4. Os Sertões é um livro brasileiro, escrito por
Euclides da Cunha e publicado em 1902.
Trata da Guerra de Canudos (1896-1897), no
interior da Bahia. Euclides da Cunha presenciou
uma parte desta guerra como correspondente do
jornal O Estado de São Paulo, e ao retornar
escreveu um dos maiores livros já escritos por um
brasileiro. Pertence, ao mesmo tempo, à prosa
científica e à prosa artística. Pode ser entendido
como um obra de Sociologia, Geografia, História ou
crítica humana. Mas não é errado lê-lo como uma
epopeia da vida sertaneja em sua luta diária contra
a paisagem e a incompreensão das elites
governamentais.
6. Estilo
Considerada uma obra pré-
modernista, o estilo de Os sertões é
conflituoso, angustiado, torturado. Dá a
impressão de sofrimento e luta. O autor
faz uso de muitas figuras de linguagem, às
vezes omite as conjunções (assin-
detismo), outras repete-as reiterada-mente
(polissindetismo). Ocorre, com fre-
quência, a mistura de termos de alta
erudição tecno-científica com regionalis-
mos populares e neologismos do próprio
autor.
7.
8. Determinismo racial
Euclides da Cunha deixou claro em "Os Sertões"
seu ponto de vista no que se refere ao racismo. Como a
maioria dos de sua época, acreditava numa "raça
superior", e em sua íntima relação com os de pele clara.
Acreditava no embranquecimento dos brasileiros evitando
a miscigenação com "raças inferiores", para que se
pudesse manter uma certa "estabilidade", e assim, ter uma
definição sistematizada da "raça brasileira". A obra foi
concebida segundo o esquema rigoroso do determinismo
de Taine, que via o homem como um produto de três
fatores: meio ambiente, raça e momento histórico. As
teses e os princípios científicos adotados pelo escritor
envelheceram, achando-se na sua maioria
desacreditados, atualmente. O determinismo considerava
o mestiço brasileiro uma raça inferior, e Euclides da Cunha
compartilha desta visão.
9.
10.
11. Contribuição às ciências sociais
Como contribuição às ciências sociais, encontra-se
nesta obra de Euclides da Cunha a separação da nação
brasileira entre os povos litorâneos e os interioranos. A
compreensão de cada uma dessas partes permitiria a
compreensão do país como um todo, uma vez que se tinha
nas cidades litorâneas polos de desenvolvimento político e
econômico e no interior do país condições de atraso
econômico que subjugavam suas populações à fome e à
miserabilidade. No entanto, ao analisar os fatos ocorridos em
Canudos, o autor refuta a noção de que no litoral se
encontrariam condições de avanço civilizatório em oposição ao
interior. Pelo contrário, aponta que tanto os litorâneos quanto
os interioranos, cada qual em suas especificidades, se
encontrariam em um estádio bárbaro de sociedade, bastava
atentar para a crueldade com que se reprimiu o movimento de
Antônio Conselheiro. Além do que, tanto uns quanto os outros
eram dados ao fanatismo, fosse pela República de Floriano
Peixoto, fosse pela religiosidade de Conselheiro.