(2011)
Os quês?
Evolução: teorias e enigmas;
Homem moderno: origem e migrações;
Património Genético Português: a influência da História
Os porquês:
Porquê comunicar genética?
Porquê nós?
1. Genética,
comunicação e
evolução humana:
uma história de
amor
Filipa M. Ribeiro
Science writer | Researcher
filipa.ribeiro@gmail.com
Sociedade de História
Natural | Torres Vedras
2. Objectivos
Os quês?
• Evolução: teorias e enigmas;
• Homem moderno: origem e
migrações;
• Património Genético Português:
a influência da História
Os porquês:
• Porquê comunicar genética?
• Porquê nós?
3. Uma questão de hierarquia
Reino Animal
Filo Chordata
Classe Mamífero
Ordem Primatas
Família Hominídeo
Género Homo
Espécie Sapiens
5. • Darwin e Wallace, 1850s
– A Teoria da Evolução
– Darwin, On the origin of
species, 1859
– Influenciado pelo princípio
do uniformitarismo
(geologia). Charles Darwin
Teorias da Evolução
6. • Princípio da selecção natural
– A selecção natural é o processo gradual segundo o qual a
natureza selecciona os organismos mais adaptados para
sobreviver e reproduzir-se num dado ambiente.
– Segundo o conceito de selecção natural, os organismos
mais bem adaptados (better fit) a um ambiente, irão
reproduzir-se mais frequentemente do que os organismos
menos adaptados.
Corolários da Teoria da Evolução
7. - A genética explica a origem da
diversidade sobre a qual a selecção
natural opera.
Corolários da Teoria da Evolução
Mendel: Princípio da hereditariedade,
1856
8. • Deriva genética: perda aleatória de alelos do
“stock” genético de uma população;
• Mutação introduz variação genética numa
população;
• Fluxo genético ocorre através da reprodução ou
cruzamento entre populações.
Corolários da Teoria da Evolução
9. Outras teorias
• Criacionismo explica a diversidade biológica
referindo-se ao acto divino da Criação, conforme
descrito no Génesis.
• Catastrofismo justifica os registos fósseis pela
existência de catástrofes criadas por Deus.
• Design inteligente afirma que a física moderna e a
cosmologia descobriram evidências de inteligência na
estrutura do universo e essa inteligência parece actuar
connosco em mente e o universo como um todo mostra
evidências de design.
13. Homo sapiens evoluiu do
Homo erectus
• Hipótese multirregional
(1943)
• Evolução semelhante ocorreu em
muitos lugares diferentes.
• Out-of- Africa
• H. sapiens evoluiu a partir do H.
erectus a partir de África e,
posteriormente, migrou para a
Europa.
16. • H. neanderthalensis coexistiu com o H.
sapiens pelo menos durante 20,000 anos,
talvez até 60,000 anos.
• O que aconteceu?
- Neandertals cruzaram-se com o H.
sapiens;
- Neandertals foram extintos pelos H.
sapiens através da competição.
E os Neandertals?
17. Homo sapiens
• Arcaico – 100,000 to
35,000 anos
– Também designados
por Homo sapiens e
Homo sapiens
neanderthalensis
• Moderno – 35,000
anos até ao presente
– Anatomicamente
moderno
– Por vezes chamado
de Homo sapiens
sapiens
18. Frequência e datação das linhagens
femininas na Europa, adaptado de Richards
et al. (2000).
Evas caçadoras-
recolectoras
19. Um caldo de cultura
Entrada do Homem Moderno
na Europa desenvolvendo
várias culturas sequenciais.Anta da Zambujeira
Cromeleques de
Almendres
“Emancipai-vos da escravidão mental, ninguém senão vós
pode libertar a vossa mente”
Bob Marley, Redemption Song (1980)
20. Distribuição das linhagens mitocondriais paleolíticas em
Portugal (cinza escuro) e neolíticas (cinza claro)
25. Information is not knowledge
Knowledge is not wisdom
Wisdom is not truth
Truth is not beauty
Beauty is not love
(F. Zappa, “The Packard Goose”)
E a comunicação de ciência?
28. Integração -> Aplicação -> Network
Visão do todo
Antever a "história" leva ao planeamento da pesquisa abrangente
e extensiva que é preciso fazer. Isto é útil quer para o
comunicador, quer para o cientista.
Contexto
Identificar as relações e desenvolver comparações pode fornecer
informações (insights) importantes.
Visualização
A combinação de elementos visuais diferentes pode levar a novos
insights.
Síntese
Combinar e comparar diferentes conjuntos de dados ou de
abordagens leva a novos insights e a um novo conhecimento.
29. Comunicação de ciência “zen”
O entusiasmo conta: tem de se gostar do tema
Dar a nós mesmos tempo de qualidade
Feedback e Revisão são essenciais: é preciso procurá-los
31. • Mais e melhores perguntas;
• Transformação de identidades e valores;
• Explicação do sentido;
• Explicação operacional;
• Criatividade;
• Emoções;
• Construção de conhecimento;
• Progresso ético/ moral e intelectual.
Uma outra comunicação
32. Comunicação e Enigmas da
evolução
“Parte do segredo está lá escondido, mas ainda não
sabemos o que é”
1º enigma
O cenário em que Lucy gerou o Rapaz de Tukana
que gerou o Homem de Neandertal que gerou o
Homo sapiens não existe!
33. 2º enigma:
Saber como e por que razão 20 ou mais espécies
distintas de hominídeos terão sido submetidas,
durante vários milhões de anos, a uma
transformação anatómica em grande escala que não
correspondia às necessidades de um caçador-
recolector?
3º enigma:
Por que razão, durante quase 150 anos, a ortodoxia
científica insistiu em afirmar conhecer a resposta
para a questão da evolução quando, tal como
reconhece o paleontólogo Ian Tattersall, “temos
apenas uma percepção mínima da forma como se
desenrolou essa história dramática”?
Comunicação e Enigmas da
evolução
34. Confortável cobertor da
razão de Darwin
• Surgimento da vida?
• Os primeiros organismos unicelulares?
• O Código genético?
• A fotossíntese?
• As primeiras formas de vida pluricelulares da
explosão Câmbrica?
• O mecanismo de transição de peixe para réptil
e de mamífero para ave?
• A fábrica automatizada da célula?
35. Sem cobertor, mas com
novo paradigma
Homem
• Poder da razão
(interpretação do
mundo);
• Imaginação;
• Possibilidade de saber
de onde viemos e para
onde vamos;
• Habitamos o domínio
espiritual
Primos primatas
• Não
• Não
• Não
• Não
36. Ousa saber!
Chega de Darwin, Marx e Freud!
Uma ironia:
Uma das grandes ironias da Nova Genética e da
Década do Cérebro é o facto de terem reivindicado
os dois principais ímpetos para a crença religiosa –
a realidade não material da alma humana e a
beleza e diversidade do mundo vivo.
37. Ousa saber!
Chega de Darwin, Marx e Freud!
Um desafio:
Dar continuidade às numerosas observações e
experiências negligenciadas pela ciência “oficial”
feitas nos últimos 100 anos que apontam para a
existência de forças ainda desconhecidas pela
Biologia.
38. “Os Homens vão para o
estrangeiro maravilhar-se com
a altura das montanhas, com
a grandeza das ondas do mar,
com os longos cursos fluviais,
com a imensidão dos oceanos
e com o movimento circular
das estrelas, sem jamais se
maravilharem com eles
próprios”
Santo Agostinho, século V a. C.
“Conhece-te a ti mesmo, não
tenhas a presunção de
analisar Deus; à humanidade
cabe o estudo do
homem….Único juiz da
verdade, sempre caído em
erro; a glória, a ironia e o
enigma do mundo!”
Alexandre Pope, Ensaio sobre o homem,
1734.
A base da compreensão da origem do mundo encontra-se nas relações que se estabeleceram entre homens (mortais) e deuses (imortais). É a partir dessas relações que o mundo é ordenado. Por sua vez, essa ordenação foi uma “criação” de séculos que se nutriu da cultura existente na Grécia. A origem é relatada em inúmeros mitos: em alguns o home era considerado filho da terra, outros formigas transformadas ou seres feitos a partir de areia ou barro.
Teoria da evolução: postula que as espécies de pl an tas e animais existentes desenvolveram-se ao longo de milhões de anos a partir de organismos simples. James Hutton (1726-1797) como estudioso dos processos sedimentares confirmou o princípio da sobreposição e estabeleceu o Princípio do Uniformitarismo , também conhecido pelo Princípio das Causas Actuais , o qual se pode expressar das seguintes formas: 1) os fenómenos geológicos existentes na actualidade são idênticos aos que ocorreram no passado, 2) os acontecimentos geológicos do passado, explicam-se através dos mesmos processos naturais que se observam na actualidade, 3) " o presente é a chave do passado".
No início do século XX, os primeiros geneticistas demoraram a aderir ao paradigma evolutivo e, quando o fizeram, criaram uma nova teoria. O desenvolvimento da genética, especialmente da genética de populações, a melhor compreensão do mecanismo das mutações e os primeiros estudos sobre a variabilidade presente nas populações, permitiram o desenvolvimento da chamada “teoria sintética” ou “neodarwinismo” que viria a integrar também os outros ramos da biologia. Esta teoria, com importantes modificações, é ainda a visão predominante. Em genética de populações, entretanto, o conceito de aptidão passou a ser aplicado a genótipos, ao invés de organismos, gerando uma série de questões ainda mal compreendidas.
Ao fazer experiências com ervilhas, Mendel concluiu que a hereditariedade é determinada por partículas muito discretas, cujos efeitos podem desaparecer numa geração e reaparecer na seguinte.
Fluxo genético: tramissão de material genético de uma população para outra. Diminui as diferenças entre populações e inibe a especiação (formação de novas espécies).
Catastrofismo: é uma versão modificada do criacionismo. Essas catástrofes teriam extinto os seres representados nos fósseis que foram, posteriormente, substituídas por outras.
A filogenia diz-nos que os humanos estão mais proximamente relacionados com os chimpazés africanos. O nosso último antepassado comum parece ter vivido há 5-7 milhões de anos. E só por estas imagens podemos inferir que a evolução não foi gratuita, toda a mudança na concepção que origina um benefício incorrer inevitavelmente num custo. Os processos de evolução simplesmente avançam para onde os benefícios de qualquer mudança superem os custos. Por isso, somos uma miscelânea de coisas que pareceram boas ideias na altura, mas que, em retrospectiva, talvez pudessem ter sido feitas de modo diferente. Daí que não sejamos diferentes de qq outra espécie. O nosso desafio, tal como sempre, é o de viver com as nossas imperfeições e ainda assim deixar o mundo melhor do que o encontrámos. O H. sapiens entrou na Europa no último máximo glaciar
mtDNA: Como é pequeno, é quase todo composto por genes, ie, + de 90% da molécula é codificante. Esta região codificante tem uma tx de mutação 10 x superior ao do DNA nuclear, o que é um bónus para a genética populacional, pois ess atx de mutação leva a uma maior diversidade genética e a um maior poder de distinção genética entre linhagens; zonas com diferentes tx de mutação permitem diferentes relógios moleculares. Para estudar o mtDNA, os cientistas usam 2 relógios moleculares: um mais rápido ligado à zona hipervariável e outro mais lento ligado à zona codificante. Em 2008, existiam 5100 sequências completas de mtDNA de seres humanos de várias origens geográficas, mas num futuro próximo este número vai aumentar exponencialmente. Cada indivíduo possui várias cópias de mtDNA e, por isso, este tipo de ADN é fácil de obter, de purificar e de analisar. O mtADN e o cromossoma Y são os únicos exemplos de transmissão uniparental. Não é ainda conhecido porque é que os homens não transmitem o mt adn , mas julga-se que seja porque como o oocito é gigante e o espermatozóide é pequenino, isso origina uma desproporção entre as mitocôndrias maternas e paternas. Mas o cromossoma Y tb nos mostra coisas: o antepassado paterno mais próximo do ser humano seria pelo menos de 80000 anos mais jovem do que o mtADNcomum mais recente. Na linhagem paterna, o Adão habitou áfrica há cerca de 60 000 anos. Com esta diferença de idades, Adão e Eva podem nunca se ter encontrado. Mas é preciso ter em conta que as reconstruções filogenéticas vão até o ancestral comum mais recente das linhagens actuais, o que ñ significa que estamos a detectar os primeiros seres humanos.
Se recuarmos no passado de 2 pessoas ao acaso, constatamos que elas estão ligadas através das mães e das mães de suas mães a um ancestral comum. Como não conseguimos recuar tanto na memória, temos a memória infinitamente maior do DNA mitocondrial. Quanto mais antiga for essa antepassada, maiores são as probabilidades de terem ocorrido mutações. Por isso, a taxa de muatação do DNA mitocondrial é tão importante neste tipo de estudos. A diversidade genética fica gravada no nosso genoma. São as mutações que nos permitem estabelecer um relógio molecular para medir a relação dos diferentes grupos. Para o estudo da linhagem materna de um indivíduo, a primeira região a ser caracterizada é a região com maior taxa de mutação (região hipervariável I), loclizando-se entre as posições 16021 e 16390 das cerca de 16569 bases que constituem toda a molécula de mtDNA. Neste caso, na região hipervariável I temos as seguintes bases. Usa-se como referência a primeira sequência mitocondrial humana que foi publicada em 1981 que se chama CRS (Cambridge Reference Sequence). No caso do indivíduo que estamos a estudar, a amostra difere da CRS nas posições dentro das caixas. Assim vão-se construindo redes que vão formar as árvores filogenéticas, que traduzem o processo biológico da diversificação e formação de espécies e populações.
Most researchers believe Homo sapiens evolved from Homo erectus . Multirregional implica que milhões de indivíduos (em idade reprodutora) foram os ancestrais da humanidade moderna e uma enorme diversidade genética nas populações actuais, o que ñ se verifica. Out of africa: assume um evento único pra a origem do homem moderno que terá acontecido no leste de áfrica há 150000-200000 anos a partir de um número reduzido de ancestrais. O que nos leva a crer q este grupo viveu em áfrica é que nesse continenete existem muito mais variantes de DNA humano moderno comparativamente com o resto do mundo. Todas as populações não africanas são mto mais parecidos entre si em termos de DNA do que o resto dos africanos, sendo aquelas populações um subconjunto da variação encontrada em áfrica.
O primeiro aparecimento do Homo sapiens fora de África foi no leste do mediterrâneo, onde é hoje Israel, apesar dessa migração ter sido mal sucedida. A migração inicial foi feita através do Sinai e do Levante e ocorreu há 45 mil anos. Da raiz, em África, saem vários haplogrupos (grupos de linhagens que partilham a mm origem) designados pelas letras L: L0, L1, L2, L3, ….Estes haplogrupos subsarianos são os que têm maior diversidade a nível mundial, o que atesta a sua antiguidade. Um estudo recente que caracterizou 600 destas linhagens mostrou que após a génese da espécie humana, 2 grupos divergiram na áfrica subsariana há 95000-150000 anos. Um foi para sul de áfrica e deu origem aos ancestrais dos povos Khoi e San, o outro ficou no leste africano e deu origem a todos os outros povos não-khoiSan. Foram os descendentes de uma destas linhagens femininas do Leste de África – a linhagem L3 – que empreendeu a migração out-of-africa. Alguns descendentes ficaram em áfrica, os que migraram formaram dois ramos designados por M e N e cuja datação aponta para os 65 mil anos. A M dispersou-se para o este da ásia e a N foi para a eurásia. Como e por onde ocorreu a migração out of africa? A arqueologia dizia que a austrália tinha sido povoada mais cedo que a europa, mas em 2005 2 estudos vieram apoiar a hipótese da migração costeira através da Península arábica e do subcontinente indiano.
Primeiramente descobertos na Alemanha. Ossadas remontam há 200000 anos.
Os estudos mais recentes mostram que mtDNA foi recuperado pela primeira vez, em 1994, de um Neandertal da Península Ibérica, escavado a partir do Sidro'n El Cave (Astúrias, norte de Espanha), e datado de 43.000 anos atrás. A sequência sugere que os neandertais ibéricos não eram geneticamente distintos dos de outras regiões. Uma estimativa do tamanho efectivo da população indica que a história genética dos neandertais não foi moldada por um gargalo populacional extremo associado ao máximo glacial de 130.000 anos atrás. Um alto nível de polimorfismo na sequência 16258 reflecte o profundo enraizamento das linhagens de DNA mitocondrial, próximos do mais recente ancestral comum a ca. 250.000 anos atrás. Isto coincide com o surgimento completo da morfologia clássica Neandertal e se encaixa cronologicamente com um evento de especiação proposto de H. neanderthalensis. A PI foi o sítio onde os neandertais conviveram mais tempo com o H. sapiens, onde coabitaram durante 2000 anos e foi um dos dois últimos redutos dos neandertais antes do seu desaparecimento. Ossos da criança de Lapedo com 4 anos, data de há 24 500 anos. Zilhão afirma haver características híbridas entre homens modernos e neandertais. Estes autores continuam a querer confirmar essa teoria noutros locais (Roménia), mas ainda é possíbvel que essas características sejam apenas indícios de diversidade anatómica nas populações do Homem Moderno.
entraram na Asia e Europe a partir de África há 100,000 anos. Terão sido os primeiros a ter linguagem complexa, caçadores exímios e fabricavam instrumentos de pedra avançados.
O mais provável é que o património genético materno da população europeia actual resulte dessas mulheres caçadoras-recolectoras que, vindas do P´roximo Oriente desde há cerca de 40000 anos, foram colonizando toda a Europa até aos extremos norte, este e oeste. A proporção de linhagens europeias actuais que teve origem nessa leva paleolítica de migradoras é de cerca de 80-90%. Essas linhagens foram baptizadas: H,U, K, V,W,X e I. P.ex. Uma das linhagens mais antigas actualmente observadas na Europa é a U5, cuja idade de expansão aponta para os 40 mil anos, ou seja, Paleolítico Superior tardio; esta é a mesma idade para os dados arqueológicos para os 1ºs Homens modernos na Europa. Tem uma frequência de 5-15% e é superior no Sul e Este do continente, Escandinávia e País Basco. Do Paleolítico Superior recente, entre 14 mil e 26 mil anos, data a maior frequência (45-60%) dos haplogrupos H,K, T,W,X, sendo estes mais comuns no oeste e centro da Europa, diminuindo no Norte e Leste. Em Portugal continental também se verificou uma percentagem de 80% destes haplogrupos paleolíticos. Durante o último máximo glaciar, o efectivo populacional era pequeno. Contudo, na Ibéria uma maiorefectivo populacional deu origem a novas sublinhagens (V, H1 e H3). Hoje, estas linhagens ainda são mais frequentes na PI e as suas idades apontam para os 15 mil anos. Terão surgido logo após o último máximo glaciar tendo-se depois espalhado para Norte e Leste da Europa à medida que os lençóis de gelo iam retrocedendo. Estes dados genéticos de repoevoamento da Europa a partir da PI após o último máximo glaciar foram também observados noutras espécies de animais selvagens, como a lebre e o urso. Este efeito do clima tb explica a dispersão do Homem Moderno nas ilhas do Sudeste asiático, quando o nível do mar subiu e originou as várias ilhas do Pacífico.
Paleolítico Superior (40 000-100 000 anos)
A % de linhagens mitocondriais neolíticas é de cerca de 10% , o q está de acordo com o facto de essas comunidades neolíticas, vindas por via marítima, terem sido pequenas e localizadas. Este período é alvo de acesas discussões entre arqueólogos, mas ñ vou entrar por aí, embora fosse divertido.
A História diz-nos que, em meados do século XVI, a percentagem de escravos na população portuguesa era de 10%. É curioso que as % de linhagens femininas subsarianas observadas actualmente no Sul de Portugal ronde os 11%. Os dados genéticos tb são compatíveis para a maior frequência dessas linhagens em Portugal do que no resto da Europa. Só para comparação, as frequências em Espanha são de 1%. Geneticamente, é possível distinguir na maior parte dos casos a origem das linhagens femininas subsarianas entre costa oeste e costa e leste. E das linhagens subsarianas observadas em Portugal, a maioria vem da costa oeste (congo/angola). O património genético portugu~es revela ainda que as linhagens masculinas subsarianas existem apenas em frequências residuais (05.07%), ou seja, os cruzamentos mulher portuguesa com homem escravo foram mto reduzidos. Na Madeira, a proporção de linhagens femininas subsarianas é de 13% e de 3% nos Açores. A nível masculino, as linhagens eram residuais.
Existem linhagens mitocondriais na população portuguesa e ausentes no resto da Europa- são as linhagens U6. Este haplogrupo foi nomeado berbere, uma vez que a sua distribuição se restringe ao norte de áfrica (onde existem em 10-20%), sendo esporádica no Médio e Proximo Oriente e na PI. Pensa-se que este haplogrupo é uma reminiscência do povo ancestral berbere que habitava o norte de áfrica antes da conquista árabe, no século VII. Geneticamente e em termos culturais, o norte de áfrica é muito mais aparentado com a Eurásia do que com a áfrica subsariana, pelo que tudo indica que a colonização do norte de áfrica foi feita com migrações back to áfrica do Homem Moderno, a partir do Próximo Oriente, numa época comum à migração para a Europa, há cerca de 40 mil anos. Torna-se assim mais dificil distinguir geneticamente as influências norte-africanas na constituição genética portuguesa. Ficámos limitados a essas linhagens que tiveram uma evolução divergente nos dois lados do Mediterrâneo, da qual o U6 é o melhor exemplo até ao momento. (Ver slide anterior). Em Portugal, a U6 atinge as seguintes frequências: 5% no norte, 3% no centro e 2% no sul. As linhagens U6 são mto diferentes entre si, o que indica que entraram recentemente no país. É tentador estabelecer o domínio islâmico de Portugal, do séc. VIII ao XIII, como o movimento mais provável para a entrada aparenetemente recente dessas linhagens. As explicações para a maior frequência destas linhagens do norte, têm de ser dadas pela História, mas pode-se apontar para enviesamento no tipo de cruzamento misto, pois durante o domínio islâmico eram feitos numerosos raides que de cristãos a islâmicos quer de islâmicos a cristãos, com conversão dos prisioneiros a escravos. Seria então mais frequente o cruzamento de homem cristão com mulher islâmica no norte e de homem islâmico com mulher cristã no sul.
Do ponto de vista genético, a expansão ultramarina tb foi impressionante. No património genético actual, masculino e feminino, das várias ex-colónias portuguesas, detecta-se a presença de linhagens europeias masculinas e virtual ausência de linhagens femininas. No enatnto, as relações sexuais casuais entre portugueses e africanos existiram e estão relatadas. Como seria de esperar a maior influência europeia verifica-se nas ex-colónias portuguesas mais próximas geograficamente.
O problema: Estudos recentes sobre a percepção do público da ciência, (genética e biotecnologia) mostram que a comunicação não reduz a probabilidade de o público ser hostil às inovações advindas destes campos, mostram tb que a falta de informação não pode ser a única explicação para o cepticismo relativamente a estas ciências.
E existe outro problema? Que território então para a comunicação de ciência?
A com. Ñ é linear, ñ é um processo passivo, mas sim um processo transformativo, um continum com várias fases. Mas será suficiente? Continua a ser um modelo de transferência, a única diferença é que permite a transformçaõ do conhecimento durante o processo e a principal fonte de conhecimento continau a ser restrito ao nivel intraespecislistas.
Alguns profissionais de comunicação da ciência podemser tentados a ter a impressão de que a comunicação pública da ciência é um empreendimento difícil, desesperado ou completamente impossível. Devo enfatizar que essa impressão só se justifica se mantivermos o paradigma de transferência como um termo de referência. O modelo da "dupla hélice" da comunicação pública da ciência preliminar esboçada aqui visa descrever a comunicação e divulgação científica, em particular, como um fenómeno mais amplo e mais frágil. A comunicação não pode ser tomada como um dado simples, mas é, ao invés, o resultado de uma complexa e auto-reforço do processo. Comparados com o deslocamento de rotina do conhecimento postulada pelo paradigma de transferência, este processo é mais rara, mas mais articulada e mais rico em conseqüências. Em certo sentido, pode-se dizer que a comunicação não é a regra mas a exceção nas relações entre o discurso da ciência e do discurso público, com os dois discursos rotineiramente rotativo cada um dentro das suas próprias fronteiras e só excepcionalmente curto-circuito, cross-talking uma com outro. Significado sociológico de gene: objecto de fronteira; tornam a comunicação possível, mas não precisam de consensos, o que confere grande liberdade para a construção do conhecimento.
Provide synthesis, visualization & context 2. Relate to audience big picture to local relevance – 3. Simplify terms but not content (don't dumb it down , do raise the bar down, 4. Assemble self contained visual elements self- 5. Consistent style and format 6. Lose the jargon, dude 7. Define all terms, e.g. SE = Standard Error 8. Minimize AU (Acronym Use) 9. Engage audience: prepare for and invite questions bar)
A mudança de paradigma ocorre quando uma descoberta científica ou o conhecimento científico é comunicado com eficácia para a sociedade.
disse o responsável do projecto genoma humano sobre as mutações genéticas que se esperaria que explicassem a posição erecta e o aumento do tamanho do cérebro. Em vez disso, temos um molho com vários ramos, sem um tronco central que os ligue a todos. Somos um galho terminal de nós próprios suspenso num limbo, sem uma ligação evidente aos ramos anteriores dessa planta evolutiva. A evolução do Homem desde o chimpanzé até ao ser humano erecto esconde acontecimentos sem precedentes em toda a Biologia
Ou Por que razão dispõe o cérebro humano de poderes mentais tão poderosos como a capacidade para compor sinfonias que não lhe aumentam o número de descendentes? (o clima não explica tudo, como defende o paleontólogo Yves Coppens).
1. Sabe-se que
O afastamento da doutrina evolucionista retiraria das trevas os factos muito importantes que a versão convencional tem negligenciado e censurado para não suscitar dúvidas sobre a sua veracidade – e sobretudo os enigmas das origens da nossa espécie, simbolizado pelos ‘acidentes’ da posição erecta e da aquisição do cérebro aumentado com o “dispositivo de aquisição da linguagem”. Essa censura alarga-se à mente humana; o facto de partilharmos muito com outros primatas é uma trivialidade quando comparado com as múltiplas diferenças há tanto escondidas pela negação da natureza dual (ou multidimensional) da realidade por parte da ciência É esta ligação que mais define a excepcionalidade do homem, pois, ao contrário dos nossos primos primatas, somos livres para criar os nossos próprios destinos e para nos tornarmos responsáveis pelas nossas acções que compõe todas as sociedades e de que deriva quase tudo aquilo que nos importa. Este reconhecimento originaria uma nova forma de saber. Mas em vez disso, a ciência ainda é, em grande parte, um aborrecido mecanismo de resolução de problemas que preenche os pormenores da grande imagem daquilo que já é conhecido, enquanto que as anomalias e as inconsistências que não se enquadram nas teorias prevalecentes são rapidamente negligenciadas. Mas, a dada altura, essas anomalias acumuladas ñ podem mais ser ignoradas e é então que a ciência entra num estado de crise que só pode ser resolvido por uma mudança radical. Isto aconteceu com a libertação de astronomia, com Galileu. Uma mudança de paradigma não é mais do que um alargamento dos horizontes. Tudso indica que estamos à beira de uma dessas mudanças em 2 frentes: na compreensão do mundo natural e na compreensão de nós próprios. A nova genética produz em nós a necessidade de afastar a doutrina evolucionista de Darwin que, serviu bem o seu propósito fornecendo o contexto lato em que os biólogos podem investigar sem desafiar qualquer explicação materialista. Mas o veredicto esmagador dos projectos do genoma deixa-nos diante do abismo da nossa ignorância sobre quase todos os aspectos da complexidade do mundo vivo e da sua evolução. Mas já reconhecemos a profundidade desse conhecimento em falta, o que já é um avanço extraordinário. - As inovações críticas do código genético e da linguagem quase parecem necessitar de uma inteligência superior para divisar o código e redigir tantas regras de sintaxe. Não há nada de intrínseco nas moléculas químicas da Dupla Hélice que explique a razão pela qual elas transportam uma mensagem genética específica. Ou, dito de outra forma, a mensagem é “alheia” às propriedades químicas e físicas das próprias moléculas. Da mm forma que a é precisa a inteligência humana para produzir coisas como livros ou pautas musicais, por analogia, seria razoável concluir que seria necessária uma inteligência superior para formular o código genético.
Juntamente com Marx, Freud e Darwin faz parte do trio de pensadores imaginativos do século XIX cuja afirmação da prioridade da visão científica ocupou o palco central do pensamento ocidental durante os últimos 150 anos. Transformaram as suas considerações em teorias abrangentes. Todos eles negavam a realidade do ego como um ser autónomo com liberdade de escolha , dizendo que a acção humana seria determinada por uma força oculta, quer esta fosse económica, psíquica ou genética. Por quanto tempo mais vai resistir a tábua com que Darwin contribuiu para a plataforma da ciência materialista? Não há qq dúvida de que ocorre uma filtragem de genes por selecção natural, a ideia central da teoria da selecção natural não é posta em causa, aquilo que é mais difícil de compreender é o carácter sistemático dessa filtragem e dessa selecção. A acumulação de mutações leva à progressão do simples ao complexo. Contudo, não está de todo demonstrado que essa progressão sistemática do simples para o complexo decorra da teoria de Darwin. E estudos com a drosophila já demonstraram que o acaso ñ pode ser o motor da evolução para a complexidade. A ideia do princípio organizador não é nova, vem desde aristóteles. P.ex, uma das hipóteses subjacentes ao darwinismo é que os organismos inferiores estão menos predispostos a adaptar-se ao seu meio ambiente do q os superiores. Mas quem nos diz que os organismos monocelulares tiveram menos êxito do que nós na luta pela vida? Sobreviveram mais de 3,5 mil milhões de anos.
Juntamente com Marx, Freud e Darwin faz parte do trio de pensadores imaginativos do século XIX cuja afirmação da prioridade da visão científica ocupou o palco central do pensamento ocidental durante os últimos 150 anos. Transformaram as suas considerações em teorias abrangentes. Todos eles negavam a realidade do ego como um ser autónomo com liberdade de escolha , dizendo que a acção humana seria determinada por uma força oculta, quer esta fosse económica, psíquica ou genética. Por quanto tempo mais vai resistir a tábua com que Darwin contribuiu para a plataforma da ciência materialista? tal como a espantosa capacidade dos organismos para regenerarem as suas partes (Rupert Sheldrake e outros).