar o salário mínimo, segundo dados do CIM-UFLA). Além disso, a mão-de-obra não é qualificada, o que leva a grandes problemas de produtividade no que se refere ao adequado processo de colheita dos grãos. Levantamento recente efetuado pelo CIM-UFLA aponta que a participação total da mão- de-obra no custo do café varia muito. Em Altinópolis (SP), o percentual é de 35,0%. Em Ribeirão do Pinhal (PR), de 37,6%, e em Jaguaré (ES), 51,1%. Já em Minas, enquanto a região de Patrocínio, altamente mecanizada, tem custo de mão-de-bra correspondendo a apenas 16,6%, temos a região de Manhumirim com 50,4%, a de Três Pontas (Sul de Minas) com 39,9% e a de Santa Rita do Sapucaí, também Sul de Minas, com 40,1%. A produtividade física das lavouras varia muito, mas é da ordem de 12,2 sacas por hectare em média, variando de 10 a 40 segundo GARCIA e MATIELLO (2007), e pode ser aumentada significativamente com estratégias de adensamento (que, por seu lado, dificulta a mecanização) e uso adequado dos insumos. Grande parte dos produtores não faz análise do solo, e utiliza os adubos/fertilizantes de forma inadequada. O custo de fertilizantes pode chegar a 40,0% do custo operacional total. A produtividade econômica também pode ser aumentada drasticamente, como demonstrado pelos resultados do programa Sigeor do Sebrae, que tem objetivos ousados de aumento na renda do produtor rural. O SIGEOR - Sistema de Informação da Gestão Estratégica Orientada para Resultados é um sistema de apoio à tomada de decisão utilizada na metodologia de estruturação de projetos chamada GEOR - Gestão Estratégica Orientada para Resultados. O SIGEOR foi concebido visando agilizar e apoiar às decisões estratégicas de cada projeto através do gerenciamento e monitoramento dos mesmos pelas instituições parceiras. Permite que os beneficiários de cada projeto, e a sociedade em geral, possam 25
  • 26. acompanhar as ações em desenvolvimento e os resultados alcançados, o que contribui para a qualidade dos projetos desenvolvidos. A gestão de custos demanda a aplicação de critérios específicos, muitas vezes desconhecidos pelos produtores. Além disso, a ausência de um sistema de informações eficiente prejudica as decisões e afeta a lucratividade da atividade. A criação de um sistema de custeios adequado e de fácil assimilação e gestão por parte dos produtores ainda é um desafio a ser superado. Em Minas Gerais existem diversas Cooperativas que atuam na cadeia produtiva do café, embora com intensidade muito variável, dependendo da região de abrangência. A relação das sedes das cooperativas por macro e microrregião está relacionada no Quadro 1. No que se refere à vinculação com as cooperativas, verifica-se que as cooperativas são concorrentes entre si, e que ocorre uma destruição do espírito de cooperativismo, já que um mesmo produtor tem se associado a várias cooperativas. A vinculação produtor-cooperativa deve ser intensificada, para favorecer a troca de informações, a extensão e a definição de ações conjuntas. No Cerrado, predomina o CACCER, que é uma associação de 8 cooperativas e 6 associações regionais, e consegue promover uma união maior entre as cooperativas na busca de ações comuns. Quadro 1: Relação de Cooperativas de Café de Minas Gerais MACRORREGIÃO MICRORREGIÃO CIDADE COOPERATIVA Machado COOPAMA Paraguaçu COOMAP ALFENAS COOPFAM, COOPFUNDO, Poço Fundo COOCAMINAS Lavras CAARG LAVRAS Perdões COPACAFE Bom Sucesso COOPERBOM Cássia COOPASSA PASSOS Ibiraci COCAPIL Sta Rita do Sapucaí COPER-RITA SANTA RITA DO SAPUCAÍ São Gonçalo do COPERVASS SUL DE MINAS Sapucaí SÃO LOURENÇO Carmo de Minas COCARIVE Guaxupé COOXUPÉ SÃO SEBASTIÃO DO Monte Belo COCAMINAS PARAÍSO São Sebastião do COOCAM, COOPARAÍSO Paraíso Boa Esperança CAPEBE Campos Gerais COOPERCAM Ilicínea COOPAPI VARGINHA Santana da Vargem COOCAFE Três Pontas COCATREL, UNICOOP Varginha COCCAMIG, MINASUL ARAXÁ Araxá CAPAL, COOPCAF PATOS DE MINAS Carmo do Paranaíba CARPEC ALTO PARANAÍBA Monte Carmelo COOCACER, COPERMONTE PATROCÍNIO Patrocínio EXPOCACCER ARAXÁ Perdizes COOPERDIZES PATOS DE MINAS São Gotardo COOPADAP MANHUAÇU Lajinha COOCAFE MATA MURIAÉ Muriaé COCAMUR CENTRAL BELO HORIZONTE Belo Horizonte COPACAFE RIO DOCE CARATINGA Caratinga COPERCAFE, COORPOL CENTRO OESTE DE MINAS PIUMHÍ São Roque de Minas COOCANASTRA NOROESTE DE MINAS UNAÍ Unaí COAGRIL, COANOR Fonte: OCB (2008) 26
  • 27. É importante destacar que diversas cooperativas possuem grande quantidade de entrepostos e filiais espalhadas em um grande número de cidades, como é o caso, por exemplo, da Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé – Cooxupé, que recebe café produzido em mais de 100 municípios localizados nas regiões sul de Minas, alto Paranaíba (cerrado mineiro) e Vale do Rio Pardo (SP). Em sua estrutura, a Cooxupé possui 17 núcleos com estrutura física para armazenagem de café, depósito para fertilizantes e mercadorias diversas. Nestes núcleos existem engenheiros agrônomos, agentes de comercialização e funcionários de apoio. Possui ainda 5 unidades avançadas nas quais o produtor pode operar como se estivesse em um núcleo, podendo pedir insumos, assistência técnica e até comercializar seu produto. Além destes núcleos e unidades avançadas, a Cooxupé possui um escritório de exportação em Santos. Com relação aos fornecedores de equipamentos e insumos para a cafeicultura, que constituem outro grupo de atores importantes na cadeia produtiva, verifica-se que estão, em sua maioria, situados no estado de São Paulo. Em Minas Gerais são encontradas diversas empresas pequenas. A atração de indústrias de equipamentos e insumos para a produção cafeeira para o estado de Minas Gerais é um importante desafio que possibilitaria o desenvolvimento de inovações em trabalhos conjuntos com as instituições de pesquisa e redução de custos logísticos, aumentando a eficácia e a eficiência do setor como um todo. A relação das principais indústrias de equipamentos e insumos para o café pode ser observada no quadro 2. Quadro 2: Relação de empresas de equipamentos e insumos para o café de Minas Gerais – Indústrias e distribuidores principais EMPRESA CIDADE Agrimec Ind. de Implementos Agrícolas Três Pontas Agronelli Ind. e Com. de Insumos Agropecuários Ltda Uberaba Asa Arruador Soprador Agrícola Ltda Monte Carmelo Bayer Cropscience Ltda Belo Horizonte Bunge Fertilizantes S/A Uberaba Café Brasil Ind. Comércio, Importação e Exportação Ltda Alfenas DKM Ind. e Com. de Máquinas Agrícolas Ltda Belo Horizonte Eco Insumos Agro - Pecuários Ltda Pouso Alegre Fert Minas Ind. e Comercio de Fertilizantes Foliares Ltda Alfenas Fertilizantes Heringer S/A Três Corações Fertilizantes Mitsui S/A Industria e Comercio Poços de Caldas Fertipar Sudeste Adubos e Corretivos Agrícolas Ltda Varginha Ind. e Com. de Máq. De Café Mangará Ltda Ouro Fino Industrial Atilla Ltda Manhuaçu Lavadores Pimenta Elói Mendes Plastro do Brasil S/A Uberlândia Santa Clara de Assis Botelhos Sul Mineira Comércio de Sacarias Ltda Varginha TDI Máquinas Agrícolas Indústria e Comércio Ltda Araguari VN Máquinas Ind. e Com. Ltda Varginha Yara Com. Industria Três Pontas Fonte: Entrevistas e fontes diversas 27
  • 28. ANÁLISE SWOT DA PRODUÇÃO A Análise SWOT (pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças) para a o produtor de café mineiro apresentou as seguintes constatações: Pontos fortes Tradição do café mineiro; Qualidade do café mineiro; Cooperativas fortes e com forte inserção internacional; Clima adequado. Pontos fracos Altos custos e baixa capacitação de mão-de-obra (cultivo e colheita); Critérios de qualidade heterogêneos; Baixa remuneração adicional pela produção de café de qualidade; Baixa tecnificação nas propriedades rurais; Problemas de gerenciamento da propriedade e baixa profissionalização; Relação frágil do produtor rural com as cooperativas. Oportunidades Geração de novas tecnologias para aumento da produtividade e qualidade; Aumento da demanda internacional; Aumento do café certificado; Aumento do consumo interno. Ameaças Propagação e competitividade do café conilon; Competição com outras culturas rentáveis (cana, milho e soja); Futura instabilidade climática (aquecimento global). 2.2.3 Diagnóstico e Análise do Perfil da Industrialização e Consumo do café A industrialização do café é realizada pelas próprias cooperativas e pelas empresas de torrefação. Como quase a totalidade do café exportado é de café não torrado, isto significa que 28
  • 29. o café torrado pelas cooperativas e pelas empresas de torrefação se destina basicamente para o mercado interno. A maior parte do café torrado que chega ao mercado consumidor brasileiro é originado de empresas associadas à Associação Brasileira da Indústria do Café – ABIC, conforme dados apresentados na Tabela 2. Tabela 2: Evolução do consumo interno de café em 2005/06 e 2006/07 - produção total anual de empresas associadas à ABIC e não associadas. Ano anterior Período atual Evolução Categoria (nov/05 a out/06) (nov/06 a out/07) (%) Empresas associadas 10.146.576 10.718.244 5,63 Empresas não associadas 3.358.477 3.454.194 2,85 Total de empresas cadastradas 13.505.053 14.172.438 4,94 Consumo não cadastrado 1.899.130 1.953.255 2,85 Total geral de café torrado e moído 15.404.184 16.125.694 4,68 Empresas de café solúvel 927.129 979.326 5,63(1) Total nacional de consumo de café 16.331.312 17.105.019 4,74 Consumo per-capita - café em grão cru 5,34 5,53 Consumo per-capita - café em torrado e moído 4,27 4,42 Volume em sacas de 60 kg (1) Fonte: mercado Fonte: ABIC (2008)9 Conforme dados da ABIC, o setor brasileiro de industrialização do café vem passando por um processo de concentração, o que pode ser observado na Tabela 3. Tabela 3: Produção de café torrado e moído e participação de mercado por Grupos de Empresas no período 2005/06 e 2006/07 – Brasil 2005/2006 2006/2007 GRUPO VOLUME PARTICIPAÇÃO VOLUME PARTICIPAÇÃO MENSAL (%) MENSAL (%) 5 Maiores 474.119 36,93 508.477 37,84 10 Maiores 588.433 45,84 627.813 46,72 20 Maiores 651.030 50,72 697.165 51,88 30 Maiores 688.213 53,61 738.140 54,93 50 Maiores 740.598 57,69 790.706 58,84 100 Maiores 795.122 61,94 842.893 62,72 Total Geral 1.283.682 1.343.808 Obs.: Associadas + Não associadas à ABIC Períodos de produção considerados: 2005/2006: nov/05 a out/06 // 2006/2007: nov/06 a out/07 Fonte: ABIC (2008) 9 Disponível em www.abic.com.br (acesso em 21/02/08) 29
  • 30. Pela tabela 3, observa-se que o grupo das 20 maiores empresas é responsável por 51,88% da produção de café torrado e moído no Brasil em 2006/20007, percentual maior do que o observado no período anterior. No ranking das 100 maiores empresas produtoras de café torrado e moído, aparecem apenas 15 empresas sediadas em Minas Gerais. Em Minas Gerais, a grande maioria da empresas de torrefação está associada ao Sindicafé e/ou à ABIC. Uma relação das indústrias de torrefação, associadas ao Sindicafé está presente no ANEXO 3. No que se refere ao consumo brasileiro do café torrado, observa-se um crescimento gradual a partir do ano de 1990, passando de 2,71 kg/per-capita/ano para um total de 4,42 kg/per-capita/ano em 2007 (Figura 5). Fonte: ABIC (2008) Figura 5: Consumo interno em sacas e per-capita - Brasil A ABIC tem expectativa que o consumo total de café no país passe de 17,1 milhões de sacas em 2007 para 18,1 milhões de sacas em 2008. As principais razões apontadas pela ABIC (2008) para o aumento do consumo ao longo dos anos são: Melhoria contínua ao longo dos anos da qualidade do café oferecido aos consumidores. Para esta melhoria houve a contribuição do PQC – Programa de Melhoria de Qualidade do Café, lançado em 2004 e que inclui 250 marcas atualmente. Para 2008 este programa será complementado com o Programa de Cafés Sustentáveis do Brasil, que oferece a garantia de certificação desde a lavoura até o consumo final, para cafés produzidos de forma sustentável. O Círculo do Café de Qualidade – CCQ, patrocinado pela ABIC, também contribui para o estímulo ao consumo do café fora do lar, já que se direciona para as casas de café; 30
  • 31. Consolidação do mercado de cafés especiais ou tipo Gourmet e crescimento do consumo fora do lar; Melhoria da percepção do café quanto aos benefícios para a saúde. Neste aspecto a ABIC investiu no Programa Café e Saúde; Melhoria das condições econômicas do país, principalmente pela migração das classes D e E para a classe C, o que aumentou seu poder de compra. Além dos programas de certificação da qualidade patrocinados pela ABIC, outros programas de certificação, envolvendo o produtor, podem ser citados, como é o caso dos seguintes: Programa CertificaMinas; Produção Integrada de Café – PIC; Produção de Café Orgânico; Código Comum para a Comunidade Cafeeira (4C); Indicações Geográficas – Ex.: Café do Cerrado; Sistema de Comércio Justo FLO (Fairtrade Labelling Organization); Sistema Eurepgap de certificação; Certificação UTZ Certified; Rainforest Aliance; Brazilian Speciality Coffee Association. Segundo a pesquisa “Tendências do Consumo de Café no Brasil” (TNS Interscience, 2007)10, 91% dos 2.256 entrevistados afirmaram ser consumidores de café em 2007. Este percentual vem se mostrando relativamente estável desde a pesquisa de 2003 e é um dos mais altos em comparação com outras bebidas. No entanto, a pesquisa mostrou que as categorias de achocolatados, sucos e água de côco vêm aumentando seu consumo ao longo dos últimos anos. O consumo de café vem crescendo na classe A, principalmente com o consumo de café tipo Gourmet, em cafeterias e casas de café. O consumo de café fora do lar nas grandes capitais, que em 2006 representava 32% do consumo, passou a representar 36% em 2007. No entanto, embora o consumo geral per-capita de café venha aumentando, este aumento não se verifica entre os jovens entre 15 e 19 anos. Em relação à embalagem, a classe A está mais atenta ao selo de pureza e a marca, enquanto o consumidor da classe D está mais atento ao prazo de validade e preço. A pesquisa mostrou que em 2007 apenas 5% das pessoas abandonaram o consumo de café. No entanto, este percentual é compensado pelos novos consumidores. Os consumidores que abandonaram o café afirmaram substituir por outras bebidas, principalmente pelo leite, suco natural, achocolatados e chá. A pesquisa apontou também que 17% dos consumidores 10 TNS INTERSCIENCE. Tendências do Consumo de Café no Brasil. São Paulo: Tns InterScience, 2007. 31
  • 32. pretendem diminuir o consumo de café, indicando, dentre outras razões, aquelas relacionadas à saúde. Para promover o consumo do café, as empresas de café, a ABIC e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) vêm investindo em marketing e publicidade. No caso do MAPA, destaca-se as ações de promoção do café em feiras, degustações e eventos em diversos países. ANÁLISE SWOT DA INDUSTRIALIZAÇÃO E CONSUMO Nesta seção, busca-se fazer uma análise dos pontos fortes, pontos fracos, ameaças e oportunidades do setor de industrialização e do consumo, dando ênfase para as repercussões no Estado de Minas Gerais. Pontos Fortes Liderança de Minas Gerais na produção agrícola do café; Ampliação dos programas de melhoria da qualidade e certificação do café; Mais de 90% das pessoas consomem café; Relativa estabilidade no fornecimento de matéria-prima; Pontos Fracos Baixa qualidade da matéria-prima; Presença do mercado informal de industrialização e comercialização de café; Parque industrial defasado tecnologicamente; Poucos profissionais com boa formação e informação sobre mercados internacionais; Problemas com oxidação do café no processo de industrialização; Grande consumo de cafés de baixa qualidade; Pequena exportação de cafés torrados e moídos; Baixo consumo de cafés especiais e do tipo Gourmet; Formação de blends de baixa qualidade; Existência de poucas indústrias de torrefação em Minas Gerais, em relação à participação do Estado na quantidade produzida de café em grão; Amadorismo empresarial por parte das pequenas e médias empresas (que são a maioria); Pequena disseminação da prática de pagamento diferenciado para o café de alta qualidade, o que normalmente é restrito para pequenos volumes; Marketing incipiente para incentivar o aumento no consumo do café; Baixa qualificação da mão-de-obra nos processos de comercialização de produtos de maior valor agregado; 32
  • 33. Baixa variedade de produtos produzidos à partir do café; Baixa cooperação entre cooperativas que atuam com torrefação e comercialização do café; Baixa taxa de inovação no setor, tanto em produtos, quanto em processos, embalagens e formas de consumo. Oportunidades Aumento do consumo de café no Brasil; Aumento do consumo de café pela classe A; Crescimento no consumo de café fora do lar; Crescimento do número de casas de café; Crescimento do consumo de cafés de maior valor agregado (especiais ou do tipo Gourmet); Crescimento da renda e aumento do poder de compra das classes mais baixas (especialmente das classes D e E) no Brasil; Monitorar a qualidade do café torrado, evitando sua deterioração, principalmente pelas empresas que praticam preços baixos; Possibilidade de agregar maior valor às exportações com a produção de blends, inclusive estando atento à possibilidade de drawback (e seu rígido controle) para ter acesso a cafés de diferentes características; Estímulo ao consumo do café com leite de forma a iniciar as crianças no consumo; Criação de novos produtos à base de café; Busca por mercados para produtos de maior valor agregado. Ameaças Substituição do café por outras bebidas pelos consumidores; Suspeitas de fraudes na industrialização e embalagem do café; Crescimento da produção de café em outros Estados do país e em outros países do mundo, o que pode levar o Estado de Minas Gerais a ter sua importância relativa reduzida; Redução das margens de lucro para produtos “básicos” de baixo valor agregado; Propaganda equivocada de malefícios do consumo de café. 33
  • 34. 2.2.4 Diagnóstico e Análise do Escoamento da Produção Esta subseção possui informações contidas em Fernandes (2004)11, Rezende, Rosado e Gomes (2007)12 e complementadas com entrevistas com instituições ligadas ao café no Estado de Minas Gerais. O fluxo de escoamento da produção na cadeia produtiva do café pode ser observado na Figura 6. Figura 6: Fluxo de comercialização na cadeia produtiva do café Fonte: Rezende, Rosado e Gomes (2007) Na primeira fase do fluxo, não são mostrados os percentuais, sendo explicado pelo grande número de produtores, corretores e torrefadores que se encontram de forma dispersa no território brasileiro. Essa falta de informações é representada por uma linha pontilhada. A segunda fase do fluxo é denominada pelos fluxos A, B e C. O Fluxo A é representado por uma seta azul, sendo constituído por: cafeicultor-corretor-torrefador-mercado interno. Geralmente o café que abastece o mercado interno é de qualidade inferior, do tipo bebida dura 11 FERNANDES, M. Logística de escoamento do café do sul de Minas Gerais. Dissertação (Mestrado em Agronegócios) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004. 12 REZENDE, A. M.; ROSADO, P. L.; GOMES, M. F. M. Café para todos: a informação na construção de um comércio mais justo. Belo Horizonte: Segrac, 2007. 34
  • 35. para baixo. Através deste fluxo são comercializados internamente, aproximadamente 39% do café produzido no Brasil (CECAFÉ, 2007). O Fluxo B, ou de exportação é definido por uma seta vermelha, sendo composto dos elementos: cafeicultor-corretor-exportador-mercado exportador. Nele é comercializado o café de qualidade superior, do tipo bebida dura superior. A exportação de café produzido no país soma 54,3 %, sendo a grande maioria vinda das próprias empresas exportadoras, totalizando 49,3%, acrescido de 5% das cooperativas (CECAFÉ, 2007). O Fluxo C, representado pela seta lilás, é formado dos elementos: produtores- corretores-estoques de governo-indústria solúvel-exportação. Nesse fluxo transita o café beneficiado, numa mistura de café arábica (20%) e robusta (80%), que é industrializado como café solúvel e consumido no mercado externo. Esse fluxo comercializa 8,7% do café produzido no país. Como pôde ser observado, existem os fluxos de comercialização do café para o mercado interno e externo. O fluxo do mercado interno inicia com os produtores, pela intermediação ou não dos corretores, segue para os torrefadores e destes para os varejistas e, finalmente para os consumidores. A comunicação entre tais instituições é dispersa e competitiva, não havendo uma coordenação verticalizada da informação. O fluxo de comercialização de exportação começa nos produtores, seguindo para os intermediários, estes passam o café para os exportadores que, posteriormente, são remetidos para os importadores no mercado internacional. A comunicação é dispersa entre os atores da cadeia, porém há certa coordenação verticalizada de informação no sentido de se obter qualidade mais uniforme dos produtos a serem adquiridos. Os cafés do Brasil são destinados para vários mercados consumidores em todo mundo, totalizando 50 países. A maioria da exportação vai para a Europa sendo 50%, 19% para os Estados Unidos e 8% para o Japão. A maior parte do café exportado é proveniente do Estado de Minas Gerais, especialmente da região Sul de Minas, principal região produtora de café do país, e do Estado de São Paulo. Mais de 60% do café é escoado para o exterior por meio do Porto de Santos. Como a região sul de Minas Gerais é a maior produtora de café, responsável também pelo maior percentual de escoamento do café do Estado, aqui será dado um destaque para o escoamento desta região. Os dois principais centros de comercialização do Estado se situam nas cidades de Varginha e Guaxupé, localizados no Sul de Minas. O primeiro estágio crítico de distribuição é a armazenagem, pois os armazéns das fazendas em geral são pequenos e muitas vezes precários, comprometendo as características do produto. Assim, percebe a necessidade de melhoria da eficiência da logística e dos meios de armazenamento. O sistema logístico na cadeia agroindustrial pode dividir-se em 2 sub-sistemas: a) atividades de compra e venda e atividades de transferências de títulos, as quais coordenam uma série de eventos no processo logístico, interno à comercialização em mercados atuais, a termo ou futuros. b) manuseio físico de bens nessa transferência ou processo de troca, identificando-se pelas atividades de transporte, classificação (beneficiamento e rebeneficiamento) e armazenamento do produto. Os estoques se encontram em diferentes formas, podendo ser de colheita do café, café processado, café armazenado em saca e café em distribuição. 35
  • 36. A racionalização dos estoques passa a ser um elemento diferencial considerando os custos financeiros embutidos em cada estoque ao longo da cadeia. Para o transporte dos estoques o meio mais usado é o rodoviário, sendo que tentativas de mesclagem de modais já ocorreram (rodoviário-ferroviário), mas não obteve muito sucesso, devido às restrições de cobertura da malha ferroviária. Ocorre com freqüência a formação de parcerias estratégias com transportadoras que trabalham com uma gama de serviços que contribuem para a valorização do café para exportação. Elas funcionam também como corretoras, despachantes aduaneiros, armazéns gerais e possuem profissionais da área de exportação. Há cafeicultores de regiões estranhas ao Sul de Minas que comercializam seu produto nas cooperativas desta região, devido à visibilidade existente sobre a qualidade do café sul mineiro, o que fortalece ainda mais as cooperativas da região. Segundo estimativas de Fernandes (2004), as cooperativas recebem maior parte da produção de café oriundo do produtor, totalizando cerca 85% do volume total produzido. O restante passa pelo atacado, varejo ou é vendido diretamente para o consumidor final. O café recebido pela cooperativa pode ser armazenado ou destinado à venda imediata, conforme as necessidades do produtor e interesse da cooperativa. No caso de armazenamento é feito também um rebeneficiamento para esperar o melhor momento para a venda. Da cooperativa, boa parte do café vai para a exportadora, onde é avaliado e armazenado, podendo ser pesado ou direcionado ao processo de ligas ou formação de blends (embora quase inexistente). É feita então a estufagem (carregamento do contêiner) com empresas armazenadoras, que destinam o produto ao Porto Seco de Varginha. Após isso, normalmente o café vai para os Portos Marítimos, sendo o de Santos o mais procurado. A cidade de Varginha possui uma estrutura de Porto Seco, responsável pelo escoamento para o exterior. O Porto Seco não comercializa o produto, presta apenas os serviços de desembaraço aduaneiro, entrepostagem e estufagem. O Porto Seco de Varginha caracteriza-se por cobrar taxas relativamente menores para desembaraço em relação aos Portos Marítimos. Esse fator aliado à presença de considerável número de empresas exportadoras na região de Varginha faz com que as Cooperativas regionais prefiram vender seu café para as Exportadoras, ao invés de comercializá-lo via Portos Marítimos. No caso específico da Cooxupé, ela evita intermediários, direcionando seu produto diretamente para os Portos Marítimos, principalmente o de Santos, por seus próprios canais. O processo de logística de transporte é feito basicamente por empresas terceirizadas. Todo o processo de estufagem é feito pela própria Cooperativa. Ela age tanto como Cooperativa como Exportadora, sem necessidade da intervenção de terceiros. O processo de desembaraço é feito via REDEX (Recinto Especial Não Alfandegado de Zona Secundária), um órgão específico de exportação presente no Porto Marítimo. O REDEX é um importante agente facilitador da logística nos portos, evitando perdas e avarias nas mercadorias. Isso se justifica na medida em que os processos são mais ágeis para empresas que utilizam o REDEX, como é o caso da Cooxupé. A Cooxupé é considerada a maior cooperativa de café do mundo, possui grande organização para escoar a produção (já que utiliza menos intermediário) e possui seu próprio padrão internacional de café. 36
  • 37. O Porto Marítimo do Rio de Janeiro se constitui em uma alternativa para o escoamento da produção devido aos custos relativamente menores com transporte, porém, no porto de Santos têm-se uma estrutura mais qualificada em alguns aspectos. A questão do modo de estocagem também interfere no valor gasto com a logística do café. São poucas as cooperativas que possuem estudos nessa área visando reduzir espaço de armazenamento e vislumbrando custos menores com transporte, inclusive em termos de exportação. As empresas que trabalham com essa estrutura de tecnologia em logística são as exportadoras, que vêem relativa importância em ganhos com tal atividade e investem na utilização de softwares e equipamentos específicos em logística. Os armazéns gerais de café têm demonstrado grande importância na cadeia do produto, visto sua estrutura que possibilita a conservação da qualidade do café, porém, estes reduzem os ganhos dos produtores com a exportação. No mercado internacional, a bolsa de mercados e futuros vem se destacando como determinante de preço de venda para exportação, fato que exige competência administrativa de cooperativas e exportadoras para acompanhar e trabalhar com base nas tendências. Um importante fator de competitividade no processo de comercialização é a informação, o que torna necessário uma qualificação e profissionalização dos gestores, principalmente dentro das fazendas e cooperativas, pois os demais intermediários já estão mais atentos à importância da informação. ANÁLISE SWOT DO ESCOAMENTO DA PRODUÇÃO Nesta seção, busca-se fazer uma análise dos pontos fortes, pontos fracos, ameaças e oportunidades no escoamento, dando ênfase para as repercussões no Estado de Minas Gerais. Pontos Fortes Presença da estrutura do “Porto Seco” em Varginha, que possui estrutura de desembaraço aduaneiro mais barato que o Porto de Santos; Presença de vários agentes envolvidos no processo de escoamento e comercialização do café; Vasta malha viária na região. Pontos Fracos Condições precárias das rodovias; Estrutura de armazenagem deficiente (pequena e precária) nas propriedades rurais; Alto custo de armazenagem; Alto custo de transporte pelo modal rodoviário, principalmente no caso do produto que segue da maior região produtora (sul de Minas Gerais) para o Porto de Santos; Taxas altas cobradas nos portos; Transporte de produto de baixo valor agregado (café verde) para o mercado externo; Filas e atrasos nos terminais portuários, o que eleva os custos para o exportador; 37
  • 38. Restrições dos Portos em receber grandes embarcações, já que a profundidade dos Portos em geral é relativamente pequena. Oportunidades Ampliação da malha ferroviária; Produção e escoamento de produtos de maior valor agregado. Ameaças Precarização ainda maior das rodovias e lentidão na construção e recuperação de ferrovias; Aumento nos custos de transporte. 38