2. Quem foi Euclides da Cunha
Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu na
Fazenda da Saudade, em Cantagalo, RJ, em 20 de
janeiro de 1866. Além de escritor, exerceu os
ofícios de engenheiro militar, jornalista,
ensaísta e historiador.
Euclides no exército e no jornalismo
Em 4 de novembro de 1888, o aluno Euclides da
Cunha durante visita do Ministro da Guerra, o
Conselheiro Tomás Coelho, sai de forma, e, em
protesto contra a Monarquia, tenta quebrar seu
sabre baioneta. Sem o conseguir, atira-o aos pés
do Ministro. Perdoado pelo Imperador, é excluído
do Exército em 14 de dezembro, seguindo para São
Paulo, onde, logo em fins desse ano, passa a
colaborar no A Província de São Paulo, futuro O
Estado de São Paulo.
3. Euclides e Canudos
Em 14 de março de 1897 publica no O Estado de
São Paulo, os artigos “A nossa Vendeia”, sobre a
guerra que se desenrolava em Canudos, no
interior da Bahia. A convite de Júlio de
Mesquita, proprietário do jornal, segue como
correspondente de guerra. No dia 16 de setembro
chega finalmente aos arredores de Canudos,
testemunhando os últimos momentos do conflito,
escrevendo artigos e recolhendo observações.
Os sertões
Em 19 de janeiro de 1898 publica em O Estado de
São Paulo o artigo “Excertos de um livro
inédito”, primeira aproximação do que seria Os
sertões.No ano seguinte, por intermédio de
Garcia Redondo e Lúcio de Mendonça, assina com a
editora Laemmert o contrato para a edição de Os
sertões. Euclides se muda para a Lorena. Lançado
no fim do ano, o livro tem magnífica recepção de
crítica e de público. De uma hora para a outra,
se transforma numa celebridade nacional, autor
de um monumento sem paralelo na literatura
4. CARACTERÍSTICAS DA OBRA:
• O livro tematiza a Guerra de Canudos (1896-1897), no
interior da Bahia. Euclides da Cunha presenciou uma parte
da guerra como correspondente do jornal O Estado de São
Paulo. A obra pertence, ao mesmo tempo, à prosa científica
e à prosa artística. Pode ser entendido como uma obra de
Sociologia, Geografia, História ou crítica humana.
• Mas também pode ser visto como o relato da vida sertaneja
em sua luta diária contra a paisagem e a incompreensão das
elites. Em virtude de seu enredo de proporções épicas,
muitos críticos e pesquisadores consideram Os Sertões uma
verdadeira epopeia, como Os Lusíadas, a Ilíada ou
a Odisseia.
• Os Sertões é dividido em três partes: A terra, O homem e A
luta.
6. RESUMO DA OBRA...
Inicialmente, Euclides foca na descrição do Sertão, o local onde será desenvolvido o enredo. Aponta para
aspectos da paisagem desde o relevo, a fauna, a flora e o clima árido. Segundo ele, a paisagem do local
distante do litoral, indica a exploração do homem durante anos.
Já na primeira parte da obra ele aborda sobre os habitantes do local, o sertanejo e o jagunço, os quais
fazem parte dessa paisagem. Sendo assim, nesse primeiro momento, apresenta uma região separada
geográfica e temporalmente do resto do país.
Na segunda parte da obra “O Homem”, Euclides enfoca sobretudo, na descrição do sertanejo, do jagunço e
do cangaceiro, bem como na resistência do povo em relação à terra, analisando, por conseguinte, a figura
do líder do Arraial de Canudos, Antônio Conselheiro, desde sua genealogia e objetivos.
Nesse momento da obra, notamos o determinismo racial, já que Euclides abrange as questões raciais que
englobam o índio, português, negro, também formadas por sub-raças, o mestiço. Sendo, portanto, o
homem o fruto do meio em que vive.
Na Terceira parte da obra “A luta”, o autor descreve os embates que ocorreram entre o sertanejo
(considerados os bandidos do sertão) e o exército nacional do Brasil.
Aborda sobre as quatro expedições realizadas pelo exército nacional, enviados para destruir o Arraial de
Canudos, que contava com cerca de 20 mil habitantes.
A história termina com o trágico desfecho e a destruição de Canudos.
7. A TERRA Na primeira parte são estudados o
relevo, o solo, a fauna, a flora e o
clima da região nordestina. Cunha
revelou que nada supera a
principal calamidade do sertão: a
seca. Registrou, ainda, que as
grandes secas do Nordeste
brasileiro obedecem a um ciclo de
nove a doze anos, desde o século
XVIII, numa ordem cabalística.
Segundo pesquisadores e
especialistas em Antônio
Conselheiro e na Guerra de
Canudos, o registro fotográfico
acima é o único existente. Na foto,
vemos o líder espiritual morto,
deitado no chão. A foto foi tirada
duas semanas após sua morte, pelo
fotógrafo Flávio de Barros, a
serviço do Exército.
8. O HOMEM
O determinismo julgava que o homem é
produto do meio (geografia), da raça
(hereditariedade) e do momento histórico
(cultura). O autor faz uma análise da
psicologia do sertanejo e de seus
costumes. Nessa parte temos o Euclides
da Cunha sociólogo e antropólogo, que
mostra o habitante do lugar, sua relação
com o meio, sua gênese etnológica, seu
comportamento, crença e costume; mas
depois se fixa na figura de Antônio
Conselheiro, o líder de Canudos.
Apresenta seu caráter, seu passado e
relatos de como era a vida e os costumes
de Canudos, como relatados por visitantes
e habitantes capturados. Estas duas
partes são essencialmente descritivas,
pois na verdade “armam o palco” e
“introduzem os personagens” para a
verdadeira história, a Guerra de Canudos.