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Palavras
Constroem
Mundos !
Rabino Paysach J. Krohn
ELUL - 5766
2006
m dos maiores e mais solicitados oradores americanos da atualidade, o
Rabino Paysach J. Krohn conquista a sua platéia através de suas idéias e
das histórias que utiliza para frisá-las.
Conhecido mundialmente por sua série de livros sobre o Maguid de Jerusalém, o
Rabino Shalom Shwadron Z”TL (The Maggid Speaks, Around the Maggid’s Table,
In The Footsteps of the Maggid, Along the Maggid’s Journey, Echoes of the
Maggid, Reflections of the Maggid, etc), repleto de histórias do cotidiano judaico
desde os anos 1700 até hoje, suas palestras são recheadas de humor, animação,
sensibilidade, calor humano e sabedoria. Suas palestras, CDs, vídeos e livros são
entusiasticamente aguardados e bem-vindos em todo o mundo.
Seu estilo é inconfundível: transmite suas importantes mensagens falando um
inglês rápido, mesclando seu gigantesco repertório de histórias com muitas
‘tiradas’ de humor.
O Rabino Krohn faz parte da quinta geração de uma família de mohelim e é autor
do livro Bris Milah, um livro amplamente aclamado sobre as leis e costumes
desde o nascimento da criança até a circuncisão, além de outros seis livros
recheados de histórias e parábolas. Nesta palestra ele mescla histórias e
exemplos de sabedoria, idealismo, humor, amor, animação e sensibilidade por
nossos irmãos.
Se ele tem sucesso? Pergunte a alguma dos milhares de pessoas que
comparecem às suas palestras ou que fazem de seus CDs parte indispensável
de suas vidas.
Seus muitos livros, palestras e vídeos estão disponíveis em
http://www.artscroll.com/search/paysach.aspx
Boa leitura!
U
EM MEMÓRIA DE:
Admór Rebe Eliezer ben Admór Rebe Yehoshua Horwitz Z”tl, Admór de Mélitz
Avrahám ben Mordechái HaLevi Siegel Z”L
Avraham Yehuda Avir ben Yehoshua Magid Z”L
Zeêv ben Ytschak Yaacov Z”L
Guedale ben Haim Yehuda Z”L
Ytschak Yacov ben Haim Yehuda Z”L
Zeev ben Haim Yehuda Z”L
Haim Shaul ben Sara Z”L
Yaacov ben Nachum Z”L
Reuven ben Yacov Z”L
Yaacov Leib ben Mordechai Z”L
Mordechai ben Leibe Z”L
Mordechai ben Moshe Z”L
Hershel Halevi ben Manes Z”L
Calmen ben Yaacov Leib Z”L
Abi ben Chil Z”L
Chil ben Abi Z”L
Moshe ben Avraham Z”L
Luiz ben Herman Z”L
Nahum ben Yaacov Z”L
Menachem ben Yehuda Baruch Z”L
Hana bat Mordechai Z”L
Guita bat Haim Z”L
Sara bat Mordechai Z”L
Ite bat Nachum Z”L
Henia Lea bat Shmuel Z”L
Luba bat Yossef Z”L
Sara bat Zeev Z”L
Creindl bat Hava Z”L
Sara bat Chie Z”L
Hana Braine bat Shepsel Z”L
Rachel bat Avraham Shmuel Z”L
á alguns anos atrás, em Flatbush, Nova York, um senhor já de idade, que sempre
se sentava na parte de trás da sinagoga, falou ao Rabino que queria doar um
Sefer Torá. O cavalheiro, Sr. Shimshon Braum (nome fictício) comentou ao
Rabino que já havia encomendado um Sefer Torá a um sofer (escriba) e agora o trabalho
estava quase concluído. O Rabino ficou muito surpreso: o Sr. Braum não era conhecido como
uma pessoa de posses e o custo de um Sefer Torá pode chegar a 30.000 dólares.
O Rabino conversou com o sofer e descobriu que o Sr. Braum havia pago pequenas
somas durante muitos anos e recentemente fizera o último pagamento. O Sefer Torá estaria
concluído em alguns dias.
No Shabat, o Rabino anunciou as boas notícias aos congregantes e todos se dirigiram
ao Sr. Braum para cumprimentá-lo e agradecer por sua generosa dádiva à sinagoga. Planos
foram feitos para a Hachnassat Sefer Torá, o recebimento do Sefer Torá na sinagoga.
Algumas semanas depois, numa bela tarde de domingo, a congregação reuniu-se na
casa do Sr. Braum e escoltou-o enquanto carregava o Sefer Torá de sua casa para a rua, onde
caminhou para trazer a Torá à sinagoga. Danças e cantos acompanharam aqueles que se
revezavam para carregar a Torá, e uma refeição especial os aguardava na sinagoga em honra
à ocasião.
Alguns dias depois, um vizinho perguntou ao Sr. Braum se havia algum motivo em
particular pelo qual ele decidiu que um Sefer Torá deveria ser escrito. No começo ele hesitou
em falar sobre o assunto, mas no final concordou e contou sua chocante e comovente história:
Shimshon Braum tinha apenas 16 anos quando os nazistas o prenderam, seus pais e
suas irmãs em Lodz, na Polônia, e os enviaram a um dos notórios campos de concentração.
Pouco após a sua chegada, os pais foram separados das crianças e Shimshon nunca mais
ouviu falar deles. Ele foi colocado em um campo de trabalhos forçados e passou diariamente
por humilhações e sofrimentos.
Certa noite, enquanto estava deitado na cama, um soldado nazista entrou para checar
os prisioneiros. Ele passou de cama em cama – e então viu Shimshon. De repente, ele olhou
para os pés de Shimshon, arrancou suas botas e gritou: “Estas botas agora são minhas”.
Shimshon ficou paralisado. As botas de couro lhe foram dadas por seus pais pouco
antes da família ser capturada pelos nazistas. Shimshon as queria muito, pois eram seu último
elo de conexão com seus amados pais. Ele não tinha fotos, cartas, nenhuma lembrança que
pudesse segurar num momento de dificuldade para se fortalecer e aguentar a situação. As
botas se tornaram suas preciosas lembranças.
Shimshon gritou desesperadamente. Este ato cruel do soldado nazista partiu os últimos
laços tangíveis com seus pais. Era devastador. Shimshon chorou por horas e acabou
adormecendo.
Na manhã seguinte, ele saiu do barracão descalço e encontrou o soldado que tinha
pego as botas. Desesperado, ele implorou: “Por favor, me dê um par de sapatos. Não tenho
nada para calçar em meus pés. Vou congelar até a morte”. Ele nem se atreveu a antagonizar o
soldado pedindo de volta suas próprias botas.
Para surpresa do rapaz, o soldado falou: “Espere aqui. Voltarei em cinco minutos com
sapatos para você”.
Shimshon tremia de frio enquanto esperava o soldado voltar. Em alguns minutos o
soldado retornou com um par de sapatos e o entregou para o surpreso, mas agradecido jovem.
H
Shimshon voltou ao barracão e sentou-se na cama para calçar seus novos sapatos. Ele
os examinou cuidadosamente. Eram feitos de madeira, como tamancos, mas ele sabia que
teria que usá-los independentemente do material que eram feitos ou de quão desconfortáveis
seriam. Quando estava para colocar seu pé no sapato, ele olhou para seu forro e engasgou: o
forro era um pedaço de pergaminho de um Sefer Torá!
Shimshon ficou aterrorizado: como aquele nazista podia ser tão sem coração? Como ele
poderia pisar nas palavras que o Todo-Poderoso falou para Moshe (Moisés) escrever para
todas as gerações? Mas Shimshon sabia que não tinha escolha. Não havia mais nada para
calçar e eram estes sapatos ou morrer de frio. Hesitante, cheio de culpa, ele calçou os sapatos.
Agora, muitos anos depois, o Sr. Shimshon disse: “A cada passo que eu dava, sentia-me
como se estivesse pisando num Sefer Torá de D'us. Falei para mim mesmo: ‘Juro que se um
dia sair vivo deste campo, não importa quão rico ou pobre eu for, algum dia providenciarei para
que um Sefer Torá seja escrito e devolverei ao Todo-Poderoso a honra que Lhe tirei ao pisar
em Sua Torá. Foi por este motivo que doei o Sefer Torá à sinagoga”.
Impressionante, não? Esta palestra tem o objetivo de demonstrar e ensinar como
podemos usar as expressões e palavras que saem de nossas bocas para construir mundos,
tornando-nos pessoas melhores e que ajudam o próximo a também melhorar, conquistando e
proporcionando um ano alegre e feliz para todos nós.
ostaria de iniciar trazendo alguns versículos do primeiro tomo da Torá chamado,
em hebraico, Bereshit (Gênesis), e aprenderemos algo sensacional.
Em Bereshit, no capítulo 37, a Torá nos relata sobre a venda de Yossef (José)
por seus dez irmãos, todos filhos de nosso Patriarca Yaacov (Jacob). Depois de
haverem discutido, os dez irmãos reuniram-se para resolver o que fazer com seu irmão caçula,
Yossef. Nisto, apareceu uma caravana de ismaelitas com seus camelos carregados de
especiarias aromáticas.
Rashi, o grande comentarista da Torá (França, 1040-1104), perguntou: Por que a Torá
fez questão de mencionar que a caravana estava carregando especiarias? Que diferença faria
a carga que estavam carregando? E respondeu citando um Midrásh (uma das explicações
mais profundas da Torá) que conta que o Todo-Poderoso interveio pelo bem de Yossef: as
caravanas ismaelitas normalmente carregavam cargas mal cheirosas e de forte odor, como
petróleo e alcatrão. Mas como Yossef estava agora sendo carregado à força para o Egito, D'us
não quis que ele viajasse em meio a um cheiro ruim e forte e por isso cuidou para que esta
caravana que estava passando fosse uma exceção, carregando especiarias aromáticas, o que
amenizaria a longa e desagradável viagem de Yossef.
Tenho um amigo chamado Dr. David Zalman Rosenblum, um pediatra que mora em
Monsey, Nova York. Certa vez ele estava estudando o Talmud, no tratado Arahin, página 16a,
que conta que o Ketoret, o incenso trazido pelo Cohen no Beit Hamikdash (o grande Templo de
Jerusalém) servia para perdoar o pecado de Lashón HaRá (fofocas e maledicências). Aí o Dr.
Rosenblum disse: “Talvez haja mais um motivo pelo qual os ismaelitas estavam carregando
agradáveis especiarias: a Torá, alguns versículos antes, nos conta que Yossef havia falado mal
de seus irmãos e D'us quis que, ao sentir o aroma das especiarias, Yossef se lembrasse que o
incenso veio para perdoar este pecado e que assim pudesse fazer teshuvá (arrepender-se do
que havia falado de prejudicial sobre seus irmãos).
O pediatra achou que talvez sua ideia fosse uma boa explicação e resolveu apresentá-la
ao diretor da Yeshivá Or Sameach, o Rabino Israel Simha Shorr. O Rabino pensou por algum
tempo e respondeu: “A sua explicação me fez pensar em algo que nunca pensei antes. Você
sabe onde os irmãos colocaram Yossef antes de despachá-lo com a caravana ismaelita? A
Torá relata: ‘Eles (os irmãos) pegaram Yossef e o atiraram dentro de um poço - o poço estava
vazio, sem água’. O Talmud (Shabat 22a) explica que água não tinha, mas havia cobras e
G
escorpiões. Talvez ele foi atirado no buraco para ficar com as cobras, pois, como sabemos, a
Torá logo em seu início nos conta que a cobra falou Lashón HaRá contra D'us. Talvez esta foi
a dica que Yossef estava recebendo, que do mesmo modo que a cobra falou contra D'us,
Yossef falou mal de seus irmãos e deveria, então, se arrepender do que fez de errado”.
O Dr. David Zalman saiu muito feliz, pois havia descoberto uma ‘pista’ em relação ao
incenso e outra em relação às cobras no poço. Ao contar tudo isto a seu irmão mais jovem, ele
lhe falou: “Está faltando uma peça neste quebra-cabeça: Rashi não disse que havia escorpiões
junto com as cobras no poço em que Yossef foi jogado? E para que seu raciocínio tenha
sentido, deveria haver uma explicação para os escorpiões também!”
O Dr. Rosenblum ficou perplexo: ele tinha certeza que se o incenso e as cobras
simbolizavam o pecado de Yossef, então com certeza os escorpiões deveriam ter algum
significado também.
Quatro dias depois, o Dr. Rosenblum estava em seu consultório lendo um jornal médico,
chamado Pediatric Neurology (volume 17, número 4), quando se defrontou com o seguinte na
página 304: “Uma criança de 13 anos de idade sofreu de mutismo (a inabilidade de falar) por
quase seis meses após ser picada por um escorpião! O mutismo durou vários meses até que a
criança conseguisse murmurar algumas sílabas e começar a se comunicar novamente”.
Alguém poderia imaginar que uma pessoa picada por escorpiões ficaria incapacitada de
falar? Eis a grandeza da Torá! Como explicou o Talmud, o poço continha cobras e escorpiões
para ensinar algo a Yossef: a cobra falou maledicências contra D'us e o escorpião tem a
capacidade de fazer com que uma pessoa fique incapacitada de falar.
Que incrível: três dicas precisas sobre o erro de Yossef ao falar mal de seus irmãos.
Mas por que o incenso é um símbolo de perdão para aqueles que falaram Lashón
HaRá? Vejam a resposta do Talmud (tratado Arahin, 16a): “O Ketoret vem para perdoar o
pecado de maledicência e fofocas. O incenso, que era oferecido no Beit Hamikdash de manhã
e à tarde, era queimado quando não havia espectadores ao redor. O Cohen (sacerdote) dirigia-
se até o altar de ouro que ficava na parte interior do Templo e o oferendava lá, longe dos olhos
dos demais. Ou seja: da mesma maneira que uma pessoa, em geral, faz fuxicos e intrigas
contra outros em particular, para isto veio o incenso que é queimado num ambiente particular
para perdoar a pessoa que falou mal dos outros”.
Mas eu pensei que talvez haja mais um motivo pelo qual o incenso vem perdoar aqueles
que falaram Lashón HaRá. O Zôhar (o livro básico da Cabalá) traz uma dica de algo que é
extremamente poderoso para proteger a pessoa contra todas as coisas ruins que possam lhe
ocorrer e eis a sua linguagem: “É um decreto de D'us que todo aquele que ler diariamente o
trecho da Torá que relata sobre o incenso, salvar-se-á de toda e qualquer coisa ruim presente
no mundo (Zôhar, Parashá Vaiakhel)”.
Qual o motivo de a leitura deste trecho ser algo tão poderoso? Creio que o motivo é o
seguinte: o incenso que era ofertado no grande Templo de Jerusalém consistia de onze
especiarias diferentes, sendo que uma se chamava Helbena. Esta erva apresentava um odor
horrível. Mas se era assim, por que colocá-la junto das outras especiarias aromáticas? O
Rabeinu Bahie (Espanha, 1263-1340) elucidou em seu livro de explicações sobre a Torá: “A
Helbena tem um odor terrível e mesmo assim é incluída no incenso. Por quê? Ela vem,
simbolicamente, nos ensinar para não abrirmos mão das pessoas que não gostamos, deixando
de ajudar ou orar por elas. Não as exclua!”
Existem muitas pessoas que moram perto de nós, mas que não convidamos, por
exemplo, para uma refeição de Shabat. Ou pessoas que não ‘vamos com a cara’, sem nenhum
motivo em especial, e não as ajudamos nem nos interessamos por elas. E assim por diante.
Esta é a mensagem do incenso: não excluamos estas pessoas e sim, esforcemo-nos
para incluí-las em nossas vidas.
Mais um exemplo disto é a palavra, em hebraico, utilizada para designar um grupo de
dez ou mais homens que se juntam para rezar: ‘Tsibur’. Em hebraico, esta palavra é composta
por apenas três letras:(tzadik, beit e reish) Tsadik, Beinonit e Rashá. Estas são também as
letras iniciais das palavras ‘Tsadikim’ (justos), ‘Beinonim’ (medianos) e ‘Reshaim’ (pessoas não
boas). Isto vem nos ensinar que precisamos nos esforçar para unir as pessoas, não apenas
criticá-las e afastá-las. Talvez elas não tiveram uma boa casa como nós, ou talvez não tiveram
professores tão bons quanto os nossos. Portanto, ao incluí-las, estaremos gerando uma
verdadeira unidade e fraternidade dentro do Povo.
E este é o significado de a especiaria de mau odor, a Helbena, estar entre aquelas de
bom odor: mesmo que não ‘cheire’ tão bem, nós a incluímos entre as demais porque ela faz
parte daquela unidade chamada Ketoret, o incenso do Beit Hamikdash.
odos sabemos que um dos grandes problemas da atualidade em nosso Povo é o
problema de Shiduchim (pronuncia-se Shidurrim). Existem em todos os lugares
rapazes excelentes procurando moças excelentes e moças maravilhosas
procurando rapazes maravilhosos para casar, mas sem sucesso.
Uma destas moças, há algum tempo atrás, foi a Israel visitar o Rabino Haim Kanievski,
um dos líderes do Judaísmo hoje em dia, para pedir uma berachá (bênção. Pronuncia-se
berarrá) para encontrar sua ‘cara-metade’.
Uma das pessoas mais maravilhosas neste universo é a esposa do Rabino Kanievski.
Ela consegue ter paciência, sorrir e ser amigável com qualquer ser humano que venha à sua
casa (e realmente são muitos). Esta moça, então, disse à Rebetsin (a esposa do Rabino) que
ela tinha vindo pedir uma berachá para achar seu Shiduch. A Rebetsin respondeu-lhe: “Você
quer uma ‘dica’ certa para achar seu Shiduch? Estude diariamente duas leis sobre como cuidar
de sua fala (Shemirát HaLashón)!”
Sabem o que pensei quando a moça me contou isto? Não era apenas um ‘amuleto
cabalístico’ que a Rebetsin havia lhe passado, que ao se estudar estas leis logo apareceria um
marido ideal. Ao se estudar duas leis diariamente, a pessoa irá aprender o que realmente é um
casamento: é um relacionamento onde as palavras trocadas entre o casal podem construir e
elevar o outro cônjuge, ou o contrário. Ao se estudar as leis da fala, a pessoa aprende a usar
suas palavras para inspirar os demais, não para desmoralizá-los. Aprenderá também a
encorajar o seu cônjuge, não a desencorajá-lo(a).
Aqueles que entendem sobre o assunto de casamento sabem que o que um bom rapaz
procura numa possível esposa é que seja uma moça carinhosa, que tenha consideração por
seu marido e o encoraje. É verdade que existem muitos ‘espertos’ que procuram uma noiva
rica. Porém, o segredo para se casar e se manter casado não é o dinheiro, mas um rosto
sorridente e palavras de consideração.
Outro motivo pelo qual vale a pena a pessoa tomar cuidado com sua fala, explicou o
Hafêts Haim, o Rabino Israel Meir Kagan (Polônia, 1839-1933), o grande líder do mundo
Judaico até seu falecimento, na década de 30, é que somente assim é garantido que as preces
da pessoa serão atendidas. Quando uma pessoa aprende sobre as leis da fala e daí então
começa a se cuidar de não mais usar um vocabulário baixo (palavrões), de não zombar nem
humilhar o próximo, de não fofocar ou criar intrigas, etc, somente aí as suas orações serão
atendidas.
Vejam o brilhante exemplo que ele contou: “Se alguém quer construir um armário, não o
conseguirá se utilizar um serrote sem dentes ou um martelo sem cabo. E mesmo que consiga
alguma coisa, qualquer um perceberá a péssima qualidade daquele móvel. Se o marceneiro
não tem ferramentas adequadas, não será nenhuma surpresa que não conseguiu fabricar um
móvel bom”.
Explicou então o Hafêts Haim: “Quando rezamos ou estudamos Torá, cada palavra que
pronunciamos cria um anjo, e estes anjos sobem até os Céus e levam nossas palavras até o
Trono Celestial e D'us nos ouve”.
“Entretanto, se criarmos anjos ‘capengas’ porque nossas bocas disseram algo que não
era verdadeiro, ou porque falou algo ofensivo ou doloroso, então nossas bocas se tornam
T
como um ‘serrote sem dentes’ e não conseguem levar as palavras da reza adequadamente até
lá em cima”.
Podemos então entender melhor o que a Rebetsin Kanievski falou: ao se estudar duas
leis sobre como ter uma fala adequada, poderemos conseguir com que nossas preces sejam
atendidas, que construamos anjos perfeitos que levarão nossos pedidos intactos até o Criador
e não apenas que seja um amuleto para conseguir um bom marido.
Talmud (Taanit 25b) conta uma história fascinante: certa vez havia uma
estiagem em Israel. Pediram ao Rabino Eliezer, o líder do Povo na época, para
que rezasse pedindo chuva, mas suas preces não foram atendidas. Pediram
então a Rabi Akiva, um discípulo do Rabino Eliezer, e quando este rezou, as chuvas
começaram a cair.
As pessoas começaram a falar: vejam só, o aluno Akiva é maior que seu mestre, o
Rabino Eliezer. Mas explicou o Talmud: não foi este o motivo pelo qual as preces de Rabi
Akiva foram atendidas e as do Rabino Eliezer não. O motivo foi que Rabi Akiva costumava
‘abrir mão de seus direitos’ e o Rabino Eliezer não.
Muitas vezes alguém faz algo ruim contra nós. Rabi Akiva vem nos ensinar: “Olhe para o
outro lado!”. Ao não ‘encrencarmos’ com a outra pessoa, D'us também olhará para o outro lado
se fizermos alguma coisa contra a vontade Dele. Nenhum de nós é perfeito e muitas vezes
gostaríamos que o Todo-Poderoso não ‘olhasse’ para os nossos erros. O segredo para isto é:
aquele que abre mão de seus direitos e deixa passar alguma ofensa ou coisa ruim que lhe
fizeram, lhe é garantido que o Todo-Poderoso agirá assim com ele, também, atendendo seus
pedidos e suas orações.
Eis, então, uma segunda coisa que estamos aprendendo para fazer antes mesmo do
início das orações: tomar cuidado em construir anjos bons com nossas bocas, para que as
rezas sejam ouvidas e bem aceitas e, segundo, abramos mão de nossos direitos para evitar
arrumar encrencas. Isto pode acontecer com nossos amigos, irmãos, primos, etc, que muitas
vezes acabam fazendo alguma coisa que não gostamos ou que pensamos que seria melhor se
fosse feita de forma diferente. A solução nestes casos é: sempre que possível, abra mão de
seus direitos e vontades e conceda a vez e a palavra ao seu interlocutor.
á uma passagem fascinante no Talmud, no tratado Shabat 104a. Lá o Talmud
explica o significado e a posição das letras do alfabeto hebraico. Existem dois
formatos para a letra Pê (seria o equivalente à letra P, em português). Outra coisa
interessante é que a palavra ‘boca’ em hebraico é ‘PE’, ou seja, é praticamente igual ao som da
pronuncia da letra Pê. Uma se escreve de forma aberta e a outra de forma fechada. O Talmud
nos explica então que estes dois formatos de letra vêm nos ensinar que muitas vezes devemos
usar o ‘PE’ aberto, ou seja: devemos abrir nossas bocas para dizer coisas boas e gentis sobre
e para os outros. Por outro lado, às vezes devemos utilizar o ‘PE’ fechado, ou seja: devemos
fechar a boca para não fazer ‘comentários’, falar palavras de baixo calão, atormentar o marido
ou a esposa, etc.
Para muitas pessoas, informação é poder e prestígio. Frequentemente, quando uma
pessoa tem um conhecimento exclusivo sobre um evento ou um indivíduo, ela se delicia em
compartilhar esta informação com os demais, exibindo sua habilidade em conseguir ‘dados
confidenciais’.
Deixem-me lhes contar uma grande história:
Ela aconteceu em Londres, Inglaterra, mas poderia ter acontecido em qualquer outro
lugar. Existem em muitas cidades do mundo organizações do tipo Tomchei Shabbos
(pronuncia-se Tomrrei Shabes) que se encarregam de prover alimentos para o Shabat a
famílias carentes. Semanalmente, com impressionante eficiência, um grupo de voluntários
compra comidas típicas de Shabat, como suco de uvas, peixe, Halót (o pão trançado típico do
Shabat), frango e bolo de atacadistas que vendem estes alimentos a preço de custo ou até
O
H
mesmo os doam. Outro grupo de voluntários reúne-se num galpão onde as provisões são
armazenadas. Eles então embalam os alimentos em caixas de papelão, conforme o tamanho
da família a ser beneficiada. Na quarta-feira ou quinta-feira, um terceiro grupo de voluntários
entrega os pacotes às famílias carentes.
Raramente algum dos voluntários sabe a identidade de algum dos recebedores destes
pacotes, de forma que estes últimos não passem vergonha por estar recebendo ‘Cestas
Básicas de Shabat’. Muitas vezes as caixas são deixadas na portaria do prédio do recipiente,
para que não haja um contato ‘cara a cara’ entre o voluntário e algum membro da família
recipiente. Manter a dignidade dos recebedores é um dos princípios básicos dos dirigentes do
Tomchei Shabbos.
Em Londres, o Sr. Zalman Beker (nome fictício) era o encarregado de coletar os fundos
para a Tomchei Shabbos. Duas vezes por semana ele visitava potenciais doadores.
Certa vez lhe indicaram uma pessoa muita rica e lhe disseram que talvez ele fizesse
uma boa doação para a organização. O Sr. Zalman foi a casa deste homem, que era conhecido
por sua generosidade, apresentou-se e depois de algumas amenidades, disse: “Estou
coletando fundos para a organização Tomchei Shabbos e gostaria de lhe pedir sua ajuda“. O
homem não questionou quanto dinheiro a organização gastava mensalmente, seu déficit ou
quão eficientemente o dinheiro era empregado. Ele simplesmente falou: “Tudo bem, posso lhe
ajudar, mas gostaria de saber para onde o dinheiro está indo, quem são os que recebem os
pacotes”. O Sr. Zalman lhe respondeu, surpreso: “O senhor sabe que não posso lhe contar
quem são os que recebem os alimentos. Isto é algo estritamente confidencial, ninguém sabe
quem eles são! Até os motoristas que entregam as caixas moram em bairros diferentes e
recebem apenas um endereço onde entregá-las para não saberem a quem estão entregando!
Eles não conhecem as famílias para que estas não se envergonhem. Nós nunca contamos a
ninguém!”
“Veja”, falou o homem. “Eu não gostaria de dar para uma organização. Prefiro doar a
alguma família em particular para me sentir conectado a eles, para sentir que estou realmente
lhes ajudando”. Vendo que o sr. Zalman não se comoveu com seu apelo, o homem falou:
“Ouça: eu pretendia lhe dar 250 libras esterlinas, mas vou lhe dar £$ 500,00”.
O Sr. Zalman respondeu: “Não posso, nós nunca fizemos isto e não vou fazer agora!”
“O senhor não está me entendendo”, disse o homem, ficando exasperado. “Eu apenas
quero me sentir conectado a alguma família. Passe-me apenas um nome. Não vou contar a
ninguém. Abra uma exceção e vou lhe dar £$1.000,00!”
O Sr. Zalman ficou bravo, levantou-se para sair e disse: “Vou-me embora, pois mesmo
se o senhor me desse £10.000,00 eu não lhe contaria, pois esta é nossa política e nunca será
mudada enquanto eu estiver encarregado disto!”
De repente o homem falou: “Por favor, sente-se” e começou a chorar. Aí ele disse,
soluçando: “Faça-me um favor: coloque-me em sua lista. Eu não tenho mais o dinheiro que
tinha. Minha família e eu não temos mais nada. Estou desempregado e batalhando diariamente
por nossa sobrevivência. Muitas pessoas pensam que continuo um homem muito rico e foi por
isto que lhe mandaram vir falar comigo. Mas eu estava muito envergonhado de ligar para o seu
escritório, porque pensei que, com certeza, logo as pessoas estariam comentando que eu
agora estou em sua lista. Eu estava tentando ver se havia alguma maneira que o senhor me
revelasse os recipientes de sua lista, mas agora que vi como o senhor é cuidadoso e que não
irá contar a ninguém, então, por favor, coloque-me em sua lista”.
O Talmud no tratado Yomá (4b) nos ensina algo que muitas pessoas desconhecem. Por
exemplo: se alguém conta alguma coisa a outra pessoa e lhe diz para guardar segredo, aí ela
não repetirá a informação para mais ninguém. Fala o Talmud: “É justamente o contrário: não
podemos passar para frente nenhuma informação que tenhamos recebido a menos que
tenhamos recebido permissão expressa para fazê-lo. Segredo ou não segredo, somo proibidos
de repeti-la sem autorização”.
Devemos respeitar a dignidade dos demais. Às vezes uma pessoa tem um problema e
quer desabafar com alguém, mas com certeza ela não quer que sua vida seja ‘colocada no
jornal’!
xiste um livro em nossa literatura chamado Nefesh HaHaim, de autoria do Rabino
Haim de Volozin (Lituânia, 1749-1821). Em seu prefácio, seu filho, o Rabino
Ytschak escreveu que seu pai sempre costumava repetir sobre a importância de
se envolver com a dor e o sofrimento dos demais. O Rabino Haim costumava dizer: “Ló
Leatsmó Nivrá – Nenhuma pessoa foi criada para si só”.
Todos foram criados por D'us com determinados talentos: alguns sabem desenhar,
outros sabem falar em público, outro tem facilidade com trabalhos manuais, outro sabe
escrever bem e assim por diante. O Todo-Poderoso não criou ninguém para que utilizasse
seus talentos apenas para si próprio, para que ficasse um individuo rico, coberto de honras e
glórias. Ele deu talentos a cada um de nós para que os utilizássemos para beneficiar o
próximo. Permitam-me contar-lhes sobre uma pessoa simples, um judeu que milhares de
pessoas devem sua vida a ele. E tudo por que certa vez ele disse: “Vou me esforçar para que
isto nunca mais se repita!”
Num certo dia da primavera de 1962, o Sr. Hershel Weber, morador do bairro de
Williamsburg em Nova York, estava saindo da sinagoga em que costumava rezar e estudar,
quando ouviu um homem que estava passando na frente da sinagoga gritar que estava com
uma dor terrível no peito. E de repente o homem caiu no chão, bem à sua frente.
O Sr. Hershel começou a gritar: “Socorro, socorro”, mas não havia nenhum médico por
perto. Logo chamaram a polícia e uma ambulância. O Sr. Hershel ficou ao lado do homem,
sem saber o que fazer, mas dizendo-lhe que a ajuda estava a caminho. Hershel viu o homem
perder a consciência e seu rosto ficar azul. Tragicamente, alguns minutos depois o homem
estava morto na calçada.
Pouco depois, dois policiais chegaram. Enquanto tomavam notas e analisavam a
situação, o Sr. Hershel ouviu um oficial dizendo ao outro: “Se tivéssemos conseguido chegar
alguns minutos mais cedo, poderíamos ter salvado este homem”.
O Sr. Hershel ficou chocado e traumatizado pelo ocorrido. Sabem o que ele fez? Ele
dirigiu-se até uma loja de suprimentos médicos e comprou um pequeno tanque de oxigênio e
guardou-o consigo na sinagoga. Ele falou: “Não quero nunca mais em minha vida ficar assim
sem ação. Vou guardar este tanque de oxigênio comigo e utilizá-lo se me for possível”. Todos
pensaram que ele enlouquecera.
Depois se matriculou num curso de primeiros socorros ministrado pela Cruz Vermelha e
levou alguns amigos com ele.
E as pessoas começaram a ligar. Quando havia alguma pequena emergência, logo lhe
telefonavam. Alguns meses depois, um senhor de idade que vivia em Williamsburg faleceu
enquanto dormia. Quando sua esposa acordou na manhã seguinte, percebeu imediatamente
que algo de muito terrível acontecera. Ela correu até a janela que dava para a rua e gritou
desesperadamente por ajuda. Logo uma multidão juntou-se dentro e fora de sua casa. Alguém
gritou: “Tragam o Hershel Weber!”
O senhor Hershel veio correndo com seu fiel tanque de oxigênio e alguns equipamentos
médicos básicos. Logo que examinou o homem, percebeu que não havia nada que pudesse
fazer. O homem já havia falecido há horas.
Ele saiu do quarto cabisbaixo e falou algumas palavras de consolo à viúva. Enquanto
descia os degraus da escada que dava para a rua e abria caminho entre a grande multidão que
se aglomerara, alguém falou: “Você viu o Hershel? Ele matou o homem!”
O Sr. Hershel ficou chocado: ele havia vindo para ajudar! Aquele que fez este
comentário desprezível deve ter pensado que já que Hershel não era médico, o idoso homem
havia morrido por ter recebido um socorro inadequado.
O Sr. Hershel começou a chorar incontrolavelmente. Como, pensou ele, um judeu
poderia dizer uma coisa destas sobre outro judeu?
E
Pelos próximos dois dias Hershel estava devastado. Toda vez que se lembrava
daquelas palavras, seus olhos se enchiam de la(á)grimas. Ele então decidiu ir conversar com o
Rebe de Satmer, o Rabino Yoel Teitelbaum (1887-1979), o maior e mais influente líder
Hassídico de Williamsburg.
O Sr. Hershel recontou o incidente para o Rebe e perguntou: “O senhor não acha que
seria uma boa ideia se houvesse um grupo que se tornasse versado em medicina emergencial,
para que pudessem se disponibilizar à comunidade, de forma voluntária, toda vez que alguma
necessidade surgisse?”
O Rebe de Satmer pediu para Hershel trazer-lhe da estante o livro Shaarei Teshuvá, um
livro clássico de nossa literatura, de autoria do Rabino Yoná Guirondi (1180-1263). Lá o Rebe
abriu no terceiro capítulo, onde se lia: “É benéfico e muito apropriado que haja em cada cidade
voluntários inteligentes preparados e disponíveis para qualquer assistência (Hatsalá), para
ajudar um homem ou mulher em angústia”.
O Rebe olhou para o Sr. Hershel Weber e disse: “Inicie a organização da qual falou e,
por causa desta expressão no livro Shaarei Teshuvá, chame-a de Hatsalá!”
E assim foi que surgiu a grande organização Hatsalá. Um homem, aparentemente
passando por um determinado local por pura coincidência, reconheceu uma necessidade
imperativa da comunidade. Muitos poderiam tê-lo feito, mas o Todo-Poderoso escolheu
Hershel Weber porque ele tiraria o melhor proveito da situação.
Hoje a palavra Hatsalá já faz parte do vernáculo nova-iorquino. Desde sua concepção,
os voluntários da Hatsalá já salvaram milhares de vidas e aliviaram o sofrimento de dezenas de
milhares de pessoas, inclusive no ataque às Torres Gêmeas, em Nova York, em 11 de
setembro 2001. Muitos livros poderiam ser escritos sobre as experiências heróicas e
emocionantes de seus membros e sobre as pessoas que por eles foram salvas, mas não o
serão, pois a Hatsalá exige absoluta confidencialidade de seus membros. Seu sacrifício não
conhece limites e seu comprometimento é total, e são heróis que merecem apoio e
reconhecimento da sociedade em geral.
Dá para imaginar os frutos que seriam gerados apenas porque um homem simples
disse: “Não quero nunca mais em minha vida ficar sem ação!”?
ouve em nossa história um Rabino muito importante conhecido como Ramban.
Este é um acrônimo para Rabino Moshe ben Nachman (Nachmânides) (1194-
1270), de Gerona, na Espanha, um dos líderes da Torá durante a Idade Média.
Entre suas inúmeras e importantes obras, há uma carta que ele escreveu para seu filho para
fortificar-lhe a visão de humildade. Nela consta: “Acostume-se a dirigir-se a qualquer pessoa,
sempre, com calma e tranquilidade”.
O Ramban veio ensinar que devemos falar com calma, num tom agradável, sempre e
com todos. Falemos de maneira amigável, cumprimentemos as pessoas em nossa casa, no
local de trabalho ou estudo, em todo lugar. Quantas pessoas agradecem ao motorista do
ônibus ou táxi que lhe trouxe até o seu destino? Ou ao ascensorista num elevador? Eles são
seres humanos e merecem nosso respeito e cordialidade.
Certa vez ouvi uma expressão brilhante: “Você não precisa parar pelo resto de sua vida,
você só precisa parar por hoje!”
Esta seria uma grande expressão para quem está de dieta ou tentando parar de fumar
ou beber, mas serve perfeitamente para pensarmos em como progredir espiritualmente em
direção a um novo e melhor ano.
É muito difícil uma pessoa que é, por exemplo, nervosa, tomar a resolução de que
“neste ano que se inicia, não vou mais me zangar ou discutir com ninguém!” É uma tarefa tão
grande, que pode lhe ser quase impossível. “Mas você não precisa parar pelo resto de sua
vida. Apenas hoje!” E o que será amanhã? Amanhã pensarei amanhã. Por enquanto,
H
concentre-se em viver dia- a- dia, esforçando-se bastante no momento em que está vivendo
agora.
O Rambam, acrônimo para Rabino Moshe ben Maimon (1135-1204), um dos maiores
Sábios de toda a História do Judaísmo, escreveu: “Sabem o que quer dizer Ahavat Israel (Amar
a outro judeu como a si mesmo)? Significa que cada um deve amar o próximo como ama a si
próprio. Portanto, deve falar coisas boas sobre os demais!”
Vocês sabiam que há um estudo que revelou que dezenove de cada vinte comentários
que os pais, em geral, fazem a seus filhos são críticas? “Não faça isto, não faça aquilo, não
derrube o leite, etc”. Isto vale também para o relacionamento professor aluno: existe a
necessidade de haver mais mensagens positivas e de incentivo, e não apenas críticas.
Amigos também precisam desenvolver este hábito: não fazer ‘comentários’ ou
‘observações’ sobre outras pessoas, ou escolher, num grupinho, aquele ‘coitado’ que será o
bode expiatório da vez. Precisamos aprender a cumprimentar e louvar os demais, e não o
contrário.
O mesmo vale para maridos e esposas. Gosto muito de uma expressão que ouvi: “Se a
esposa quer ser elogiada pelas Halót (o pão trançado típico do Shabat) que preparou, deve
agradecer o marido pela ‘massa’ que ele trouxe para casa”.
Existe uma passagem no Talmud, no tratado Shabat, que nos ensina que após os 120
anos, quando toda pessoa subir perante o Trono Celestial, ser-lhe-á perguntado: “Você honrou
seu amigo como um rei? Ou sua amiga como uma rainha?” Está é uma de nossas tarefas na
vida: tratar o próximo como se fosse um rei ou rainha sobre nós, e isto vale para amigos,
cônjuges, colegas de trabalho, etc.
ostaria de concluir trazendo uma história que nos inspirará e ensinará sobre o
quanto podemos conseguir com palavras de incentivo e carinho:
esporte nos Estados Unidos não é apenas uma indústria multibilionária, mas rara
é a criança que cresceu nos Estados Unidos que não haja participado de algum
esporte de competição, seja basquete, handball, futebol ou baseball. Apesar de o
baseball ser um esporte típico americano, a mensagem desta história tem seu apelo universal,
pois trata de valores de sensibilidade, autoestima e aceitação.
No Brooklin, Nova York, existe uma escola chamada Hush, que cuida de crianças com
problemas motores e de aprendizado. Algumas crianças permanecem em Hush por toda sua
carreira escolar, enquanto outras podem ser dirigidas a escolas ou Yeshivás convencionais. Há
crianças que frequentam Hush durante a maior parte da semana e vão a uma escola
convencional nos demais dias.
Durante um jantar para coleta de fundos na escola, o pai de um dos alunos fez um
discurso que nunca se apagará da mente de todos os que lá estavam. Após elogiar a escola e
seu dedicado corpo de funcionários, ele exclamou com angústia na voz: “Onde está a perfeição
em meu filho Shaya? Tudo o que D'us faz, Ele faz com perfeição. Mas meu filho não consegue
entender as coisas como as demais crianças. Meu filho não consegue lembrar-se de fatos e
figuras como as outras crianças o fazem. Onde está a perfeição de D'us?” A audiência ficou
chocada com a questão e triste com a angústia do pai.
“Eu acredito”, respondeu o pai, “que quando D'us traz uma criança como esta para o
mundo, a perfeição que Ele procura está na maneira como as pessoas reagirão a esta criança”.
Então ele contou a seguinte história sobre seu filho Shaya:
Shaya frequentava Hush durante a semana e a Yeshivá Darchei Torá aos domingos.
Numa tarde de domingo, Shaya e seu pai vieram à Yeshivá quando seus colegas de classe
jogavam beisebol. Ele adorava beisebol, mas devido à sua falta de coordenação, nem sempre
G
O
era escolhido para jogar. O jogo estava em andamento, quando Shaya e seu pai se
aproximaram do campo. Shaya então falou: “Pai, você acha que consegue que me deixem
jogar?”
O pai de Shaya sabia que seu filho não era do tipo ‘atlético’ e que muitos dos meninos
não iriam querer ele no time. Mas ele sabia também que se seu filho pudesse jogar, isto lhe
daria um tremendo sentimento de autoestima.
O pai aproximou-se de um dos garotos no campo e perguntou: “Vocês acham que meu
Shaya poderia entrar no jogo?” O garoto olhou em volta para seus colegas de time e como
ninguém mais se manifestasse, e o time estava perdendo e o jogo quase no final, ele falou:
“Por que não?” e Shaya entrou.
O pai de Shaya estava muito feliz e o garoto com um largo sorriso. Shaya vestiu uma
luva e foi para o centro do campo. Não houve protestos do outro time, que estaria agora
enfrentando um time com um jogador a mais.
No final daquela etapa, o time de Shaya conseguiu marcar alguns pontos, mas ainda
estavam três pontos atrás do outro time. No final da nona etapa conseguiram empatar e Shaya
era o próximo a rebater. Será que o time deixaria Shaya como rebatedor a esta altura do jogo,
talvez perdendo a chance de ganhá-lo?
Mas, para surpresa geral, falaram para Shaya pegar o taco e tentar rebater, marcando o
ponto derradeiro. Todos sabiam que era impossível, pois Shaya nem sabia como segurar o
taco corretamente, muito menos rebater com ele. Entretanto, Shaya se dirigiu até a sua base.
O arremessador veio alguns passos para frente, para poder lançar a bola com menos força,
para que Shaya pudesse ao menos ter contato com ela.
O primeiro arremesso veio e Shaya rodou com o taco, errando a bola. Um dos colegas
do time veio até Shaya e juntos seguraram o taco, se viraram na direção do arremessador e
aguardaram o próximo arremesso. O arremessador novamente veio mais para frente, para
poder mandar uma bola mais ‘suave’ para Shaya.
Quando a bola estava chegando, Shaya e seu colega giraram o taco e juntos rebateram
a bola de volta para o arremessador, uma bola lenta e rente ao chão. O arremessador pegou a
bola e poderia facilmente tê-la jogado para seu colega da próxima base. Teriam ganhado o
ponto e acabado com o jogo.
Ao invés disto, o arremessador pegou a bola e lançou-a bem para o alto e para a direita,
muito longe do alcance do rapaz da primeira base. Todos começaram a gritar: “Shaya, corra
para a primeira base! Corra para a primeira!” Nunca em sua vida Shaya havia corrido para a
primeira base.
Ele correu com toda sua força até a primeira base, com os olhos arregalados, um pouco
assustado e surpreso. Quando atingiu a base, o rapaz desta base já estava com a bola na
mão. Ele poderia tê-la jogado para a segunda base, fechando o ponto enquanto Shaya ainda
estava correndo. Mas havia entendido qual era a intenção do arremessador, e arremessou a
bola bem para o alto e longe do rapaz da segunda base, enquanto todos gritavam: “Shaya,
corra para a segunda! Corra para a segunda!”
Shaya correu para a segunda base. Quando chegou lá, o rapaz do outro time virou-o em
direção à terceira base e gritou: “Corra para a terceira!”
Quando Shaya contornou a terceira base, os garotos de ambos os times corriam atrás
dele, gritando: “Shaya, corra para ‘casa’ (a quarta e última base do campo)! Para ‘casa’!”
Shaya correu para ‘casa’, pisou na quarta base e todos os 18 garotos que estavam
jogando levantaram-no sobre os ombros e o carregaram como a um herói, que conseguiu
marcar o ponto derradeiro e ganhar o jogo para seu time.
“Naquele dia”, falou o pai, que agora tinha lágrimas escorrendo por sua face, “aqueles
dezoito garotos chegaram a um nível de perfeição. Eles demonstraram que não são apenas
aqueles agraciados com talento que devem ser reconhecidos, mas também os que têm menos
talentos. Eles também são seres humanos, também têm emoções e sentimentos e querem se
sentir importantes!”
Esta é a excepcional lição deste episódio: “Frequentemente procuramos favorecer e
honrar aqueles que têm mais que nós. Mas existem pessoas que têm menos amigos que nós,
menos dinheiro e menos prestígio. Estas pessoas especialmente precisam de nossa atenção e
reconhecimento. Devemos tentar atingir o nível de perfeição nos relacionamentos humanos
que os garotos da Yeshivá Darchei Torá conseguiram. Porque, se as crianças conseguem usar
suas palavras para construir mundos, nós adultos certamente somos capazes de consegui-lo
também!”
Gamar Hatimá Tová
e que
Todos Tenham um
Excelente 5777!!

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Palavras constroem mundos

  • 1. Palavras Constroem Mundos ! Rabino Paysach J. Krohn ELUL - 5766 2006
  • 2. m dos maiores e mais solicitados oradores americanos da atualidade, o Rabino Paysach J. Krohn conquista a sua platéia através de suas idéias e das histórias que utiliza para frisá-las. Conhecido mundialmente por sua série de livros sobre o Maguid de Jerusalém, o Rabino Shalom Shwadron Z”TL (The Maggid Speaks, Around the Maggid’s Table, In The Footsteps of the Maggid, Along the Maggid’s Journey, Echoes of the Maggid, Reflections of the Maggid, etc), repleto de histórias do cotidiano judaico desde os anos 1700 até hoje, suas palestras são recheadas de humor, animação, sensibilidade, calor humano e sabedoria. Suas palestras, CDs, vídeos e livros são entusiasticamente aguardados e bem-vindos em todo o mundo. Seu estilo é inconfundível: transmite suas importantes mensagens falando um inglês rápido, mesclando seu gigantesco repertório de histórias com muitas ‘tiradas’ de humor. O Rabino Krohn faz parte da quinta geração de uma família de mohelim e é autor do livro Bris Milah, um livro amplamente aclamado sobre as leis e costumes desde o nascimento da criança até a circuncisão, além de outros seis livros recheados de histórias e parábolas. Nesta palestra ele mescla histórias e exemplos de sabedoria, idealismo, humor, amor, animação e sensibilidade por nossos irmãos. Se ele tem sucesso? Pergunte a alguma dos milhares de pessoas que comparecem às suas palestras ou que fazem de seus CDs parte indispensável de suas vidas. Seus muitos livros, palestras e vídeos estão disponíveis em http://www.artscroll.com/search/paysach.aspx Boa leitura! U
  • 3. EM MEMÓRIA DE: Admór Rebe Eliezer ben Admór Rebe Yehoshua Horwitz Z”tl, Admór de Mélitz Avrahám ben Mordechái HaLevi Siegel Z”L Avraham Yehuda Avir ben Yehoshua Magid Z”L Zeêv ben Ytschak Yaacov Z”L Guedale ben Haim Yehuda Z”L Ytschak Yacov ben Haim Yehuda Z”L Zeev ben Haim Yehuda Z”L Haim Shaul ben Sara Z”L Yaacov ben Nachum Z”L Reuven ben Yacov Z”L Yaacov Leib ben Mordechai Z”L Mordechai ben Leibe Z”L Mordechai ben Moshe Z”L Hershel Halevi ben Manes Z”L Calmen ben Yaacov Leib Z”L Abi ben Chil Z”L Chil ben Abi Z”L Moshe ben Avraham Z”L Luiz ben Herman Z”L Nahum ben Yaacov Z”L Menachem ben Yehuda Baruch Z”L Hana bat Mordechai Z”L Guita bat Haim Z”L Sara bat Mordechai Z”L Ite bat Nachum Z”L Henia Lea bat Shmuel Z”L Luba bat Yossef Z”L Sara bat Zeev Z”L Creindl bat Hava Z”L Sara bat Chie Z”L Hana Braine bat Shepsel Z”L Rachel bat Avraham Shmuel Z”L
  • 4. á alguns anos atrás, em Flatbush, Nova York, um senhor já de idade, que sempre se sentava na parte de trás da sinagoga, falou ao Rabino que queria doar um Sefer Torá. O cavalheiro, Sr. Shimshon Braum (nome fictício) comentou ao Rabino que já havia encomendado um Sefer Torá a um sofer (escriba) e agora o trabalho estava quase concluído. O Rabino ficou muito surpreso: o Sr. Braum não era conhecido como uma pessoa de posses e o custo de um Sefer Torá pode chegar a 30.000 dólares. O Rabino conversou com o sofer e descobriu que o Sr. Braum havia pago pequenas somas durante muitos anos e recentemente fizera o último pagamento. O Sefer Torá estaria concluído em alguns dias. No Shabat, o Rabino anunciou as boas notícias aos congregantes e todos se dirigiram ao Sr. Braum para cumprimentá-lo e agradecer por sua generosa dádiva à sinagoga. Planos foram feitos para a Hachnassat Sefer Torá, o recebimento do Sefer Torá na sinagoga. Algumas semanas depois, numa bela tarde de domingo, a congregação reuniu-se na casa do Sr. Braum e escoltou-o enquanto carregava o Sefer Torá de sua casa para a rua, onde caminhou para trazer a Torá à sinagoga. Danças e cantos acompanharam aqueles que se revezavam para carregar a Torá, e uma refeição especial os aguardava na sinagoga em honra à ocasião. Alguns dias depois, um vizinho perguntou ao Sr. Braum se havia algum motivo em particular pelo qual ele decidiu que um Sefer Torá deveria ser escrito. No começo ele hesitou em falar sobre o assunto, mas no final concordou e contou sua chocante e comovente história: Shimshon Braum tinha apenas 16 anos quando os nazistas o prenderam, seus pais e suas irmãs em Lodz, na Polônia, e os enviaram a um dos notórios campos de concentração. Pouco após a sua chegada, os pais foram separados das crianças e Shimshon nunca mais ouviu falar deles. Ele foi colocado em um campo de trabalhos forçados e passou diariamente por humilhações e sofrimentos. Certa noite, enquanto estava deitado na cama, um soldado nazista entrou para checar os prisioneiros. Ele passou de cama em cama – e então viu Shimshon. De repente, ele olhou para os pés de Shimshon, arrancou suas botas e gritou: “Estas botas agora são minhas”. Shimshon ficou paralisado. As botas de couro lhe foram dadas por seus pais pouco antes da família ser capturada pelos nazistas. Shimshon as queria muito, pois eram seu último elo de conexão com seus amados pais. Ele não tinha fotos, cartas, nenhuma lembrança que pudesse segurar num momento de dificuldade para se fortalecer e aguentar a situação. As botas se tornaram suas preciosas lembranças. Shimshon gritou desesperadamente. Este ato cruel do soldado nazista partiu os últimos laços tangíveis com seus pais. Era devastador. Shimshon chorou por horas e acabou adormecendo. Na manhã seguinte, ele saiu do barracão descalço e encontrou o soldado que tinha pego as botas. Desesperado, ele implorou: “Por favor, me dê um par de sapatos. Não tenho nada para calçar em meus pés. Vou congelar até a morte”. Ele nem se atreveu a antagonizar o soldado pedindo de volta suas próprias botas. Para surpresa do rapaz, o soldado falou: “Espere aqui. Voltarei em cinco minutos com sapatos para você”. Shimshon tremia de frio enquanto esperava o soldado voltar. Em alguns minutos o soldado retornou com um par de sapatos e o entregou para o surpreso, mas agradecido jovem. H
  • 5. Shimshon voltou ao barracão e sentou-se na cama para calçar seus novos sapatos. Ele os examinou cuidadosamente. Eram feitos de madeira, como tamancos, mas ele sabia que teria que usá-los independentemente do material que eram feitos ou de quão desconfortáveis seriam. Quando estava para colocar seu pé no sapato, ele olhou para seu forro e engasgou: o forro era um pedaço de pergaminho de um Sefer Torá! Shimshon ficou aterrorizado: como aquele nazista podia ser tão sem coração? Como ele poderia pisar nas palavras que o Todo-Poderoso falou para Moshe (Moisés) escrever para todas as gerações? Mas Shimshon sabia que não tinha escolha. Não havia mais nada para calçar e eram estes sapatos ou morrer de frio. Hesitante, cheio de culpa, ele calçou os sapatos. Agora, muitos anos depois, o Sr. Shimshon disse: “A cada passo que eu dava, sentia-me como se estivesse pisando num Sefer Torá de D'us. Falei para mim mesmo: ‘Juro que se um dia sair vivo deste campo, não importa quão rico ou pobre eu for, algum dia providenciarei para que um Sefer Torá seja escrito e devolverei ao Todo-Poderoso a honra que Lhe tirei ao pisar em Sua Torá. Foi por este motivo que doei o Sefer Torá à sinagoga”. Impressionante, não? Esta palestra tem o objetivo de demonstrar e ensinar como podemos usar as expressões e palavras que saem de nossas bocas para construir mundos, tornando-nos pessoas melhores e que ajudam o próximo a também melhorar, conquistando e proporcionando um ano alegre e feliz para todos nós. ostaria de iniciar trazendo alguns versículos do primeiro tomo da Torá chamado, em hebraico, Bereshit (Gênesis), e aprenderemos algo sensacional. Em Bereshit, no capítulo 37, a Torá nos relata sobre a venda de Yossef (José) por seus dez irmãos, todos filhos de nosso Patriarca Yaacov (Jacob). Depois de haverem discutido, os dez irmãos reuniram-se para resolver o que fazer com seu irmão caçula, Yossef. Nisto, apareceu uma caravana de ismaelitas com seus camelos carregados de especiarias aromáticas. Rashi, o grande comentarista da Torá (França, 1040-1104), perguntou: Por que a Torá fez questão de mencionar que a caravana estava carregando especiarias? Que diferença faria a carga que estavam carregando? E respondeu citando um Midrásh (uma das explicações mais profundas da Torá) que conta que o Todo-Poderoso interveio pelo bem de Yossef: as caravanas ismaelitas normalmente carregavam cargas mal cheirosas e de forte odor, como petróleo e alcatrão. Mas como Yossef estava agora sendo carregado à força para o Egito, D'us não quis que ele viajasse em meio a um cheiro ruim e forte e por isso cuidou para que esta caravana que estava passando fosse uma exceção, carregando especiarias aromáticas, o que amenizaria a longa e desagradável viagem de Yossef. Tenho um amigo chamado Dr. David Zalman Rosenblum, um pediatra que mora em Monsey, Nova York. Certa vez ele estava estudando o Talmud, no tratado Arahin, página 16a, que conta que o Ketoret, o incenso trazido pelo Cohen no Beit Hamikdash (o grande Templo de Jerusalém) servia para perdoar o pecado de Lashón HaRá (fofocas e maledicências). Aí o Dr. Rosenblum disse: “Talvez haja mais um motivo pelo qual os ismaelitas estavam carregando agradáveis especiarias: a Torá, alguns versículos antes, nos conta que Yossef havia falado mal de seus irmãos e D'us quis que, ao sentir o aroma das especiarias, Yossef se lembrasse que o incenso veio para perdoar este pecado e que assim pudesse fazer teshuvá (arrepender-se do que havia falado de prejudicial sobre seus irmãos). O pediatra achou que talvez sua ideia fosse uma boa explicação e resolveu apresentá-la ao diretor da Yeshivá Or Sameach, o Rabino Israel Simha Shorr. O Rabino pensou por algum tempo e respondeu: “A sua explicação me fez pensar em algo que nunca pensei antes. Você sabe onde os irmãos colocaram Yossef antes de despachá-lo com a caravana ismaelita? A Torá relata: ‘Eles (os irmãos) pegaram Yossef e o atiraram dentro de um poço - o poço estava vazio, sem água’. O Talmud (Shabat 22a) explica que água não tinha, mas havia cobras e G
  • 6. escorpiões. Talvez ele foi atirado no buraco para ficar com as cobras, pois, como sabemos, a Torá logo em seu início nos conta que a cobra falou Lashón HaRá contra D'us. Talvez esta foi a dica que Yossef estava recebendo, que do mesmo modo que a cobra falou contra D'us, Yossef falou mal de seus irmãos e deveria, então, se arrepender do que fez de errado”. O Dr. David Zalman saiu muito feliz, pois havia descoberto uma ‘pista’ em relação ao incenso e outra em relação às cobras no poço. Ao contar tudo isto a seu irmão mais jovem, ele lhe falou: “Está faltando uma peça neste quebra-cabeça: Rashi não disse que havia escorpiões junto com as cobras no poço em que Yossef foi jogado? E para que seu raciocínio tenha sentido, deveria haver uma explicação para os escorpiões também!” O Dr. Rosenblum ficou perplexo: ele tinha certeza que se o incenso e as cobras simbolizavam o pecado de Yossef, então com certeza os escorpiões deveriam ter algum significado também. Quatro dias depois, o Dr. Rosenblum estava em seu consultório lendo um jornal médico, chamado Pediatric Neurology (volume 17, número 4), quando se defrontou com o seguinte na página 304: “Uma criança de 13 anos de idade sofreu de mutismo (a inabilidade de falar) por quase seis meses após ser picada por um escorpião! O mutismo durou vários meses até que a criança conseguisse murmurar algumas sílabas e começar a se comunicar novamente”. Alguém poderia imaginar que uma pessoa picada por escorpiões ficaria incapacitada de falar? Eis a grandeza da Torá! Como explicou o Talmud, o poço continha cobras e escorpiões para ensinar algo a Yossef: a cobra falou maledicências contra D'us e o escorpião tem a capacidade de fazer com que uma pessoa fique incapacitada de falar. Que incrível: três dicas precisas sobre o erro de Yossef ao falar mal de seus irmãos. Mas por que o incenso é um símbolo de perdão para aqueles que falaram Lashón HaRá? Vejam a resposta do Talmud (tratado Arahin, 16a): “O Ketoret vem para perdoar o pecado de maledicência e fofocas. O incenso, que era oferecido no Beit Hamikdash de manhã e à tarde, era queimado quando não havia espectadores ao redor. O Cohen (sacerdote) dirigia- se até o altar de ouro que ficava na parte interior do Templo e o oferendava lá, longe dos olhos dos demais. Ou seja: da mesma maneira que uma pessoa, em geral, faz fuxicos e intrigas contra outros em particular, para isto veio o incenso que é queimado num ambiente particular para perdoar a pessoa que falou mal dos outros”. Mas eu pensei que talvez haja mais um motivo pelo qual o incenso vem perdoar aqueles que falaram Lashón HaRá. O Zôhar (o livro básico da Cabalá) traz uma dica de algo que é extremamente poderoso para proteger a pessoa contra todas as coisas ruins que possam lhe ocorrer e eis a sua linguagem: “É um decreto de D'us que todo aquele que ler diariamente o trecho da Torá que relata sobre o incenso, salvar-se-á de toda e qualquer coisa ruim presente no mundo (Zôhar, Parashá Vaiakhel)”. Qual o motivo de a leitura deste trecho ser algo tão poderoso? Creio que o motivo é o seguinte: o incenso que era ofertado no grande Templo de Jerusalém consistia de onze especiarias diferentes, sendo que uma se chamava Helbena. Esta erva apresentava um odor horrível. Mas se era assim, por que colocá-la junto das outras especiarias aromáticas? O Rabeinu Bahie (Espanha, 1263-1340) elucidou em seu livro de explicações sobre a Torá: “A Helbena tem um odor terrível e mesmo assim é incluída no incenso. Por quê? Ela vem, simbolicamente, nos ensinar para não abrirmos mão das pessoas que não gostamos, deixando de ajudar ou orar por elas. Não as exclua!” Existem muitas pessoas que moram perto de nós, mas que não convidamos, por exemplo, para uma refeição de Shabat. Ou pessoas que não ‘vamos com a cara’, sem nenhum motivo em especial, e não as ajudamos nem nos interessamos por elas. E assim por diante. Esta é a mensagem do incenso: não excluamos estas pessoas e sim, esforcemo-nos para incluí-las em nossas vidas. Mais um exemplo disto é a palavra, em hebraico, utilizada para designar um grupo de dez ou mais homens que se juntam para rezar: ‘Tsibur’. Em hebraico, esta palavra é composta por apenas três letras:(tzadik, beit e reish) Tsadik, Beinonit e Rashá. Estas são também as
  • 7. letras iniciais das palavras ‘Tsadikim’ (justos), ‘Beinonim’ (medianos) e ‘Reshaim’ (pessoas não boas). Isto vem nos ensinar que precisamos nos esforçar para unir as pessoas, não apenas criticá-las e afastá-las. Talvez elas não tiveram uma boa casa como nós, ou talvez não tiveram professores tão bons quanto os nossos. Portanto, ao incluí-las, estaremos gerando uma verdadeira unidade e fraternidade dentro do Povo. E este é o significado de a especiaria de mau odor, a Helbena, estar entre aquelas de bom odor: mesmo que não ‘cheire’ tão bem, nós a incluímos entre as demais porque ela faz parte daquela unidade chamada Ketoret, o incenso do Beit Hamikdash. odos sabemos que um dos grandes problemas da atualidade em nosso Povo é o problema de Shiduchim (pronuncia-se Shidurrim). Existem em todos os lugares rapazes excelentes procurando moças excelentes e moças maravilhosas procurando rapazes maravilhosos para casar, mas sem sucesso. Uma destas moças, há algum tempo atrás, foi a Israel visitar o Rabino Haim Kanievski, um dos líderes do Judaísmo hoje em dia, para pedir uma berachá (bênção. Pronuncia-se berarrá) para encontrar sua ‘cara-metade’. Uma das pessoas mais maravilhosas neste universo é a esposa do Rabino Kanievski. Ela consegue ter paciência, sorrir e ser amigável com qualquer ser humano que venha à sua casa (e realmente são muitos). Esta moça, então, disse à Rebetsin (a esposa do Rabino) que ela tinha vindo pedir uma berachá para achar seu Shiduch. A Rebetsin respondeu-lhe: “Você quer uma ‘dica’ certa para achar seu Shiduch? Estude diariamente duas leis sobre como cuidar de sua fala (Shemirát HaLashón)!” Sabem o que pensei quando a moça me contou isto? Não era apenas um ‘amuleto cabalístico’ que a Rebetsin havia lhe passado, que ao se estudar estas leis logo apareceria um marido ideal. Ao se estudar duas leis diariamente, a pessoa irá aprender o que realmente é um casamento: é um relacionamento onde as palavras trocadas entre o casal podem construir e elevar o outro cônjuge, ou o contrário. Ao se estudar as leis da fala, a pessoa aprende a usar suas palavras para inspirar os demais, não para desmoralizá-los. Aprenderá também a encorajar o seu cônjuge, não a desencorajá-lo(a). Aqueles que entendem sobre o assunto de casamento sabem que o que um bom rapaz procura numa possível esposa é que seja uma moça carinhosa, que tenha consideração por seu marido e o encoraje. É verdade que existem muitos ‘espertos’ que procuram uma noiva rica. Porém, o segredo para se casar e se manter casado não é o dinheiro, mas um rosto sorridente e palavras de consideração. Outro motivo pelo qual vale a pena a pessoa tomar cuidado com sua fala, explicou o Hafêts Haim, o Rabino Israel Meir Kagan (Polônia, 1839-1933), o grande líder do mundo Judaico até seu falecimento, na década de 30, é que somente assim é garantido que as preces da pessoa serão atendidas. Quando uma pessoa aprende sobre as leis da fala e daí então começa a se cuidar de não mais usar um vocabulário baixo (palavrões), de não zombar nem humilhar o próximo, de não fofocar ou criar intrigas, etc, somente aí as suas orações serão atendidas. Vejam o brilhante exemplo que ele contou: “Se alguém quer construir um armário, não o conseguirá se utilizar um serrote sem dentes ou um martelo sem cabo. E mesmo que consiga alguma coisa, qualquer um perceberá a péssima qualidade daquele móvel. Se o marceneiro não tem ferramentas adequadas, não será nenhuma surpresa que não conseguiu fabricar um móvel bom”. Explicou então o Hafêts Haim: “Quando rezamos ou estudamos Torá, cada palavra que pronunciamos cria um anjo, e estes anjos sobem até os Céus e levam nossas palavras até o Trono Celestial e D'us nos ouve”. “Entretanto, se criarmos anjos ‘capengas’ porque nossas bocas disseram algo que não era verdadeiro, ou porque falou algo ofensivo ou doloroso, então nossas bocas se tornam T
  • 8. como um ‘serrote sem dentes’ e não conseguem levar as palavras da reza adequadamente até lá em cima”. Podemos então entender melhor o que a Rebetsin Kanievski falou: ao se estudar duas leis sobre como ter uma fala adequada, poderemos conseguir com que nossas preces sejam atendidas, que construamos anjos perfeitos que levarão nossos pedidos intactos até o Criador e não apenas que seja um amuleto para conseguir um bom marido. Talmud (Taanit 25b) conta uma história fascinante: certa vez havia uma estiagem em Israel. Pediram ao Rabino Eliezer, o líder do Povo na época, para que rezasse pedindo chuva, mas suas preces não foram atendidas. Pediram então a Rabi Akiva, um discípulo do Rabino Eliezer, e quando este rezou, as chuvas começaram a cair. As pessoas começaram a falar: vejam só, o aluno Akiva é maior que seu mestre, o Rabino Eliezer. Mas explicou o Talmud: não foi este o motivo pelo qual as preces de Rabi Akiva foram atendidas e as do Rabino Eliezer não. O motivo foi que Rabi Akiva costumava ‘abrir mão de seus direitos’ e o Rabino Eliezer não. Muitas vezes alguém faz algo ruim contra nós. Rabi Akiva vem nos ensinar: “Olhe para o outro lado!”. Ao não ‘encrencarmos’ com a outra pessoa, D'us também olhará para o outro lado se fizermos alguma coisa contra a vontade Dele. Nenhum de nós é perfeito e muitas vezes gostaríamos que o Todo-Poderoso não ‘olhasse’ para os nossos erros. O segredo para isto é: aquele que abre mão de seus direitos e deixa passar alguma ofensa ou coisa ruim que lhe fizeram, lhe é garantido que o Todo-Poderoso agirá assim com ele, também, atendendo seus pedidos e suas orações. Eis, então, uma segunda coisa que estamos aprendendo para fazer antes mesmo do início das orações: tomar cuidado em construir anjos bons com nossas bocas, para que as rezas sejam ouvidas e bem aceitas e, segundo, abramos mão de nossos direitos para evitar arrumar encrencas. Isto pode acontecer com nossos amigos, irmãos, primos, etc, que muitas vezes acabam fazendo alguma coisa que não gostamos ou que pensamos que seria melhor se fosse feita de forma diferente. A solução nestes casos é: sempre que possível, abra mão de seus direitos e vontades e conceda a vez e a palavra ao seu interlocutor. á uma passagem fascinante no Talmud, no tratado Shabat 104a. Lá o Talmud explica o significado e a posição das letras do alfabeto hebraico. Existem dois formatos para a letra Pê (seria o equivalente à letra P, em português). Outra coisa interessante é que a palavra ‘boca’ em hebraico é ‘PE’, ou seja, é praticamente igual ao som da pronuncia da letra Pê. Uma se escreve de forma aberta e a outra de forma fechada. O Talmud nos explica então que estes dois formatos de letra vêm nos ensinar que muitas vezes devemos usar o ‘PE’ aberto, ou seja: devemos abrir nossas bocas para dizer coisas boas e gentis sobre e para os outros. Por outro lado, às vezes devemos utilizar o ‘PE’ fechado, ou seja: devemos fechar a boca para não fazer ‘comentários’, falar palavras de baixo calão, atormentar o marido ou a esposa, etc. Para muitas pessoas, informação é poder e prestígio. Frequentemente, quando uma pessoa tem um conhecimento exclusivo sobre um evento ou um indivíduo, ela se delicia em compartilhar esta informação com os demais, exibindo sua habilidade em conseguir ‘dados confidenciais’. Deixem-me lhes contar uma grande história: Ela aconteceu em Londres, Inglaterra, mas poderia ter acontecido em qualquer outro lugar. Existem em muitas cidades do mundo organizações do tipo Tomchei Shabbos (pronuncia-se Tomrrei Shabes) que se encarregam de prover alimentos para o Shabat a famílias carentes. Semanalmente, com impressionante eficiência, um grupo de voluntários compra comidas típicas de Shabat, como suco de uvas, peixe, Halót (o pão trançado típico do Shabat), frango e bolo de atacadistas que vendem estes alimentos a preço de custo ou até O H
  • 9. mesmo os doam. Outro grupo de voluntários reúne-se num galpão onde as provisões são armazenadas. Eles então embalam os alimentos em caixas de papelão, conforme o tamanho da família a ser beneficiada. Na quarta-feira ou quinta-feira, um terceiro grupo de voluntários entrega os pacotes às famílias carentes. Raramente algum dos voluntários sabe a identidade de algum dos recebedores destes pacotes, de forma que estes últimos não passem vergonha por estar recebendo ‘Cestas Básicas de Shabat’. Muitas vezes as caixas são deixadas na portaria do prédio do recipiente, para que não haja um contato ‘cara a cara’ entre o voluntário e algum membro da família recipiente. Manter a dignidade dos recebedores é um dos princípios básicos dos dirigentes do Tomchei Shabbos. Em Londres, o Sr. Zalman Beker (nome fictício) era o encarregado de coletar os fundos para a Tomchei Shabbos. Duas vezes por semana ele visitava potenciais doadores. Certa vez lhe indicaram uma pessoa muita rica e lhe disseram que talvez ele fizesse uma boa doação para a organização. O Sr. Zalman foi a casa deste homem, que era conhecido por sua generosidade, apresentou-se e depois de algumas amenidades, disse: “Estou coletando fundos para a organização Tomchei Shabbos e gostaria de lhe pedir sua ajuda“. O homem não questionou quanto dinheiro a organização gastava mensalmente, seu déficit ou quão eficientemente o dinheiro era empregado. Ele simplesmente falou: “Tudo bem, posso lhe ajudar, mas gostaria de saber para onde o dinheiro está indo, quem são os que recebem os pacotes”. O Sr. Zalman lhe respondeu, surpreso: “O senhor sabe que não posso lhe contar quem são os que recebem os alimentos. Isto é algo estritamente confidencial, ninguém sabe quem eles são! Até os motoristas que entregam as caixas moram em bairros diferentes e recebem apenas um endereço onde entregá-las para não saberem a quem estão entregando! Eles não conhecem as famílias para que estas não se envergonhem. Nós nunca contamos a ninguém!” “Veja”, falou o homem. “Eu não gostaria de dar para uma organização. Prefiro doar a alguma família em particular para me sentir conectado a eles, para sentir que estou realmente lhes ajudando”. Vendo que o sr. Zalman não se comoveu com seu apelo, o homem falou: “Ouça: eu pretendia lhe dar 250 libras esterlinas, mas vou lhe dar £$ 500,00”. O Sr. Zalman respondeu: “Não posso, nós nunca fizemos isto e não vou fazer agora!” “O senhor não está me entendendo”, disse o homem, ficando exasperado. “Eu apenas quero me sentir conectado a alguma família. Passe-me apenas um nome. Não vou contar a ninguém. Abra uma exceção e vou lhe dar £$1.000,00!” O Sr. Zalman ficou bravo, levantou-se para sair e disse: “Vou-me embora, pois mesmo se o senhor me desse £10.000,00 eu não lhe contaria, pois esta é nossa política e nunca será mudada enquanto eu estiver encarregado disto!” De repente o homem falou: “Por favor, sente-se” e começou a chorar. Aí ele disse, soluçando: “Faça-me um favor: coloque-me em sua lista. Eu não tenho mais o dinheiro que tinha. Minha família e eu não temos mais nada. Estou desempregado e batalhando diariamente por nossa sobrevivência. Muitas pessoas pensam que continuo um homem muito rico e foi por isto que lhe mandaram vir falar comigo. Mas eu estava muito envergonhado de ligar para o seu escritório, porque pensei que, com certeza, logo as pessoas estariam comentando que eu agora estou em sua lista. Eu estava tentando ver se havia alguma maneira que o senhor me revelasse os recipientes de sua lista, mas agora que vi como o senhor é cuidadoso e que não irá contar a ninguém, então, por favor, coloque-me em sua lista”. O Talmud no tratado Yomá (4b) nos ensina algo que muitas pessoas desconhecem. Por exemplo: se alguém conta alguma coisa a outra pessoa e lhe diz para guardar segredo, aí ela não repetirá a informação para mais ninguém. Fala o Talmud: “É justamente o contrário: não podemos passar para frente nenhuma informação que tenhamos recebido a menos que tenhamos recebido permissão expressa para fazê-lo. Segredo ou não segredo, somo proibidos de repeti-la sem autorização”. Devemos respeitar a dignidade dos demais. Às vezes uma pessoa tem um problema e
  • 10. quer desabafar com alguém, mas com certeza ela não quer que sua vida seja ‘colocada no jornal’! xiste um livro em nossa literatura chamado Nefesh HaHaim, de autoria do Rabino Haim de Volozin (Lituânia, 1749-1821). Em seu prefácio, seu filho, o Rabino Ytschak escreveu que seu pai sempre costumava repetir sobre a importância de se envolver com a dor e o sofrimento dos demais. O Rabino Haim costumava dizer: “Ló Leatsmó Nivrá – Nenhuma pessoa foi criada para si só”. Todos foram criados por D'us com determinados talentos: alguns sabem desenhar, outros sabem falar em público, outro tem facilidade com trabalhos manuais, outro sabe escrever bem e assim por diante. O Todo-Poderoso não criou ninguém para que utilizasse seus talentos apenas para si próprio, para que ficasse um individuo rico, coberto de honras e glórias. Ele deu talentos a cada um de nós para que os utilizássemos para beneficiar o próximo. Permitam-me contar-lhes sobre uma pessoa simples, um judeu que milhares de pessoas devem sua vida a ele. E tudo por que certa vez ele disse: “Vou me esforçar para que isto nunca mais se repita!” Num certo dia da primavera de 1962, o Sr. Hershel Weber, morador do bairro de Williamsburg em Nova York, estava saindo da sinagoga em que costumava rezar e estudar, quando ouviu um homem que estava passando na frente da sinagoga gritar que estava com uma dor terrível no peito. E de repente o homem caiu no chão, bem à sua frente. O Sr. Hershel começou a gritar: “Socorro, socorro”, mas não havia nenhum médico por perto. Logo chamaram a polícia e uma ambulância. O Sr. Hershel ficou ao lado do homem, sem saber o que fazer, mas dizendo-lhe que a ajuda estava a caminho. Hershel viu o homem perder a consciência e seu rosto ficar azul. Tragicamente, alguns minutos depois o homem estava morto na calçada. Pouco depois, dois policiais chegaram. Enquanto tomavam notas e analisavam a situação, o Sr. Hershel ouviu um oficial dizendo ao outro: “Se tivéssemos conseguido chegar alguns minutos mais cedo, poderíamos ter salvado este homem”. O Sr. Hershel ficou chocado e traumatizado pelo ocorrido. Sabem o que ele fez? Ele dirigiu-se até uma loja de suprimentos médicos e comprou um pequeno tanque de oxigênio e guardou-o consigo na sinagoga. Ele falou: “Não quero nunca mais em minha vida ficar assim sem ação. Vou guardar este tanque de oxigênio comigo e utilizá-lo se me for possível”. Todos pensaram que ele enlouquecera. Depois se matriculou num curso de primeiros socorros ministrado pela Cruz Vermelha e levou alguns amigos com ele. E as pessoas começaram a ligar. Quando havia alguma pequena emergência, logo lhe telefonavam. Alguns meses depois, um senhor de idade que vivia em Williamsburg faleceu enquanto dormia. Quando sua esposa acordou na manhã seguinte, percebeu imediatamente que algo de muito terrível acontecera. Ela correu até a janela que dava para a rua e gritou desesperadamente por ajuda. Logo uma multidão juntou-se dentro e fora de sua casa. Alguém gritou: “Tragam o Hershel Weber!” O senhor Hershel veio correndo com seu fiel tanque de oxigênio e alguns equipamentos médicos básicos. Logo que examinou o homem, percebeu que não havia nada que pudesse fazer. O homem já havia falecido há horas. Ele saiu do quarto cabisbaixo e falou algumas palavras de consolo à viúva. Enquanto descia os degraus da escada que dava para a rua e abria caminho entre a grande multidão que se aglomerara, alguém falou: “Você viu o Hershel? Ele matou o homem!” O Sr. Hershel ficou chocado: ele havia vindo para ajudar! Aquele que fez este comentário desprezível deve ter pensado que já que Hershel não era médico, o idoso homem havia morrido por ter recebido um socorro inadequado. O Sr. Hershel começou a chorar incontrolavelmente. Como, pensou ele, um judeu poderia dizer uma coisa destas sobre outro judeu? E
  • 11. Pelos próximos dois dias Hershel estava devastado. Toda vez que se lembrava daquelas palavras, seus olhos se enchiam de la(á)grimas. Ele então decidiu ir conversar com o Rebe de Satmer, o Rabino Yoel Teitelbaum (1887-1979), o maior e mais influente líder Hassídico de Williamsburg. O Sr. Hershel recontou o incidente para o Rebe e perguntou: “O senhor não acha que seria uma boa ideia se houvesse um grupo que se tornasse versado em medicina emergencial, para que pudessem se disponibilizar à comunidade, de forma voluntária, toda vez que alguma necessidade surgisse?” O Rebe de Satmer pediu para Hershel trazer-lhe da estante o livro Shaarei Teshuvá, um livro clássico de nossa literatura, de autoria do Rabino Yoná Guirondi (1180-1263). Lá o Rebe abriu no terceiro capítulo, onde se lia: “É benéfico e muito apropriado que haja em cada cidade voluntários inteligentes preparados e disponíveis para qualquer assistência (Hatsalá), para ajudar um homem ou mulher em angústia”. O Rebe olhou para o Sr. Hershel Weber e disse: “Inicie a organização da qual falou e, por causa desta expressão no livro Shaarei Teshuvá, chame-a de Hatsalá!” E assim foi que surgiu a grande organização Hatsalá. Um homem, aparentemente passando por um determinado local por pura coincidência, reconheceu uma necessidade imperativa da comunidade. Muitos poderiam tê-lo feito, mas o Todo-Poderoso escolheu Hershel Weber porque ele tiraria o melhor proveito da situação. Hoje a palavra Hatsalá já faz parte do vernáculo nova-iorquino. Desde sua concepção, os voluntários da Hatsalá já salvaram milhares de vidas e aliviaram o sofrimento de dezenas de milhares de pessoas, inclusive no ataque às Torres Gêmeas, em Nova York, em 11 de setembro 2001. Muitos livros poderiam ser escritos sobre as experiências heróicas e emocionantes de seus membros e sobre as pessoas que por eles foram salvas, mas não o serão, pois a Hatsalá exige absoluta confidencialidade de seus membros. Seu sacrifício não conhece limites e seu comprometimento é total, e são heróis que merecem apoio e reconhecimento da sociedade em geral. Dá para imaginar os frutos que seriam gerados apenas porque um homem simples disse: “Não quero nunca mais em minha vida ficar sem ação!”? ouve em nossa história um Rabino muito importante conhecido como Ramban. Este é um acrônimo para Rabino Moshe ben Nachman (Nachmânides) (1194- 1270), de Gerona, na Espanha, um dos líderes da Torá durante a Idade Média. Entre suas inúmeras e importantes obras, há uma carta que ele escreveu para seu filho para fortificar-lhe a visão de humildade. Nela consta: “Acostume-se a dirigir-se a qualquer pessoa, sempre, com calma e tranquilidade”. O Ramban veio ensinar que devemos falar com calma, num tom agradável, sempre e com todos. Falemos de maneira amigável, cumprimentemos as pessoas em nossa casa, no local de trabalho ou estudo, em todo lugar. Quantas pessoas agradecem ao motorista do ônibus ou táxi que lhe trouxe até o seu destino? Ou ao ascensorista num elevador? Eles são seres humanos e merecem nosso respeito e cordialidade. Certa vez ouvi uma expressão brilhante: “Você não precisa parar pelo resto de sua vida, você só precisa parar por hoje!” Esta seria uma grande expressão para quem está de dieta ou tentando parar de fumar ou beber, mas serve perfeitamente para pensarmos em como progredir espiritualmente em direção a um novo e melhor ano. É muito difícil uma pessoa que é, por exemplo, nervosa, tomar a resolução de que “neste ano que se inicia, não vou mais me zangar ou discutir com ninguém!” É uma tarefa tão grande, que pode lhe ser quase impossível. “Mas você não precisa parar pelo resto de sua vida. Apenas hoje!” E o que será amanhã? Amanhã pensarei amanhã. Por enquanto, H
  • 12. concentre-se em viver dia- a- dia, esforçando-se bastante no momento em que está vivendo agora. O Rambam, acrônimo para Rabino Moshe ben Maimon (1135-1204), um dos maiores Sábios de toda a História do Judaísmo, escreveu: “Sabem o que quer dizer Ahavat Israel (Amar a outro judeu como a si mesmo)? Significa que cada um deve amar o próximo como ama a si próprio. Portanto, deve falar coisas boas sobre os demais!” Vocês sabiam que há um estudo que revelou que dezenove de cada vinte comentários que os pais, em geral, fazem a seus filhos são críticas? “Não faça isto, não faça aquilo, não derrube o leite, etc”. Isto vale também para o relacionamento professor aluno: existe a necessidade de haver mais mensagens positivas e de incentivo, e não apenas críticas. Amigos também precisam desenvolver este hábito: não fazer ‘comentários’ ou ‘observações’ sobre outras pessoas, ou escolher, num grupinho, aquele ‘coitado’ que será o bode expiatório da vez. Precisamos aprender a cumprimentar e louvar os demais, e não o contrário. O mesmo vale para maridos e esposas. Gosto muito de uma expressão que ouvi: “Se a esposa quer ser elogiada pelas Halót (o pão trançado típico do Shabat) que preparou, deve agradecer o marido pela ‘massa’ que ele trouxe para casa”. Existe uma passagem no Talmud, no tratado Shabat, que nos ensina que após os 120 anos, quando toda pessoa subir perante o Trono Celestial, ser-lhe-á perguntado: “Você honrou seu amigo como um rei? Ou sua amiga como uma rainha?” Está é uma de nossas tarefas na vida: tratar o próximo como se fosse um rei ou rainha sobre nós, e isto vale para amigos, cônjuges, colegas de trabalho, etc. ostaria de concluir trazendo uma história que nos inspirará e ensinará sobre o quanto podemos conseguir com palavras de incentivo e carinho: esporte nos Estados Unidos não é apenas uma indústria multibilionária, mas rara é a criança que cresceu nos Estados Unidos que não haja participado de algum esporte de competição, seja basquete, handball, futebol ou baseball. Apesar de o baseball ser um esporte típico americano, a mensagem desta história tem seu apelo universal, pois trata de valores de sensibilidade, autoestima e aceitação. No Brooklin, Nova York, existe uma escola chamada Hush, que cuida de crianças com problemas motores e de aprendizado. Algumas crianças permanecem em Hush por toda sua carreira escolar, enquanto outras podem ser dirigidas a escolas ou Yeshivás convencionais. Há crianças que frequentam Hush durante a maior parte da semana e vão a uma escola convencional nos demais dias. Durante um jantar para coleta de fundos na escola, o pai de um dos alunos fez um discurso que nunca se apagará da mente de todos os que lá estavam. Após elogiar a escola e seu dedicado corpo de funcionários, ele exclamou com angústia na voz: “Onde está a perfeição em meu filho Shaya? Tudo o que D'us faz, Ele faz com perfeição. Mas meu filho não consegue entender as coisas como as demais crianças. Meu filho não consegue lembrar-se de fatos e figuras como as outras crianças o fazem. Onde está a perfeição de D'us?” A audiência ficou chocada com a questão e triste com a angústia do pai. “Eu acredito”, respondeu o pai, “que quando D'us traz uma criança como esta para o mundo, a perfeição que Ele procura está na maneira como as pessoas reagirão a esta criança”. Então ele contou a seguinte história sobre seu filho Shaya: Shaya frequentava Hush durante a semana e a Yeshivá Darchei Torá aos domingos. Numa tarde de domingo, Shaya e seu pai vieram à Yeshivá quando seus colegas de classe jogavam beisebol. Ele adorava beisebol, mas devido à sua falta de coordenação, nem sempre G O
  • 13. era escolhido para jogar. O jogo estava em andamento, quando Shaya e seu pai se aproximaram do campo. Shaya então falou: “Pai, você acha que consegue que me deixem jogar?” O pai de Shaya sabia que seu filho não era do tipo ‘atlético’ e que muitos dos meninos não iriam querer ele no time. Mas ele sabia também que se seu filho pudesse jogar, isto lhe daria um tremendo sentimento de autoestima. O pai aproximou-se de um dos garotos no campo e perguntou: “Vocês acham que meu Shaya poderia entrar no jogo?” O garoto olhou em volta para seus colegas de time e como ninguém mais se manifestasse, e o time estava perdendo e o jogo quase no final, ele falou: “Por que não?” e Shaya entrou. O pai de Shaya estava muito feliz e o garoto com um largo sorriso. Shaya vestiu uma luva e foi para o centro do campo. Não houve protestos do outro time, que estaria agora enfrentando um time com um jogador a mais. No final daquela etapa, o time de Shaya conseguiu marcar alguns pontos, mas ainda estavam três pontos atrás do outro time. No final da nona etapa conseguiram empatar e Shaya era o próximo a rebater. Será que o time deixaria Shaya como rebatedor a esta altura do jogo, talvez perdendo a chance de ganhá-lo? Mas, para surpresa geral, falaram para Shaya pegar o taco e tentar rebater, marcando o ponto derradeiro. Todos sabiam que era impossível, pois Shaya nem sabia como segurar o taco corretamente, muito menos rebater com ele. Entretanto, Shaya se dirigiu até a sua base. O arremessador veio alguns passos para frente, para poder lançar a bola com menos força, para que Shaya pudesse ao menos ter contato com ela. O primeiro arremesso veio e Shaya rodou com o taco, errando a bola. Um dos colegas do time veio até Shaya e juntos seguraram o taco, se viraram na direção do arremessador e aguardaram o próximo arremesso. O arremessador novamente veio mais para frente, para poder mandar uma bola mais ‘suave’ para Shaya. Quando a bola estava chegando, Shaya e seu colega giraram o taco e juntos rebateram a bola de volta para o arremessador, uma bola lenta e rente ao chão. O arremessador pegou a bola e poderia facilmente tê-la jogado para seu colega da próxima base. Teriam ganhado o ponto e acabado com o jogo. Ao invés disto, o arremessador pegou a bola e lançou-a bem para o alto e para a direita, muito longe do alcance do rapaz da primeira base. Todos começaram a gritar: “Shaya, corra para a primeira base! Corra para a primeira!” Nunca em sua vida Shaya havia corrido para a primeira base. Ele correu com toda sua força até a primeira base, com os olhos arregalados, um pouco assustado e surpreso. Quando atingiu a base, o rapaz desta base já estava com a bola na mão. Ele poderia tê-la jogado para a segunda base, fechando o ponto enquanto Shaya ainda estava correndo. Mas havia entendido qual era a intenção do arremessador, e arremessou a bola bem para o alto e longe do rapaz da segunda base, enquanto todos gritavam: “Shaya, corra para a segunda! Corra para a segunda!” Shaya correu para a segunda base. Quando chegou lá, o rapaz do outro time virou-o em direção à terceira base e gritou: “Corra para a terceira!” Quando Shaya contornou a terceira base, os garotos de ambos os times corriam atrás dele, gritando: “Shaya, corra para ‘casa’ (a quarta e última base do campo)! Para ‘casa’!” Shaya correu para ‘casa’, pisou na quarta base e todos os 18 garotos que estavam jogando levantaram-no sobre os ombros e o carregaram como a um herói, que conseguiu marcar o ponto derradeiro e ganhar o jogo para seu time. “Naquele dia”, falou o pai, que agora tinha lágrimas escorrendo por sua face, “aqueles dezoito garotos chegaram a um nível de perfeição. Eles demonstraram que não são apenas aqueles agraciados com talento que devem ser reconhecidos, mas também os que têm menos talentos. Eles também são seres humanos, também têm emoções e sentimentos e querem se sentir importantes!”
  • 14. Esta é a excepcional lição deste episódio: “Frequentemente procuramos favorecer e honrar aqueles que têm mais que nós. Mas existem pessoas que têm menos amigos que nós, menos dinheiro e menos prestígio. Estas pessoas especialmente precisam de nossa atenção e reconhecimento. Devemos tentar atingir o nível de perfeição nos relacionamentos humanos que os garotos da Yeshivá Darchei Torá conseguiram. Porque, se as crianças conseguem usar suas palavras para construir mundos, nós adultos certamente somos capazes de consegui-lo também!” Gamar Hatimá Tová e que Todos Tenham um Excelente 5777!!