2. Textos:
ABUD, Katia Maria. Currículos de história e políticas públicas: os programas de
história do Brasil na escola secundária. BITTENCOURT, Circe (org.) O saber
histórico escolar. São Paulo: Contexto, 2002.
BITTENCOURT, Circe. Reflexões sobre o ensino de História. In: Estudos
Avançados, 2018.
4. Século XVI
Tomando como base textos gregos e romanos (clássicos) são elaboradas formas de
ensinamento histórico.
Diferentes apropriações por educadores cristãos (interpretação e seleção).
No Brasil
Conexão com os objetivos do empreendimento colonial.
Justificativas à exploração de povos nativos e escravização de africanos.
5. Na Europa
Fortalecimento dos Estados Nacionais
Valorização das línguas nacionais e seus autores
“História da moderna civilização”
No Brasil
Reformas pombalinas (1759)
Expulsão dos jesuítas
Iniciativas diferentes para o ensino de História (exemplo Seminário de Olinda)
6. Primeiras propostas para o ensino de História como conhecimento específico:
1823: deputado Martim Francisco Ribeiro de Andrada
Dois graus de ensino
Relação entre conteúdo e métodos
“Materiais didáticos”: compêndios (alunos) e livros dos mestres
1826: deputado Januário da Cunha Barbosa
Disciplinas autônomas e educadores especialistas (adotado posteriormente)
7. Etapas
!837 Criação do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro.
Criação do Colégio D. Pedro II
1925 Reforma Rocha Vaz
1931 Reforma Francisco Campos
1942 Reforma Gustavo Capanema
1961 Lei de Diretrizes e Bases
Década de 1980 Redemocratização e transformações
8. Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (pesquisa) e Colégio D. Pedro II
(ensino).
Genealogia nacional.
Identidade.
Nacionalidade.
Década de 1920: Reforma Rocha Vaz.
Formulação dos programas pelos professores do Colégio D. Pedro II e adoção pelas
escolas equiparadas.
9. Concurso do IHGB – resposta vitoriosa:
Von Martius afirmava que para se escrever a História do Brasil, devia-se, em
primeiro lugar, atentar para a formação étnica do Brasil e a contribuição do
branco, do negro e do índio para a formação da população brasileira. Enfatizou o
papel dos portugueses no descobrimento e na colonização, compreendido somente
em conexão com suas façanhas marítimas, comerciais e guerreiras.
10. “O trabalho de Varnhagen pode hoje ser visto como uma busca da nação no Brasil
em meados do século XIX. Acontece que, aqui, ao contrário do que acontecera na
França, Inglaterra ou mesmo nos Estados Unidos, havia o Estado, mas a nação
ainda não tinha se organizado. A especificidade da colonização portuguesa, a rala
presença de imigração de grupos familiares (que só começaria a ganhar peso em
fins do século XIX), a continuação do trabalho escravo, a ausência de comércio
interno significativo são alguns dos fatores que retardaram algo que se pudesse
considerar uma nação no sentido moderno da palavra.” (PINSKY, 2018, p. 14)
11. Ingresso no Ensino Superior (qualquer semelhança com a atualidade não é mera
coincidência).
Colégio Pedro II
- criação de cadeiras
- elaboração dos programas
Pensamento evolucionista – “marcha para o progresso”
Positivismo
Escola Metódica
12. Divisão do ensino em História da Civilização e História Pátria.
História do Brasil como suplementar à abordagem “geral”.
História da América: possibilidade de novas perspectivas sobre a colonização.
Educação Histórica nas escolas e promovida externamente por atos cívicos, como
festas, comemorações, desfiles. (Invenção das tradições – Hobsbawm)
Responde aos anseios das elites (vocação agrícola; continuidade da raça europeia)
13. O ano de 1930 tido como marco da retomada o Estado Nacional.
Identidade do povo brasileiro.
Programas de ensino produzidos pelo Ministério da Educação, configurando uma
centralização uniformizadora do ensino secundário.
Instruções metodológicas (1931)
Plano Nacional de Educação (1936)
Conteúdo: História Geral, do Brasil e da América.
14. Como ideólogo do autoritarismo, afirmava que “as transformações não se operam
pelas ações das mentalidades primitivas, mas pela influência das ciências e das
artes, filósofos, pesquisadores, engenheiros, artistas...”
“A anterioridade da educação da elite era necessária porque ela seria seguida
pelas massas.” (p. 34)
15. Maior carga horária destinada às humanidades.
Instruções metodológicas (1945).
Ensino de História como instrumento poderoso na construção do Estado Nacional.
Unidade nacional em três pilares:
Étnica
Territorial
Administrativa
16. Origens do povo brasileiro
Índio
• O índio, objeto dos livros didáticos era ainda o nativo encontrado pelos portugueses no século XVI,
não o índio degradado pela conquista europeia que persistia em sobreviver nos séculos
posteriores. (p. 37)
Negro
• O negro sempre é tratado como mercadoria, produtora de outras mercadorias [...]os livros
didáticos salientavam a importância do africano para a vida econômica do país, mas procurava
mostrar que a negritude estava sendo diluída pela miscigenação.
Branco
• ... A expansão da dominação colonial portuguesa e a implantação de uma unidade cultural eram
apresentadas de forma altamente positiva pelos livros didáticos (valorização dos bandeirantes,
por exemplo).
17. Redefinições políticas e ideológicas.
Renovação curricular internacional.
“História para a paz” promovida por entidades internacionais como a Unesco.
Relação entre a ciência de referência, o conhecimento específico e o ensino escolar.
Articulação entre objetivos, conteúdos, métodos e avaliação (exemplo França).
18. Década de 1950
Criação de cursos de História
Necessidade de revisão de conteúdos
Incorporação de novas pesquisas.
Década de 1960
Novas propostas e métodos de ensino
Coleção didática “Nova História do Brasil” (Nelson Werneck Sodré)
Golpe
19. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (4.024/61)
Programas elaborados pelos governos estaduais.
“Secundarizção” das humanidades.
“Americanização” do currículo (preparação de mão-de-obra para a indústria).
Tecnização da formação.
História e Geografia perdem espaço (redução da carga horária): Estudos Sociais.
Licenciatura curta.
20. Novas propostas curriculares
Atenção às realidades das escolas e dos estudantes.
Recuperação de História e Geografia como disciplinas independentes.
(Re)centralização.
Criação de parâmetros nacionais (PCNs).
CENP/S-SP. Proposta curricular para o ensino de História – 1º grau. São Paulo:
Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas / Secretaria da Educação do Estado
de São Paulo, 1992.
SEF/MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais. História. Secretaria de Educação
Fundamental: Brasília, 1997 (1º e 2º ciclos).
SEF/MEC. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília:
Secretaria de Educação Fundamental, 1998.
21. Leis:
10.639/03
11.645/08
Obrigatoriedade do ensino de História da África e das culturas afro-brasileiras e
de História Indígena.
Possibilidade de revisão de marcos históricos atendendo às especificidades locais.
22. Base Nacional Comum Curricular
Prioridade a interlocutores internacionais.
Submissão dos currículos à avaliação externa.
Modernização de conteúdos e métodos / aprendizagem eletrônica (necessidade de
reorganização pedagógica).
CONSEQUÊNCIAS
Perda de autonomia por parte dos professores.
Prejuízos para alunos, especialmente de baixa renda, de escolas públicas e EJA.
Retorno ao formato “instrucional catequético”.
23. TEXTOS OFICIAIS
DISSEMINAÇÃO DO DISCURSO DOMINANTE, REPRESENTANTE DAS
ELITES QUE OCUPAM POSIÇÕES DE PODER.
AUSÊNCIA DE ATENÇÃO AO COTIDIANO DAS ESCOLAS: OBSTÁCULOS,
DIFICULDADES, ESPECIFICIDADES, POTENCIALIDADES.
FORMAÇÃO DE UMA NOÇÃO DE HISTÓRIA “OFICIAL”.
26. “Todos sabemos que os planos oficiais de educação são formulados, quase
exclusivamente, por especialistas que atuam na universidade, onde está o
chamado ensino superior. É aí que se debate a qualidade do ensino. É aí que são
criadas as medidas usadas para avaliar o desempenho dos professores e alunos. É
daí que vêm as avaliações dos livros didáticos. É aí que nascem as recomendações
a serem seguidas pelos demais níveis de ensino, o que representa uma
hierarquização prejudicial e preconceituosa dos papeis docentes. Finalmente, é aí
que os órgãos governamentais recrutam seus principais quadros.” (MICELI, 2018,
p. 41)
Em primeiro lugar, importa lembrar que, para ensinar História, é preciso gostar
de História. Só assim fórmulas e convenções consideradas tradicionais podem ser
superadas ou aprimoradas, para por em seu lugar um ambiente marcado pela
reflexão e animado pelo debate. (MICELI, 2018, p. 41)