Este documento discute a mensagem de Deus para o "tempo do fim", começando em 1798 d.C. Ele afirma que esta mensagem é a "tríplice mensagem angélica" de Apocalipse 14:6-12, que anuncia o juízo de Deus, a queda de Babilônia e um aviso contra a adoração à besta. Ele argumenta que a Igreja Adventista do Sétimo Dia foi levantada para proclamar esta mensagem específica e preparar o mundo para a segunda vinda de Cristo.
1. Mensagem Para o Tempo do Fim
Por Ezinaldo Ubirajara Pereira (RA, ago. de 2008)
Para cada período da História, Deus tem uma mensagem específica. Essa mensagem é
denominada "verdade presente" Exemplo disso é a pregação de Noé, que conclamou o
mundo antediluviano ao arrependimento e anunciou a destruição por meio do dilúvio
(Gn 6 e 7).
No Novo Testamento, encontramos outro exemplo em que a mensagem presente
consistia em aceitar Jesus de Nazaré como o Filho de Deus e Salvador do mundo.
Embora essa pregação cristocêntrica permeie a Bíblia em todos os tempos, naquela
época, os apóstolos tinham o desafio de levar as pessoas a aceitar o Carpinteiro judeu
como o prometido Messias do Antigo Testamento (At 2:22-36; 4:11,12; 5:30,31).
Avançando na História, encontramos no século dezesseis o movimento da Reforma
Protestante com a mensagem de que a Bíblia é a única regra de fé (Sola Scriptura) e de
que a fé nos méritos de Cristo é o único meio pelo qual alguém pode ser aceito e salvo
por Deus (Sola Fide). Tais aspectos da mensagem eram apropriados ao contexto em
que os reformadores viviam, pois e papado havia exaltado a tradição em lugar do
'Assim diz o Senhor" e a salvação pelas obras em lugar da justiça de Cristo.
Tempo do fim - Qual é a mensagem de Deus para nosso tempo? Para entendermos
isso, precisamos identificar o período da História em que vivemos.
No capítulo 12 do livro de Daniel, Deus revela ao profeta que o entendimento do seu
livro só ocorreria no "tempo do fim" (v. 9). Esse tempo chegaria após o período
profetizado "de um tempo, dois tempos e metade de um tempo" (v. 7), o que equivale
a 1260 anos (538 d.C - 1798 d.C), nos quais o Romanismo mudaria o Decálogo,
perseguiria os fiéis de Deus e lançaria a verdade por terra (Dn 7:25; 8:12; Ap
12:6,13,14; 13:5,6).1
Portanto, em 1798, começou o "tempo do fim" um período singular em que as
principais profecias de Daniel se cumpririam (Dn 8:14; 12:11, 12), haveria um crescente
avanço do conhecimento profético e também científico (Dn 12:4) e a História
registraria importantes sinais preditos nos evangelhos e no livro do Apocalipse (Mt
24:29; Mc 13:24,25; Lc 21:11,25; Ap 6T2-14).2
2. Para esse tempo, Deus tem uma advertência de especial importância para os
habitantes da Terra. É o último aviso de misericórdia a este mundo mergulhado nas
trevas do pecado. Encontramos essa mensagem em Apocalipse 14:6-12 - a tríplice
mensagem angélica. Essa tríplice mensagem antecede a cena da segunda vinda de
Cristo - o Cavaleiro que vem para ceifar a seara da Terra (versos 14-16). Portanto, é
uma advertência que deve ser comunicada no tempo do fim, uma solene mensagem
que visa a preparar um povo para o encontro com o Rei que Se aproxima. O verso 13,
que está entre a tríplice mensagem e os textos da Segunda Vinda, pronuncia uma
bênção sobre aqueles que morrem no período em que essas mensagens são pregadas
e crêem nelas: "Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor."3
A pessoa de Cristo e Sua obra salvadora constituem o tema catalisador dessa tríplice
mensagem. Nela, o "evangelho eterno" as boas novas da justiça e da salvação em
Cristo são o tema central e predominante, como demonstrado na introdução da
passagem (v. 6).4
O primeiro anjo proclama o juízo de Deus (v. 7), o qual começou sua primeira fase em
22 de outubro de 1844. Nessa data, terminou o grande período profético dos 2300
anos de Daniel 8:14, e começou a purificação do santuário celestial, a qual
corresponde ao mesmo julgamento visto pelo profeta no capítulo 7:9, IO.5
Nessa nova fase de Seu ministério, Cristo não só intercede pela humanidade, como já
vinha fazendo, mas atua no juízo em defesa de Seu povo, que está sendo julgado
conforme os registros celestiais (Dn 7:10). Para essa fase do julgamento, usam-se os
termos juízo pré-advento ou juízo investigativo, pois ocorre no período que antecede a
segunda vinda de Cristo e no qual os filhos de Deus são julgados/examinados pelo
padrão da lei divina que deve ser obedecida como fruto da fé em Cristo.6 Diante da
iminência do julgamento, o anjo conclama a humanidade a temer a Deus, glorificá-Lo e
adorá-Lo.
O segundo anjo anuncia a queda de Babilônia (v. 8), o falso sistema religioso dos
últimos dias. A queda é conseqüência de o sistema estar fundamentado no erro, por
ter rejeitado a verdade bíblica e defender doutrinas espúrias, como: imortalidade da
alma, santidade do domingo, salvação pelas obras, etc. Quem não aceitar as palavras
de Cristo e não as praticar, experimentará a ruína (Mt 7:26, 27), e quem "ultrapassa a
doutrina de Cristo e nela não permanece, não tem Deus" (2Jo 9). Assim, a mensagem
do segundo anjo é um convite para que saiam de Babilônia todos os que foram
enganados por suas falsas doutrinas (Ap 18:1-5) e aceitem a verdade conforme
revelada em Cristo.
O terceiro anjo acompanha as outras mensagens com uma advertência contra a
adoração à besta e ao recebimento da sua marca (Ap 14:9-11). Essa mensagem
demonstra que o conflito final girará em torno da lealdade a Deus por meio da guarda
dos Seus mandamentos ou à obediência a preceitos humanos.7 Uma corporação de
Igreja/Estado, nos últimos dias (Ap 13:11, 12), obrigará a humanidade a observar como
dia de guarda um falso dia de adoração (Ap 13:16,17) em lugar do dia estipulado por
Deus em Sua lei (Êx 20:8-11). Os que aceitarem esse falso dia serão atingidos pelas
sete últimas pragas que serão derramadas "sem mistura" de misericórdia (Ap 14:9, 10;
15:1; 16). Em contraste, haverá o grupo daqueles que permanecerão fiéis a Deus
3. mesmo diante das mais terríveis ameaças e que foram classificados como santos por
guardarem "os mandamentos de Deus" como fruto de sua "fé em Jesus" (Ap 14:12).
Mensagem específica - Justamente nesse tempo, o tempo do fim, no qual a tríplice
mensagem deve ser proclamada, Deus suscita um povo para cumprir essa solene
missão. Esse povo é identificado como aqueles "que guardam os mandamentos de
Deus e têm o testemunho de Jesus" (Ap 12:17). Essa última característica - "o
testemunho de Jesus" - é definida como a manifestação do dom de profecia (Ap
19:10). A Igreja Adventista do Sétimo Dia se enquadra nessa classificação, pois surge
no período do tempo do fim (1844) como resultado dos estudos e do cumprimento das
profecias de Daniel e Apocalipse, exaltando a obediência à Lei de Deus,
especificamente a validade do sábado, e testemunhando, em seu meio, a
manifestação do verdadeiro dom de profecia na pessoa de Ellen G. White.8
Desse modo, há um povo que prega uma mensagem específica no tempo determinado
pela profecia. Esse povo foi levantado para restaurar as verdades que foram lançadas
por terra durante o período de supremacia papal, reparar as "brechas" feitas na lei de
Deus, edificando, assim, "as antigas ruínas" (Is 58:12). Nossa responsabilidade é levar
ao mundo uma mensagem singular, preparando "a seara da Terra" para a vinda do
Filho do homem. "Em sentido especial foram os adventistas do sétimo dia postos no
mundo como vigias e portadores de luz. [..,] Confiou-se-lhes uma obra da mais solene
importância: a proclamação da primeira, segunda e terceira mensagens angélicas.
Nenhuma obra há de tão grande importância. Não devem eles permitir que nenhuma
outra coisa lhes absorva a atenção. As mais solenes verdades já confiadas a mortais
nos foram dadas, para as proclamarmos ao mundo. A proclamação dessas verdades
deve ser nossa obra. O mundo precisa ser advertido, e o povo de Deus deve ser fiel ao
legado que se lhe confiou"9 Tal responsabilidade deve incutir em nós um senso de
missão jamais visto em outro povo. Precisamos nos unir e concentrar as nossas forças
nessa direção.
Mas não podemos nos esquecer de que só cumpriremos essa missão com a ajuda do
Espírito Santo. Em Apocalipse 18:1, a Terra é vista sendo iluminada pela glória celestial,
e essa glória é a manifestação poderosa do Espírito Santo no tempo do fim,
derramando Seu poder sobre a igreja como "chuva serôdia!10 Esse poder capacitará a
igreja para dar, "com potente voz" (verso 2), o último convite ao mundo, antes do
fechamento da porta da graça (versos 2-5). Os adventistas do sétimo dia precisam ter
como prioridade a busca desse poder a fim de continuar pregando "aos que se
assentam sobre a terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo" (verso 6) o evangelho
eterno, no contexto da tríplice mensagem angélica. Cada pessoa que conheceu a
verdade para o tempo presente e se une às fileiras do adventismo, é chamada a
proclamar "as virtudes dAquele que vos chamou das trevas para a Sua mara-
vilhosaluz" (IPe 2:9). Portanto, cumpramos nossa missão!
Ezinaldo Ubirajara Pereira é capelão do Hospital Adventista de Belém, Pará.
Referências
4. 1. MervinC Maxwell, Uma nova era segundo as profecias de Offfi/e/(Tatuí, SP: Casa
Publicadora Brasileira, 1996), p. 129,130.
2. Ibid.,p.318,319.
3. Alberto RAxm,0 Santuário e as três mensagens angélicas: fatores ín-
tegrativosnoaésenwlvinKntodasdoutrinasadventistas[lngenhero Coelho, SP: Imprensa
Universitária Adventista, 2002) p. 232.
4. Lição da Escola Sabatina, "0 Último Convite: a mensagem dos três anjos", outubro-
dezembro,1994, p 17.
5. Oifford Goldstein, l844:Umaexplicacâosimplesdasprincipaisprofe-ciasde
ftm/e/fTatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2000), p. 45-48.
6. Eilen G. White, 0 Grande Conflito (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1988), p.
482.
7. Eilen G. White, Eventos Finais, p. 193.
8. Maxwell, 0p.Cit.,p. 422,423.
9. Eilen G. White, Evangelismo, p. 119,120.
10. Eilen G. White, 0 Grande Conflito, p. 611,612.