As árvores são magníficos seres da luz.
Procuram-na constantemente e quando
suas folhas verdes são bafejadas por ela, o
mundo jubila. Cada árvore autóctone abatida
entristece o nosso mundo, especialmente
porque cada árvore pode ser um autêntico
ecossistema, albergando líquenes, musgos,
fungos, insetos, aves, outras plantas, bacté-
rias e até mamíferos, que são também mortos
ou desalojados. Um conjunto equilibrado
de árvores e harmoniosamente consociado,
como são as florestas nativas, possuem uma
excelente biodiversidade. A diversidade dá
resiliência à floresta e a resiliência é a chave
para a recuperação após um evento desolador.
Por esse motivo, a floresta autóctone
permite uma gestão natural dos incêndios, a
recarga de aquíferos e previne certos riscos
naturais.
Trabalho sobre a poluição aquática elaborado pela Catarina Tomaz, aluna nº 5 do 9ºD do Agrupamento de Escolas General Serpa Pinto de Cinfães, no âmbito da disciplina de Geografia
Tratamos em uma breve abordagem sobre o desenvolvimento sustentável da água, emissão de carbono dentre outros fatores que ocasionam irregularidades no sistema ecológico.
Trabalho sobre a poluição aquática elaborado pela Catarina Tomaz, aluna nº 5 do 9ºD do Agrupamento de Escolas General Serpa Pinto de Cinfães, no âmbito da disciplina de Geografia
Tratamos em uma breve abordagem sobre o desenvolvimento sustentável da água, emissão de carbono dentre outros fatores que ocasionam irregularidades no sistema ecológico.
Gestão ambiental e desenvolvimento sustentávelMayjö .
Este trabalho não foi objeto de qualquer correção!
Foi postado tal e qual como foi enviado por o(s) autor(es).
O mérito (se for caso disso) é exclusivo dele(s)!
(Trabalho do ano letivo de 2015/2016)
Gestão ambiental e desenvolvimento sustentávelMayjö .
Este trabalho não foi objeto de qualquer correção!
Foi postado tal e qual como foi enviado por o(s) autor(es).
O mérito (se for caso disso) é exclusivo dele(s)!
(Trabalho do ano letivo de 2015/2016)
Da cidade distópica à utopia possível - Jorge Moreira - Prisma.SOCJorge Moreira
O crescimento rápido da urbe não trouxe só vantagens. Com ele surgiram muitos problemas ambientais, com as cidades a gerar 70% das emissões globais de CO2 e o uso de mais de 60% dos recursos (United Nations,
2019). O primeiro fator tem um
papel preponderante na
problemática das alterações climáticas, e o segundo no esgotamento dos recursos naturais, desflorestação e perda dramática da biodiversidade. Em muitas cidades a poluição do ar tornou-se um fator de risco para a saúde pública...
Pensar a Humanidade e as Redes através da Teia da Vida, Revista Cescontexto 3...Jorge Moreira
A comunidade científica aponta-nos cenários apocalípticos de caos climático e ecológico. Um futuro cada vez mais presente, que emerge de uma força transformadora antropogénica de larga escala. Este trabalho, apresentado na International Conference Beyond Modernity: Alternative Incursions into the Anthropocene do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, em 2021, aborda uma nova forma de pensar as redes sociais, ampliando a dimensão reticular da vida social, integrando-a numa rede maior, a teia da vida, que liga todas a formas de vida e entrelaça todos os fenómenos naturais.
“Chegámos junto da velha loba a tempo de observar um
altivo fogo verde a morrer nos olhos dela. Compreendi
nesse momento, e nunca mais deixei de o saber, que havia
algo de novo para mim naqueles olhos – algo que apenas
ela e a montanha conheciam. Nesse tempo […] pensava
[…] que o desaparecimento total dos lobos seria o paraíso
dos caçadores. Mas depois de ter visto aquele fogo verde a
extinguir-se, senti que nem o[a] lobo[a] nem a montanha
concordavam com essa maneira de ver (Leopold, 2008, p.
130)”
Artigo publicado na Revista Vento e Água - Ritmos da Terra nº 30, Setembro de 2021 https://ventoeagua.com/produto/revista-numero-30-21-setembro-2021/
Tal como aconteceu a John Muir, a montanha chamou-o, e Naess teve de ir para junto dela. As suas palavras são bem elucidativas: Estou a obedecer, a obedecer ao desejo de Hallingskarvet de vir (Naess, 1995). Parece que as experiências místicas junto à montanha que o filósofo norueguês descreve desde pequeno eram equivalentes à epifania que Aldo Leopold teve junto à loba moribunda. Neste caso, através do fogo verde que se soltava do olhar por da loba, a montanha revelou a Leopold a importância da harmonia, da beleza e da estabilidade ecológica.
Desde que Naess terminou a construção da cabana, em 1938, passou lá cerca de catorze anos da sua vida, onde desenvolveu o conceito de ecologia profunda, que viria a reinventar o olhar do ser humano sobre si mesmo e sobre o Ambiente envolvente.
Revista 'Vento e Água' nº 27
https://ventoeagua.com/revistas/27/
A «Floresta» em Portugal Porquê uma Aliança pela Floresta AutóctoneJorge Moreira
Cerna Nº 83, 2020
A pedido da Cerna, e para tornar mais compreensível aos conservacionistas e ecologistas da Galiza a situação da floresta autóctone em Portugal, enviamos estas notas que poderão ter alguma utilidade. Expomos por ordem cronológica, ao longo de cinco anos, como surgiu a Aliança pela Floresta Autóctone e como tem vindo a desenvolver-se e enraizar-se, muito lentamente é certo, como iniciativa informal.
Adiante tentamos explicar o que pretendemos com ela.
Estado do Ambiente - uma retrospetiva de 2019 - O Instalador 284Jorge Moreira
Em Portugal as ameaças ambientais sucedem-se num ritmo vertiginoso: novo aeroporto no Montijo, dragagens no Sado e noutros locais sensíveis, construção na orla costeira e zonas de cheias, projetos megalómanos para locais ainda preservados, exploração de lítio, agricultura superintensiva no Alentejo, monocultura de eucaliptos, continuação com o uso do glifosato e de outros pesticidas perigosos, etc. O mais infeliz desta situação é termos institutos estatais de defesa do Ambiente e da Natureza que dão aval, mesmo sabendo que há violações graves aos meios que tutelam.
"Eu também tenho um sonho: que governos, partidos políticos e empresas compreendam a urgência da crise climática e ecológica e se unam apesar das suas diferenças - como vocês fariam em caso de emergência - e tomem as medidas necessárias para salvaguardar as condições de uma vida digna para todos na terra"
Greta Thunberg, discurso no Congresso Norte-Americano, 2019
Educação para a emergência ecológica I Jorge Moreira
Este modelo educativo está longe de formar indivíduos livres pensadores, eticamente responsáveis e cidadãos conscientes, que consigam atender às exigências prementes de si mesmos, da sociedade e do Ambiente. O resultado deste sistema é a crise multidimensional, cuja crise ecológica é a sua manifestação mais evidente
As flores silvestre contribuem para a diversidade biológica, aumentam a produção agrícola, diminuem o uso de pesticidas e tornam a agricultura mais sustentável e sadia.
Tudo isto, e ainda pintam com o aroma da cor, da forma e fragrância onde se encontram. São realmente seres especiais, que merecem toda a nossa atenção e consideração.
A Ciência (que) Quer Salvar a Humanidade II - A Extinção em Massa, Jorge More...Jorge Moreira
Todos os relatórios/avisos da comunidade científica dizem que o que temos feito para salvar o Planeta é insuficiente e precisamos de alterações profundas na nossa sociedade, de uma ‘mudança transformadora’ para restaurar e proteger a Natureza e garantir um futuro para a Humanidade. Ainda não é tarde demais, mas amanhã já vai ser tarde demais. É necessário começar hoje, agora, e podemos fazê-lo através das nossas escolhas, nomeadamente com o que comemos, o que vestimos, como nos deslocamos, etc. Sejamos proativos. Mas também é necessário desconstruir os interesses instalados na sociedade, para dar primazia ao bem-comum, fazendo com que a defesa do bem-comum seja sinónimo de defesa da Natureza. O relatório do IPBES diz que a ‘mudança transformadora’, implica uma reorganização fundamental de todo o sistema, incluindo paradigmas, metas e valores.
Reutilização, Reparação e Reciclagem de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos,...Jorge Moreira
A reciclagem, a reparação e a reutilização de equipamentos elétricos e eletrónicos contribuem para minimizar os problemas ambientais e trazem ainda vantagens sociais e económicas para os consumidores. Veja como:
Resgatar a Humanidade, Alcide Gonçalves e Jorge Moreira, O Instalador, março ...Jorge Moreira
A palavra ‘humanidade’ deriva do latim’ humanitas’ e ‘humanitatis’, que significa cultura, civilização, natureza humana, carácter, sentimento, bondade, benevolência, cortesia e compaixão. Trata-se de uma palavra que exprime uma série de qualidades nobres, que residem profundamente no coração do ser humano.
Mas, esta palavra, significa também um conjunto de seres humanos, sendo ‘humanos’, relativo ao homem, que por sua vez é derivado de ‘homo’, relacionado como ‘humus’, terra. Quando vamos à raiz das coisas, acabamos por perceber que a Humanidade é simultaneamente um conjunto de qualidades e seres da terra. Isto sugere, que no sentido lato, todos os seres da terra podem ser considerados Humanidade. Todas as espécies, incluindo a Homo sapiens. Na verdade, não estaríamos cá sem o papel das outras espécies, tanto no que concerne a nível evolutivo, como ecológico. Não conseguiríamos existir e viver sem o contributo delas. Mas a palavra ‘terra’ também significa chão, solo, território, região de origem, nação, ou o próprio planeta Terra. Neste contexto, a Humanidade pode também ser considerada toda a Terra - a nossa grande Mãe. Há um traço de familiaridade cósmica.
Resíduos Urbanos: um problema com valor acrescentado, Alcide Gonçalves e Jorg...Jorge Moreira
Somos efetivamente uma sociedade de resíduos, com um impacto enorme no Ambiente e na qualidade de vida das pessoas. Os mares estão cheios de plástico e já começamos a comer micropartículas de plástico oriundas dos alimentos. Já foram tomadas medidas para diminuir o seu uso, mas não chega. É necessário voltar ao granel, aos mercados locais, à devolução das garrafas e embalagens, à compostagem caseira dos resíduos orgânicos mas, acima de tudo, é necessário uma nova Educação capaz de fomentar uma consciência limpa e livre de consumismos, capaz de cuidar de si e da Terra
A Vida no Centro do Universo, Revista o instalador 271Jorge Moreira
A Ecologia olha para o ser humano, da mesma forma que olha para as outras formas de vida, como um produto de um processo evolutivo, num complexo sistema interdependente e interconectado constituído pelos seres vivos. Esta forma científica reverte para um juízo moral, em que não há seres mais importantes do que outros. Para Taylor, cada organismo é per se um centro teleológico de vida, portador de dignidade inerente, o que lhe confere o estatuto de sujeito moral, não devendo ser tratado como meio para o fim de alguém. Assim, o ser humano é moralmente obrigado a proteger e promover o bem dos membros da comunidade biótica por si próprios.
Decrescimento – Crescer no Essencial, Jorge Moreira, Revista O Instalador 270Jorge Moreira
O decrescimento propõe-nos uma utopia concreta - um caminho diferente de uma sociedade de consumo, que consome pessoas e a Natureza, para uma sociedade de abundância frugal e de prosperidade humana e ecológica
Colóquio Vita Contemplativa - Mãe Natureza, Terra Viva Ecosofia, Ecologia Pro...Jorge Moreira
Quando observamos a Terra de fora, todos os indivíduos, todas as etnias humanas, todas as espécies de seres vivos, todas as serras, florestas, rios, lagos e mares, todos os Reinos da Natureza não têm fronteiras e são em conjunto a Terra.
Da mesma forma decorreu o Colóquio Vita Contemplativa Mãe Natureza, Terra Viva. Muitos contributos, de áreas tão distintas, mas todas apontaram caminhos ecosóficos idênticos.
(Esta é a segunda e última parte do artigo publicado, inicialmente, na edição de Junho de 2018 da Revista O Instalador)
Colóquio Vita Contemplativa - Mãe Natureza, Terra Viva Ecosofia, Ecologia Pro...Jorge Moreira
O Colóquio do Seminário Permanente “Vita Contemplativa - Práticas Contemplativas e Cultura Contemporânea" do Grupo Praxis do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, com o apoio do Círculo do Entre-Ser, trouxe este ano [14-15 Maio 2018] à reflexão o tema Mãe-Natureza, Terra Viva com o enfoque nos contributos da ecosofia, da ecologia profunda e da ecologia espiritual face à crise ecológica.
Durante dois dias, e de formas particulares, celebrou-se a Natureza, tornaram-se vivas memórias dessa Natureza em nós, apresentaram-se excelentes exemplos de sustentabilidade, formularam-se utopias possíveis e desejáveis de concretização, partilharam-se testemunhos, reforçaram-se laços e debateram-se contributos tão diversos para o tema: da Espiritualidade às práticas Eco-espirituais; do Xamanismo ao Yoga; do Taoísmo ao Budismo; do Cristianismo ao Islamismo; da cosmovisão dos povos primevos às experiências místicas, das metatopias urbanas às alimentares, da perspetiva de Heidegger à Física Quântica, da igualdade de gênero aos direitos da Natureza; da Transição à Permacultura; do Papa Francisco ao Compromisso com a Casa Comum; do contato com a Natureza às psicoterapias; do Caos a Gaia, passando por Eros - da Mitologia à Filosofia; da consciência do corpo à consciência da Terra, da Arte (cinema, arquitetura, pintura escultura, música, etc.) à Ciência holística; do Ecocentrismo ao Princípio feminino; da Ética à Ontologia e vice-versa.
As várias participações trouxeram visões e contributos preciosos que não podem ficar guardados com o encerramento do evento, pelo que deixamos aqui algumas das mensagens e ideias-chave debatidas.
O nosso dia de Alcide Gonçalves e Jorge Moreira, O Instalador, maio 2018Jorge Moreira
Falta festejar o dia em que cresceremos em consciência e conseguirmos integrar todo o Planeta como se fosse o nosso corpo, as nossas emoções e a nossa mente. Cada espécie passa a ser compreendida como uma célula nossa. Rios, florestas, montanhas, glaciares, lagos e oceanos são como os nossos órgãos. O sofrimento do boi ou da baleia passa a ser o nosso sofrimento. A alegria que emana do canto do rouxinol tem eco na nossa alegria. E nós passamos a compreender e a colaborar na internet micélica da vida
A Vida dos Rios da Vida, Jorge Moreira, Revista O Instalador, Abril 2018Jorge Moreira
A ideia de que os rios são as veias da Terra existe em diferentes geografias, culturas e épocas. Um dos maiores sábios que floresceu no seio da Humanidade foi Leonardo Da Vinci. A sua capacidade de ver mais além do que o comum dos mortais levou-o ao grande axioma hermético, o princípio da
correspondência, que existe entre dimensões e aspectos da vida. A analogia entre um organismo e a Natureza, mais precisamente, entre o funcionamento de um corpo humano e a Terra (...) Estas conclusões remetem também para a Terra como organismo vivo, mais tarde fundamentada cientificamente através da Teoria de Gaia, também conhecida por Hipótese biogeoquímica de James Lovelock e Lynn Margulis.
A Terra é um complexo sistema, cuja a água é peça fundamental para a vida. Assim, os rios saudáveis são os canais de vitalidade da Terra. Transportam água e sedimentos ricos em nutrientes e minerais (...)
As alterações climáticas, a poluição e a destruição das florestas autóctones, fruto do nosso egoísmo e antropocentrismo, afetam gravemente os rios. Sem eles não há vida como a conhecemos e este planeta, outrora lindo, ficará mais parecido do que nunca com o seu vizinho Marte. Certamente que por mais cegos e gananciosos que possamos ser, não vamos querer viver sem as belas curvas dos rios, sem a sua frescura cristalina, sem os rápidos, cachoeiras e deltas, sem os Guarda-rios ou a brincadeira da Lontra. O rio não é um recurso. É a seiva que alimenta a vida! Chegou a hora de defender a vida do fogo da morte.
Práticas sustentáveis e escolhas éticas, Jorge Moreira, Revista o Instalador ...Jorge Moreira
Vivemos num planeta maravilhoso, onde a vida sorri em milhões de formas, cores, sons, paladares e perfumes. Dá-nos ainda mais sentidos e um sentido a tudo. Um planeta onde a vida floresce, evolui e desperta para mundos interiores de consciência infinita. A Terra dá-nos isso tudo, alimenta o nosso corpo, fascina-nos intelectualmente e preenche-nos com a magia da sua beleza. Haverá algo mais incrível? Então porque estamos a destruir este paraíso?
O Valor Real das Árvores de Jorge Moreira - Revista O Instalador 234 Out 2015
1. Opinião
AMBIENTE E ENERGIAS RENOVÁVEIS
O Valor Real das Árvores
As árvores são poemas que a terra escreve para o céu
Nós as derrubamos e as transformamos em papel para registar todo o nosso vazio.
Khalil Gibran
Texto e Fotos_Jorge Moreira [Ambientalista]
acrescentando o facto que, durante esse
processo, capturam dióxido de carbono,
um dos principais gases responsáveis
pelo efeito de estufa, e libertam o
oxigénio que respiramos. Estes seres,
nos quais se incluem as árvores no seu
topo, são autênticas fábricas silenciosas
de transformação de energia e matéria,
que alimentam uma vasta biodiversida-
de, criando condições para que a vida
pudesse caminhar, erguer-se e tomasse
consciência de si.
A luz do sol é a fonte de energia primária
que permite o florescimento e a manuten-
ção da vida no nosso planeta. Os seres
vivos fototróficos convertem essa energia
física em energia química, que fica arma-
zenada nos compostos orgânicos e serve
de alimento base para a maior parte das
cadeias alimentares conhecidas. Trata-se
de um processo bio-físico-químico com-
plexo e com várias fases, que as plantas,
alguns protistas, proclorobactérias e
cianobactérias são capazes de realizar,
68 O Instalador Out'15 www.oinstalador.com
Os benefícios das árvores
As árvores são lenhosas com imensos
benefícios socioeconómicos e ambientais.
Vários estudos indicam que as árvores
podem ser utilizadas em técnicas de
fitorremediação, para removerem do solo,
poluentes altamente nocivos, como metais
pesados e derrames de combustíveis.
Poluentes esses, que se não forem devida-
mente removidos, podem ainda contami-
nar aquíferos. Da mesma forma, as árvores
2. O Instalador Out'15 www.oinstalador.com 69
Opinião
AMBIENTE E ENERGIAS RENOVÁVEIS
o desaparecimento do mecanismo de
sequestro do mesmo, contido nas árvo-
res abatidas. Paralelamente, as árvores
assumem especial relevo em técnicas de
adaptação climática e manutenção dos
nutrientes no solo, especialmente peran-
te fenómenos climatéricos extremos. A
enorme capacidade de absorção de água
e o sistema radicular diminui o perigo de
cheias, a erosão do solo, as enxurradas,
os lixiviados e o assoreamento dos rios.
Terrenos sensíveis e inclinados que sofre-
ram alterações do uso do solo, o corte
das árvores ou as agruras dos incêndios,
podem causar a jusante, danos humanos
e patrimoniais lamentáveis. A catástrofe
de 2010 na ilha da Madeira ficará na
memória de todos. Mas será que todos
perceberam a(s) verdadeira(s) causa(s)?
As árvores são um manancial de bens.
Para além dos diversos tipos de madeira
e seus subprodutos, consoante a espécie e
local onde se encontram, elas fornecem
isolante, como a cortiça; alimentos, no-
meadamente sementes, frutos, especiarias
e chás; óleos e substâncias que incorpo-
ram medicamentos e cosméticos; fibras e
celulose, que alimentam respetivamente as
indústrias têxtil e papel; e flores que embe-
lezam o nosso mundo. Os resíduos podem
ainda ser utilizados como fertilizantes, em
sistemas de aquecimento térmico e como
biomassa na produção de energia elétrica.
Muitos dos seus produtos não implicam o
abate.
A inteligência das árvores
Quão absurdo este título poderia parecer
entre a comunidade científica há cerca de
uma ou duas décadas atrás! Algo que a
professora de ecologia florestal Suzanne
Simard, da University of British Columbia,
conseguiu desmitificar. Ela descobriu que
as árvores de uma floresta, mesmo de
espécies diferentes, estão ligadas em rede,
enviando e partilhando informação pelo
sistema radicular. As raízes das árvores e
podem ser utilizadas para capturarem mais
de 50% das partículas em suspensão que
existem nas cidades e absorverem po-
luentes atmosféricos primários, tais como
óxidos de azoto, emitidos pelos transpor-
tes que utilizam motores de combustão
interna, e o óxido de enxofre, proveniente
de algumas atividades industriais e da
queima do carvão em centrais termoe-
létricas. Estes poluentes primários são
particularmente nocivos para os indivíduos
que sofrem de problemas respiratórios e
cardíacos. A situação pode agravar-se,
quando muitos destes poluentes reagem
na atmosfera, originando novos compostos
(poluentes secundários), corrosivos para
tecidos vivos e materiais ou na formação do
característico smog fotoquímico urbano.
Nesta situação, até as árvores sofrem as
consequências das chuvas ácidas e
os efeitos a uma exposição prolongada ao
ozono troposférico.
Em muitos locais, a colocação de árvores
e arbustos serve para reduzir a poluição
sonora, minorando a irritabilidade e o
stress. O seu benefício é tal, que valoriza
propriedades e imóveis na envolvente.
Outros estudos mostram que uma só
árvore, com copa grande e saudável,
possui o mesmo efeito de dez aparelhos
de ar condicionado a funcionar durante
20 horas por dia. As folhas conseguem
refrigerar o ar através do processo conhe-
cido por evapotranspiração, que liberta
humidade. Um bom projeto urbanístico,
que utilize árvores, pode contribuir para
a diminuição substancial do consumo
energético. Um carvalho saudável e adul-
to transpira cerca de 150.000 litros de
água por ano. Este é o mesmo princípio
que serve para justificar a importância
das florestas para a regulação do clima,
através da humidade, formação de
nuvens e respetiva precipitação, que
alimenta rios, lagos e lenções freáticos.
Complementarmente, sabe-se hoje que
a passagem do ar sobre extensas man-
chas florestais produz, pelo menos, duas
vezes mais chuvas que a passagem em
zonas com ausência ou rara vegetação. A
desflorestação altera proporcionalmente
o clima local e contribui para as altera-
ções climáticas à escala regional e global,
potenciada pela libertação do carbono e
os fungos associam-se simbioticamente
formando as micorrizas. O nós da rede
são as árvores, as ligações são os fungos.
Estas redes encontram-se organizadas
tal como o nosso sistema neuronal ou as
nossas redes sociais. Segundo Stefano
Mancuso, da Universidade de Florência,
em cada ponta da raiz, e numa planta pode
haver milhões de pontas, existem sensores
capazes de perceberem parâmetros físico-
-químicos como a presença de nutrientes,
o oxigénio, a gravidade, a temperatura e a
luz. Nessa mesma ponta, existem células
similares aos neurónios, que comunicam
equivalentemente através de impulsos
elétricos. O conjunto das raízes funciona
como uma espécie de cérebro enorme,
comandado pelas árvores mais antigas,
as árvores-mães, que são o centro da
regeneração da floresta e ajudam as mais
novas a desenvolverem-se. Elas fixam o
carbono nas suas folhas, fazem-no descer
até às raízes e enviam-no como nutriente
e informação para as restantes árvores,
Os fungos são a internet natural da Terra
Paul Stamets
3. 70 O Instalador Out'15 www.oinstalador.com
Opinião
AMBIENTE E ENERGIAS RENOVÁVEIS
preferencialmente para as suas filhas e es-
pecialmente em situações de stress ligados
a perigos diversos ou secas. Quando uma
árvore é atacada por um agente patogéni-
co, esta produz moléculas voláteis como
informação, avisando as outras árvores
para prepararem as suas defesas, mesmo
que estas se encontrem a quilómetros
de distância. Muitas vezes, quando uma
semente germina no solo, onde a luz do sol
não chega, essa pequena planta é alimen-
tada por uma mais velha. Comportam-se
como famílias humanas, cuidando umas
das outras e ajudando as filhas a ultra-
passar as dificuldades. As árvores-mães
movem recursos para as descendentes
antes de morrerem, deixando o seu legado
às gerações futuras.
Tal como a nossa internet, esta rede natural
também está sujeita a situações indese-
jadas. Alguns organismos aproveitam-se
dela para retirarem nutrientes, sem os
devidos benefícios para com os dadores
e, certas espécies, utilizam-na para com-
petirem com outras. São os casos das
acácias e de muitos tipos de eucaliptos,
que segregam substâncias nocivas para
outras espécies, reduzindo a capacidade
destas de se estabelecerem nas vizinhan-
ças ou diminuindo a possibilidade dos
microrganismos espalharem-se junto das
suas raízes, dificultando a rede natural. Por
esse e outros motivos, estas exóticas
são associadas à fraca biodiversidade e
devem ser evitadas.
A nossa relação com as
árvores
Segundo a revista Nature, existem atual-
mente 3.040.000.000.000 árvores no
mundo. Cerca de 416 árvores por cada
ser humano. Parece muito? Nem por isso! O
homem já fez desaparecer metade das
árvores existentes. Anualmente aparecem
5.000 milhões de árvores novas e assisti-
mos ao corte de 15.000 milhões. O saldo é
francamente negativo, de 10.000 milhões
de árvores. Os cálculos são evidentes: se
o ritmo continuar, as árvores irão desa-
parecer do planeta em apenas 300 anos.
As causas antropogénicas principais
são: fornecimento de madeira, alteração
do uso dos solos para urbanização e
agropecuária, incêndios, substituição de
espécies autóctones por exóticas e, mais
A árvore vai ficar a conhecer-te com os seus próprios sentidos.
Pode haver um momento em que, incomodado, você chega
para ver a sua amiga;
a árvore irá trazer a sua frescura, sua envolvência verde, vai
acalmá-lo e refrescá-lo, vai deixá-lo consolado.
Mary Majka, ambientalista pioneira, in: “My Friends, the Trees”
4. O Instalador Out'15 www.oinstalador.com 71
Opinião
AMBIENTE E ENERGIAS RENOVÁVEIS
69 mulheres perderam a vida agarrados às
árvores da sua aldeia, tentando protegê-las
do abate. Esta dramática ação culminou
num decreto real que proibia o corte de
árvores em todas as aldeias de Bishnoi.
Estas aldeias são paraísos arborizados no
meio da paisagem deserta e inspiraram o
movimento Chipko (agarrar-se), iniciado na
década de 70 do século passado, quando
um grupo de camponesas do nordeste
indiano abraçou as árvores que iriam ser
abatidas. Esta nova ação provocou adia-
mentos ao corte de árvores nos Himalaias
e forçou reformas florestais. Ainda dentro
deste espírito, dois homens e uma mulher
merecem especial relevo. Os homens
chamam-se Jadav Molai Payeng e Elzéard
Bouffier. Ambos plantaram sozinhos e sem
recursos uma floresta inteira. No norte da
Índia, na Ilha de Majuli, Molai enfrentou há 36
anos um problema desolador. O local era
impiedoso. Os bichos morriam devido ao
calor intenso e à falta de vegetação. Desde
então, encontra-se a plantar árvores e o
resultado são os fantásticos 560ha de flo-
resta, que alberga naturalmente elefantes,
tigres rinocerontes e várias aves. Bouffier,
um velho camponês sem instrução, dedi-
cou parte da sua vida a transformar um au-
têntico deserto nos Alpes franceses numa
maravilhosa mancha viva e com a água a
correr novamente nos leitos dos rios. No
século passado plantou milhões de árvores ao
longo de 30 anos. A mulher chama-se
Wangari Maathai e foi laureada com o
Nobel da Paz em 2004, precisamente pela
conservação das florestas e do ambiente.
Ela fundou em 1977, o movimento Cinturão
Verde Pan-africano (Pan-African Green Belt
Network), que já plantou 51 milhões de
árvores no Quénia.
Contamos ainda a plantação de árvores, que
algumas comunidades tradicionais fazem
quando nasce um bebé. Um gesto lindo e
sustentável. Da mesma forma, já há quem co-
loque uma semente com as cinzas fúnebres
de um ente querido para memória futura.
Na verdade, várias pesquisas relacionam o
contato com as árvores com o bem-estar e
a melhoria do estado de saúde de pessoas
com doenças mentais, défice de atenção
e concentração, hiperatividade, depressão
e enxaqueca. As crianças melhoram a
sua cognição e normalmente adoram as
árvores. A beleza delas não deixa ninguém
indiferente.
Notas finais
As árvores são magníficos seres da luz.
Procuram-na constantemente e quando
suas folhas verdes são bafejadas por ela, o
mundo jubila. Cada árvore autóctone abatida
entristece o nosso mundo, especialmente
porque cada árvore pode ser um autêntico
ecossistema, albergando líquenes, musgos,
fungos, insetos, aves, outras plantas, bacté-
rias e até mamíferos, que são também mor-
tos ou desalojados. Um conjunto equilibrado
de árvores e harmoniosamente consociado,
como são as florestas nativas, possuem uma
excelente biodiversidade. A diversidade dá
resiliência à floresta e a resiliência é a chave
para a recuperação após um evento deso-
lador. Por esse motivo, a floresta autóctone
permite uma gestão natural dos incêndios, a
recarga de aquíferos e previne certos riscos
naturais. Quando o abate é mesmo neces-
sário, os intervenientes devem ter cuidados
especiais na escolha dos indivíduos a abater,
deixando as árvores-mães e as juvenis, para
melhor e mais rápida recuperação.
As árvores nativas são um manancial de
serviços, produtos, saúde e bem-estar. Se
são assim tão especiais para nós e para o
Planeta, se são tão inteligentes, análogas
aos comportamentos humanos mais no-
bres, se são tão belas, que elevam o nosso
espírito, se têm valor intrínseco, indepen-
dente daquele que lhe atribuímos, porque
continuamos a permitir o seu abate?
Que o exemplo dos amantes das árvores
sirva de inspiração para todos nós.
Paz a todos os seres
recentemente, efeitos da poluição e das
alterações climáticas.
As árvores são exploradas até à exaustão.
Florestas inteiras são cortadas e toda a vida
que alberga é dizimada. Nada é respeitado.
Nem às árvores-mães, nem as espécies
em perigo. O comportamento humano traz
a destruição e o terror à vida não-humana.
Locais ricos em biodiversidade e resilientes
às pragas e às ignições de fogos deram
origem a monoculturas de eucalipto para
as celuloses. Os incêndios são mais fre-
quentes e os solos cada vez mais podres
e secos.
Contudo, há pessoas e instituições que
contrariam esta tendência e juntam-se
para reflorestar zonas degradadas, com
árvores nativas, como o Futuro – o Projeto
das 100.000 Árvores do CRE, o Movimento
Terra Queimada do GEOTA, Florestar Por-
tugal da AMO, Criar Bosques da Quercus
e Plante esta Ideia da Associação Plantar
uma Árvore. Outras, como a Montis, optam
por adquirir terrenos próprios ou gerir
terceiros, com objetivos de conservação. E
muitas ações são levadas por municípios,
ONGA, particulares e movimentos não
instituídos, no sentido da preservação da
biodiversidade, na erradicação de exóticas,
na reflorestação com espécies autóctones
e na plantação em espaços amplamente
urbanizados.
Há ainda aqueles que vão mais longe e in-
cluem as nossas primas, como gentilmente
Carl Sagan se referia às árvores, na sua
afetividade. Lutam para as salvar, falam
com elas, meditam sob a sua copa, abra-
çam-nas. Vandana Shiva relata um episó-
dio na Índia, em 1730, onde 294 homens e