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Manual 1
SERVIÇOS FARMACÊUTICOS 2016/2017
Manual 1
Hipertensão em Dia
SERVIÇOS FARMACÊUTICOS . 2016/2017
AUTORES:
Cassyano J Correr, BPharm, MSc, PhD
Departamento de Farmácia, Universidade Federal do Paraná
Consultor Abrafarma - Projeto Assistência Farmacêutica Avançada
projetofarma@abrafarma.com.br
Wálleri Christini Torelli Reis, BPharm, MSc
Ambulatório de Atenção Farmacêutica do Hospital de Clínicas,
Laboratório de Serviços Clínicos e Evidências em Saúde,
Universidade Federal do Paraná.
REVISÃO:
Thais Teles de Souza, BPharm, MSc
Ambulatório de Atenção Farmacêutica do Hospital de Clínicas,
Laboratório de Serviços Clínicos e Evidências em Saúde,
Universidade Federal do Paraná.
Os autores agradecem aos membros do GTFARMA, farmacêuticos coordenadores e super-
visores das Redes associadas à Abrafarma, bem como aos seus colaboradores, pela leitura,
revisão e sugestões de melhoria feitas aos Manuais durante seu processo de elaboração.
Muito obrigado!
Os autores deste manual empenharam seus melhores esforços para assegurar que as informações e os procedimentos apresentados no
texto estejam em acordo com os padrões aceitos à época da publicação, e todos os dados foram atualizados pelos autores até a data da
entrega dos originais à editora. Entretanto, tendo em conta a evolução das ciências da saúde, as mudanças regulamentares governamentais
e o constante fluxo de novas informações sobre terapêutica e reações adversas a fármacos, recomendamos enfaticamente que os leitores
consultem sempre outras fontes fidedignas (p. ex., Anvisa, diretrizes e protocolos clínicos), de modo a se certificarem de que as informações
contidas neste manual estão corretas e de que não houve alterações nas dosagens recomendadas ou na legislação regulamentadora. Reco-
mendamos que cada profissional utilize este manual como guia, não como única fonte de consulta.
Os autores e a editora se empenharam para citar adequadamente e dar o devido crédito a todos os detentores de direitos autorais de qual-
quer material utilizado neste livro, dispondo-se a possíveis correções posteriores caso, inadvertida e involuntariamente, a identificação de
algum deles tenha sido omitida.
616.132
C824 Correr, Cassyano Januário
Manual 1: hipertensão em dia / Cassyano Januário Correr,
Walleri Christini Torelli Reis. 1. ed. atualizada. Curitiba: Ed. Practice, 2016.
104 p. : il. ( algumas color.) ( Manual 1)
ISBN 978-85-68784-00-6
Inclui bibliografia
1. Hipertensão. 2. Manuais. I. Reis, Walleri Christini Torelli.
II. Título.
FICHA CATALOGRÁFICA:
MANUAL 1: HIPERTENSÃO EM DIA
Copyright © 2016 © 2017 ABRAFARMA
Reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob
quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na internet ou
outros), sem permissão expressa da ABRAFARMA.
ABRAFARMA - Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias
Alameda Santos, 2300 - Conj. 71 - São Paulo / SP
CEP 01418-200 | Tel.: (11) 4550-6201
Practice Editora | Grupo Practice Ltda
Supervisão: Graziela Sponchiado | Capa e projeto gráfico: Raquel Damasceno
Diagramação: Guilherme Menezes | Contatos: contato@grupopractice.com.br
http://farmaceuticoclinico.com.br
EDITORAÇÃO:
SERVIÇOS FARMACÊUTICOS ABRAFARMA
AVISO AO LEITOR
Este manual possui caráter técnico-científico e destina-se exclusivamente aos profissionais farmacêuticos e colabora-
dores das Redes de Farmácias e Drogarias associadas a Abrafarma. Sua elaboração tem por objetivo apresentar dire-
trizes para a estruturação e performance dos serviços farmacêuticos nos estabelecimentos e, sob nenhuma hipótese,
pretende substituir normas ou procedimentos estabelecidos na legislação sanitária ou profissional mais atual aplicável
ao setor. A Abrafarma, bem como os autores, eximem-se de qualquer responsabilidade pelo mau uso deste recurso,
bem como pela interpretação e aplicação de seu conteúdo feita por seus leitores.
SUMÁRIO
11 A FARMÁCIA EM TRANSFORMAÇÃO
13 INTRODUÇÃO
15 PROGRAMA HIPERTENSÃO EM DIA
15 O que é o programa hipertensão em dia?
16 Quais são os benefícios para os pacientes?
17 PARTE 1: REVISANDO A DOENÇA
17 O que é hipertensão arterial?
17 Por que a hipertensão é importante?
18 Quais são as causas da hipertensão arterial?
19 A hipertensão arterial pode ser causada pelo uso de medicamentos?
21 Quais são as diretrizes clínicas mais importantes publicadas?
21 Como a hipertensão é diagnosticada?
21 O que fazer quando o paciente tem pressão baixa (hipotensão)?
22 Como a hipertensão é classificada?
24 Como a hipertensão é tratada?
26 Quais são os tratamentos de primeira linha?
26 Diuréticos
27 Inibidores da enzima conversora da angiotensina
29 Bloqueadores dos receptores AT1 da angiostensina II
30 Bloqueadores dos canais de cálcio
31 Betabloqueadores
34 Quais são os tratamentos de segunda linha?
34 Inibidores diretos de renina
34 Inibidores adrenérgicos de ação central
35 Alfabloqueadores
36 Vasodilatadores diretos
37
Existem medicamentos isentos de prescrição que podem beneficiar pacientes com hiperten-
são?
39 Quais são os antihipertensivos disponíveis no Brasil?
41 Interações Medicamentosas
43 Quais são as medidas não-farmacológicas para hipertensão?
47 Como avaliar o risco cardiovascular do paciente?
49 Quais são as metas do tratamento?
49 Como fazer uma boa medida da pressão arterial?
54 Como avaliar se o tratamento está funcionando?
56 Monitoramento Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA): Interpretação
57 Automedida da pressão arterial (AMPA)
57 Monitorização da pressão arterial na farmácia comunitária
58 Como avaliar se o medicamento do paciente é adequado?
61 Quando é melhor usar uma associação de anti-hipertensivos
63 O que fazer na hipertensão resistente, de difícil controle?
63 Como lidar com hipertensão do jaleco branco e hipertensão mascarada?
64 Como detectar e tratar a hipotensão postural ou ortostática?
66 Como abordar a hipertensão durante a gravidez?
69 Opções de tratamento anti-hipertensivo durante a amamentação
70 Adesão e persistência ao tratamento anti-hipertensivo: fatos e números
71 PARTE 2: PROTOCOLO DE ATENDIMENTO
72 PASSO 1. ACOLHER
72 Como identificar os clientes para o serviço?
73 Como a equipe da farmácia pode ajudar?
74 Como deve ser o local de atendimento?
76 PASSO 2. AVALIAR
76 Como fazer a avaliação do paciente?
79 PASSO 3. ACONSELHAR
80 Qual deve ser o conteúdo da minha orientação?
81 Medidas para prevenção primária da hipertensão
81 Tratamento não-farmacológico no paciente hipertenso
81 Sobre o tratamento farmacológico da hipertensão
82 Se a pressão arterial estiver alterada, devo confirmar?
83 Como fazer o encaminhamento ao médico?
84 Como é a declaração de serviço farmacêutico?
85 Quando é importante acompanhar o paciente?
86 O que é o Diário de Saúde?
88 LEITURA RECOMENDADA
91 ANOTAÇÕES
92 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
12
A FARMÁCIA EM TRANSFORMAÇÃO
Um dos maiores desafios da administração moderna é o de gerenciar o vazio, aquilo que não existe, inovar. É um
grande desafio porque, no mundo imediatista e de busca pelo resultado em curto prazo no qual vivemos, não é
fácil abstrair-se da realidade que bate à porta, dos problemas do dia-a-dia, e perguntar-se: “e se...?”.
Como uma forma de ajudar suas redes associadas nesse exercício, a Abrafarma desenvolveu um método estru-
turado de pensar sobre práticas que ainda não existem em nosso país. Assim, realizamos anualmente pelo me-
nos uma missão técnica internacional, que reúne no mínimo um representante de cada empresa, num exercício
de “olhar junto” realidades distintas da brasileira. Viajamos para países como Canadá, Estados Unidos, Espanha,
França e Inglaterra, para exercitar esse “olhar junto”, que se constitui num conjunto de conversas estruturadas,
visitas a empresas, workshops e participação de especialistas que ajudam este dedicado grupo a fazer as per-
guntas corretas e aprender métodos diferentes de fazer varejo. Foi assim, por exemplo, que o dermo-cosmético
tornou-se realidade no Brasil. Após uma das nossas missões internacionais.
Esse “olhar estruturado” da Abrafarma tem se voltado, nos últimos anos, para o repensar do varejo farmacêu-
tico, que observamos principalmente nos EUA: estabelecimentos que, além de ampla oferta de medicamentos,
produtos de higiene, beleza e conveniências, tem repensado o papel do profissional Farmacêutico para entregar
mais valor à sociedade. Se antes parecia distante da realidade brasileira, a Farmácia nos EUA está se reinventan-
do, e nos dando uma lição de como ir além!
Para alcançarmos esse nível também no Brasil, precisamos repensar o papel do Farmacêutico, que deve ter
função muito mais nobre do que entregar caixinhas de medicamentos ao usuário e esclarecer-lhes eventuais
duvidas. Esse profissional pode colocar suas competências a serviço de uma proximidade maior com o paciente,
agregando mais valor à sociedade. Assim, nasceu o Projeto Assistência Farmacêutica Avançada, cuja primeira
etapa de trabalho está sendo desenvolvida desde 2013. A iniciativa prevê a formatação inicial de oito novos
serviços que podem ser prestados nas redes da Abrafarma, desde a imunização até clínicas de autocuidado.
É, portanto, com o objetivo de contribuir com a evolução do papel do Farmacêutico, e com esta Farmácia em
Transformação no Brasil, que a Abrafarma lança este conjunto de manuais que serão a pedra fundamental de um
“novo olhar” nessa área. Este material, elaborado sob supervisão direta do Prof. Cassyano Correr, que juntou-se
à Abrafarma para burilar esta visão, também contou com o apoio inestimável dos membros do GT FARMA, nos-
so grupo incansável de Coordenadores / Supervisores Farmacêuticos. A todos o meu melhor obrigado.
Uma Farmácia em Transformação. É assim que nos enxergamos hoje. O vazio, nesse caso, já tem forma e pode
ser preenchido, se assim o desejarmos. Temos um longo e belo trabalho pela frente.
Sérgio Mena Barreto
Presidente-Executivo da Abrafarma
13
Manual1.HipertensãoemDia
14
Os serviços farmacêuticos prestados em farmácias e drogarias tem por objetivo promover saúde, prevenir do-
enças e auxiliar na recuperação da saúde, promovendo o uso racional dos medicamentos. Para que o máximo
benefício com o tratamento seja alcançado, é necessário que todos os processos da farmacoterapia ocorram de
forma ótima, desde a escolha terapêutica, a dispensação do medicamento, a utilização e adesão ao tratamento,
até a observação dos resultados terapêuticos. As farmácias e drogarias, dada sua capilaridade e facilidade de
acesso em todo país, são pontos estratégicos onde o farmacêutico pode prestar serviços que colaborem com
a otimização da farmacoterapia, em estreita colaboração com os pacientes, médicos, e demais profissionais e
serviços de saúde.
Do ponto de vista legal, avanços recentes firmam a farmácia como um lugar de referência da população para
saúde, bem-estar e prestação de serviços. No âmbito sanitário, destaca-se a Resolução no
44/09 da Anvisa, que
regulamenta a oferta de serviços de atenção farmacêutica nestes estabelecimentos, com objetivo de “prevenir,
detectar e resolver problemas relacionados a medicamentos, promover o uso racional dos medicamentos, a fim
de melhorar a saúde e qualidade de vida dos usuários”. Mais recentemente, a Lei no
13.021/14 definiu a farmácia
como uma “unidade de prestação de serviços destinada a prestar assistência farmacêutica, assistência à saúde e
orientação sanitária individual e coletiva”. Esta lei, ainda, obriga o farmacêutico no exercício de suas atividades, a
proceder o acompanhamento farmacoterapêutico, estabelecer protocolos de vigilância farmacológica de medi-
camentos [farmacovigilância], estabelecer o perfil farmacoterapêutico dos pacientes e prestar orientação farma-
cêutica aos mesmos. No âmbito profissional, destacam-se as Resoluções no
585 e no
586, de 2013, do Conselho
Federal de Farmácia, sobre as atribuições clínicas do farmacêutico e a prescrição farmacêutica, que reforçam o
dever deste profissional no que diz respeito as atividades assistências e de cuidado direto dos pacientes.
Esta coleção de Manuais tem por objetivo fornecer as diretrizes para a oferta e manutenção de uma carteira de
serviços, bem como instrumentalizar os profissionais para um trabalho técnico de alto nível. Este manual está
organizado em duas partes principais. A primeira traz uma revisão sobre a hipertensão, que reúne as principais
evidências sobre o manejo da doença. A segunda parte apresenta o protocolo clínico do serviço, com objetivo
de padronizar procedimentos e estruturar o atendimento realizado pelo farmacêutico e equipe da farmácia.
Esperamos que você aprecie a leitura e que este material seja útil à sua prática profissional. Bom estudo!
Os autores
INTRODUÇÃO
15
Manual1.HipertensãoemDia
16
PROGRAMA HIPERTENSÃO EM DIA
O que é o programa hipertensão em dia?
O programa “Hipertensão em Dia” compreende um conjunto de serviços oferecidos pelo farmacêutico das
farmácias e drogarias às pessoas que se encontram sob risco de desenvolver hipertensão arterial e aquelas já
diagnosticadas, que utilizam medicamentos para controle da doença. O programa visa a orientação sanitária
individual, a elaboração de um perfil farmacoterapêutico, a vigilância farmacológica e o acompanhamento far-
macoterapêutico dos pacientes.
O objetivo destes serviços farmacêuticos é colaborar com a equipe de saúde e com o paciente para detecção
rápida, orientação e encaminhamento de pessoas com pressão arterial elevada, para diagnóstico médico e tra-
tamento apropriado.
Além disso, o programa visa auxiliar pacientes em tratamento com medicamentos anti-hipertensivos, para que
atinjam um melhor controle da pressão arterial, bem como de outros fatores de risco cardiovascular concomitan-
tes.
Em um ambiente confortável e privado da farmácia, os pacientes são atendidos pelo farmacêutico, que realiza
uma avaliação global do controle pressórico e dos fatores de risco cardiovascular do paciente. Os pacientes são
então orientados de forma personalizada e recebem um relatório detalhado dos resultados desta avaliação, que
pode ser compartilhado com o médico.
Após esta avaliação, pacientes sob tratamento anti-hipertensivo podem aderir a um programa de acompanha-
mento, durante o qual são feitas avaliações periódicas e orientação continuada sobre adesão ao tratamento,
uso correto dos medicamentos e mudanças no estilo de vida. Estes encontros podem ser mensais, bimestrais,
ou até semestrais, dependendo da necessidade de cada paciente. Os atendimentos de retorno também podem
coincidir com a aquisição mensal de medicamentos na farmácia.
17
Manual1.HipertensãoemDia
ESTUDO POPULACIONAL: PRESSÃO MENOR É MELHOR
2 mmHg
de redução
na PAS
7%
redução do
risco de DAC
10%
redução do
risco de morte
por AVC
Meta-análise de 61 estudos prospectivos observacionais
1 milhão de adultos
Legenda: PAS: pressão arterial sistólica, DAC: doença arterial coronariana,
AVC: acidente vascular cerebral. Fonte: Lancet, 360 (9349), 1903–13.
Quais são os benefícios para os pacientes?
Diversos estudos mostram que a participação do farmacêutico na educação dos pacientes e na gestão da farma-
coterapia melhora o controle da pressão arterial e a adesão dos pacientes ao tratamento. Um revisão sistemática
com meta-análise publicada em 2010 pela Cochrane demonstrou um aumento na proporção de pacientes con-
trolados sob cuidados do farmacêutico e uma redução média na pressão sistólica na ordem de 6mmHg (IC95%
-8.8 a -3.83 mmHg) e na pressão diastólica de 3mmHg (IC95% -4.57 a -1.67) (1). Para que se tenha uma ideia
do benefício cardiovascular que isso representa, estudo publicado no Lancet, envolvendo mais de 1 milhão de
adultos mostrou que para cada redução de 2 mmHg na pressão sistólica, há uma redução de 7% no risco de
Doença Arterial Coronariana (DAC) e de 10% no risco de morte por acidente cerebrovascular (derrame) (2).
18
PARTE REVISANDO A DOENÇA
O que é hipertensão arterial?
A Pressão Arterial (PA) é o resultado da força exercida pelo sangue contra a parede das artérias, sendo depen-
dente principalmente de duas grandezas: o débito cardíaco e a resistência vascular periférica. Os níveis normais
de PA em adultos são geralmente inferiores a 120/80 mmHg (milímetros de mercúrio).
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é “uma condição clínica multifatorial, caracterizada por níveis elevados
da PA, de maneira sustentada. A doença está associada frequentemente a alterações funcionais e/ou estrutu-
rais em órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e a alterações metabólicas, com consequente
aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não-fatais” (3).
A hipertensão é chamada “primária” quando não existe uma doença de base causando o aumento da pressão ar-
terial. Em outros casos, a hipertensão pode ser “secundária” a uma doença de base ou ao uso de medicamentos
ou drogas. Exemplos de doenças que podem causar hipertensão incluem a doença renal crônica, o hiperaldoste-
ronismo primário e o feocromocitoma. A hipertensão arterial sistêmica secundária tem prevalência de 3% a 5%.
Por que a hipertensão é importante?
A hipertensão é a doença cardiovascular mais prevalente do mundo. No Brasil, estudos indicam que 1 a cada 3
adultos são hipertensos (30% de prevalência), podendo chegar a 40% de prevalência em algumas regiões. Entre
os idosos a porcentagem de hipertensos passa de 50% (4,5).
A hipertensão é o principal fator de risco cardiovascular modificável. A morbimortalidade por doenças cardio-
vasculares aumenta progressivamente com elevações da PA a partir de 110/75 mmHg, de forma linear, contínua
e independente (6). A hipertensão não controlada aumenta o risco de dano vascular, com consequências como
insuficiência cardíaca, infarto agudo do miocárdio, derrame, acidente cerebral isquêmico, insuficiência renal e
comprometimento da circulação sanguínea (7).
19
Manual1.HipertensãoemDia
O grande desafio da hipertensão é alcançar o controle pressórico. Apesar de estudos demonstrarem que a te-
rapia anti-hipertensiva está associada a reduções significativas da morbimortalidade, tão altas quanto 20-25%
no risco relativo de incidência de insuficiência cardíaca e infarto agudo do miocárdio, e 30 a 40% no risco de
acidentes vasculares cerebrais, a gestão dos pacientes hipertensos ainda está muito aquém do ideal (8–10). Es-
tudo conduzido em veteranos americanos demonstrou que aproximadamente 40% dos pacientes apresentam
valores de PA fora das metas terapêuticas, apesar de uma média de seis consultas relacionados com hipertensão
por ano (11). No Brasil, a maioria dos estudos mostra que mais de 60% dos pacientes controlam mal a condição.
Portanto, é esperado que apenas 3 ou 4 a cada 10 pacientes tratados estejam com pressão arterial estabilizada
abaixo de 140/90 mmHg (12).
Quais são as causas da hipertensão arterial?
Algumas características são consideradas fatores de risco para HAS e merecem intervenção ativa de profissio-
nais de saúde (tabela 1). Populações com estas características devem ser avaliadas cuidadosamente a fim de
confirmar ou descartar a presença da condição (1).
Infarto do
miocárdio
Acidente
cerebrovascular
isquêmico
Derrame
cerebral
COMPROMETIMENTO VASCULAR
Espessamento do músculo cardíaco
Enfraquecimento do músculo cardíaco
Atrofia renal
Insuficiência renal
Redução
do fluxo
sanguíneo
Aumento
do risco
3x
8x
7x
8x
6x 2x
20 TABELA 1. Fatores de risco para hipertensão arterial
Idade A prevalência de HAS aumenta de maneira linear com o envelhecer;
Gênero e etnia Maior prevalência de HAS é evidenciada em homens até os 50 anos. Após esta
idade, maior prevalência em mulheres é observada. Indivíduos afrodescenden-
tes também apresentam maior prevalência de HAS, atenção especial deve ser
dada a mulheres negras;
Excesso de peso e
Obesidade
Excesso de peso está associado a maior prevalência de HAS desde idades jo-
vens;
Ingestão de sal Ingestão excessiva de sódio tem sido correlacionada com elevação da PA;
Ingestão de álcool A ingestão excessiva de álcool por períodos prolongados de tempo pode au-
mentar a PA e a mortalidade cardiovascular em geral;
Sedentarismo Atividade física reduz a incidência de HAS, mesmo em indivíduos pré-hiper-
tensos, bem como a mortalidade e o risco de doenças cardiovasculares (DCV);
Genética A contribuição de fatores genéticos para a gênese da HAS está bem estabeleci-
da na população. Entretanto, não existem, até o momento, variantes genéticas
que, possam ser utilizadas para predizer o risco individual de se desenvolver
HAS.
Outros fatores de risco
cardiovascular
Fatores de risco cardiovascular geralmente se apresentam de maneira agregada,
portanto pacientes com outros fatores, como diabetes mellitus e dislipidemia,
estão predispostos a desenvolver HAS e merecem acompanhamento frequen-
te.
A hipertensão arterial pode ser causada pelo uso de
medicamentos?
Sim. Alguns medicamentos são capazes de elevar a PA de maneira importante e persistente, principalmente os
anti-inflamatórios não-esteroidais e os glicocorticoides. Estes medicamentos merecem atenção tanto em pes-
soas sem diagnóstico de HAS, como naquelas sob tratamento. Saiba mais sobre eles:
Anti-inflamatórios não esteroidais (AINES)
Todos os AINEs podem aumentar a pressão arterial. O aumento médio da pressão arterial sistólica é de 2-3
mmHg, mas pode variar consideravelmente de paciente para paciente (13–15). Além disso, o uso de AINE pode
reduzir o efeito de todos os anti-hipertensivos, exceto dos bloqueadores do canal de cálcio (16).
O efeito pró-hipertensivo é dependente da dose e provavelmente envolve a inibição da ciclo-oxigenase-2 (COX-
2) nos rins, o que diminui a excreção de sódio e aumenta o volume intravascular (17).
Baixas doses de AAS não exercem efeitos inibidores da COX- 2 e portanto não estão associadas a oscilações
nos valores de PA (17).
21
Manual1.HipertensãoemDia
Durante o acompanhamento de pacientes hipertensos, o uso de AINEs deve ser investigado e, em casos de
automedicação, prontamente desaconselhado. Alternativas terapêuticas podem ser aconselhadas. Para dor e
febre, alternativas aos AINES incluem o paracetamol e a dipirona, em doses usuais. Atenção, pois a dipirona
pode produzir redução da pressão arterial em alguns pacientes, o que pode levar a episódios de hipotensão.
Quando prescritos, o uso desses medicamentos deve ser acompanhado, e em casos de alteração nos valores
pressóricos, sua indicação deve ser reavaliada criteriosamente. Quando os AINEs são insubstituíveis, o farma-
cêutico pode sugerir ao médico aumento de dose da terapia anti-hipertensiva ou uso de associação, a fim de
restabelecer o controle pressórico. Considerar ainda que o uso prolongado de AINES em pessoas com históri-
co ou risco aumentado de úlcera péptica deve ser associado à proteção gástrica com inibidores da bomba de
prótons, tais como, omeprazol, pantoprazol, esomeprazol, dentre outros (18–23). Antagonistas dos receptores
de histamina H2 não apresentam eficácia comprovada para proteção primária de úlceras associadas ao uso de
AINEs (24).
Glicocorticoides
Hipertensão relacionada ao uso de glicocorticoides exógenos ocorre em aproximadamente 20% dos pacientes.
Estes medicamentos têm capacidade para alterar tanto o volume circulante quanto a resistência vascular. O
controle da hipertensão em pacientes que fazem uso de tais substâncias pode ser realizado através do ajuste
de dose ou pelo uso de doses diferentes do medicamento em dias alternados. O uso crônico de corticoides por
períodos longos de tempo, em doses baixas ou por via inalatória, não parece desencadear a hipertensão arterial
(25).
TABELA 2. Outras substâncias que podem interferir no controle da pressão arterial
MEDICAMENTOS EFEITO SOBRE A PA AÇÃO SUGERIDA
Imunossupressores
(ciclosporina, tacrolimus)
Intenso e frequente Tratamento com IECA e BCC (nifedipino/
anlodipino). Ajustar nível sérico. Reavaliar opções.
Anorexígenos
(sibutramina)
Aumento moderado, mas
pouco relevante
Monitorar PA ao longo do tratamento. Observar se a PA melho-
ra com perda de peso.
Vasoconstritores e
ergotamina
Efeito variável, transitório Usar por período limitado de tempo. Preferir
descongestionantes por via nasal. Tratar cefaleia com analgésicos
sem ergotamina ou isometepteno.
Eritropoietina humana Efeito variável e frequente Avaliar hematócrito e dose semanal
Contraceptivos orais Efeito variável, prevalência
de HAS até 5%
Avaliar se é possível a substituir o método com o paciente.
Discutir com prescritor.
Antidepressivos (IMAO
e tricíclicos)
Efeito intenso com IMAO.
Efeito variável com tricíclicos.
Abordar como emergência hipertensiva.
Encaminhar com urgência.
Drogas ilícitas (anfeta-
minas, cocaína)
Efeito agudo, intenso.
Dose-dependente.
Abordar como emergência hipertensiva.
Encaminhar com urgência.
*IECA – Inibidores da enzima conversora de angiotensina; BCC – Bloqueadores dos canais de cálcio; PA – Pressão arterial;
HAS – Hipertensão arterial sistêmica; IMAO – Inibidores da monoaminoxidase.
22
Quais são as diretrizes clínicas mais importantes
publicadas?
Diretrizes são documentos oficiais que sintetizam as evidências sobre uma determinada condição e servem de
guia de prática para os profissionais de saúde. Existem inúmeros documentos de referência para diagnóstico e
tratamento da hipertensão publicados em todo mundo. Entre eles, um dos mais importantes é o JNC (Joint Na-
tional Comittee), publicado nos Estados Unidos. Este documento encontra-se atualmente em sua oitava edição
(JNC 8), publicada em 2014 por um grupo de especialistas de dezessete instituições diferentes (26).
No Brasil, as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão mais recentes foram publicadas em 2010 (3). Nela participa-
ram mais de 100 profissionais dedicados a essa área específica do conhecimento, representando as Sociedades
Brasileiras de Cardiologia, Hipertensão e Nefrologia, além de outras 10 relacionadas direta ou indiretamente ao
assunto. O documento pode ser obtido gratuitamente em www.cardiol.br
Como a hipertensão é diagnosticada?
A HAS é diagnosticada pela detecção de níveis elevados e sustentados de PA em medida casual. São considera-
dos elevados resultados iguais ou superiores a 140/90 mmHg. A medida da PA deve ser realizada em toda ava-
liação por médicos de qualquer especialidade e demais profissionais da saúde. Pacientes com valores alterados
em medidas realizadas pelo farmacêutico devem ser encaminhados para diagnóstico.
O médico é o responsável pelo diagnóstico da hipertensão e poderá fazê-lo tanto pela confirmação de PA
elevada na consulta, como pela Medida Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA), que é um procedimento de
avaliação da PA em 24 horas.
O que fazer quando o paciente tem pressão baixa
(hipotensão)?
A hipotensão é um sinal, não é uma doença, e não é patognomônica de qualquer condição específica por si só.
Ela pode ser encontrada tanto em condições críticas agudas como em condições crônicas (27).
De maneira geral, assume-se como normal uma pressão arterial de 120/80 mmHg. No entanto, é necessário ter
em mente, que esses valores podem variar de acordo com o paciente. Um importante estudo populacional indi-
cou variações nos valores pressóricos basais em pacientes saudáveis de 109-137 mmHg para a pressão arterial
sistólica (PAS) e 66-87 mmHg para a pressão arterial diastólica (PAD) (28).
A definição padrão de hipotensão no adulto inclui os resultados de: a PAS <90 mmHg ou Pressão Arterial Média
(PAM) <60 mmHg [PAM = PAS + (PAS-PAD)/3], diminuição de mais de 40 mmHg abaixo da linha pressórica ba-
sal do indivíduo, ou qualquer combinação desses parâmetros (29). Em alguns estudos, a definição de hipotensão
23
Manual1.HipertensãoemDia
considera PAS <100 mmHg (30,31).
De maneira prática, a pressão arterial “boa” para cada paciente pode variar, e consequentemente episódios de
hipotensão também. Assim, se um paciente apresenta valores usuais de pressão 100/60 mmHg, de maneira
assintomática, esse não deve ser considerado um caso de hipotensão. Em outro caso, se o paciente apresenta
valores basais mais elevados, como 140/90 mmHg, uma pressão de 100/60 mmHg pode evoluir com sintomas
e tratar-se de um caso de hipotensão aguda (27).
Devo me preocupar com hipotensão nos seguintes casos:
• Pacientes com PAS ≤90 ou ≤100 mmHg, desde que os valores basais da pessoa não
sejam normalmente baixos;
• PAM ≤60 mmHg;
• Redução ≥40 mmHg em relação aos níveis pressóricos basais;
• Sintomas de hipoperfusão, como fadiga e tontura.
Em geral, a hipotensão não requer tratamento específico, pois tende a cursar com melhora espontânea. É im-
portante investigar possíveis causas do sintoma, por exemplo, o próprio uso de anti-hipertensivos ou outros
medicamentos vasodilatadores. Nestes casos, se os sintomas persistem será necessário modificar o tratamento,
reduzindo a dose diária por exemplo. Recomendamos leitura neste manual sobre como abordar as situações de
hipotensão postural.
Nos casos de queda brusca de pressão arterial, acompanhada de sintomas, uma me-
dida efetiva é deitar o paciente de costas, e levantar suas pernas a um nível acima do
coração e da cabeça. Também recomenda-se ingerir bastante líquido, em pequenos
goles, principalmente se estiver em jejum há muitas horas. Não há evidencias de que
comer alimentos salgados produza benefícios nestes casos agudos, ainda que os ris-
cos dessa medida sejam mínimos. Caso o paciente não obtenha melhora em 15 minu-
tos, deve ser encaminhado para atendimento médico de urgência.
Existem alguns medicamentos que podem ser usados para tratamento da hipotensão persistente, todos eles de venda
sob prescrição médica. Exemplos incluem os simpatomiméticos, a fludrocortisona, a diidroergotamina e a eritropoietina.
Como a hipertensão é classificada?
A HAS pode ser classificada em estágios, conforme os valores de pressão sistólica e diastólica, mensurados no consul-
tório. Atualmente as principais classificações adotadas na prática clínica são as definidas pelas Diretrizes Brasileiras de
Hipertensão de 2010 (Tabela 3) (3) e a classificaçãoAmericana, estabelecida pelaJoint National Committee (JNC8) (26).
24 TABELA 3. Classificação da Hipertensão Arterial Sistêmica, proposta pela VI Diretrizes Brasileiras de
Hipertensão.
CLASSIFICAÇÃO PRESSÃO SISTÓLICA (MMHG) PRESSÃO DIASTÓLICA (MMHG)
Ótima <120 <80
Normal <130 <85
Limítrofe* 130– 139 85– 89
Hipertensão estágio 1 140– 159 90– 99
Hipertensão estágio 2 160– 179 100– 109
Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110
Hipertensão sistólica isolada ≥ 140 <90
* Quando as pressões sistólica e diastólica situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação
da pressão arterial.
As diretrizes brasileiras classificam a hipertensão em 3 estágios, a cada aumento de 20mmHg na Pressão arterial
sistólica (PAS) ou 10 mmHg na Pressão arterial diastólica (PAD). O JNC, por outro lado, classifica a HAS em 2 es-
tágios (Tabela 4). No JNC, pacientes na faixa entre 120/80 mmHg e 139/89 mmHg são classificados como tendo
“pré-hipertensão”, enquanto na diretriz brasileira essas pessoas têm PA considerada de normal a limítrofe. Em
ambas as classificações, ainda, observamos a existência da “hipertensão sistólica isolada, que ocorre quando a
PAD permanece abaixo de 90 mmHg, enquanto existe elevação da PAS. Este tipo de hipertensão é mais comum
em idosos e a meta do tratamento, neste caso, é principalmente atingir o controle da PAS.
Em geral, valores de PA inferiores a 120/80 mmHg são considerados ótimos e não existem valores mínimos de
referência. Deve-se buscar um resultado de PA que não produza desconforto ou sintomas de hipotensão no pa-
ciente.
HIPERTENSÃO ESTÁGIO 3
HIPERTENSÃO ESTÁGIO 2
HIPERTENSÃO ESTÁGIO 1
LIMÍTROFE
NORMAL
ÓTIMA*
PRESSÃO ARTERIAL DIASTÓLICA
PRESSÃOARTERIALSISTÓLICA
80
120
130
140
160
180+
85 90 100 110+
25
Manual1.HipertensãoemDia
TABELA 4. Classificação da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), proposta pelo Joint National
Committee.
CLASSIFICAÇÃO PRESSÃO SISTÓLICA (MMHG) PRESSÃO DIASTÓLICA (MMHG)
Ótima <120 <80
Pré-hipertensão 120– 139 80– 89
Hipertensão estágio 1 140– 159 90– 99
Hipertensão estágio 2 ≥160 ≥ 100
Hipertensão sistólica isolada ≥ 140 <90
O estadiamento da hipertensão é uma etapa importante na gestão clínica do paciente, já que a partirdele e de outros fa-
tores determinantes, como o risco cardiovascular, haverá a definição do tratamento a ser empregado em cada situação.
Como a hipertensão é tratada?
A hipertensão é tratada com medidas não-farmacológicas e com medicamentos. Algumas mudanças na ali-
mentação, nos hábitos de vida e na prática de atividade física comprovaram ter eficácia na redução da pressão
arterial. Entre os medicamentos, o tratamento pode ser feito em monoterapia ou terapias associadas e existem
diversas classes de anti-hipertensivos, com diferentes mecanismos de ação e perfis de eficácia e segurança.
Quando a hipertensão é tratada, objetivos de curto prazo e de longo prazo são estabelecidos. No curto prazo, o
que se busca é a redução e estabilização da pressão arterial (geralmente para <140/90 mmHg). No longo prazo,
o objetivo é a prevenção de eventos cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebrovascular (AVC),
que estão diretamente relacionados aos valores pressóricos aumentados (3,32–36).
Além do controle da PA, é indispensável identificar o risco cardiovascular global do
paciente. Saber se o paciente possui risco associado baixo, moderado, alto ou muito
alto direciona o esquema do tratamento anti-hipertensivo e a meta terapêutica e dá
uma visão mais integral sobre quais medidas preventivas são mais importantes para o
paciente.
Todos os agentes anti-hipertensivos são igualmente eficazes na redução da PA, produzindo uma boa resposta
anti-hipertensiva em 30% a 50% dos pacientes. No entanto, existe grande variabilidade interindividual, fato
que explica o porquê de alguns pacientes responderem bem a um determinado anti-hipertensivo e não a outros
(3,36–40).
Entre os primeiros anti-hipertensivos, lançados nos anos 50, estão os vasodilatadores diretos (p.ex. hidralazina).
A estes se seguiram pelo menos outras oito classes de medicamentos, sendo a mais recentemente colocada no
mercado os inibidores de renina.
26
O Quadro a seguir traz os anti-hipertensivos comercializados no Brasil, organizados por classe farmacológica.
Vasodilatadores
diretos
Diuréticos
tazídicos
Agonistas
centrais Alfa-2
Bloqueadores de
canais de cálcio
(diltiazem,
verapamil)
Beta-
bloqueadores
Alfa-
bloqueadores
Bloqueadores de
canais de cálcio
(nifedipino e
família)
Inibidores
de ECA
Bloqueadores
AT1
Inibidores
da Renina
Diuréticos Tiazídicos Clortalidona, Hidroclorotiazida, Indapamida
Alça Bumetanida, Furosemida, Piretanida
Poupadores de potás-
sio
Amilorida, Espironolactona, Triantereno
Inibidores
adrenérgicos
Ação central Alfametildopa, Clonidina, Guanabenzo, Moxonidina, Rilmenidina, Reser-
pina
Betabloqueadores* Atenolol, Bisoprolol, Carvedilol, Metoprolol, Nadolol, Nebivolol, Proprano-
lol, Pindolol
Alfabloqueadores Doxazosina, Prazosina, Terazosina
Bloqueadores dos
canais de cálcio
(BCC)
Fenilalquilaminas Verapamil
Benzodiazepinas Diltiazem
Diidropiridinas Anlodipino, Felodipino, Isradipina, Lacidipina, Lercarnidipino, Manidipi-
no, Nifedipino, Nisoldipino, Nitrendipino
Inibidores da ECA** Benazepril, Captopril, Cilazapril, Delapril, Enalapril, Fosinopril, Lisinopril,
Perindopril, Quinapril, Ramipril, Trandolapril
Bloqueadores do receptor AT1 Candesartana, Irbersartana, Losartana, Olmesartana, Telmisartana, Valsarta-
na
Inibidor direto da renina Alisquireno***
Vasodilatadores diretos Hidralazina, Minoxidil
*Estudos não demonstraram a redução de desfechos cardiovasculares importantes, como acidente vascular cerebral, em
pacientes com idade > 60 anos, motivo pelo qual esta classe só deve ser utilizada nesta população em condições especiais,
como concomitância de disfunção do ventrículo esquerdo.
**IECA são mais efetivos em jovens caucasianos
***Estudos não demonstraram benefícios clínicos comparáveis a IECA/BRA.
1950s 1960s 1970s 1980s 1990s 2000s
27
Manual1.HipertensãoemDia
Quais são os tratamentos de primeira linha?
Os medicamentos de primeira linha são aqueles considerados como terapia de escolha inicial para hipertensão,
em monoterapia ou associação.
Diuréticos
Como eles agem?
Os diuréticos agem predominantemente pela eliminação renal de sódio e água. Inicialmente eles reduzem o
volume extracelular, entretanto, após algumas semanas de tratamento (4-6 semanas) o volume circulante se
normaliza e existe a redução da resistência vascular periférica. Eles são opções efetivas no tratamento da hi-
pertensão, e inúmeros estudos comprovaram sua ação na redução da morbimortalidade relacionada a doenças
cardiovasculares (3,36–38).
Aplicações
Os diuréticos tiazídicos são preferidos no tratamento da hipertensão primária. Os principais representantes da
classe utilizados na prática clínica são a hidroclorotiazida, a clortalidona e a indapamida. Os diuréticos de alça
(ex. furosemida) são reservados para hipertensão associada à insuficiência renal com taxa de filtração glomerular
abaixo de 30 ml/min/1,73 m2
e em insuficiência cardíaca com retenção de volume. Já os diuréticos poupado-
res de potássio (ex. amilorida, espironolactona) apresentam eficácia anti-hipertensiva limitada, podendo ser
utilizados associados a diuréticos tiazídicos e de alça para prevenção e tratamento de hipocalemia (redução do
potássio) (3).
Orientações ao paciente (41,42)
Tiazídicos
• Relatar ao paciente os riscos de desequilíbrio eletrolítico associados ao tratamento (principalmente hiperu-
ricemia, hipopotassemia e aumento de triglicerídeos). Outros efeitos adversos menos frequentes são cons-
tipação intestinal, parestesias e impotência sexual. Como hipopotassemia acontece com maior frequência,
monitorar sinais/sintomas, como: fraqueza ou espasmos musculares e alterações no ritmo cardíaco;
• Podem causar hipotensão, visão turva, vertigem, ou tontura, principalmente no início do tratamento. Instruir
o paciente a evitar atividades que exigem estado de alerta ou coordenação até que os sintomas cessem;
• Aconselhar o paciente para relatar sinais / sintomas de miopia transitória aguda associada a glaucoma agudo
(raros), incluindo dor ocular súbita ou diminuição da acuidade visual, pois estes podem estar relacionados
ao uso do medicamento;
28 • Salientar que o uso concomitante de álcool pode agravar os sintomas de hipotensão, principalmente ortostática.
Diuréticos de alça
• Relatar ao paciente os riscos de desequilíbrio eletrolítico associados ao tratamento (principalmente hiperu-
ricemia, hipopotassemia e aumento de triglicerídeos). Outros efeitos adversos menos frequentes são cons-
tipação intestinal, parestesias e impotência sexual. Como hipopotassemia acontece com maior frequência,
monitorar sinais/sintomas, como: fraqueza ou espasmos musculares e alterações no ritmo cardíaco;
• Monitorar hiperuricemia, que pode ocorrer em até 40% dos pacientes em tratamento com furosemida.
Fique atento às alterações metabólicas que podem ser produzidas pelos
diuréticos:
• Diminuição do potássio sérico (valores abaixo de 3,5 mEq/L)
• Aumento do ácido úrico (valores acima de 6,6 mg/dl mulheres ou 8,5 mg/dl homens)
• Aumento da glicemia em jejum (valores acima de 100 mg/dl)
• Aumento dos triglicerídeos (valores acima de 150 mg/dl)
Inibidores da enzima conversora da angiotensina
Como eles agem?
Os Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina (IECA) atuam na via renina-angiotensina, através da inibi-
ção da ECA, que converte angiotensina I em angiotensina II (43).
A angiotensina II é um oligopeptídeo de oito aminoácidos, formado a partir do seu precursor, o angiotensinogê-
nio, por uma série de duas clivagens enzimáticas. O angiotensinogênio é liberado para a circulação pelo fígado.
A renina, produzida pelo rim, em resposta à hipoperfusão glomerular, catalisa a clivagem do angiotensinogênio
em angiotensina I, um decapeptídeo inativo. A angiotensina I é, por sua vez clivada pela ECA para produzir a
angiotensina II. A angiotensina II se liga aos seus receptores específicos e exerce seus efeitos no cérebro, rim,
suprarrenal, parede vascular e coração. Além da vasoconstrição, um de seus efeitos é estimular a liberação de
aldosterona pela suprarrenal, que por sua vez produz retenção de sódio e água, elevando a pressão arterial.
Existem dois subtipos bem descritos de receptores da angiotensina II, designados receptores AT1 e AT2. Ambos têm
uma grande afinidade para a angiotensina II (44,45). O subtipo AT1 media o efeito vasoconstritor e está relacionado
29
Manual1.HipertensãoemDia
Aplicações
Esses medicamentos estão relacionados à reduções significativas nos valores de pressão arterial e na morbimor-
talidade por doenças cardiovasculares (3,48).
A classe terapêutica é também indicada em outras condições, tais como, insuficiência cardíaca, infarto agudo do
miocárdio, em especial quando existe redução da fração de ejeção, alto risco de doença aterosclerótica e na pre-
venção secundária do AVC. Em longo prazo, os IECAs também retardam a evolução da nefropatia diabética (3,48).
Orientações ao paciente (41,42)
• Instruir o paciente a se levantar lentamente a partir de uma posição sentada / deitada, pois o medicamento
pode causar hipotensão ortostática, principalmente nos primeiros dias de tratamento;
• Instruir o paciente para relatar sinais / sintomas de hipotensão persistente (1,2 a 10,8% dos pacientes),
como tonturas ou síncopes, ou tosse persistente (5-20%);
• Aconselhar o paciente a monitorar sintomas de angioedema (0,1-1% dos pacientes), como inchaço da face,
extremidades, olhos, lábios ou língua, dificuldade em engolir ou respirar, ou angioedema intestinal (dor ab-
dominal de origem inexplicável);
• O paciente deve evitar o uso de diuréticos poupadores de potássio, suplementos contendo potássio ou
substitutos do sal, sem antes consultar o médico e o farmacêutico, pois o medicamento pode causar aumen-
to dos níveis de potássio sérico (1-11%);
ANGIOTENSINA II
ENZIMA CONVERSORA
DA ANGIOTENSINA (ECA)
ANGIOTENSINA IANGIOTENSINOGÊNIO
RENINA
ALDOTERONA
Retenção de
sódio e água
Os inibidores da ECA
bloqueiam a ação
desta enzima
OS RINS DETECTAM A
DIMINUIÇÃO NA PA
Vasoconstrição
a hipertensão e hipertrofia do ventrículo esquerdo (46). As ações do receptorAT2 são menos compreendidas. Recep-
tores AT2 são expressos em maior abundância nos tecidos fetais, seguindo-se por um declínio da expressão após o
nascimento (47).
1
2
3
4
5
6
30
E se o paciente tiver tosse usando um IECA?
• Investigue outras possíveis causas da tosse, como o tabagismo. Em pacientes com insu-
ficiência cardíaca, considere aumento na dose do diurético.
• Continue o uso do IECA. Há de 38 a 55% de chance da tosse se resolver sozinha nos
primeiros meses do tratamento.
• Se a tosse incomoda muito, tente descontinuar o IECA (com anuência do prescritor) e
veja se resolve. Se a tosse passar, você pode tentar o uso de outro IECA diferente, caso
esta classe seja necessária para o paciente por outras causas. Mas saiba que em 90% das
vezes a tosse irá ressurgir, mesmo com outro IECA.
• Tente mudar o horário de administração ou reduzir a dose do medicamento.
• Recomende o uso de antitussígenos MIP, que podem produzir alívio do sintoma, en-
quanto se espera a tosse desaparecer. Opções incluem a dropropizina e o clobutinol.
• Se nenhuma dessas alternativas funcionar, utilize uma classe anti-hipertensiva diferen-
te. Uma alternativa razoável é intercambiar o IECA por um BRA, considerando sua ação
na mesma via metabólica e sua equivalência na maioria das indicações.
Bloqueadores dos receptores AT1 da angiostensina II
Como eles agem?
Os bloqueadores dos receptores AT1 da angiotensina II (BRA) antagonizam a ação da angiotensina II por meio
do bloqueio específico de seus receptores. Os primeiros a serem lançados foram a Losartana e a Valsartana.
Aplicações
Apresentam eficácia semelhante aos IECA, e são recomendados em casos de intolerância a esta classe (3,48).
Orientações ao paciente (41,42)
• Os medicamentos dessa classe pode causar tonturas (2-17%), principalmente no início do tratamento. O
paciente deve ser orientado a evitar atividades que exigem coordenação, até que o sintoma cesse;
• Este medicamento pode causar diarreia (casos de enteropatia e diarreia crônica são associados à olmesar-
31
Manual1.HipertensãoemDia
tana) e astenia ;
• Instruir o paciente para relatar sinais / sintomas de hipotensão (5,5-7%), tosse (10% dos pacientes em uso
de losartana) ou hipoglicemia (14% dos pacientes em uso de losartana).
• O paciente deve evitar o uso de diuréticos poupadores de potássio, suplementos contendo potássio ou
substitutos do sal, sem antes consultar o médico e o farmacêutico, pois o medicamento pode causar aumen-
to dos níveis de potássio sérico (até 7%);
Bloqueadores dos canais de cálcio
Como eles agem?
A ação anti-hipertensiva dos bloqueadores dos canais de cálcio (BCC) decorre da redução da resistência vascular
periférica por diminuição da concentração de cálcio nas células musculares lisas vasculares. Apesar do meca-
nismo final comum, esse grupo é dividido em três subgrupos, com características químicas e farmacológicas
diferentes: fenilalquilaminas, benzodiazepinas e diidropiridinas (3,48).
Aplicações
São anti-hipertensivos eficazes e reduzem a morbimortalidade cardiovascular. Preferência é dada aos bloqueadores
dos canais de cálcio de longa duração, seja por meia-vida longa ou por liberação controlada. Os diidropiridinicos são
os principais BCC utilizados na prática clínica, e dentre seus representantes estão o anlodipino e o nifedipino (3,48).
Verapamil e diltiazem possuem menor ação vasodilatadora e maior ação cardíaca, sendo utilizados também como
antiarrítmicos.
Orientações ao paciente (41,42)
Agentes não-diidropiridinicos (Verapamil e Diltiazem)
• Podem causar tonturas ou sensação de desmaio (particularmente com verapamil). O paciente deve ser
orientado a evitar atividades que exijam estado de alerta ou coordenação;
• O paciente deve prestar atenção em sinais / sintomas de hipotensão, principalmente no início do tratamen-
to ou em alterações de dose. Também observar se surge de edema periférico;
• Diltiazem pode ser associado à hiperplasia gengival e reações dermatológicas graves (raros) e verapamil é
frequentemente associado à constipação (>25% dos pacientes).
• Aconselhar o paciente contra interrupções súbitas dos medicamentos, pois isso pode precipitar crise hiper-
tensiva rebote;
32 • O paciente deve evitar o uso concomitante de betabloqueadores ou digitálicos durante a terapia, salvo se indi-
cados por profissionais de saúde, devido ao risco de bradicardia e bloqueio atrioventricular com a associação.
Diidropiridinicos (nifedipino e família)
• Podem causar tonturas (até 10%) e sonolência (1,4%), principalmente no início do tratamento. O paciente
deve ser orientado a evitar atividades que exigem estado de alerta ou coordenação, até que o sintoma
cesse;
• Orientar quanto à possibilidade de palpitações (até 7%), edema periférico (>10% com anlodipino, até 30%
com felodipino) fadiga, dores de cabeça (7-23%), dor abdominal (1,6%), náuseas (>10%), ou rubor (0,7-25%,
efeito mais proeminente com felodipino), durante o tratamento;
• Instruir paciente para relatar sinais / sintomas de exacerbação de angina ou infarto do miocárdio (raros) com
o início ou aumento na dose, ou durante a retirada de betabloqueadores;
• Aconselhar paciente contra interrupção súbita da droga, devido ao risco de taquicardia reflexa.
Fatos sobre as reações adversas dos BCC
• A cefaleia e o rubor facial costumam ser resultado direto da vasodilatação, induzida
principalmente pela família do nifedipino (diidropiridinas).
• No uso de apresentações de liberação imediata, esses efeitos adversos costumam surgir
principalmente 1 a 3 horas após administração.
• Tontura, principalmente ao se levantar, pode ser resultado de hipotensão postural. Per-
manecer sentado por 5-10 minutos antes de se levantar pode ajudar. Cuidado redobra-
do em idosos, pois há risco de quedas.
• O edema de extremidades ocorre principalmente em pernas e tornozelo e pode ser
tratado pela redução da dose. Outra alternativa é a adição de diurético ao tratamento,
principalmente nos casos em que a pressão arterial não esteja bem controlada.
Betabloqueadores
Como eles agem?
O mecanismo anti-hipertensivo dessa classe está relacionado à redução inicial do débito cardíaco, redução da
secreção de renina, readaptação dos barorreceptores e diminuição das catecolaminas nas sinapses nervosas (3).
33
Manual1.HipertensãoemDia
A primeira geração de betabloqueadores foi formada por fármacos não-cardiosseletivos, isto é, capazes de agir
sobre receptores beta-1 e beta-2. Entre eles o propranolol. A segunda geração inclui fármacos mais cardiosse-
letivos (beta-1), entre eles o atenolol. A terceira geração possui também ação de vasodilatação (bloqueio alfa-a-
drenérgico) e inclui fármacos como o carvedilol e o nebivolol.
A lipossolubilidade é mais uma característica que diferencia os betabloqueadores. Fármacos mais lipossolúveis
tendem a se acumular no organismo com o uso prolongado e alcançam níveis superiores no sistema nervoso cen-
tral. Efeitos adversos como insônia, pesadelos e depressão tendem a ser mais frequentes com estes fármacos. Os
betabloqueadores mais lipossolúveis são o propranolol e o pindolol. Por outro lado, os mais hidrossolúveis são o
atenolol e o nadolol.
Aplicações
São eficazes no tratamento da hipertensão arterial. A redução da morbimortalidade por eventos cardiovascula-
res é bem documentada em grupos de pacientes com idade inferior a 60 anos (3).
Uso cauteloso deve ser feito em pacientes com idade superior a 60 anos. Estudos e meta-análises recentes de-
monstraram a ausência de efeito benéfico nesta faixa etária, principalmente falha em prevenir acidente vascular
encefálico (49–51). Assim, o uso nesta população deve ser reservado para situações especiais, como a presença
concomitante de coronariopatia, com disfunção sistólica, arritmias cardíacas ou infarto do miocárdio prévio (3).
A tabela 5 mostra aplicações clínicas dessa classe além da hipertensão arterial.
Tabela 5. Aplicações clínicas dos betabloqueadores
FÁRMACO HAS ANGINA ARRITMIA IAM ICC COMENTÁRIOS
NÃO-SELETIVOS ß1/ß2
Carvedilol X X* X Atividade alfabloqueadora
Labetalol X X ASI; Atividade alfabloqueadora
Nadolol X X X X Ação longa
Pindolol X X ASI; AEM
Propranolol X X X X AEM; betabloqueador padrão
Sotalol X Diversos mecanismos significantes
SELETIVOS ß1
Acebutolol X X X ASI
Atenolol X X X X
Betaxolol X X X AEM
Bisoprolol X X X
Esmolol X X Ação ultra curta, usado em cirurgias
Metoprolol X X X X X AEM
Nebivolol X Relativamente seletivo na maioria dos pacientes.
Vasodilatador (liberador de óxido nítrico)
Legenda: HAS: hipertensão arterial sistêmica; IAM: infarto agudo do miocárdio; ICC: insuficiência cardíaca; ASI: ação sim-
patomimética intrínseca; AEM: Atividade estabilizadora da membrana. * carvedilol indicado pós IAM
34 Orientações ao paciente (41,42)
• Podem causar tonturas (13% com atenolol, até 30% com carvedilol), principalmente no início do tratamento. O pa-
ciente deve serorientado a evitaratividades que exigem estado de alerta ou coordenação, até que o sintoma cesse;
• Pacientes devem ser orientados quanto ao risco de bradiarritmia (3-18%), extremidades frias (12% atenolol),
fadiga (até 26%), depressão (até 12% atenolol), diarreia (2-12%) e náuseas. Carvedilol pode ser associado
a ganho de peso (10-12%), hiperglicemia (5-12%), artralgia, mialgia, dores de cabeça, diminuição da libido,
disfunção erétil (13,5%). Sintomas relacionados devem ser monitorados.
• Sintomas cardiovasculares como, hipotensão (especialmente em idosos), arritmias, síncopes, palpitações,
angina, ou edema devem ser monitorados durante o tratamento, especialmente com carvedilol.
• Todos os betabloqueadores podem mascarar os sintomas de hipoglicemia. Aconselhar os pacientes diabéti-
cos a monitorar cuidadosamente os níveis glicêmicos.
• Aconselhar o paciente contra interrupção súbita da droga.
• Pacientes com insuficiência cardíaca devem ser alertados que, apesar dos seus benefícios em longo prazo,
betabloqueadores podem provocar piora transitória inicial, e efeito cronotrópico negativo importante.
Fatos sobre as reações adversas dos Betabloqueadores
• Os betabloqueadores são contraindicados para tratamento da hipertensão em pacientes
com asma brônquica.
• Nestes pacientes, a substituição de fármacos de primeira geração por agentes cardiosse-
letivos não é recomendada, pois não há redução importante do risco de broncoespasmo,
e existem agentes mais seguros.
• Cuidado em diabéticos usuários de agentes secretores (p.ex glibenclamida) e insulina, pois
os betabloqueadores podem mascarar sintomas de hipoglicemia, principalmente taquicar-
dia, sudorese e tremor nas mãos. Isto é especialmente importante em pacientes idosos.
• A redução da atividade cardíaca pode produzir cansaço, que pode impactar em atividades
físicas e domésticas mais pesadas. O paciente deve ser aconselhado a ir mais devagar.
• Pessoas que utilizam betabloqueadores por longos períodos (principalmente os menos
lipossolúveis) não devem interromper o tratamento de forma súbita. O aumento na ex-
pressão de receptores adrenérgicos no coração pode induzir crise hipertensiva quando o
tratamento é interrompido, particularmente se não houver outro tratamento anti-hiper-
tensivo presente. Recomenda-se redução gradual de dose no período de semanas.
• Esses medicamentos devem ter seu uso cauteloso em idosos, considerando a ausência de
efeitos benéficos sobre o risco de AVC nesta população.
35
Manual1.HipertensãoemDia
Quais são os tratamentos de segunda linha?
Inibidores diretos de renina
Como eles agem?
Alisquireno, único representante da classe atualmente disponível para uso clínico, promove uma inibição direta
da ação da renina, com consequente redução da formação de angiotensina II (3).
Aplicações
O medicamento tem efeito na redução da pressão arterial semelhante a outras classes. Estudos a curto prazo in-
dicaram possíveis benefícios na morbimortalidade cardiovascular (3). No entanto, ensaios clínicos recentes têm
demonstrado dados conflitantes quanto à proteção de desenvolvimento e evolução de doença aterosclerótica
coronariana (52,53).
A diretriz Brasileira de Hipertensão (3), considera o Alisquireno como uma alternativa para o tratamento inicial
da HAS, no entanto devido às controvérsias relacionadas aos seus benefícios cardiovasculares, o medicamento
não é considerado de primeira linha em diretrizes internacionais conceituadas (39,54,55).
Orientações ao paciente (41,42)
• Este medicamento pode causar angioedema (raro, 0,06%) da face, extremidades, lábios, língua, glote e/ou
laringe. Aconselhar paciente para relatar quaisquer sinais, incluindo dificuldade em respirar ou deglutir;
• O paciente deve prestar atenção em sinais / sintomas de hipotensão, principalmente no início do tratamento
ou em mudanças de dose. Aconselhar paciente a deitar-se se sensação de desmaio ou tonturas, e levantar len-
tamente a partir de uma posição sentada, devido ao risco de hipotensão ortostática.
• Rash cutâneo (1%), diarreia (2%) e tosse também podem ocorrer durante o tratamento, apesar de suas baixas
incidências;
• Aumentos da creatinofosfoquinase (CPK) , ureia e creatinina podem ocorrer em até 7% dos pacientes.
Inibidores adrenérgicos de ação central
Como eles agem?
Atuam estimulando os receptores alfa-2 adrenérgicos pré-sinápticos no sistema nervoso central, reduzindo o
36 tônus simpático, como fazem a alfametildopa, a clonidina e o guanabenzo e/ou os inibidores dos receptores
imidazolidínicos, como moxonidina e a rilmenidina (3).
Aplicações
Seu efeito hipotensor como monoterapia é, em geral, discreto. Entretanto, podem ser úteis em associação com
medicamentos de outros grupos, particularmente quando há evidência de hiperatividade simpática (3).
A experiência favorável em relação à segurança do binômio materno-fetal recomenda a alfametildopa como
agente de escolha para tratamento da hipertensão das grávidas. Não interferem com a resistência periférica à
insulina ou com o perfil lipídico (3).
Orientações ao paciente (41,42)
• Devido ao risco de sedação (3%), tonturas (2-15%) ou sonolência (12% clonidina). O paciente deve ser orien-
tado a evitar atividades que exijam estado de alerta ou coordenação, até que esses sintomas cessem;
• Podem causar ginecomastia, constipação, diarreia, boca seca (25% clonidina), artralgia, mialgia, astenia, dor
de cabeça, ansiedade, depressão, transtorno de ansiedade sonho, amenorreia, impotência (14-36% metildopa).
Paciente deve acompanhar sinas / sintomas.
• Instruir paciente para relatar sinais / sintomas de eventos cardíacos adversos, como angina, bradiarritmia,
hipotensão ou insuficiência cardíaca congestiva.
• O paciente não deve ingerir álcool ou usar outros depressores do SNC, durante a vigência do tratamento com
inibidores adrenérgicos centrais;
• Aconselhar o paciente contra interrupção súbita do tratamento, devido ao risco de hipertensão rebote.
Alfabloqueadores
Como eles agem?
Inibem competitivamente os receptores adrenérgicos alfa-1 pós-sinápticos, resultando em vasodilatação das
veias e arteríolas e uma diminuição da resistência periférica total e da pressão arterial.
Aplicações
Apresentam efeito hipotensor discreto em longo prazo como monoterapia, devendo, portanto, ser associados
com outros anti-hipertensivos. Podem induzir o aparecimento de tolerância, o que exige o uso de doses grada-
tivamente crescentes. Têm a vantagem de propiciar melhora discreta no metabolismo lipídico e glicídico e nos
sintomas de pacientes com hipertrofia prostática benigna (3).
37
Manual1.HipertensãoemDia
Orientações ao paciente (41,42)
• Devido ao risco de vertigens (1,5-7% doxazosina), tonturas (5,3-19%) ou sonolência (1,5-7,5%), o paciente
deve ser orientado a evitar atividades que exijam estado de alerta ou coordenação, até que esses sintomas
cessem;
• Instruir o paciente a levantar lentamente a partir de uma posição sentada / deitada, pois estes medicamentos
podem causar hipotensão ortostática (até 10%).
• Alertar para o risco de síncope ou perda de consciência com a primeira dose ou aumento da dose, especial-
mente se o paciente está na posição vertical.
• Aconselhar o paciente contra interrupção súbita do medicamento, pois isso pode causar hipertensão rebote.
• Doxazosina pode causar dor de cabeça (4-16%) ou fadiga (8-12%), e Prazosina pode causar angina, palpitações
(5,3%), taquiarritmias, náuseas (4,9%) e astenia (6,5%).
Vasodilatadores diretos
Como eles agem?
Estes medicamentos atuam na musculatura da parede vascular, promovendo relaxamento, com consequente
vasodilatação e redução da resistência vascular periférica.
Aplicações
São utilizados em associação com diuréticos e/ou betabloqueadores para o tratamento da hipertensão. Hidra-
lazina e minoxidil são dois dos principais representantes desse grupo (3).
Além disso pelos seus efeitos em receptores prostáticos e uretrais, atuam reduzindo o tônus simpático induzido pela
hiperplasia prostática benigna e portanto aliviam os sintomas desta condição, da mesma forma que os alfabloquea-
dores.
Orientações ao paciente (41,42)
• Este medicamento pode causar diarreia, perda de apetite, dor de cabeça, ou congestão nasal;
• O paciente deve ser aconselhado a relatar dor no peito, palpitações, dispneia ou sinais/sintomas de taquicardia
reflexa, neuropatia periférica ou hipotensão;
• Forma oral pode causar hipertricose , ou retenção de líquidos (7%);
• Instruir o paciente para relatar sinais / sintomas de hipotensão, taquicardia reflexa ou angina; Aconselhar o
paciente contra interrupção súbita do medicamento.
38
Diuréticos
inibidores da ECA
Bloqueadores AT1
Bloqueadores de canais de cálcio
Betabloqueadores
Inibidores diretos da Renina
Inibidores adrenérgicos de ação central
Alfabloqueadores
Vasodilatadores diretos
1ª linha
Terapias da Hipertensão arterial
2ª linha
Existem medicamentos isentos de prescrição que podem
beneficiar pacientes com hipertensão?
Óleo de Peixe (Ômega)
Os ácidos graxos Ômega-3 de origem marinha, ácido docosaexaenoico (DHA) e ácido eicosapentaenoico (EPA),
exercem inúmeros efeitos sobre diferentes aspectos fisiopatológicos no organismo e ajudam a prevenir o desen-
volvimento de doenças cardiovasculares (3,48,56). Meta-análise de 36 ensaios clínicos randomizados, demons-
trou que a suplementação com óleo de peixe, entre adultos com mais de 45 anos de idade, reduziu a pressão
arterial sistólica em 3,5 mmHg e PA diastólica em 2,4 mmHg (57). Redução de tônus adrenérgico e da resistência
vascular sistêmica são mecanismos propostos (58).
Existem no mercado várias formulações de óleo de peixe, ricas em ácido graxo Ômega-3. A quantidade de EPA
e DHA por cápsula de óleo de peixe é variável, alcançando 90% ou 1000 mg nas apresentações mais concentra-
das. A suplementação diária pode apresentar benefícios no controle da PA. Não existe dose formal estabelecida
na literatura, mas os ensaios clínicos que evidenciaram benefícios na PA utilizaram doses de 1 a 4 g/dia (3,48).
Em resumo, as evidências indicam que o uso de ômega 3 está associado a reduções da pressão arterial, mas este
efeito não parece estar relacionado a dose utilizada. Além disso, resultados melhores são encontrados com o
Ômega de origem dietética, em comparação com a suplementação (56).
39
Manual1.HipertensãoemDia
NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR AÇÃO FITOTERÁPICO REAÇÕES ADVERSAS
Allium sativum L. Alho Hipotensora Não – Suplemento
alimentar. Capsulas de
óleo de alho
Cefaleia, dores abdo-
minais, azia e alergias.
Pode aumentar o risco de
sangramentos (efeito na
coagulação)
Alpinia spp (A.
zerumbet ou A.
speciosa)
Colônia Hipotensora, vasodi-
latadora
Não – Apenas extrato
seco e pó
Cefaleia, dores abdominais,
vômito, flatulência.
Equisetum arvense Cavalinha Diurética Não – Apenas extrato
seco e pó
Arritmias, ataxia, dermatite
seborreia, febre, fraqueza
muscular, perda de peso,
reações de hipersensibili-
dade.
Panax sp. Ginseng Hipertensora Sim - comprimidos Alteração na capacidade de
concentração e na habi-
lidade para execução de
movimentos complexos.
Tabela 6. Principais produtos de origem vegetal com possíveis efeitos nos valores pressóricos
Fitoterápicos e plantas medicinais
Existem relatos na literatura de inúmeras plantas com possível efeito hipotensor, No entanto, devido à falta de
evidências robustas que indiquem sua eficácia e segurança no tratamento da hipertensão, até a presenta data
não existe nenhuma indicação formal, apoiada por sociedades ou instituições científicas, para o tratamento
principal ou adjuvante da hipertensão arterial com fitoterápicos ou plantas medicinais. No mundo real, contudo,
não podemos ignorar o seu uso.
Em 2009, o Ministério da Saúde divulgou a Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RE-
NISUS), e dentre os compostos incluídos, estão a Alpinia spp (Colônia) e a Equisetum arvense (Cavalinha), que
segundo estudos preliminares apresentam efeitos hipotensores.
Apesar da cultura popular de que essas substâncias são inofensivas, existem muitos relatos de reações adversas
e interações medicamentosas importantes relacionadas ao uso inadequado de compostos de origem vegetal. A
seguir discutiremos os principais exemplos de compostos que podem potencialmente afetar os níveis pressóricos.
40
E se meu paciente usa plantas para baixar a pressão?
• Todos os pacientes devem ser questionados de uma maneira imparcial sobre o uso de
tratamentos à base de plantas, como parte da história de medicação.
• No caso da hipertensão, a incerteza da segurança e eficácia, e os poucos estudos condu-
zidos com os diferentes compostos vegetais, tornam seu uso não indicado como tratamento
principal.
• Caso o paciente decida continuar o uso, aconselhe o paciente sobre a importância de não
abandonar o tratamento convencional.
• Os resultados terapêuticos sempre devem ser monitorados.
Quais são os anti-hipertensivos disponíveis no Brasil?
TABELA 7. Posologia dos principais anti-hipertensivos disponíveis no Brasil
CLASSE / MEDICAMENTOS
POSOLOGIA (MG) NÚMERO DE TOMADAS
/ DIAMÍNIMA MÁXIMA
DIURÉTICOS
Tiazídicos
Hidroclorotiazida 12,5 25 1
Clortalidona 12,5 25 1
Indapamida 2,5 5 1
Indapamida SR 1,5 5 1
De alça
Bumetamida* 0,5 Variável 1-2
Furosemida* 20 Variável 1-2
Piretanida 6 12 1
Poupadores de potássio
Amilorida 2,5 10 1
Espironolactona 25 100 1-2
Triantereno 50 100 1
INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DE ANGIOTENSINA II (IECA)
Benazepril 5 20 1
Captopril 2,5 150 2-3
Cilazapril 2,5 5 1
Delapril 15 30 1-2
Enalapril 5 40 1-2
Fosinopril 10 20 1
Lisinopril 5 20 1
Perindopril 4 8 1
Quinapril 10 20 1
Ramipril 2,5 10 1
Trandolapril 2 4 1
41
Manual1.HipertensãoemDia
BLOQUEADORES DOS RECEPTORES AT1 DA ANGIOTENSINA (BRA)
Candesartana 8 32 1
Irbersartana 150 300 1
Losartana 25 100 1
Olmesartana 20 40 1
Telmisartana 40 160 1
Valsartana 80 320 1
BLOQUEADORES DOS CANAIS DE CÁLCIO
Não-diidropiridinas
Verapamil Retard 120 480 1-2
Diltiazem 180 480 1-2
Diidropiridinas
Anlodipino 2,5 10 1
Felodipino 5 20 1-2
Isradipina 2,5 20 2
Lacidipina 2 8 1
Lercarnidipino 10 30 1
Manidipino 10 20 1
Nifedipino Oros 30 60 1
Nifedipino Retard 20 60 2-3
Nisoldipino 5 40 1-2
Nitrendipino 10 40 2-3
BETABLOQUEADORES
Atenolol 25 100 1-2
Bisoprolol 2,5 10 1-2
Carvedilol 12,5 50 1-2
Metoprolol 50 200 1-2
Nadolol 40 120 1
Nebivolol 5 10 1
Propranolol / Propranolol LA 40/80 240/160 2-3/1-2
Pindolol 10 40 1-2
TERAPIA DE SEGUNDA LINHA
INIBIDORES DIRETOS DE RENINA
Alisquireno 150 300 1
INIBIDORES ADRENÉRGICOS DE AÇÃO CENTRAL
Alfametildopa 500 1500 2-3
Clonidina 0,2 0,6 2-3
Guanabenzo 4 12 2-3
Moxonidina 0,2 0,6 1
Rilmenidina 1 2 1
Reserpina 12,5 25 1-2
ALFABLOQUEADORES
Doxazosina 1 16 1
Prazosina 1 20 2-3
Prazosina XL 4 8 1
Terazosina 1 20 1-2
VASODILATADORES DIRETOS
Hidralazina 50 150 2-3
Minoxidil 2,5 80 2-3
*Diuréticos de alça não são normalmente indicados no tratamento de hipertensão primária, se associada a outra condição
(insuficiência cardíaca, edema), doses máximas de furosemida podem chegar até 600mg/dia e de bumetamida até 10mg/
dia.
42
Interações Medicamentosas
TABELA 8. Interações Medicamentosas e respectiva conduta com os principais anti-hipertensivos
ANTI-
HIPERTENSIVO
INTERAGE COM?
(MEDICAMENTO/
CLASSE)
EFEITOS CONDUTA/ MANEJO
DIURÉTICOS
Tiazídicos e de
Alça
Digitálicos Risco aumentado de intoxica-
ção digitálica por hipopotas-
semia
Monitorar o paciente em início de tratamento e
alterações de doses. Monitoramento das con-
centrações de potássio pode ser útil.
Anti-inflamatórios
esteroides e não-
-esteroides
Antagonismo do efeito diu-
rético. Aumento da pressão
arterial
Monitorar os valores pressóricos e considerar
possível reavaliação da farmacoterapia em casos
de descontrole da hipertensão, ou suspensão
do uso do anti-inflamatório. Esta interação não
ocorre com paracetamol e dipirona.
Hipoglicemiantes
orais
Efeito diminuído pelos tiazídi-
cos. Aumento da glicemia
Monitorar valores glicêmicos durante o início da
terapia com tiazídicos.
Lítio Aumento dos níveis séricos
do lítio. Risco aumentado de
reações adversas: Diarreia,
vômitos, visão prejudicada,
fraqueza, dificuldade para an-
dar, pulso irregular, tremores,
cãibras, tontura, sudorese de
pés e pernas.
Monitorar terapia com diuréticos de alça;
Considerar possível redução da dosagem de lítio
em 50% após o início de um diurético tiazídico.
Monitorar efeitos terapêuticos / tóxicos de lítio
se um tiazídico é iniciado / dose aumentada.
Topiramato Aumento dos níveis séricos de
topiramato. Reações adversas:
parestesia, cefaleia, tontura,
fadiga, sonolência, perda de
peso, náusea e anorexia
Monitorar aumento das concentrações de
topiramato / eventos adversos (por exemplo,
hipocalemia), com início ou aumento de dose de
diurético. Acompanhar de perto as concentra-
ções de potássio sérico com a terapia concomi-
tante.
Alopurinol Possível aumento na concen-
tração sérica de alopurinol.
Aumentam potencial de rea-
ções adversas e/ou hipersen-
sibilidade.
Evitar a terapia combinada desnecessária.
Quando estes agentes precisam ser utilizados
em conjunto, monitorar os sinais e sintomas
de reações adversas ou hipersensibilidade (por
exemplo, febre, erupção cutânea, eosinofilia).
Poupadores de
potássio
Suplementos de
potássio e IECA
Hipercalemia Monitorar potássio sérico.
INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DE ANGIOTENSINA
Suplementos e diu-
réticos poupadores
de potássio
Hipercalemia Monitorar potássio sérico.
Ciclosporina Aumento dos níveis de ciclos-
porina
Monitorar sinais e sintomas de nefrotoxicidade.
Manutenção da hidratação adequada (cuidado
com o uso de diuréticos) pode reduzir de risco
de efeitos nocivos.
Anti-inflamatórios
esteroides e não-
-esteroides
Antagonismo do efeito hipo-
tensor
Monitorar os valores pressóricos e considerar
possível gestão da farmacoterapia em casos de
descontrole da hipertensão
43
Manual1.HipertensãoemDia
ANTI-
HIPERTENSIVO
INTERAGE COM?
(MEDICAMENTO/
CLASSE)
EFEITOS CONDUTA/ MANEJO
Lítio Diminuição da depuração do
lítio
Monitorar concentrações séricas (pelo menos
4-6 semanas após início ou mudanças no trata-
mento) efeitos tóxicos de lítio. Provavelmente
serão necessárias reduções de dosagem de lítio
após a adição de IECA.
Hipoglicemiantes
da classe dos ini-
bidores da enzima
DPP4
Aumento do risco de angio-
edema associado ao uso de
IECA
Orientar pacientes quanto ao risco de angioe-
dema.
BLOQUEADORES DO RECEPTOR AT1
Moxonidina Hipotensão com losartana Monitorar valores pressóricos.
Suplementos e diu-
réticos poupadores
de potássio
Hiperpotassemia Monitorar valores de potássio.
BLOQUEADORES DOS CANAIS DE CÁLCIO
Digoxina Verapamil e diltiazem aumen-
tam os níveis de digoxina
Monitor possível aumento das concentrações /
efeitos de glicosídeos cardíacos.
Bloqueadores H2 Aumento dos níveis dos
bloqueadores dos canais de
cálcio
Monitorar resposta terapêutica e eventos adver-
sos.
Ciclosporina Aumento do nível de ciclospo-
rina, com exceção de anlodipi-
no e felodipino
Monitorar concentrações séricas e resposta
terapêutica de ciclosporina se diltiazem ou
verapamil são iniciados / dose aumentada/
interrompidos.
Teofilina, prazosina Níveis aumentados com
verapamil
Monitorar resposta terapêutica e eventos adver-
sos.
Moxonidina Hipotensão Monitorar valores pressóricos.
BETABLOQUEADORES
Insulina e hipogli-
cemiantes orais
Redução dos sinais de hipogli-
cemia e bloqueio da mobiliza-
ção de glicose
Orientar pacientes que em casos de hipogli-
cemia, taquicardia pode não estar presente.
Monitorar glicemia com maior frequência.
Amiodarona, qui-
nidina
Bradicardia Monitorar frequência cardíaca.
Digoxina Bradicardia Monitorar frequência cardíaca.
Cimetidina Redução da depuração
hepática de propranolol e
metoprolol
Considerar alternativa terapêutica. Quando o
uso concomitante é necessário, monitorar res-
posta terapêutica, frequência cardíaca, pressão
arterial, intervalo PR.
Vasoconstritores
nasais
Facilitação do aumento da
pressão pelos vasoconstrito-
res nasais
Monitorar valores pressóricos.
Diltiazem, vera-
pamil
Bradicardia, depressão sinusal
e atrioventricular
Monitor frequência cardíaca e pressão arterial,
e alertar os pacientes sobre a possibilidade de
novos casos ou piora de bradicardia com con-
sequências clínicas relacionadas (por exemplo,
síncope).
Dipiridamol Bradicardia Monitorar frequência cardíaca.
Anti-inflamatórios
esteroides e não-
-esteroides
Antagonismo do efeito hipo-
tensor
Monitorar os valores pressóricos e considerar
possível gestão da farmacoterapia em casos de
descontrole da hipertensão
44
Quaissãoasmedidasnão-farmacológicasparahipertensão?
O tratamento da hipertensão deve envolver a terapia não-farmacológica (também conhecida como modificação
do estilo de vida) sozinha ou em conjunto com a terapia medicamentosa.
Restrição de sal na dieta
Ingestão excessiva de sódio tem sido correlacionada com elevação da PA. A população brasileira apresenta um
padrão alimentar rico em sal, açúcar e gorduras. Em estudos randomizados controlados, o impacto global da re-
dução moderada de sódio (≈0,9 g/d) produz uma queda da pressão arterial (sistólica e diastólica) em indivíduos
hipertensos de 4,8/1,9 mmHg e em normotensos de 2,5/1,1 mmHg (3,59,60).
A necessidade nutricional de sódio para os seres humanos é de 500 mg (cerca de 1,2 g de sal) por dia. A Orga-
nização Mundial de Saúde define em 5 g de cloreto de sódio ou sal de cozinha (que corresponde a 2 g de sódio)
a quantidade considerada máxima saudável para ingestão alimentar diária. O consumo médio do brasileiro cor-
responde a mais do que o dobro do recomendado, ao redor de 12 g de sal por dia (3,48).
De maneira prática, o farmacêutico como profissional de saúde, deve recomendar o consumo de, no máximo, 3
colheres rasas de café ou o equivalente a 3 tampas de caneta bic (3 g), que somados aos 2 g de sal já existentes
nos próprios alimentos contemplariam 5 g. Alimentos embutidos e industrializados contem grandes quantidades
de sódio. Entre eles, alimentos como macarrão instantâneo, frango empanado, hambúrguer, salsicha, biscoito de
polvilho, biscoito cream cracker, salgadinhos de milho e requeijão são os mais ricos em sódio existentes, e por
isso devem ser evitados (3,48).
Como interpretar o excesso de sódio no rótulo dos alimentos
Quando o rótulo traz apenas a lista dos ingredientes, a ordem tem a ver com a quantidade. O primeiro ingrediente é aquele
em maior quantidade e o último em menor quantidade. Fonte: Núcleo de Programas Estratégicos. Prefeitura Municipal de São
Paulo.
INFORMAÇÃO NUTRICIONAL
Porção g ou ml (medida caseira)
Quantidade por porção % VD (*)
Valor energético __ Kcal = Kj
Carboidratos g
Proteínas g
Gorduras totais g
Gorduras saturadas g
Gorduras trans g
Fibra alimentar g
Sódio mg
Evitar produtos
• + 400 mg de sódio em 100 mg
• + 400mg de sódio em 100 ml
• + 7% VD (valor diário referência)
• Onde os primeiros ingredientes sejam: sal, cloreto de
sódio ou glutamato monossódico ou bicarbonato de
sódio.
(*) Valores diários com base em uma dieta de 2000 kca ou 8400 kj. Seus valores diários podem ser maiores ou me-
nores dependendo de suas necessidades energéticas.
Sódio
45
Manual1.HipertensãoemDia
Redução de peso
A redução de peso em indivíduos obesos pode levar a uma queda significativa da pressão arterial. Essa redução
pode ocorrer na ausência de restrição dietética de sódio (61), mas a restrição de sódio, mesmo que modesta
pode produzir um efeito anti-hipertensivo aditivo (14). O declínio induzido por perda de peso na PAS geralmen-
te varia de 0,5 a 2 mmHg para cada 1 kg de peso reduzido (3,48).
Em pacientes com IMC ≥ 30 kg/m2, orientações para a redução de peso são importantes e devem fazer parte da
educação em saúde realizada pelo farmacêutico. A participação do paciente em programas específicos para per-
da de peso deve também ser estimulada. Lembre-se que o IMC é calculado pela fórmula: Peso(Kg)/Altura(m)2. A
tabela 10 traz as faixas de IMC e sua interpretação, do ponto de vista do risco para o paciente.
TABELA 10. Interpretação dos Resultados de Índice de Massa Corporal (IMC)
<18,5 Baixo Peso Risco moderado
18,5-24,9 Normal Nenhum Risco
25-29,9 Sobrepeso Risco Moderado
30-34,9 Obesidade Grau I (Leve) Risco Significativo
35-39,9 Obesidade Grau II (Moderada) Risco Significativo
≥40 Obesidade Grau III (Grave) Risco Alto
Ingestão de álcool
Consumo excessivo de álcool tem sido relacionado a aumento significativo na incidência de hipertensão (2 ou
mais doses por dia para mulheres e 3 ou mais doses por dia para homens). Este efeito é relacionado à dose e é
mais proeminente quando a ingestão ultrapassa cinco doses por dia (62,63). Por outro lado, diminuir a ingestão
de álcool em indivíduos que bebem excessivamente, reduz significativamente a pressão sanguínea (64), e a in-
gestão moderada de álcool parece reduzir o risco de doenças cardiovasculares (65).
De maneira prática, considerando os problemas sociais envolvidos com o consumo de ál-
cool, pacientes que tem o hábito de ingerir bebidas alcoólicas devem ser orientados a não
ultrapassar a dose de 30g de etanol ao dia para homens e 15g para mulheres (3). A quan-
tidade de etanol existente em cada tipo de bebida alcoólica está descrita na tabela 11.
Muitos pacientes que tem o habito de ingerir bebidas alcoólicas aos finais de semana, com frequência suspen-
dem o uso dos medicamentos anti-hipertensivos, por medo de interações medicamentosas ou efeitos colaterais.
O risco da interrupção dos medicamentos, contudo, é certamente maior. Assim, os pacientes devem ser orien-
tados a não interromper o tratamento para hipertensão, mesmo com a ingesta de bebidas alcoólicas no final de
46
TABELA 11. Características das principais bebidas alcoólicas e teor de etanol por quantidade definida
Bebida Quantidade de etanol (g) Volume aproximado
Cerveja 6 g/100 ml x 0,8* = 4,8 g ~ 2 latas ou 1 garrafa
Vinho 12 g/100 ml x 0,8* = 9,6 g ~ 2 taças de 150 ml
Uísque, vodca, aguardente 40 g/100 ml x 0,8* = 32 g ~ 2 doses de 50 ml
*a densidade do álcool é 0,8.
Exercícios físicos
Estudos demonstraram que os exercícios aeróbios, que podem ser complementados pelos resistidos, promovem
reduções de PA, estando indicados para a prevenção e o tratamento da HAS (66,67).
Para manter uma boa saúde cardiovascular e qualidade de vida, todo adulto deve realizar, pelo menos três vezes
por semana, 30 minutos de atividade física moderada de forma contínua ou acumulada (3,48).
A intensidade do exercício pode ser controlada pela respiração, sendo a atividade considerada predominante-
mente aeróbia quando o indivíduo permanecer discretamente ofegante, conseguindo falar frases completas
sem interrupções (3,48).
A maioria das recomendações preconiza que os pacientes devem iniciar com atividades leves a moderadas.
Para um controle mais objetivo, o paciente pode ser orientado a monitorar sua frequência cardíaca durante o
exercício. Em atividades moderadas, mantém-se entre 70% e 80% da FC máxima ou de pico, esta é considerada
a faixa ideal para prevenção e o tratamento da hipertensão arterial (3,48). Para calcular a FC máxima utiliza-se
a seguinte fórmula:
Por exemplo, um homem de 60 anos teria uma FC máxima de 160. Assim, é recomendável que durante o exercí-
cio aeróbico, ele mantenha sua frequência cardíaca entre 112 e 128 batimentos por minuto. Esta monitorização
pode ser feita, por exemplo, contando-se o pulso na região do pescoço. Para tanto o paciente utiliza o dedo
indicador e o médio na parte lateral do pescoço, entre a traqueia e o músculo do pescoço e pressiona devagar
até sentir a pulsação.
O farmacêutico deve orientar que todos os pacientes com hipertensão, sem limitações, a praticar atividades físicas
aeróbias moderadas no mínimo 3 vezes por semana por 30 minutos. Um bom exemplo desse tipo de atividade é a
caminhada.
FC MÁXIMA = 220 - IDADE
semana. A melhor abordagem é falar abertamente sobre o assunto, sem preconceitos, e procurar empoderar o
paciente para que este possa tomar as decisões que mais lhe beneficiem.
47
Manual1.HipertensãoemDia
Quando não devo recomendar exercícios físicos?
• Pacientes com doença arterial coronariana estabelecida, com sintomas de angina, ou
com arritmias prévias devem ser submetidos a avaliação médica e teste funcional para
mensurar sua capacidade para exercícios e seu risco de eventos cardiovasculares asso-
ciados antes de iniciar programa de exercícios físicos.
• Pacientes com algum grau de insuficiência cardíaca, também devem ser submetidos a
avaliação médica e teste funcional antes de iniciar programa de atividade física.
• De maneira prática, após liberação médica, se o paciente questionar quanto a atividade
física, ele deve ser orientado que estas devem ser norteadas pela evolução de sinais/
sintomas, ou seja, o paciente deve interromper o exercício se aparecimento de sintomas
como dor no peito, falta de ar, fadiga, cansaço exacerbado (116)
Alimentação
Padrão alimentar rico em frutas, hortaliças, fibras, minerais e laticínios com baixos teores de gordura, tem impor-
tante impacto na redução da PA (Dieta DASH - Dietary Approaches to Stop Hypertension) (68,69) (Tabela 12).
Um alto grau de adesão a esse tipo de dieta reduziu em 14% o desenvolvimento de hipertensão. Os benefícios
sobre a PA têm sido associados ao alto consumo de potássio, magnésio e cálcio nesse padrão nutricional. A dieta
DASH potencializa ainda o efeito de orientações nutricionais para emagrecimento, reduzindo também biomar-
cadores de risco cardiovascular (70).
TABELA 12 - Como recomendar uma dieta ao estilo DASH
Escolher alimentos que possuam pouca gordura saturada, colesterol e gordura total.
Por exemplo, carne magra, aves e peixes, utilizando-os em pequena quantidade.
Comer frutas e hortaliças, aproximadamente de oito a dez porções por dia (uma porção é
igual a uma concha média).
Incluir duas ou três porções de laticínios desnatados ou semidesnatados por dia.
CARACTERÍSTICAS DO EXERCÍCIO BENEFÍCIOS À SAÚDE COMENTÁRIO
< 150 min/semanais de intensidade
leve a moderada
Algum Algum exercício é certamente melhor que o sedentarismo
150-300 min/semanais de intensida-
de moderada
Substancial Exercício de maior duração e/ou intensidade confere
maiores benefícios
> 300 min/semanais de intensidade
moderada a alta
Adicional Informação científica atual não delimita claramente um
limite superior para os benefícios ou para que se torne
danoso para um dado indivíduo aparentemente saudável
Níveis recomendados de exercício físico para promoção e manutenção da saúde
48
Fatos e números sobre alimentação e doença cardiovascular
• Quem consome de 3 a 5 porções por dia de frutas e vegetais tem até 25% menos risco de
derrame do que pessoas que consomem menos do que isso. Os melhores alimentos nesse
caso são vegetais crucíferos (por exemplo: brócolis, repolho, couve-flor, couve de Bruxelas),
vegetais de folhas verdes, frutas cítricas, frutas ricos em vitamina C e legumes (117).
• O uso de polivitamínicos ou suplementos de vitaminas antioxidantes não mostrou benefícios
para prevenção de doenças cardiovasculares (DCV). Não há evidencias que sustentem esta
recomendação (48).
• É consenso que a indicação de consumo de peixes ricos em ômega 3, duas refeições na
semana, deve fazer parte das orientações dietéticas para prevenção de DCV. Entretanto,
ainda existe controvérsia sobre o benefício da suplementação diária com capsulas de óleo
de peixe, devido a resultados conflitantes de ensaios clínicos (48,56).
• Não é recomendada a suplementação de vitamina D para prevenção de doença cardiovas-
cular em pessoas com níveis sanguíneos normais desta vitamina. Da mesma forma, não há
evidências que sua suplementação em indivíduos com deficiência prevenirá a DCV (118).
• Suplementos de vitamina B e ácido fólico não são efetivos para prevenção de doença car-
diovascular primária ou secundária (118).
Como avaliar o risco cardiovascular do paciente?
Para decidir quais as metas terapêuticas adequadas para o paciente, bem como avaliar se o tratamento é ade-
quado e efetivo, é preciso, antes, estratificar o risco cardiovascular global do paciente. O objetivo é saber se o
paciente possui risco cardiovascular associado à hipertensão baixo, moderado, alto ou muito alto.
Existem diversos métodos e escores disponíveis para estimar o risco cardiovascular. Neste manual recomen-
damos a estimativa de risco baseada na observação de fatores de risco e doenças associadas (3). No Manual
referente ao serviço “Colesterol em dia” aprofundaremos a abordagem que permite calcular o risco, baseado no
Escore do Risco Cardiovascular Global (71).
Preferir os alimentos integrais, como pão, cereais e massas integrais ou de trigo integral.
Comer oleaginosas (castanhas), sementes e grãos, de quatro a cinco porções por sema-
na (uma porção é igual a 1/3 de xícara ou 40 gramas de castanhas, duas colheres de
sopa ou 14 gramas de sementes, ou 1/2 xícara de feijões ou ervilhas cozidas e secas.
Reduzir a adição de gorduras aos alimentos. Utilizar margarina light e óleos vegetais
ricos em gorduras poliinsaturadas (como óleo de oliva, canola, girassol).
Evitar a adição de sal aos alimentos. Evitar também molhos e caldos prontos, além de
produtos industrializados ricos em sódio.
Diminuir ou evitar a o consumo de doces e bebidas com açúcar.
49
Manual1.HipertensãoemDia
A estratificação de risco do paciente com hipertensão arterial pode ser feita em 4 etapas:
Identifique se existem condições clínicas associadas à hipertensão. Estas são: i) história de derrame
(acidente cerebrovascular isquêmico ou hemorrágico); ii) doença cardíaca (infarto, angina, insuficiên-
cia cardíaca, revascularização); iii) Doença renal (nefropatia diabética, redução importante da filtração
glomerular); iv) retinopatia avançada (hemorragias ou exsudatos, papiledema) e v) doença vascular
periférica. Pacientes com qualquer dessas condições são classificados como “muito alto risco”.
Identifique os fatores de risco cardiovascular adicionais à hipertensão. Estes são: i) idade (homem >
55 e mulheres > 65 anos); ii) tabagismo; iii) Dislipidemias (triglicérides >150 mg/dL; LDL colesterol
>100 mg/dL; HDL <40 mg/dL); iv) diabetes mellitus, e v) história familiar prematura de doença car-
diovascular (homens < 55 anos e mulheres < 65 anos). Considere a tabela de risco para estratificação,
conforme o número de fatores presentes.
Identifique se existe lesão de órgãos-alvos. Esta é uma identificação difícil ao farmacêutico, pois
geralmente depende de exames específicos feitos por cardiologista. Ainda assim, considerando o
relato do paciente, procure saber se alguma dessas situações está presente: i) hipertrofia ventri-
cular esquerda; ii) placa de ateroma detectada em carótida; iii) depuração de creatinina < 60 ml/
min/1,72m2; iv) microalbuminúria entre 30 mg a 300 mg em urina de 24 horas.
Estratifique o risco conforme estágio da HAS, número de fatores de risco e presença de condições
associadas. Considere a tabela a seguir:
Outros
fatores de
risco ou
doenças
Ótimo
PAS < 120
e PAD < 80
Normal
PAS 120-129
ou PAD 80-24
Limítrofe
PAS 130-139
ou PAD 85-89
Estágio 1
PAS 140-159
ou
PAD 90-99
Estágio 2
PAS 160-179
ou PAD 100-
109
Estágio 3
PAS >= 180
ou PAD >=
110
Nenhum fa-
tor de risco
RISCO BASAL RISCO BASAL RISCO BASAL RISCO BAIXO
RISCO
MODERADO
RISCO ALTO
1-2 Fatores
de risco
RISCO BAIXO RISCO BAIXO RISCO BAIXO
RISCO
MODERADO
RISCO
MODERADO
RISCO MUITO
ALTO
≥ 3 fatores
de risco, LOA
ou SM ou
DM
RISCO
MODERADO
RISCO
MODERADO
RISCO ALTO RISCO ALTO RISCO ALTO
RISCO MUITO
ALTO
Condições
clínicas
associadas
RISCO
MUITO ALTO
RISCO MUI-
TO ALTO
RISCO MUITO
ALTO
RISCO MUITO
ALTO
RISCO MUITO
ALTO
RISCO MUITO
ALTO
LOA - lesão de órgãos-alvos; SM - síndrome metabólica; DM - diabetes mellitus.
50
Quais são as metas do tratamento?
A meta terapêutica a ser alcançada pela maioria dos pacientes é atingir pressão arterial sistólica <140 mmHg
e pressão arterial diastólica <90 mmHg, de forma estabilizada. No entanto, diferentes metas podem existir de
acordo com o risco cardiovascular e a presença de condições clínicas específicas. As metas terapêuticas, de
acordo com a população-alvo estão descritas na tabela 13. Estes valores são para medidas casuais feitas em
consultório ou na farmácia. Veja adiante no texto quais são os resultados esperados para medidas domiciliares
ou MAPA.
TABELA 13. Metas terapêuticas de acordo com as características da população*
Hipertensos estágios 1 e 2 com risco cardiovascular baixo ou médio < 140/90 mmHg
Hipertensos e pressão limítrofe com risco cardiovascular alto ou muito alto, com
3 ou mais fatores de risco, DM, SM ou LOA**
<130/80 mmHg
Hipertensos com insuficiência renal (IR) com proteinúria > 1,0 g/l** <130/80 mmHg
Idosos (>60 anos) sem DM, SM, LOA ou IR* <150/90 mmHg
DM - diabetes mellitus; SM - síndrome metabólica; LOA - lesões em órgãos-alvos
* Metas definidas em diretrizes internacionais (26,72,73)
**JNC 8 considera meta <140/90 mmHg para esses pacientes
Como fazer uma boa medida da pressão arterial?
A avaliação do tratamento depende, fundamentalmente, da medida correta da pressão arterial. Existem várias
fontes de erro possíveis, relacionadas à medida da pressão arterial, destacando a calibração dos esfigmoma-
nômetros e o observador. Os manômetros aneroides se descalibram mais facilmente do que os de mercúrio.
Os aparelhos automáticos devem estar validados de acordo com protocolos específicos para serem usados.
O observador pode influenciar na medida da pressão arterial, pelo arredondamento do resultado para “zero”
e “cinco”. A presença do observador pode, ainda desencadear reação de alerta, ocasionando o fenômeno da
hipertensão do avental branco.
Cuidado nº 1: O equipamento
Existem basicamente três tipos de aparelhos para medida da pressão arterial: coluna de mercúrio, aneroide e
digital (74). O método mais comum na prática clínica para medida da PA é o indireto, com técnica auscultatória
e esfigmomanômetro de coluna de mercúrio ou aneroide. A tendência é a substituição completa dos aparelhos
de coluna de mercúrio e aneroides por equipamentos digitais automáticos ou semiautomáticos.
51
Manual1.HipertensãoemDia
Os aparelhos utilizados devem estar devidamente verificados e calibrados. Todos os aparelhos automáticos ou
semiautomáticos devem ser verificados uma vez por ano, de preferência nas dependências dos órgãos da Rede
Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade – RBMLQ (IPEMs – Institutos de Pesos e Medidas Estaduais) ou em
local designado pelo INMETRO. Informações sobre a metodologia do INMETRO podem ser encontradas em:
http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/esfigmo2.asp
Os aparelhos aneroides não são os de primeira escolha para a medida da PA. Eles descalibram mais facilmente.
Por isso, devem ser avaliados pelo menos a cada seis meses pelos serviços especializados citados. Por outro lado,
muitos pacientes e farmacêuticos tem preferência pelo uso do equipamento aneroide. Assim, dispor de ambos
os tipos de aparelhos pode ser a melhor alternativa para a farmácia. Quando do uso do equipamento aneroide,
atenção redobrada para a técnica correta de medida e evitar o arredondamento dos resultados de PAS e PAD.
Os aparelhos eletrônicos digitais evitam erros relacionados ao observador e tem sido cada vez mais recomen-
dados pelas sociedades científicas. Deve-se observar na aquisição do aparelho de pressão digital a existência
de selo de aprovação do INMETRO e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) para uso profissional. Um
produto “aprovado” segue os critérios estabelecidos pelo Comitê do Selo de Aprovação SBC, os quais são base-
ados em padrões nacionais e internacionais, elaborados por órgãos mundiais como American Heart Association
(AHA), Heart and Stroke Foundation of Canada, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a própria
Sociedade Brasileira de Cardiologia (74).
Entre os aparelhos digitais, existem aqueles de braço, de pulso e de dedo. As diretrizes
nacionais e internacionais indicam a utilização de aparelhos de braço, considerando sua
maior confiabilidade e a reprodutibilidade de suas medidas. Aparelhos de pulso ou dedo
não são recomendados, mesmo para monitoramento pelo paciente em domicilio.
Existem equipamentos digitais validados para uso profissional ou para uso domici-
liar. No Brasil, há poucas marcas validadas disponíveis para uso profissional. A tabela
14 traz alguns modelos disponíveis.
Equipamento coluna
de Mercúrio*
Equipamento Aneroide** Equipamento Digital***
*Marca Unitec® **Marca Premium® ***Marca G-Tech®. Todas as marcas são registradas e de propriedade de seus fabrican-
tes. Fonte: (74)
52 Tabela 14. Aparelhos automáticos disponíveis no Brasil para uso profissional
Marca Modelos
MICROLIFE
BP 3AC1-1 PC
BP 3BTO-A
BP A100
UEBE Visomat Comfort 20/40
OMRON
HEM 705CP
HEM 403INT
HEM 710INT
HEM 742INT
G-TECH BP 3AA1-1
A Sociedade Brasileira de Hipertensão divulga em seu site os monitores disponíveis no país e aprovados pela
ANVISA para uso domiciliar (http://www.sbh.org.br/geral/monitores.asp). Estes equipamentos podem ser uti-
lizados para realização do monitoramento residencial da pressão arterial (MRPA) e da automedida da pressão
arterial (AMPA), técnicas que serão discutidas mais adiante (Tabela 15)(3).
53
Manual1.HipertensãoemDia
Tabela 15. Aparelhos automáticos disponíveis no Brasil para uso domiciliar
Marca Modelos
OMRON
HEM-4030
HEM-710INT
HEM-742INT
HEM-7113
HEM-7200
G-TECH
BPMA100
BP3ABOH
BPA50
O manguito adequado para o braço do paciente é outro ponto importante do equipamento. Embora a maioria
dos fabricantes não siga essas orientações, a largura da bolsa de borracha do manguito deve corresponder a
40% da circunferência do braço e seu comprimento a pelo menos 80%. Os aparelhos de pressão normalmente
acompanham manguito padrão, inadequado para medida da PA em crianças ou obesos, por exemplo. É altamen-
te recomendável ao farmacêutico dispor de manguitos extras adequados a várias circunferências de braços (74).
Para o cuidado farmacêutico na farmácia, tenha, no mínimo, o manguito tamanho adulto grande (obesos), além
do manguito padrão que vem com o equipamento (Tabela 16).
54 Tabela 16. Dimensões da bolsa de borracha para diferentes circunferências de braço em crianças e adultos
Manguito Circunferência do braço (cm) Bolsa de Borracha (cm)
Largura / Comprimento
Recém-nascido <11 4/8
Criança 11-15 6/12
Infantil 16-22 9/18
Adulto Pequeno 20-26 10/17
Adulto 27-34 12/23
Adulto Grande 35-45 16/32
Cuidado nº 2: A técnica
Recomendações para medida da pressão arterial por técnica auscultatória
PREPARO DO PACIENTE
1. Explicar o procedimento ao paciente e deixá-lo em repouso por pelo menos 5 minutos em ambiente calmo.
Este deve ser instruído a não conversar durante a medida. Possíveis dúvidas devem ser esclarecidas antes ou
após o procedimento.
2. Certificar-se de que o paciente NÃO:
• Está com a bexiga cheia. Praticou exercícios físicos há pelo menos 60 minutos
• Ingeriu bebidas alcoólicas, café ou alimentos
• Fumou nos 30 minutos anteriores.
3. Posicionamento do paciente:
Deve estar na posição sentada, pernas descruzadas, pés apoiados no chão, encostado na cadeira e relaxado.
O braço deve estar na altura do coração, livre de roupas, apoiado, com a palma da mão voltada para cima e o
cotovelo ligeiramente flexionado.
PARA A MEDIDA:
1. Avaliar a circunferência do braço e selecionar o manguito de tamanho adequado.
2. Colocar o manguito, sem deixar folgas, 2 a 3 cm acima da fossa cubital (cotovelo).
3. Centralizar o meio da parte compressiva do manguito sobre a artéria braquial.
4. Estimar o nível da pressão sistólica pela palpação do pulso radial. O seu reaparecimento corresponderá à PA
sistólica.
5. Palpar a artéria braquial na fossa cubital e colocar a campânula ou o diafragma do estetoscópio sem com-
pressão excessiva.
6. Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mmHg o nível estimado da pressão sistólica, obtido pela palpação.
7. Proceder à deflação lentamente (velocidade de 2 mmHg por segundo).
8. Determinar a pressão sistólica pela ausculta do primeiro som, que é em geral fraco seguido de batidas regu-
lares, e, após, aumentar ligeiramente a velocidade de deflação.
9. Determinar a pressão diastólica no desaparecimento dos sons.
10. Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar seu desaparecimento e depois
proceder à deflação rápida e completa.
11. Sugere-se esperar em torno de um minuto para nova medida
12. Informar os valores de pressões arteriais obtidos para o paciente.
13. Anotar os valores exatos sem “arredondamentos” e o braço em que a pressão arterial foi medida.
Obs. No caso de uso de equipamento automático, siga as instruções do fabricante.
Evite os erros mais comuns cometidos durante a medida. A medida inadequada da pressão arterial pode levar
a resultados falsos e interpretações inadequadas. A seguir descrevemos os principais tipos de erros durante a
medida, e seu resultado nos valores de PA.
Manual 1 -_hipertensao_arterial
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  • 2. Manual 1 Hipertensão em Dia SERVIÇOS FARMACÊUTICOS . 2016/2017
  • 3.
  • 4. AUTORES: Cassyano J Correr, BPharm, MSc, PhD Departamento de Farmácia, Universidade Federal do Paraná Consultor Abrafarma - Projeto Assistência Farmacêutica Avançada projetofarma@abrafarma.com.br Wálleri Christini Torelli Reis, BPharm, MSc Ambulatório de Atenção Farmacêutica do Hospital de Clínicas, Laboratório de Serviços Clínicos e Evidências em Saúde, Universidade Federal do Paraná. REVISÃO: Thais Teles de Souza, BPharm, MSc Ambulatório de Atenção Farmacêutica do Hospital de Clínicas, Laboratório de Serviços Clínicos e Evidências em Saúde, Universidade Federal do Paraná. Os autores agradecem aos membros do GTFARMA, farmacêuticos coordenadores e super- visores das Redes associadas à Abrafarma, bem como aos seus colaboradores, pela leitura, revisão e sugestões de melhoria feitas aos Manuais durante seu processo de elaboração. Muito obrigado!
  • 5. Os autores deste manual empenharam seus melhores esforços para assegurar que as informações e os procedimentos apresentados no texto estejam em acordo com os padrões aceitos à época da publicação, e todos os dados foram atualizados pelos autores até a data da entrega dos originais à editora. Entretanto, tendo em conta a evolução das ciências da saúde, as mudanças regulamentares governamentais e o constante fluxo de novas informações sobre terapêutica e reações adversas a fármacos, recomendamos enfaticamente que os leitores consultem sempre outras fontes fidedignas (p. ex., Anvisa, diretrizes e protocolos clínicos), de modo a se certificarem de que as informações contidas neste manual estão corretas e de que não houve alterações nas dosagens recomendadas ou na legislação regulamentadora. Reco- mendamos que cada profissional utilize este manual como guia, não como única fonte de consulta. Os autores e a editora se empenharam para citar adequadamente e dar o devido crédito a todos os detentores de direitos autorais de qual- quer material utilizado neste livro, dispondo-se a possíveis correções posteriores caso, inadvertida e involuntariamente, a identificação de algum deles tenha sido omitida. 616.132 C824 Correr, Cassyano Januário Manual 1: hipertensão em dia / Cassyano Januário Correr, Walleri Christini Torelli Reis. 1. ed. atualizada. Curitiba: Ed. Practice, 2016. 104 p. : il. ( algumas color.) ( Manual 1) ISBN 978-85-68784-00-6 Inclui bibliografia 1. Hipertensão. 2. Manuais. I. Reis, Walleri Christini Torelli. II. Título. FICHA CATALOGRÁFICA: MANUAL 1: HIPERTENSÃO EM DIA Copyright © 2016 © 2017 ABRAFARMA Reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na internet ou outros), sem permissão expressa da ABRAFARMA. ABRAFARMA - Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias Alameda Santos, 2300 - Conj. 71 - São Paulo / SP CEP 01418-200 | Tel.: (11) 4550-6201 Practice Editora | Grupo Practice Ltda Supervisão: Graziela Sponchiado | Capa e projeto gráfico: Raquel Damasceno Diagramação: Guilherme Menezes | Contatos: contato@grupopractice.com.br http://farmaceuticoclinico.com.br EDITORAÇÃO:
  • 6. SERVIÇOS FARMACÊUTICOS ABRAFARMA AVISO AO LEITOR Este manual possui caráter técnico-científico e destina-se exclusivamente aos profissionais farmacêuticos e colabora- dores das Redes de Farmácias e Drogarias associadas a Abrafarma. Sua elaboração tem por objetivo apresentar dire- trizes para a estruturação e performance dos serviços farmacêuticos nos estabelecimentos e, sob nenhuma hipótese, pretende substituir normas ou procedimentos estabelecidos na legislação sanitária ou profissional mais atual aplicável ao setor. A Abrafarma, bem como os autores, eximem-se de qualquer responsabilidade pelo mau uso deste recurso, bem como pela interpretação e aplicação de seu conteúdo feita por seus leitores.
  • 7.
  • 8. SUMÁRIO 11 A FARMÁCIA EM TRANSFORMAÇÃO 13 INTRODUÇÃO 15 PROGRAMA HIPERTENSÃO EM DIA 15 O que é o programa hipertensão em dia? 16 Quais são os benefícios para os pacientes? 17 PARTE 1: REVISANDO A DOENÇA 17 O que é hipertensão arterial? 17 Por que a hipertensão é importante? 18 Quais são as causas da hipertensão arterial? 19 A hipertensão arterial pode ser causada pelo uso de medicamentos? 21 Quais são as diretrizes clínicas mais importantes publicadas? 21 Como a hipertensão é diagnosticada? 21 O que fazer quando o paciente tem pressão baixa (hipotensão)? 22 Como a hipertensão é classificada? 24 Como a hipertensão é tratada? 26 Quais são os tratamentos de primeira linha? 26 Diuréticos 27 Inibidores da enzima conversora da angiotensina 29 Bloqueadores dos receptores AT1 da angiostensina II 30 Bloqueadores dos canais de cálcio 31 Betabloqueadores 34 Quais são os tratamentos de segunda linha? 34 Inibidores diretos de renina 34 Inibidores adrenérgicos de ação central
  • 9. 35 Alfabloqueadores 36 Vasodilatadores diretos 37 Existem medicamentos isentos de prescrição que podem beneficiar pacientes com hiperten- são? 39 Quais são os antihipertensivos disponíveis no Brasil? 41 Interações Medicamentosas 43 Quais são as medidas não-farmacológicas para hipertensão? 47 Como avaliar o risco cardiovascular do paciente? 49 Quais são as metas do tratamento? 49 Como fazer uma boa medida da pressão arterial? 54 Como avaliar se o tratamento está funcionando? 56 Monitoramento Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA): Interpretação 57 Automedida da pressão arterial (AMPA) 57 Monitorização da pressão arterial na farmácia comunitária 58 Como avaliar se o medicamento do paciente é adequado? 61 Quando é melhor usar uma associação de anti-hipertensivos 63 O que fazer na hipertensão resistente, de difícil controle? 63 Como lidar com hipertensão do jaleco branco e hipertensão mascarada? 64 Como detectar e tratar a hipotensão postural ou ortostática? 66 Como abordar a hipertensão durante a gravidez? 69 Opções de tratamento anti-hipertensivo durante a amamentação 70 Adesão e persistência ao tratamento anti-hipertensivo: fatos e números 71 PARTE 2: PROTOCOLO DE ATENDIMENTO 72 PASSO 1. ACOLHER 72 Como identificar os clientes para o serviço? 73 Como a equipe da farmácia pode ajudar? 74 Como deve ser o local de atendimento? 76 PASSO 2. AVALIAR 76 Como fazer a avaliação do paciente?
  • 10. 79 PASSO 3. ACONSELHAR 80 Qual deve ser o conteúdo da minha orientação? 81 Medidas para prevenção primária da hipertensão 81 Tratamento não-farmacológico no paciente hipertenso 81 Sobre o tratamento farmacológico da hipertensão 82 Se a pressão arterial estiver alterada, devo confirmar? 83 Como fazer o encaminhamento ao médico? 84 Como é a declaração de serviço farmacêutico? 85 Quando é importante acompanhar o paciente? 86 O que é o Diário de Saúde? 88 LEITURA RECOMENDADA 91 ANOTAÇÕES 92 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
  • 11.
  • 12. 12 A FARMÁCIA EM TRANSFORMAÇÃO Um dos maiores desafios da administração moderna é o de gerenciar o vazio, aquilo que não existe, inovar. É um grande desafio porque, no mundo imediatista e de busca pelo resultado em curto prazo no qual vivemos, não é fácil abstrair-se da realidade que bate à porta, dos problemas do dia-a-dia, e perguntar-se: “e se...?”. Como uma forma de ajudar suas redes associadas nesse exercício, a Abrafarma desenvolveu um método estru- turado de pensar sobre práticas que ainda não existem em nosso país. Assim, realizamos anualmente pelo me- nos uma missão técnica internacional, que reúne no mínimo um representante de cada empresa, num exercício de “olhar junto” realidades distintas da brasileira. Viajamos para países como Canadá, Estados Unidos, Espanha, França e Inglaterra, para exercitar esse “olhar junto”, que se constitui num conjunto de conversas estruturadas, visitas a empresas, workshops e participação de especialistas que ajudam este dedicado grupo a fazer as per- guntas corretas e aprender métodos diferentes de fazer varejo. Foi assim, por exemplo, que o dermo-cosmético tornou-se realidade no Brasil. Após uma das nossas missões internacionais. Esse “olhar estruturado” da Abrafarma tem se voltado, nos últimos anos, para o repensar do varejo farmacêu- tico, que observamos principalmente nos EUA: estabelecimentos que, além de ampla oferta de medicamentos, produtos de higiene, beleza e conveniências, tem repensado o papel do profissional Farmacêutico para entregar mais valor à sociedade. Se antes parecia distante da realidade brasileira, a Farmácia nos EUA está se reinventan- do, e nos dando uma lição de como ir além! Para alcançarmos esse nível também no Brasil, precisamos repensar o papel do Farmacêutico, que deve ter função muito mais nobre do que entregar caixinhas de medicamentos ao usuário e esclarecer-lhes eventuais duvidas. Esse profissional pode colocar suas competências a serviço de uma proximidade maior com o paciente, agregando mais valor à sociedade. Assim, nasceu o Projeto Assistência Farmacêutica Avançada, cuja primeira etapa de trabalho está sendo desenvolvida desde 2013. A iniciativa prevê a formatação inicial de oito novos serviços que podem ser prestados nas redes da Abrafarma, desde a imunização até clínicas de autocuidado. É, portanto, com o objetivo de contribuir com a evolução do papel do Farmacêutico, e com esta Farmácia em Transformação no Brasil, que a Abrafarma lança este conjunto de manuais que serão a pedra fundamental de um “novo olhar” nessa área. Este material, elaborado sob supervisão direta do Prof. Cassyano Correr, que juntou-se à Abrafarma para burilar esta visão, também contou com o apoio inestimável dos membros do GT FARMA, nos- so grupo incansável de Coordenadores / Supervisores Farmacêuticos. A todos o meu melhor obrigado. Uma Farmácia em Transformação. É assim que nos enxergamos hoje. O vazio, nesse caso, já tem forma e pode ser preenchido, se assim o desejarmos. Temos um longo e belo trabalho pela frente. Sérgio Mena Barreto Presidente-Executivo da Abrafarma
  • 14. 14 Os serviços farmacêuticos prestados em farmácias e drogarias tem por objetivo promover saúde, prevenir do- enças e auxiliar na recuperação da saúde, promovendo o uso racional dos medicamentos. Para que o máximo benefício com o tratamento seja alcançado, é necessário que todos os processos da farmacoterapia ocorram de forma ótima, desde a escolha terapêutica, a dispensação do medicamento, a utilização e adesão ao tratamento, até a observação dos resultados terapêuticos. As farmácias e drogarias, dada sua capilaridade e facilidade de acesso em todo país, são pontos estratégicos onde o farmacêutico pode prestar serviços que colaborem com a otimização da farmacoterapia, em estreita colaboração com os pacientes, médicos, e demais profissionais e serviços de saúde. Do ponto de vista legal, avanços recentes firmam a farmácia como um lugar de referência da população para saúde, bem-estar e prestação de serviços. No âmbito sanitário, destaca-se a Resolução no 44/09 da Anvisa, que regulamenta a oferta de serviços de atenção farmacêutica nestes estabelecimentos, com objetivo de “prevenir, detectar e resolver problemas relacionados a medicamentos, promover o uso racional dos medicamentos, a fim de melhorar a saúde e qualidade de vida dos usuários”. Mais recentemente, a Lei no 13.021/14 definiu a farmácia como uma “unidade de prestação de serviços destinada a prestar assistência farmacêutica, assistência à saúde e orientação sanitária individual e coletiva”. Esta lei, ainda, obriga o farmacêutico no exercício de suas atividades, a proceder o acompanhamento farmacoterapêutico, estabelecer protocolos de vigilância farmacológica de medi- camentos [farmacovigilância], estabelecer o perfil farmacoterapêutico dos pacientes e prestar orientação farma- cêutica aos mesmos. No âmbito profissional, destacam-se as Resoluções no 585 e no 586, de 2013, do Conselho Federal de Farmácia, sobre as atribuições clínicas do farmacêutico e a prescrição farmacêutica, que reforçam o dever deste profissional no que diz respeito as atividades assistências e de cuidado direto dos pacientes. Esta coleção de Manuais tem por objetivo fornecer as diretrizes para a oferta e manutenção de uma carteira de serviços, bem como instrumentalizar os profissionais para um trabalho técnico de alto nível. Este manual está organizado em duas partes principais. A primeira traz uma revisão sobre a hipertensão, que reúne as principais evidências sobre o manejo da doença. A segunda parte apresenta o protocolo clínico do serviço, com objetivo de padronizar procedimentos e estruturar o atendimento realizado pelo farmacêutico e equipe da farmácia. Esperamos que você aprecie a leitura e que este material seja útil à sua prática profissional. Bom estudo! Os autores INTRODUÇÃO
  • 16. 16 PROGRAMA HIPERTENSÃO EM DIA O que é o programa hipertensão em dia? O programa “Hipertensão em Dia” compreende um conjunto de serviços oferecidos pelo farmacêutico das farmácias e drogarias às pessoas que se encontram sob risco de desenvolver hipertensão arterial e aquelas já diagnosticadas, que utilizam medicamentos para controle da doença. O programa visa a orientação sanitária individual, a elaboração de um perfil farmacoterapêutico, a vigilância farmacológica e o acompanhamento far- macoterapêutico dos pacientes. O objetivo destes serviços farmacêuticos é colaborar com a equipe de saúde e com o paciente para detecção rápida, orientação e encaminhamento de pessoas com pressão arterial elevada, para diagnóstico médico e tra- tamento apropriado. Além disso, o programa visa auxiliar pacientes em tratamento com medicamentos anti-hipertensivos, para que atinjam um melhor controle da pressão arterial, bem como de outros fatores de risco cardiovascular concomitan- tes. Em um ambiente confortável e privado da farmácia, os pacientes são atendidos pelo farmacêutico, que realiza uma avaliação global do controle pressórico e dos fatores de risco cardiovascular do paciente. Os pacientes são então orientados de forma personalizada e recebem um relatório detalhado dos resultados desta avaliação, que pode ser compartilhado com o médico. Após esta avaliação, pacientes sob tratamento anti-hipertensivo podem aderir a um programa de acompanha- mento, durante o qual são feitas avaliações periódicas e orientação continuada sobre adesão ao tratamento, uso correto dos medicamentos e mudanças no estilo de vida. Estes encontros podem ser mensais, bimestrais, ou até semestrais, dependendo da necessidade de cada paciente. Os atendimentos de retorno também podem coincidir com a aquisição mensal de medicamentos na farmácia.
  • 17. 17 Manual1.HipertensãoemDia ESTUDO POPULACIONAL: PRESSÃO MENOR É MELHOR 2 mmHg de redução na PAS 7% redução do risco de DAC 10% redução do risco de morte por AVC Meta-análise de 61 estudos prospectivos observacionais 1 milhão de adultos Legenda: PAS: pressão arterial sistólica, DAC: doença arterial coronariana, AVC: acidente vascular cerebral. Fonte: Lancet, 360 (9349), 1903–13. Quais são os benefícios para os pacientes? Diversos estudos mostram que a participação do farmacêutico na educação dos pacientes e na gestão da farma- coterapia melhora o controle da pressão arterial e a adesão dos pacientes ao tratamento. Um revisão sistemática com meta-análise publicada em 2010 pela Cochrane demonstrou um aumento na proporção de pacientes con- trolados sob cuidados do farmacêutico e uma redução média na pressão sistólica na ordem de 6mmHg (IC95% -8.8 a -3.83 mmHg) e na pressão diastólica de 3mmHg (IC95% -4.57 a -1.67) (1). Para que se tenha uma ideia do benefício cardiovascular que isso representa, estudo publicado no Lancet, envolvendo mais de 1 milhão de adultos mostrou que para cada redução de 2 mmHg na pressão sistólica, há uma redução de 7% no risco de Doença Arterial Coronariana (DAC) e de 10% no risco de morte por acidente cerebrovascular (derrame) (2).
  • 18. 18 PARTE REVISANDO A DOENÇA O que é hipertensão arterial? A Pressão Arterial (PA) é o resultado da força exercida pelo sangue contra a parede das artérias, sendo depen- dente principalmente de duas grandezas: o débito cardíaco e a resistência vascular periférica. Os níveis normais de PA em adultos são geralmente inferiores a 120/80 mmHg (milímetros de mercúrio). A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é “uma condição clínica multifatorial, caracterizada por níveis elevados da PA, de maneira sustentada. A doença está associada frequentemente a alterações funcionais e/ou estrutu- rais em órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e a alterações metabólicas, com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não-fatais” (3). A hipertensão é chamada “primária” quando não existe uma doença de base causando o aumento da pressão ar- terial. Em outros casos, a hipertensão pode ser “secundária” a uma doença de base ou ao uso de medicamentos ou drogas. Exemplos de doenças que podem causar hipertensão incluem a doença renal crônica, o hiperaldoste- ronismo primário e o feocromocitoma. A hipertensão arterial sistêmica secundária tem prevalência de 3% a 5%. Por que a hipertensão é importante? A hipertensão é a doença cardiovascular mais prevalente do mundo. No Brasil, estudos indicam que 1 a cada 3 adultos são hipertensos (30% de prevalência), podendo chegar a 40% de prevalência em algumas regiões. Entre os idosos a porcentagem de hipertensos passa de 50% (4,5). A hipertensão é o principal fator de risco cardiovascular modificável. A morbimortalidade por doenças cardio- vasculares aumenta progressivamente com elevações da PA a partir de 110/75 mmHg, de forma linear, contínua e independente (6). A hipertensão não controlada aumenta o risco de dano vascular, com consequências como insuficiência cardíaca, infarto agudo do miocárdio, derrame, acidente cerebral isquêmico, insuficiência renal e comprometimento da circulação sanguínea (7).
  • 19. 19 Manual1.HipertensãoemDia O grande desafio da hipertensão é alcançar o controle pressórico. Apesar de estudos demonstrarem que a te- rapia anti-hipertensiva está associada a reduções significativas da morbimortalidade, tão altas quanto 20-25% no risco relativo de incidência de insuficiência cardíaca e infarto agudo do miocárdio, e 30 a 40% no risco de acidentes vasculares cerebrais, a gestão dos pacientes hipertensos ainda está muito aquém do ideal (8–10). Es- tudo conduzido em veteranos americanos demonstrou que aproximadamente 40% dos pacientes apresentam valores de PA fora das metas terapêuticas, apesar de uma média de seis consultas relacionados com hipertensão por ano (11). No Brasil, a maioria dos estudos mostra que mais de 60% dos pacientes controlam mal a condição. Portanto, é esperado que apenas 3 ou 4 a cada 10 pacientes tratados estejam com pressão arterial estabilizada abaixo de 140/90 mmHg (12). Quais são as causas da hipertensão arterial? Algumas características são consideradas fatores de risco para HAS e merecem intervenção ativa de profissio- nais de saúde (tabela 1). Populações com estas características devem ser avaliadas cuidadosamente a fim de confirmar ou descartar a presença da condição (1). Infarto do miocárdio Acidente cerebrovascular isquêmico Derrame cerebral COMPROMETIMENTO VASCULAR Espessamento do músculo cardíaco Enfraquecimento do músculo cardíaco Atrofia renal Insuficiência renal Redução do fluxo sanguíneo Aumento do risco 3x 8x 7x 8x 6x 2x
  • 20. 20 TABELA 1. Fatores de risco para hipertensão arterial Idade A prevalência de HAS aumenta de maneira linear com o envelhecer; Gênero e etnia Maior prevalência de HAS é evidenciada em homens até os 50 anos. Após esta idade, maior prevalência em mulheres é observada. Indivíduos afrodescenden- tes também apresentam maior prevalência de HAS, atenção especial deve ser dada a mulheres negras; Excesso de peso e Obesidade Excesso de peso está associado a maior prevalência de HAS desde idades jo- vens; Ingestão de sal Ingestão excessiva de sódio tem sido correlacionada com elevação da PA; Ingestão de álcool A ingestão excessiva de álcool por períodos prolongados de tempo pode au- mentar a PA e a mortalidade cardiovascular em geral; Sedentarismo Atividade física reduz a incidência de HAS, mesmo em indivíduos pré-hiper- tensos, bem como a mortalidade e o risco de doenças cardiovasculares (DCV); Genética A contribuição de fatores genéticos para a gênese da HAS está bem estabeleci- da na população. Entretanto, não existem, até o momento, variantes genéticas que, possam ser utilizadas para predizer o risco individual de se desenvolver HAS. Outros fatores de risco cardiovascular Fatores de risco cardiovascular geralmente se apresentam de maneira agregada, portanto pacientes com outros fatores, como diabetes mellitus e dislipidemia, estão predispostos a desenvolver HAS e merecem acompanhamento frequen- te. A hipertensão arterial pode ser causada pelo uso de medicamentos? Sim. Alguns medicamentos são capazes de elevar a PA de maneira importante e persistente, principalmente os anti-inflamatórios não-esteroidais e os glicocorticoides. Estes medicamentos merecem atenção tanto em pes- soas sem diagnóstico de HAS, como naquelas sob tratamento. Saiba mais sobre eles: Anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) Todos os AINEs podem aumentar a pressão arterial. O aumento médio da pressão arterial sistólica é de 2-3 mmHg, mas pode variar consideravelmente de paciente para paciente (13–15). Além disso, o uso de AINE pode reduzir o efeito de todos os anti-hipertensivos, exceto dos bloqueadores do canal de cálcio (16). O efeito pró-hipertensivo é dependente da dose e provavelmente envolve a inibição da ciclo-oxigenase-2 (COX- 2) nos rins, o que diminui a excreção de sódio e aumenta o volume intravascular (17). Baixas doses de AAS não exercem efeitos inibidores da COX- 2 e portanto não estão associadas a oscilações nos valores de PA (17).
  • 21. 21 Manual1.HipertensãoemDia Durante o acompanhamento de pacientes hipertensos, o uso de AINEs deve ser investigado e, em casos de automedicação, prontamente desaconselhado. Alternativas terapêuticas podem ser aconselhadas. Para dor e febre, alternativas aos AINES incluem o paracetamol e a dipirona, em doses usuais. Atenção, pois a dipirona pode produzir redução da pressão arterial em alguns pacientes, o que pode levar a episódios de hipotensão. Quando prescritos, o uso desses medicamentos deve ser acompanhado, e em casos de alteração nos valores pressóricos, sua indicação deve ser reavaliada criteriosamente. Quando os AINEs são insubstituíveis, o farma- cêutico pode sugerir ao médico aumento de dose da terapia anti-hipertensiva ou uso de associação, a fim de restabelecer o controle pressórico. Considerar ainda que o uso prolongado de AINES em pessoas com históri- co ou risco aumentado de úlcera péptica deve ser associado à proteção gástrica com inibidores da bomba de prótons, tais como, omeprazol, pantoprazol, esomeprazol, dentre outros (18–23). Antagonistas dos receptores de histamina H2 não apresentam eficácia comprovada para proteção primária de úlceras associadas ao uso de AINEs (24). Glicocorticoides Hipertensão relacionada ao uso de glicocorticoides exógenos ocorre em aproximadamente 20% dos pacientes. Estes medicamentos têm capacidade para alterar tanto o volume circulante quanto a resistência vascular. O controle da hipertensão em pacientes que fazem uso de tais substâncias pode ser realizado através do ajuste de dose ou pelo uso de doses diferentes do medicamento em dias alternados. O uso crônico de corticoides por períodos longos de tempo, em doses baixas ou por via inalatória, não parece desencadear a hipertensão arterial (25). TABELA 2. Outras substâncias que podem interferir no controle da pressão arterial MEDICAMENTOS EFEITO SOBRE A PA AÇÃO SUGERIDA Imunossupressores (ciclosporina, tacrolimus) Intenso e frequente Tratamento com IECA e BCC (nifedipino/ anlodipino). Ajustar nível sérico. Reavaliar opções. Anorexígenos (sibutramina) Aumento moderado, mas pouco relevante Monitorar PA ao longo do tratamento. Observar se a PA melho- ra com perda de peso. Vasoconstritores e ergotamina Efeito variável, transitório Usar por período limitado de tempo. Preferir descongestionantes por via nasal. Tratar cefaleia com analgésicos sem ergotamina ou isometepteno. Eritropoietina humana Efeito variável e frequente Avaliar hematócrito e dose semanal Contraceptivos orais Efeito variável, prevalência de HAS até 5% Avaliar se é possível a substituir o método com o paciente. Discutir com prescritor. Antidepressivos (IMAO e tricíclicos) Efeito intenso com IMAO. Efeito variável com tricíclicos. Abordar como emergência hipertensiva. Encaminhar com urgência. Drogas ilícitas (anfeta- minas, cocaína) Efeito agudo, intenso. Dose-dependente. Abordar como emergência hipertensiva. Encaminhar com urgência. *IECA – Inibidores da enzima conversora de angiotensina; BCC – Bloqueadores dos canais de cálcio; PA – Pressão arterial; HAS – Hipertensão arterial sistêmica; IMAO – Inibidores da monoaminoxidase.
  • 22. 22 Quais são as diretrizes clínicas mais importantes publicadas? Diretrizes são documentos oficiais que sintetizam as evidências sobre uma determinada condição e servem de guia de prática para os profissionais de saúde. Existem inúmeros documentos de referência para diagnóstico e tratamento da hipertensão publicados em todo mundo. Entre eles, um dos mais importantes é o JNC (Joint Na- tional Comittee), publicado nos Estados Unidos. Este documento encontra-se atualmente em sua oitava edição (JNC 8), publicada em 2014 por um grupo de especialistas de dezessete instituições diferentes (26). No Brasil, as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão mais recentes foram publicadas em 2010 (3). Nela participa- ram mais de 100 profissionais dedicados a essa área específica do conhecimento, representando as Sociedades Brasileiras de Cardiologia, Hipertensão e Nefrologia, além de outras 10 relacionadas direta ou indiretamente ao assunto. O documento pode ser obtido gratuitamente em www.cardiol.br Como a hipertensão é diagnosticada? A HAS é diagnosticada pela detecção de níveis elevados e sustentados de PA em medida casual. São considera- dos elevados resultados iguais ou superiores a 140/90 mmHg. A medida da PA deve ser realizada em toda ava- liação por médicos de qualquer especialidade e demais profissionais da saúde. Pacientes com valores alterados em medidas realizadas pelo farmacêutico devem ser encaminhados para diagnóstico. O médico é o responsável pelo diagnóstico da hipertensão e poderá fazê-lo tanto pela confirmação de PA elevada na consulta, como pela Medida Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA), que é um procedimento de avaliação da PA em 24 horas. O que fazer quando o paciente tem pressão baixa (hipotensão)? A hipotensão é um sinal, não é uma doença, e não é patognomônica de qualquer condição específica por si só. Ela pode ser encontrada tanto em condições críticas agudas como em condições crônicas (27). De maneira geral, assume-se como normal uma pressão arterial de 120/80 mmHg. No entanto, é necessário ter em mente, que esses valores podem variar de acordo com o paciente. Um importante estudo populacional indi- cou variações nos valores pressóricos basais em pacientes saudáveis de 109-137 mmHg para a pressão arterial sistólica (PAS) e 66-87 mmHg para a pressão arterial diastólica (PAD) (28). A definição padrão de hipotensão no adulto inclui os resultados de: a PAS <90 mmHg ou Pressão Arterial Média (PAM) <60 mmHg [PAM = PAS + (PAS-PAD)/3], diminuição de mais de 40 mmHg abaixo da linha pressórica ba- sal do indivíduo, ou qualquer combinação desses parâmetros (29). Em alguns estudos, a definição de hipotensão
  • 23. 23 Manual1.HipertensãoemDia considera PAS <100 mmHg (30,31). De maneira prática, a pressão arterial “boa” para cada paciente pode variar, e consequentemente episódios de hipotensão também. Assim, se um paciente apresenta valores usuais de pressão 100/60 mmHg, de maneira assintomática, esse não deve ser considerado um caso de hipotensão. Em outro caso, se o paciente apresenta valores basais mais elevados, como 140/90 mmHg, uma pressão de 100/60 mmHg pode evoluir com sintomas e tratar-se de um caso de hipotensão aguda (27). Devo me preocupar com hipotensão nos seguintes casos: • Pacientes com PAS ≤90 ou ≤100 mmHg, desde que os valores basais da pessoa não sejam normalmente baixos; • PAM ≤60 mmHg; • Redução ≥40 mmHg em relação aos níveis pressóricos basais; • Sintomas de hipoperfusão, como fadiga e tontura. Em geral, a hipotensão não requer tratamento específico, pois tende a cursar com melhora espontânea. É im- portante investigar possíveis causas do sintoma, por exemplo, o próprio uso de anti-hipertensivos ou outros medicamentos vasodilatadores. Nestes casos, se os sintomas persistem será necessário modificar o tratamento, reduzindo a dose diária por exemplo. Recomendamos leitura neste manual sobre como abordar as situações de hipotensão postural. Nos casos de queda brusca de pressão arterial, acompanhada de sintomas, uma me- dida efetiva é deitar o paciente de costas, e levantar suas pernas a um nível acima do coração e da cabeça. Também recomenda-se ingerir bastante líquido, em pequenos goles, principalmente se estiver em jejum há muitas horas. Não há evidencias de que comer alimentos salgados produza benefícios nestes casos agudos, ainda que os ris- cos dessa medida sejam mínimos. Caso o paciente não obtenha melhora em 15 minu- tos, deve ser encaminhado para atendimento médico de urgência. Existem alguns medicamentos que podem ser usados para tratamento da hipotensão persistente, todos eles de venda sob prescrição médica. Exemplos incluem os simpatomiméticos, a fludrocortisona, a diidroergotamina e a eritropoietina. Como a hipertensão é classificada? A HAS pode ser classificada em estágios, conforme os valores de pressão sistólica e diastólica, mensurados no consul- tório. Atualmente as principais classificações adotadas na prática clínica são as definidas pelas Diretrizes Brasileiras de Hipertensão de 2010 (Tabela 3) (3) e a classificaçãoAmericana, estabelecida pelaJoint National Committee (JNC8) (26).
  • 24. 24 TABELA 3. Classificação da Hipertensão Arterial Sistêmica, proposta pela VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. CLASSIFICAÇÃO PRESSÃO SISTÓLICA (MMHG) PRESSÃO DIASTÓLICA (MMHG) Ótima <120 <80 Normal <130 <85 Limítrofe* 130– 139 85– 89 Hipertensão estágio 1 140– 159 90– 99 Hipertensão estágio 2 160– 179 100– 109 Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110 Hipertensão sistólica isolada ≥ 140 <90 * Quando as pressões sistólica e diastólica situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação da pressão arterial. As diretrizes brasileiras classificam a hipertensão em 3 estágios, a cada aumento de 20mmHg na Pressão arterial sistólica (PAS) ou 10 mmHg na Pressão arterial diastólica (PAD). O JNC, por outro lado, classifica a HAS em 2 es- tágios (Tabela 4). No JNC, pacientes na faixa entre 120/80 mmHg e 139/89 mmHg são classificados como tendo “pré-hipertensão”, enquanto na diretriz brasileira essas pessoas têm PA considerada de normal a limítrofe. Em ambas as classificações, ainda, observamos a existência da “hipertensão sistólica isolada, que ocorre quando a PAD permanece abaixo de 90 mmHg, enquanto existe elevação da PAS. Este tipo de hipertensão é mais comum em idosos e a meta do tratamento, neste caso, é principalmente atingir o controle da PAS. Em geral, valores de PA inferiores a 120/80 mmHg são considerados ótimos e não existem valores mínimos de referência. Deve-se buscar um resultado de PA que não produza desconforto ou sintomas de hipotensão no pa- ciente. HIPERTENSÃO ESTÁGIO 3 HIPERTENSÃO ESTÁGIO 2 HIPERTENSÃO ESTÁGIO 1 LIMÍTROFE NORMAL ÓTIMA* PRESSÃO ARTERIAL DIASTÓLICA PRESSÃOARTERIALSISTÓLICA 80 120 130 140 160 180+ 85 90 100 110+
  • 25. 25 Manual1.HipertensãoemDia TABELA 4. Classificação da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), proposta pelo Joint National Committee. CLASSIFICAÇÃO PRESSÃO SISTÓLICA (MMHG) PRESSÃO DIASTÓLICA (MMHG) Ótima <120 <80 Pré-hipertensão 120– 139 80– 89 Hipertensão estágio 1 140– 159 90– 99 Hipertensão estágio 2 ≥160 ≥ 100 Hipertensão sistólica isolada ≥ 140 <90 O estadiamento da hipertensão é uma etapa importante na gestão clínica do paciente, já que a partirdele e de outros fa- tores determinantes, como o risco cardiovascular, haverá a definição do tratamento a ser empregado em cada situação. Como a hipertensão é tratada? A hipertensão é tratada com medidas não-farmacológicas e com medicamentos. Algumas mudanças na ali- mentação, nos hábitos de vida e na prática de atividade física comprovaram ter eficácia na redução da pressão arterial. Entre os medicamentos, o tratamento pode ser feito em monoterapia ou terapias associadas e existem diversas classes de anti-hipertensivos, com diferentes mecanismos de ação e perfis de eficácia e segurança. Quando a hipertensão é tratada, objetivos de curto prazo e de longo prazo são estabelecidos. No curto prazo, o que se busca é a redução e estabilização da pressão arterial (geralmente para <140/90 mmHg). No longo prazo, o objetivo é a prevenção de eventos cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebrovascular (AVC), que estão diretamente relacionados aos valores pressóricos aumentados (3,32–36). Além do controle da PA, é indispensável identificar o risco cardiovascular global do paciente. Saber se o paciente possui risco associado baixo, moderado, alto ou muito alto direciona o esquema do tratamento anti-hipertensivo e a meta terapêutica e dá uma visão mais integral sobre quais medidas preventivas são mais importantes para o paciente. Todos os agentes anti-hipertensivos são igualmente eficazes na redução da PA, produzindo uma boa resposta anti-hipertensiva em 30% a 50% dos pacientes. No entanto, existe grande variabilidade interindividual, fato que explica o porquê de alguns pacientes responderem bem a um determinado anti-hipertensivo e não a outros (3,36–40). Entre os primeiros anti-hipertensivos, lançados nos anos 50, estão os vasodilatadores diretos (p.ex. hidralazina). A estes se seguiram pelo menos outras oito classes de medicamentos, sendo a mais recentemente colocada no mercado os inibidores de renina.
  • 26. 26 O Quadro a seguir traz os anti-hipertensivos comercializados no Brasil, organizados por classe farmacológica. Vasodilatadores diretos Diuréticos tazídicos Agonistas centrais Alfa-2 Bloqueadores de canais de cálcio (diltiazem, verapamil) Beta- bloqueadores Alfa- bloqueadores Bloqueadores de canais de cálcio (nifedipino e família) Inibidores de ECA Bloqueadores AT1 Inibidores da Renina Diuréticos Tiazídicos Clortalidona, Hidroclorotiazida, Indapamida Alça Bumetanida, Furosemida, Piretanida Poupadores de potás- sio Amilorida, Espironolactona, Triantereno Inibidores adrenérgicos Ação central Alfametildopa, Clonidina, Guanabenzo, Moxonidina, Rilmenidina, Reser- pina Betabloqueadores* Atenolol, Bisoprolol, Carvedilol, Metoprolol, Nadolol, Nebivolol, Proprano- lol, Pindolol Alfabloqueadores Doxazosina, Prazosina, Terazosina Bloqueadores dos canais de cálcio (BCC) Fenilalquilaminas Verapamil Benzodiazepinas Diltiazem Diidropiridinas Anlodipino, Felodipino, Isradipina, Lacidipina, Lercarnidipino, Manidipi- no, Nifedipino, Nisoldipino, Nitrendipino Inibidores da ECA** Benazepril, Captopril, Cilazapril, Delapril, Enalapril, Fosinopril, Lisinopril, Perindopril, Quinapril, Ramipril, Trandolapril Bloqueadores do receptor AT1 Candesartana, Irbersartana, Losartana, Olmesartana, Telmisartana, Valsarta- na Inibidor direto da renina Alisquireno*** Vasodilatadores diretos Hidralazina, Minoxidil *Estudos não demonstraram a redução de desfechos cardiovasculares importantes, como acidente vascular cerebral, em pacientes com idade > 60 anos, motivo pelo qual esta classe só deve ser utilizada nesta população em condições especiais, como concomitância de disfunção do ventrículo esquerdo. **IECA são mais efetivos em jovens caucasianos ***Estudos não demonstraram benefícios clínicos comparáveis a IECA/BRA. 1950s 1960s 1970s 1980s 1990s 2000s
  • 27. 27 Manual1.HipertensãoemDia Quais são os tratamentos de primeira linha? Os medicamentos de primeira linha são aqueles considerados como terapia de escolha inicial para hipertensão, em monoterapia ou associação. Diuréticos Como eles agem? Os diuréticos agem predominantemente pela eliminação renal de sódio e água. Inicialmente eles reduzem o volume extracelular, entretanto, após algumas semanas de tratamento (4-6 semanas) o volume circulante se normaliza e existe a redução da resistência vascular periférica. Eles são opções efetivas no tratamento da hi- pertensão, e inúmeros estudos comprovaram sua ação na redução da morbimortalidade relacionada a doenças cardiovasculares (3,36–38). Aplicações Os diuréticos tiazídicos são preferidos no tratamento da hipertensão primária. Os principais representantes da classe utilizados na prática clínica são a hidroclorotiazida, a clortalidona e a indapamida. Os diuréticos de alça (ex. furosemida) são reservados para hipertensão associada à insuficiência renal com taxa de filtração glomerular abaixo de 30 ml/min/1,73 m2 e em insuficiência cardíaca com retenção de volume. Já os diuréticos poupado- res de potássio (ex. amilorida, espironolactona) apresentam eficácia anti-hipertensiva limitada, podendo ser utilizados associados a diuréticos tiazídicos e de alça para prevenção e tratamento de hipocalemia (redução do potássio) (3). Orientações ao paciente (41,42) Tiazídicos • Relatar ao paciente os riscos de desequilíbrio eletrolítico associados ao tratamento (principalmente hiperu- ricemia, hipopotassemia e aumento de triglicerídeos). Outros efeitos adversos menos frequentes são cons- tipação intestinal, parestesias e impotência sexual. Como hipopotassemia acontece com maior frequência, monitorar sinais/sintomas, como: fraqueza ou espasmos musculares e alterações no ritmo cardíaco; • Podem causar hipotensão, visão turva, vertigem, ou tontura, principalmente no início do tratamento. Instruir o paciente a evitar atividades que exigem estado de alerta ou coordenação até que os sintomas cessem; • Aconselhar o paciente para relatar sinais / sintomas de miopia transitória aguda associada a glaucoma agudo (raros), incluindo dor ocular súbita ou diminuição da acuidade visual, pois estes podem estar relacionados ao uso do medicamento;
  • 28. 28 • Salientar que o uso concomitante de álcool pode agravar os sintomas de hipotensão, principalmente ortostática. Diuréticos de alça • Relatar ao paciente os riscos de desequilíbrio eletrolítico associados ao tratamento (principalmente hiperu- ricemia, hipopotassemia e aumento de triglicerídeos). Outros efeitos adversos menos frequentes são cons- tipação intestinal, parestesias e impotência sexual. Como hipopotassemia acontece com maior frequência, monitorar sinais/sintomas, como: fraqueza ou espasmos musculares e alterações no ritmo cardíaco; • Monitorar hiperuricemia, que pode ocorrer em até 40% dos pacientes em tratamento com furosemida. Fique atento às alterações metabólicas que podem ser produzidas pelos diuréticos: • Diminuição do potássio sérico (valores abaixo de 3,5 mEq/L) • Aumento do ácido úrico (valores acima de 6,6 mg/dl mulheres ou 8,5 mg/dl homens) • Aumento da glicemia em jejum (valores acima de 100 mg/dl) • Aumento dos triglicerídeos (valores acima de 150 mg/dl) Inibidores da enzima conversora da angiotensina Como eles agem? Os Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina (IECA) atuam na via renina-angiotensina, através da inibi- ção da ECA, que converte angiotensina I em angiotensina II (43). A angiotensina II é um oligopeptídeo de oito aminoácidos, formado a partir do seu precursor, o angiotensinogê- nio, por uma série de duas clivagens enzimáticas. O angiotensinogênio é liberado para a circulação pelo fígado. A renina, produzida pelo rim, em resposta à hipoperfusão glomerular, catalisa a clivagem do angiotensinogênio em angiotensina I, um decapeptídeo inativo. A angiotensina I é, por sua vez clivada pela ECA para produzir a angiotensina II. A angiotensina II se liga aos seus receptores específicos e exerce seus efeitos no cérebro, rim, suprarrenal, parede vascular e coração. Além da vasoconstrição, um de seus efeitos é estimular a liberação de aldosterona pela suprarrenal, que por sua vez produz retenção de sódio e água, elevando a pressão arterial. Existem dois subtipos bem descritos de receptores da angiotensina II, designados receptores AT1 e AT2. Ambos têm uma grande afinidade para a angiotensina II (44,45). O subtipo AT1 media o efeito vasoconstritor e está relacionado
  • 29. 29 Manual1.HipertensãoemDia Aplicações Esses medicamentos estão relacionados à reduções significativas nos valores de pressão arterial e na morbimor- talidade por doenças cardiovasculares (3,48). A classe terapêutica é também indicada em outras condições, tais como, insuficiência cardíaca, infarto agudo do miocárdio, em especial quando existe redução da fração de ejeção, alto risco de doença aterosclerótica e na pre- venção secundária do AVC. Em longo prazo, os IECAs também retardam a evolução da nefropatia diabética (3,48). Orientações ao paciente (41,42) • Instruir o paciente a se levantar lentamente a partir de uma posição sentada / deitada, pois o medicamento pode causar hipotensão ortostática, principalmente nos primeiros dias de tratamento; • Instruir o paciente para relatar sinais / sintomas de hipotensão persistente (1,2 a 10,8% dos pacientes), como tonturas ou síncopes, ou tosse persistente (5-20%); • Aconselhar o paciente a monitorar sintomas de angioedema (0,1-1% dos pacientes), como inchaço da face, extremidades, olhos, lábios ou língua, dificuldade em engolir ou respirar, ou angioedema intestinal (dor ab- dominal de origem inexplicável); • O paciente deve evitar o uso de diuréticos poupadores de potássio, suplementos contendo potássio ou substitutos do sal, sem antes consultar o médico e o farmacêutico, pois o medicamento pode causar aumen- to dos níveis de potássio sérico (1-11%); ANGIOTENSINA II ENZIMA CONVERSORA DA ANGIOTENSINA (ECA) ANGIOTENSINA IANGIOTENSINOGÊNIO RENINA ALDOTERONA Retenção de sódio e água Os inibidores da ECA bloqueiam a ação desta enzima OS RINS DETECTAM A DIMINUIÇÃO NA PA Vasoconstrição a hipertensão e hipertrofia do ventrículo esquerdo (46). As ações do receptorAT2 são menos compreendidas. Recep- tores AT2 são expressos em maior abundância nos tecidos fetais, seguindo-se por um declínio da expressão após o nascimento (47). 1 2 3 4 5 6
  • 30. 30 E se o paciente tiver tosse usando um IECA? • Investigue outras possíveis causas da tosse, como o tabagismo. Em pacientes com insu- ficiência cardíaca, considere aumento na dose do diurético. • Continue o uso do IECA. Há de 38 a 55% de chance da tosse se resolver sozinha nos primeiros meses do tratamento. • Se a tosse incomoda muito, tente descontinuar o IECA (com anuência do prescritor) e veja se resolve. Se a tosse passar, você pode tentar o uso de outro IECA diferente, caso esta classe seja necessária para o paciente por outras causas. Mas saiba que em 90% das vezes a tosse irá ressurgir, mesmo com outro IECA. • Tente mudar o horário de administração ou reduzir a dose do medicamento. • Recomende o uso de antitussígenos MIP, que podem produzir alívio do sintoma, en- quanto se espera a tosse desaparecer. Opções incluem a dropropizina e o clobutinol. • Se nenhuma dessas alternativas funcionar, utilize uma classe anti-hipertensiva diferen- te. Uma alternativa razoável é intercambiar o IECA por um BRA, considerando sua ação na mesma via metabólica e sua equivalência na maioria das indicações. Bloqueadores dos receptores AT1 da angiostensina II Como eles agem? Os bloqueadores dos receptores AT1 da angiotensina II (BRA) antagonizam a ação da angiotensina II por meio do bloqueio específico de seus receptores. Os primeiros a serem lançados foram a Losartana e a Valsartana. Aplicações Apresentam eficácia semelhante aos IECA, e são recomendados em casos de intolerância a esta classe (3,48). Orientações ao paciente (41,42) • Os medicamentos dessa classe pode causar tonturas (2-17%), principalmente no início do tratamento. O paciente deve ser orientado a evitar atividades que exigem coordenação, até que o sintoma cesse; • Este medicamento pode causar diarreia (casos de enteropatia e diarreia crônica são associados à olmesar-
  • 31. 31 Manual1.HipertensãoemDia tana) e astenia ; • Instruir o paciente para relatar sinais / sintomas de hipotensão (5,5-7%), tosse (10% dos pacientes em uso de losartana) ou hipoglicemia (14% dos pacientes em uso de losartana). • O paciente deve evitar o uso de diuréticos poupadores de potássio, suplementos contendo potássio ou substitutos do sal, sem antes consultar o médico e o farmacêutico, pois o medicamento pode causar aumen- to dos níveis de potássio sérico (até 7%); Bloqueadores dos canais de cálcio Como eles agem? A ação anti-hipertensiva dos bloqueadores dos canais de cálcio (BCC) decorre da redução da resistência vascular periférica por diminuição da concentração de cálcio nas células musculares lisas vasculares. Apesar do meca- nismo final comum, esse grupo é dividido em três subgrupos, com características químicas e farmacológicas diferentes: fenilalquilaminas, benzodiazepinas e diidropiridinas (3,48). Aplicações São anti-hipertensivos eficazes e reduzem a morbimortalidade cardiovascular. Preferência é dada aos bloqueadores dos canais de cálcio de longa duração, seja por meia-vida longa ou por liberação controlada. Os diidropiridinicos são os principais BCC utilizados na prática clínica, e dentre seus representantes estão o anlodipino e o nifedipino (3,48). Verapamil e diltiazem possuem menor ação vasodilatadora e maior ação cardíaca, sendo utilizados também como antiarrítmicos. Orientações ao paciente (41,42) Agentes não-diidropiridinicos (Verapamil e Diltiazem) • Podem causar tonturas ou sensação de desmaio (particularmente com verapamil). O paciente deve ser orientado a evitar atividades que exijam estado de alerta ou coordenação; • O paciente deve prestar atenção em sinais / sintomas de hipotensão, principalmente no início do tratamen- to ou em alterações de dose. Também observar se surge de edema periférico; • Diltiazem pode ser associado à hiperplasia gengival e reações dermatológicas graves (raros) e verapamil é frequentemente associado à constipação (>25% dos pacientes). • Aconselhar o paciente contra interrupções súbitas dos medicamentos, pois isso pode precipitar crise hiper- tensiva rebote;
  • 32. 32 • O paciente deve evitar o uso concomitante de betabloqueadores ou digitálicos durante a terapia, salvo se indi- cados por profissionais de saúde, devido ao risco de bradicardia e bloqueio atrioventricular com a associação. Diidropiridinicos (nifedipino e família) • Podem causar tonturas (até 10%) e sonolência (1,4%), principalmente no início do tratamento. O paciente deve ser orientado a evitar atividades que exigem estado de alerta ou coordenação, até que o sintoma cesse; • Orientar quanto à possibilidade de palpitações (até 7%), edema periférico (>10% com anlodipino, até 30% com felodipino) fadiga, dores de cabeça (7-23%), dor abdominal (1,6%), náuseas (>10%), ou rubor (0,7-25%, efeito mais proeminente com felodipino), durante o tratamento; • Instruir paciente para relatar sinais / sintomas de exacerbação de angina ou infarto do miocárdio (raros) com o início ou aumento na dose, ou durante a retirada de betabloqueadores; • Aconselhar paciente contra interrupção súbita da droga, devido ao risco de taquicardia reflexa. Fatos sobre as reações adversas dos BCC • A cefaleia e o rubor facial costumam ser resultado direto da vasodilatação, induzida principalmente pela família do nifedipino (diidropiridinas). • No uso de apresentações de liberação imediata, esses efeitos adversos costumam surgir principalmente 1 a 3 horas após administração. • Tontura, principalmente ao se levantar, pode ser resultado de hipotensão postural. Per- manecer sentado por 5-10 minutos antes de se levantar pode ajudar. Cuidado redobra- do em idosos, pois há risco de quedas. • O edema de extremidades ocorre principalmente em pernas e tornozelo e pode ser tratado pela redução da dose. Outra alternativa é a adição de diurético ao tratamento, principalmente nos casos em que a pressão arterial não esteja bem controlada. Betabloqueadores Como eles agem? O mecanismo anti-hipertensivo dessa classe está relacionado à redução inicial do débito cardíaco, redução da secreção de renina, readaptação dos barorreceptores e diminuição das catecolaminas nas sinapses nervosas (3).
  • 33. 33 Manual1.HipertensãoemDia A primeira geração de betabloqueadores foi formada por fármacos não-cardiosseletivos, isto é, capazes de agir sobre receptores beta-1 e beta-2. Entre eles o propranolol. A segunda geração inclui fármacos mais cardiosse- letivos (beta-1), entre eles o atenolol. A terceira geração possui também ação de vasodilatação (bloqueio alfa-a- drenérgico) e inclui fármacos como o carvedilol e o nebivolol. A lipossolubilidade é mais uma característica que diferencia os betabloqueadores. Fármacos mais lipossolúveis tendem a se acumular no organismo com o uso prolongado e alcançam níveis superiores no sistema nervoso cen- tral. Efeitos adversos como insônia, pesadelos e depressão tendem a ser mais frequentes com estes fármacos. Os betabloqueadores mais lipossolúveis são o propranolol e o pindolol. Por outro lado, os mais hidrossolúveis são o atenolol e o nadolol. Aplicações São eficazes no tratamento da hipertensão arterial. A redução da morbimortalidade por eventos cardiovascula- res é bem documentada em grupos de pacientes com idade inferior a 60 anos (3). Uso cauteloso deve ser feito em pacientes com idade superior a 60 anos. Estudos e meta-análises recentes de- monstraram a ausência de efeito benéfico nesta faixa etária, principalmente falha em prevenir acidente vascular encefálico (49–51). Assim, o uso nesta população deve ser reservado para situações especiais, como a presença concomitante de coronariopatia, com disfunção sistólica, arritmias cardíacas ou infarto do miocárdio prévio (3). A tabela 5 mostra aplicações clínicas dessa classe além da hipertensão arterial. Tabela 5. Aplicações clínicas dos betabloqueadores FÁRMACO HAS ANGINA ARRITMIA IAM ICC COMENTÁRIOS NÃO-SELETIVOS ß1/ß2 Carvedilol X X* X Atividade alfabloqueadora Labetalol X X ASI; Atividade alfabloqueadora Nadolol X X X X Ação longa Pindolol X X ASI; AEM Propranolol X X X X AEM; betabloqueador padrão Sotalol X Diversos mecanismos significantes SELETIVOS ß1 Acebutolol X X X ASI Atenolol X X X X Betaxolol X X X AEM Bisoprolol X X X Esmolol X X Ação ultra curta, usado em cirurgias Metoprolol X X X X X AEM Nebivolol X Relativamente seletivo na maioria dos pacientes. Vasodilatador (liberador de óxido nítrico) Legenda: HAS: hipertensão arterial sistêmica; IAM: infarto agudo do miocárdio; ICC: insuficiência cardíaca; ASI: ação sim- patomimética intrínseca; AEM: Atividade estabilizadora da membrana. * carvedilol indicado pós IAM
  • 34. 34 Orientações ao paciente (41,42) • Podem causar tonturas (13% com atenolol, até 30% com carvedilol), principalmente no início do tratamento. O pa- ciente deve serorientado a evitaratividades que exigem estado de alerta ou coordenação, até que o sintoma cesse; • Pacientes devem ser orientados quanto ao risco de bradiarritmia (3-18%), extremidades frias (12% atenolol), fadiga (até 26%), depressão (até 12% atenolol), diarreia (2-12%) e náuseas. Carvedilol pode ser associado a ganho de peso (10-12%), hiperglicemia (5-12%), artralgia, mialgia, dores de cabeça, diminuição da libido, disfunção erétil (13,5%). Sintomas relacionados devem ser monitorados. • Sintomas cardiovasculares como, hipotensão (especialmente em idosos), arritmias, síncopes, palpitações, angina, ou edema devem ser monitorados durante o tratamento, especialmente com carvedilol. • Todos os betabloqueadores podem mascarar os sintomas de hipoglicemia. Aconselhar os pacientes diabéti- cos a monitorar cuidadosamente os níveis glicêmicos. • Aconselhar o paciente contra interrupção súbita da droga. • Pacientes com insuficiência cardíaca devem ser alertados que, apesar dos seus benefícios em longo prazo, betabloqueadores podem provocar piora transitória inicial, e efeito cronotrópico negativo importante. Fatos sobre as reações adversas dos Betabloqueadores • Os betabloqueadores são contraindicados para tratamento da hipertensão em pacientes com asma brônquica. • Nestes pacientes, a substituição de fármacos de primeira geração por agentes cardiosse- letivos não é recomendada, pois não há redução importante do risco de broncoespasmo, e existem agentes mais seguros. • Cuidado em diabéticos usuários de agentes secretores (p.ex glibenclamida) e insulina, pois os betabloqueadores podem mascarar sintomas de hipoglicemia, principalmente taquicar- dia, sudorese e tremor nas mãos. Isto é especialmente importante em pacientes idosos. • A redução da atividade cardíaca pode produzir cansaço, que pode impactar em atividades físicas e domésticas mais pesadas. O paciente deve ser aconselhado a ir mais devagar. • Pessoas que utilizam betabloqueadores por longos períodos (principalmente os menos lipossolúveis) não devem interromper o tratamento de forma súbita. O aumento na ex- pressão de receptores adrenérgicos no coração pode induzir crise hipertensiva quando o tratamento é interrompido, particularmente se não houver outro tratamento anti-hiper- tensivo presente. Recomenda-se redução gradual de dose no período de semanas. • Esses medicamentos devem ter seu uso cauteloso em idosos, considerando a ausência de efeitos benéficos sobre o risco de AVC nesta população.
  • 35. 35 Manual1.HipertensãoemDia Quais são os tratamentos de segunda linha? Inibidores diretos de renina Como eles agem? Alisquireno, único representante da classe atualmente disponível para uso clínico, promove uma inibição direta da ação da renina, com consequente redução da formação de angiotensina II (3). Aplicações O medicamento tem efeito na redução da pressão arterial semelhante a outras classes. Estudos a curto prazo in- dicaram possíveis benefícios na morbimortalidade cardiovascular (3). No entanto, ensaios clínicos recentes têm demonstrado dados conflitantes quanto à proteção de desenvolvimento e evolução de doença aterosclerótica coronariana (52,53). A diretriz Brasileira de Hipertensão (3), considera o Alisquireno como uma alternativa para o tratamento inicial da HAS, no entanto devido às controvérsias relacionadas aos seus benefícios cardiovasculares, o medicamento não é considerado de primeira linha em diretrizes internacionais conceituadas (39,54,55). Orientações ao paciente (41,42) • Este medicamento pode causar angioedema (raro, 0,06%) da face, extremidades, lábios, língua, glote e/ou laringe. Aconselhar paciente para relatar quaisquer sinais, incluindo dificuldade em respirar ou deglutir; • O paciente deve prestar atenção em sinais / sintomas de hipotensão, principalmente no início do tratamento ou em mudanças de dose. Aconselhar paciente a deitar-se se sensação de desmaio ou tonturas, e levantar len- tamente a partir de uma posição sentada, devido ao risco de hipotensão ortostática. • Rash cutâneo (1%), diarreia (2%) e tosse também podem ocorrer durante o tratamento, apesar de suas baixas incidências; • Aumentos da creatinofosfoquinase (CPK) , ureia e creatinina podem ocorrer em até 7% dos pacientes. Inibidores adrenérgicos de ação central Como eles agem? Atuam estimulando os receptores alfa-2 adrenérgicos pré-sinápticos no sistema nervoso central, reduzindo o
  • 36. 36 tônus simpático, como fazem a alfametildopa, a clonidina e o guanabenzo e/ou os inibidores dos receptores imidazolidínicos, como moxonidina e a rilmenidina (3). Aplicações Seu efeito hipotensor como monoterapia é, em geral, discreto. Entretanto, podem ser úteis em associação com medicamentos de outros grupos, particularmente quando há evidência de hiperatividade simpática (3). A experiência favorável em relação à segurança do binômio materno-fetal recomenda a alfametildopa como agente de escolha para tratamento da hipertensão das grávidas. Não interferem com a resistência periférica à insulina ou com o perfil lipídico (3). Orientações ao paciente (41,42) • Devido ao risco de sedação (3%), tonturas (2-15%) ou sonolência (12% clonidina). O paciente deve ser orien- tado a evitar atividades que exijam estado de alerta ou coordenação, até que esses sintomas cessem; • Podem causar ginecomastia, constipação, diarreia, boca seca (25% clonidina), artralgia, mialgia, astenia, dor de cabeça, ansiedade, depressão, transtorno de ansiedade sonho, amenorreia, impotência (14-36% metildopa). Paciente deve acompanhar sinas / sintomas. • Instruir paciente para relatar sinais / sintomas de eventos cardíacos adversos, como angina, bradiarritmia, hipotensão ou insuficiência cardíaca congestiva. • O paciente não deve ingerir álcool ou usar outros depressores do SNC, durante a vigência do tratamento com inibidores adrenérgicos centrais; • Aconselhar o paciente contra interrupção súbita do tratamento, devido ao risco de hipertensão rebote. Alfabloqueadores Como eles agem? Inibem competitivamente os receptores adrenérgicos alfa-1 pós-sinápticos, resultando em vasodilatação das veias e arteríolas e uma diminuição da resistência periférica total e da pressão arterial. Aplicações Apresentam efeito hipotensor discreto em longo prazo como monoterapia, devendo, portanto, ser associados com outros anti-hipertensivos. Podem induzir o aparecimento de tolerância, o que exige o uso de doses grada- tivamente crescentes. Têm a vantagem de propiciar melhora discreta no metabolismo lipídico e glicídico e nos sintomas de pacientes com hipertrofia prostática benigna (3).
  • 37. 37 Manual1.HipertensãoemDia Orientações ao paciente (41,42) • Devido ao risco de vertigens (1,5-7% doxazosina), tonturas (5,3-19%) ou sonolência (1,5-7,5%), o paciente deve ser orientado a evitar atividades que exijam estado de alerta ou coordenação, até que esses sintomas cessem; • Instruir o paciente a levantar lentamente a partir de uma posição sentada / deitada, pois estes medicamentos podem causar hipotensão ortostática (até 10%). • Alertar para o risco de síncope ou perda de consciência com a primeira dose ou aumento da dose, especial- mente se o paciente está na posição vertical. • Aconselhar o paciente contra interrupção súbita do medicamento, pois isso pode causar hipertensão rebote. • Doxazosina pode causar dor de cabeça (4-16%) ou fadiga (8-12%), e Prazosina pode causar angina, palpitações (5,3%), taquiarritmias, náuseas (4,9%) e astenia (6,5%). Vasodilatadores diretos Como eles agem? Estes medicamentos atuam na musculatura da parede vascular, promovendo relaxamento, com consequente vasodilatação e redução da resistência vascular periférica. Aplicações São utilizados em associação com diuréticos e/ou betabloqueadores para o tratamento da hipertensão. Hidra- lazina e minoxidil são dois dos principais representantes desse grupo (3). Além disso pelos seus efeitos em receptores prostáticos e uretrais, atuam reduzindo o tônus simpático induzido pela hiperplasia prostática benigna e portanto aliviam os sintomas desta condição, da mesma forma que os alfabloquea- dores. Orientações ao paciente (41,42) • Este medicamento pode causar diarreia, perda de apetite, dor de cabeça, ou congestão nasal; • O paciente deve ser aconselhado a relatar dor no peito, palpitações, dispneia ou sinais/sintomas de taquicardia reflexa, neuropatia periférica ou hipotensão; • Forma oral pode causar hipertricose , ou retenção de líquidos (7%); • Instruir o paciente para relatar sinais / sintomas de hipotensão, taquicardia reflexa ou angina; Aconselhar o paciente contra interrupção súbita do medicamento.
  • 38. 38 Diuréticos inibidores da ECA Bloqueadores AT1 Bloqueadores de canais de cálcio Betabloqueadores Inibidores diretos da Renina Inibidores adrenérgicos de ação central Alfabloqueadores Vasodilatadores diretos 1ª linha Terapias da Hipertensão arterial 2ª linha Existem medicamentos isentos de prescrição que podem beneficiar pacientes com hipertensão? Óleo de Peixe (Ômega) Os ácidos graxos Ômega-3 de origem marinha, ácido docosaexaenoico (DHA) e ácido eicosapentaenoico (EPA), exercem inúmeros efeitos sobre diferentes aspectos fisiopatológicos no organismo e ajudam a prevenir o desen- volvimento de doenças cardiovasculares (3,48,56). Meta-análise de 36 ensaios clínicos randomizados, demons- trou que a suplementação com óleo de peixe, entre adultos com mais de 45 anos de idade, reduziu a pressão arterial sistólica em 3,5 mmHg e PA diastólica em 2,4 mmHg (57). Redução de tônus adrenérgico e da resistência vascular sistêmica são mecanismos propostos (58). Existem no mercado várias formulações de óleo de peixe, ricas em ácido graxo Ômega-3. A quantidade de EPA e DHA por cápsula de óleo de peixe é variável, alcançando 90% ou 1000 mg nas apresentações mais concentra- das. A suplementação diária pode apresentar benefícios no controle da PA. Não existe dose formal estabelecida na literatura, mas os ensaios clínicos que evidenciaram benefícios na PA utilizaram doses de 1 a 4 g/dia (3,48). Em resumo, as evidências indicam que o uso de ômega 3 está associado a reduções da pressão arterial, mas este efeito não parece estar relacionado a dose utilizada. Além disso, resultados melhores são encontrados com o Ômega de origem dietética, em comparação com a suplementação (56).
  • 39. 39 Manual1.HipertensãoemDia NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR AÇÃO FITOTERÁPICO REAÇÕES ADVERSAS Allium sativum L. Alho Hipotensora Não – Suplemento alimentar. Capsulas de óleo de alho Cefaleia, dores abdo- minais, azia e alergias. Pode aumentar o risco de sangramentos (efeito na coagulação) Alpinia spp (A. zerumbet ou A. speciosa) Colônia Hipotensora, vasodi- latadora Não – Apenas extrato seco e pó Cefaleia, dores abdominais, vômito, flatulência. Equisetum arvense Cavalinha Diurética Não – Apenas extrato seco e pó Arritmias, ataxia, dermatite seborreia, febre, fraqueza muscular, perda de peso, reações de hipersensibili- dade. Panax sp. Ginseng Hipertensora Sim - comprimidos Alteração na capacidade de concentração e na habi- lidade para execução de movimentos complexos. Tabela 6. Principais produtos de origem vegetal com possíveis efeitos nos valores pressóricos Fitoterápicos e plantas medicinais Existem relatos na literatura de inúmeras plantas com possível efeito hipotensor, No entanto, devido à falta de evidências robustas que indiquem sua eficácia e segurança no tratamento da hipertensão, até a presenta data não existe nenhuma indicação formal, apoiada por sociedades ou instituições científicas, para o tratamento principal ou adjuvante da hipertensão arterial com fitoterápicos ou plantas medicinais. No mundo real, contudo, não podemos ignorar o seu uso. Em 2009, o Ministério da Saúde divulgou a Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RE- NISUS), e dentre os compostos incluídos, estão a Alpinia spp (Colônia) e a Equisetum arvense (Cavalinha), que segundo estudos preliminares apresentam efeitos hipotensores. Apesar da cultura popular de que essas substâncias são inofensivas, existem muitos relatos de reações adversas e interações medicamentosas importantes relacionadas ao uso inadequado de compostos de origem vegetal. A seguir discutiremos os principais exemplos de compostos que podem potencialmente afetar os níveis pressóricos.
  • 40. 40 E se meu paciente usa plantas para baixar a pressão? • Todos os pacientes devem ser questionados de uma maneira imparcial sobre o uso de tratamentos à base de plantas, como parte da história de medicação. • No caso da hipertensão, a incerteza da segurança e eficácia, e os poucos estudos condu- zidos com os diferentes compostos vegetais, tornam seu uso não indicado como tratamento principal. • Caso o paciente decida continuar o uso, aconselhe o paciente sobre a importância de não abandonar o tratamento convencional. • Os resultados terapêuticos sempre devem ser monitorados. Quais são os anti-hipertensivos disponíveis no Brasil? TABELA 7. Posologia dos principais anti-hipertensivos disponíveis no Brasil CLASSE / MEDICAMENTOS POSOLOGIA (MG) NÚMERO DE TOMADAS / DIAMÍNIMA MÁXIMA DIURÉTICOS Tiazídicos Hidroclorotiazida 12,5 25 1 Clortalidona 12,5 25 1 Indapamida 2,5 5 1 Indapamida SR 1,5 5 1 De alça Bumetamida* 0,5 Variável 1-2 Furosemida* 20 Variável 1-2 Piretanida 6 12 1 Poupadores de potássio Amilorida 2,5 10 1 Espironolactona 25 100 1-2 Triantereno 50 100 1 INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DE ANGIOTENSINA II (IECA) Benazepril 5 20 1 Captopril 2,5 150 2-3 Cilazapril 2,5 5 1 Delapril 15 30 1-2 Enalapril 5 40 1-2 Fosinopril 10 20 1 Lisinopril 5 20 1 Perindopril 4 8 1 Quinapril 10 20 1 Ramipril 2,5 10 1 Trandolapril 2 4 1
  • 41. 41 Manual1.HipertensãoemDia BLOQUEADORES DOS RECEPTORES AT1 DA ANGIOTENSINA (BRA) Candesartana 8 32 1 Irbersartana 150 300 1 Losartana 25 100 1 Olmesartana 20 40 1 Telmisartana 40 160 1 Valsartana 80 320 1 BLOQUEADORES DOS CANAIS DE CÁLCIO Não-diidropiridinas Verapamil Retard 120 480 1-2 Diltiazem 180 480 1-2 Diidropiridinas Anlodipino 2,5 10 1 Felodipino 5 20 1-2 Isradipina 2,5 20 2 Lacidipina 2 8 1 Lercarnidipino 10 30 1 Manidipino 10 20 1 Nifedipino Oros 30 60 1 Nifedipino Retard 20 60 2-3 Nisoldipino 5 40 1-2 Nitrendipino 10 40 2-3 BETABLOQUEADORES Atenolol 25 100 1-2 Bisoprolol 2,5 10 1-2 Carvedilol 12,5 50 1-2 Metoprolol 50 200 1-2 Nadolol 40 120 1 Nebivolol 5 10 1 Propranolol / Propranolol LA 40/80 240/160 2-3/1-2 Pindolol 10 40 1-2 TERAPIA DE SEGUNDA LINHA INIBIDORES DIRETOS DE RENINA Alisquireno 150 300 1 INIBIDORES ADRENÉRGICOS DE AÇÃO CENTRAL Alfametildopa 500 1500 2-3 Clonidina 0,2 0,6 2-3 Guanabenzo 4 12 2-3 Moxonidina 0,2 0,6 1 Rilmenidina 1 2 1 Reserpina 12,5 25 1-2 ALFABLOQUEADORES Doxazosina 1 16 1 Prazosina 1 20 2-3 Prazosina XL 4 8 1 Terazosina 1 20 1-2 VASODILATADORES DIRETOS Hidralazina 50 150 2-3 Minoxidil 2,5 80 2-3 *Diuréticos de alça não são normalmente indicados no tratamento de hipertensão primária, se associada a outra condição (insuficiência cardíaca, edema), doses máximas de furosemida podem chegar até 600mg/dia e de bumetamida até 10mg/ dia.
  • 42. 42 Interações Medicamentosas TABELA 8. Interações Medicamentosas e respectiva conduta com os principais anti-hipertensivos ANTI- HIPERTENSIVO INTERAGE COM? (MEDICAMENTO/ CLASSE) EFEITOS CONDUTA/ MANEJO DIURÉTICOS Tiazídicos e de Alça Digitálicos Risco aumentado de intoxica- ção digitálica por hipopotas- semia Monitorar o paciente em início de tratamento e alterações de doses. Monitoramento das con- centrações de potássio pode ser útil. Anti-inflamatórios esteroides e não- -esteroides Antagonismo do efeito diu- rético. Aumento da pressão arterial Monitorar os valores pressóricos e considerar possível reavaliação da farmacoterapia em casos de descontrole da hipertensão, ou suspensão do uso do anti-inflamatório. Esta interação não ocorre com paracetamol e dipirona. Hipoglicemiantes orais Efeito diminuído pelos tiazídi- cos. Aumento da glicemia Monitorar valores glicêmicos durante o início da terapia com tiazídicos. Lítio Aumento dos níveis séricos do lítio. Risco aumentado de reações adversas: Diarreia, vômitos, visão prejudicada, fraqueza, dificuldade para an- dar, pulso irregular, tremores, cãibras, tontura, sudorese de pés e pernas. Monitorar terapia com diuréticos de alça; Considerar possível redução da dosagem de lítio em 50% após o início de um diurético tiazídico. Monitorar efeitos terapêuticos / tóxicos de lítio se um tiazídico é iniciado / dose aumentada. Topiramato Aumento dos níveis séricos de topiramato. Reações adversas: parestesia, cefaleia, tontura, fadiga, sonolência, perda de peso, náusea e anorexia Monitorar aumento das concentrações de topiramato / eventos adversos (por exemplo, hipocalemia), com início ou aumento de dose de diurético. Acompanhar de perto as concentra- ções de potássio sérico com a terapia concomi- tante. Alopurinol Possível aumento na concen- tração sérica de alopurinol. Aumentam potencial de rea- ções adversas e/ou hipersen- sibilidade. Evitar a terapia combinada desnecessária. Quando estes agentes precisam ser utilizados em conjunto, monitorar os sinais e sintomas de reações adversas ou hipersensibilidade (por exemplo, febre, erupção cutânea, eosinofilia). Poupadores de potássio Suplementos de potássio e IECA Hipercalemia Monitorar potássio sérico. INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DE ANGIOTENSINA Suplementos e diu- réticos poupadores de potássio Hipercalemia Monitorar potássio sérico. Ciclosporina Aumento dos níveis de ciclos- porina Monitorar sinais e sintomas de nefrotoxicidade. Manutenção da hidratação adequada (cuidado com o uso de diuréticos) pode reduzir de risco de efeitos nocivos. Anti-inflamatórios esteroides e não- -esteroides Antagonismo do efeito hipo- tensor Monitorar os valores pressóricos e considerar possível gestão da farmacoterapia em casos de descontrole da hipertensão
  • 43. 43 Manual1.HipertensãoemDia ANTI- HIPERTENSIVO INTERAGE COM? (MEDICAMENTO/ CLASSE) EFEITOS CONDUTA/ MANEJO Lítio Diminuição da depuração do lítio Monitorar concentrações séricas (pelo menos 4-6 semanas após início ou mudanças no trata- mento) efeitos tóxicos de lítio. Provavelmente serão necessárias reduções de dosagem de lítio após a adição de IECA. Hipoglicemiantes da classe dos ini- bidores da enzima DPP4 Aumento do risco de angio- edema associado ao uso de IECA Orientar pacientes quanto ao risco de angioe- dema. BLOQUEADORES DO RECEPTOR AT1 Moxonidina Hipotensão com losartana Monitorar valores pressóricos. Suplementos e diu- réticos poupadores de potássio Hiperpotassemia Monitorar valores de potássio. BLOQUEADORES DOS CANAIS DE CÁLCIO Digoxina Verapamil e diltiazem aumen- tam os níveis de digoxina Monitor possível aumento das concentrações / efeitos de glicosídeos cardíacos. Bloqueadores H2 Aumento dos níveis dos bloqueadores dos canais de cálcio Monitorar resposta terapêutica e eventos adver- sos. Ciclosporina Aumento do nível de ciclospo- rina, com exceção de anlodipi- no e felodipino Monitorar concentrações séricas e resposta terapêutica de ciclosporina se diltiazem ou verapamil são iniciados / dose aumentada/ interrompidos. Teofilina, prazosina Níveis aumentados com verapamil Monitorar resposta terapêutica e eventos adver- sos. Moxonidina Hipotensão Monitorar valores pressóricos. BETABLOQUEADORES Insulina e hipogli- cemiantes orais Redução dos sinais de hipogli- cemia e bloqueio da mobiliza- ção de glicose Orientar pacientes que em casos de hipogli- cemia, taquicardia pode não estar presente. Monitorar glicemia com maior frequência. Amiodarona, qui- nidina Bradicardia Monitorar frequência cardíaca. Digoxina Bradicardia Monitorar frequência cardíaca. Cimetidina Redução da depuração hepática de propranolol e metoprolol Considerar alternativa terapêutica. Quando o uso concomitante é necessário, monitorar res- posta terapêutica, frequência cardíaca, pressão arterial, intervalo PR. Vasoconstritores nasais Facilitação do aumento da pressão pelos vasoconstrito- res nasais Monitorar valores pressóricos. Diltiazem, vera- pamil Bradicardia, depressão sinusal e atrioventricular Monitor frequência cardíaca e pressão arterial, e alertar os pacientes sobre a possibilidade de novos casos ou piora de bradicardia com con- sequências clínicas relacionadas (por exemplo, síncope). Dipiridamol Bradicardia Monitorar frequência cardíaca. Anti-inflamatórios esteroides e não- -esteroides Antagonismo do efeito hipo- tensor Monitorar os valores pressóricos e considerar possível gestão da farmacoterapia em casos de descontrole da hipertensão
  • 44. 44 Quaissãoasmedidasnão-farmacológicasparahipertensão? O tratamento da hipertensão deve envolver a terapia não-farmacológica (também conhecida como modificação do estilo de vida) sozinha ou em conjunto com a terapia medicamentosa. Restrição de sal na dieta Ingestão excessiva de sódio tem sido correlacionada com elevação da PA. A população brasileira apresenta um padrão alimentar rico em sal, açúcar e gorduras. Em estudos randomizados controlados, o impacto global da re- dução moderada de sódio (≈0,9 g/d) produz uma queda da pressão arterial (sistólica e diastólica) em indivíduos hipertensos de 4,8/1,9 mmHg e em normotensos de 2,5/1,1 mmHg (3,59,60). A necessidade nutricional de sódio para os seres humanos é de 500 mg (cerca de 1,2 g de sal) por dia. A Orga- nização Mundial de Saúde define em 5 g de cloreto de sódio ou sal de cozinha (que corresponde a 2 g de sódio) a quantidade considerada máxima saudável para ingestão alimentar diária. O consumo médio do brasileiro cor- responde a mais do que o dobro do recomendado, ao redor de 12 g de sal por dia (3,48). De maneira prática, o farmacêutico como profissional de saúde, deve recomendar o consumo de, no máximo, 3 colheres rasas de café ou o equivalente a 3 tampas de caneta bic (3 g), que somados aos 2 g de sal já existentes nos próprios alimentos contemplariam 5 g. Alimentos embutidos e industrializados contem grandes quantidades de sódio. Entre eles, alimentos como macarrão instantâneo, frango empanado, hambúrguer, salsicha, biscoito de polvilho, biscoito cream cracker, salgadinhos de milho e requeijão são os mais ricos em sódio existentes, e por isso devem ser evitados (3,48). Como interpretar o excesso de sódio no rótulo dos alimentos Quando o rótulo traz apenas a lista dos ingredientes, a ordem tem a ver com a quantidade. O primeiro ingrediente é aquele em maior quantidade e o último em menor quantidade. Fonte: Núcleo de Programas Estratégicos. Prefeitura Municipal de São Paulo. INFORMAÇÃO NUTRICIONAL Porção g ou ml (medida caseira) Quantidade por porção % VD (*) Valor energético __ Kcal = Kj Carboidratos g Proteínas g Gorduras totais g Gorduras saturadas g Gorduras trans g Fibra alimentar g Sódio mg Evitar produtos • + 400 mg de sódio em 100 mg • + 400mg de sódio em 100 ml • + 7% VD (valor diário referência) • Onde os primeiros ingredientes sejam: sal, cloreto de sódio ou glutamato monossódico ou bicarbonato de sódio. (*) Valores diários com base em uma dieta de 2000 kca ou 8400 kj. Seus valores diários podem ser maiores ou me- nores dependendo de suas necessidades energéticas. Sódio
  • 45. 45 Manual1.HipertensãoemDia Redução de peso A redução de peso em indivíduos obesos pode levar a uma queda significativa da pressão arterial. Essa redução pode ocorrer na ausência de restrição dietética de sódio (61), mas a restrição de sódio, mesmo que modesta pode produzir um efeito anti-hipertensivo aditivo (14). O declínio induzido por perda de peso na PAS geralmen- te varia de 0,5 a 2 mmHg para cada 1 kg de peso reduzido (3,48). Em pacientes com IMC ≥ 30 kg/m2, orientações para a redução de peso são importantes e devem fazer parte da educação em saúde realizada pelo farmacêutico. A participação do paciente em programas específicos para per- da de peso deve também ser estimulada. Lembre-se que o IMC é calculado pela fórmula: Peso(Kg)/Altura(m)2. A tabela 10 traz as faixas de IMC e sua interpretação, do ponto de vista do risco para o paciente. TABELA 10. Interpretação dos Resultados de Índice de Massa Corporal (IMC) <18,5 Baixo Peso Risco moderado 18,5-24,9 Normal Nenhum Risco 25-29,9 Sobrepeso Risco Moderado 30-34,9 Obesidade Grau I (Leve) Risco Significativo 35-39,9 Obesidade Grau II (Moderada) Risco Significativo ≥40 Obesidade Grau III (Grave) Risco Alto Ingestão de álcool Consumo excessivo de álcool tem sido relacionado a aumento significativo na incidência de hipertensão (2 ou mais doses por dia para mulheres e 3 ou mais doses por dia para homens). Este efeito é relacionado à dose e é mais proeminente quando a ingestão ultrapassa cinco doses por dia (62,63). Por outro lado, diminuir a ingestão de álcool em indivíduos que bebem excessivamente, reduz significativamente a pressão sanguínea (64), e a in- gestão moderada de álcool parece reduzir o risco de doenças cardiovasculares (65). De maneira prática, considerando os problemas sociais envolvidos com o consumo de ál- cool, pacientes que tem o hábito de ingerir bebidas alcoólicas devem ser orientados a não ultrapassar a dose de 30g de etanol ao dia para homens e 15g para mulheres (3). A quan- tidade de etanol existente em cada tipo de bebida alcoólica está descrita na tabela 11. Muitos pacientes que tem o habito de ingerir bebidas alcoólicas aos finais de semana, com frequência suspen- dem o uso dos medicamentos anti-hipertensivos, por medo de interações medicamentosas ou efeitos colaterais. O risco da interrupção dos medicamentos, contudo, é certamente maior. Assim, os pacientes devem ser orien- tados a não interromper o tratamento para hipertensão, mesmo com a ingesta de bebidas alcoólicas no final de
  • 46. 46 TABELA 11. Características das principais bebidas alcoólicas e teor de etanol por quantidade definida Bebida Quantidade de etanol (g) Volume aproximado Cerveja 6 g/100 ml x 0,8* = 4,8 g ~ 2 latas ou 1 garrafa Vinho 12 g/100 ml x 0,8* = 9,6 g ~ 2 taças de 150 ml Uísque, vodca, aguardente 40 g/100 ml x 0,8* = 32 g ~ 2 doses de 50 ml *a densidade do álcool é 0,8. Exercícios físicos Estudos demonstraram que os exercícios aeróbios, que podem ser complementados pelos resistidos, promovem reduções de PA, estando indicados para a prevenção e o tratamento da HAS (66,67). Para manter uma boa saúde cardiovascular e qualidade de vida, todo adulto deve realizar, pelo menos três vezes por semana, 30 minutos de atividade física moderada de forma contínua ou acumulada (3,48). A intensidade do exercício pode ser controlada pela respiração, sendo a atividade considerada predominante- mente aeróbia quando o indivíduo permanecer discretamente ofegante, conseguindo falar frases completas sem interrupções (3,48). A maioria das recomendações preconiza que os pacientes devem iniciar com atividades leves a moderadas. Para um controle mais objetivo, o paciente pode ser orientado a monitorar sua frequência cardíaca durante o exercício. Em atividades moderadas, mantém-se entre 70% e 80% da FC máxima ou de pico, esta é considerada a faixa ideal para prevenção e o tratamento da hipertensão arterial (3,48). Para calcular a FC máxima utiliza-se a seguinte fórmula: Por exemplo, um homem de 60 anos teria uma FC máxima de 160. Assim, é recomendável que durante o exercí- cio aeróbico, ele mantenha sua frequência cardíaca entre 112 e 128 batimentos por minuto. Esta monitorização pode ser feita, por exemplo, contando-se o pulso na região do pescoço. Para tanto o paciente utiliza o dedo indicador e o médio na parte lateral do pescoço, entre a traqueia e o músculo do pescoço e pressiona devagar até sentir a pulsação. O farmacêutico deve orientar que todos os pacientes com hipertensão, sem limitações, a praticar atividades físicas aeróbias moderadas no mínimo 3 vezes por semana por 30 minutos. Um bom exemplo desse tipo de atividade é a caminhada. FC MÁXIMA = 220 - IDADE semana. A melhor abordagem é falar abertamente sobre o assunto, sem preconceitos, e procurar empoderar o paciente para que este possa tomar as decisões que mais lhe beneficiem.
  • 47. 47 Manual1.HipertensãoemDia Quando não devo recomendar exercícios físicos? • Pacientes com doença arterial coronariana estabelecida, com sintomas de angina, ou com arritmias prévias devem ser submetidos a avaliação médica e teste funcional para mensurar sua capacidade para exercícios e seu risco de eventos cardiovasculares asso- ciados antes de iniciar programa de exercícios físicos. • Pacientes com algum grau de insuficiência cardíaca, também devem ser submetidos a avaliação médica e teste funcional antes de iniciar programa de atividade física. • De maneira prática, após liberação médica, se o paciente questionar quanto a atividade física, ele deve ser orientado que estas devem ser norteadas pela evolução de sinais/ sintomas, ou seja, o paciente deve interromper o exercício se aparecimento de sintomas como dor no peito, falta de ar, fadiga, cansaço exacerbado (116) Alimentação Padrão alimentar rico em frutas, hortaliças, fibras, minerais e laticínios com baixos teores de gordura, tem impor- tante impacto na redução da PA (Dieta DASH - Dietary Approaches to Stop Hypertension) (68,69) (Tabela 12). Um alto grau de adesão a esse tipo de dieta reduziu em 14% o desenvolvimento de hipertensão. Os benefícios sobre a PA têm sido associados ao alto consumo de potássio, magnésio e cálcio nesse padrão nutricional. A dieta DASH potencializa ainda o efeito de orientações nutricionais para emagrecimento, reduzindo também biomar- cadores de risco cardiovascular (70). TABELA 12 - Como recomendar uma dieta ao estilo DASH Escolher alimentos que possuam pouca gordura saturada, colesterol e gordura total. Por exemplo, carne magra, aves e peixes, utilizando-os em pequena quantidade. Comer frutas e hortaliças, aproximadamente de oito a dez porções por dia (uma porção é igual a uma concha média). Incluir duas ou três porções de laticínios desnatados ou semidesnatados por dia. CARACTERÍSTICAS DO EXERCÍCIO BENEFÍCIOS À SAÚDE COMENTÁRIO < 150 min/semanais de intensidade leve a moderada Algum Algum exercício é certamente melhor que o sedentarismo 150-300 min/semanais de intensida- de moderada Substancial Exercício de maior duração e/ou intensidade confere maiores benefícios > 300 min/semanais de intensidade moderada a alta Adicional Informação científica atual não delimita claramente um limite superior para os benefícios ou para que se torne danoso para um dado indivíduo aparentemente saudável Níveis recomendados de exercício físico para promoção e manutenção da saúde
  • 48. 48 Fatos e números sobre alimentação e doença cardiovascular • Quem consome de 3 a 5 porções por dia de frutas e vegetais tem até 25% menos risco de derrame do que pessoas que consomem menos do que isso. Os melhores alimentos nesse caso são vegetais crucíferos (por exemplo: brócolis, repolho, couve-flor, couve de Bruxelas), vegetais de folhas verdes, frutas cítricas, frutas ricos em vitamina C e legumes (117). • O uso de polivitamínicos ou suplementos de vitaminas antioxidantes não mostrou benefícios para prevenção de doenças cardiovasculares (DCV). Não há evidencias que sustentem esta recomendação (48). • É consenso que a indicação de consumo de peixes ricos em ômega 3, duas refeições na semana, deve fazer parte das orientações dietéticas para prevenção de DCV. Entretanto, ainda existe controvérsia sobre o benefício da suplementação diária com capsulas de óleo de peixe, devido a resultados conflitantes de ensaios clínicos (48,56). • Não é recomendada a suplementação de vitamina D para prevenção de doença cardiovas- cular em pessoas com níveis sanguíneos normais desta vitamina. Da mesma forma, não há evidências que sua suplementação em indivíduos com deficiência prevenirá a DCV (118). • Suplementos de vitamina B e ácido fólico não são efetivos para prevenção de doença car- diovascular primária ou secundária (118). Como avaliar o risco cardiovascular do paciente? Para decidir quais as metas terapêuticas adequadas para o paciente, bem como avaliar se o tratamento é ade- quado e efetivo, é preciso, antes, estratificar o risco cardiovascular global do paciente. O objetivo é saber se o paciente possui risco cardiovascular associado à hipertensão baixo, moderado, alto ou muito alto. Existem diversos métodos e escores disponíveis para estimar o risco cardiovascular. Neste manual recomen- damos a estimativa de risco baseada na observação de fatores de risco e doenças associadas (3). No Manual referente ao serviço “Colesterol em dia” aprofundaremos a abordagem que permite calcular o risco, baseado no Escore do Risco Cardiovascular Global (71). Preferir os alimentos integrais, como pão, cereais e massas integrais ou de trigo integral. Comer oleaginosas (castanhas), sementes e grãos, de quatro a cinco porções por sema- na (uma porção é igual a 1/3 de xícara ou 40 gramas de castanhas, duas colheres de sopa ou 14 gramas de sementes, ou 1/2 xícara de feijões ou ervilhas cozidas e secas. Reduzir a adição de gorduras aos alimentos. Utilizar margarina light e óleos vegetais ricos em gorduras poliinsaturadas (como óleo de oliva, canola, girassol). Evitar a adição de sal aos alimentos. Evitar também molhos e caldos prontos, além de produtos industrializados ricos em sódio. Diminuir ou evitar a o consumo de doces e bebidas com açúcar.
  • 49. 49 Manual1.HipertensãoemDia A estratificação de risco do paciente com hipertensão arterial pode ser feita em 4 etapas: Identifique se existem condições clínicas associadas à hipertensão. Estas são: i) história de derrame (acidente cerebrovascular isquêmico ou hemorrágico); ii) doença cardíaca (infarto, angina, insuficiên- cia cardíaca, revascularização); iii) Doença renal (nefropatia diabética, redução importante da filtração glomerular); iv) retinopatia avançada (hemorragias ou exsudatos, papiledema) e v) doença vascular periférica. Pacientes com qualquer dessas condições são classificados como “muito alto risco”. Identifique os fatores de risco cardiovascular adicionais à hipertensão. Estes são: i) idade (homem > 55 e mulheres > 65 anos); ii) tabagismo; iii) Dislipidemias (triglicérides >150 mg/dL; LDL colesterol >100 mg/dL; HDL <40 mg/dL); iv) diabetes mellitus, e v) história familiar prematura de doença car- diovascular (homens < 55 anos e mulheres < 65 anos). Considere a tabela de risco para estratificação, conforme o número de fatores presentes. Identifique se existe lesão de órgãos-alvos. Esta é uma identificação difícil ao farmacêutico, pois geralmente depende de exames específicos feitos por cardiologista. Ainda assim, considerando o relato do paciente, procure saber se alguma dessas situações está presente: i) hipertrofia ventri- cular esquerda; ii) placa de ateroma detectada em carótida; iii) depuração de creatinina < 60 ml/ min/1,72m2; iv) microalbuminúria entre 30 mg a 300 mg em urina de 24 horas. Estratifique o risco conforme estágio da HAS, número de fatores de risco e presença de condições associadas. Considere a tabela a seguir: Outros fatores de risco ou doenças Ótimo PAS < 120 e PAD < 80 Normal PAS 120-129 ou PAD 80-24 Limítrofe PAS 130-139 ou PAD 85-89 Estágio 1 PAS 140-159 ou PAD 90-99 Estágio 2 PAS 160-179 ou PAD 100- 109 Estágio 3 PAS >= 180 ou PAD >= 110 Nenhum fa- tor de risco RISCO BASAL RISCO BASAL RISCO BASAL RISCO BAIXO RISCO MODERADO RISCO ALTO 1-2 Fatores de risco RISCO BAIXO RISCO BAIXO RISCO BAIXO RISCO MODERADO RISCO MODERADO RISCO MUITO ALTO ≥ 3 fatores de risco, LOA ou SM ou DM RISCO MODERADO RISCO MODERADO RISCO ALTO RISCO ALTO RISCO ALTO RISCO MUITO ALTO Condições clínicas associadas RISCO MUITO ALTO RISCO MUI- TO ALTO RISCO MUITO ALTO RISCO MUITO ALTO RISCO MUITO ALTO RISCO MUITO ALTO LOA - lesão de órgãos-alvos; SM - síndrome metabólica; DM - diabetes mellitus.
  • 50. 50 Quais são as metas do tratamento? A meta terapêutica a ser alcançada pela maioria dos pacientes é atingir pressão arterial sistólica <140 mmHg e pressão arterial diastólica <90 mmHg, de forma estabilizada. No entanto, diferentes metas podem existir de acordo com o risco cardiovascular e a presença de condições clínicas específicas. As metas terapêuticas, de acordo com a população-alvo estão descritas na tabela 13. Estes valores são para medidas casuais feitas em consultório ou na farmácia. Veja adiante no texto quais são os resultados esperados para medidas domiciliares ou MAPA. TABELA 13. Metas terapêuticas de acordo com as características da população* Hipertensos estágios 1 e 2 com risco cardiovascular baixo ou médio < 140/90 mmHg Hipertensos e pressão limítrofe com risco cardiovascular alto ou muito alto, com 3 ou mais fatores de risco, DM, SM ou LOA** <130/80 mmHg Hipertensos com insuficiência renal (IR) com proteinúria > 1,0 g/l** <130/80 mmHg Idosos (>60 anos) sem DM, SM, LOA ou IR* <150/90 mmHg DM - diabetes mellitus; SM - síndrome metabólica; LOA - lesões em órgãos-alvos * Metas definidas em diretrizes internacionais (26,72,73) **JNC 8 considera meta <140/90 mmHg para esses pacientes Como fazer uma boa medida da pressão arterial? A avaliação do tratamento depende, fundamentalmente, da medida correta da pressão arterial. Existem várias fontes de erro possíveis, relacionadas à medida da pressão arterial, destacando a calibração dos esfigmoma- nômetros e o observador. Os manômetros aneroides se descalibram mais facilmente do que os de mercúrio. Os aparelhos automáticos devem estar validados de acordo com protocolos específicos para serem usados. O observador pode influenciar na medida da pressão arterial, pelo arredondamento do resultado para “zero” e “cinco”. A presença do observador pode, ainda desencadear reação de alerta, ocasionando o fenômeno da hipertensão do avental branco. Cuidado nº 1: O equipamento Existem basicamente três tipos de aparelhos para medida da pressão arterial: coluna de mercúrio, aneroide e digital (74). O método mais comum na prática clínica para medida da PA é o indireto, com técnica auscultatória e esfigmomanômetro de coluna de mercúrio ou aneroide. A tendência é a substituição completa dos aparelhos de coluna de mercúrio e aneroides por equipamentos digitais automáticos ou semiautomáticos.
  • 51. 51 Manual1.HipertensãoemDia Os aparelhos utilizados devem estar devidamente verificados e calibrados. Todos os aparelhos automáticos ou semiautomáticos devem ser verificados uma vez por ano, de preferência nas dependências dos órgãos da Rede Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade – RBMLQ (IPEMs – Institutos de Pesos e Medidas Estaduais) ou em local designado pelo INMETRO. Informações sobre a metodologia do INMETRO podem ser encontradas em: http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/esfigmo2.asp Os aparelhos aneroides não são os de primeira escolha para a medida da PA. Eles descalibram mais facilmente. Por isso, devem ser avaliados pelo menos a cada seis meses pelos serviços especializados citados. Por outro lado, muitos pacientes e farmacêuticos tem preferência pelo uso do equipamento aneroide. Assim, dispor de ambos os tipos de aparelhos pode ser a melhor alternativa para a farmácia. Quando do uso do equipamento aneroide, atenção redobrada para a técnica correta de medida e evitar o arredondamento dos resultados de PAS e PAD. Os aparelhos eletrônicos digitais evitam erros relacionados ao observador e tem sido cada vez mais recomen- dados pelas sociedades científicas. Deve-se observar na aquisição do aparelho de pressão digital a existência de selo de aprovação do INMETRO e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) para uso profissional. Um produto “aprovado” segue os critérios estabelecidos pelo Comitê do Selo de Aprovação SBC, os quais são base- ados em padrões nacionais e internacionais, elaborados por órgãos mundiais como American Heart Association (AHA), Heart and Stroke Foundation of Canada, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a própria Sociedade Brasileira de Cardiologia (74). Entre os aparelhos digitais, existem aqueles de braço, de pulso e de dedo. As diretrizes nacionais e internacionais indicam a utilização de aparelhos de braço, considerando sua maior confiabilidade e a reprodutibilidade de suas medidas. Aparelhos de pulso ou dedo não são recomendados, mesmo para monitoramento pelo paciente em domicilio. Existem equipamentos digitais validados para uso profissional ou para uso domici- liar. No Brasil, há poucas marcas validadas disponíveis para uso profissional. A tabela 14 traz alguns modelos disponíveis. Equipamento coluna de Mercúrio* Equipamento Aneroide** Equipamento Digital*** *Marca Unitec® **Marca Premium® ***Marca G-Tech®. Todas as marcas são registradas e de propriedade de seus fabrican- tes. Fonte: (74)
  • 52. 52 Tabela 14. Aparelhos automáticos disponíveis no Brasil para uso profissional Marca Modelos MICROLIFE BP 3AC1-1 PC BP 3BTO-A BP A100 UEBE Visomat Comfort 20/40 OMRON HEM 705CP HEM 403INT HEM 710INT HEM 742INT G-TECH BP 3AA1-1 A Sociedade Brasileira de Hipertensão divulga em seu site os monitores disponíveis no país e aprovados pela ANVISA para uso domiciliar (http://www.sbh.org.br/geral/monitores.asp). Estes equipamentos podem ser uti- lizados para realização do monitoramento residencial da pressão arterial (MRPA) e da automedida da pressão arterial (AMPA), técnicas que serão discutidas mais adiante (Tabela 15)(3).
  • 53. 53 Manual1.HipertensãoemDia Tabela 15. Aparelhos automáticos disponíveis no Brasil para uso domiciliar Marca Modelos OMRON HEM-4030 HEM-710INT HEM-742INT HEM-7113 HEM-7200 G-TECH BPMA100 BP3ABOH BPA50 O manguito adequado para o braço do paciente é outro ponto importante do equipamento. Embora a maioria dos fabricantes não siga essas orientações, a largura da bolsa de borracha do manguito deve corresponder a 40% da circunferência do braço e seu comprimento a pelo menos 80%. Os aparelhos de pressão normalmente acompanham manguito padrão, inadequado para medida da PA em crianças ou obesos, por exemplo. É altamen- te recomendável ao farmacêutico dispor de manguitos extras adequados a várias circunferências de braços (74). Para o cuidado farmacêutico na farmácia, tenha, no mínimo, o manguito tamanho adulto grande (obesos), além do manguito padrão que vem com o equipamento (Tabela 16).
  • 54. 54 Tabela 16. Dimensões da bolsa de borracha para diferentes circunferências de braço em crianças e adultos Manguito Circunferência do braço (cm) Bolsa de Borracha (cm) Largura / Comprimento Recém-nascido <11 4/8 Criança 11-15 6/12 Infantil 16-22 9/18 Adulto Pequeno 20-26 10/17 Adulto 27-34 12/23 Adulto Grande 35-45 16/32 Cuidado nº 2: A técnica Recomendações para medida da pressão arterial por técnica auscultatória PREPARO DO PACIENTE 1. Explicar o procedimento ao paciente e deixá-lo em repouso por pelo menos 5 minutos em ambiente calmo. Este deve ser instruído a não conversar durante a medida. Possíveis dúvidas devem ser esclarecidas antes ou após o procedimento. 2. Certificar-se de que o paciente NÃO: • Está com a bexiga cheia. Praticou exercícios físicos há pelo menos 60 minutos • Ingeriu bebidas alcoólicas, café ou alimentos • Fumou nos 30 minutos anteriores. 3. Posicionamento do paciente: Deve estar na posição sentada, pernas descruzadas, pés apoiados no chão, encostado na cadeira e relaxado. O braço deve estar na altura do coração, livre de roupas, apoiado, com a palma da mão voltada para cima e o cotovelo ligeiramente flexionado. PARA A MEDIDA: 1. Avaliar a circunferência do braço e selecionar o manguito de tamanho adequado. 2. Colocar o manguito, sem deixar folgas, 2 a 3 cm acima da fossa cubital (cotovelo). 3. Centralizar o meio da parte compressiva do manguito sobre a artéria braquial. 4. Estimar o nível da pressão sistólica pela palpação do pulso radial. O seu reaparecimento corresponderá à PA sistólica. 5. Palpar a artéria braquial na fossa cubital e colocar a campânula ou o diafragma do estetoscópio sem com- pressão excessiva. 6. Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mmHg o nível estimado da pressão sistólica, obtido pela palpação. 7. Proceder à deflação lentamente (velocidade de 2 mmHg por segundo). 8. Determinar a pressão sistólica pela ausculta do primeiro som, que é em geral fraco seguido de batidas regu- lares, e, após, aumentar ligeiramente a velocidade de deflação. 9. Determinar a pressão diastólica no desaparecimento dos sons. 10. Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar seu desaparecimento e depois proceder à deflação rápida e completa. 11. Sugere-se esperar em torno de um minuto para nova medida 12. Informar os valores de pressões arteriais obtidos para o paciente. 13. Anotar os valores exatos sem “arredondamentos” e o braço em que a pressão arterial foi medida. Obs. No caso de uso de equipamento automático, siga as instruções do fabricante. Evite os erros mais comuns cometidos durante a medida. A medida inadequada da pressão arterial pode levar a resultados falsos e interpretações inadequadas. A seguir descrevemos os principais tipos de erros durante a medida, e seu resultado nos valores de PA.