SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 3
espécie seria uma representante
longínqua do gênero Homo
Artigos
O fim da evolução humana
A história evolutiva da espécie humana, com sua vasta
galeria de antepassados, pode estar chegando ao fim.
Ian Tattersall
Para o paleoantropólogo britânico Ian Tattersall,
a história evolutiva da espécie humana, com sua
vasta galeria de antepassados, pode estar
chegando ao fim
Por Giovanni Spataro
A evolução humana é hoje um dos principais temas dos debates científicos. Novas
descobertas estão desafiando conhecimentos estabelecidos. Considere, por exemplo, o
hominídeo de Flores - um verdadeiro ponto de interrogação em nossa história evolutiva.
Mas o mérito cabe também a cientistas como Ian Tattersall, autoridade no campo da
paleoantropologia e entusiasmado divulgador da evolução e de tudo que gira em torno
do tema. Prova disso é o que aconteceu no Teatro Palladium, em Roma. Depois de uma
hora de entrevista para a Radio 3 Scienza, Tattersall conversou com os estudantes que
assistiram ao programa. Rodeado por jovens cheios de perguntas, divertiu-se com tanta
curiosidade e ímpeto e não economizou nas respostas.
Scientific American: A paleoantropologia costuma ser considerada uma ciência
estática, um campo de pesquisa em que é difícil fazer descobertas. Isso corresponde à
situação atual?
Ian Tattersall: Jamais houve um período tão empolgante na paleontologia humana
como o que vivemos hoje. Não só dispomos de mais fósseis do que antigamente como
temos novas técnicas para analisar os dados.
Sciam: As fontes de informação são muito diversas, vão desde a genética até a
anatomia. Como usar os dados disponíveis?
Tattersall: É justamente esse o desafio. Há estudos que fornecem vários tipos de
informação, e o problema futuro será integrá-los. As hipóteses evolutivas baseadas em
dados morfológicos não estão de acordo com as baseadas em dados genéticos, ainda
que, em geral, as informações provenientes dos dois campos - a paleoantropologia física
e a genética - tendam a se reforçar mutuamente.
Sciam: Com dados mais bem integrados, é possível que o número de antepassados
humanos diminua? Particularmente a espécie dos hominídeos?
Tattersall: Não creio. A tendência geral é reconhecer não só mais espécies, mas
também mais gêneros. Somos hoje a única espécie de hominídeos na Terra e projetamos
essa situação para o passado. Mas com as diferentes técnicas e o número cada vez maior
de fósseis disponíveis, descobrimos que existe - e existia no passado - uma grande
diversidade. Em suma, a história da espécie humana é marcada pela luta contínua entre
diversas espécies de hominídeos. Há muitas hipóteses a respeito de quantas espécies
teriam existido. Minha opinião é de cerca de 20 nos últimos 6 milhões de anos.
Sciam: O Homo floresiensis faz parte desse grupo? Ainda se debate se devemos ou não
considerá-lo nosso antepassado.
Tattersall: Não creio que alguém defenda que o hominídeo de Flores deva ser
catalogado entre nossos antepassados. Na gruta onde foi descoberto o crânio do
primeiro H. floresiensis foi encontrado recentemente o maxilar de um segundo
indivíduo da mesma espécie. Isso nos leva a pensar que se trata, provavelmente, de uma
população local com alguma doença A única alternativa é considerar que o hominídeo
de Flores seja o representante de uma espécie que não conhecíamos, mas não há razões
convincentes para incluí-lo no gênero Homo. Mas se for, de fato, uma espécie de
hominídeo, sua ligação conosco é extremamente remota. Nesse caso, o hominídeo de
Flores representaria um dos descendentes dos primeiros hominídeos que emigraram da
África, em vez de uma forma degenerada de Homo erectus, como se acreditou logo após
sua descoberta.
Sciam: Falemos do presente. As pesquisas em paleontologia são úteis para cientistas
sociais e estudiosos que criticam outras abordagens da evolução social de nossa
espécie? Refiro-me à sociobiologia, segundo a qual há uma relação direta entre genes e
comportamento.
Tattersall: A sociobiologia é uma abordagem válida quando aplicada a sistemas como
os insetos sociais, mas não funciona no caso de realidades muito complexas do ponto de
vista cognitivo, como o Homo sapiens. Além disso, a sociobiologia implica uma visão
dos processos evolutivos estreitamente ligada à seleção natural, e não creio que sua
influência seja tão grande quanto a que lhe costumam atribuir. Se levarmos em conta
uma característica por vez, por exemplo a expansão do volume do cérebro, então é
possível pensar que a seleção tenha um papel no processo evolutivo. Mas os genomas
são estruturas extremamente complexas, e a única coisa que a seleção natural pode fazer
é determinar o êxito de um indivíduo, não o tamanho de seu cérebro.
Sciam: Nos últimos anos foram publicadas diversas pesquisas que evidenciam
mutações recentes e seleção dos genes que compõem o DNA humano. Nossa espécie
ainda está evoluindo?
Tattersall: Se considerarmos os genes isoladamente, a resposta é afirmativa: podemos
registrar mudanças no patrimônio genético humano. Mas não creio que sejam mudanças
importantes do ponto de vista evolutivo. Trata-se de flutuações que surgem ciclicamente
em todas as espécies. Para ser verdadeiramente nova, uma mutação deve ocorrer em
populações formadas por poucos indivíduos. Do ponto de vista genético, apenas as
populações pequenas são suficientemente instáveis para originar alguma característica
evolutiva nova. Hoje a população humana está muito interconectada, e é cada vez mais
fácil os indivíduos se deslocarem. Estão ausentes as condições necessárias para o
surgimento de mudanças significativas do ponto de vista evolutivo.
Sciam: Isso quer dizer que a globalização prejudica a evolução da espécie humana?
Tattersall: A globalização é um processo de modernização, mas certamente não
encoraja a inovação evolutiva.
Sciam: E para outras espécies, é possível observar sua evolução e estudá-la com novos
meios?
Tattersall: Teoricamente sim. Ao se tornar uma espécie cada vez mais difusa em todas
as partes do planeta, o Homo sapiens está fragmentando o hábitat de outros seres vivos.
Assim, está criando as condições para inovações evolutivas. Possivelmente
presenciaremos a evolução de outras espécies no futuro. Se esses fenômenos vão
ocorrer ou não em escala temporal que permita a observação
QUEM É
Ian Tattersall nasceu na Inglaterra em 1945 e cresceu na África oriental.
Estudou arqueologia e antropologia na Universidade de Cambridge e geologia e
paleontologia de vertebrados na Universidade Yale, onde obteve, em 1971, o doutorado
em geologia e geofísica.
Publicou mais de 200 artigos científicos e diversos livros de divulgação, entre eles
Becoming human: evolution and human uniqueness (1999) e The human odyssey: four
million years of human evolution (2001).
Coordena a Divisão de Antropologia do Museu Americano de História Natural de Nova
York.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Teoria da Evolução de Charles Darwin
Teoria da Evolução de Charles DarwinTeoria da Evolução de Charles Darwin
Teoria da Evolução de Charles Darwinhewencho
 
Seleção Natural e Adaptação
Seleção Natural e AdaptaçãoSeleção Natural e Adaptação
Seleção Natural e AdaptaçãoGuellity Marcel
 
Teorias evolutivas
Teorias evolutivasTeorias evolutivas
Teorias evolutivasURCA
 
Complexidade 2 evolucao
Complexidade 2 evolucaoComplexidade 2 evolucao
Complexidade 2 evolucaorauzis
 
Genética Geral - Evolução
Genética Geral - EvoluçãoGenética Geral - Evolução
Genética Geral - EvoluçãoGuellity Marcel
 
0(módulo 2) 1ºttar
0(módulo 2)  1ºttar0(módulo 2)  1ºttar
0(módulo 2) 1ºttarPelo Siro
 
Origem das espécies e dos grandes grupos de seres vivos.
Origem das espécies e dos grandes grupos de seres vivos.Origem das espécies e dos grandes grupos de seres vivos.
Origem das espécies e dos grandes grupos de seres vivos.3a-manha
 
Histórico da Evolução até Darwin
Histórico da Evolução até DarwinHistórico da Evolução até Darwin
Histórico da Evolução até DarwinGuellity Marcel
 
Introdução a evolução
Introdução a evoluçãoIntrodução a evolução
Introdução a evoluçãoURCA
 
Neodarwinismo
NeodarwinismoNeodarwinismo
Neodarwinismorickmatos
 
7º ano cap3 a evolução dos seres vivos
7º ano cap3  a evolução dos seres vivos7º ano cap3  a evolução dos seres vivos
7º ano cap3 a evolução dos seres vivosISJ
 
Aula 7º ano - Evolução (completo)
Aula 7º ano - Evolução (completo)Aula 7º ano - Evolução (completo)
Aula 7º ano - Evolução (completo)Leonardo Kaplan
 
Evolução: Darwin vs Lamarck
Evolução: Darwin vs LamarckEvolução: Darwin vs Lamarck
Evolução: Darwin vs LamarckRicardo Sousa
 
2S reino protoctista _ I_ protozoários_abril_2014
2S reino protoctista _ I_ protozoários_abril_20142S reino protoctista _ I_ protozoários_abril_2014
2S reino protoctista _ I_ protozoários_abril_2014Ionara Urrutia Moura
 
Formação da vida orgânica 31.03.2012
Formação da vida orgânica 31.03.2012Formação da vida orgânica 31.03.2012
Formação da vida orgânica 31.03.2012Tiago de Campos
 

Mais procurados (20)

Teoria da Evolução de Charles Darwin
Teoria da Evolução de Charles DarwinTeoria da Evolução de Charles Darwin
Teoria da Evolução de Charles Darwin
 
Seleção Natural e Adaptação
Seleção Natural e AdaptaçãoSeleção Natural e Adaptação
Seleção Natural e Adaptação
 
Teorias evolutivas
Teorias evolutivasTeorias evolutivas
Teorias evolutivas
 
Complexidade 2 evolucao
Complexidade 2 evolucaoComplexidade 2 evolucao
Complexidade 2 evolucao
 
Genética Geral - Evolução
Genética Geral - EvoluçãoGenética Geral - Evolução
Genética Geral - Evolução
 
0(módulo 2) 1ºttar
0(módulo 2)  1ºttar0(módulo 2)  1ºttar
0(módulo 2) 1ºttar
 
Teorias evolutivas
Teorias evolutivasTeorias evolutivas
Teorias evolutivas
 
Mecanismos de evolução biológica
Mecanismos de evolução biológicaMecanismos de evolução biológica
Mecanismos de evolução biológica
 
Origem das espécies e dos grandes grupos de seres vivos.
Origem das espécies e dos grandes grupos de seres vivos.Origem das espécies e dos grandes grupos de seres vivos.
Origem das espécies e dos grandes grupos de seres vivos.
 
Histórico da Evolução até Darwin
Histórico da Evolução até DarwinHistórico da Evolução até Darwin
Histórico da Evolução até Darwin
 
Introdução a evolução
Introdução a evoluçãoIntrodução a evolução
Introdução a evolução
 
Neodarwinismo
NeodarwinismoNeodarwinismo
Neodarwinismo
 
7º ano cap3 a evolução dos seres vivos
7º ano cap3  a evolução dos seres vivos7º ano cap3  a evolução dos seres vivos
7º ano cap3 a evolução dos seres vivos
 
Aula 7º ano - Evolução (completo)
Aula 7º ano - Evolução (completo)Aula 7º ano - Evolução (completo)
Aula 7º ano - Evolução (completo)
 
Evolução: Darwin vs Lamarck
Evolução: Darwin vs LamarckEvolução: Darwin vs Lamarck
Evolução: Darwin vs Lamarck
 
Evolução
EvoluçãoEvolução
Evolução
 
Evolução biológica 1 (PRÉ)
Evolução biológica 1 (PRÉ)Evolução biológica 1 (PRÉ)
Evolução biológica 1 (PRÉ)
 
Evolução curso
Evolução cursoEvolução curso
Evolução curso
 
2S reino protoctista _ I_ protozoários_abril_2014
2S reino protoctista _ I_ protozoários_abril_20142S reino protoctista _ I_ protozoários_abril_2014
2S reino protoctista _ I_ protozoários_abril_2014
 
Formação da vida orgânica 31.03.2012
Formação da vida orgânica 31.03.2012Formação da vida orgânica 31.03.2012
Formação da vida orgânica 31.03.2012
 

Semelhante a O fim da evolução humana artigo

59-170-1-PB.pdf
59-170-1-PB.pdf59-170-1-PB.pdf
59-170-1-PB.pdfConhecer2
 
Os dragoes do eden carl sagan
Os dragoes do eden   carl saganOs dragoes do eden   carl sagan
Os dragoes do eden carl saganJomhara Cristine
 
A evolução biológica e a cultura humana
A evolução biológica e a cultura humanaA evolução biológica e a cultura humana
A evolução biológica e a cultura humanaIona Quintanilha
 
Origem da humanidade
Origem da humanidadeOrigem da humanidade
Origem da humanidadeZé Knust
 
A origem e a evolução do homem
A origem e a evolução do homemA origem e a evolução do homem
A origem e a evolução do homemIsabel Cristina
 
Cefet/Coltec Aula 6 Conjunções/Conectivos - Provas cefet
Cefet/Coltec Aula 6   Conjunções/Conectivos - Provas cefetCefet/Coltec Aula 6   Conjunções/Conectivos - Provas cefet
Cefet/Coltec Aula 6 Conjunções/Conectivos - Provas cefetProfFernandaBraga
 
Cães Produzindo Cães
Cães Produzindo CãesCães Produzindo Cães
Cães Produzindo CãesDennis Edwards
 
Genetics, evolution, communication: a love story
Genetics, evolution, communication: a love story Genetics, evolution, communication: a love story
Genetics, evolution, communication: a love story Filipa M. Ribeiro
 
2230629 john-zerzan-futuro-primitivo
2230629 john-zerzan-futuro-primitivo2230629 john-zerzan-futuro-primitivo
2230629 john-zerzan-futuro-primitivoCelso Vieira
 
A Evolucao Da Vida
A Evolucao Da VidaA Evolucao Da Vida
A Evolucao Da VidaPPS Fã
 
Lista de exercícios 2 pré-história
Lista de exercícios 2   pré-históriaLista de exercícios 2   pré-história
Lista de exercícios 2 pré-históriaZé Knust
 
A teoria sintética do Darwin
A teoria sintética do DarwinA teoria sintética do Darwin
A teoria sintética do DarwinPedro Kangombe
 

Semelhante a O fim da evolução humana artigo (20)

59-170-1-PB.pdf
59-170-1-PB.pdf59-170-1-PB.pdf
59-170-1-PB.pdf
 
Os dragoes do eden carl sagan
Os dragoes do eden   carl saganOs dragoes do eden   carl sagan
Os dragoes do eden carl sagan
 
A evolução biológica e a cultura humana
A evolução biológica e a cultura humanaA evolução biológica e a cultura humana
A evolução biológica e a cultura humana
 
clifford.ppt
clifford.pptclifford.ppt
clifford.ppt
 
Origem da humanidade
Origem da humanidadeOrigem da humanidade
Origem da humanidade
 
A busca pelo conhecimento
A busca pelo conhecimentoA busca pelo conhecimento
A busca pelo conhecimento
 
Resumo transição para humanidade.
Resumo   transição para humanidade.Resumo   transição para humanidade.
Resumo transição para humanidade.
 
A origem e a evolução do homem
A origem e a evolução do homemA origem e a evolução do homem
A origem e a evolução do homem
 
Geertz transição para humanidade
Geertz   transição para humanidadeGeertz   transição para humanidade
Geertz transição para humanidade
 
Conjunções provas cefet
Conjunções   provas cefetConjunções   provas cefet
Conjunções provas cefet
 
Cefet/Coltec Aula 6 Conjunções/Conectivos - Provas cefet
Cefet/Coltec Aula 6   Conjunções/Conectivos - Provas cefetCefet/Coltec Aula 6   Conjunções/Conectivos - Provas cefet
Cefet/Coltec Aula 6 Conjunções/Conectivos - Provas cefet
 
Cães Produzindo Cães
Cães Produzindo CãesCães Produzindo Cães
Cães Produzindo Cães
 
Variação genética nas populações humana!
Variação genética nas populações humana!Variação genética nas populações humana!
Variação genética nas populações humana!
 
Genetics, evolution, communication: a love story
Genetics, evolution, communication: a love story Genetics, evolution, communication: a love story
Genetics, evolution, communication: a love story
 
Evolução humana-3A
Evolução humana-3AEvolução humana-3A
Evolução humana-3A
 
2230629 john-zerzan-futuro-primitivo
2230629 john-zerzan-futuro-primitivo2230629 john-zerzan-futuro-primitivo
2230629 john-zerzan-futuro-primitivo
 
A Evolucao Da Vida
A Evolucao Da VidaA Evolucao Da Vida
A Evolucao Da Vida
 
Origem e evolução do ser humano
Origem e evolução do ser humanoOrigem e evolução do ser humano
Origem e evolução do ser humano
 
Lista de exercícios 2 pré-história
Lista de exercícios 2   pré-históriaLista de exercícios 2   pré-história
Lista de exercícios 2 pré-história
 
A teoria sintética do Darwin
A teoria sintética do DarwinA teoria sintética do Darwin
A teoria sintética do Darwin
 

Último

Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)ElliotFerreira
 
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESCOMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESEduardaReis50
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOAulasgravadas3
 
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptxAtividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptxDianaSheila2
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptxMarlene Cunhada
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptMaiteFerreira4
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxferreirapriscilla84
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaronaldojacademico
 
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdfNoções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdflucassilva721057
 
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfAula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfFernandaMota99
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....LuizHenriquedeAlmeid6
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.Mary Alvarenga
 
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdfRevista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdfMárcio Azevedo
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Ilda Bicacro
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?AnabelaGuerreiro7
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavrasMary Alvarenga
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManuais Formação
 
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresAnaCarinaKucharski1
 

Último (20)

Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
 
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESCOMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
 
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptxAtividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
 
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdfNoções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
 
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfAula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
 
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdfRevista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavras
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
 
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
 

O fim da evolução humana artigo

  • 1. espécie seria uma representante longínqua do gênero Homo Artigos O fim da evolução humana A história evolutiva da espécie humana, com sua vasta galeria de antepassados, pode estar chegando ao fim. Ian Tattersall Para o paleoantropólogo britânico Ian Tattersall, a história evolutiva da espécie humana, com sua vasta galeria de antepassados, pode estar chegando ao fim Por Giovanni Spataro A evolução humana é hoje um dos principais temas dos debates científicos. Novas descobertas estão desafiando conhecimentos estabelecidos. Considere, por exemplo, o hominídeo de Flores - um verdadeiro ponto de interrogação em nossa história evolutiva. Mas o mérito cabe também a cientistas como Ian Tattersall, autoridade no campo da paleoantropologia e entusiasmado divulgador da evolução e de tudo que gira em torno do tema. Prova disso é o que aconteceu no Teatro Palladium, em Roma. Depois de uma hora de entrevista para a Radio 3 Scienza, Tattersall conversou com os estudantes que assistiram ao programa. Rodeado por jovens cheios de perguntas, divertiu-se com tanta curiosidade e ímpeto e não economizou nas respostas. Scientific American: A paleoantropologia costuma ser considerada uma ciência estática, um campo de pesquisa em que é difícil fazer descobertas. Isso corresponde à situação atual? Ian Tattersall: Jamais houve um período tão empolgante na paleontologia humana como o que vivemos hoje. Não só dispomos de mais fósseis do que antigamente como temos novas técnicas para analisar os dados. Sciam: As fontes de informação são muito diversas, vão desde a genética até a anatomia. Como usar os dados disponíveis? Tattersall: É justamente esse o desafio. Há estudos que fornecem vários tipos de informação, e o problema futuro será integrá-los. As hipóteses evolutivas baseadas em dados morfológicos não estão de acordo com as baseadas em dados genéticos, ainda que, em geral, as informações provenientes dos dois campos - a paleoantropologia física e a genética - tendam a se reforçar mutuamente. Sciam: Com dados mais bem integrados, é possível que o número de antepassados humanos diminua? Particularmente a espécie dos hominídeos? Tattersall: Não creio. A tendência geral é reconhecer não só mais espécies, mas também mais gêneros. Somos hoje a única espécie de hominídeos na Terra e projetamos
  • 2. essa situação para o passado. Mas com as diferentes técnicas e o número cada vez maior de fósseis disponíveis, descobrimos que existe - e existia no passado - uma grande diversidade. Em suma, a história da espécie humana é marcada pela luta contínua entre diversas espécies de hominídeos. Há muitas hipóteses a respeito de quantas espécies teriam existido. Minha opinião é de cerca de 20 nos últimos 6 milhões de anos. Sciam: O Homo floresiensis faz parte desse grupo? Ainda se debate se devemos ou não considerá-lo nosso antepassado. Tattersall: Não creio que alguém defenda que o hominídeo de Flores deva ser catalogado entre nossos antepassados. Na gruta onde foi descoberto o crânio do primeiro H. floresiensis foi encontrado recentemente o maxilar de um segundo indivíduo da mesma espécie. Isso nos leva a pensar que se trata, provavelmente, de uma população local com alguma doença A única alternativa é considerar que o hominídeo de Flores seja o representante de uma espécie que não conhecíamos, mas não há razões convincentes para incluí-lo no gênero Homo. Mas se for, de fato, uma espécie de hominídeo, sua ligação conosco é extremamente remota. Nesse caso, o hominídeo de Flores representaria um dos descendentes dos primeiros hominídeos que emigraram da África, em vez de uma forma degenerada de Homo erectus, como se acreditou logo após sua descoberta. Sciam: Falemos do presente. As pesquisas em paleontologia são úteis para cientistas sociais e estudiosos que criticam outras abordagens da evolução social de nossa espécie? Refiro-me à sociobiologia, segundo a qual há uma relação direta entre genes e comportamento. Tattersall: A sociobiologia é uma abordagem válida quando aplicada a sistemas como os insetos sociais, mas não funciona no caso de realidades muito complexas do ponto de vista cognitivo, como o Homo sapiens. Além disso, a sociobiologia implica uma visão dos processos evolutivos estreitamente ligada à seleção natural, e não creio que sua influência seja tão grande quanto a que lhe costumam atribuir. Se levarmos em conta uma característica por vez, por exemplo a expansão do volume do cérebro, então é possível pensar que a seleção tenha um papel no processo evolutivo. Mas os genomas são estruturas extremamente complexas, e a única coisa que a seleção natural pode fazer é determinar o êxito de um indivíduo, não o tamanho de seu cérebro. Sciam: Nos últimos anos foram publicadas diversas pesquisas que evidenciam mutações recentes e seleção dos genes que compõem o DNA humano. Nossa espécie ainda está evoluindo? Tattersall: Se considerarmos os genes isoladamente, a resposta é afirmativa: podemos registrar mudanças no patrimônio genético humano. Mas não creio que sejam mudanças importantes do ponto de vista evolutivo. Trata-se de flutuações que surgem ciclicamente em todas as espécies. Para ser verdadeiramente nova, uma mutação deve ocorrer em populações formadas por poucos indivíduos. Do ponto de vista genético, apenas as populações pequenas são suficientemente instáveis para originar alguma característica evolutiva nova. Hoje a população humana está muito interconectada, e é cada vez mais fácil os indivíduos se deslocarem. Estão ausentes as condições necessárias para o surgimento de mudanças significativas do ponto de vista evolutivo.
  • 3. Sciam: Isso quer dizer que a globalização prejudica a evolução da espécie humana? Tattersall: A globalização é um processo de modernização, mas certamente não encoraja a inovação evolutiva. Sciam: E para outras espécies, é possível observar sua evolução e estudá-la com novos meios? Tattersall: Teoricamente sim. Ao se tornar uma espécie cada vez mais difusa em todas as partes do planeta, o Homo sapiens está fragmentando o hábitat de outros seres vivos. Assim, está criando as condições para inovações evolutivas. Possivelmente presenciaremos a evolução de outras espécies no futuro. Se esses fenômenos vão ocorrer ou não em escala temporal que permita a observação QUEM É Ian Tattersall nasceu na Inglaterra em 1945 e cresceu na África oriental. Estudou arqueologia e antropologia na Universidade de Cambridge e geologia e paleontologia de vertebrados na Universidade Yale, onde obteve, em 1971, o doutorado em geologia e geofísica. Publicou mais de 200 artigos científicos e diversos livros de divulgação, entre eles Becoming human: evolution and human uniqueness (1999) e The human odyssey: four million years of human evolution (2001). Coordena a Divisão de Antropologia do Museu Americano de História Natural de Nova York.