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História da Música VI
CMU 244
Módulo I
Romantismo
Conceitos gerais
Prof. Diósnio Machado Neto
A Europa das revoluções
• Após a Revolução Francesa (1789) se inicia um processo generalizado de
guerras e revoluções que operam grandes transformações nas estruturas
socioeconômica-culturais da Europa.
– Grandes lutas por maiores liberdades individuais e considerações pelas classes
médias e baixas.
• Congresso de Viena de 1815
– Reorganização do mapa geopolítico, após a derrota definitiva de Napoleão
Bonaparte, que assumiu o trono Francês em 1794 (18 do Brumário) e governou
durante 15 anos.
• A Inglaterra garantiu sua supremacia nos mares, graças à anexação de partes estratégicas no
Mediterrâneo. A Rússia recebeu parte da Polônia e da Finlândia. À Prússia coube parte da
Alemanha. A Áustria recebeu parte da Itália. Na França, por imposição do Congresso, os
Bourbons retornam o trono com Luis XVIII.
– Acontecem inúmeras revoltas, sendo as principais a Revolução Liberal de 1830 e 1848
» Em 1848, o movimento também teria caráter liberal e burguês, mas traria novo elemento: a
participação do proletariado industrial, com tendências socialistas. O socialismo deixaria de
ser a proposta de uma sociedade utópica e igualitária; teria aspectos científicos, pois o
socialismo democrático procuraria destruir as raízes da desigualdade entre os homens e
buscaria a criação de uma nova sociedade.
– A Revolução Liberal tem início nos Estados Unidos, em 1776, e se alastra pelo mundo. Em Portugal
chega em 1821.
• O germe nacionalista encontra, então, condições ideais de florescimento.
– Itália e Alemanha, divididas em estados de governos absolutos, iniciam processos de
unificação, a partir de 1848, culminando na década de 1860.
Gustave Courbet (1819-1877)
O estúdio do pintor: uma alegoria real (1855)
A Revolução Industrial
• A Revolução Industrial está no centro das modificações estruturais da Europa, no século
XIX
– Processo de mudança de uma economia agrária e baseada no trabalho manual para uma
dominada pela indústria mecanizada.
• Tem início na Inglaterra por volta de 1760 e alastra-se para o resto do mundo.
• Caracteriza-se pelo uso de novas fontes de energia, pela invenção de máquinas que aumentam a produção,
pela divisão e especialização do trabalho, pelo desenvolvimento do transporte e da comunicação e pela
aplicação da ciência na indústria.
• Provoca profundas transformações na sociedade: o declínio da terra como fonte de riqueza, o
direcionamento da produção em larga escala para o mercado internacional, a afirmação do poder
econômico da burguesia, o surgimento do operariado e a consolidação do capitalismo como sistema
dominante na sociedade.
• Os centros urbanos tornam-se os modelos de civilização.
– Revolução industrial impulsiona o crescimento dos centros urbanos
• A população de Londres e Paris quadruplica entre 1800 e 1880
• Reorganização das esferas sociais: fortalecimento da burguesia e surgimento de uma classe operária
(popular)
• Artistas deixam de servir as cortes e passam a viver da organização de concertos públicos (benefícios). O
artista é mais um na multidão.
– O afastamento do homem urbano da Natureza cria um anseio de retorno. A partir de Rousseau, a
Natureza começa a ser “idealizada”.
• A descrição de paisagens é uma das principais características do romantismo. Na música podemos destacar
a Sinfonia Pastoral (Beethoven) e, mais tarde, as aberturas e sinfonias de Mendelsshon, as obras de
Schumann, Liszt, Berlioz, Weber, Wagner, entre outros.
Jean-François Millet (1814 – 1875)
A transformação da sociedade via
desenvolvimento das ciências
• O século XIX assistiu a rápidos progressos no domínio do conhecimento exato e do
método científico.
• A comprovação científica dos fatos substituiu o estabelecimento dogmático das verdades e o culto à
arte tornou-se uma das principais alternativas de expressão da espiritualidade entre os intelectuais
ocidentais.
• Filósofos e artistas como Hegel e Berlioz afirmaram que, para eles, a arte era uma religião.
• Essa crescente racionalidade refletia no artista na proporção inversa, ou seja, existia uma busca pelo inconsciente
e pelo sobrenatural. Os sonhos, as visões (Sinfonia Fantástica de Berlioz), a Natureza assombrada por espíritos e
carregada de sentidos misteriosos (as óperas de Wagner) levavam o artista a um esforço capaz de exprimir tais
imagens. O resultado foi, na música, o alargamento do vocabulário harmônico e melódico, assim como, do
colorido orquestral.
• No mesmo sentido está a dificuldade do artista romântico lidar com as formas clássicas. A penetração em um
mundo que privilegia as sensações individuais, assim como, o crescente realismo, que traz uma concepção
filosófica de olhar a vida tal qual ela é, exigia formas livres, ou seja, menos integrais, como a novela e o poema
sinfônico.
• O materialismo e o idealismo foram concepções forjadas no século XIX.
• A crescente secularização da sociedade e o crescimento de uma cultura da produção industrial
forjaram o alicerce de filosofias não espirituais e sim voltadas para a solução dos problemas sociais.
O positivismo de Auguste Comte é a consubstanciação dessas forças, no método científico.
• Surgem movimentos como o socialismo, o Manifesto Comunista de Marx e Engls (1848), o tratado
sobre o capitalismo de Estado de Rodbertus (1848)
• Na arte, essa movimentação é vista através do realismo, onde tudo tendia para as cenas da vida
cotidiana, à apologia do proletariado (retratos de máquinas, caricaturas da burguesia etc), a descrição
de um personagem definindo claramente seus traços psicológicos (Flaubert) e na música a ópera
verista italiana, por exemplo.
Honoré Daumier (1808 – 1879)
Actualités: Une séance de l'union électorale
As bases do romantismo
• Ímpeto tempestuoso como força motriz
– O Sturm und Drang projeta valores fundamentais para o romantismo
• A natureza é redescoberta, exaltada como força onipotente e criadora da vida.
• Relaciona-se estreitamente com a natureza o “gênio”, entendido como força originária – o gênio cria
analogamente à natureza e, portanto, não extrai suas normas do exterior, mas ele é a própria norma.
• Exaltação da liberdade e desejo de infringir convenções e leis externas
• Sentimentos fortes e paixões calorosas, impetuosas.
• Características essenciais
– A palavra romântico surgiu para indicar o fabuloso, o extravagante, o fantástico e o irreal. No
século XVIII, romântico passou a designar situações agradáveis que apareciam na narrativa e
poesia.
• Renascimento do sentido de emoção.
• Identifica-se, principalmente, com o espírito germânico.
– Comportamento psicológico do homem romântico
• Conflito interior; dilaceração do sentimento; insatisfação com a realidade, que, no entanto, se lhe escapa
continuamente.
– Sentido de infinito, onde a natureza assume papel fundamental – vida que cria eternamente. A
natureza é o grande organismo
• A força da natureza é a própria força do divino
• Essa concepção de natureza como coisa orgãnica leva a concepção de fragmento do ser – o todo se reflete
em alguma forma do homem, assim como, o homem se reflete no todo.
– Concepção dom Verdadeiro e Absoluto, que só pode ser alcançado pelo gênio.
– Prevalência do conteúdo sobre a forma
Delacroix
A importância da arte
• A importância subjetiva da arte e das ciências no Ocidente acentuou-se a
partir do declínio da sociedade medieval, estruturada sobre os dogmas da
religião.
– A comprovação científica dos fatos substituiu o estabelecimento dogmático das
verdades e o culto à arte tornou-se uma das principais alternativas de expressão
da espiritualidade entre os intelectuais ocidentais.
• Filósofos e artistas como Hegel e Berlioz afirmaram que, para eles, a arte era uma
religião.
– No período romântico, esse fervor aliou-se ao amor, à natureza e à idolatria de
homens de gênio, cujo primeiro objeto foi Napoleão.
• Em síntese, o romantismo é marcado pela reivindicação de total liberdade
criadora e de expressão para o artista.
– A idéia da "arte pela arte", como depositária de verdades que não podiam ser
contaminadas por interesses econômicos, políticos ou sociais; a ética do artista,
que deveria agir de acordo com aquilo que sentia ser necessário comunicar aos
outros homens; o desprezo pelas conveniências, pelo utilitarismo, pela
monotonia da vida diária, são idéias já expressas em 1835 por Gautier, poeta
romântico, no prefácio à novela Mademoiselle de Maupin e que, no final do
século XX, norteavam ainda a identidade social do gênio artístico.
A arte romântica por excelência
• A posição da música antes do romantismo pode ser sentida pelas posturas de Kant - a
música como um jogo de agradáveis sensações - e Rousseau - a música como abstrato
arabesco.
– Em síntese, ela não diz nada à nossa razão, nem tem um conteúdo intelectual, moral ou educativo
- uma arte assemântica.
– O romantismo não se desfaz desse pressuposto, se vale dele - capta a realidade em um nível mais
profundo. Tanto na música instrumental - expressão mais genuína da sublimação da realidade -
como na melodrama; onde a música é o centro da ação dramática.
• A música passa a ser concebida como linguagem própria e não mais como expressão de
palavras ditas ou não ditas.
– Auto-expressão considerada como ideal artístico
• A música instrumental passou a ser o campo ideal para a manifestação da auto-expressão, porque era
divorciada da corte e da religião.
• A subjetividade da música passou a ser uma propriedade fundamental.
– "Isso torna a música um modelo abstrato para o pensamento, uma estrutura que sublima a lógica
e a linguagem, uma forma de razão pura que precede a linguagem...“
– Percebe-se no decorrer do final do século XVIII, que as formas abstratas da música passaram a
ser elemento de analogia de outras áreas. Isso significa a ampliação da consideração da música
como elemento expressivo de idéias.
• A literatura busca a essência da comunicação musical
• A assemanticidade da música foi um elemento essencial, “a razão de seu incomparável
prestígio".
– No início do século XIX, a música instrumental pura já tinha se tornado "um manancial de maior
admiração e se tornou o modelo para a literatura e as artes plásticas".
• "O que os poetas e pintores invejavam era a liberdade da música em manipular suas próprias formas e
símbolos, aparentemente sem referência à própria realidade exterior"
Wackenroder: a música como linguagem
privilegiada
• Wackenroder (1773-1798) - Fantasia em torno da arte de um monge amante da arte.
– Forte influência na formação dos compositores da primeira geração romântica. Revela uma típica
postura do romântismo inicial, refletindo as posturas do Sturm und Drang - frente à arte é
necessário o abandono, a atitude puramente contemplativa, própria do entusiasta.
– A novidade da postura é que a sensibilidade é o sentido que absorve a obra de arte e não o
intelecto.
– Afinidade exclusiva entre o som e o sentimento.
• O sentimento seria o órgão privilegiado de acesso aos segredos mais íntimos do mundo. Nesse sentido, a
música seria o contato mais direto com Deus. Logo, ela se reveste de caráter sagrado, religioso e divino.
• A música fala uma linguagem que os homens não falam, ou seja, fala dos sentimentos de modo sobre-
humano.
– Explora o acento indefinido da música, assim como Diderot. Linguagem absolutamente
aconceitual.
– Submeter a música aos caprichos da palavra justamente seria, para Wackenroder quebrar a maior
virtude dela: falar diretamente à sensibilidade e não à razão.
– A música é o sentimento em si, logo não há nada objetivo que se possa dizer a seu respeito. Com
a reflexão nunca se poderá captar o sentimento.
• As palavras podem descrever tudo, a música nos fala sobre a essência do que a palvra descreve.
• Wackenroder apesar de rechaçar as análises da música. Finca-se em alguns postulados pitagóricos, pois
reconhece que o fascínio da música advém da proporções matemáticas dos sons com as "fibras do
coração". Caráter sagrado que deriva do elemento matemático.
– A harmonia representa um papel primogênito na concepção de Wackenroder.
• Ela cobra um papel mágico, expressão do mistério e inefabilidade.
– A descoberta da música do passado nasce dos estudos filológicos.
• Wackenroder - canto gregoriano como modo mais direto de se falar das coisas do céu.
Hegel – o sentimento invisível
• Hegel – Estética (1835)
– Toda a arte tem como finalidade a expressão da idéia, mas em forma de intuição
sensível. Logo, para a arte é fundamental um material externo em que possa objetivar
seu conteúdo espiritual.
• A arquitetura é a arte simbólica, não está animada pelo espírito; está na base da pirâmide.
Escultura é a arte clássica, o elemento interior ou espiritual encontra-se presente e "visível
através da aparência corporal imanente ao espírito". A arte romântica já é uma representação
do Absoluto de forma subjetiva, não necessita exteriorizar-se na matéria: é o caso da pintura,
poesia e música.
• A música é a interioridade em si "o sentimento invisível ou sem forma, que não pode
manifestar-se em uma realidade externa, senão unicamente através de um fenômeno exterior
que desaparece rapidamente, que se auto-destrói". Aqui forma-se o problema do poder da
representatividade da música que será abordado por Liszt.
– Absoluto
• Música é, segundo Hegel, revelação do Absoluto baixo a forma de sentimento. Ela pode
expressar tanto sentimentos particulares como sentimentos em si.
– Hegel levanta uma questão que dividi a postura sobre a música no século XIX: estética do
sentimento ou formalismo. Tal fato ocorre quando Hegel mostra que a música pode ter semelhanças
com a arquitetura, apesar de terem espíritos completamente diferentes.
» A música desfila sua arquitetura no tempo. Na música haveria uma identidade entre a forma e
o conteúdo - importante para os paradigmas da música romântica - "O eu está no tempo e o
tempo é o ser do sujeito. Porém, posto que o tempo, e não o espaço, é o elemento essencial na
qual o som adquire existência e valor musical, e posto que o tempo do som é também o tempo
do sujeito, o som penetra no eu, se aferra a sua existência sensível, o pôem em movimento e o
arrasta a ritmo cadenciado".
– A música exerce uma função organizadora, catártica, reguladora, justamente por que trabalha com a
temporalidade e a reiteração, ou seja, a memória.

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  • 1. História da Música VI CMU 244 Módulo I Romantismo Conceitos gerais Prof. Diósnio Machado Neto
  • 2. A Europa das revoluções • Após a Revolução Francesa (1789) se inicia um processo generalizado de guerras e revoluções que operam grandes transformações nas estruturas socioeconômica-culturais da Europa. – Grandes lutas por maiores liberdades individuais e considerações pelas classes médias e baixas. • Congresso de Viena de 1815 – Reorganização do mapa geopolítico, após a derrota definitiva de Napoleão Bonaparte, que assumiu o trono Francês em 1794 (18 do Brumário) e governou durante 15 anos. • A Inglaterra garantiu sua supremacia nos mares, graças à anexação de partes estratégicas no Mediterrâneo. A Rússia recebeu parte da Polônia e da Finlândia. À Prússia coube parte da Alemanha. A Áustria recebeu parte da Itália. Na França, por imposição do Congresso, os Bourbons retornam o trono com Luis XVIII. – Acontecem inúmeras revoltas, sendo as principais a Revolução Liberal de 1830 e 1848 » Em 1848, o movimento também teria caráter liberal e burguês, mas traria novo elemento: a participação do proletariado industrial, com tendências socialistas. O socialismo deixaria de ser a proposta de uma sociedade utópica e igualitária; teria aspectos científicos, pois o socialismo democrático procuraria destruir as raízes da desigualdade entre os homens e buscaria a criação de uma nova sociedade. – A Revolução Liberal tem início nos Estados Unidos, em 1776, e se alastra pelo mundo. Em Portugal chega em 1821. • O germe nacionalista encontra, então, condições ideais de florescimento. – Itália e Alemanha, divididas em estados de governos absolutos, iniciam processos de unificação, a partir de 1848, culminando na década de 1860.
  • 3. Gustave Courbet (1819-1877) O estúdio do pintor: uma alegoria real (1855)
  • 4. A Revolução Industrial • A Revolução Industrial está no centro das modificações estruturais da Europa, no século XIX – Processo de mudança de uma economia agrária e baseada no trabalho manual para uma dominada pela indústria mecanizada. • Tem início na Inglaterra por volta de 1760 e alastra-se para o resto do mundo. • Caracteriza-se pelo uso de novas fontes de energia, pela invenção de máquinas que aumentam a produção, pela divisão e especialização do trabalho, pelo desenvolvimento do transporte e da comunicação e pela aplicação da ciência na indústria. • Provoca profundas transformações na sociedade: o declínio da terra como fonte de riqueza, o direcionamento da produção em larga escala para o mercado internacional, a afirmação do poder econômico da burguesia, o surgimento do operariado e a consolidação do capitalismo como sistema dominante na sociedade. • Os centros urbanos tornam-se os modelos de civilização. – Revolução industrial impulsiona o crescimento dos centros urbanos • A população de Londres e Paris quadruplica entre 1800 e 1880 • Reorganização das esferas sociais: fortalecimento da burguesia e surgimento de uma classe operária (popular) • Artistas deixam de servir as cortes e passam a viver da organização de concertos públicos (benefícios). O artista é mais um na multidão. – O afastamento do homem urbano da Natureza cria um anseio de retorno. A partir de Rousseau, a Natureza começa a ser “idealizada”. • A descrição de paisagens é uma das principais características do romantismo. Na música podemos destacar a Sinfonia Pastoral (Beethoven) e, mais tarde, as aberturas e sinfonias de Mendelsshon, as obras de Schumann, Liszt, Berlioz, Weber, Wagner, entre outros.
  • 6. A transformação da sociedade via desenvolvimento das ciências • O século XIX assistiu a rápidos progressos no domínio do conhecimento exato e do método científico. • A comprovação científica dos fatos substituiu o estabelecimento dogmático das verdades e o culto à arte tornou-se uma das principais alternativas de expressão da espiritualidade entre os intelectuais ocidentais. • Filósofos e artistas como Hegel e Berlioz afirmaram que, para eles, a arte era uma religião. • Essa crescente racionalidade refletia no artista na proporção inversa, ou seja, existia uma busca pelo inconsciente e pelo sobrenatural. Os sonhos, as visões (Sinfonia Fantástica de Berlioz), a Natureza assombrada por espíritos e carregada de sentidos misteriosos (as óperas de Wagner) levavam o artista a um esforço capaz de exprimir tais imagens. O resultado foi, na música, o alargamento do vocabulário harmônico e melódico, assim como, do colorido orquestral. • No mesmo sentido está a dificuldade do artista romântico lidar com as formas clássicas. A penetração em um mundo que privilegia as sensações individuais, assim como, o crescente realismo, que traz uma concepção filosófica de olhar a vida tal qual ela é, exigia formas livres, ou seja, menos integrais, como a novela e o poema sinfônico. • O materialismo e o idealismo foram concepções forjadas no século XIX. • A crescente secularização da sociedade e o crescimento de uma cultura da produção industrial forjaram o alicerce de filosofias não espirituais e sim voltadas para a solução dos problemas sociais. O positivismo de Auguste Comte é a consubstanciação dessas forças, no método científico. • Surgem movimentos como o socialismo, o Manifesto Comunista de Marx e Engls (1848), o tratado sobre o capitalismo de Estado de Rodbertus (1848) • Na arte, essa movimentação é vista através do realismo, onde tudo tendia para as cenas da vida cotidiana, à apologia do proletariado (retratos de máquinas, caricaturas da burguesia etc), a descrição de um personagem definindo claramente seus traços psicológicos (Flaubert) e na música a ópera verista italiana, por exemplo.
  • 7. Honoré Daumier (1808 – 1879) Actualités: Une séance de l'union électorale
  • 8. As bases do romantismo • Ímpeto tempestuoso como força motriz – O Sturm und Drang projeta valores fundamentais para o romantismo • A natureza é redescoberta, exaltada como força onipotente e criadora da vida. • Relaciona-se estreitamente com a natureza o “gênio”, entendido como força originária – o gênio cria analogamente à natureza e, portanto, não extrai suas normas do exterior, mas ele é a própria norma. • Exaltação da liberdade e desejo de infringir convenções e leis externas • Sentimentos fortes e paixões calorosas, impetuosas. • Características essenciais – A palavra romântico surgiu para indicar o fabuloso, o extravagante, o fantástico e o irreal. No século XVIII, romântico passou a designar situações agradáveis que apareciam na narrativa e poesia. • Renascimento do sentido de emoção. • Identifica-se, principalmente, com o espírito germânico. – Comportamento psicológico do homem romântico • Conflito interior; dilaceração do sentimento; insatisfação com a realidade, que, no entanto, se lhe escapa continuamente. – Sentido de infinito, onde a natureza assume papel fundamental – vida que cria eternamente. A natureza é o grande organismo • A força da natureza é a própria força do divino • Essa concepção de natureza como coisa orgãnica leva a concepção de fragmento do ser – o todo se reflete em alguma forma do homem, assim como, o homem se reflete no todo. – Concepção dom Verdadeiro e Absoluto, que só pode ser alcançado pelo gênio. – Prevalência do conteúdo sobre a forma
  • 10. A importância da arte • A importância subjetiva da arte e das ciências no Ocidente acentuou-se a partir do declínio da sociedade medieval, estruturada sobre os dogmas da religião. – A comprovação científica dos fatos substituiu o estabelecimento dogmático das verdades e o culto à arte tornou-se uma das principais alternativas de expressão da espiritualidade entre os intelectuais ocidentais. • Filósofos e artistas como Hegel e Berlioz afirmaram que, para eles, a arte era uma religião. – No período romântico, esse fervor aliou-se ao amor, à natureza e à idolatria de homens de gênio, cujo primeiro objeto foi Napoleão. • Em síntese, o romantismo é marcado pela reivindicação de total liberdade criadora e de expressão para o artista. – A idéia da "arte pela arte", como depositária de verdades que não podiam ser contaminadas por interesses econômicos, políticos ou sociais; a ética do artista, que deveria agir de acordo com aquilo que sentia ser necessário comunicar aos outros homens; o desprezo pelas conveniências, pelo utilitarismo, pela monotonia da vida diária, são idéias já expressas em 1835 por Gautier, poeta romântico, no prefácio à novela Mademoiselle de Maupin e que, no final do século XX, norteavam ainda a identidade social do gênio artístico.
  • 11. A arte romântica por excelência • A posição da música antes do romantismo pode ser sentida pelas posturas de Kant - a música como um jogo de agradáveis sensações - e Rousseau - a música como abstrato arabesco. – Em síntese, ela não diz nada à nossa razão, nem tem um conteúdo intelectual, moral ou educativo - uma arte assemântica. – O romantismo não se desfaz desse pressuposto, se vale dele - capta a realidade em um nível mais profundo. Tanto na música instrumental - expressão mais genuína da sublimação da realidade - como na melodrama; onde a música é o centro da ação dramática. • A música passa a ser concebida como linguagem própria e não mais como expressão de palavras ditas ou não ditas. – Auto-expressão considerada como ideal artístico • A música instrumental passou a ser o campo ideal para a manifestação da auto-expressão, porque era divorciada da corte e da religião. • A subjetividade da música passou a ser uma propriedade fundamental. – "Isso torna a música um modelo abstrato para o pensamento, uma estrutura que sublima a lógica e a linguagem, uma forma de razão pura que precede a linguagem...“ – Percebe-se no decorrer do final do século XVIII, que as formas abstratas da música passaram a ser elemento de analogia de outras áreas. Isso significa a ampliação da consideração da música como elemento expressivo de idéias. • A literatura busca a essência da comunicação musical • A assemanticidade da música foi um elemento essencial, “a razão de seu incomparável prestígio". – No início do século XIX, a música instrumental pura já tinha se tornado "um manancial de maior admiração e se tornou o modelo para a literatura e as artes plásticas". • "O que os poetas e pintores invejavam era a liberdade da música em manipular suas próprias formas e símbolos, aparentemente sem referência à própria realidade exterior"
  • 12. Wackenroder: a música como linguagem privilegiada • Wackenroder (1773-1798) - Fantasia em torno da arte de um monge amante da arte. – Forte influência na formação dos compositores da primeira geração romântica. Revela uma típica postura do romântismo inicial, refletindo as posturas do Sturm und Drang - frente à arte é necessário o abandono, a atitude puramente contemplativa, própria do entusiasta. – A novidade da postura é que a sensibilidade é o sentido que absorve a obra de arte e não o intelecto. – Afinidade exclusiva entre o som e o sentimento. • O sentimento seria o órgão privilegiado de acesso aos segredos mais íntimos do mundo. Nesse sentido, a música seria o contato mais direto com Deus. Logo, ela se reveste de caráter sagrado, religioso e divino. • A música fala uma linguagem que os homens não falam, ou seja, fala dos sentimentos de modo sobre- humano. – Explora o acento indefinido da música, assim como Diderot. Linguagem absolutamente aconceitual. – Submeter a música aos caprichos da palavra justamente seria, para Wackenroder quebrar a maior virtude dela: falar diretamente à sensibilidade e não à razão. – A música é o sentimento em si, logo não há nada objetivo que se possa dizer a seu respeito. Com a reflexão nunca se poderá captar o sentimento. • As palavras podem descrever tudo, a música nos fala sobre a essência do que a palvra descreve. • Wackenroder apesar de rechaçar as análises da música. Finca-se em alguns postulados pitagóricos, pois reconhece que o fascínio da música advém da proporções matemáticas dos sons com as "fibras do coração". Caráter sagrado que deriva do elemento matemático. – A harmonia representa um papel primogênito na concepção de Wackenroder. • Ela cobra um papel mágico, expressão do mistério e inefabilidade. – A descoberta da música do passado nasce dos estudos filológicos. • Wackenroder - canto gregoriano como modo mais direto de se falar das coisas do céu.
  • 13. Hegel – o sentimento invisível • Hegel – Estética (1835) – Toda a arte tem como finalidade a expressão da idéia, mas em forma de intuição sensível. Logo, para a arte é fundamental um material externo em que possa objetivar seu conteúdo espiritual. • A arquitetura é a arte simbólica, não está animada pelo espírito; está na base da pirâmide. Escultura é a arte clássica, o elemento interior ou espiritual encontra-se presente e "visível através da aparência corporal imanente ao espírito". A arte romântica já é uma representação do Absoluto de forma subjetiva, não necessita exteriorizar-se na matéria: é o caso da pintura, poesia e música. • A música é a interioridade em si "o sentimento invisível ou sem forma, que não pode manifestar-se em uma realidade externa, senão unicamente através de um fenômeno exterior que desaparece rapidamente, que se auto-destrói". Aqui forma-se o problema do poder da representatividade da música que será abordado por Liszt. – Absoluto • Música é, segundo Hegel, revelação do Absoluto baixo a forma de sentimento. Ela pode expressar tanto sentimentos particulares como sentimentos em si. – Hegel levanta uma questão que dividi a postura sobre a música no século XIX: estética do sentimento ou formalismo. Tal fato ocorre quando Hegel mostra que a música pode ter semelhanças com a arquitetura, apesar de terem espíritos completamente diferentes. » A música desfila sua arquitetura no tempo. Na música haveria uma identidade entre a forma e o conteúdo - importante para os paradigmas da música romântica - "O eu está no tempo e o tempo é o ser do sujeito. Porém, posto que o tempo, e não o espaço, é o elemento essencial na qual o som adquire existência e valor musical, e posto que o tempo do som é também o tempo do sujeito, o som penetra no eu, se aferra a sua existência sensível, o pôem em movimento e o arrasta a ritmo cadenciado". – A música exerce uma função organizadora, catártica, reguladora, justamente por que trabalha com a temporalidade e a reiteração, ou seja, a memória.