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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
Bem vindo, Bem vinda!!
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Clifford Geertz, segundo tópico da Iª Unidade da Disciplina Introdução
à Antropologia, ministrada pelo Prof. Márcio Caniello para o Curso de
Ciências Sociais do CDSA no semestre 2011.1.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO SEMI-ÁRIDO
UNIDADE ACADÊMICA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO
CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS
INTRODUÇÃO À ANTROPOLOGIA
SEMESTRE 2011.1
Professor Dr. Márcio Caniello
caniello@ufcg.edu.br
caniello.blogspot.com
A TRANSIÇÃO PARA A HUMANIDADE
CLIFFORD GEERTZ
Em O Papel da Cultura nas Ciências Sociais. Porto Alegre, Editorial Villa Martha, 1980
Introdução à Antropologia – 2011.1
Prof. Dr. Márcio Caniello
O PROBLEMA DA LIGAÇÃO
ENTRE O HOMEM E OS OUTROS ANIMAIS
Introdução à Antropologia – 2011.1
Prof. Dr. Márcio Caniello
Zoologia, Paleontologia, Anatomia e Fisiologia:
Demasiada ênfase ao parentesco existente entre o homem e aquilo a que nos damos ao luxo
de chamar animais inferiores.
Consideram a evolução como um fluxo relativamente ininterrupto do processo biológico.
Têm tendência a olhar para o homem apenas como uma das mais interessantes formas em
que a vida se manifesta, tal como os dinossauros, os ratos brancos e os golfinhos.
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS X CIÊNCIAS SOCIAIS
Psicologia, Sociologia, Ciência Política:
Não negam a natureza animal do homem, mas têm a tendência de o considerar único no seu
gênero, diferente, dos outros gêneros não só em termos de grau, mas também de qualidade:
O homem é um animal que consegue fabricar ferramentas, falar e criar símbolos. Só ele
ri; só ele sabe que um dia morrerá; só ele tem aversão a copular com a sua mãe ou a
sua irmã; só ele cria religiões e só ele desenvolve a arte, a filosofia e a ciência.
Considera-se que o homem possui, não só inteligência, como também consciência; não só
tem necessidades, como também valores, não só receios, como também consciência moral;
não só passado, como também história.
Só ele — concluindo à maneira de grande sumário — possui cultura.
Sua grande tarefa é a conciliação destes dois pontos de vista, pois:
Por um lado, os antropólogos têm sido os principais estudiosos da evolução física
dos seres humanos; seguiram os vestígios das etapas no decurso das quais surgiu o
homem moderno destacando-se da categoria geral dos primatas.
Por outro lado, os antropólogos têm sido os estudiosos por excelência da cultura,
mesmo quando não sabiam exatamente o que exprimir por esse termo.
A ANTROPOLOGIA
A conseqüência de tudo isto é que o problema da origem da cultura tem chamado
cada vez mais a nossa atenção à medida que, fragmento após fragmento, se foi
reconstruindo o processo da evolução do Homo sapiens.
Assim:
Ao contrário do que acontecia com alguns biólogos, não podiam ignorar a vida
cultural do homem, situando-a no domínio das artes, para lá dos confins das
ciências.
E ao contrário de alguns especialistas das ciências sociais, não podiam igualmente
menosprezar a história física do homem como irrelevante para a compreensão da
sua condição atual.
O PROBLEMA DA ORIGEM DA CULTURA
Introdução à Antropologia – 2011.1
Prof. Dr. Márcio Caniello
Afred Kroeber (1876-1960), decano da Antropologia
norte americana, postula que o desenvolvimento da
capacidade de adquirir cultura foi uma conquista
repentina, de um momento para o outro, tipo salto
quântico, na filogenia dos primatas.
Num dado momento da história da hominização —
isto é, da “humanização” de um ramo da linha dos
primatas — se produziu uma alteração orgânica
prodigiosa na estrutura cortical ainda que
provavelmente pequena em termos genéticos ou
anatômicos.
Uma transformação quantitativa marginal que deu
lugar a uma diferença qualitativa radical.
Os exemplos do gelo e da decolagem.
O exemplo da alfabetização.
A TEORIA DO “PONTO CRÍTICO” DE KROEBER
www.gpaulbishop.com
Essa modificação tornou possível que um animal cujos progenitores não tinham conseguido um
desenvolvimento superior, se tornasse apto, como disse Kroeber, “a comunicar, aprender, ensinar,
generalizar a partir de uma ínfima cadeia de sentimentos e atitudes diferentes”. Com ele começaria a
cultura e, uma vez iniciada, estabelecer-se-ia sobre o seu próprio curso de tal modo que o seu
desenvolvimento seria completamente independente da ulterior evolução orgânica do homem.
1. O enorme abismo aparente entre as capacidades mentais do homem e as dos seus parentes vivos
mais próximos, os grandes símios:
O homem pode falar, fazer símbolos, fabricar ferramentas, etc. Nenhum outro animal
contemporâneo pode sequer aproximar-se de tais conquistas.
A experiência dos primatólogos: a filha e o chimpanzé que aprendeu a usar o abridor de latas.
2. A linguagem, a simbolização, a abstração, etc., pareciam ser, do ponto de vista puramente lógico,
assuntos de extremos, ou sim ou não.
As meias religiões, meias artes, meias línguas não podiam sequer ser concebidas, uma vez que
o processo essencial que está por detrás destas capacidades — isto é, a imposição à realidade
de uma estrutura arbitrária de significado simbólico — não constituía o tipo de atividade de
que existissem versões parciais.
3. Havia o problema mais delicado daquilo a que comumente se conhece pela “unidade psíquica da
humanidade”
Isto está relacionado com a tese consensual na Antropologia moderna que defende que não
existem diferenças importantes na natureza do processo do pensamento entre as diferentes
raças humanas atuais.
Se se supuser que a cultura surgiu plenamente desenvolvida num dado momento, e no
período anterior ao início da diferenciação racial, então esta tese fica implicitamente
demonstrada por dedução.
OS FUNDAMENTOS DA TEORIA DO “PONTO CRÍTICO” DE KROEBER
AS EVIDÊNCIAS DA PALEONTOLOGIA HUMANA: O HOMEM DE JAVA
Desde que o médico holandês Eugene
DuBois encontrou a calota craniana de 700
mil anos do Pithecanthropus erectus, o
“homem símio ereto”, num leito fluvial de
Java em 1891, a antropologia física tem
acumulado sem cessar provas que tornam
cada vez mais difícil traçar uma linha
definida entre o homem e o não-homem
sob o ponto de vista anatômico.
www.visualphotos.com
www.talkorigins.org
As mentes e almas humanas surgirão ou
não de modo gradual; mas não há dúvida
que com os corpos assim acontece.
AS EVIDÊNCIAS DA PALEONTOLOGIA HUMANA: O AUSTRALOPITECUS
As descobertas de fósseis que maior perplexidade causaram, neste
sentido, foram as dos vários tipos de Austhralopitecus que têm vindo
a aparecer na África meridional e oriental desde que em 1924
Raymond Dart desenterrou o primeiro no Transval, a criança Taung.
Mosaico de características morfológicas primitivas e avançadas:
Formação da pélvis e da perna assustadoramente parecida com
a do homem moderno e uma capacidade craniana pouco maior
do que a dos grandes símios atuais (1/3 do Homo sapiens)
Do pescoço para cima ele é muito parecido com o macaco, e do
pescoço para baixo ele se parece muito mais com um humano
(Foley, 2003: 108), como a representação de “Lucy” ao lado.
No Authralopithecus temos um tipo de “homem” que era capaz de
adquirir alguns elementos de cultura (fabricação de ferramentas
simples, caça periódica, e talvez algum sistema de comunicação mais
avançado que o dos grandes símios atuais e menos avançados do que
a língua verdadeira), mas apenas estes, situação esta que projeta
como que uma sombra sobre a teoria do “ponto crítico”.
Assim, tal como na evolução biológica do homem, a capacidade de
adquirir cultura apareceu contínua e gradualmente, pouco a pouco,
durante um período de tempo bastante longo.
www.modernhumanorigins.net
www.xtcian.com/arch/2006/09/
http://www.barcelonaphotoblog.com
NOVAS EVIDÊNCIAS DA PALEONTOLOGIA HUMANA: O ARDIPITHECUS
A equipe do projeto no Médio Awash trabalhou durante
três anos para escavar o esqueleto “Ardi” em Aramis, na
Fenda de Afar, Etiópia . O trabalho de recuperação dos
ossos envolveu dezenas de cientistas do mundo todo.
Quando a montagem do esqueleto finalmente terminou,
em 1997, a equipe tinha mais de 125 peças de um
indivíduo – uma fêmea de 4,4 milhões de anos de idade -
o mais antigo esqueleto de hominídeo já encontrado.
A nova criatura foi classificada como Ardipithecus
ramidus. O nome vem da língua falada em Afar, em
homenagem à população local. Ardipithecus significa
"macaco terrestre" e ramidus, "raiz". Portanto, “raiz dos
macacos terrestres”.
A descoberta desse bípede florestal de 4,4 milhões de
anos com dentes caninos espessos insinua que muito de
nossa peculiar anatomia sexual e fisiologia - heranças
genéticas e a forma como andamos, por exemplo - podem
estar fundamentalmente ligadas às de “Ardi”. 
“Todos os hominídeos previamente conhecidos de nossa
linhagem ancestral caminhavam eretos sobre duas
pernas, como nós. Mas os pés, a pélvis, as pernas e as
mãos de Ardi sugerem que ela era uma bípede no chão e
uma quadrúpede nas árvores .” (National Geographic)
NOVAS EVIDÊNCIAS DA PALEONTOLOGIA HUMANA: O ARDIPITHECUS
“Ardi” é o esqueleto de
hominídeo mais antigo já
encontrado. 
“Ardi” desbanca a teoria do “elo
perdido”.
A transição para o bipedalismo e
a alteração na função canina
ocorreram bem antes e
independentemente das
características que conhecíamos
dos primatas.
Os pequenos caninos na
Ardipithecus indicam uma
profunda mudança no complexo
sócio-comportamental de nossos
primeiros ancestrais.
O bipedalismo deve ter sido
consequência de uma grande
adaptação que proporcionou
grandes vantagens biológicas
para os antigos hominídeos.
http://scienceblogs.com
http://scienceblogs.com
O DESENVOLVIMENTO DIALÉTICO DA CULTURA
Introdução à Antropologia – 2011.1
Prof. Dr. Márcio Caniello
O HOMEM: PRODUTOR E PRODUTO DA CULTURA
Se os Austhralopithecus possuíam uma forma de cultura elementar (aquilo a que um antropólogo
chamou “protocultura”), com um cérebro cujo tamanho era apenas um terço daquele do homem
moderno, daqui se infere que a maior parte da expansão cortical humana seguiu, e não precedeu,
o “início” da cultura.
O fato do desenvolvimento cultural se verificar muito antes de terminar o desenvolvimento
orgânico tem uma importância fundamental para a nossa noção da natureza do homem. Ele
converte-se agora, já não só no produtor de cultura, mas também, num sentido biológico
específico do termo, no seu produto.
A dependência do fabrico de ferramentas, por exemplo, confere maior importância tanto à
destreza manual como à previsão. Numa aldeia de Austhralopithecus, um indivíduo um pouco
mais dotado dessas características teria uma vantagem seletiva sobre um outro indivíduo um
tanto menos dotado.
A caça de pequenos animais, com o uso de armas primitivas, requer, entre outras coisas,
grande persistência e paciência. O indivíduo que possuísse em maior grau estas sóbrias
virtudes, teria vantagem sobre um outro mais inconstante e menos dotado.
Todas estas capacidades, aptidões, disposições ou como se lhes queira chamar, dependem, por
sua vez, evidentemente, do desenvolvimento do sistema nervoso o qual, por sua vez, interfere
no progressivo desenvolvimento da cultura.
O ponto essencial é que a constituição inata, genérica do homem moderno, o que se costuma
chamar “natureza humana” parece ser, portanto, um produto tanto cultural como biológico.
O APARECIMENTO DO GÊNERO HOMO
O Gênero Homo surgiu há 2 milhões AP e a Era
Glacial, com as suas rápidas e radicais variações
climáticas, nas formações terrestres e na
vegetação, é reconhecida como o período em que
as condições foram ótimas para o acelerado e
eficiente desenvolvimento evolutivo do homem.
Não foi apenas um período de retrocesso dos
seios frontais e de diminuição dos maxilares, mas
foi também um período no decorrer do qual se
forjaram todas as características da existência do
homem que são mais humanas:
O seu sistema nervoso, dotado de um bom
encéfalo;
A sua estrutura social baseada no incesto
como tabu;
A sua capacidade de criar e de utilizar
símbolos.
O sistema nervoso do homem não só lhe permite
adquirir cultura, como também é necessário que
o faça para que possa funcionar.
www.bpib.com/illustrat/burian.htm
O CONCEITO DIALÉTICO DE CULTURA E A SUPERAÇÃO DO “PONTO CRÍTICO”
Em lugar de considerar a cultura apenas na sua função de suprir, desenvolver e
aumentar capacidades com base orgânica, geneticamente anteriores a ela, dever-se-ia
considerá-la como integrante das mesmas capacidades.
As ferramentas, a caça, a organização familiar, e, mais a arte, a religião e uma forma
primitiva de “ciência”, moldaram o homem somaticamente, e são, portanto, não só
necessárias para a sua sobrevivência, como também para a sua realização existencial.
É certo que sem homens não existiriam manifestações culturais. Mas é igualmente certo
que sem manifestações culturais não haveria homens.
A trama simbólica formada por crenças, expressão e valores, em cujo interior vivemos,
provê-nos dos mecanismos necessários a uma conduta ordenada; nos animais
inferiores, ao contrário do que acontece conosco, estes mecanismos não se encontram
geneticamente instalados no corpo.
O conhecimento no homem, ao contrário do que acontece com os símios, depende da
existência de modelos simbólicos da realidade, objetivos e externos.
Emocionalmente, a situação é a mesma. Sem o guia das imagens exteriorizadas, dos
sentimentos falados no ritual, os mitos e a arte, não saberíamos, de fato, como sentir.
Tal como o próprio cérebro anterior desenvolvido, as idéias e as emoções são artefatos
culturais do homem.
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  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
  • 2.
  • 3. Bem vindo, Bem vinda!! Você vai navegar pelo tema “A TRANSIÇÃO PARA A HUMANIDADE”, de Clifford Geertz, segundo tópico da Iª Unidade da Disciplina Introdução à Antropologia, ministrada pelo Prof. Márcio Caniello para o Curso de Ciências Sociais do CDSA no semestre 2011.1. Use as setas do cursor para transitar entre os slides. Clique nos ícones   para acessar slides especiais (mapas e ilustrações),  para assistir a um vídeo e  para acessar mais informações na internet (é necessário estar conectado à internet). Clique no ícone para voltar ao texto. Bom Trabalho...
  • 4. UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO SEMI-ÁRIDO UNIDADE ACADÊMICA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS INTRODUÇÃO À ANTROPOLOGIA SEMESTRE 2011.1 Professor Dr. Márcio Caniello caniello@ufcg.edu.br caniello.blogspot.com
  • 5. A TRANSIÇÃO PARA A HUMANIDADE CLIFFORD GEERTZ Em O Papel da Cultura nas Ciências Sociais. Porto Alegre, Editorial Villa Martha, 1980 Introdução à Antropologia – 2011.1 Prof. Dr. Márcio Caniello
  • 6. O PROBLEMA DA LIGAÇÃO ENTRE O HOMEM E OS OUTROS ANIMAIS Introdução à Antropologia – 2011.1 Prof. Dr. Márcio Caniello
  • 7. Zoologia, Paleontologia, Anatomia e Fisiologia: Demasiada ênfase ao parentesco existente entre o homem e aquilo a que nos damos ao luxo de chamar animais inferiores. Consideram a evolução como um fluxo relativamente ininterrupto do processo biológico. Têm tendência a olhar para o homem apenas como uma das mais interessantes formas em que a vida se manifesta, tal como os dinossauros, os ratos brancos e os golfinhos. CIÊNCIAS BIOLÓGICAS X CIÊNCIAS SOCIAIS Psicologia, Sociologia, Ciência Política: Não negam a natureza animal do homem, mas têm a tendência de o considerar único no seu gênero, diferente, dos outros gêneros não só em termos de grau, mas também de qualidade: O homem é um animal que consegue fabricar ferramentas, falar e criar símbolos. Só ele ri; só ele sabe que um dia morrerá; só ele tem aversão a copular com a sua mãe ou a sua irmã; só ele cria religiões e só ele desenvolve a arte, a filosofia e a ciência. Considera-se que o homem possui, não só inteligência, como também consciência; não só tem necessidades, como também valores, não só receios, como também consciência moral; não só passado, como também história. Só ele — concluindo à maneira de grande sumário — possui cultura.
  • 8. Sua grande tarefa é a conciliação destes dois pontos de vista, pois: Por um lado, os antropólogos têm sido os principais estudiosos da evolução física dos seres humanos; seguiram os vestígios das etapas no decurso das quais surgiu o homem moderno destacando-se da categoria geral dos primatas. Por outro lado, os antropólogos têm sido os estudiosos por excelência da cultura, mesmo quando não sabiam exatamente o que exprimir por esse termo. A ANTROPOLOGIA A conseqüência de tudo isto é que o problema da origem da cultura tem chamado cada vez mais a nossa atenção à medida que, fragmento após fragmento, se foi reconstruindo o processo da evolução do Homo sapiens. Assim: Ao contrário do que acontecia com alguns biólogos, não podiam ignorar a vida cultural do homem, situando-a no domínio das artes, para lá dos confins das ciências. E ao contrário de alguns especialistas das ciências sociais, não podiam igualmente menosprezar a história física do homem como irrelevante para a compreensão da sua condição atual.
  • 9. O PROBLEMA DA ORIGEM DA CULTURA Introdução à Antropologia – 2011.1 Prof. Dr. Márcio Caniello
  • 10. Afred Kroeber (1876-1960), decano da Antropologia norte americana, postula que o desenvolvimento da capacidade de adquirir cultura foi uma conquista repentina, de um momento para o outro, tipo salto quântico, na filogenia dos primatas. Num dado momento da história da hominização — isto é, da “humanização” de um ramo da linha dos primatas — se produziu uma alteração orgânica prodigiosa na estrutura cortical ainda que provavelmente pequena em termos genéticos ou anatômicos. Uma transformação quantitativa marginal que deu lugar a uma diferença qualitativa radical. Os exemplos do gelo e da decolagem. O exemplo da alfabetização. A TEORIA DO “PONTO CRÍTICO” DE KROEBER www.gpaulbishop.com Essa modificação tornou possível que um animal cujos progenitores não tinham conseguido um desenvolvimento superior, se tornasse apto, como disse Kroeber, “a comunicar, aprender, ensinar, generalizar a partir de uma ínfima cadeia de sentimentos e atitudes diferentes”. Com ele começaria a cultura e, uma vez iniciada, estabelecer-se-ia sobre o seu próprio curso de tal modo que o seu desenvolvimento seria completamente independente da ulterior evolução orgânica do homem.
  • 11. 1. O enorme abismo aparente entre as capacidades mentais do homem e as dos seus parentes vivos mais próximos, os grandes símios: O homem pode falar, fazer símbolos, fabricar ferramentas, etc. Nenhum outro animal contemporâneo pode sequer aproximar-se de tais conquistas. A experiência dos primatólogos: a filha e o chimpanzé que aprendeu a usar o abridor de latas. 2. A linguagem, a simbolização, a abstração, etc., pareciam ser, do ponto de vista puramente lógico, assuntos de extremos, ou sim ou não. As meias religiões, meias artes, meias línguas não podiam sequer ser concebidas, uma vez que o processo essencial que está por detrás destas capacidades — isto é, a imposição à realidade de uma estrutura arbitrária de significado simbólico — não constituía o tipo de atividade de que existissem versões parciais. 3. Havia o problema mais delicado daquilo a que comumente se conhece pela “unidade psíquica da humanidade” Isto está relacionado com a tese consensual na Antropologia moderna que defende que não existem diferenças importantes na natureza do processo do pensamento entre as diferentes raças humanas atuais. Se se supuser que a cultura surgiu plenamente desenvolvida num dado momento, e no período anterior ao início da diferenciação racial, então esta tese fica implicitamente demonstrada por dedução. OS FUNDAMENTOS DA TEORIA DO “PONTO CRÍTICO” DE KROEBER
  • 12. AS EVIDÊNCIAS DA PALEONTOLOGIA HUMANA: O HOMEM DE JAVA Desde que o médico holandês Eugene DuBois encontrou a calota craniana de 700 mil anos do Pithecanthropus erectus, o “homem símio ereto”, num leito fluvial de Java em 1891, a antropologia física tem acumulado sem cessar provas que tornam cada vez mais difícil traçar uma linha definida entre o homem e o não-homem sob o ponto de vista anatômico. www.visualphotos.com www.talkorigins.org As mentes e almas humanas surgirão ou não de modo gradual; mas não há dúvida que com os corpos assim acontece.
  • 13. AS EVIDÊNCIAS DA PALEONTOLOGIA HUMANA: O AUSTRALOPITECUS As descobertas de fósseis que maior perplexidade causaram, neste sentido, foram as dos vários tipos de Austhralopitecus que têm vindo a aparecer na África meridional e oriental desde que em 1924 Raymond Dart desenterrou o primeiro no Transval, a criança Taung. Mosaico de características morfológicas primitivas e avançadas: Formação da pélvis e da perna assustadoramente parecida com a do homem moderno e uma capacidade craniana pouco maior do que a dos grandes símios atuais (1/3 do Homo sapiens) Do pescoço para cima ele é muito parecido com o macaco, e do pescoço para baixo ele se parece muito mais com um humano (Foley, 2003: 108), como a representação de “Lucy” ao lado. No Authralopithecus temos um tipo de “homem” que era capaz de adquirir alguns elementos de cultura (fabricação de ferramentas simples, caça periódica, e talvez algum sistema de comunicação mais avançado que o dos grandes símios atuais e menos avançados do que a língua verdadeira), mas apenas estes, situação esta que projeta como que uma sombra sobre a teoria do “ponto crítico”. Assim, tal como na evolução biológica do homem, a capacidade de adquirir cultura apareceu contínua e gradualmente, pouco a pouco, durante um período de tempo bastante longo. www.modernhumanorigins.net www.xtcian.com/arch/2006/09/
  • 15. NOVAS EVIDÊNCIAS DA PALEONTOLOGIA HUMANA: O ARDIPITHECUS A equipe do projeto no Médio Awash trabalhou durante três anos para escavar o esqueleto “Ardi” em Aramis, na Fenda de Afar, Etiópia . O trabalho de recuperação dos ossos envolveu dezenas de cientistas do mundo todo. Quando a montagem do esqueleto finalmente terminou, em 1997, a equipe tinha mais de 125 peças de um indivíduo – uma fêmea de 4,4 milhões de anos de idade - o mais antigo esqueleto de hominídeo já encontrado. A nova criatura foi classificada como Ardipithecus ramidus. O nome vem da língua falada em Afar, em homenagem à população local. Ardipithecus significa "macaco terrestre" e ramidus, "raiz". Portanto, “raiz dos macacos terrestres”. A descoberta desse bípede florestal de 4,4 milhões de anos com dentes caninos espessos insinua que muito de nossa peculiar anatomia sexual e fisiologia - heranças genéticas e a forma como andamos, por exemplo - podem estar fundamentalmente ligadas às de “Ardi”.  “Todos os hominídeos previamente conhecidos de nossa linhagem ancestral caminhavam eretos sobre duas pernas, como nós. Mas os pés, a pélvis, as pernas e as mãos de Ardi sugerem que ela era uma bípede no chão e uma quadrúpede nas árvores .” (National Geographic)
  • 16. NOVAS EVIDÊNCIAS DA PALEONTOLOGIA HUMANA: O ARDIPITHECUS “Ardi” é o esqueleto de hominídeo mais antigo já encontrado.  “Ardi” desbanca a teoria do “elo perdido”. A transição para o bipedalismo e a alteração na função canina ocorreram bem antes e independentemente das características que conhecíamos dos primatas. Os pequenos caninos na Ardipithecus indicam uma profunda mudança no complexo sócio-comportamental de nossos primeiros ancestrais. O bipedalismo deve ter sido consequência de uma grande adaptação que proporcionou grandes vantagens biológicas para os antigos hominídeos. http://scienceblogs.com
  • 18. O DESENVOLVIMENTO DIALÉTICO DA CULTURA Introdução à Antropologia – 2011.1 Prof. Dr. Márcio Caniello
  • 19. O HOMEM: PRODUTOR E PRODUTO DA CULTURA Se os Austhralopithecus possuíam uma forma de cultura elementar (aquilo a que um antropólogo chamou “protocultura”), com um cérebro cujo tamanho era apenas um terço daquele do homem moderno, daqui se infere que a maior parte da expansão cortical humana seguiu, e não precedeu, o “início” da cultura. O fato do desenvolvimento cultural se verificar muito antes de terminar o desenvolvimento orgânico tem uma importância fundamental para a nossa noção da natureza do homem. Ele converte-se agora, já não só no produtor de cultura, mas também, num sentido biológico específico do termo, no seu produto. A dependência do fabrico de ferramentas, por exemplo, confere maior importância tanto à destreza manual como à previsão. Numa aldeia de Austhralopithecus, um indivíduo um pouco mais dotado dessas características teria uma vantagem seletiva sobre um outro indivíduo um tanto menos dotado. A caça de pequenos animais, com o uso de armas primitivas, requer, entre outras coisas, grande persistência e paciência. O indivíduo que possuísse em maior grau estas sóbrias virtudes, teria vantagem sobre um outro mais inconstante e menos dotado. Todas estas capacidades, aptidões, disposições ou como se lhes queira chamar, dependem, por sua vez, evidentemente, do desenvolvimento do sistema nervoso o qual, por sua vez, interfere no progressivo desenvolvimento da cultura. O ponto essencial é que a constituição inata, genérica do homem moderno, o que se costuma chamar “natureza humana” parece ser, portanto, um produto tanto cultural como biológico.
  • 20. O APARECIMENTO DO GÊNERO HOMO O Gênero Homo surgiu há 2 milhões AP e a Era Glacial, com as suas rápidas e radicais variações climáticas, nas formações terrestres e na vegetação, é reconhecida como o período em que as condições foram ótimas para o acelerado e eficiente desenvolvimento evolutivo do homem. Não foi apenas um período de retrocesso dos seios frontais e de diminuição dos maxilares, mas foi também um período no decorrer do qual se forjaram todas as características da existência do homem que são mais humanas: O seu sistema nervoso, dotado de um bom encéfalo; A sua estrutura social baseada no incesto como tabu; A sua capacidade de criar e de utilizar símbolos. O sistema nervoso do homem não só lhe permite adquirir cultura, como também é necessário que o faça para que possa funcionar. www.bpib.com/illustrat/burian.htm
  • 21.
  • 22. O CONCEITO DIALÉTICO DE CULTURA E A SUPERAÇÃO DO “PONTO CRÍTICO” Em lugar de considerar a cultura apenas na sua função de suprir, desenvolver e aumentar capacidades com base orgânica, geneticamente anteriores a ela, dever-se-ia considerá-la como integrante das mesmas capacidades. As ferramentas, a caça, a organização familiar, e, mais a arte, a religião e uma forma primitiva de “ciência”, moldaram o homem somaticamente, e são, portanto, não só necessárias para a sua sobrevivência, como também para a sua realização existencial. É certo que sem homens não existiriam manifestações culturais. Mas é igualmente certo que sem manifestações culturais não haveria homens. A trama simbólica formada por crenças, expressão e valores, em cujo interior vivemos, provê-nos dos mecanismos necessários a uma conduta ordenada; nos animais inferiores, ao contrário do que acontece conosco, estes mecanismos não se encontram geneticamente instalados no corpo. O conhecimento no homem, ao contrário do que acontece com os símios, depende da existência de modelos simbólicos da realidade, objetivos e externos. Emocionalmente, a situação é a mesma. Sem o guia das imagens exteriorizadas, dos sentimentos falados no ritual, os mitos e a arte, não saberíamos, de fato, como sentir. Tal como o próprio cérebro anterior desenvolvido, as idéias e as emoções são artefatos culturais do homem.