O documento discute o conceito de crowdsourcing e sua relação com a mídia colaborativa e a democracia na Web 2.0. Apresenta o crowdsourcing como um modelo de criação coletiva que estimula a participação cidadã e democratização do conhecimento. Exemplifica como plataformas de crowdsourcing podem ser usadas para educação, pesquisa e empreendedorismo social.
1. O crowdsourcing a frente da mídia colaborativa e democrática: uma perspectiva
cidadã para a Web 2.0
Vivian OLIVEIRA1
, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Produção colaborativa e compartilhada é uma das grandes contribuições trazidas pelas Tecnologias da
Informação e da Comunicação (TIC´s) no âmbito da economia global. As plataformas digitais
possibilitaram a formação de redes de conhecimento que se formam em torno de interesses e objetivos em
comum. O crowdsourcing é um modelo de criação coletiva e em massa, cuja essência é a cooperação
entre os participantes. Trata-se de uma forma de utilizar a mídia eletrônica para democratizar o
conhecimento. Em sua tradução literal, crowdsourcing significa fonte de informações de uma multidão.
Nesta perspectiva, cada membro desta “multidão” tem a prerrogativa e o dever de corrigir e contribuir
para a elaboração de um determinado projeto. A vantagem deste modelo de criação é sua acessibilidade
econômica e infraestrutural. Isso representa uma possibilidade democrática de elaborar e difundir
informações.
O crowdsourcing pode ser muito útil para desenvolver redes de educação e pesquisa, aproximando
pessoas focadas em tornar públicos conhecimentos que antes eram aprisionados por incapacidade de
difusão em grande escala. Em 2010 a comunidade médica de Harvard criou um projeto baseado no
crowdsourcing para mobilizar pesquisadores a desenvolverem soluções para o diabetes tipo 1, por
exemplo. No Brasil, existem exemplos de crowdsourcing que revelam o quanto a mídia eletrônica é capaz
de estimular a webcidadania, mobilizando e aguçando o espírito crítico de pessoas que decidem se unir
por uma causa por meio da internet. O Cidade Democrática (http://www.cidadedemocratica.org.br/) ,
como diz sua própria página inicial, é “uma plataforma de participação política, onde cidadãos e entidades
podem se expressar, se comunicar e gerar mobilização para a construção de uma sociedade cada vez
melhor”. Já a Webcitizen (http://www.webcitizen.com.br/) é uma rede “que propõe estimular o
engajamento cívico e aproximar os cidadãos entre si, de seus governos e da iniciativa privada. Usando
como foco o emprego de tecnologias digitais”. O crowdsourcing também proporciona o
empreendedorismo social, uma vez que várias plataformas abrem espaço para que cidadãos proponham
um projeto e angariem patrocinadores que se disponham financiar a ideia. Em outra perspectiva, algumas
empresas privadas usam o crowdsourcing para criar produtos com co-participação de seus próprios
clientes. Este projeto abordará como o modelo de colaboração em massa na web estimula a cidadania em
diversos aspectos.
Palavras-chave: crowdsourcing ; mídia; webcidadania; democracia; colaboração
1
Mestranda em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Bacharel em
Comunicação Social (habilitação em Jornalismo) pela Universidade de Brasília (UnB). Cursando MBA
em Gestão Pública e Empresarial pela Universidade Tuiuti do Paraná. Endereço eletrônico:
vivianunb@gmail.com
2. 1 Entendendo o que é Crowdsourcing
O termo norte-americano crowdsourcing não possui tradução literal de claro
entendimento para o português, mas um de seus conceitos mais didáticos é representado
pela expressão “colaboração em massa”. A elaboração do conceito nasceu dentro do
ciberespaço, de modo que o fenômeno é nativo da web 2.0 e está em associação com a
ideia de software livre e/ou open source (código aberto). Estellés e González (2012)
definem o crowdsourcing como:
um tipo de atividade on-line participativa em que um indivíduo, uma
instituição, uma organização sem fins lucrativos, ou a empresa propõe
a um grupo de indivíduos de diferentes conhecimentos,
heterogeneidade e número, através de uma chamada flexível e aberta,
o compromisso voluntário de uma tarefa. O compromisso da tarefa, de
complexidade e modularidade variável, e em que a multidão deve
participar trazendo o seu trabalho, dinheiro, conhecimento e / ou
experiência, sempre implica benefício mútuo. O usuário receberá a
satisfação de um determinado tipo de precisão, seja econômica,
reconhecimento social, auto-estima, ou o desenvolvimento de
habilidades individuais, enquanto o crowdsourcer irá obter e utilizar a
vantagem sobre o que usuário tenha trazido para o empreendimento,
cuja forma dependerá do tipo de atividade desenvolvida (ESTELLÉS,
A.; GONZÁLES, E., 2012)
Ao pé da letra, crowd significa multidão; e sourc(e)ing significa fonte. A palavra
foi registrada pela primeira vez pelos jornalistas Jeff Howe e Mark Robinson em
junho de 2006, no artigo The Rised Of Crowdsourcing publicado na revista Wired
Magazine2
, para designar um modelo de produção baseado no conhecimento,
inteligência e inovação tecnológica. A construção do termo é uma apropriação
adaptada de outro termo situado na mesma família conceitual, o outsourcing, que se
refere a empresas que abrem suas portas e vão buscar soluções de seus problemas
internos fora de suas dependências, numa espécie de terceirização de soluções.
Em linhas gerais, Howe (2006) se empenhou em defender a ideia de que, na
internet, a junção colaborativa de um grande número de pessoas não especializadas
em um determinado assunto poderia ser altamente eficaz para a produção de ideias e
projetos acerca deste mesmo assunto. A visão do autor tem um enfoque
2
Wired Magazine é uma revista publicada desde 1993 nos Estados Unidos voltada para as
transformações tecnológicas e seu reflexo na sociedade e economia.
3. empreendedor, pois descreve o fenômeno segundo a perspectiva de modelo de
negócio em que uma empresa propõe um desafio e abre o chamado para que o
público ofereça soluções, de modo que as melhores ideias sejam recompensadas e
utilizadas.
Como comprovação de sua teoria, Howe descreve vários cases bem sucedidos
que já estavam sendo consolidados na época, como o iStockphoto3
(uma rede de
fotógrafos amadores que comercializam suas fotos) e o InnoCentive4
(uma rede de
cientistas que ajudam a resolver problemas de pesquisa e desenvolvimento para
empresas, e recebem por isso).
Nesse sentido, uma multidão de “profissionais amadores” atuando em rede seria
mais produtiva do que um pequeno grupo de especialistas agindo de modo
concentrado . O crowdsourcing destaca a inteligência coletiva e criativa que valoriza
as habilidades e capacidades do cidadão independentemente de sua formação
acadêmica. Registra Howe em sua página eletrônica: “Crowdsourcing is the act of
taking a job traditionally performed by a designated agent (usually an employee) and
outsourcing it to an undefined, generally large group of people in the form of an open
call” (disponível em http://www.crowdsourcing.com/).
Grandes corporações passaram a reconhecer no crowdsourcing uma
oportunidade de angariar talentos e identificar soluções criativas para seus gargalos
de forma sustentável. IBM, Nokia, Tecnisa e 3M foram algumas das empresas
emblemáticas que apresentam históricos de sucesso por meio do crowdsourcing.
Companhias globais como Wikipedia, Amazon, Skype e Google provaram que o
modelo era eficiente. Aos poucos, os principais especialistas de gestão empresarial
passaram a defender que este modelo de produção coletiva e voluntária por meio da
internet figuraria entre as tendências do mundo organizacional na era tecnológica.
Em 2007 Tapscott & William aprofundaram o tema e criaram o neologismo
wikinomics (wiki se refere ao software ou pagina que permite a edição por várias
pessoas) para designar aquilo que eles acreditavam ser um novo estágio da Revolução
3
http://www.istockphoto.com
4
http://www.innocentive.com
4. da Informação. Nesse estágio as estruturas de hierarquização nas empresas estavam
sendo remodeladas, de modo que transformações profundas na tecnologia, na
economia e na sociedade culminavam em um novo modelo de produção que
evidenciava a importância da colaboração, da abertura, da ação global e do
compartilhamento na instância operacional das empresas. Tapscott & William (2007)
usam a expressão peering para definir uma nova maneira de produzir bens e serviços
por meio da colaboração em massa.
Esses quatro princípios – abertura, peering, compartilhamento e ação
global – definem como as empresas do século XXI competem. Elas
são muito diferentes das multinacionais hierárquicas, fechadas, cheias
de segredos e isoladas que dominaram o século anterior.
(TAPSCOTT, Don & WILLIAMS, Anthony, 2007, p.43)
Tapscoot & William (2007) definem quatro formas de colaboração: Peering
(produção de bens e serviços que utiliza a força da colaboração em massa); Ideágoras:
(utilização de mercados globais para achar mentes singularmente qualificadas para
descobrir e desenvolver novos produtos e serviços); Prosumers (modelo no qual os
clientes participam da criação de produtos de maneira ativa e contínua); e Novos
Alexandrinos (armazenamento de infinitas publicações científicas de acesso aberto).
A inspiração “wiki” se reflete em diversos espaços virtuais construídos
coletivamente, como as populares redes sociais: blogs, fotologs, videologs, entre
outras. Um dos exemplos mais paradigmáticos de uso do conhecimento coletivo é a
enciclopédia virtual Wikipédia. Como a própria obra digital se auto define: “é um
projeto de enciclopédia multilíngue livre, baseado na web, colaborativo e apoiado
pela organização sem fins lucrativos Wikimedia Foundation”.
As pesquisas de audiência da web ratificam que a colaboração em massa na
internet está presente nos sites mais populares da rede, como Facebook5
, Youtube6
e
Twitter7
. O conhecido Youtube é um site onde o usuário pode carregar e compartilhar
vídeos. O material armazenado pode ser compartilhado em outras redes sociais. O
5
http://www.facebook.com/
6
https://www.youtube.com/
7
http://www.twitter.com/
5. Twitter é um microblog que permite aos usuários enviarem atualizações pessoais com
até 140 caracteres.
A ideia de participação em rede por meio das novas tecnologias da informação e
da comunicação (TIC´s) já havia sido consagrada por Castells (1999) na teoria da
“sociedade em rede”. Segundo Castells (1999), o advento da revolução tecnológica
centrada nas tecnologias da comunicação multiplicou e expandiu as direções dos
fluxos de informação, oferecendo condições para a consolidação de uma rede
globalizada de informações. Antes ainda, Levi (1993) já falava de uma cooperação
social em rede compreendida como uma “inteligência coletiva”.
Precisamente, o ideal mobilizador da informática não é mais a
inteligência artificial, mas sim a inteligência coletiva, a saber, a
valorização, a utilização otimizada e a criação de sinergia entre as
competências, as imaginações e as energias intelectuais, qualquer que
seja sua diversidade qualitativa e onde quer que se situe. (Levy, 1999.
p.167).
2 Do Crowdsourcing à webcidadania
Inicialmente desenvolvido no âmbito dos negócios corporativos e do
empreendedorismo, a colaboração em massa se estendeu para o campo da
mobilização e participação social em assuntos de interesse público. Se as pessoas se
uniam para solucionar desafios lançados pela iniciativa privada, em um novo
momento, grupos passaram a se articular em prol de temas administrativos de ordem
pública. Política, problemas urbanos, investimento cultural e cidadania passaram a ser
debatidos em espaços de co-participação na internet. A esse fenômeno que propicia
ao cidadão uma experiência de cidadania pela web deu-se o nome de webcidadania.
Webcidadania é o termo usado para explicar o fenômeno da utilização de
ferramentas online para promover o engajamento do cidadão em uma ação de
interesse público. Em outras e mais sucintas palavras: é a internet a serviço da
sociedade. O movimento de crescimento da webcidadania evidenciou o aumento da
participação e o posicionamento popular dentro do ciberespaço, mas voltado para a
administração pública. A partir dessa ideia foram criados projetos que utilizam a
internet para engajar pessoas.
6. Ao desenvolver um projeto de cidadania na web, seus criadores devem se
preocupar em construir uma identidade pública na internet, marcando cada um dos
perfis na rede com o seu “DNA Cidadão”. Posteriormente vem a preocupação em
comunicar a “Presença na Web” para amigos e parceiros mais próximos como forma
de validar seu código genético. Finalmente, o idealizador do projeto tem a função de
relacionar os programas ou ações específicas que estão sendo executados pelo grupo e
relacioná-los ao “DNA”.
Na outra ponta da rede, para participar de um projeto de cidadania na internet, o
usuário passa por três etapas: cadastro/criação de perfil; preenchimento de murais do
grupo e fóruns; e compartilhamento dos conteúdos nas redes sociais. São estas
passagens que permitem a circulação de ideias e a comunicação de soluções e
projetos complementares a cerca dos problemas discutes pelos projetos virtuais de
webcidadania.
A webcidadania defende a transformação social por meio de algumas etapas
seqüenciais e interdependentes: formulação (de soluções); mobilização e articulação;
diálogo e comunicação; monitoramento; transparência; fiscalização; e controle.
Figura 1 – Fluxo de Ações na Webcidadania
Fonte: Fundação AVINA. Webciddania @ Avina: Uso das Mídias Sociais a favor de
causas. Disponível em: http://www.slideshare.net/PlinioMKT/objetivo-7533343.
Consultado em 7 set. 2012.
7. O marco de identificação da força da internet diante de acontecimentos públicos
foram as eleições presidenciais ocorridas nos Estados Unidos da América em 2008.
Este evento representou um dos grandes acontecimentos políticos em que a internet
foi reconhecida como um legítimo campo de produção e articulação de ideias
políticas concretas, capaz de influenciar decisões e ultrapassar os limites virtuais.
Os primeiros sites a ter impacto na participação das pessoas na vida
pública surgiram nos Estados Unidos e na Inglaterra na segunda
metade dos anos 90. Mas foi com a campanha presidencial de Barack
Obama, em 2008, que internet e política se aproximaram. Obama
contratou Chris Hughes, um dos fundadores do Facebook, para
integrar sua campanha online ainda nas primeiras fases da disputa.
Ganhou uma rede social própria — o My.BarackObama.com reuniu as
pessoas que ajudariam a eleger o novo presidente americano. (Revista
Galileu, 2011, online)
No Brasil, são justamente os sites de acompanhamento de acontecimentos
políticos e conduta parlamentar que ganharam maior destaque e culminaram em
páginas virtuais bem estruturadas, com maior recrutamento de voluntários. A
webcidadania ganhou espaço nas Eleições 2010, quando diversos projetos como o
Eleitor 2010, Eu lembro, e Vote na Web conquistaram destaque na grande mídia. Já
existe um site no país destinado a identificar e divulgar as principais iniciativas de
webcidadania.
Um dos projetos mais emblemáticos na área é o portal Cidade Democrática8
.
Trata-se de “uma plataforma de participação política, onde cidadãos e entidades
podem se expressar, se comunicar e gerar mobilização para a construção de uma
sociedade cada vez melhor”. O projeto foi criado em 2009 pela organização Enzima e
abriu espaço para que os usuários criassem perfis e divulgam ideias sobre o que
esperam das cidades onde vivem. Os cadastrados podem denunciar problemas, lançar
soluções ou, simplesmente, manifestar suas opiniões. Outros usuários podem
comentar essas ações e gerar a interação que culmina em propostas concretas.
8
http://www.cidadedemocratica.org.br/
8. Figura 2 – Cidade Democrática
Fonte: Home do site http://www.cidadedemocratica.org.br/
O Cidade Democrática procura definir e orientar uma conduta webcidadã a fim
de tornar seus usuários mais ambientados com o sistema. É interessante notar que a
conduta webcidadã vai além das ações dentro do espaço virtual, pois é impulsionada
pelo diálogo e pela interação de seus adeptos com a sociedade civil e as instituições
públicas e privadas interessadas na resolução dos problemas debatidos. O resultado
dessa dinâmica é a produção de soluções concretas, como leis e projetos
governamentais inspirados nas ideias surgidas dentro da página eletrônica.
Figura 3 – Ações do webcidadão
Fonte: Home do site http://www.cidadedemocratica.org.br/
9. Outro exemplo conhecido na web é o Urbanias9
: “um portal de cidade e
cidadania na Internet”. Diz o perfil do site:
A nossa proposta é impulsionar o ativismo, provendo mecanismos e
ferramentas que facilitam e estimulam o empreendedorismo individual
e a melhoria de todos os aspectos relacionados à qualidade de vida na
cidade: rotinas dos moradores, trânsito, problemas nos bairros, meio
ambiente e vida política, entre outros.
Neste espaço público–virtual–real, cidadãos, ONGs, associações,
meios acadêmicos, empresas e governo se encontram e se deparam
com temas e questões relevantes para reflexão, debate e tomada de
decisão coletiva, com o objetivo de encaminhar deliberações ou
propostas aos órgãos competentes. (Site Urbanias, online)
São muitos os exemplos que podem ser relacionados quanto ao uso da
webcidadania como catalisadora de mudanças sociais: O projeto Excelências10
, da
Transparência Brasil, agrupa o maior banco de dados sobre parlamentares em
exercício no Brasil, nos três níveis de governo (União, Estados e municípios). Já o
projeto Vote na Web11
auxilia o usuário a monitorar projetos de lei em tramitação no
Congresso Nacional. “O site resume propostas complexas em poucas linhas, com
ênfase nos aspectos que interferem na vida das pessoas. Mediante rápido cadastro, o
usuário também pode ´votar´ nas propostas e acompanhar o mapa das opiniões dos
internautas” explica o jornalista Thiago Guimarães (2010) em notícia publicada pelo
site G1.
Figura 4 – Portal Webcidadania
Fonte: Home do site http://webcidadania.org.br/
9
http://www.urbanias.com.br/
10
http://www.excelencias.org.br/
11
http://www.votenaweb.com.br/
10. O portal Webcidadania já relacionou mais de vinte projetos no Brasil, entre eles:
Transparência Hack Day, Congresso em Foco, Criticar Belo Horizonte, Ficha Limpa
e Movimento Boa Praça. O Ficha Limpa é uma iniciativa da Articulação Brasileira
contra a Corrupção e a Impunidade (ABRACCI) para monitorar o cumprimento da
Lei Ficha Limpa, uma legislação brasileira originada de um projeto de lei de
iniciativa popular que reuniu cerca de 1,3 milhões de assinaturas. A lei torna
inelegível por oito anos o candidato que tiver o mandato cassado, renunciar para
evitar a cassação ou for condenado por decisão de órgão colegiado (com mais de um
juiz), mesmo que ainda exista a possibilidade de recursos.
Figura 5 – Portal Ficha Limpa
Fonte: http://fichalimpa.org.br/
Catarse: crowdsourcing e webcidadania em hibridismo
A junção do corwdsourcing com a webcidadania costuma resultar numa ação de
empreendedorismo social na internet. Um exemplo de projeto que mescla de forma
interessante o crowdsourcing e a webcidadania é o Catarse12
. É definido como uma
plataforma de financiamento coletivo de projetos artísticos e culturais. Estes projetos
geralmente estão associados a causas sociais (embora isso não seja uma regra). Os
temas das ideias são diversificados: Artes Plásticas, Circo, Dança, Filmes, Fotografia,
Música, Teatro, etc. – e também para projetos criativos que surjam em campos como
12
http://catarse.me/pt
11. Alimentação, Design, Moda, Tecnologia, Jogos, Quadrinhos, Jornalismo, entre vários
outros.
Desafios
Embora seja uma ideia em ascensão e potencial recrutadora de adeptos, a
webcidadania apresenta alguns desafios a serem debatidos em maior profundidade. O
primeiro deles diz respeito justamente ao número de usuários envolvidos nos projetos.
Por tratar-se de plataformas que dependem da ação voluntária, muitas vezes estes
projetos sofrem de desatualização e instabilidade de audiência. Alguns sites que se
dedicam à cobertura política tendem a ser visualizados em eventos marcantes, como
eleições ou votação de projetos de lei de grande repercussão.
Outra questão que merece reflexão é a real eficácia da mobilização nos espaços
virtuais. Alguns autores defendem que o comportamento político e ideológico na
internet ainda é incipiente e carece de mecanismos mais concretos de ação. Ainda não
se sabe o quanto a webcidadania é capaz de romper as fronteiras do ciberespaço e
atingir as instâncias legais de transformação social.
Conclusão
Os recursos proporcionados pela internet e pelas tecnologias da comunicação
reorganizaram as estruturas de hierarquização das comunidades organizacionais. A
sociedade passou a conviver com os modelos horizontas de relacionamento, os quais
propiciaram fluxos de informação multidirecionais.
Neste contexto a colaboração em massa encontrou um terreno fértil para se
difundir. A princípio, o fenômeno do crowdsourcing veio atender a uma demanda de
grandes corporações empresariais, mas, posteriormente, se alastrou entre os pequenos e
médio empreendedores até chegar ao contexto das iniciativas públicas. Essa passagem
originou a ideia de webcidadania, que hoje representa um dos movimentos mais
promissores da ação cidadã na internet.
12. O engajamento e a eficiência ainda são pontos a serem refletidos na análise do
crowdsourcing em consonância com a webcidadania. Como os projetos envolvem ação
voluntária, por vezes sofrem dos males da sazonalidade dos temas em questão. Além
disso, ainda não se sabe ao certo até que ponto as pessoas conseguem transferir de modo
eficiente as causas defendidas no espaço virtual para os mecanismos legais e concretos
de reivindicação. Ainda assim, é certo que o mundo está diante de uma possibilidade
real de utilização da mídia eletrônica para o exercício legítimo da cidadania.
13. Bibliografia
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Região Sudeste , São Paulo , 12-14 de maio de 2011.
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SCHLEGEL, Rogerio. Você pode ajudar a governar de casa. Revista Galileu.
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massa pode mudar o seu negócio, Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 2007
Internet:
http://webcidadania.org.br/
http://www.cidadedemocratica.org.br/
http://fichalimpa.org.br/
http://www.urbanias.com.br/