O documento discute três tópicos principais:
1) Alucinações auditivas podem ser induzidas experimentalmente e são frequentemente atribuídas a vozes sobrenaturais pelo alucinado.
2) A linguagem interna é frequentemente não reconhecida durante alucinações auditivas, levando o alucinado a acreditar em mensagens externas.
3) Alucinações geralmente refletem perturbações mentais e são influenciadas pelo ambiente cultural e religioso.
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
Parapsicologia [Parte 03]
1. PARTE 3
b)Alucinações auditivas são tão frequentes quanto as da vista, combinando-se às vezes com estas. Principalmente nas
intoxicações, mas podem ocorrer, como toda alucinação, em circunstâncias aparentemente normais.
Realizaram-se esperiências em laboratório para provocar alucinações auditivas. Por exemplo: esfriando com cloruro
etílico a circunvolução cerebral correspondente à audição num mutilado cujo ferimento permitia uma ação direta
sobre o cérebro, vozes estranhas eram ouvidas pelo paciente. Em pessoas submetidas à eletrização da parte posterior
temporal, ou excitando zonas cerebrais correspondentes à audição, tem-se produzido alucinações verbais, ou
inclusive, até complexas peças musicais.
Nas alucinações auditivas verbais, o que o sujeito percebe não é outra coisa que sua "linguagem interior". É "ouvir de
dentro para fora". Mas com a característica toda especial de que o alucinado não reconhece como própria, sua
"linguagem"; não conseguindo identificá-la como proveniente de seu EU pessoal.
Esta não identificação da "linguagem interna" leva o sujeito, em muitos casos, a atribuir como realidade, a alucinação
auditiva, acreditando ser os espíritos dos mortos, Deus, o diabo ou qualquer entidade sobrenatural a causa ou a
origem destas audições. O Alucinado, então, julga-se um "escolhido", um profeta, ou um médium em diálogo
constante com o "além".
As pessoas que sofrem este tipo de alucinações salvo excessões, manifestam profundas perturbações da
personalidade, geralmente de desagregação psíquica de dissociação dos laços que garantem a unidade do EU.
c) Alucinações do gosto e do olfato são em geral , muito elementares e monótonas: sabor ou cheiro de algo
queimado, de peixe, de matéria fecal, gostos ou odores acres, repulsivos, etc. Jogam um papel importante no
desenvolvimento de idéias de perseguição. Suscitam idéias de envenenamento, de rechaço dos alimentos.
Nos casos de alcoolismo ou nas neuroses e psicoses de perseguição, tornam-se particularmente penosas.
As mais diversas causas- As causas das alucinações são muito diversas. Umas originadas por traumatismos: lesões
cerebrais, golpes na cabeça, mutilação, pressões em alguma região cortical... Outras, por intoxicações do organismo
provocadas por álcool ou por substâncias alucinógenas: LSD, mescalina, ácido lisérgico, peiote mexicano, cocaína,
etc. Todavia, sabe-se que certas neuroses e psicoses vão acompanhadas de frequentes alucinações; isto indica que
desequilíbrios psicológicos, perturbações mentais e a demência estão também na base de falsas percepções. Estados
de fadiga física ou mental são também causa frequente de uma alucinação.
Fora as causas específicas, cujo diagnóstico dependerá de cada caso concreto, o ambiente sócio-cultural e religioso
determina certas formas alucinatórias. Temos assim, as alucinações dos endemoninhados ou as que acompanham a
prática do espiritismo.
d)Alucinação dos endemoninhados antes de qualquer coisa, se trata de doentes. Os grandes casos de
endemoninhados na história mostram que os protagonistas eram mais ou menos desequilibrados, sofrendo
alucinações da índole mais diversa. O Pe. Surin, exorcista e "endemoninhado" de Loudun, assim escrevia: "Estou em
conversa perpétua com os diabos... De três meses para cá, eu nunca passei um dia sem ter o diabo ao meu lado. O
diabo passa do corpo da pessoa possessa e entrando no meu, me agita e me atravessa visivelmente durante várias
horas..." Surin tentou suicidar-se e foi considerado, nos registros de sua ordem religiosa, como um enfermo mental.
O mais notável nas "pseudopossessões" demoníacas é a violência, a diversidade e a impetuosidade das alucinações.
Os pacientes vêem, sentem, cheiram, ouvem e obedecem ao "demônio". Entre as alucinações do tipo demoníacas, se
destacaram pela sua vivacidade, as da esfera genital: Os famosos íncubos e súcubus. O alucinado pensava estar em
contato sexual com demônios machos ou fêmeas. Estes delírios sexuais foram mais frequentes em ambientes onde
existia grande repressão ao sexo.
e) A alucinação em ambiente espírita mostra que diversas vezes, a crença na comunicação com os espíritos dos
mortos dispara os mecanismos da auto-sugestão que estão na base das mais diversas alucinações. O médium,
sentindo-se invadido pelo "espírito do morto", chega a vê-lo, conversa com ele, escuta as mensagens que o "espírito"
lhe comunica, dramatiza um relacionamento irreal que, com toda a propriedade, pode ser chamado de alucinatório,
isto é, sem base na realidade.
Em todos os casos, uma análise psicológica destas falsas comunicações com os espíritos revela que seu conteúdo não
é mais do que a manifestação dramatizada das idéias, afetos, tendências e desejos da personalidade do médium ou
se fazendo eco do ambiente em que vive.
Uma percepção paranormal pode estar na base de uma alucinação sensorial. O sentimento mais ou menos confuso de
que algo de ruim tem acontecido, captado parapsicologicamente, pode manifestar-se por meio de uma dramatização
do inconsciente, sob a forma de alucinação visual, auditiva, etc.
Não deve confundir-se a alucinação com a fantasmogênese, ecto-colo-plasmia, aporte, fotogênese, psicofonia e tantos
outros fenômenos parapsicológicos. Nestes casos, a visão, audição ou qualquer outra impressão dos sentidos é real;
corresponde a objetos externos reais.
10-FENÔMENOS EXTRANORMAIS:
10.1-HIPERESTESIA DIRETA.
Grande sensibilidade de nossos sentidos. A hiperestesia (hiper = sobre; estesia = sensação) significa exaltação da
sensação. Hiperestésico é quem capta e pode manifestar estímulos mínimos. As pessoas que manifestam com alguma
frequência esse fenômeno e por extensão outros fenômenos extra-normais, são chamados "sensitivos" . (Metagnomo
seria quem manifesta fenômenos paranormais).
A hiperestesia se olharmos para certos animais, ficaremos pasmados com a hipersensibilidade que podem ter seus
sentidos, fundamentalmente aiguais aos nossos. As borboletas, machos da espécie "Arestias selene" são atraídas pela
fêmea, na época do cio, até a distância de 11 quilômetros. Um cachorro de caça se guia por uma admirável
hiperestesia do olfato sobre o mínimo cheiro de que fica impregnado o chão pisado há uma hora ou mais por um
coelho, por exemplo, que passou por lá.
A sensibilidade dos sentidos de certos animais serve para alertar-nos e obrigar-nos a admitir a possibilidade da
hiperestesia no homem, ao menos uma hiperestesia inconsciente.
De algum modo, todos somos hiperestésicos, isto é, todos somos capazes de captar com os sentidos, estímulos
mínimos. Ás vezes estes estímulos são tão pequenos que o consciente não tem modo de reagir e cair na conta da
percepção hiperestésica inconsciente. São sensações inconscientes.
O doutor Hereward Carrington descreve uma experiência interessante a respeito de algumas destas sensações
inconscientes (no caso, subconscientes):
Introduzida uma pessoa numa sala na qual nunca tinha estado, damos-lhe somente uns quatro ou cinco segundos
para que observe tudo o mais que puder. Após sair da sala, poderá se lembrar de uns 15 ou vinte objetos. Mas se for
hipnotizada em seguida, para aproveitar as sensações que de fato teve e das quais não consegue lembrar
conscientemente, observaremos que poderá lembrar, sob o efeito da hipnose, que faz surgir certas sensações
inconscientes, mais uns 40 ou 50 objetos que estavam na sala e dos quais só inconscientemente teve conhecimento.
2. Todas estas sensações, tão pequenas que o consciente não percebe habitualmente, são tipos do que chamamos
hiperestesia.
Precisamente porque o consciente não capta, direta ou normalmente, tais sensações, é difícil determinar o número e
qualidade delas. Existem, porém, e são, entre outras coisas, os fundamentos da tão discutida “propaganda
subliminares”.
Exemplo: Numa fita de filme de cinema, grava-se num só fotograma e em segundo plano, suavemente a palavra
"sangue". Num outro fotograma, e também pouco nítido, uma caveira. Quando a fita for projetada, numa cena de
horror, ninguém poderá dar-se conta nem da palavra "sangue" nem da caveira. A ínfima sensação, porém ser captada
inconscientemente e, surgindo à tona, a impressão de terror do filme, é ou pode ser aumentada.
Hiperestesia Consciente Também o consciente pode chegar, pelo treino, por exemplo, a graus fantásticos de
hiperestesia. Os marinheiros chegam a enxergar objetos a distâncias muito superiores às que atingem pessoas
dedicadas a outras profissões. Alguns pintores chegam a distinguir matizes nas cores completamente indiferenciáveis
para a maioria das pessoas. Certos selvagens possuem, pelo exercício, um ouvido que supera a sensibilidade do mais
sensível microfone, e um olfato que lembra o dos cachorros de caça.
10.2-HIPERESTESIA INDIRETA DO PENSAMENTO (HIP).
É a “leitura” do pensamento (através da linguagem corporal; capacidade de “ouvir” o pensamento à curta distância,
poucos metros). Em primeiro lugar, os mecanismos da faculdade chamada HIP, ou Hiperestesia Indireta do
Pensamento. Todos os nossos atos psíquicos, de qualquer espécie, consciente ou inconsciente, pensamentos,
recordações, sentimentos; traduzem-se ou são acompanhados por reflexos físicos de diversas ordens. Por exemplo,
um falar muito diminuído, muito suave, muito subterrâneo; umas emanações do tipo magnético detectado hoje e
medidas pelos russos, de uma hiperfrequência notável; uns reflexos na pele, reflexos também motores, etc.
Através deste mecanismo, os pensamentos de qualquer pessoa passam às pessoas que estão presentes; tudo o que
nós sentimos e imaginamos passa e não pode deixar de passar às pessoas que estão presentes. Essas pessoas,
inconscientemente, captam de uma forma direta, os reflexos sensoriais e indiretamente os pensamentos ou os atos
psíquicos que os provocaram. Este é o mecanismo da Faculdade Hiperestesia Indireta do Pensamento, a HIP,
mecanismo certamente complexo, impossível de ser explicado em poucas palavras.
Tudo o que as pessoas presentes sabem, o inconsciente também sabe. É lógico, portanto, que algumas vezes o
manifeste. A HIP se revela de duas maneiras: por contato ou sem contato. Quando é por contato, chamamo-la
cumberlandismo, por ser Eduardo Cumberland, o primeiro a descobrí-lo e a apresentá-lo, inclusive, em
demonstrações públicas.
Muito conhecido tornou-se a menina Ilga K, de Trapene (Letônia). Filhas de pais sãos desenvolveu-se normalmente,
mas intelectualmente, permaneceu muito atrasada. Aos oito anos balbuciava como uma criança de dois. Nunca
aprendeu a ler, nem a calcular. Não passou do conhecimento isolado das letras e dos algarismos. Pois bem, aos nove
anos, apesar de ser incapaz de ler e calcular, quando se concentrava, Ilga lia qualquer parágrafo em qualquer língua
incluindo Latim e Grego antigo; resolvia problemas matemáticos, contanto que alguém (principalmente sua mãe) os
tivesse em sua presença, lendo mentalmente o mesmo paragrafo ou pensando na solução do problema. Discutia com
professores universitários sobre qualquer tema: "sabia" (sem compreender nada); tanta matemática quanto os
professores de ciencias exatas; discutia com os catedráticos de medicina...(captava por HIP, a resposta dos próprios
pesquisadores).
Investigações sucessivas, rigorosas, continuadas; de especialistas de vários países demonstraram que se tratava de
um caso de manifestação de HIP-Hiperestesia Indireta do Pensamento. Nosso inconsciente, às vezes, pode manifestar
(casos especiais ou pessoas especiais) tudo o que as pessoas presentes (a poucos metros, pois depende dos sentidos)
conhecem, incluindo conhecimentos inconscientes. Nosso inconsciente é um sábio prodigioso.
10.3-PANTOMNÉSIA.
Capacidade do Inconsciente de se lembrar de tudo. Além de sábio, o inconsciente não esquece nada. Outra faculdade
inconsciente, comum a todo gênero humano, é a chamada pantomnésia, memória de tudo. Um jovem açougueiro, em
um ataque de loucura, recitava velozmente paginas inteira da “Fedra” de Racine. Curado da loucura, por mais
esforços que fizesse, não conseguia recordar-se de um só verso. Declarou que ouvira unicamente uma vez, a leitura
dessa tragédia, quando pequeno.
Para saber até onde chega o poder mnemônico do inconsciente, um passo importante, sem duvida, é a comprovação
de que nosso inconsciente nos recorda coisas que conhecemos quando nem possuíamos o uso da razao. Este fato se
comprovou muitissimas vezes.
O dr Maury, por exemplo, conta que certa noite sonhou que era criança e vivia num povoado chamado Trilport. Alí
imaginou ver um homem uniformizado, que dizia chamar-se "fulano de tal". Maury apreciava analisar seus sonhos.
Ainda que não tivesse a menor idéia daquele homem, nem daquele povoado, onde pensava nao ter nunca vivido,
havia no sonho uma vaga sensação de "já visto". Passado algum tempo, se encontrou com a antiga ama seca. Ela lhe
disse que, sendo ele muito pequeno, foram à mencionada localidade, onde o pai devia construir uma ponte, e que ali
existia um policial com o mesmo nome que soubera através do sonho.
Por meio da hipnose ou de associações, testes, drogas, etc, o psiquiatra podera obter algumas vezes do inconsciente,
recordações que o auxiliem na recuperação do paciente. O advogado poderá obter preciosos dados para a
reconstrução dos fatos do seu cliente, etc. Pela hipnose, se chegou, às vezes, a bastante profundidade do arquivo
inconsciente. Uma experiência quase de rotina é a comprovação da memória do inconsciente durante a hipnose.E
consequentemente, a imaginação se exalta também, dando à linguagem dos pacientes um brilho e um colorido
notáveis. A memória reproduz, com extraordinária precisão, cenas e pormenores que, em estado de vigília, estão
completamente esquecidos ou jamais fixados.