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IMOBILISMO x MODERNIZAÇÃO
Contexto Histórico
O momento histórico
brasileiro interferiu na
produção literária,
marcando a transição
dos valores éticos do
século XIX para uma
nova realidade que se
desenhava,
essencialmente pautada
por uma série de conflitos.
Pontos de conflito no Brasil
pré-modernista.
Imagem:
Brazil
Blank
Map
/
Felipe
Menegaz
/
GNU
Free
Documentation
License
Continuação sobre o contexto da época
o
fanatismo
religioso do
Padre
Cícero e de
Antônio
Conselheiro
e o cangaço,
no Nordeste.
Imagem:
retratos
do
cangaço,
1936-37
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Domínio
público
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Padre
Cícero.
1934
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Autor
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Domínio
público
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Canudos
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André
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GNU
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 As revoltas da Vacina e da Chibata, no Rio de
Janeiro.
Imagem: Revista da semana 1904 / Domínio público
As greves operárias
em São Paulo.
Foto da
primeira greve
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A Guerra do Contestado (na fronteira
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Oligarquia
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Imagem: Eleições de cabresto / Revista Careta / Domínio Público
 O nascimento da
burguesia urbana, a
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Língua Portuguesa - 3ª Série
A literatura Pré-modernista
Imagem: Mill Children/ Lewis Hine / Public Domain
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Woman
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Segregação dos
negros pós-
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Uma Radiografia Crítica do Brasil:
 No geral, o Pré-Modernismo é uma literatura de
Crítica Social;
Mostra o Brasil real, com seus Conflitos Político-
Sociais;
Portanto, um Nacionalismo
Crítico-Amargo.
Desmistifica o romantismo e seu Nacionalismo
Ufanista.
 ORIGENS:
 Mudanças políticas (Abolição da Escravatura e a
Proclamação da República) não provocam
alterações significativas na estrutura econômica do
país :
 café = base da economia brasileira
 política do café com leite (SP + MG).
 ORIGENS:
 Mudanças que começavam a modificar a fisionomia
da sociedade brasileira: urbanização das
metrópoles + a imigração + o crescimento
industrial + a emergência de uma classe média
reformista
 e uma nova geração de militares influenciados
pelo ideário positivista + massa popular
insatisfeita.
 CONCLUSÃO:
 CONTEXTO = CONFLITO ENTRE AS FORÇAS
CONSERVADORAS (O PASSADO) E AS NOVAS
FORÇAS SOCIAIS (NECESSIDADE DE MUDANÇA)
 Pré-modernismo = época eclética (de mistura de
tendências, estilos e visões) = chocam-se várias
correntes e estilos, indefinidos entre o
academicismo e a inovação.
 Imobilismo x modernização.
 Resquícios culturais do século XIX x busca de
novas formas de expressão.
 Desejo de uma redescoberta crítica do Brasil.
 Parnasianos = influentes, com idéias formalistas e
uma concepção da literatura como “sorriso da
sociedade” (estilo artificial). Destaques: Olavo Bilac
(na poesia) – Coelho Neto (na prosa).
 Simbolistas = Inexpressivos, pouca ressonância
de sua arte, fortemente vinculados à matriz
européia do movimento. Destaques = Cruz e
Sousa e Alphonsus de Guimaraens.
 Realistas = Utilizam uma técnica literária
marcada pela objetividade, verossimilhança,
crítica social, análise psicológica. Destaques:
Monteiro Lobato = com a reabilitação do caboclo
paulista – Lima Barreto = fixação do universo
suburbano carioca – Simões Lopes Neto =
incorporou à ficção brasileira o vaqueano sul-
rio-grandense, além de registrar-lhe a fala
regional.
 Pré-Modernista = o único pré-modernista
propriamente dito, no sentido de empregar
recursos técnicos ou temas inovadores, antes da
Semana de Arte Moderna é, até certo ponto, o
poeta Augusto dos Anjos.
 Em sua obra, apesar das influências cientificistas,
parnasianas e simbolistas, há também um
inesperado gosto pelo coloquial e pela “sujeira da
vida”, o que permite incluí-lo entre os
precursores de uma das correntes da poesia
moderna.
 Intérpretes do Brasil = Euclides da Cunha e Graça
Aranha = Ambos valem-se da literatura, o
primeiro, com uma linguagem literária refinada, e
o segundo, com a utilização da estrutura ficcional
do romance, para questionar a realidade brasileira
e debater o futuro da nação. Suas obras estão
muito perto do ensaio.
 Intérpretes do Brasil
 Os Sertões , de Euclides da Cunha, tornou-se
um divisor de águas na imagem que a
intelectualidade nacional tinha a respeito de país
e de seu povo.
 Principais obras: Os Sertões (1902); Contrastes e
confrontos (1907); À margem da história (1909).
 Em 1897, graças a artigos publicados no jornal O
Estado de São Paulo, recebe um convite para ir ao
front de Canudos (no sertão baiano), como
correspondente de guerra. Assistiu aos últimos
dias da resistência do arraial sertanejo e escreveu
suas reportagens ainda dentro de uma ótica
republicana radical. Nos anos seguintes, refletiu
melhor sobre o que havia presenciado e o
resultado = um livro monumental cheio de
paixão, ciência e amargura: Os Sertões (1902).
 “Quem volta da região assustadora
 De onde eu venho, revendo inda na mente,
 Muitas cenas do drama comovente
 Da guerra despiedada e aterradora.”
[Euclides da Cunha]
 Proposta: explicar racionalmente a “grande
tragédia nacional” que observara. Pede ajuda à
ciência da época. Estuda geografia, botânica,
antropologia, sociologia, etc. Fontes
exclusivamente européias, impregnadas da
perspectiva colonialista (Europa imperialista).
Resultado = erros interpretativos do autor,
sobretudo nas duas primeiras partes de sua obra.
 VISÃO DETERMINISTA
 Determinismo geográfico
 O homem é produto do meio natural.
 O clima desempenha papel preponderante na
formação do meio.
 Existe a impossibilidade de se constituir uma
verdadeira civilização em zonas tórridas como o
sertão.
 Determinismo racial:
 Os cruzamentos raciais enfraquecem a espécie.
 O sertanejo é caso típico de hibridismo racial
(composto de elementos de origem diversa).
 A miscigenação induz os homens à bestialidade
e a toda espécie de impulsos criminosos.
 Conclusão = Contradição: as observações
eram justas e brilhantes ; as teorias,
medíocres (teorismo vazio – digressão
subjetiva – tese desprovida de
demonstração).
 Situa-se entre o ensaio, a narração e a poesia
lírica.
 Obedecendo a um típico esquema
determinista divide-se a obra em três partes:
 A TERRA – O HOMEM – A LUTA
 Predominância da visão cientificista e naturalista.
 Leitura difícil = informação científica & estilo
barroco.
 Descrição do meio físico opressivo feita com
detalhes: a vegetação pobre, o chão calcinado, a
imobilidade e a repetição da paisagem árida.
 A linguagem é poderosamente retórica e
transforma a natureza em elemento dramático:
 “Ajusta-se sobre os sertões o cautério das secas;
esterilizam-se os ares urentes, empedra-se o
chão, gretado, recrestado; ruge o Nordeste nos
ermos; e, como um cilício dilacerador, a caatinga
estende sobre a terra as ramagens de
espinhos...”
 Visão determinista = formação racial do sertanejo
e os males da mestiçagem.
 Mistura de raças = retrocesso:
 “De sorte que o mestiço – traço de união entre as
raças – é quase sempre um desequilibrado (...)
sem a energia física dos ascendentes selvagens,
sem a altitude intelectual dos ancestrais
superiores.”
 Entretanto, contrastando com essa incapacidade
do mestiço para a civilização moderna, os
sertanejos nordestinos seriam diferentes por ter
há muito se isolado no amplo interior do país.
Abandonados há três séculos, sem contatos
maiores com o litoral desenvolvido, os sertanejos
– ao contrário do que ocorrera com os mestiços
urbanos – não haviam sido corrompidos.
 Por isso, apesar de seu atraso mental, o sertanejo
surge como um titã:
 “O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem
o raquitismo exaustivo dos mestiços
neurastênicos do litoral. A sua aparência,
entretanto, ao primeiro lance de vista revela o
contrário. (...) É desgracioso, desengonçado,
torto. Hércules-Quasímodo.”
 O isolamento do sertanejo o mantém preso a
valores arcaicos como o messianismo. A “tutela
do sobrenatural” rege a vida cotidiana, e as
vicissitudes do meio intensificam a religiosidade
e a consciência mágica do mundo. Um mundo de
profetas, de iluminados, de místicos que se
tornam líderes naturais, expressando os valores
da comunidade.
 Antônio Conselheiro = “A sua biografia
compendia e resume a existência da sociedade
sertaneja”. O chefe dos fanáticos é um
personagem-síntese: figura bizarra para os
padrões urbanos, com uma oratória
impressionante. Para Euclides, Canudos era
apenas o produto previsível do fanatismo
religioso e do arcaísmo do pensamento sertanejo,
que o Conselheiro traduzia.
 É a parte mais importante e dramática da obra.
Euclides não esconde a comoção diante da
violência de parte a parte, que gera banhos
diários de sangue. Não consegue deixar de
admirar a tenaz resistência de uma cidade
(“Jerusalém de taipa”), que logo se transforma
em uma “Tróia de taipa”. Passa a ver os “titãs de
cobre” que a defendem o “cerne rijo da
nacionalidade”.
 Percebe que o meio é o principal aliado do
sertanejo: “As caatingas não o escondem apenas,
amparam-no”. Compreende a inutilidade dos
métodos clássicos de combate, usados pelo
Exército, diante da mobilidade e da luta não-
convencional dos inimigos. Espanta-se diante da
guerrilha sertaneja e das sucessivas derrotas que
ela impõe às tropas legais, superiormente
armadas.
 Emociona-se ao ouvir as rezas e os cânticos que
emergem do arraial bombardeado, ao anoitecer,
quando todo o Alto-Comando julgava Canudos já
sem resistência. A obra adquire então uma
grandeza sombria e os últimos momentos do
confronto apresentam uma terrível dramaticidade.
Com dinamite, os soldados atacam os casebres
ainda em pé, explodindo e queimando seus
moradores.
Imagem: Ruínas de Igreja em
Canudos , 1897 / Flávio de
barros / Domínio Público
 “Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda
a História, resistiu até o esgotamento completo.
(...) caiu no dia cinco, ao entardecer, quando
caíram os seus últimos defensores, que todos
morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois
homens feitos e uma criança, na frente dos quais
rugiam raivosamente cinco mil soldados.”
 Conjunto de equívocos, demências e crueldades.
Uma pungente (dolorosa) guerra civil e não um
conflito entre a reação e o progresso, entre a
Monarquia e a República, como as elites
intelectuais, políticas e militares, bem como a
opinião pública do país, acreditavam.
 Tragédia de erros resultantes de uma profunda
cegueira de ambos os lados. Para os adeptos de
Conselheiro, os soldados eram agentes do
demônio e deveriam ser destruídos. Para o
Exército, os sertanejos eram jagunços primitivos a
serviço da causa monárquica e tinham de ser
exterminados.
 Na verdade, os guerrilheiros de Canudos eram
uns pobres-diabos, filhos da ignorância e das
crendices de uma civilização parada no tempo há
três séculos. Precisavam de professores, não de
tiros de canhão. Já as tropas do governo, que
representavam a civilização moderna do país,
foram incapazes de perceber a verdadeira
natureza dos inimigos e trataram de destruí-los
com barbárie e horror.
 Os Sertões adquire, assim, um caráter de
denúncia. Trata-se de um “grito de aviso à
consciência nacional”. Tal perspectiva é anunciada
na nota preliminar que abre o livro:
 “Aquela campanha lembra um refluxo para o
passado. E foi, na significação integral da palavra,
um crime. Denunciemo-lo.”
 Contradição:
 Fervor patriótico com a vitória do Exército x
Trágico fim do povoado de Canudos.
 Confronto = divisão estrutural do país.
 Conclusão:
 Há dois Brasis completamente estranhos entre
si, o do litoral e o do sertão.
 O Brasil do sertão jazia ignorado ou esquecido
pela consciência culta nacional.
 Ponto de vista:
 Para a civilização litorânea, os jagunços (o povo
de Canudos) eram facínoras (bandidos).
 Para Euclides, eram irmãos (compatriotas) que
deveriam ser integrados à nacionalidade.
 Para Euclides, as duas sociedades brasileiras,
separadas pela raça, pelo meio e pela história,
deveriam se aproximar e se integrar pacífica e
lentamente. Sob esse prisma, a perspectiva de
aproximação entre os dois Brasis, defendida pelo
escritor na sua obra-prima, se tornaria, depois de
1930, o projeto político nuclear da nação.
 Os Sertões é uma combinação única de ensaio
sociológico, estudo científico, reabilitação
histórica, panfleto, reportagem de guerra e
literatura, o que torna impossível enquadrá-lo
nos limites de um gênero qualquer.
 Senso do dramático.
 Confere às ações uma plasticidade vigorosa e
assustadora, buscando sempre o contraste
violento, o êxtase e a agonia, a situação-limite do
ser humano.
 Efeito persuasivo (exemplos individuais para
reforçar uma idéia geral).
 Traduz o horror da guerra, a exemplo de Tolstói e
Stendhal.
 Gosto pelo ornamental e pelo excesso vocabular.
 Léxico (vocabulário) arcaico.
 Presença contínua de antíteses, paradoxos,
comparações e metáforas.
 Jogo binário entre períodos extensos e períodos
curtíssimos e a insistência na frase de efeito,
sentenciosa e escultural.
 Linguagem com ritmo poético.
 “Escrevi este livro para o futuro” (Euclides da
Cunha) = Pôs em xeque todas as concepções
que a intelectualidade brasileira tinha a respeito
de seu próprio país, passando a influenciar
decisivamente a discussão política sobre os
destinos da nação. Influencia, de forma
marcante, o chamado “Romance de 30”.

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CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
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PRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕES

  • 2. Contexto Histórico O momento histórico brasileiro interferiu na produção literária, marcando a transição dos valores éticos do século XIX para uma nova realidade que se desenhava, essencialmente pautada por uma série de conflitos. Pontos de conflito no Brasil pré-modernista. Imagem: Brazil Blank Map / Felipe Menegaz / GNU Free Documentation License
  • 3. Continuação sobre o contexto da época o fanatismo religioso do Padre Cícero e de Antônio Conselheiro e o cangaço, no Nordeste. Imagem: retratos do cangaço, 1936-37 / Domínio público Imagem: Padre Cícero. 1934 / Autor Desconhecido / Domínio público Imagem: Alegoria de Canudos / André Koehne / GNU Free Documentation license
  • 4.  As revoltas da Vacina e da Chibata, no Rio de Janeiro. Imagem: Revista da semana 1904 / Domínio público
  • 5. As greves operárias em São Paulo. Foto da primeira greve no Brasil na cidade de São Paulo Imagem: Greve geral de 1917 / autor desconhecido/ Domínio Público
  • 6. A Guerra do Contestado (na fronteira entre Paraná e Santa Catarina). Imagem: Contestado / Edson L. Pedrassani / GNU Free Documentation License
  • 7. Oligarquia rural.  política dirigida pela Imagem: Eleições de cabresto / Revista Careta / Domínio Público
  • 8.  O nascimento da burguesia urbana, a industrialização e o surgimento do proletariado. Língua Portuguesa - 3ª Série A literatura Pré-modernista Imagem: Mill Children/ Lewis Hine / Public Domain Imagem: Basf Werk 1886 / Public Domain Imagem: Woman factory worker at the 40s / Howard R. Hollem / Public Domain
  • 9. Segregação dos negros pós- abolição. Imagem: Jack, 1850 / J.T. Zealy / Public Domain
  • 11.  Disputas provincianas como as existentes no Rio Grande do Sul entre maragatos e republicanos. Imagem: Heróis da Lapa / autor desconhecido / Domínio Público
  • 12. Uma Radiografia Crítica do Brasil:  No geral, o Pré-Modernismo é uma literatura de Crítica Social; Mostra o Brasil real, com seus Conflitos Político- Sociais; Portanto, um Nacionalismo Crítico-Amargo. Desmistifica o romantismo e seu Nacionalismo Ufanista.
  • 13.  ORIGENS:  Mudanças políticas (Abolição da Escravatura e a Proclamação da República) não provocam alterações significativas na estrutura econômica do país :  café = base da economia brasileira  política do café com leite (SP + MG).
  • 14.  ORIGENS:  Mudanças que começavam a modificar a fisionomia da sociedade brasileira: urbanização das metrópoles + a imigração + o crescimento industrial + a emergência de uma classe média reformista  e uma nova geração de militares influenciados pelo ideário positivista + massa popular insatisfeita.
  • 15.  CONCLUSÃO:  CONTEXTO = CONFLITO ENTRE AS FORÇAS CONSERVADORAS (O PASSADO) E AS NOVAS FORÇAS SOCIAIS (NECESSIDADE DE MUDANÇA)
  • 16.  Pré-modernismo = época eclética (de mistura de tendências, estilos e visões) = chocam-se várias correntes e estilos, indefinidos entre o academicismo e a inovação.
  • 17.  Imobilismo x modernização.  Resquícios culturais do século XIX x busca de novas formas de expressão.  Desejo de uma redescoberta crítica do Brasil.
  • 18.  Parnasianos = influentes, com idéias formalistas e uma concepção da literatura como “sorriso da sociedade” (estilo artificial). Destaques: Olavo Bilac (na poesia) – Coelho Neto (na prosa).
  • 19.  Simbolistas = Inexpressivos, pouca ressonância de sua arte, fortemente vinculados à matriz européia do movimento. Destaques = Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens.
  • 20.  Realistas = Utilizam uma técnica literária marcada pela objetividade, verossimilhança, crítica social, análise psicológica. Destaques: Monteiro Lobato = com a reabilitação do caboclo paulista – Lima Barreto = fixação do universo suburbano carioca – Simões Lopes Neto = incorporou à ficção brasileira o vaqueano sul- rio-grandense, além de registrar-lhe a fala regional.
  • 21.  Pré-Modernista = o único pré-modernista propriamente dito, no sentido de empregar recursos técnicos ou temas inovadores, antes da Semana de Arte Moderna é, até certo ponto, o poeta Augusto dos Anjos.  Em sua obra, apesar das influências cientificistas, parnasianas e simbolistas, há também um inesperado gosto pelo coloquial e pela “sujeira da vida”, o que permite incluí-lo entre os precursores de uma das correntes da poesia moderna.
  • 22.  Intérpretes do Brasil = Euclides da Cunha e Graça Aranha = Ambos valem-se da literatura, o primeiro, com uma linguagem literária refinada, e o segundo, com a utilização da estrutura ficcional do romance, para questionar a realidade brasileira e debater o futuro da nação. Suas obras estão muito perto do ensaio.
  • 23.  Intérpretes do Brasil  Os Sertões , de Euclides da Cunha, tornou-se um divisor de águas na imagem que a intelectualidade nacional tinha a respeito de país e de seu povo.
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  • 25.  Principais obras: Os Sertões (1902); Contrastes e confrontos (1907); À margem da história (1909).
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  • 27.  Em 1897, graças a artigos publicados no jornal O Estado de São Paulo, recebe um convite para ir ao front de Canudos (no sertão baiano), como correspondente de guerra. Assistiu aos últimos dias da resistência do arraial sertanejo e escreveu suas reportagens ainda dentro de uma ótica republicana radical. Nos anos seguintes, refletiu melhor sobre o que havia presenciado e o resultado = um livro monumental cheio de paixão, ciência e amargura: Os Sertões (1902).
  • 28.  “Quem volta da região assustadora  De onde eu venho, revendo inda na mente,  Muitas cenas do drama comovente  Da guerra despiedada e aterradora.” [Euclides da Cunha]
  • 29.  Proposta: explicar racionalmente a “grande tragédia nacional” que observara. Pede ajuda à ciência da época. Estuda geografia, botânica, antropologia, sociologia, etc. Fontes exclusivamente européias, impregnadas da perspectiva colonialista (Europa imperialista). Resultado = erros interpretativos do autor, sobretudo nas duas primeiras partes de sua obra.
  • 30.  VISÃO DETERMINISTA  Determinismo geográfico  O homem é produto do meio natural.  O clima desempenha papel preponderante na formação do meio.  Existe a impossibilidade de se constituir uma verdadeira civilização em zonas tórridas como o sertão.
  • 31.  Determinismo racial:  Os cruzamentos raciais enfraquecem a espécie.  O sertanejo é caso típico de hibridismo racial (composto de elementos de origem diversa).  A miscigenação induz os homens à bestialidade e a toda espécie de impulsos criminosos.
  • 32.  Conclusão = Contradição: as observações eram justas e brilhantes ; as teorias, medíocres (teorismo vazio – digressão subjetiva – tese desprovida de demonstração).
  • 33.  Situa-se entre o ensaio, a narração e a poesia lírica.  Obedecendo a um típico esquema determinista divide-se a obra em três partes:  A TERRA – O HOMEM – A LUTA
  • 34.  Predominância da visão cientificista e naturalista.  Leitura difícil = informação científica & estilo barroco.  Descrição do meio físico opressivo feita com detalhes: a vegetação pobre, o chão calcinado, a imobilidade e a repetição da paisagem árida.
  • 35.  A linguagem é poderosamente retórica e transforma a natureza em elemento dramático:  “Ajusta-se sobre os sertões o cautério das secas; esterilizam-se os ares urentes, empedra-se o chão, gretado, recrestado; ruge o Nordeste nos ermos; e, como um cilício dilacerador, a caatinga estende sobre a terra as ramagens de espinhos...”
  • 36.  Visão determinista = formação racial do sertanejo e os males da mestiçagem.  Mistura de raças = retrocesso:  “De sorte que o mestiço – traço de união entre as raças – é quase sempre um desequilibrado (...) sem a energia física dos ascendentes selvagens, sem a altitude intelectual dos ancestrais superiores.”
  • 37.  Entretanto, contrastando com essa incapacidade do mestiço para a civilização moderna, os sertanejos nordestinos seriam diferentes por ter há muito se isolado no amplo interior do país. Abandonados há três séculos, sem contatos maiores com o litoral desenvolvido, os sertanejos – ao contrário do que ocorrera com os mestiços urbanos – não haviam sido corrompidos.
  • 38.  Por isso, apesar de seu atraso mental, o sertanejo surge como um titã:  “O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista revela o contrário. (...) É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo.”
  • 39.  O isolamento do sertanejo o mantém preso a valores arcaicos como o messianismo. A “tutela do sobrenatural” rege a vida cotidiana, e as vicissitudes do meio intensificam a religiosidade e a consciência mágica do mundo. Um mundo de profetas, de iluminados, de místicos que se tornam líderes naturais, expressando os valores da comunidade.
  • 40.  Antônio Conselheiro = “A sua biografia compendia e resume a existência da sociedade sertaneja”. O chefe dos fanáticos é um personagem-síntese: figura bizarra para os padrões urbanos, com uma oratória impressionante. Para Euclides, Canudos era apenas o produto previsível do fanatismo religioso e do arcaísmo do pensamento sertanejo, que o Conselheiro traduzia.
  • 41.  É a parte mais importante e dramática da obra. Euclides não esconde a comoção diante da violência de parte a parte, que gera banhos diários de sangue. Não consegue deixar de admirar a tenaz resistência de uma cidade (“Jerusalém de taipa”), que logo se transforma em uma “Tróia de taipa”. Passa a ver os “titãs de cobre” que a defendem o “cerne rijo da nacionalidade”.
  • 42.  Percebe que o meio é o principal aliado do sertanejo: “As caatingas não o escondem apenas, amparam-no”. Compreende a inutilidade dos métodos clássicos de combate, usados pelo Exército, diante da mobilidade e da luta não- convencional dos inimigos. Espanta-se diante da guerrilha sertaneja e das sucessivas derrotas que ela impõe às tropas legais, superiormente armadas.
  • 43.  Emociona-se ao ouvir as rezas e os cânticos que emergem do arraial bombardeado, ao anoitecer, quando todo o Alto-Comando julgava Canudos já sem resistência. A obra adquire então uma grandeza sombria e os últimos momentos do confronto apresentam uma terrível dramaticidade. Com dinamite, os soldados atacam os casebres ainda em pé, explodindo e queimando seus moradores.
  • 44. Imagem: Ruínas de Igreja em Canudos , 1897 / Flávio de barros / Domínio Público
  • 45.  “Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a História, resistiu até o esgotamento completo. (...) caiu no dia cinco, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados.”
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  • 47.  Conjunto de equívocos, demências e crueldades. Uma pungente (dolorosa) guerra civil e não um conflito entre a reação e o progresso, entre a Monarquia e a República, como as elites intelectuais, políticas e militares, bem como a opinião pública do país, acreditavam.
  • 48.  Tragédia de erros resultantes de uma profunda cegueira de ambos os lados. Para os adeptos de Conselheiro, os soldados eram agentes do demônio e deveriam ser destruídos. Para o Exército, os sertanejos eram jagunços primitivos a serviço da causa monárquica e tinham de ser exterminados.
  • 49.  Na verdade, os guerrilheiros de Canudos eram uns pobres-diabos, filhos da ignorância e das crendices de uma civilização parada no tempo há três séculos. Precisavam de professores, não de tiros de canhão. Já as tropas do governo, que representavam a civilização moderna do país, foram incapazes de perceber a verdadeira natureza dos inimigos e trataram de destruí-los com barbárie e horror.
  • 50.  Os Sertões adquire, assim, um caráter de denúncia. Trata-se de um “grito de aviso à consciência nacional”. Tal perspectiva é anunciada na nota preliminar que abre o livro:  “Aquela campanha lembra um refluxo para o passado. E foi, na significação integral da palavra, um crime. Denunciemo-lo.”
  • 51.  Contradição:  Fervor patriótico com a vitória do Exército x Trágico fim do povoado de Canudos.  Confronto = divisão estrutural do país.
  • 52.  Conclusão:  Há dois Brasis completamente estranhos entre si, o do litoral e o do sertão.  O Brasil do sertão jazia ignorado ou esquecido pela consciência culta nacional.
  • 53.  Ponto de vista:  Para a civilização litorânea, os jagunços (o povo de Canudos) eram facínoras (bandidos).  Para Euclides, eram irmãos (compatriotas) que deveriam ser integrados à nacionalidade.
  • 54.  Para Euclides, as duas sociedades brasileiras, separadas pela raça, pelo meio e pela história, deveriam se aproximar e se integrar pacífica e lentamente. Sob esse prisma, a perspectiva de aproximação entre os dois Brasis, defendida pelo escritor na sua obra-prima, se tornaria, depois de 1930, o projeto político nuclear da nação.
  • 55.  Os Sertões é uma combinação única de ensaio sociológico, estudo científico, reabilitação histórica, panfleto, reportagem de guerra e literatura, o que torna impossível enquadrá-lo nos limites de um gênero qualquer.
  • 56.  Senso do dramático.  Confere às ações uma plasticidade vigorosa e assustadora, buscando sempre o contraste violento, o êxtase e a agonia, a situação-limite do ser humano.  Efeito persuasivo (exemplos individuais para reforçar uma idéia geral).  Traduz o horror da guerra, a exemplo de Tolstói e Stendhal.
  • 57.  Gosto pelo ornamental e pelo excesso vocabular.  Léxico (vocabulário) arcaico.  Presença contínua de antíteses, paradoxos, comparações e metáforas.  Jogo binário entre períodos extensos e períodos curtíssimos e a insistência na frase de efeito, sentenciosa e escultural.  Linguagem com ritmo poético.
  • 58.  “Escrevi este livro para o futuro” (Euclides da Cunha) = Pôs em xeque todas as concepções que a intelectualidade brasileira tinha a respeito de seu próprio país, passando a influenciar decisivamente a discussão política sobre os destinos da nação. Influencia, de forma marcante, o chamado “Romance de 30”.