O documento discute o ódio como uma dependência psicológica, comparando-o ao vício em drogas. Afirma que o ódio pode causar danos à saúde mental e física, assim como "overdoses" de ódio podem levar a assassinatos, suicídios e doenças. Também descreve o tratamento para a "odiodependência", envolvendo terapia psicológica, medicamentos e o perdão como forma de libertação.
Como o ódio pode se tornar uma dependência e como tratá-la
1. ODIODEPENDÊNCIA: VÍCIO EM ÓDIO
Fernando Vieira Filho (1)
O homem, de forma geral, combate à droga por ser nociva à saúde física e mental.
Pois bem: vou colocar o ódio no mesmo patamar de uma droga potencialmente nociva e
destruidora.
Assim como a droga, o ódio também vicia, causa a dependência psicológica que é
caracterizada por um estado mental da necessidade de ressentir sensações de
decepção.
A “overdose” de ódio também pode matar a si mesmo (depressão, suicídio, câncer,
infecções, doenças autoimunes, acidentes automobilísticos, paradas cardíacas e
respiratórias, etc.) e aos outros (assassinatos, latrocínios, etc.).
A compulsão para odiar, assim como a compulsão para usar drogas, se caracteriza
por um estado de obsessividade e submissão que escraviza a vontade e submete o
desejo da pessoa. Em alguns indivíduos, a compulsão para odiar é mais forte que sua
vontade de amar, perdoar e até de viver - o ódio é que comanda sua vontade e seu
corpo.
Como disse o escritor irlandês Joseph Murphy (1898-1981), “A personalidade
odiosa, frustrada, distorcida e deformada está fora de sintonia com o Universo. Inveja
os que têm paz, são felizes, generosos e alegres. Geralmente critica, condena e difama
aqueles que lhe demonstraram generosidade, bondade e compaixão. Assume a seguinte
2. atitude: ‘Por que ele deve ser tão feliz se eu sou tão desgraçado?’ Deseja atrair a todos
para o seu próprio padrão de vida. O seu infortúnio necessita companhia.”
O pensamento do viciado em ódio e suas expectativas giram, principalmente, em
torno de uma maneira de odiar mais, de se apegar mais ao objeto de seu ódio e
encontrar uma forma de espalhar este sentimento negativo em volta de si mesmo.
Assim, atolando-se no “pântano” da autopiedade, o odiodependente corre o risco de
entrar num estado agudo de depressão, que poderá levá-lo, consciente ou
inconscientemente, a uma forma de autoeliminação – suicídio, acidentes ou doenças.
Nesta fase, o ódio já ocupa o lugar central em sua vida e o submete de forma completa.
Como disse o escritor norte-americano Hosea Ballou (1771-1852), "Odiar é punir-se a si
mesmo".
Na década de 30, o médico e psicanalista Sigmund Freud (1856-1939) já falava
sobre a importância do ódio nos desequilíbrios - tanto mentais quanto físicos - do ser
humano.
É sempre bom lembrar que a pessoa que muito odeia é porque está com seu
amor “ferido”, machucado, pisado.
E como tratar o odiodependente?
Aqui entra minha experiência como psicoterapeuta e minha forma de tratamento:
Geralmente, assim como os viciados em drogas, os viciados em ódio não querem ajuda e
fazem sofrer as pessoas que com eles convivem.
Condição importante: O odiodependente tem que se predispor ao tratamento, que
segue os mesmos padrões de um toxicodependente, isto é, tratamento psicológico com
um bom terapeuta que tenha uma visão holística/ sistêmica (visão integral do ser
humano), e também com um bom médico psiquiatra para uma cobertura com medicação
adequada, em situações que se fizerem necessárias, tais como o caso em que o paciente
odiodependente esteja com sintomas de depressão aguda, na iminência de suicídio.
É importante deixar claro que, em caso de depressão em fase aguda, a
medicação farmacológica é necessária num primeiro momento, pois ela é fundamental
para colocar “a casa interna” do paciente em ordem, trazendo, assim, uma estabilização
emocional de forma rápida e eficaz. Desta forma, ele poderá dar início, através de um
3. tratamento psicoterapêutico, à conscientização da emoção que o levou a “fazer” a
depressão. Em minha prática psicoterapêutica, utilizo tratamentos complementares com
Florais de Bach e Homeopatia que, juntos aos medicamentos alopáticos e a terapia,
terão uma ação extremamente positiva na recuperação e harmonização emocional do
paciente.
Assim, a meu ver, a etapa mais importante no tratamento da odiodependência é a
conscientização do seu ódio, para que o indivíduo tome a decisão do perdão.
Voltando a Joseph Murphy, “Salientam os médicos que essas pessoas doentes, que
foram magoadas, maltratadas, enganadas ou prejudicadas, estão cheias de ódio e
ressentimento contra os que as feriram. Isso provoca feridas inflamadas e supuradas em
seus subconscientes. Só há um remédio: elas têm que eliminar e descartar-se dos seus
ferimentos e o único caminho seguro para isso é o perdão”.
Finalizando, lembre-se do que recomendou Jesus Cristo quando perguntaram a ele
sobre quantas vezes devemos perdoar um ofensor: “Eu não vos digo até sete vezes, mas
até setenta vezes sete vezes.” Com isso, imagino que o Cristo, como um grande
conhecedor da alma humana, quis dizer que devemos perdoar quantas vezes se fizerem
necessárias.
Afinal, o perdão que exercemos em relação a nós e aos outros é essencial para a
nossa saúde, felicidade e sucesso.
(1)Fernando Vieira Filho é psicoterapeuta e autor do livro “CURE SUAS
MÁGOAS E SEJA FELIZ!”, pela Barany Editora)
(55 11) 99684-0463 (São Paulo e Brasil)
(55 34) 3077-2721 (Uberaba)
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