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                                                            30 Janeiro de 2012
                                                            Preço: 100 Escudos




Concorrência traz maiores desafios
                                                            Grande Entrevista




                                                           “ O Associativismo não é
                                                           o forte dos Cabo- verdia-
                                                           nos”.
                                                           pág.3
                              Entrevista




“ O mercado caiu e muito, “Não temos, nenhum acor-         Quando surgiu a gravidez
devido a falta de fiscaliza- do com o vosso governo ...”   houve a necessidade de
ção e também da crise que Lin Xiao Ying                    trabalhar.
está a ocorrer no mundo”.
                             pág.4                         pág. 13
pág.8
2          EDITORIAL


                                      MELHORES CONDIÇÕES DE VIDA
                                                                                siderado uma segunda casa pelos         lemática. O facto é que a nossa re-
                                     O comércio é principal fonte de ren-       rabidantes.                             vista durante toda a recolha, apurou
                                     dimento do país. Quando se fala no         Há muito que os chineses estão          que estes novos investidores troux-
                                     comércio no sucupira pensa-se logo         nesse ramo de comércio, no país e       eram benefícios, tanto para a sua
                                     no vestuário e no calçado. Mas na          não eram vistos como uma concor-        população como para a economia
                                     realidade o mercado apresenta di-          rência, porque mesmo com a forte        do país.
                                     versificações de sectores.                 presença no sector, o mercado do        Assim, de acordo com os dados re-
                                     O centro comercial do sucupira da          sucupira nunca deixou de ser pro-       colhidos, vamos fornecer informa-
                                     cidade da Praia é considerado o            curado. Porém de uns anos para cá       ções aos públicos com intuito de
                                     maior mercado do arquipélago. Os           devido a crise o mercado sofreu uma     fazer-lhes conhecerem os dois lados
                                     rabidantes do mercado são pessoas          forte queda de venda. As opiniões       envolvidos (chineses versus rabi-
                                     poucas instruídas, com idade com-          dos próprios rabidantes divergem-       dante), na nossa1ª edição da Revista
                                     preendida entre os 16 aos 60 anos, e       se entre eles. Enquanto uns respon-     o “O Rabidanti”.
                                     na sua maioria são mulheres chefes         sabiliza a queda de venda aos chin-                              Ângela Santos
                                     de famílias que batalham para o            eses, outros aponta-o a crise.
O Rabidante :10 de Janeiro de 2012




                                     próprio sustento. A busca pelo “gan-       Sendo assim, o”O Rabidanti” saiu a
                                     ha-pão” começa desde o amanhecer           rua da capital para saber as opiniões
                                     até ao pôr-do-sol. O mercado é con-        dos cidadãos a cerca dessa prob-


                                     De acordo com o Decreto-Lei nº
                                                                     O QUE DIZ A LEI?
                                                                                VII/2009, de 30 de Dezembro que o       itos sócias e da protecção reforçada



                                     A
                                     21/2011 de 7 de Março.                     presente diploma visa em desenvol-      dos destinatários dos serviços.
                                             lei diz que, os serviços são       vimento do princípios de livre esta-    Ainda é de se lembrar, o artigo 11º
                                             o mais importante sector           belecimento em consonância com          (âmbito territorial e limitação de
                                             da ecónoma nacional em             os compromissos advenientes da          permissão administrativas) em que
                                     termos económicos e de emprego             adesão de Cabo Verde à organização      a lei diz. 1 - As permissões admin-
                                     e tem registado um maior desen-            mundial do comercio concretamente       istrativas concebidas pelos serviços
                                     volvimento nos últimos anos. Ou            de acordo geral sobre o comercio de     da administração directa e indi-
                                     seja diante dessas circunstâncias, o       serviços, assegurar que os regimes      recta do estado devem permitir ao
                                     governo ciente de que um merca-            jurídicos aplicáveis ao sector dos      prestador de serviços o exercício
                                     do competitivo e a eliminação dos          serviços respeitem a liberdade do       da sua actividade de serviço
                                     entraves ao seu desenvolvimento            direito de estabelecimento e da livre   em todo o território nacional.
                                     são fundamentais para promover o           prestação de serviços ao estabelecer    2- Quando o regime de permissão
                                     crescimento económico e a criação          um conjunto de princípios gerais        administrativa de uma actividade
                                     de emprego, vem propugnando pela           aplicáveis ao procedimentos que         assim o exija, o prestador de serviço
                                     liberdade de estabelecimento dos           regulamentam o acesso e exercício       deve informar a autoridade admin-
                                     serviços no território nacional, em        das actividades de serviços, através    istrativa competente, através do
                                     ordem à contribuição para a expan-         de um adequado equilíbrio entre a       balcão único, da criação de sucur-
                                     são e crescimento deste sector. Tam-       abertura do mercado e a preserva-       sais, filias, agências ou escritórios.
                                     bém a lei diz no artigo 3º da lei nº 49/   ção dos serviços públicos, dos dire-
                                                                                                                                                 Ana Brandão
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                                                   FOTO REPORTAGEM




Pedicure
Foto: Ana Brandão


                                                          Vendedeira Ambulante
                                                          Foto: Ana Brandão




                                                                                     O Rabidante: 10 de Janeiro de 2012
                          Vendedeira Ambulante
                          Foto: Ana Brandão




  Vendedeira Ambulante
  Foto: Ângela Santos

                                                            Clientes
                                                            Foto: Ana Brandão




    Clientes                      Muhleres fazendo renda Foto:
    Foto: Ângela Santos           Ana Brandão
4
                                                Grande Entrevista


                                                                                        “ Falta de fiscalização!”
                                                                                       Mamadou Trouré Vice – Presidente da As-
                                                                                         sociação dos Rabidantes do Sucupira



                                                                                   Cita Trouré.                    muitas vezes são resolvidos com in-
                                                                                   Nosso entrevistado deixa        dividualidade.
O Rabidante: 10 de Janeiro de 2012




                                                                                   transparecer que apesar de      O orgulho dos rabidantes é maior
                                                                                   existir uma “Associação         que qualquer conforto, palavras do
                                                                                   dos Rabidantes”,                vice-presidente da associação dos
                                                                                   essa não é bem aceite por       rabidantes.
                                                                                   todos ali devido                Mamadou não poupa criticas aos
                                                                                   a várias razões que o           colegas sobre “a desunião” entre os
                                                                                   próprio diz não vale a pena     rabidantes que de uma certa forma
                                                                                   mencionar. Ainda na sua         tem sufocado o mercado. Faz-se
                                                                                   opinião o associativismo        reuniões da associação não com-
                                                                                   não é o forte dos cabo-         parece uma dúzia de colegas cabo-
                                                                                   verdianos e isto tem preju-     verdianos, e por este motivo, não
                                     Foto: Ângela Santos                           dicado a classe. No início      vale a pena continuarmos com a as-
                                                                             que me integrei na Associação,        sociação, afirma o rabidante

                                     M       amadou Trouré, é Nigeriano
                                     residente em Cabo verde cidade da
                                                                                                                     um pouco indignado.
                                                                             «Os“Chineses”começaram Apesar de possuírem qualidades
                                                                             a fazer-nos concorrência no produto a queixa pela falta
                                     Praia há 22 anos. Comerciante em        a partir do momento que de procura é enorme. A dias que
                                     sucupira há mais de uma década e
                                     meio, mostra sua preocupação no
                                                                             perceberam que o país não nem dinheiro para o transporte se
                                                                                                                     vende. Hoje nem nas épocas festi-
                                     que tange ao comércio no Sucu-          tem controlo, ou melhor vas procura-
                                     pira».                                  não possui uma lei que vi- se o sucupira como antes.
                                     Segundo, o nosso entrevistado a má      gia este tipo de comércio. Embora se fala na crise, o facto é
                                     fiscalização dos órgãos competentes
                                     deste sector, é o grande responsável
                                                                             “A partir daí começaram a fre- que o medo de perder o sustento é
                                                                                                                     cada vez mais a preocupação dos
                                     pela falta de venda neste mercado.      quentar os mesmos mercados rabidantes.
                                     Ainda Mamadou diz que há muito          que nós e ainda a copiar Quando o “O Rabidante”, quis
                                     que os “Chineses” entraram              os        nossos        produtos”» saber se a associação já se reuniu
                                     neste comércio no país. E que até                                               alguma vez para tratar
                                     uns dois anos atrás estes não repre-                                            desse tema, de concorrência dos
                                     sentavam muita ameaça                    ela contava com vinte membros, chineses, a resposta do inquerido
                                     para eles como está agora;               fectivos e mais de três dezenas de é “nunca”! «Faz-se os comentários,
                                     «Os “Chineses”começaram a fazer-         apoiantes sem contar com os outros mas na hora de colocar
                                     nos concorrência a partir do mo-         rabidantes                           os pingos nos ís ninguém aparece, e
                                     mento que perceberam que o país          que participavam nas actividades re- começa aquele furdunço,
                                     não tem controlo, ou melhor não          alizadas. Hoje em dia nem o próprio quem está a sentir lesado
                                     possui uma lei que vigia este tipo de    Presidente aparece para inteirar dos que vá procurar o seu direito.
                                     comércio. “A partir daí começaram        factos ocorridos. Na qualidade de O entrevistado apela à participação
                                     a frequentar                             vice-presidente, devo dizer-vos que activa dos colegas e aponta que “A
                                     os mesmos mercados que nós e ain-        muitas vezes quando a classe passa união faz a força”.
                                     da a copiar os nossos produtos”».        por momentos tensos os problemas                          Ana Brandão
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                                                              Foto Reportagem




                                                                                                          O Rabidante: 10 de Janeiro de 2012
   Rabidante fazendo renda Foto:
   Ângela Santos                                                    Cabeleleiras no sucupira
                                                                    Foto: Ângela Santos




                                   Pedicure Ambulante Foto: Ana
                                   Brandão




Vendedeira Ambulante Foto: Ana Brandão                              Rabidante
                                                                    Foto: Ângela Santos




Ficha Técnica

Reporteres:
Ana Brandão e Ângela Santos
Edição e Paginação:
Ângela Santos e Ana Brandão
Imprissão: Multicópia                                              Rabidante        Foto: Ângela Santos

Tiragem: 1
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                                               PONTO DE VISTA

                                                                                           Chineses & Rabidantes

                                     c    hinesa, está em Cabo Verde há
                                     7 anos, comercianteproprietária
                                                                            do que dos Rabidantes
                                                                            do Sucupira por isso
                                     de duas lojas, uma em Achada San-      a vendemos mais em
                                     to António e outra em descida Terra    conta. Agora gostaria
                                     Branca.                                de deixar aqui bem cla-
                                     Lin defende a sua classe, desmentin-   ro que nós os comerci-
                                     do                                     antes “Chineses”não
                                     aos “boatos” de que eles não pagam     temos, nenhum acordo
                                     alfândega, e de ter qualquer pro-      com o vosso governo,
                                     tecção do governo. Porém a com-        estamos aqui como in-
                                     erciante explica-nos o que faz com     vestidores e pagamos
O Rabidante :10 de Janeiro de 2012




                                     que os Rabidantes do Sucupira ten-     as nossas despesas
                                     ham essa visão.                        como qualquer um»,
                                     «O que leva os Rabidantes do Sucu-     frisa Lin. Enquanto, os
                                     pira a pensar que temos protecção      Rabidantes do Sucu-
                                     do governo, é o seguinte, nós somos    pira, atribui a respons-
                                     muitos e estamos mais bem orga-        abilidade da aderência
                                     nizado e preparado do que eles, ad-    de venda ao governo e
                                     mito sermos uma concorrência forte     a concorrência, Ying,
                                     face aos Rabidantes do Sucupira.       culpa a classe de serem
                                     Mas o que acontece é que nós quan-     os próprios origina-
                                     do vamos, ou mandamos exportar         dores, desta crise uma
                                     de qualquer país para Cabo verde       vez que esses não se encontram bem    Lin Xiao Ying Foto:Ana Brandão
                                     organizamos em grupo e alugamos        organizados, e ainda de serem pes-   Assim como os Rabidantes do
                                     contentores dos navios por um preço    soas egoístas. Aponta que a único    Sucupira, a comerciante chinesa,
                                     mais acessível devido a quantidade     objectivo dos Rabidantes             também afirma que o momento é
                                     de que alugamos e com isso ex-         do Sucupira é ganhar dinheiro,       de crise, salientando que antes tinha
                                     portamos mais;                                                              3 empregada em cada uma da sua
                                     também na hora                                                              loja, mas hoje só tem uma com ela e
                                     de compra o que                                                             a irmã que está a frente da outra loja
                                     estamos a fazer                                                             tem dois empregados sem contar
                                     é tentar satis-                                                             com o marido da mesma. «Uma vez
                                     fazer o mercado                                                             quando cá cheguei e até dois anos
                                     cabo-verdiano.                                                              atrás eu vendia muito e às vezes
                                     Não só ven-                                                                 tomava uma refeição porque não
                                     demos produtos                                                              dava tempo, mas hoje como podem
                                     da china, mas                                                               ver estou com loja vazio e a tempo
                                     o facto é que                                                               até para ler um livro ou ver um
                                     quando vamos                                                                filme, mas nem por isso vou acusar
                                     por exemplo ao                                                              as outras lojas, temos de consolar
                                     Brasil compramos qualquer produto      e de muitas vezes exagerarem nos     com “kau mau pa tudo lado». Cita
                                     em grande quantidade o que faz nos     preços, não pensando na verdadeira
                                                                                                                 Ying.
                                     ganhar um desconto bem mais baixa      situação financeira do pais.
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                                             Elisabete Barros, de 34 anos, pai e mãe de uma filha
                                                   de 6 anos “diz-nos” que hoje ela tornou rabi-
                                                   dante ambulante graças aos “chineses”.Com
                                                   quase a mesma idade da filha de experiencia
                                                   no ramo “Bety” como ela preferi ser chamada.




                                                                                                                    O Rabidante: 10 de Janeiro de 2012
Elisabete Barros   Foto: Ana Brandão     outras necessidades dos fregueses,     prioridades.
                                         a qualidade, foi então que pulei dos
   ORabidante – Como é que surgiu chineses para o “iá” (roupas usadas,          Na qualidade de rabidante ambu-
   esta profissão?                       provenientes dos estados Unidos da     lante quais os benefícios
   Elisabete Barros – Quando surgiu América).                                   e as desvantagens que os chineses
   a gravidez surgiu a necessidade de                                           trouxeram?
   trabalhar, e foi aí que com pouca Após ter deixado de vender grande          A meu ver os “chineses” trouxeram
   economia                              parte dos produtos                     muita alegria aos cabo-verdianos,
   que tinha fui comprar nas lojas dos chineses, para vender outros             em vários aspectos: por exemplo
   chineses no plateau para vender em produtos, como é que você vê os           uma família numerosa hoje desde
   outros pontos como Tira-chapéu,       chineses?                              que haja mínima condição todos
   Fundo Cobom, ASA e etc., no inicio Ainda vendo, mas vendo mais o iá!         pode se vestir ou calçar e por um
   dava mais lucro,                      E não tenho                            preço inferior, e não só eles combat-
   porque os fregueses não tinham razões de queixa para com os chin-            eram a prostituição e o vandalismo.
   tempo para deslocarem                 eses, porque a qualidade do produto    Quanto as desvantagens penso que
   ao plateau, comprava em mim e out- é diferente.                              os rabidantes do sucupira são de
   ras colegas depois com abertura de Como estão a decorrer a vendas?           uma forma geral os mais prejudica-
   lojas nesses pontos começamos         Razoável, há dias que se vende e       dos porque estavam acostumados a
   a perder a nossa clientela, porque já outros não, mas dá para continuar.     “matar”com o preço e também en-
   não precisavam                        O momento inspira compreensão,         tendo as suas posições como pais de
   deslocar, mas com a pratica comecei não há dinheiro. As pessoas querem       famílias. Mas devemos ver as coisas
   a ver que existem                     comprar mas no entanto tem outras      por duas faces.       Ângela Santos
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                                              O Rabidante: 10 de Janeiro de 2012
Foto: Ângela Santos   Rabidante de Sucupira




Foto: Ângela Santos   Comerciante: Chinês
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                                                                                         Artigo de Opinião

                                         As duas Faces
                                     A concorrência sempre foi investidores a partir do mo- má qualidade por um preço
                                interpretada ao pé da letra.     mento que entraram no país, baixo, os rabidantes de sucu-
                                Assim como, tudo na vida, fez com que os rabidantes de pira vendem ao custo elevado
                                tem um lado positivo e outro sucupira perdessem vários devido a boa qualidade.
                                negativo, a concorrência tam- clientes. Essa perda é negati-
                                bém tem esses dois lados.        vo uma vez são sustento dess-                  Ana Brandão

                                Quem beneficia com a con- es rabidantes. Ainda na se-
                                corrência são os clientes, a quência dos acontecimentos
                                medida que ela vai aumentan- é de salientar que no meu ver
O Rabidante: 10 de Janeiro de 2012




                                do os preços dos produtos ou a queda de venda no merca-
                                dos serviços vão diminuindo do sucupira tem muito a ver
                                e sendo, Cabo Verde um país com a entrada dos chineses.
                                onde o rendimento é baixo, Se formos ver o arquipélago
                                qualquer     concorrência      é sempre viveu em situações
                                bem aceite. A parte positiva é económicas pouco favorável,
                                que os chineses diminuíram mas mesmo assim o mercado
                                o     desemprego,   aumentou sucupira sempre vendeu.
                                os números de rabidantes, O factor dessa discorda sem-
                                trouxe mas oportunidade a pre foi o preço. Mas o que
                                famílias numerosas de se ve- a população nunca parou
                                stirem melhor.                   para ver é que, ao contrário
                                O lado negativo é que esses dos chineses que vendem
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                                     Crónica
                                                                      Um dia no Sucupira
                                                                            sensação que tive é de me perguntar    dantes me fizeram sentir uma angús-
                                                                            a mim mesma, o que será de nós que     tia, ao lembrar que aquela tristeza
                                                                            sustentamos a casa com venda?          de uma certa forma tinha a ver com
                                                                              Depois, de algum minutinhos de-      o sustento de muitas famílias; por
                                                                            brucei-me sobre uma frisa de parede    instante senti vontade chorar, mas
                                                                            e pus a falar com uma conhecida que    não o fiz, coloquei a minha fé e pus
                                                                            ali vende “Fátima” que assim como      a orar no meio da caminhada pedin-
                                                                            eu encontrava debruçada na mesma       do a Deus com coração que fizesse
                                                                            parede, perguntei-lhe: Fátima agora    aqueles pais venderem alguma coi-
O Rabidante: 10 de Janeiro de 2012




                                     Foto: Ângela Santos
                                                                            é assim?                               sa para não desanimarem; o incrível
                                     Já lá vão os tempos áureos da sucu-         Ela me respondeu minha filha é ver que estes rabidantes também
                                     pira. Me lembro como se fosse hoje,    se não fosse essa distracção de car-   ajudam outras pessoas a ganharem
                                     era mais ou menos na mesma época ros a subir e a descer penso que, nós        o sustento, não pude deixar de ver
                                     do (Natal) há três anos atrás quando éramos muitos que já tinha deixado       e admirar alguns garotos a rolarem
                                     vim estudar na Capital que lá es-                                                               os bidões, a car-
                                     tive                                  “Confesso que em parte, aquela tran-                      regar     aquelas
                                     para comprar uma sandália. E
                                                                           quilidade me deixou contente, mas                         caixas   grandes,
                                     o tempo era outro parecia com                                                                   outros a cobrirem
                                     o festival da Gamboa «cheia de        vendo as caras tristes dos rabidantes
                                                                                                                                     os espinhos em
                                     agitação, movimentação de cen-        me fizeram sentir uma angústia, ao                        forma de tecto
                                     tenas de pessoas onde um pisava       lembrar que aquela tristeza de uma                        onde mais tarde
                                     no “calo” do outro, o mau cheiro
                                                                           certa forma tinha a ver com o sustento                    se não cobridas o
                                     de suor, encontro de amigos que
                                     a muito não avistava entre outras     de muitas famílias...       ”                             sol batia, e tudo
                                                                                                                                     isso era feito me-
                                     coisas que não vou mencionar                                                                    diante um custo
                                     devido a limitação de espaço»;                                                            que os meus ou-
                                        Mas hoje nesta mesma época lá o sucupira, agora somos rabidantes vidos apurado não pude deixar de
                                     voltei de novo e desta vez não para e rabidantes um a olhar para cara do ouvir.
                                     comprar sapato … foi a passeio mes- outro; me despedi, dizendo aiai e        A curiosidade de observar, fez
                                     mo, saber das novidades etc. Minha fui, mais para cima onde um grupo com que eu permanecesse ali mais
                                     gente deparei com um silêncio em       de rabidantes se divertia jogando do que o tempo previsto, aí em ter-
                                     termos de tudo que um dia por ali      cartas.                                mos de produto circulava de tudo
                                     tinha avistado, e pelo incrível que       Confesso que em parte, aquela       um pouco, ou seja este lugar é uma
                                     pareça, por um instante coloquei-me tranquilidade me deixou contente, casa de sustento, durante tempo que
                                     no lugar dos rabidantes e a primeira mas vendo as caras tristes dos rabi- ali fiquei pude ver de tudo um pou-
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co (em termos de produtos, ora car-    lei com uma menina de 9 anos, que     sem chão, uma menina de menor fa-
ne, ora peixe, torresmo, sumo, bo-     vendia água, e ela me contou coisas   zia “sexo” com um idoso em pleno
los, panelas, milho etc.), mas o que   inacreditáveis (…), depois            dia e quem por ali passava podia
indignou não era a falta de higiene levei ela para uma barraca onde jun-     ver e no outro lado mesmo próximo
dos alimentos que vinham cheia de      tas almoçamos e também aproveitei     dois rapazes e um homem drogava
moscas mas, sim quando vin-                                                      e de onde eu estava podia sen-
ha uma criança a fazer aquele    “Agora pergunto aonde estão                     tir aquele cheiro forte vindo em
serviço, tenho filho, e na ci-   esses pais, que não são mere-                   minha direcção;
dade o que se ouve todos os
dias é a onda de violência e
                                 cedores desse lindo nome!                   ”       Agora pergunto aonde estão
                                                                                 esses pais, que não são mere-
me perguntava como é que os                                                      cedores desse lindo nome! na
pais podem ser tão irresponsáveis a    para descansar as minhas pernas que casa, segundo a pequenina a espera




                                                                                                                    O Rabidante: 10 de Janeiro de 2012
ponto de mandar uma criança vend-      já não aguentava.                     do fruto dessa exploração para mais
er naquele sitio                          Fartos, me despedi dela, e con-    tarde irem fazer o proveito…
onde na maior parte das vezes os       tinuei a minha caminhada cheia de … Continuei com a minha oração,
frequentadores são (ladrões, usuári-   disposição, mais para cima para o     meu Deus enquanto uns mostram-
os de droga, marginais, pedófilos lado do parque 5 de Julho meus ol-         se triste por não conseguir ganhar o
entre outros) isso mexeu comigo; hos avistaram duas situações, que           pão dos filhos, outros nem aí estão.
e em 1ª oportunidade que tive, fa-     me deixaram
                                                                                               Ana Brandão
12        A VOZ DO CIDADÃO

                                              A CONCORÊNCIA É BOA OU NÃO?
                                     O “O Rabidante” recolheu algumas opiniões, sobre o assunto e de acordo com os entrevistados
                                                         pode-se ver que as ideias aproximam uma da outra.




                                                                              Zeca Lopes, um jovem de 26 ano pai Vany Evora, estudante de 20 anos,
                                Vany Aguenes, maiense residente
                                                                              de família, proprietário de uma bar- na minha opinião os chineses vier-
                                na capital, 22anos, esta entrada dos
                                                                              raca de CDs. Os chineses diminuíram am tarde. Sou a favor dessa entrada
                                “chineses” foi a melhor coisa que
                                                                              a venda dos rabidantes do sucupira. porque os rabidantes do sucupira ex-
                                podia ter acontecido. «Nunca se viu
O Rabidante: 10 de Janeiro de 2012




                                                                              Mas combateu muito desemprego,          ageram muitas vezes nos preços. E
                                os jovens bem vestido como agora e
                                                                              há muitos jovens que estavam a faz-     não eles mesmo compram dos chin-
                                não só hoje mesmo na minha ilha há
                                                                              er horrores por aí que hoje, são fun-   eses e não tem que reclamar, porque
                                essa probalidade de se vestir melhor
                                                                              cionários dos chineses, sou a favor     também são clientes dos chinases,
                                mesmo que seja por um preço mais
                                                                              dessa concorrência. Além disso ain-     mas pede aos mesmos que reflictam,
                                caro mas, é mais em conta que antes
                                                                              da ajudam muitas familias carren-       vendo     a   outra     parte      posi-
                                que só tínhamos o sucupira». Sou a
                                                                              ciadas, que não tem um rendimento tiva,         que   não     sejam     egoístas
                                favor dessa entrada dos chineses.
                                                                              mensal, favoravel ao seu sustento.




                                     Ivá Semedo, de 26 anos, solteira mãe     Joana Monteiro, de 37 anos é Li-
                                     de um filho, empregada de uma loja cenciada em matemática, mãe de
                                     chinesa, diz ter conquistado a sua família diz que apesar de não usar
                                     independência com a oportunidade os produtos dos chineses devido ao
                                     que lhe foi concebida pelos chineses. facto de possuir pais emigrantes, é a
                                     Para Semedo a patroa e os cole-          favor dos chineses. A mesma realça
                                     gas são geradores de emprego; que nem todos têm possibilidade de
                                     E ainda frisa que na qualidade de mãe comprar no sucupira. “gossi quem
                                     (sustentadora do próprio lar), entende   ki ka biste é pamode é ka kré”.
                                     a revolta dos Rabidantes do Sucupira.
13

                                                      financeira      mas,  fone sem pressa. “O que os rabi-
                                                      que querem poupar     dantes cabo-verdianos precisam
                                                      porque não sabe do    entender é que não há dinheiro e
                                                      dia de amanhã. Pro-   aceitar a crise”, cita Lin.
                                                      curam      qualidade  A semelhança de Lin os rabidantes
                                                      mas querem gastar     do sucupira enquanto
                                                      menos”. Mesmo os      esperam os clientes, também buscam
                                                      chineses apontam o    formas de passar o tempo, enquanto
                                                      período como des-     uns jogam cartas, outros optam por
                                                      favorável para o      ver televisão, ouvir musica, por a
                                                      negócio. Lin lamen-   conversa em dia, tirar uma sexta, ou
                                                      ta os tempos atrás e  até mesmo limitar-se a sentar
                                                      diz que ao contrário  a porta das barracas, sem fazer nada,
                                                      de antigamente, nas   apenas a olhar
                                                      épocas festivas e     o movimento das pessoas que por
                                                      não só, nem tempo     ali passam, muitas vezes sem sequer
                                                      tinha para fazer      olhar para os produtos que vendem.




                                                                                                                 O Rabidante: 10 de Janeiro de 2012
                                                      uma refeição com      Com ou sem crise, o facto é que os
Concorrência              aumenta conforto,                                 poderes de compra dos cabo-verd-
número de Rabidantes Am- hoje com menos de uma semana ianos já não é o que era antes, o que
bulantes                                para as grandes festividades        afecta tanto os rabidantes do sucu-
  Ao que tudo indica os rabidantes                                                pira como para os que lhes
ambulantes sempre existiram,
mesmo antes da entrada dos chi-
                                       “os rabidantes ambulantes fazem concorrência. é dividir
                                                                                  A todos o que resta
neses no país. Só que com essa sempre existiram, mesmo antes o mercado, visto que cada
entrada, surgiram novos e isso fez
com que a concorrência se ampli-
                                       da entrada dos chineses no país.” um apresenta características
                                                                                  próprias, o que faz com que
asse, dificultando aos rabidantes                                                 aja também públicos específi-
do sucupira. Estes dizem prejudica- que é o Natal um dos períodos que cos, e esperar por tempos melhores
dos uma vez que os chineses, lhes ti- mais se vende nas lojas, há tempo
                                                                                               Ângela Santos
raram a maior clientela os rabidantes até para ler livro, ou falar no tele-
ambulantes não só locais também os
de demais Ilhas.          Afirmando
que antes eles eram os fornecedores
dos rabidantes
ambulantes. Ainda a classe que se
diz prejudicada, menciona o facto
de os rabidantes ambulantes vend-
erem produtos que eles têm, como
é o caso de (calcinhas, sutiãs, chine-
los etc.) no próprio sucupira, sem
pagar nenhum tostão, enquanto eles
pagam 8.160$00 todos os meses.
Situação de crise
Até esta, neste ano de 2011, Graça,
realça que a procura tem sido ra-
zoável em relação aos anos anteri-
ores. “Verifica-se que existem cli-
entes, aparentemente, vê-se que tem
capacidade
                                                                                           Foto: Ângela Santos
14
                                              Grande Reportagem


                                    A proliferação e a saturação do comércio
                                      Apesar da crise registada nos últi-
                                    mos anos em Cabo Verde, assistiu-se
                                    a uma forte expansão do mercado de
                                    vestuários e de produtos do género. A
                                    proliferação de lojas e comercializa-
                                    ção destes produtos gerou uma satu-
                                    ração do mercado mas, apesar da con-
                                    corrência, há rabidantes que afirmam
                                    que o negócio ainda está de boa saúde.
                                       O sucupira é considerado um dos existe aproximadamente meia cen-         ral de Nossa Senhora da Gra-
                                    maiores mercados de vestuário da tena dessas lojas de vestuários dos        ça residente em Palmarejo,
O Rabidante 10 de Janeiro de 2012




                                    cidade da Praia. Com cerca de mais chineses. Elas são tantas que muitas     (Dá) como ela prefere ser chamada,
                                    de um mil rabidantes. Com diver- vezes pode se sair de um e entrar          com mais de duas décadas de profis-
                                    sidades de sectores de comércio, no outro sem mesmo caminhar dois           são rabidante do sucupira, a solução
                                    ainda o mercado conta, com out- passos. A distância mais longe de           no mercado tão saturado é a diver-
                                    ras actividades como,lavagem um para o outro não chega a uma                sificação da oferta, aposta na quali-
                                    de automóveis, câmbios etc. O dezena de metro. Nelas, é possível            dade e diferenciação dos produtos.
                                    mercado é visto como uma ver- encontrar todo tipo de produtos, e                Dá realça “ o mercado caiu e
                                    dadeira       fonte                                         com custo       muito, devido a falta de fiscalização
                                    de rendimento.                                              acessível       e também da crise que está a ocor-
                                    A entrada dos Chi- “Se       formos ver os chineses a               todos   rer no mundo”. Ainda na sequência
                                    neses no mercado                                            bolsos.    O    dos acontecimentos a nossa ent-
                                    do sector de ajudou e muito o nosso país. E não que não é
                                    vestuários      no só graças a eles hoje as pessoas o caso dos
                                    país     aconteceu                                          rabidantes
                                    por volta dos        da nossa terra vestem melhor, ...” de sucupira.
                                    anos       noventa.                                            De acor-
                                    Apesar de se                                                do com as
                                    tratar de uma                                               informa-
                                    forte concorrência, estes só vi- ções obtidas s preços variam
                                    eram ser considerados como tal, conforme a qualidade e a maté-
                                    alguns anos atrás quando estes ria-prima. Há lojas dos chineses
                                    começaram a importar de outros que vendem boas qualidades assim
                                    mercados. Os rabidantes realçam como o do sucupira, mas por um
                                    sentir-se lesados, com a frequentação preço mais baixo. Segundo Lin isso
                                    destes no mesmo mercado que eles. acontece, não porque não pagam as
                                       Hoje em dia as lojas dos chineses alfandegas como cita os rabidantes
                                    de vendas dos produtos de vestuário e mas,     sim,     porque      com-
                                    do género estão espalhados um pou- pram em grande quantidade.
                                    co por todo arquipélago com forte Como sobreviver a concor-                 Foto: Ângela Santos
                                    presença na cidade da Praia, capi- rência
                                    tal do Pais, onde se regista o maior     Segundo Maria da Graça San-
                                    fluxo de negócios. Só no plateau tos, de 39 anos, casada natu-
15

                                                                          Ao contrário dos chineses que se
                                                                          organizem em grupos para im-
                                                                          portar, os rabidantes do sucupira
                                                                          mostram estar muito desorganizados.
                                                                             Perfil dos rabidantes do
                                                                                     sucupira
                                                                               Os rabidantes são na maio-
                                                                          ria jovens com idade compreen-




                                                                                                              O Rabidante: 10 de Janeiro de 2012
-revistada afirma que a concorrência Embora essa classe possua
pela parte dos chineses assim como uma Associação, é de notar
tudo na vida tem o seu lado positivo que a relação entre membros e os
e negativo. “Se formos ver os chin- demais rabidantes não são boas.
eses ajudou e muito o nosso país.E Várias são as razões que estão na
não só graças a
eles hoje as pes-
                                                                          dida entre os 16 a 60 anos. Na
soas da nossa terra “Os rabidantes são na maioria
                                                                          maior parte do sexo feminino,
vestem melhor, e
não digo em ter- jovens com idade compreendida
                                                                          são mães solteiras em busca do
                                                                          próprio sustento da família. Pes-
mos de qualidade entre os 16 a 60 anos. Na maior parte
                                                                          soas de baixo nível de escolaridade,
porque a própria
                  de do sexo feminino, são mães soltei-
                                                                          mas com prática no comércio. Os
economia
                                                                          rabidantes mais antigos que ali se
maioria dos famil- ras em busca do próprio sustento
                                                                          encontram têm mais de três dé-
iares da cidade da
Praia é baixa, mas da família...”
                                                                          cadas de exercício da função e os
                                                                          mais novos com mínimo de cinco
se antes os pais da-
                                                                          anos. São indivíduos com uma
vam aos filhos só uma sandália hoje base desse desacerto. Uns mencio-
                                                                          vida estável, proprietários de im-
podem dar mais do que um. O lado nam o egoísmo, a inveja, outros as
                                                                          óveis, automóveis e outro negócios.
negativo é o facto de eles serem razões políticas, desinteresse mes-
uma concorrência. E com a entrada mo, como causas dessa abnegação.
deles, os nossos lucros di- Ainda para alguns entrevistados,
minuíram e muito, mas ainda como é o caso de Manuel de Pina
dá para o sustento pelo menos de 49 anos, vendedor no mer-
no meu caso”, palavras de Dá. cado de sucupira o melhor a se
  Má organização dos rabi-            fazer para melhor organizar-se é
               dantes                 harmonizar-se uns com os outros.
   Ao que tudo indica, de acor-         O mesmo realça que a un-
do      com       as     informações ião faz a força e que todos          Foto: Ângela Santos
recolhidas os rabidantes do sucupira ali deviam se entender uns com
se     encontra      mal    organiza- os outros, porque todos estão na                          Ana Brandão
dos      face       aos     chineses. busca do sustento para a família.
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  • 1. Nº 0 30 Janeiro de 2012 Preço: 100 Escudos Concorrência traz maiores desafios Grande Entrevista “ O Associativismo não é o forte dos Cabo- verdia- nos”. pág.3 Entrevista “ O mercado caiu e muito, “Não temos, nenhum acor- Quando surgiu a gravidez devido a falta de fiscaliza- do com o vosso governo ...” houve a necessidade de ção e também da crise que Lin Xiao Ying trabalhar. está a ocorrer no mundo”. pág.4 pág. 13 pág.8
  • 2. 2 EDITORIAL MELHORES CONDIÇÕES DE VIDA siderado uma segunda casa pelos lemática. O facto é que a nossa re- O comércio é principal fonte de ren- rabidantes. vista durante toda a recolha, apurou dimento do país. Quando se fala no Há muito que os chineses estão que estes novos investidores troux- comércio no sucupira pensa-se logo nesse ramo de comércio, no país e eram benefícios, tanto para a sua no vestuário e no calçado. Mas na não eram vistos como uma concor- população como para a economia realidade o mercado apresenta di- rência, porque mesmo com a forte do país. versificações de sectores. presença no sector, o mercado do Assim, de acordo com os dados re- O centro comercial do sucupira da sucupira nunca deixou de ser pro- colhidos, vamos fornecer informa- cidade da Praia é considerado o curado. Porém de uns anos para cá ções aos públicos com intuito de maior mercado do arquipélago. Os devido a crise o mercado sofreu uma fazer-lhes conhecerem os dois lados rabidantes do mercado são pessoas forte queda de venda. As opiniões envolvidos (chineses versus rabi- poucas instruídas, com idade com- dos próprios rabidantes divergem- dante), na nossa1ª edição da Revista preendida entre os 16 aos 60 anos, e se entre eles. Enquanto uns respon- o “O Rabidanti”. na sua maioria são mulheres chefes sabiliza a queda de venda aos chin- Ângela Santos de famílias que batalham para o eses, outros aponta-o a crise. O Rabidante :10 de Janeiro de 2012 próprio sustento. A busca pelo “gan- Sendo assim, o”O Rabidanti” saiu a ha-pão” começa desde o amanhecer rua da capital para saber as opiniões até ao pôr-do-sol. O mercado é con- dos cidadãos a cerca dessa prob- De acordo com o Decreto-Lei nº O QUE DIZ A LEI? VII/2009, de 30 de Dezembro que o itos sócias e da protecção reforçada A 21/2011 de 7 de Março. presente diploma visa em desenvol- dos destinatários dos serviços. lei diz que, os serviços são vimento do princípios de livre esta- Ainda é de se lembrar, o artigo 11º o mais importante sector belecimento em consonância com (âmbito territorial e limitação de da ecónoma nacional em os compromissos advenientes da permissão administrativas) em que termos económicos e de emprego adesão de Cabo Verde à organização a lei diz. 1 - As permissões admin- e tem registado um maior desen- mundial do comercio concretamente istrativas concebidas pelos serviços volvimento nos últimos anos. Ou de acordo geral sobre o comercio de da administração directa e indi- seja diante dessas circunstâncias, o serviços, assegurar que os regimes recta do estado devem permitir ao governo ciente de que um merca- jurídicos aplicáveis ao sector dos prestador de serviços o exercício do competitivo e a eliminação dos serviços respeitem a liberdade do da sua actividade de serviço entraves ao seu desenvolvimento direito de estabelecimento e da livre em todo o território nacional. são fundamentais para promover o prestação de serviços ao estabelecer 2- Quando o regime de permissão crescimento económico e a criação um conjunto de princípios gerais administrativa de uma actividade de emprego, vem propugnando pela aplicáveis ao procedimentos que assim o exija, o prestador de serviço liberdade de estabelecimento dos regulamentam o acesso e exercício deve informar a autoridade admin- serviços no território nacional, em das actividades de serviços, através istrativa competente, através do ordem à contribuição para a expan- de um adequado equilíbrio entre a balcão único, da criação de sucur- são e crescimento deste sector. Tam- abertura do mercado e a preserva- sais, filias, agências ou escritórios. bém a lei diz no artigo 3º da lei nº 49/ ção dos serviços públicos, dos dire- Ana Brandão
  • 3. 3 FOTO REPORTAGEM Pedicure Foto: Ana Brandão Vendedeira Ambulante Foto: Ana Brandão O Rabidante: 10 de Janeiro de 2012 Vendedeira Ambulante Foto: Ana Brandão Vendedeira Ambulante Foto: Ângela Santos Clientes Foto: Ana Brandão Clientes Muhleres fazendo renda Foto: Foto: Ângela Santos Ana Brandão
  • 4. 4 Grande Entrevista “ Falta de fiscalização!” Mamadou Trouré Vice – Presidente da As- sociação dos Rabidantes do Sucupira Cita Trouré. muitas vezes são resolvidos com in- Nosso entrevistado deixa dividualidade. O Rabidante: 10 de Janeiro de 2012 transparecer que apesar de O orgulho dos rabidantes é maior existir uma “Associação que qualquer conforto, palavras do dos Rabidantes”, vice-presidente da associação dos essa não é bem aceite por rabidantes. todos ali devido Mamadou não poupa criticas aos a várias razões que o colegas sobre “a desunião” entre os próprio diz não vale a pena rabidantes que de uma certa forma mencionar. Ainda na sua tem sufocado o mercado. Faz-se opinião o associativismo reuniões da associação não com- não é o forte dos cabo- parece uma dúzia de colegas cabo- verdianos e isto tem preju- verdianos, e por este motivo, não Foto: Ângela Santos dicado a classe. No início vale a pena continuarmos com a as- que me integrei na Associação, sociação, afirma o rabidante M amadou Trouré, é Nigeriano residente em Cabo verde cidade da um pouco indignado. «Os“Chineses”começaram Apesar de possuírem qualidades a fazer-nos concorrência no produto a queixa pela falta Praia há 22 anos. Comerciante em a partir do momento que de procura é enorme. A dias que sucupira há mais de uma década e meio, mostra sua preocupação no perceberam que o país não nem dinheiro para o transporte se vende. Hoje nem nas épocas festi- que tange ao comércio no Sucu- tem controlo, ou melhor vas procura- pira». não possui uma lei que vi- se o sucupira como antes. Segundo, o nosso entrevistado a má gia este tipo de comércio. Embora se fala na crise, o facto é fiscalização dos órgãos competentes deste sector, é o grande responsável “A partir daí começaram a fre- que o medo de perder o sustento é cada vez mais a preocupação dos pela falta de venda neste mercado. quentar os mesmos mercados rabidantes. Ainda Mamadou diz que há muito que nós e ainda a copiar Quando o “O Rabidante”, quis que os “Chineses” entraram os nossos produtos”» saber se a associação já se reuniu neste comércio no país. E que até alguma vez para tratar uns dois anos atrás estes não repre- desse tema, de concorrência dos sentavam muita ameaça ela contava com vinte membros, chineses, a resposta do inquerido para eles como está agora; fectivos e mais de três dezenas de é “nunca”! «Faz-se os comentários, «Os “Chineses”começaram a fazer- apoiantes sem contar com os outros mas na hora de colocar nos concorrência a partir do mo- rabidantes os pingos nos ís ninguém aparece, e mento que perceberam que o país que participavam nas actividades re- começa aquele furdunço, não tem controlo, ou melhor não alizadas. Hoje em dia nem o próprio quem está a sentir lesado possui uma lei que vigia este tipo de Presidente aparece para inteirar dos que vá procurar o seu direito. comércio. “A partir daí começaram factos ocorridos. Na qualidade de O entrevistado apela à participação a frequentar vice-presidente, devo dizer-vos que activa dos colegas e aponta que “A os mesmos mercados que nós e ain- muitas vezes quando a classe passa união faz a força”. da a copiar os nossos produtos”». por momentos tensos os problemas Ana Brandão
  • 5. 5 Foto Reportagem O Rabidante: 10 de Janeiro de 2012 Rabidante fazendo renda Foto: Ângela Santos Cabeleleiras no sucupira Foto: Ângela Santos Pedicure Ambulante Foto: Ana Brandão Vendedeira Ambulante Foto: Ana Brandão Rabidante Foto: Ângela Santos Ficha Técnica Reporteres: Ana Brandão e Ângela Santos Edição e Paginação: Ângela Santos e Ana Brandão Imprissão: Multicópia Rabidante Foto: Ângela Santos Tiragem: 1
  • 6. 6 PONTO DE VISTA Chineses & Rabidantes c hinesa, está em Cabo Verde há 7 anos, comercianteproprietária do que dos Rabidantes do Sucupira por isso de duas lojas, uma em Achada San- a vendemos mais em to António e outra em descida Terra conta. Agora gostaria Branca. de deixar aqui bem cla- Lin defende a sua classe, desmentin- ro que nós os comerci- do antes “Chineses”não aos “boatos” de que eles não pagam temos, nenhum acordo alfândega, e de ter qualquer pro- com o vosso governo, tecção do governo. Porém a com- estamos aqui como in- erciante explica-nos o que faz com vestidores e pagamos O Rabidante :10 de Janeiro de 2012 que os Rabidantes do Sucupira ten- as nossas despesas ham essa visão. como qualquer um», «O que leva os Rabidantes do Sucu- frisa Lin. Enquanto, os pira a pensar que temos protecção Rabidantes do Sucu- do governo, é o seguinte, nós somos pira, atribui a respons- muitos e estamos mais bem orga- abilidade da aderência nizado e preparado do que eles, ad- de venda ao governo e mito sermos uma concorrência forte a concorrência, Ying, face aos Rabidantes do Sucupira. culpa a classe de serem Mas o que acontece é que nós quan- os próprios origina- do vamos, ou mandamos exportar dores, desta crise uma de qualquer país para Cabo verde vez que esses não se encontram bem Lin Xiao Ying Foto:Ana Brandão organizamos em grupo e alugamos organizados, e ainda de serem pes- Assim como os Rabidantes do contentores dos navios por um preço soas egoístas. Aponta que a único Sucupira, a comerciante chinesa, mais acessível devido a quantidade objectivo dos Rabidantes também afirma que o momento é de que alugamos e com isso ex- do Sucupira é ganhar dinheiro, de crise, salientando que antes tinha portamos mais; 3 empregada em cada uma da sua também na hora loja, mas hoje só tem uma com ela e de compra o que a irmã que está a frente da outra loja estamos a fazer tem dois empregados sem contar é tentar satis- com o marido da mesma. «Uma vez fazer o mercado quando cá cheguei e até dois anos cabo-verdiano. atrás eu vendia muito e às vezes Não só ven- tomava uma refeição porque não demos produtos dava tempo, mas hoje como podem da china, mas ver estou com loja vazio e a tempo o facto é que até para ler um livro ou ver um quando vamos filme, mas nem por isso vou acusar por exemplo ao as outras lojas, temos de consolar Brasil compramos qualquer produto e de muitas vezes exagerarem nos com “kau mau pa tudo lado». Cita em grande quantidade o que faz nos preços, não pensando na verdadeira Ying. ganhar um desconto bem mais baixa situação financeira do pais.
  • 7. 7 Elisabete Barros, de 34 anos, pai e mãe de uma filha de 6 anos “diz-nos” que hoje ela tornou rabi- dante ambulante graças aos “chineses”.Com quase a mesma idade da filha de experiencia no ramo “Bety” como ela preferi ser chamada. O Rabidante: 10 de Janeiro de 2012 Elisabete Barros Foto: Ana Brandão outras necessidades dos fregueses, prioridades. a qualidade, foi então que pulei dos ORabidante – Como é que surgiu chineses para o “iá” (roupas usadas, Na qualidade de rabidante ambu- esta profissão? provenientes dos estados Unidos da lante quais os benefícios Elisabete Barros – Quando surgiu América). e as desvantagens que os chineses a gravidez surgiu a necessidade de trouxeram? trabalhar, e foi aí que com pouca Após ter deixado de vender grande A meu ver os “chineses” trouxeram economia parte dos produtos muita alegria aos cabo-verdianos, que tinha fui comprar nas lojas dos chineses, para vender outros em vários aspectos: por exemplo chineses no plateau para vender em produtos, como é que você vê os uma família numerosa hoje desde outros pontos como Tira-chapéu, chineses? que haja mínima condição todos Fundo Cobom, ASA e etc., no inicio Ainda vendo, mas vendo mais o iá! pode se vestir ou calçar e por um dava mais lucro, E não tenho preço inferior, e não só eles combat- porque os fregueses não tinham razões de queixa para com os chin- eram a prostituição e o vandalismo. tempo para deslocarem eses, porque a qualidade do produto Quanto as desvantagens penso que ao plateau, comprava em mim e out- é diferente. os rabidantes do sucupira são de ras colegas depois com abertura de Como estão a decorrer a vendas? uma forma geral os mais prejudica- lojas nesses pontos começamos Razoável, há dias que se vende e dos porque estavam acostumados a a perder a nossa clientela, porque já outros não, mas dá para continuar. “matar”com o preço e também en- não precisavam O momento inspira compreensão, tendo as suas posições como pais de deslocar, mas com a pratica comecei não há dinheiro. As pessoas querem famílias. Mas devemos ver as coisas a ver que existem comprar mas no entanto tem outras por duas faces. Ângela Santos
  • 8. 8 O Rabidante: 10 de Janeiro de 2012 Foto: Ângela Santos Rabidante de Sucupira Foto: Ângela Santos Comerciante: Chinês
  • 9. 9 Artigo de Opinião As duas Faces A concorrência sempre foi investidores a partir do mo- má qualidade por um preço interpretada ao pé da letra. mento que entraram no país, baixo, os rabidantes de sucu- Assim como, tudo na vida, fez com que os rabidantes de pira vendem ao custo elevado tem um lado positivo e outro sucupira perdessem vários devido a boa qualidade. negativo, a concorrência tam- clientes. Essa perda é negati- bém tem esses dois lados. vo uma vez são sustento dess- Ana Brandão Quem beneficia com a con- es rabidantes. Ainda na se- corrência são os clientes, a quência dos acontecimentos medida que ela vai aumentan- é de salientar que no meu ver O Rabidante: 10 de Janeiro de 2012 do os preços dos produtos ou a queda de venda no merca- dos serviços vão diminuindo do sucupira tem muito a ver e sendo, Cabo Verde um país com a entrada dos chineses. onde o rendimento é baixo, Se formos ver o arquipélago qualquer concorrência é sempre viveu em situações bem aceite. A parte positiva é económicas pouco favorável, que os chineses diminuíram mas mesmo assim o mercado o desemprego, aumentou sucupira sempre vendeu. os números de rabidantes, O factor dessa discorda sem- trouxe mas oportunidade a pre foi o preço. Mas o que famílias numerosas de se ve- a população nunca parou stirem melhor. para ver é que, ao contrário O lado negativo é que esses dos chineses que vendem
  • 10. 10 Crónica Um dia no Sucupira sensação que tive é de me perguntar dantes me fizeram sentir uma angús- a mim mesma, o que será de nós que tia, ao lembrar que aquela tristeza sustentamos a casa com venda? de uma certa forma tinha a ver com Depois, de algum minutinhos de- o sustento de muitas famílias; por brucei-me sobre uma frisa de parede instante senti vontade chorar, mas e pus a falar com uma conhecida que não o fiz, coloquei a minha fé e pus ali vende “Fátima” que assim como a orar no meio da caminhada pedin- eu encontrava debruçada na mesma do a Deus com coração que fizesse parede, perguntei-lhe: Fátima agora aqueles pais venderem alguma coi- O Rabidante: 10 de Janeiro de 2012 Foto: Ângela Santos é assim? sa para não desanimarem; o incrível Já lá vão os tempos áureos da sucu- Ela me respondeu minha filha é ver que estes rabidantes também pira. Me lembro como se fosse hoje, se não fosse essa distracção de car- ajudam outras pessoas a ganharem era mais ou menos na mesma época ros a subir e a descer penso que, nós o sustento, não pude deixar de ver do (Natal) há três anos atrás quando éramos muitos que já tinha deixado e admirar alguns garotos a rolarem vim estudar na Capital que lá es- os bidões, a car- tive “Confesso que em parte, aquela tran- regar aquelas para comprar uma sandália. E quilidade me deixou contente, mas caixas grandes, o tempo era outro parecia com outros a cobrirem o festival da Gamboa «cheia de vendo as caras tristes dos rabidantes os espinhos em agitação, movimentação de cen- me fizeram sentir uma angústia, ao forma de tecto tenas de pessoas onde um pisava lembrar que aquela tristeza de uma onde mais tarde no “calo” do outro, o mau cheiro certa forma tinha a ver com o sustento se não cobridas o de suor, encontro de amigos que a muito não avistava entre outras de muitas famílias... ” sol batia, e tudo isso era feito me- coisas que não vou mencionar diante um custo devido a limitação de espaço»; que os meus ou- Mas hoje nesta mesma época lá o sucupira, agora somos rabidantes vidos apurado não pude deixar de voltei de novo e desta vez não para e rabidantes um a olhar para cara do ouvir. comprar sapato … foi a passeio mes- outro; me despedi, dizendo aiai e A curiosidade de observar, fez mo, saber das novidades etc. Minha fui, mais para cima onde um grupo com que eu permanecesse ali mais gente deparei com um silêncio em de rabidantes se divertia jogando do que o tempo previsto, aí em ter- termos de tudo que um dia por ali cartas. mos de produto circulava de tudo tinha avistado, e pelo incrível que Confesso que em parte, aquela um pouco, ou seja este lugar é uma pareça, por um instante coloquei-me tranquilidade me deixou contente, casa de sustento, durante tempo que no lugar dos rabidantes e a primeira mas vendo as caras tristes dos rabi- ali fiquei pude ver de tudo um pou-
  • 11. 11 co (em termos de produtos, ora car- lei com uma menina de 9 anos, que sem chão, uma menina de menor fa- ne, ora peixe, torresmo, sumo, bo- vendia água, e ela me contou coisas zia “sexo” com um idoso em pleno los, panelas, milho etc.), mas o que inacreditáveis (…), depois dia e quem por ali passava podia indignou não era a falta de higiene levei ela para uma barraca onde jun- ver e no outro lado mesmo próximo dos alimentos que vinham cheia de tas almoçamos e também aproveitei dois rapazes e um homem drogava moscas mas, sim quando vin- e de onde eu estava podia sen- ha uma criança a fazer aquele “Agora pergunto aonde estão tir aquele cheiro forte vindo em serviço, tenho filho, e na ci- esses pais, que não são mere- minha direcção; dade o que se ouve todos os dias é a onda de violência e cedores desse lindo nome! ” Agora pergunto aonde estão esses pais, que não são mere- me perguntava como é que os cedores desse lindo nome! na pais podem ser tão irresponsáveis a para descansar as minhas pernas que casa, segundo a pequenina a espera O Rabidante: 10 de Janeiro de 2012 ponto de mandar uma criança vend- já não aguentava. do fruto dessa exploração para mais er naquele sitio Fartos, me despedi dela, e con- tarde irem fazer o proveito… onde na maior parte das vezes os tinuei a minha caminhada cheia de … Continuei com a minha oração, frequentadores são (ladrões, usuári- disposição, mais para cima para o meu Deus enquanto uns mostram- os de droga, marginais, pedófilos lado do parque 5 de Julho meus ol- se triste por não conseguir ganhar o entre outros) isso mexeu comigo; hos avistaram duas situações, que pão dos filhos, outros nem aí estão. e em 1ª oportunidade que tive, fa- me deixaram Ana Brandão
  • 12. 12 A VOZ DO CIDADÃO A CONCORÊNCIA É BOA OU NÃO? O “O Rabidante” recolheu algumas opiniões, sobre o assunto e de acordo com os entrevistados pode-se ver que as ideias aproximam uma da outra. Zeca Lopes, um jovem de 26 ano pai Vany Evora, estudante de 20 anos, Vany Aguenes, maiense residente de família, proprietário de uma bar- na minha opinião os chineses vier- na capital, 22anos, esta entrada dos raca de CDs. Os chineses diminuíram am tarde. Sou a favor dessa entrada “chineses” foi a melhor coisa que a venda dos rabidantes do sucupira. porque os rabidantes do sucupira ex- podia ter acontecido. «Nunca se viu O Rabidante: 10 de Janeiro de 2012 Mas combateu muito desemprego, ageram muitas vezes nos preços. E os jovens bem vestido como agora e há muitos jovens que estavam a faz- não eles mesmo compram dos chin- não só hoje mesmo na minha ilha há er horrores por aí que hoje, são fun- eses e não tem que reclamar, porque essa probalidade de se vestir melhor cionários dos chineses, sou a favor também são clientes dos chinases, mesmo que seja por um preço mais dessa concorrência. Além disso ain- mas pede aos mesmos que reflictam, caro mas, é mais em conta que antes da ajudam muitas familias carren- vendo a outra parte posi- que só tínhamos o sucupira». Sou a ciadas, que não tem um rendimento tiva, que não sejam egoístas favor dessa entrada dos chineses. mensal, favoravel ao seu sustento. Ivá Semedo, de 26 anos, solteira mãe Joana Monteiro, de 37 anos é Li- de um filho, empregada de uma loja cenciada em matemática, mãe de chinesa, diz ter conquistado a sua família diz que apesar de não usar independência com a oportunidade os produtos dos chineses devido ao que lhe foi concebida pelos chineses. facto de possuir pais emigrantes, é a Para Semedo a patroa e os cole- favor dos chineses. A mesma realça gas são geradores de emprego; que nem todos têm possibilidade de E ainda frisa que na qualidade de mãe comprar no sucupira. “gossi quem (sustentadora do próprio lar), entende ki ka biste é pamode é ka kré”. a revolta dos Rabidantes do Sucupira.
  • 13. 13 financeira mas, fone sem pressa. “O que os rabi- que querem poupar dantes cabo-verdianos precisam porque não sabe do entender é que não há dinheiro e dia de amanhã. Pro- aceitar a crise”, cita Lin. curam qualidade A semelhança de Lin os rabidantes mas querem gastar do sucupira enquanto menos”. Mesmo os esperam os clientes, também buscam chineses apontam o formas de passar o tempo, enquanto período como des- uns jogam cartas, outros optam por favorável para o ver televisão, ouvir musica, por a negócio. Lin lamen- conversa em dia, tirar uma sexta, ou ta os tempos atrás e até mesmo limitar-se a sentar diz que ao contrário a porta das barracas, sem fazer nada, de antigamente, nas apenas a olhar épocas festivas e o movimento das pessoas que por não só, nem tempo ali passam, muitas vezes sem sequer tinha para fazer olhar para os produtos que vendem. O Rabidante: 10 de Janeiro de 2012 uma refeição com Com ou sem crise, o facto é que os Concorrência aumenta conforto, poderes de compra dos cabo-verd- número de Rabidantes Am- hoje com menos de uma semana ianos já não é o que era antes, o que bulantes para as grandes festividades afecta tanto os rabidantes do sucu- Ao que tudo indica os rabidantes pira como para os que lhes ambulantes sempre existiram, mesmo antes da entrada dos chi- “os rabidantes ambulantes fazem concorrência. é dividir A todos o que resta neses no país. Só que com essa sempre existiram, mesmo antes o mercado, visto que cada entrada, surgiram novos e isso fez com que a concorrência se ampli- da entrada dos chineses no país.” um apresenta características próprias, o que faz com que asse, dificultando aos rabidantes aja também públicos específi- do sucupira. Estes dizem prejudica- que é o Natal um dos períodos que cos, e esperar por tempos melhores dos uma vez que os chineses, lhes ti- mais se vende nas lojas, há tempo Ângela Santos raram a maior clientela os rabidantes até para ler livro, ou falar no tele- ambulantes não só locais também os de demais Ilhas. Afirmando que antes eles eram os fornecedores dos rabidantes ambulantes. Ainda a classe que se diz prejudicada, menciona o facto de os rabidantes ambulantes vend- erem produtos que eles têm, como é o caso de (calcinhas, sutiãs, chine- los etc.) no próprio sucupira, sem pagar nenhum tostão, enquanto eles pagam 8.160$00 todos os meses. Situação de crise Até esta, neste ano de 2011, Graça, realça que a procura tem sido ra- zoável em relação aos anos anteri- ores. “Verifica-se que existem cli- entes, aparentemente, vê-se que tem capacidade Foto: Ângela Santos
  • 14. 14 Grande Reportagem A proliferação e a saturação do comércio Apesar da crise registada nos últi- mos anos em Cabo Verde, assistiu-se a uma forte expansão do mercado de vestuários e de produtos do género. A proliferação de lojas e comercializa- ção destes produtos gerou uma satu- ração do mercado mas, apesar da con- corrência, há rabidantes que afirmam que o negócio ainda está de boa saúde. O sucupira é considerado um dos existe aproximadamente meia cen- ral de Nossa Senhora da Gra- maiores mercados de vestuário da tena dessas lojas de vestuários dos ça residente em Palmarejo, O Rabidante 10 de Janeiro de 2012 cidade da Praia. Com cerca de mais chineses. Elas são tantas que muitas (Dá) como ela prefere ser chamada, de um mil rabidantes. Com diver- vezes pode se sair de um e entrar com mais de duas décadas de profis- sidades de sectores de comércio, no outro sem mesmo caminhar dois são rabidante do sucupira, a solução ainda o mercado conta, com out- passos. A distância mais longe de no mercado tão saturado é a diver- ras actividades como,lavagem um para o outro não chega a uma sificação da oferta, aposta na quali- de automóveis, câmbios etc. O dezena de metro. Nelas, é possível dade e diferenciação dos produtos. mercado é visto como uma ver- encontrar todo tipo de produtos, e Dá realça “ o mercado caiu e dadeira fonte com custo muito, devido a falta de fiscalização de rendimento. acessível e também da crise que está a ocor- A entrada dos Chi- “Se formos ver os chineses a todos rer no mundo”. Ainda na sequência neses no mercado bolsos. O dos acontecimentos a nossa ent- do sector de ajudou e muito o nosso país. E não que não é vestuários no só graças a eles hoje as pessoas o caso dos país aconteceu rabidantes por volta dos da nossa terra vestem melhor, ...” de sucupira. anos noventa. De acor- Apesar de se do com as tratar de uma informa- forte concorrência, estes só vi- ções obtidas s preços variam eram ser considerados como tal, conforme a qualidade e a maté- alguns anos atrás quando estes ria-prima. Há lojas dos chineses começaram a importar de outros que vendem boas qualidades assim mercados. Os rabidantes realçam como o do sucupira, mas por um sentir-se lesados, com a frequentação preço mais baixo. Segundo Lin isso destes no mesmo mercado que eles. acontece, não porque não pagam as Hoje em dia as lojas dos chineses alfandegas como cita os rabidantes de vendas dos produtos de vestuário e mas, sim, porque com- do género estão espalhados um pou- pram em grande quantidade. co por todo arquipélago com forte Como sobreviver a concor- Foto: Ângela Santos presença na cidade da Praia, capi- rência tal do Pais, onde se regista o maior Segundo Maria da Graça San- fluxo de negócios. Só no plateau tos, de 39 anos, casada natu-
  • 15. 15 Ao contrário dos chineses que se organizem em grupos para im- portar, os rabidantes do sucupira mostram estar muito desorganizados. Perfil dos rabidantes do sucupira Os rabidantes são na maio- ria jovens com idade compreen- O Rabidante: 10 de Janeiro de 2012 -revistada afirma que a concorrência Embora essa classe possua pela parte dos chineses assim como uma Associação, é de notar tudo na vida tem o seu lado positivo que a relação entre membros e os e negativo. “Se formos ver os chin- demais rabidantes não são boas. eses ajudou e muito o nosso país.E Várias são as razões que estão na não só graças a eles hoje as pes- dida entre os 16 a 60 anos. Na soas da nossa terra “Os rabidantes são na maioria maior parte do sexo feminino, vestem melhor, e não digo em ter- jovens com idade compreendida são mães solteiras em busca do próprio sustento da família. Pes- mos de qualidade entre os 16 a 60 anos. Na maior parte soas de baixo nível de escolaridade, porque a própria de do sexo feminino, são mães soltei- mas com prática no comércio. Os economia rabidantes mais antigos que ali se maioria dos famil- ras em busca do próprio sustento encontram têm mais de três dé- iares da cidade da Praia é baixa, mas da família...” cadas de exercício da função e os mais novos com mínimo de cinco se antes os pais da- anos. São indivíduos com uma vam aos filhos só uma sandália hoje base desse desacerto. Uns mencio- vida estável, proprietários de im- podem dar mais do que um. O lado nam o egoísmo, a inveja, outros as óveis, automóveis e outro negócios. negativo é o facto de eles serem razões políticas, desinteresse mes- uma concorrência. E com a entrada mo, como causas dessa abnegação. deles, os nossos lucros di- Ainda para alguns entrevistados, minuíram e muito, mas ainda como é o caso de Manuel de Pina dá para o sustento pelo menos de 49 anos, vendedor no mer- no meu caso”, palavras de Dá. cado de sucupira o melhor a se Má organização dos rabi- fazer para melhor organizar-se é dantes harmonizar-se uns com os outros. Ao que tudo indica, de acor- O mesmo realça que a un- do com as informações ião faz a força e que todos Foto: Ângela Santos recolhidas os rabidantes do sucupira ali deviam se entender uns com se encontra mal organiza- os outros, porque todos estão na Ana Brandão dos face aos chineses. busca do sustento para a família.