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Matéria de entrevista feita para o jornal Diário da Região da cidade de São José do Rio Preto.
Com o psicoterapeuta e escritor Fernando Vieira Filho (1).

                                  Ódio faz mal a saúde?

        Aprender a perdoar é a forma mais fácil de curar as mágoas?




O dicionário define o ódio como uma paixão que impele a causar ou desejar mal a alguém;
execração, rancor, raiva, ira. É uma aversão à pessoa, atitude, coisa, repugnância, antipatia,
desprezo. Em outras palavras, ódio é o amor ferido ou o contrário do amor. Para o autor do
livro “Cure suas Mágoas e Seja Feliz!” (ed. Barany), Fernando Vieira Filho, algumas doenças,
como depressão, obesidade, além de problemas financeiros e de relacionamentos, estão
diretamente ligados a ressentimentos e mágoas. O autor e também psicoterapeuta cria um
termo para explicar as consequências do ódio, a “odiodependência”.

A odiodependência, descrita por Vieira Filho, seria uma dependência psicológica em ressentir,
de maneira obsessiva. O ódio, segundo ele, nasce do amor ferido. Em um dos capítulos do
livro, o autor explica que a “overdose de ódio” pode matar a si mesmo, por meio das doenças
que podem ser desencadeadas por esse sentimento ou até mesmo pelo suicídio.

A saída ou a cura do desejo de odiar é o perdão. Para isso, a recomendação do especialista é
deixar de lado o problema, isso não significa apagar da memória e sim tirar a importância do
que está causando o ressentimento, a mágoa.

Em entrevista à reportagem do Diário, Fernando Vieira Filho explica as consequências do ódio
para quem o sente e para quem é odiado, além de falar sobre os benefícios de aprender a
perdoar.

Diário da Região - O que é a odiodependência?

Fernando Vieira Filho - É um termo que criei para utilizar em meu livro “Cure suas Mágoas e
Seja Feliz!”, para descrever o estado de dependência psicológica em ressentir, de forma
obsessiva, sensações de decepção. O ódio nasce do amor que se decepciona, machuca, fere;
quando se diz amor ferido, amor machucado, mágoa, ressentimento, estes termos, na
realidade, são sinônimos da palavra ódio.
Diário - No livro, você diz que, assim como a droga, o ódio também vicia. De que maneira o
ódio pode causar dependência psicológica?

Vieira Filho- O vício, a compulsão em odiar, assim como pelas drogas, se caracteriza por um
estado obsessivo, de subjugação, que escraviza a vontade e submete o desejo da pessoa.

Diário- Quais as características mais evidentes dessa dependência psicológica?

Vieira Filho - No odiodependente, a compulsão para odiar é mais forte que sua vontade de
amar, perdoar e até viver. Carrega uma personalidade frustrada, distorcida, invejosa, crítica,
julgadora e difamadora, e costuma ser terrivelmente ingrato com aquelas pessoas que tentam
ajudá-lo. O ódio faz com que se sintam poderosos, superiores a tudo e a todos. E o pior é que
desejam atrair outros para seu infortúnio.

Diário - Quais são as consequências do ódio para quem o sente?

Vieira Filho - O odiodependente tem seus pensamentos voltados para uma maneira de odiar
mais, de se apegar ao objeto de seu ódio, e uma forma de disseminá-lo em torno de si. E por
viver atolado no “pântano da autopiedade”, pode entrar numa crise de depressão, que poderá
levá-lo, consciente ou não, a buscar a autoeliminação, por meio do suicídio, doenças e até
acidentes. Como disse o escritor americano Hosea Ballou (1771-1852), “Odiar é punir a si
mesmo”.

Diário - O ódio pode prejudicar também quem é odiado?

Vieira Filho - Sim, e muito. O caso mais emblemático de odiodependência foi Adolf Hitler, que
com sua submissão ao ódio foi responsável pela morte de milhões de pessoas. O viciado em
ódio, geralmente, critica, condena, difama e faz sofrer, principalmente, as pessoas generosas,
bondosas, compassivas que vivem ao seu lado - tanto na sua constelação familiar quanto no
seu meio profissional e de relacionamento. Em casos mais graves, o vício de odiar pode levá-lo
a perigosas psicoses obsessivas, com mania de perseguição, enfim, pode levar o doente a
cometer homicídios diretos e generalizados.

Diário - O que leva uma pessoa a sentir ódio?

Vieira Filho - O ódio é o amor decepcionado, ferido, machucado, magoado, ressentido etc.
Como disse Freud: “(...) o amor e o ódio não raro comparecem juntos, orientados para um
mesmo objeto (...)”. O psicanalista francês Lacan disse: “(...) não se conhece nenhum amor
sem ódio.” Assim, considero o ódio como um dejeto do amor e, por isso, deve ser evacuado
sempre. Para isso, o único caminho é o perdão.

Diário - O ódio tem tratamento? É possível se livrar desse sentimento?

Vieira Filho - Sim, tem tratamento e cura. Para um bom resultado, o doente tem que se
comprometer ao tratamento. Primeiro passo é a conscientização do ódio e o segundo e mais
difícil é trabalhar e exercitar o perdão e o autoperdão.

Diário - Como superar o ódio e aprender a perdoar?
Vieira Filho - Guardar mágoas (ódio) é o mesmo que armazenar veneno dentro de si próprio e,
aos poucos, ele acaba intoxicando o corpo e a mente. E a dificuldade de perdoar, a meu ver, é
porque ainda amamos o objeto de nosso odiar. E também, porque acreditamos que para
perdoar temos que esquecer – no sentido de “perder a memória”. Ora, para perdermos a
memória, temos que sofrer amnésia, que vem através de uma lesão cerebral, AVC. O que
devemos fazer é esquecer no sentido de “deixar de lado”, isto é, tirar a importância que nosso
objeto de ódio teve ou continua tendo em nossa vida. Assim o perdoar é você relegar o
ofensor à “desimportância” em sua própria vida. É tirarmos da pessoa que nos magoou a
posição de “protagonista” de nossa história de vida, colocando-a na posição de “coadjuvante”
e, melhor ainda, na de “figurante” de nossa história.

Diário - O perdão tem efeitos positivos sobre a saúde física e mental?

Vieira Filho - O ódio (ressentimento e mágoa) nos afeta de forma incisiva e absoluta. A pior
consequência de guardar ódio e não perdoar é a de nós mesmos fazermos doenças mentais e
físicas. A ciência psicossomática, com a qual eu trabalho, prova isso de maneira categórica. É
por isso que, hoje em dia, algumas linhas da medicina já dizem: “O paciente fez um câncer”, “a
paciente fez uma fibromialgia”, “fez uma depressão”. Assim, o exercício do perdão é uma
ferramenta de prevenção à grande maioria das doenças conhecidas. E quando a doença física
ou mental já está “feita” em nosso corpo, tratamento médico ou psicológico formal é
necessário. Aí, o uso e a prática do perdão vão interagir, de forma muito positiva,
potencializando o tratamento médico convencional, que nunca deve ser esquecido. Em meu
livro “Cure suas Mágoas e Seja Feliz!”, apresento técnicas simples e objetivas para perdoar.




     (1) Fernando Vieira Filho
Psicoterapeuta/Autor do livro - Cure suas Mágoas e Seja Feliz! - Barany Editora - São Paulo 2012
(55 11) 99684-0463 (São Paulo e Brasil)
(55 34) 3077-2721 (Uberaba)
www.harmoniacomflorais.com
http://harmonize-se-com-florais-de-bach.blogspot.com.br/
http://curesuasmagoasesejafeliz.blogspot.com.br/

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  • 2. Diário - No livro, você diz que, assim como a droga, o ódio também vicia. De que maneira o ódio pode causar dependência psicológica? Vieira Filho- O vício, a compulsão em odiar, assim como pelas drogas, se caracteriza por um estado obsessivo, de subjugação, que escraviza a vontade e submete o desejo da pessoa. Diário- Quais as características mais evidentes dessa dependência psicológica? Vieira Filho - No odiodependente, a compulsão para odiar é mais forte que sua vontade de amar, perdoar e até viver. Carrega uma personalidade frustrada, distorcida, invejosa, crítica, julgadora e difamadora, e costuma ser terrivelmente ingrato com aquelas pessoas que tentam ajudá-lo. O ódio faz com que se sintam poderosos, superiores a tudo e a todos. E o pior é que desejam atrair outros para seu infortúnio. Diário - Quais são as consequências do ódio para quem o sente? Vieira Filho - O odiodependente tem seus pensamentos voltados para uma maneira de odiar mais, de se apegar ao objeto de seu ódio, e uma forma de disseminá-lo em torno de si. E por viver atolado no “pântano da autopiedade”, pode entrar numa crise de depressão, que poderá levá-lo, consciente ou não, a buscar a autoeliminação, por meio do suicídio, doenças e até acidentes. Como disse o escritor americano Hosea Ballou (1771-1852), “Odiar é punir a si mesmo”. Diário - O ódio pode prejudicar também quem é odiado? Vieira Filho - Sim, e muito. O caso mais emblemático de odiodependência foi Adolf Hitler, que com sua submissão ao ódio foi responsável pela morte de milhões de pessoas. O viciado em ódio, geralmente, critica, condena, difama e faz sofrer, principalmente, as pessoas generosas, bondosas, compassivas que vivem ao seu lado - tanto na sua constelação familiar quanto no seu meio profissional e de relacionamento. Em casos mais graves, o vício de odiar pode levá-lo a perigosas psicoses obsessivas, com mania de perseguição, enfim, pode levar o doente a cometer homicídios diretos e generalizados. Diário - O que leva uma pessoa a sentir ódio? Vieira Filho - O ódio é o amor decepcionado, ferido, machucado, magoado, ressentido etc. Como disse Freud: “(...) o amor e o ódio não raro comparecem juntos, orientados para um mesmo objeto (...)”. O psicanalista francês Lacan disse: “(...) não se conhece nenhum amor sem ódio.” Assim, considero o ódio como um dejeto do amor e, por isso, deve ser evacuado sempre. Para isso, o único caminho é o perdão. Diário - O ódio tem tratamento? É possível se livrar desse sentimento? Vieira Filho - Sim, tem tratamento e cura. Para um bom resultado, o doente tem que se comprometer ao tratamento. Primeiro passo é a conscientização do ódio e o segundo e mais difícil é trabalhar e exercitar o perdão e o autoperdão. Diário - Como superar o ódio e aprender a perdoar?
  • 3. Vieira Filho - Guardar mágoas (ódio) é o mesmo que armazenar veneno dentro de si próprio e, aos poucos, ele acaba intoxicando o corpo e a mente. E a dificuldade de perdoar, a meu ver, é porque ainda amamos o objeto de nosso odiar. E também, porque acreditamos que para perdoar temos que esquecer – no sentido de “perder a memória”. Ora, para perdermos a memória, temos que sofrer amnésia, que vem através de uma lesão cerebral, AVC. O que devemos fazer é esquecer no sentido de “deixar de lado”, isto é, tirar a importância que nosso objeto de ódio teve ou continua tendo em nossa vida. Assim o perdoar é você relegar o ofensor à “desimportância” em sua própria vida. É tirarmos da pessoa que nos magoou a posição de “protagonista” de nossa história de vida, colocando-a na posição de “coadjuvante” e, melhor ainda, na de “figurante” de nossa história. Diário - O perdão tem efeitos positivos sobre a saúde física e mental? Vieira Filho - O ódio (ressentimento e mágoa) nos afeta de forma incisiva e absoluta. A pior consequência de guardar ódio e não perdoar é a de nós mesmos fazermos doenças mentais e físicas. A ciência psicossomática, com a qual eu trabalho, prova isso de maneira categórica. É por isso que, hoje em dia, algumas linhas da medicina já dizem: “O paciente fez um câncer”, “a paciente fez uma fibromialgia”, “fez uma depressão”. Assim, o exercício do perdão é uma ferramenta de prevenção à grande maioria das doenças conhecidas. E quando a doença física ou mental já está “feita” em nosso corpo, tratamento médico ou psicológico formal é necessário. Aí, o uso e a prática do perdão vão interagir, de forma muito positiva, potencializando o tratamento médico convencional, que nunca deve ser esquecido. Em meu livro “Cure suas Mágoas e Seja Feliz!”, apresento técnicas simples e objetivas para perdoar. (1) Fernando Vieira Filho Psicoterapeuta/Autor do livro - Cure suas Mágoas e Seja Feliz! - Barany Editora - São Paulo 2012 (55 11) 99684-0463 (São Paulo e Brasil) (55 34) 3077-2721 (Uberaba) www.harmoniacomflorais.com http://harmonize-se-com-florais-de-bach.blogspot.com.br/ http://curesuasmagoasesejafeliz.blogspot.com.br/