2. 2
I) DEFINIÇÃO
neoplasia = crescimento novo
sinônimos: NEOPLASMA
TUMOR
CÂNCER (malignos)
“Neoplasia é uma massa anormal de tecido, cujo crescimento
excede e não está coordenado ao crescimento dos tecidos
normais, e que persiste mesmo quando cessada a causa que o
provocou.”
Cancerologia ou oncologia = estudo dos tumores
Cancerígeno ou oncogênico = estímulo ou agente causador de
câncer
3. 3
Desordens de crescimento
tecidual não neoplásico (adaptação celular)
Tipo de adaptação: depende da
natureza da lesão e da
capacidade da célula se dividir e
proliferar
• Células permanentes (não
se dividem e adaptam-se
por hipertrofia – neurónios,
miocárdio, e músculo
esquelético)
• Células lábeis (dividem-se
continuamente e adaptamse
por hipertrofia e
hiperplasia – medula óssea,
trato GI e epitélios)
• Células estáveis (dividemse
quando necessário e
adaptam-se por hipertrofia
e hiperplasia – hepatocitos,
músculo liso e fibroblastos)
4. 4
Neoplasia: desordens do crescimento
dos tecidos
Respostas de crescimento adaptativo
• Hipertrofia – trabalho muscular aumentado;
• Hipotrofia – trabalho muscular diminuído;
• Hiperplasia – calos, endométrio, nódulos
linfáticos, remoção de um dos rins
(hipertrofia + hiperplasia);
• Hipoplasia – desenvolvimento Inadequado –
estrutura imatura;
• Aplasia – ausência de desenvolv. do orgão.
Metaplasia: Conversão reversível de um tipo de
célula noutro; alteração do e. ciliado
pseudoestratificado respiratório por irritação do
fumo do cigarro – redução da função mucolítica
e de limpeza.
Displasia: Menos reversível; alteração do tamanho,
forma celular (pleomorfismo) e arquitectura do
tecido– lesão pré-cancerosa (bronquite
crónica);
Neoplasia: alt. irrevers. do padrão de crescimento
celular com rotura de função – morte.
6. 6
II) PROPRIEDADES
1) PROLIFERAÇÃO CELULAR DESCONTROLADA
2) PERDA DA DIFERENCIAÇÃO CELULAR
estado de diferenciação é inversamente proporcional a
taxa de proliferação
células neoplásicas perdem progressivamente as
características de diferenciação e se tornam atípicas
3) AUTONOMIA DE CRESCIMENTO
alterações intrínsecas nos mecanismos regulatórios da
multiplicação
tornam-se independentes dos estímulos internos e
externos
7. 7
III) NOMENCLATURA E CLASSIFICAÇÃO
Classificação de acordo com os seguintes critérios:
1) pelo comportamento clínico (benignos e malignos)
2) pelo aspecto microscópico (critério histomorfológico)
3) pela origem da neoplasia (critério histogenético)
8. 8
Componentes básicos das neoplasias benignas e malignas:
células neoplásicas proliferantes (parênquima);
estroma de suporte (tecido conjuntivo e vasos sangüíneos)
9. 9
Critério histomorfológico é mais utilizado para se dar nome a uma
neoplasia, onde ela é identificada pelo tecido ou célula que está
proliferando
–OMA: denominação de qualquer neoplasia benigna ou maligna
ex.: Células mesenquimais: Fibroma = células fibroblásticas;
Condroma = cartilagem;
Osteoma = tecido ósseo
Células epiteliais: Adenoma = células com padrões
glandulares;
Papilomas = projeções digitiformes ou
verrucosas;
Cistadenoma = formam massas císticas;
Citadenomas papilares
Pólipos = projeção para luz de um órgão
10. 10
CARCINOMA: neoplasia maligna originada de célula epitelial
ex.: Adenocarcinoma = padrão glandular
Carcinoma de células escamosas = produção células
escamosas
Obs.: especificar o órgão de origem:
adenocarcinoma de células renais,
adenocarcinoma de gld. sebácea,
carcinoma broncongênico,
adenocarcinoma mamário
11. 11
SARCOMA: neoplasia maligna de origem
mesenquimal
Ex.: fibrossarcoma (fibroblasros – cavidade
medular), lipossarcoma, leiomiossarcoma (musc.
liso), rabdomiossarcoma (musc. estriado).
BLASTOMA: neoplasia que reproduz
estruturas com características embrionárias
Ex.: nefroblastoma; neuroblastoma
12. 12
OBS.: Tumores mistos (adenomas pleomórficos)
- 1 camada germinativa
- Componentes epiteliais e mesenquimais (tec. cartilaginoso,
tec. ósseo)
- comum nas glândulas salivares
Teratoma:
- várias camadas germinativas
- presença de pele, gordura, dente, intestino, músculo
- comum nas gônadas Ex. teratoma cístico de ovário
(cistodermóide)
13. 13
Melanoma = carcinoma melanócito
(melonossarcoma)
Seminoma = carcinoma testicular
EPÔNIMOS:
Tumor de Wilms (nefroblastoma) ; Linfoma de
Hodgkin (linfonodos); Tumor de Burkitt (sistema
linfático).
14. 14
IV) CARACTERÍSTICAS DAS NEOPLASIAS
BENIGNAS E MALIGNAS
1) DIFERENCIAÇÃO E ANAPLASIA
A diferenciação refere-se ao grau de
semelhança entre as células neoplásicas
e as células normais comparáveis tanto
morfológica quanto funcionalmente.
15. 15
Neoplasia benigna:
Células bem diferenciadas, parecidas
com as células normais maduras do
tecido de origem e parecidas entre si →
tumores monótonos
Importância: podem causar obstrução,
compressão, produção de substâncias em
maior quantidade, inclusive levar o
paciente à morte
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Neoplasia maligna:
Células pouco diferenciadas ou indiferenciadas (anaplásicas) → aspecto
primitivo; a semelhança com as células que compõem o tumor é muito
pequena ou mesmo inexistente
Falta de diferenciação ou anaplasia → característica básica da
transformação maligna e caracteriza-se por diversas alterações
morfológicas e funcionais
Pleomorfismo celular e nuclear: variação no tamanho e forma das
células e núcleos
Núcleos hipercromáticos: quantidade abundante de DNA e coloração
escura
Núcleos volumosos (desproporcionalmente grandes para a célula) →
relação núcleo-citoplasma 1:1 (valor normal: 1:4 ou 1:6); limites
irregulares; presença de grandes nucléolos
mitoses freqüentes, com figuras mitóticas bizarras e atípicas (mitoses
anômalas) produzindo fusos tripolares ou multipolares
17. 17
2) TAXA DE CRESCIMENTO
A taxa de crescimento dos tumores geralmente
está correlacionada com seu nível de diferenciação
→ maioria dos tumores malignos cresce mais
rápido que os benignos
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Neoplasia benigna:
cresce lentamente durante um período de anos (taxa de
divisão celular pequena = índice mitótico) →
desenvolvimento adequado de vasos sg e estroma → boa
nutrição das células
degenerações, necroses e hemorragias são pouco comuns
Neoplasia maligna:
cresce rapidamente, não dando tempo para o estroma se
desenvolver → degenerações, necrose central (isquêmica)
e hemorragias
Crescimento anárquico e desorganizado das células
neoplásicas
20. 20
3) INVASÃO LOCAL
Neoplasia benigna:
As células crescem unidas entre si e geralmente formam
uma massa esférica
não tem capacidade de infiltração, invasão ou metástases
para locais distantes
crescimento é expansivo → compressão de estruturas
adjacentes → podendo sofrer hipotrofia
desenvolvimento de cápsula fibrosa em torno do tumor,
que é constituída pela compressão do estroma do tecido
adjacente → delimita a neoplasia, facilmente palpável e
móvel; podendo ser completamente removida
cirurgicamente
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Neoplasia maligna:
O crescimento é acompanhado de infiltração progressiva,
invasão e destruição do tecido vizinho
Proliferam rapidamente e a formação de pseudocápsula é
menor a medida que aumentam a velocidade de
crescimento, passando a infiltrar os tecidos vizinhos
OBS.: O desenvolvimento de metástases é a característica
mais confiável que diferencia tumores malignos dos
benignos, depois é a capacidade de invasão destes
tumores.
22. 22
4) METÁSTASES
É a formação de uma nova lesão tumoral a partir da primeira, mas sem continuidade
entre as duas.
células neoplásicas se desprendem do tumor primário, caminham através do
interstício, ganham uma via de disseminação → local distante e formam uma nova
colônia neoplásica.
As metástases definem um tumor como maligno, visto que as neoplasias benignas não
se metastatizam
A invasividade do câncer permite que eles penetrem em vasos sg, linfáticos e
cavidades corporais, tendo a oportunidade de se espalhar
Em geral, quanto + agressivo; de crescimento + rápido e maior a neoplasia primária
→ maior a probabilidade de sofrer metástases ou de já apresentar metástases
A disseminação metastática → acentuadamente a possibilidade de cura →
prognóstico desfavorável
23. 23
VIAS DE DISSEMINAÇÃO
Implantação nas cavidades corporais ou superfícies:
- cavidade peritoneal: mais afetada (ex. carcinoma de
ovário)
- pleural, pericárdica e espaço articular
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Disseminação linfática:
- via mais comum de disseminação
inicial dos carcinomas
- comprometimento dos linfonodos
segue as vias naturais de drenagem
- linfonodos → disseminação e
crescimento de células cancerosas ou
hiperplasia reativa
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Disseminação hematogênica:
- típica dos sarcomas
- artérias menos facilmente penetradas do
que as veias
- invasão venosa: células transportadas pelo
sg seguem o fluxo venoso
- fígado e pulmões são mais freqüentemente
afetados
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Os êmbolos tumorais
transportados pela
corrente sanguínea alojam-se
muitas vezes
nos pulmões onde formam
tumores
secundários. A exceção
envolve
êmbolos com origem
o trato GI, os quais
tendem a alojar-se no
fígado
27. 27
Neoplasia: efeitos dos tumores
Pressão local sobre os vasos
sanguíneos – reduz a irrigação;
Destruição do parênquima com
libertação de enzimas que destroem
os tecidos;
Ligação de estruturas com
restrição dos movimentos
(respiratórios ou peristálticos);
Obstrução e compressão de
passagens importantes (vasos,
brônquios, esófago, ureteres, uretra,
aqueduto cerebral, ducto biliar, etc.);
Associados à infecção:
Supressão geral do sistema
imunitário e da produção de
neutrófilos e mastócitos pela
medula óssea;
Danos na função de barreira
Invasão
tumoral
do coração a
partir do
pulmão
e junção dos
dois
órgãos com
restrição de
movimento
Crescimento
tumoral
obstrutivo
do
fluxo
sanguíneo,
mais
acentuado
na veia
28. 28
Neoplasia: efeitos dos tumores
Anemia
• Dano direto nos vasos com sangramento (ex. carcinomas GI)
• Baixa de produção de glóbulos vermelhos e plaquetas pela medula óssea
(supressores tumorais, radioterapia, quimioterapia) e de fatores de coagulação pelo
fígado;
• Hemólise autoimune por indução tumoral (leucemia, linfomas).
Dor tumoral
• Invasão de ossos (fraturas) e nervos;
• Obstrução com distensão de órgãos ocos;
• Invasão da medula espinal com compressão – glioma e meningioma.
Caquexia: impacto cumulativo dos vários efeitos do tumor
• Fraqueza, febre, palidez (infecção e anemia)
• Perda de peso, anorexia (utilização de proteína muscular como fonte energética,
deficiente absorção, fator necrótico tumoral alfa (a-TNF), dor, ansiedade, depressão)
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Neoplasia: efeitos dos tumores
T. benignos ou malignos fracamente anaplásicos – induzem
hipersecreção hormonal
• Adenoma das células beta - induz hiperinsulinismo e hipokaliemia
(coma);
• Adenoma do cortex suprarenal – induz hipersecreção de
aldoesterona (HT, retenção de Na+e H2O, hipokaliemia).
Secreção ectópica
• Carcinoma do pulmão (produção de insulina, PH, ADH, ACTH);
• Tumores do rim (PH, ACTH).
30. 30
V) ASPECTOS MORFOLÓGICOS
MACROSCÓPICOS
NODULAR: massas esféricas
VEGETANTE (poliposo; papilomatoso): crescem em
superfície (pele ou mucosas)
INFILTRATIVO: malignos
ULCERADO: ulceração central formando cratera com
bordas endurecidas, elevadas e irregulares
31. 31
MICROSCÓPICOS
Neoplasia benigna: células bem diferenciadas, semelhantes às
normais
Neoplasias malignas:
- índice mitótico, crescimento geralmente rápido
- mitoses típicas e atípicas
- presença degenerações, necroses, hemorragias e
ulcerações
- células mais volumosas ( da relação núcleo/citoplasma)
- maior quantidade de células por unidade de área
(hipercelularidade)
- pleomorfismo e anaplasia
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VI) CARCINOGÊNESE
Os fatores genéticos e componentes ambientais (vírus, agentes físicos,
substâncias químicas) têm papel decisivo no aparecimento de vários
tumores humanos e de animais os tumores são entendidos como
resultado de agressões ambientais em um indivíduo geneticamente
suscetível
Classes de genes reguladores normais, importantes por serem alvos
principais das alterações genéticas que ocorrem em neoplasias:
PROTOONCOGENES: promotores do crescimento e diferenciação normais
(regulação do ciclo celular)
GENES SUPRESSORES DE TUMOR; GENES DE REPARO DO DNA; GENES
QUE CONTROLAM A APOPTOSE: Genes que tendem a manter as células
dentro dos limites fisiológicos de crescimento e diferenciação.
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ONCOGENES
são derivados dos protooncogenes
protooncogene sofre mutações, rearranjos, translocações ou outras
alterações → ativação → passa a ser oncogene (c-onc): favorecendo o
crescimento celular descontrolado.
ATIVAÇÃO DOS PROTOONCOGENES:
Os protooncogenes normalmente “civilizados” se transformam em
“inimigos”:
- alteração na estrutura do gene (mutação: translocação, inserção
ou deleção), resultando na síntese de um produto gênico anormal
(oncoproteína) tendo uma função aberrante;
- aumento da expressão gênica, gerando maior quantidade de
proteína (estruturalmente normal) que estimula o crescimento celular.
As mutações podem ser causadas por uma grande variedade de
carcinógenos físicos, químicos ou biológicos.
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GENES SUPRESSORES DE TUMOR
Função fisiológica: regulação o crescimento da célula em mutação,
impedindo a formação de tumores
Estão envolvidos no controle de pontos estratégicos, controlando o
crescimento e diferenciação celular, evitando a multiplicação celular
desordenada.
Os oncogenes podem depender de apenas uma cópia ativa do gene para
manifestar o fenótipo (ação dominante).
Os genes supressores de tumor precisam ter os dois alelos afetados para
induzir o câncer (são recessivos). Em geral a perda de uma cópia do gene
decorre de mutação, enquanto a segunda cópia é perdida por deleção do
outro alelo.
A perda de um alelo do gene supressor de tumor pode ser herdada ou
adquirida.
O indivíduo heterozigoto para o gene (possui apenas um alelo normal) não
tem neoplasia, mas apresenta um risco maior de desenvolver câncer. A
neoplasia só se forma caso ocorra perda do outro alelo → perda da
heterozigosidade.
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GENES DE REPARO DO DNA
durante o processo normal de duplicação do
DNA podem ocorrer falhas na replicação.
Quando esta falha é reparada, a célula
continua com o seu genótipo e fenótipo normais.
Porém, se ocorrer uma falha no reparo, a
mutação ocorrida se propaga nas gerações
seguintes e pode ser capaz de induzir
transformação neoplásica.
GENES PARA APOPTOSE