O ENSINO DE FÍSICA E O COTIDIANO DO ALUNO

Universidade Federal de Rondônia – Campus de Ji-Paraná
IX Seminário de Educação - 24 a 26 de agosto de 2016 IX
Anais
SED
GT 03 - Educação Matemática e Ensino de Ciências
ISSN (online): 1983-5124
O ENSINO DE FÍSICA E O COTIDIANO DO ALUNO
por Vanuza Oliveira Louback Gonsaga (UNIR)1
, Camila de Sousa Oliveira (UNIR)2
e
Walter Trennepohl Júnior (UNIR)3
Resumo: Ao ensinar Física é fundamental que o professor consiga
relacionar o conteúdo apresentado em sala de aula com o cotidiano do aluno
para que este possa assimilar melhor o conteúdo e também conhecer a
importância de se estudar Física. Em vista disto, este trabalho tem como
objetivo mostrar que a aplicação da Física em situações cotidianas pode ser
uma ferramenta importante para ensinar conteúdos de Física para alunos do
nono ano. Com este fim foi elaborado uma aula com diversas atividades
relacionando conteúdos de Física com o dia a dia do aluno e, em seguida,
foi aplicado um questionário para verificar a percepção dos alunos em
relação a disciplina de Física. Como resultado foi possível verificar que a
grande maioria dos alunos gostaram da aula, que uma grande parte deles
consegue relacionar a Física com o seu cotidiano e que apenas uma minoria
apresenta uma certa aversão a disciplina de Física.
Palavras-chave: Ensino de Física. Física do Cotidiano. Atividades Práticas.
1
Acadêmica do Curso de Licenciatura em Física da Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR. E-
mail: vanuzalouback@hotmail.com.br.
2
Acadêmica do Curso de Licenciatura em Física da Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR. E-
mail: kamilasouza_oliveira@hotmail.com.
3
Professor do Departamento de Física da Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR de Ji-Paraná. E-
mail: wtj1001@yahoo.com.br.

Anais
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1. Introdução
Observa-se que a maioria dos estudantes das escolas, sejam eles do Ensino Médio ou
do Ensino Fundamental, apresentam dificuldades em relacionar os conceitos utilizados pela
Física com o seu cotidiano. Entretanto, no atual estágio de desenvolvimento da humanidade se
observa por toda parte os avanços tecnológicos e científicos decorrentes do avanço do
conhecimento da Física e das demais Ciências a ela relacionadas. Porém, mesmo com todo
este avanço, muitos alunos não conseguem visualizar ou não possuem interesse em saber que
tipo de estudo e suas aplicações estão por trás do funcionamento destas tecnologias. Com isso
o aluno não consegue ver a utilidade de estudar Física e as demais disciplinas afins.
Cabe então a escola e aos professores de Física e das demais Ciências mostrar aos
alunos a profunda ligação que existe entre o que é estudado em sala de aula com o que é
vivenciado pelo aluno no seu dia a dia. Para isto é preciso que aulas sejam elaboradas com a
finalidade de mostrar aos alunos uma Física mais efetiva e próxima do que eles presenciam
em suas vidas.
Em vista disto, este trabalho tem o objetivo de mostrar que é possível envolver os
estudantes e tornar as aulas de Física mais ricas e proveitosas pela aplicação de conceitos
físicos do cotidiano. Além disso, pretende-se também analisar a percepção dos alunos em
relação a este tipo de atividade.
2. Referencial teórico
A Física tem como objetivo conhecer e compreender a natureza e o mundo
tecnológico que está ao redor e que vive em constante mudança. Por isto ela é muito
abrangente e está ao nosso redor. Sem seu conhecimento jamais se poderia entender o
funcionamento da natureza e do Universo. Segundo Filho:
A física existe desde que o homem existe; mas os testemunhos de que ele
tenha notado sua existência coincidem com a fixação da localização da
capital da sabedoria humana, pelos historiadores ocidentais, na região
mediterrânea. Corresponde este período ao apogeu da física antiga atingido
graças principalmente a Tales, Demócrito, Pitágoras, Arquimedes, Platão e
ao maior pensador de todos os tempos: Aristóteles. A pobreza de recursos
experimentais, longe de limitar o desenvolvimento da ciência grega, foi o
fator gerador de uma série infindável de teorias, justificando a ideia de que
quase todos os grandes descobrimentos científicos do segundo milênio da
era cristã tivessem sido previstos pelos gregos. (MESQUITA FILHO, 1984).

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A Física esteve e sempre vai estar presente na vida das pessoas e, por este motivo, é
preciso divulgar seus conhecimentos. Mas, infelizmente, o objetivo real de ensinar Física não
é alcançado pelos professores. Por mais importante que seja o seu estudo os alunos a veem
simplesmente como uma matéria de fórmulas e cálculos.
O ensino de Física tem-se realizado frequentemente mediante a apresentação
de conceitos, leis e fórmulas, de forma desarticulada, distanciado do mundo
vivido pelos alunos e professores e não só, mas também por isto, vazios de
significado. Privilegia a teoria e a abstração, desde o primeiro momento, em
detrimento de um desenvolvimento gradual da abstração que, pelo menos,
parta da prática e de exemplos concretos. (BRASIL, 1999, p. 48 apud
BONADIMAN; NONENMACHER, 2007).
Estes e outros fatores, tais como o grande distanciamento entre o que é lecionado
dentro de sala e o mundo exterior a ela também contribuem para o distanciamento entre
professor e aluno. Por estes motivos os alunos se sentem desestimulados com o ensino e,
consequentemente, sentem dificuldades no seu aprendizado.
Por isso surge a necessidade de levar aos alunos conteúdos com aplicações do
cotidiano de forma que os alunos consigam entender o conteúdo com maior facilidade e
melhor compreensão. Desta forma, imagina-se, o aluno conseguirá superar as dificuldades e
melhorar seu aprendizado.
3. Metodologia
Com o objetivo de mostrar a importância da Física no cotidiano do aluno foi elaborado
uma aula pelo subprojeto PIBID de Ji-Paraná/RO com aplicações de conceitos de Física no
dia a dia. Participaram da organização da aula quatro bolsistas, um coordenador do subprojeto
e o professor supervisor de Física da escola. Nesta aula foram trabalhados, usando recursos de
slides e vídeos, os seguintes temas: Física no quarto, na sala, na cozinha e no banheiro. Neste
tipo de atividade o objetivo era relacionar os conceitos físicos com o que se pode encontrar
diariamente dentro dos cômodos da casa. Houve também outras atividades, porém ao ar livre,
como cálculo da velocidade média, explicação do funcionamento de uma bicicleta e alguns
experimentos que explicam os conceitos de pressão, vazão, lentes, reflexão e refração. A aula
teve duração de quatro horas e foi apresentada para 33 alunos da turma do 9º ano A.

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4. Resultados e discussões
Durante as atividades foi observado pelos integrantes do projeto que houve grande
participação dos alunos em todas as atividades, desde a apresentação dos temas acima
mencionados até as atividades ao ar livre. Também foi observado que durante a aula os alunos
apresentaram bastante interesse, interagiram com as atividades, fizeram bastante perguntas,
além de tentarem responder as questões feitas pelos bolsistas. No dia seguinte foi aplicado um
questionário com uma maioria de questões de múltiplas escolhas para avaliar a atividade
realizada e a relação destes alunos com a Física. As questões feitas no questionário e os
resultados obtidos, compilados na forma de gráficos quando possível, serão apresentados a
seguir.
Questão 1: Você gosta de estudar Física?
Gráfico 1: Resposta dos alunos a questão: Você gosta de estudar Física?
Observa-se no gráfico que 12% disseram que adoram estudar Física, 40% que gostam
muito de estudar Física, 24% afirmaram não gostar de Física e 3% disseram detestar Física.
Como se observa, mais de 50% dos alunos dizem gostar de Física, o que é um resultado muito
bom.
[PORCENTA
GEM]
[PORCENTA
GEM]
[PORCENTA
GEM]
[PORCENTA
GEM]
[PORCENTA
GEM]
DETESTO NÃO GOSTO MAIS OU MENOS
GOSTO MUITO ADORO

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Questão 2: Você consegue relacionar a Física com seu dia a dia?
Gráfico 2: Respostas dos alunos a questão: Você consegue relacionar a
Física com seu dia a dia?
Observa-se no gráfico 2 que 9% dos alunos sempre conseguem relacionar a Física
com o seu dia a dia, 24% quase sempre, 55% eventualmente e 12% nunca. Aqui verifica-se
que apenas 12% dos alunos nunca conseguem relacionar os conceitos de Física com o seu
cotidiano, isso mostra que estes alunos possuem muitas dificuldades em aprender conceitos
desta disciplina.
Questão 3: Você consegue entender e visualizar conceitos de Física no seu cotidiano?
Gráfico 3: Respostas dos alunos a questão: Você consegue entender e
visualizar conceitos de Física no seu cotidiano?
12%
55%
24%
9%
NÃO AS VEZES QUASE SEMPRE SEMPRE
79%
21%
SIM NÃO

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Verifica-se no gráfico 3 que 79% dos alunos conseguem entender e ver conceitos de
Física no seu dia a dia e apenas 21% não conseguem isto. Aqui surpreende o fato que quase
80% dos alunos observem conceitos de Física no seu dia a dia.
Questão 4: Você gostaria de ter estudado Física desde o início do Ensino Fundamental?
Gráfico 4: Respostas dos alunos a questão: Você gostaria de ter
estudado Física desde o início do Ensino Fundamental?
Como se observa no gráfico 4 que quase 70% dos alunos gostariam de estudar Física
em anos anteriores.
Questão 5: Vocês gostam de ter aulas de Física diferenciadas (com slides, vídeos,
experimentos, aulas práticas, etc.)?
Gráfico 5: Respostas dos alunos a questão: Vocês gostam de ter aulas de
Física diferenciadas (com slides, vídeos, experimentos, aulas práticas, etc.)?
67%
33%
SIM NÃO
94%
6%
SIM NÃO

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No gráfico 5 se observa que 94% dos alunos gostaram de ter aulas com outros recursos
além de quadro e pincel. Utilizar nas aulas outros recursos como slides, vídeos ou
experimentos, por exemplo, torna a aula mais interativa e de fácil compreensão. Uma minoria
afirmou que não gostariam de ter aulas diferentes.
Questão 6: Cite exemplos do que você vivencia no seu dia a dia que está relacionado com a
Física.
Neste caso, os exemplos mais citados foram:
x Levantar da cama;
x Caminhar e correr;
x Andar de bicicleta;
x Praticar esportes;
x Andar de carro, moto e avião.
Além disto, dentre as frases citadas por muitos, as que mais se destacaram foram as
seguintes:
x “Sim, ao acordar e levantar da cama, até mesmo quando eu caminho a física está
relacionada com a 3ª lei de Newton, que é a ação e reação”
x “Sim, as coisas na água parecem mais leves, uma vez que estão sob a ação do empuxo,
uma força que é contrária a força peso”
x “Sim, quando o carro está em alta velocidade e para, sinto o meu corpo continuar em
movimento, isso é ação da física”
x “Quando estou andando de bicicleta e pedalando, os movimentos das catracas fazem
as rodas girarem”
x “Eu caminho graças ao atrito”
5. Considerações finais
As respostas obtidas mostram que ou a Turma que assistiu as atividades apresentadas
era atípica ou que as atividades realizadas no dia anterior produziram uma mudança de
percepção desta Turma em relação à disciplina de Física. Isto porque a disciplina de Física

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sempre está entre as menos queridas dos alunos e a que mais eles procuram se distanciar. No
entanto, na primeira questão mais de 50% dos alunos disseram gostar de Física e na quarta
quase 70% dos alunos disseram que queriam ter mais aulas de Física em anos anteriores.
Como as atividades se focaram em demonstrar as aplicações da Física no cotidiano, infere-se
que a dificuldade que os alunos em geral encontram para aprender a Física deve-se
principalmente à sua incapacidade de relacioná-la com seu cotidiano, visto que nesta Turma,
após a apresentação das atividades, apenas 9% dos alunos disseram que nunca conseguem
relacionar a Física com o seu dia a dia (gráfico 2) e somente 21% disseram que não
conseguem visualizar conceitos de Física no cotidiano (gráfico 3). Desta forma este trabalho
sugere que é possível, através de atividades similares, despertar o interesse dos alunos pela
Física e, assim, tornar esta disciplina mais atrativa, interessante e inteligível para os alunos.
Isto parece ser confirmado no gráfico 5, onde 94% dos alunos afirmaram preferir aulas
diferenciadas, com slides, vídeos, experimentos, aulas práticas, entre outros tipos de aulas.
Referências
BONADIMAN, Hélio; NONENMACHER, Sandra E. B. O gostar e o aprender no ensino de
física: uma proposta metodológica. Cad. Bras. Ens. Fís, v. 24, n. 2: p. 194-223, ago. 2007.
MESQUITA FILHO, Alberto. Da física antiga à física moderna. In: Os átomos também
amam. s/n, 1984.

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