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OS AGENTES ECONÔMICOS
Os agentes econômicos - as famílias, as empresas e o setor público - são os responsá-
veis pela atividade econômica. Em relação ao seu comportamento, supõe-se que são
coerentes quando tomam decisões.
2.1 A ATIVIDADE ECONÔMICA E OS AGENTES
ECONÔMICOS
A atividade econômica concretiza-se na produção de ampla gama de bens e serviços,
cujo destino último é a satisfação das necessidades humanas. Os homens, mediante sua
capacidade de trabalho, são os organizadores e executores da produção.
As atividades produtivas numa sociedade contemporânea realizam-se por meio
de numerosas unidades de produção ou empresas, cada uma das quais emprega traba-
lho, capital e recursos naturais, procurando obter bens e serviços. Por meio das uni-
dades de produção se faz possível o fenômeno da divisão do trabalho.
A organização dos fatores produtivos (terra, trabalho e capital) dentro das
empresas, assim como a direção de suas atividades, recai sobre pessoas ou grupos de
aráter privado ou público. Na economia, os diversos papéis que desempenham os
19
20 Introdução à Economia Capo 2
agentes econômicos, isto é, as famílias ou unidades familiares, as empresas e o setor
público, podem ser agrupados em três grandes setores (Esquema 2.1).
o setor primário abrange as atividades que se realizam próximas às bases
dos recursos naturais, isto é, as atividades agrícolas, pesqueiras, pecuárias
e extrativas.
o setor secundário inclui as atividades industriais, mediante as quais são
transformados os bens.
o setor terciário ou de serviços reúne as atividades direcionadas a satisfa-
zer necessidades de serviços produtivos que não se transformam em algo
material.
Setores
econômicos
{
• Primário: agricultura, pesca e mineração.
• Secundário: indústria e construção.
• Terciário: serviços, comércio, transporte, bancos etc.
Esquema 2.1 Os setores econômicos.
2.2 AS EMPRESAS
Nas sociedades modernas, as empresas produzem e oferecem praticamente a totalidade
dos bens e serviços, como o pão, os automóveis, os sapatos, as agências de turismo etc.
• A empresa é a unidade de produção básica. Contrata trabalho e com-
pra fatores com o fim de fazer e vender bens e serviços.
Nas sociedades primitivas, contudo, a produção era individual e artesanal.
Hoje, as empresas são as maiores responsáveis pela produção, já que só elas são capa-
zes de obter as vantagens da produção em massa. Somente as empresas podem reunir
grandes quantidades de recursos financeiros e físicos necessários para construir as ins-
talações e os equipamentos que a atualidade exige.
Além disso, somente as empresas têm capacidade de organizar os complexos
processos de produção e distribuição exigidos pelas sociedades modernas. Assim, por
exemplo, para produzir automóveis de maneira eficiente o tamanho da fábrica deveria
ser tal que pudesse produzir um mínimo de 250.000 automóveis ao ano.
Capo 2 Os agentes econômicos 21
2.2.1 TIPOS DE EMPRESAS SEGUNDO SUA
NATUREZA JURíDICA
o Esquema 2.2 apresenta os diferentes tipos de empresas segundo sua natureza jurídica.
Os dois tipos mais representativos são analisados a seguir.
Individual: Trata-se de empresas que pertencem a um só indivíduo e são dirigidas por ele.
Social
(A propriedade
não corresponde
aum só
indivíduo)
í ·Limitadas. O capital social deve estar totalmente desembolsado em um
movimento de constituir a sociedade. O capital está dividido em partes
iguais, chamadas cotas. Nestas empresas os sócios não respondem
pessoalmente a dados sociais, somente com o capital aplicado.
• Sociedades Anônimas ou S.A.'S. Somente se pode ser sócio investindo
dinheiro. O capital está dividido entre os acionistas. A responsabilidade dos
sócios se limita ao capital aplicado. As ações são eventualmente negociadas
na bolsa.
• Cooperativas. As sociedades cooperativas são associações criadas para
satisfazer as necessidades comuns dos associados que compartilham de
iguais riscos e benefícios.
Esquema 2.2 Tipos de empresas segundo a natureza jurídica.
A EMPRESA INDIVIDUAL
A empresa individual é de propriedade individual e é a forma mais simples de se estabe-
lecer um negócio. Esse tipo de empresa pertence a um indivíduo e é dirigida por ele.
Uma banca de jornal ou um borracheiro seriam exemplos típicos.
A SOCIEDADE ANÔNIMA
Sociedade anônima ou simplesmente S.A. é a forma de organização empresarial mais
comum. Em uma sociedade anônima, o capital está dividido em pequenas partes
iguais, chamadas ações, que servem para facilitar a união de grandes capitais. Cada
sócio acionista tem uma responsabilidade limitada, respondendo apenas pela sua parte
do capital. Ele não se responsabiliza pelas dívidas sociais da empresa. Ao limitar as
22 Introdução à Economia Cap.2
responsabilidades dos proprietários, a sociedade proporciona menor proteção legal aos
credores, a quem ela deve dinheiro.
Nas sociedades anônimas, especialmente nas grandes empresas, existe uma
clara separação entre a propriedade - que é dos acionistas - e a direção - que é
exercida pelo Conselho Administrativo. É esta que geralmente contrata técnicos espe-
cializados para as diversas áreas da empresa.
• A forma de organização empresarial mais comum é a sociedade anô-
nima. O capital da S.A. está dividido em ações.
2.2.2 O FINANCIAMENTO DA EMPRESA
As sociedades podem conseguir fundos para seu crescimento do mesmo modo que os
proprietários individuais, isto é, obtendo empréstimos ou créditos de instituições finan-
ceiras ou reinvestindo os lucros, isto é, autofinanciando-se (Esquema 2.3). O financia-
mento pode ser diferenciado entre crédito e empréstimo. No caso do empréstimo, a
empresa recebe de imediato o total do financiamento concedido, apesar de em alguns
casos haver desconto dos juros. Ao contrário, a empresa que recebe um crédito retira,
dentro do limite máximo combinado, o capital necessário, podendo realizar várias reti-
radas e pagamentos, de maneira que somente pague os juros relativos ao capital utili-
zado. A forma típica de instrumentar os créditos é por meio de títulos.
{
Empréstimos.
Financiamento Créditos.
externo
Obrigações (para grande volume de dinheiro).
Autofinanciamento: recursos financeiros gerados pela própria empresa.
Esquema 2.3 O financiamento da empresa.
Excluindo o crédito e o financiamento, as sociedades anorumas podem
também emitir ações e obrigações. Quando uma sociedade "vende" participações em
forma de ações, potencialmente aceita um novo sócio, já que cada ação representa uma
Capo 2 Os agentes econômicos 23
fração da propriedade e da sociedade. As ações conferem direitos políticos - o principal
destes é votar nas assembléias-gerais dos acionistas - e econômicos. O principal direito
econômico é o de participar na repartição dos lucros (dividendos), caso se produzam.
Por isso as ações são títulos de renda variável e integram o que se denomina o capital
de risco, pois sofrem, conforme o caso, as perdas ou as reduções de lucros. O outro di-
reito econômico é o de participar em todo o patrimônio da empresa, que não pode ser
utilizado até sua liquidação, pois origina o direito preferencial ao subscrever a emissão
de novas ações.
Alternativamente, a empresa pode obter fundos mediante a venda de bônus e
obrigações, com os quais não se aumentará o número de novos acionistas. Uma obriga-
ção representa uma dívida para a empresa, pois de fato é uma parte proporcional de um
empréstimo ou um empréstimo concedido à empresa emissora e supõe para esta uma
obrigação legal expressa de pagar juros periódicos e de devolver o valor da emissão
principal ao portador, quando acontecer o vencimento. Uma obrigação muito comum
emitida pelas empresas brasileiras são as debêntures. Outra forma de obrigação é o
Commercial Paper, que está crescendo de importância no Brasil.
2.3 AS FAMíLIAS OU UNIDADES FAMILIARES
Os diferentes agentes econômicos (Esquema 2.4) podem ser divididos em privados e
públicos. Os agentes privados básicos são as famílias e as empresas.
Tipos de agentes
econômicos
{
{
O Famílias (unidades familiares).
o Setor privado
o Empresas.
o Setor público.
Esquema 2.4 Os agentes econômicos.
As funções das farru1ias consistem em, por um lado, consumir bens e serviços;
por outro, oferecer seus recursos, isto é, trabalho e capital às empresas. Entretanto, as
famílias que pretendem maximizar a satisfação obtida no consumo são limitadas pelo
orçamento de que dispõem.
24 Introdução à Economia Capo 2
TEXTO DE APOIO
O setor público como empresário
do aço na primeira metade do século. A se-
guir, tivemos a criação da PETROBRÁS
com a campanha "O petróleo é nosso". O
Plano de Metas na década de 1950 e o II
PND (Plano Nacional de Desenvolvimento)
nos anos 70 intensificaram a participação
do Estado na indústria nacional. Os investi-
mentos do Estado na indústria são basica-
mente o resultado da opção de desenvol-
vimento adotada pelo país.
O nascimento do Brasil coincide com a in-
tervenção do Estado na economia. A expe-
dição de Pedra Álvares Cabral foi
organizada pelo Estado português com
objetivos econômicos. Ao longo do tempo,
a participação do Estado como empresário
teve muitas mudanças, contudo esteve
sempre presente. A partir da Segunda Guer-
ra Mundial, aumentou consideravelmente.
Em primeiro lugar, para garantir insumos
considerados estratégicos, como foi o caso
• As famílias ou unidades familiares consomem bens e serviços, e ofe-
recem seus recursos - fundamentalmente trabalho e capital- às em-
presas.
Comportamento similar ao das famílias é o dos indivíduos, grupos esportivos,
culturais, associações beneficentes e religiosas etc. A atividade econômica desses gru-
pos atrai sujeitos com intenção mercantil ou empresarial.
2.4 O SETOR PÚBLICO
Entende-se por setor público mais do que somente o Estado-Nação das organizações po-
líticas atuais. Os órgãos e administrações públicas que compõem o setor público têm ao
menos três níveis de governo (Esquema 2.5).
Cap.2 Os agentes econômicos 25
Financeiras
Não-financeiras
Setor público
produtivo
Setor
público
Empresas
estatais
Estados
Municípios
Territórios
Entes
territoriais
Sistema de Previdência social
Outras administrações
Previdência
social
Autarquias
Estado
Administração
central
Esquema 2.5 Estrutura do setor público brasileiro.
a) As administrações locais: as prefeituras.
b) As administrações estaduais.
c) A administração central, isto é, governo da União, ministérios e demais
organismos de caráter nacional.
Feita essa descrição, a partir de agora, para abreviar, os sujeitos públicos serão
denominados indistintamente de Estado ou setor público.
2.5 O DESENVOLVIMENTO DO SETOR PÚBLICO
Em qualquer sociedade moderna, seja qual for sua configuração política, o setor público
realiza funções econômicas de fundamental importância. Até o início do século XX, era
freqüente afirmar que o governo deveria cuidar fundamentalmente da segurança e defe-
a dos cidadãos e de seus direitos de propriedade. Ainda, deveria garantir as condições
para que as atividades puramente econômicas se desenvolvessem sem obstáculos. Em
íntese, acreditava-se que a função do Estado consistia no estabelecimento de um marco
26 Introdução à Economia Capo2
jurídico-institucional, ·sendo porém os indivíduos e grupos privados os verdadeiros res-
ponsáveis pela atividade econômica do sistema.
Ao longo do século XX, as funções públicas ampliaram-se e diversificaram-se
em setores como saúde, educação, transportes etc. O Estado deixou de ser mero guar-
dião do bom desenvolvimento da atividade econômica para se converter em um verda-
deiro agente econômico. Com freqüência, o setor público atua como empresário e
oferece certos bens, os bens públicos.
• Bens públicos são bens proporcionados a todas as pessoas a um custo
que não é maior que o necessário para fornecimento a uma só pessoa.
Um exemplo típico de bem público são os serviços de defesa nacional. Esses
serviços não podem ser oferecidos por empresas privadas; portanto, devem ser providos
pelo Estado.
O setor público, ainda, coordena e regula o mercado e, às vezes, estabelece a
política econômica, tentando alcançar objetivos gerais, tais como: crescimento estável
do produto nacional; pleno aproveitamento dos recursos e eficiente alocação dos
mesmos; estabilidade dos preços; e distribuição de renda justa.
• O setor público estabelece um marco jurídico-institucional no qual se
desenvolve a atividade econômica. É responsável também pelo estabe-
lecimento da política econômica.
Capo 2 Os agentes econômicos 27
APÊNDICE:
MEDiÇÃO E COMPARAÇÃO DAS
VARIÁVEIS ECONÔMICAS
Este apêndice pretende especificar uma série de conceitos freqüentemente utilizados em
análise econômica. Tais conceitos necessitam de esclarecimento, pois permitem medir e
comparar as variáveis econômicas.
2.A.1 MEDiÇÃO DAS VARIÁVEIS ECONÔMICAS
2.A.1.1 OS íNDICES DE PREÇOS
Na economia, de um ano para outro, alguns preços sobem, outros baixam e outros
permanecem constantes. Dado que existem milhões de bens e serviços que participam
da evolução de preços de uma economia, devemos recorrer a uma unidade de nível
médio de preços, entendendo por isto uma média ponderada dos preços dos bens e
serviços da economia .
• Um índice de preços proporciona uma medida adequada do nível médio
de preços. Obtém-se dividindo o valor monetário de um conjunto de
bens e serviços em um período dado de tempo, e seu valor monetário
em um determinado período-base, multiplicando, ao final, o resultado
por cem.
O índice de preços mais utilizado é o Índice de Preços ao Consumidor (IPC).
No Brasil, temos várias instituições que calculam e publicam índices de preços ao
consumidor. Destacamos o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a
FGV - Fundação Getúlio Vargas e a FIPE - Fundação Instituto de Pesquisas da Univer-
idade de São Paulo. Os diferentes IPC são publicados mensalmente e são calculados a
partir de um conjunto de bens e serviços representativo das compras de uma família
média brasileira.
28 Introdução à Economia Capo 2
Para calcular o IPC em determinado ano, divide-se o valor no ano em questão
da "cesta de compra" da família representativa pelo valor dessa "cesta" no ano-base,
multiplicando o resultado por cem. Por exemplo, supomos que em 1997 esse valor era
R$ 119,60 e em 1995 foi de R$ 96,47, o IPC para o ano de 1997 com base em 1980 será
obtido como se segue:
IPC = Custo da "cesta" de compra em 1997 x 100 = 12398
Custo da "cesta" de compra em 1995 '
= R$ 119,60 x 100 = 12398
R$ 96,47 '
Dado que o IPC mede o custo de uma "cesta" típica de bens comprados pelos
consumidores (custo de vida), ele nos dá uma boa idéia de como variam os preços dos
bens em geral. Por isso o IPC é um dos índices utilizados para medir a taxa de variação
do nível geral de preços (inflação). Além dos IPC, temos outros índices de preços: pre-
ços por atacado, preços da construção etc.
2.A.1.2 VALORES REAIS E NOMINAIS
A diferença entre valor real e valor nominal é muito usada na economia e é fundamental
para entender a inflação. Assim;· a distinção entre salário real e nominal depende da va-
riação dos preços. A distinção entre variáveis reais ou nominais se faz, às vezes, utili-
zando os termos unidades monetárias correntes e unidades monetárias constantes. Se
medimos as variáveis em unidades monetárias correntes, medimos em unidades do ano
em que se aplicam. As variáveis em unidades monetárias constantes ajustam as variá-
veis nominais para ter em conta as variações do nível geral de preços.
Quando se deseja analisar de forma adequada a evolução da atividade econô-
mica ao longo do tempo, deve-se separar a influência dos preços sobre os valores dos
agregados econômicos. Os preços aparecem como variável-ponte entre as variáveis
reais e as nominais. É por isso que os índices de preços são utilizados para realizar a de-
flação.
• A deflação consiste precisamente em eliminar o efeito da variação dos
preços nos valores correntes e nominais, ou seja, em corrigir o efeito
dessa perda de valor do dinheiro ao longo do tempo.
Capo 2 Os agentes econômicos 29
Assim, por exemplo, se um indivíduo em 1997 quer calcular sua renda por
hora trabalhada em reais constantes de 1995, dividirá a renda nominal pelo IPC corres-
pondente a 1997 (base: 1995 = 100). Supondo que em 1997 a renda em termos nomi-
nais por dia de trabalho de um indivíduo ultrapassava R$ 40,00 e o IPC é R$ 123,98,
a renda real por dia será:
Valor em termos reais
(em reais no ano-base = 1995)
= ~ alor em termos nominais (em reais de 1997) x 100
Indice de preços para 1997 (ano-base = 1995)
= R$ 40 x 100 = 32 26
123,98 '
2.A.2 COMPARAÇÃO DAS VARIÁVEIS ECONÔMICAS
Para analisar dados econômicos, muitas vezes é necessário buscar relações entre as va-
riáveis econômicas. Neste apêndice, apresentamos as ferramentas básicas para fazer
este trabalho: os quocientes e as variações percentuais.
2.A.2.1 OS QUOCIENTES
• O quociente ou razão é o resultado da divisão de uma variável qualquer
por outra e.iportanto, permanece invariável diante de mudanças pro-
porcionalmente iguais, as variáveis postas em relação. Tal como foi
definido, o quociente pode ser um número maior que a unidade. Se se
multiplica o quociente por 100, tem-se a porcentagem.
Por exemplo, se a população no Brasil em 1997 é de 159.884 pessoas e em
1990 foi de 144.091 pessoas, para estudar a evolução da população pode-se tomar a ra-
zão ou a porcentagem da população em 1997 em relação à de 1990. Ambos os dados
são:
População em 1997
Quociente = = 1,11
População em 1990
30 Introdução à Economia Capo2
P
População em1997 x 100 -_ 11101.0orcentagem = -"----=----- 7l
População em 1990
Observando a razão, conclui-se que a população de 1997 é 1,11 vez maior que
a de 1990 e, tomando a porcentagem, diremos que a população em 1997 é 111% da po-
pulação de 1990.
PROPORÇÃO E PORCENTAGEM DE PARTICIPAÇÃO
Se o denominador do quociente é uma soma dos vários termos e o numerador é
qualquer um desses termos, o resultado é uma proporção. Em conseqüência, a propor-
ção jamais poderá exceder a unidade. Se tais quocientes são multiplicados por cem, ob-
têm-se os denominados percentuais de participação. Suponhamos o caso de uma família
que distribui seus gastos mensais conforme mostra o Quadro 2.A.l. A porcentagem in-
dica, por exemplo, que esta família dedica 40,1% de sua renda mensal à alimentação.
Quadro 2.A.1 Proporções e porcentagens.
Gastos mensais de Valor absoluto Proporção Porcentagem de
uma família (reais) participação
Alimentos 140,49 0,401 40,1
Habitação e 170,07 0,485 48,5
transporte
Lazer 39,77 0,114 11,4
TOTAL 350,33 1,000 100,00
2.A.2.2 AS VARIAÇÕES PERCENTUAIS
As variações percentuais são utilizadas para calcular as diferenças entre as unidades
de medida (pessoas, reais etc.) dos dados econômicos. Essa medida é atrativa
porque, ao não utilizar nenhuma unidade, proporciona medidas comparáveis às varia-
Capo 2 Os agentes econômicos 31
ções de séries diferentes. Por exemplo, poderíamos comparar a variação percentual da
venda de livros em um país com a variação percentual da venda de bebidas
não-alcoólicas. Normalmente, essa comparação traria maior informação que uma com-
paração de aumento absoluto de ambos valores.
• A variação percentual de uma variável, durante um período de tempo
determinado, define-se como resultado da divisão da diferença entre o
valor no instante de tempo considerado e o valor no instante de tempo
inicial e multiplicando por 100.
Para ilustrar melhor o cálculo e a utilização das variações percentuais, supo-
nhamos que queiramos saber no período dos anos 1990 a 1997 como cresceu a popula-
ção no Brasil. O Quadro 2.A.2 mostra a população brasileira correspondente a cada um
desses anos. Uma maneira simples, porém enganosa, de comparar as cifras consiste em
calcular, por meio de uma diferença simples, a variação absoluta experimentada. Assim,
por exemplo, a variação entre 1996 e 1997 foi de 159,9 milhões - 157,5 milhões = 2,4
milhões. O Quadro 2.A.2, na página seguinte, mostra que é entre 1990 e 1997 que a po-
pulação cresce em termos absolutos (crescimento positivo). Porém, para fazer compara-
ções que tenham sentido, devemos levar em conta as diferenças de valor da população
de cada época, dividindo cada variação absoluta por seu valor inicial e obtendo assim a
variação percentual- ou variação relativa - da população. Desse modo, para 1997 a va-
riação percentual se expressa da seguinte forma:
Variação
percentual
= 159,9 milhões de pessoas -157,5 milhões de pessoas x 100 = 152%
157,5 milhões de pessoas '
1997 -1996
Interpreta-se esse valor dizendo-se que a população cresceu em 2,17% em
1997. É interessante destacar que nos anos de 1994, 1995 e 1996 a população cresceu
em 2,2 milhões de pessoas por ano. Contudo, em razão de a população ser maior, a taxa
de crescimento foi menor.
Um tipo especial de variação percentual constituem as taxas de crescimento.
2.A.2.3 AS TAXAS DE CRESCIMENTO
É raro folhear um jornal e não encontrar em suas páginas a expressão taxa de inflação
ou crescimento econômico. A taxa de inflação é a taxa de crescimento dos preços de
consumo. O crescimento econômico faz referência muitas vezes à taxa de crescimento
32 Introdução à Economia Capo 2
da produção total da economia. A taxa de crescimento é um instrumento útil quando
estudamos dados de séries temporais. Muitas vezes, é mais conveniente estudar os
aumentos das variáveis objeto de análise por ano no lugar de períodos grandes (de 5 ou
10 anos, por exemplo).
• A taxa de crescimento de uma variável é a taxa percentual por período
(normalmente um ano) em que aumenta ou diminui a referida variável.
O PIB - Produto Interno Bruto - é uma medida de tudo o que produzimos no
país durante determinado período. O índice do PIB real é uma medida utilizada para
facilitar comparações. Trataremos desse ponto no Capítulo 11.
Quadro 2.A.2 Variações da população desempregada no Brasil (milhares de pessoas, média
anual).
Ano População Variação absoluta Variação percentual
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
144,1 milhões
146,4 milhões
148,7 milhões
150,9 milhões
153,1 milhões
155,3 milhões
157,5 milhões
159,9 milhões
2,3 milhões 1,60%
2,3 milhões 1,57%
2,2 milhões 1,48%
2,2 milhões 1,46%
2,2 milhões 1,44%
2,2 milhões 1,42%
2,4 milhões 1,52%
Fonfe:IBGE
Uma taxa de crescimento é também uma variação percentual, porém por pe-
ríodo. Seguindo com nosso exemplo relativo ao índice do PIB real no Brasil, o Quadro
2.A.3 mostra a evolução do PIB durante o período 1990-1997. A taxa de crescimento
para 1995 se expressa como se segue:
. 94,5 - 90,6
Vanação em 1995 = x 100 = 7,9%
94,5
Capo 2 Os agentes econômicos 33
Quadro 2.A.3 Taxa de crescimento do Índice de Produto Interno Bruto Brasileiro de 1980 a 1991.
Anos índice do PIB real brasileiro Taxa de crescimento PIB
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
81,2
82,0
81,6
85,6
90,6
94,5
97,1
100,0
1,0
-0,5
4,9
5,9
4,3
2,8
3,0
Fonte: Banco Central do Brasil.
2.A.3 RELAÇÃO FUNCIONAL ENTRE VARIÁVEIS
A idéia de que uma variável depende ou está funcionalmente relacionada com outra ou
outras variáveis é uma das noções básicas que fundamenta o conhecimento científico.
Vamos analisar a relação funcional que existe entre o preço de um produto e a quantida-
de vendida do mesmo. Para isso, suponhamos que existam outras variáveis que podem
afetar a quantidade vendida no mercado, permanecendo estas constantes. Assim, pois, a
variação funcional que liga ambas as variáveis será a seguinte:
Q = f(P) [1]
onde:
Q = quantidade vendida de produto
P = preço do produto
34 Introdução à Economia Capo 2
A expressão anterior nos diz unicamente que a quantidade depende do preço,
isto é, que Q é função de P, porém nada diz sobre a sua relação. Se Q aumenta junto
com P, dizemos que Q é função crescente de P ou que Q e P variam na mesma direção.
Se Q diminui à medida que P aumenta, dizemos que Q é função decrescente de P, ou
seja, Q e P variam em relação inversa.
2.A.4 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DAS FUNÇÕES
As funções podem representar-se geometricamente por meio de gráficos. Estes se cons-
troem utilizando os eixos de coordenadas cartesianas. Talvez os gráficos mais caracte-
rísticos da economia sejam os de oferta e demanda. A esse respeito, devemos salientar
que a quantidade vendida é a variável dependente e o preço é a independente, tal como
se mostra na equação [1]. Em economia, para realizarmos a representação gráfica dos
preços e das quantidades, não seguimos a norma usual: no eixo das ordenadas represen-
tam-se os preços; e no eixo das abscissas, as quantidades. Assim, a curva de demanda
adotará a forma mostrada na Figura 2.A.I.
Preço
(P)
10 O
8
6
4
2 O
O
2 4 6 8 10 Quantidade
(Q)
Figura 2.A.1 Curva de demanda.
A curva de demanda refere-se à relação entre o preço de um bem e a quantidade
demandada do mesmo. Essa relação funcional é inversa ou decrescente: quando
aumenta o preço, diminui a quantidade demandada.
Capo 2 Os agentes econômicos 35
Resumo
• Os agentes econômicos fundamentais
são: as unidades familiares, as empresas e
o setor público. As funções das unidades
familiares consistem, por um lado, em
consumir bens e serviços e, por outro,
vender seus recursos (trabalho e capital)
nos mercados de fatores. Em suas ativi-
dades, supomos que os agentes econômi-
cos atuam procurando maximizar sua
satisfação ou utilidade que obtém dos
bens que compram, limitando suas deci-
sões à renda disponível.
• As empresas realizam duas funções
básicas: elaboram bens e os vendem; e
empregam recursos no mercado de fa-
tores. Realizam essas ações tentando ma-
ximizar seus lucros.
Supõe-se que as unidades familiares e as
empresas tomem suas decisões racional-
mente, isto é, observando certos obje-
tivos, de maneira que suas escolhas
sejam consistentes com a avaliação de
seu próprio interesse.
• O setor público estabelece o marco jurí-
dico-institucional e é o responsável pela
política econômica. Em determinados
aspectos, atua também como um empre-
sário, especialmente no caso dos bens pú-
blicos.
Setor público.
Valores reais e nominais.
Porcentagens.
Taxas.
Números índices.
Relação funcional entre variáveis.
Conceitos básicos
Setores produtivos.
Unidades familiares ou famílias.
Empresas.
Sociedade anônima.
Ações.
Obrigações.
36 Introdução à Economia Capo 2
Questões
1. Quais são os agentes econômicos bási-
cos?
2. O que se entende por "ação"?
3. Que diferença existe entre variáveis que
expressam termos nominais e termos
reais?
4. Para que se usam os índices de preços?
S. Quais são as tarefas fundamentais do se-
tor público?
6. Em quantos níveis se pode dividir o se-
tor público? Especifique.
7. Quem oferece os bens?
8. Cite alguns exemplos de bens públicos.
9. Em que setor produtivo se englobam as
seguintes atividades: agricultura, pesca,
construção de automóveis, atividades fi-
nanceiras e de seguros, e agência de
viagens.
10. Cite alguns exemplos de empresas pe-
quenas, médias e grandes.
11. As duas funções básicas das famílias
são: a) consumir bens e serviços; b) ofe-
recer seus serviços (trabalho e capital)
às empresas. De acordo com essas duas
funções (a) ou (b), classifique as se-
guintes atividades econômicas dos
membros de uma família:
• Fazer compras num supermercado.
• Ir ao cinema.
• Depositar dinheiro em um banco.
• Contratar uma empregada.
• Tomar um ônibus.
• Trabalhar em uma fábrica.
• Sair em férias.
• Comprar uma casa.
Capo 2 Os agentes econômicos 37
NOTA SOBRE O PENSAMENTO ECONÔMICO
A teoria econômica e a evidência empírica: a econometria
Este capítulo inclui um apêndice sobre a me-
dição das variáveis econômicas. A parte da
economia que se ocupa desses temas é a eco-
nometria.
• A econometria é um estudo da teo-
ria econômica na sua relação com
a estatística e a matemática.
A premissa essencial é que a teoria eco-
nômica pode ser formulada matematicamen-
te, em forma de relações funcionais. As
observações econômicas são consideradas,
geralmente, como uma mostra extraída do
universo descrito pela teoria. Utilizando
essas observações e os métodos estatísticos,
a econometria trata de estimar as relações
que constituem a teoria. Essas estimações
podem, por sua vez, ajudar a revisar a teoria.
Assim, existe uma relação recíproca entre a
formulação da teoria e a estimação e con-
traste empíricos.
A econometria adquiriu identidade como
enfoque específico do estudo da economia no
decênio de 1920. No desenvolvimento inicial
desse ramo da economia, cabe destacar a ta-
refa dos professores Ragner Frisch, da Univer-
sidade de Oslo(Noruega), e Irving Fisher, da
Universidade de YALE (EUA) (ver páginas
267-268). Esses professores promoveram
estudos que propiciaram a unificação do enfo-
que teórico quantitativo e empírico quantitati-
vo dos problemas econômicos. O enfoque
próprio da econometria é rigoroso, similar ao
que caracteriza as ciências naturais.
Em nossos dias, todas as faculdades de eco-
nomia do mundo possuem cursos de econome-
tria, já que esta disciplina é um instrumento
imprescindível na investigação econômica.

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Os principais agentes econômicos e seus setores

  • 1. ~ MAKRON Books CAPíTULO ~ OS AGENTES ECONÔMICOS Os agentes econômicos - as famílias, as empresas e o setor público - são os responsá- veis pela atividade econômica. Em relação ao seu comportamento, supõe-se que são coerentes quando tomam decisões. 2.1 A ATIVIDADE ECONÔMICA E OS AGENTES ECONÔMICOS A atividade econômica concretiza-se na produção de ampla gama de bens e serviços, cujo destino último é a satisfação das necessidades humanas. Os homens, mediante sua capacidade de trabalho, são os organizadores e executores da produção. As atividades produtivas numa sociedade contemporânea realizam-se por meio de numerosas unidades de produção ou empresas, cada uma das quais emprega traba- lho, capital e recursos naturais, procurando obter bens e serviços. Por meio das uni- dades de produção se faz possível o fenômeno da divisão do trabalho. A organização dos fatores produtivos (terra, trabalho e capital) dentro das empresas, assim como a direção de suas atividades, recai sobre pessoas ou grupos de aráter privado ou público. Na economia, os diversos papéis que desempenham os 19
  • 2. 20 Introdução à Economia Capo 2 agentes econômicos, isto é, as famílias ou unidades familiares, as empresas e o setor público, podem ser agrupados em três grandes setores (Esquema 2.1). o setor primário abrange as atividades que se realizam próximas às bases dos recursos naturais, isto é, as atividades agrícolas, pesqueiras, pecuárias e extrativas. o setor secundário inclui as atividades industriais, mediante as quais são transformados os bens. o setor terciário ou de serviços reúne as atividades direcionadas a satisfa- zer necessidades de serviços produtivos que não se transformam em algo material. Setores econômicos { • Primário: agricultura, pesca e mineração. • Secundário: indústria e construção. • Terciário: serviços, comércio, transporte, bancos etc. Esquema 2.1 Os setores econômicos. 2.2 AS EMPRESAS Nas sociedades modernas, as empresas produzem e oferecem praticamente a totalidade dos bens e serviços, como o pão, os automóveis, os sapatos, as agências de turismo etc. • A empresa é a unidade de produção básica. Contrata trabalho e com- pra fatores com o fim de fazer e vender bens e serviços. Nas sociedades primitivas, contudo, a produção era individual e artesanal. Hoje, as empresas são as maiores responsáveis pela produção, já que só elas são capa- zes de obter as vantagens da produção em massa. Somente as empresas podem reunir grandes quantidades de recursos financeiros e físicos necessários para construir as ins- talações e os equipamentos que a atualidade exige. Além disso, somente as empresas têm capacidade de organizar os complexos processos de produção e distribuição exigidos pelas sociedades modernas. Assim, por exemplo, para produzir automóveis de maneira eficiente o tamanho da fábrica deveria ser tal que pudesse produzir um mínimo de 250.000 automóveis ao ano.
  • 3. Capo 2 Os agentes econômicos 21 2.2.1 TIPOS DE EMPRESAS SEGUNDO SUA NATUREZA JURíDICA o Esquema 2.2 apresenta os diferentes tipos de empresas segundo sua natureza jurídica. Os dois tipos mais representativos são analisados a seguir. Individual: Trata-se de empresas que pertencem a um só indivíduo e são dirigidas por ele. Social (A propriedade não corresponde aum só indivíduo) í ·Limitadas. O capital social deve estar totalmente desembolsado em um movimento de constituir a sociedade. O capital está dividido em partes iguais, chamadas cotas. Nestas empresas os sócios não respondem pessoalmente a dados sociais, somente com o capital aplicado. • Sociedades Anônimas ou S.A.'S. Somente se pode ser sócio investindo dinheiro. O capital está dividido entre os acionistas. A responsabilidade dos sócios se limita ao capital aplicado. As ações são eventualmente negociadas na bolsa. • Cooperativas. As sociedades cooperativas são associações criadas para satisfazer as necessidades comuns dos associados que compartilham de iguais riscos e benefícios. Esquema 2.2 Tipos de empresas segundo a natureza jurídica. A EMPRESA INDIVIDUAL A empresa individual é de propriedade individual e é a forma mais simples de se estabe- lecer um negócio. Esse tipo de empresa pertence a um indivíduo e é dirigida por ele. Uma banca de jornal ou um borracheiro seriam exemplos típicos. A SOCIEDADE ANÔNIMA Sociedade anônima ou simplesmente S.A. é a forma de organização empresarial mais comum. Em uma sociedade anônima, o capital está dividido em pequenas partes iguais, chamadas ações, que servem para facilitar a união de grandes capitais. Cada sócio acionista tem uma responsabilidade limitada, respondendo apenas pela sua parte do capital. Ele não se responsabiliza pelas dívidas sociais da empresa. Ao limitar as
  • 4. 22 Introdução à Economia Cap.2 responsabilidades dos proprietários, a sociedade proporciona menor proteção legal aos credores, a quem ela deve dinheiro. Nas sociedades anônimas, especialmente nas grandes empresas, existe uma clara separação entre a propriedade - que é dos acionistas - e a direção - que é exercida pelo Conselho Administrativo. É esta que geralmente contrata técnicos espe- cializados para as diversas áreas da empresa. • A forma de organização empresarial mais comum é a sociedade anô- nima. O capital da S.A. está dividido em ações. 2.2.2 O FINANCIAMENTO DA EMPRESA As sociedades podem conseguir fundos para seu crescimento do mesmo modo que os proprietários individuais, isto é, obtendo empréstimos ou créditos de instituições finan- ceiras ou reinvestindo os lucros, isto é, autofinanciando-se (Esquema 2.3). O financia- mento pode ser diferenciado entre crédito e empréstimo. No caso do empréstimo, a empresa recebe de imediato o total do financiamento concedido, apesar de em alguns casos haver desconto dos juros. Ao contrário, a empresa que recebe um crédito retira, dentro do limite máximo combinado, o capital necessário, podendo realizar várias reti- radas e pagamentos, de maneira que somente pague os juros relativos ao capital utili- zado. A forma típica de instrumentar os créditos é por meio de títulos. { Empréstimos. Financiamento Créditos. externo Obrigações (para grande volume de dinheiro). Autofinanciamento: recursos financeiros gerados pela própria empresa. Esquema 2.3 O financiamento da empresa. Excluindo o crédito e o financiamento, as sociedades anorumas podem também emitir ações e obrigações. Quando uma sociedade "vende" participações em forma de ações, potencialmente aceita um novo sócio, já que cada ação representa uma
  • 5. Capo 2 Os agentes econômicos 23 fração da propriedade e da sociedade. As ações conferem direitos políticos - o principal destes é votar nas assembléias-gerais dos acionistas - e econômicos. O principal direito econômico é o de participar na repartição dos lucros (dividendos), caso se produzam. Por isso as ações são títulos de renda variável e integram o que se denomina o capital de risco, pois sofrem, conforme o caso, as perdas ou as reduções de lucros. O outro di- reito econômico é o de participar em todo o patrimônio da empresa, que não pode ser utilizado até sua liquidação, pois origina o direito preferencial ao subscrever a emissão de novas ações. Alternativamente, a empresa pode obter fundos mediante a venda de bônus e obrigações, com os quais não se aumentará o número de novos acionistas. Uma obriga- ção representa uma dívida para a empresa, pois de fato é uma parte proporcional de um empréstimo ou um empréstimo concedido à empresa emissora e supõe para esta uma obrigação legal expressa de pagar juros periódicos e de devolver o valor da emissão principal ao portador, quando acontecer o vencimento. Uma obrigação muito comum emitida pelas empresas brasileiras são as debêntures. Outra forma de obrigação é o Commercial Paper, que está crescendo de importância no Brasil. 2.3 AS FAMíLIAS OU UNIDADES FAMILIARES Os diferentes agentes econômicos (Esquema 2.4) podem ser divididos em privados e públicos. Os agentes privados básicos são as famílias e as empresas. Tipos de agentes econômicos { { O Famílias (unidades familiares). o Setor privado o Empresas. o Setor público. Esquema 2.4 Os agentes econômicos. As funções das farru1ias consistem em, por um lado, consumir bens e serviços; por outro, oferecer seus recursos, isto é, trabalho e capital às empresas. Entretanto, as famílias que pretendem maximizar a satisfação obtida no consumo são limitadas pelo orçamento de que dispõem.
  • 6. 24 Introdução à Economia Capo 2 TEXTO DE APOIO O setor público como empresário do aço na primeira metade do século. A se- guir, tivemos a criação da PETROBRÁS com a campanha "O petróleo é nosso". O Plano de Metas na década de 1950 e o II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento) nos anos 70 intensificaram a participação do Estado na indústria nacional. Os investi- mentos do Estado na indústria são basica- mente o resultado da opção de desenvol- vimento adotada pelo país. O nascimento do Brasil coincide com a in- tervenção do Estado na economia. A expe- dição de Pedra Álvares Cabral foi organizada pelo Estado português com objetivos econômicos. Ao longo do tempo, a participação do Estado como empresário teve muitas mudanças, contudo esteve sempre presente. A partir da Segunda Guer- ra Mundial, aumentou consideravelmente. Em primeiro lugar, para garantir insumos considerados estratégicos, como foi o caso • As famílias ou unidades familiares consomem bens e serviços, e ofe- recem seus recursos - fundamentalmente trabalho e capital- às em- presas. Comportamento similar ao das famílias é o dos indivíduos, grupos esportivos, culturais, associações beneficentes e religiosas etc. A atividade econômica desses gru- pos atrai sujeitos com intenção mercantil ou empresarial. 2.4 O SETOR PÚBLICO Entende-se por setor público mais do que somente o Estado-Nação das organizações po- líticas atuais. Os órgãos e administrações públicas que compõem o setor público têm ao menos três níveis de governo (Esquema 2.5).
  • 7. Cap.2 Os agentes econômicos 25 Financeiras Não-financeiras Setor público produtivo Setor público Empresas estatais Estados Municípios Territórios Entes territoriais Sistema de Previdência social Outras administrações Previdência social Autarquias Estado Administração central Esquema 2.5 Estrutura do setor público brasileiro. a) As administrações locais: as prefeituras. b) As administrações estaduais. c) A administração central, isto é, governo da União, ministérios e demais organismos de caráter nacional. Feita essa descrição, a partir de agora, para abreviar, os sujeitos públicos serão denominados indistintamente de Estado ou setor público. 2.5 O DESENVOLVIMENTO DO SETOR PÚBLICO Em qualquer sociedade moderna, seja qual for sua configuração política, o setor público realiza funções econômicas de fundamental importância. Até o início do século XX, era freqüente afirmar que o governo deveria cuidar fundamentalmente da segurança e defe- a dos cidadãos e de seus direitos de propriedade. Ainda, deveria garantir as condições para que as atividades puramente econômicas se desenvolvessem sem obstáculos. Em íntese, acreditava-se que a função do Estado consistia no estabelecimento de um marco
  • 8. 26 Introdução à Economia Capo2 jurídico-institucional, ·sendo porém os indivíduos e grupos privados os verdadeiros res- ponsáveis pela atividade econômica do sistema. Ao longo do século XX, as funções públicas ampliaram-se e diversificaram-se em setores como saúde, educação, transportes etc. O Estado deixou de ser mero guar- dião do bom desenvolvimento da atividade econômica para se converter em um verda- deiro agente econômico. Com freqüência, o setor público atua como empresário e oferece certos bens, os bens públicos. • Bens públicos são bens proporcionados a todas as pessoas a um custo que não é maior que o necessário para fornecimento a uma só pessoa. Um exemplo típico de bem público são os serviços de defesa nacional. Esses serviços não podem ser oferecidos por empresas privadas; portanto, devem ser providos pelo Estado. O setor público, ainda, coordena e regula o mercado e, às vezes, estabelece a política econômica, tentando alcançar objetivos gerais, tais como: crescimento estável do produto nacional; pleno aproveitamento dos recursos e eficiente alocação dos mesmos; estabilidade dos preços; e distribuição de renda justa. • O setor público estabelece um marco jurídico-institucional no qual se desenvolve a atividade econômica. É responsável também pelo estabe- lecimento da política econômica.
  • 9. Capo 2 Os agentes econômicos 27 APÊNDICE: MEDiÇÃO E COMPARAÇÃO DAS VARIÁVEIS ECONÔMICAS Este apêndice pretende especificar uma série de conceitos freqüentemente utilizados em análise econômica. Tais conceitos necessitam de esclarecimento, pois permitem medir e comparar as variáveis econômicas. 2.A.1 MEDiÇÃO DAS VARIÁVEIS ECONÔMICAS 2.A.1.1 OS íNDICES DE PREÇOS Na economia, de um ano para outro, alguns preços sobem, outros baixam e outros permanecem constantes. Dado que existem milhões de bens e serviços que participam da evolução de preços de uma economia, devemos recorrer a uma unidade de nível médio de preços, entendendo por isto uma média ponderada dos preços dos bens e serviços da economia . • Um índice de preços proporciona uma medida adequada do nível médio de preços. Obtém-se dividindo o valor monetário de um conjunto de bens e serviços em um período dado de tempo, e seu valor monetário em um determinado período-base, multiplicando, ao final, o resultado por cem. O índice de preços mais utilizado é o Índice de Preços ao Consumidor (IPC). No Brasil, temos várias instituições que calculam e publicam índices de preços ao consumidor. Destacamos o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a FGV - Fundação Getúlio Vargas e a FIPE - Fundação Instituto de Pesquisas da Univer- idade de São Paulo. Os diferentes IPC são publicados mensalmente e são calculados a partir de um conjunto de bens e serviços representativo das compras de uma família média brasileira.
  • 10. 28 Introdução à Economia Capo 2 Para calcular o IPC em determinado ano, divide-se o valor no ano em questão da "cesta de compra" da família representativa pelo valor dessa "cesta" no ano-base, multiplicando o resultado por cem. Por exemplo, supomos que em 1997 esse valor era R$ 119,60 e em 1995 foi de R$ 96,47, o IPC para o ano de 1997 com base em 1980 será obtido como se segue: IPC = Custo da "cesta" de compra em 1997 x 100 = 12398 Custo da "cesta" de compra em 1995 ' = R$ 119,60 x 100 = 12398 R$ 96,47 ' Dado que o IPC mede o custo de uma "cesta" típica de bens comprados pelos consumidores (custo de vida), ele nos dá uma boa idéia de como variam os preços dos bens em geral. Por isso o IPC é um dos índices utilizados para medir a taxa de variação do nível geral de preços (inflação). Além dos IPC, temos outros índices de preços: pre- ços por atacado, preços da construção etc. 2.A.1.2 VALORES REAIS E NOMINAIS A diferença entre valor real e valor nominal é muito usada na economia e é fundamental para entender a inflação. Assim;· a distinção entre salário real e nominal depende da va- riação dos preços. A distinção entre variáveis reais ou nominais se faz, às vezes, utili- zando os termos unidades monetárias correntes e unidades monetárias constantes. Se medimos as variáveis em unidades monetárias correntes, medimos em unidades do ano em que se aplicam. As variáveis em unidades monetárias constantes ajustam as variá- veis nominais para ter em conta as variações do nível geral de preços. Quando se deseja analisar de forma adequada a evolução da atividade econô- mica ao longo do tempo, deve-se separar a influência dos preços sobre os valores dos agregados econômicos. Os preços aparecem como variável-ponte entre as variáveis reais e as nominais. É por isso que os índices de preços são utilizados para realizar a de- flação. • A deflação consiste precisamente em eliminar o efeito da variação dos preços nos valores correntes e nominais, ou seja, em corrigir o efeito dessa perda de valor do dinheiro ao longo do tempo.
  • 11. Capo 2 Os agentes econômicos 29 Assim, por exemplo, se um indivíduo em 1997 quer calcular sua renda por hora trabalhada em reais constantes de 1995, dividirá a renda nominal pelo IPC corres- pondente a 1997 (base: 1995 = 100). Supondo que em 1997 a renda em termos nomi- nais por dia de trabalho de um indivíduo ultrapassava R$ 40,00 e o IPC é R$ 123,98, a renda real por dia será: Valor em termos reais (em reais no ano-base = 1995) = ~ alor em termos nominais (em reais de 1997) x 100 Indice de preços para 1997 (ano-base = 1995) = R$ 40 x 100 = 32 26 123,98 ' 2.A.2 COMPARAÇÃO DAS VARIÁVEIS ECONÔMICAS Para analisar dados econômicos, muitas vezes é necessário buscar relações entre as va- riáveis econômicas. Neste apêndice, apresentamos as ferramentas básicas para fazer este trabalho: os quocientes e as variações percentuais. 2.A.2.1 OS QUOCIENTES • O quociente ou razão é o resultado da divisão de uma variável qualquer por outra e.iportanto, permanece invariável diante de mudanças pro- porcionalmente iguais, as variáveis postas em relação. Tal como foi definido, o quociente pode ser um número maior que a unidade. Se se multiplica o quociente por 100, tem-se a porcentagem. Por exemplo, se a população no Brasil em 1997 é de 159.884 pessoas e em 1990 foi de 144.091 pessoas, para estudar a evolução da população pode-se tomar a ra- zão ou a porcentagem da população em 1997 em relação à de 1990. Ambos os dados são: População em 1997 Quociente = = 1,11 População em 1990
  • 12. 30 Introdução à Economia Capo2 P População em1997 x 100 -_ 11101.0orcentagem = -"----=----- 7l População em 1990 Observando a razão, conclui-se que a população de 1997 é 1,11 vez maior que a de 1990 e, tomando a porcentagem, diremos que a população em 1997 é 111% da po- pulação de 1990. PROPORÇÃO E PORCENTAGEM DE PARTICIPAÇÃO Se o denominador do quociente é uma soma dos vários termos e o numerador é qualquer um desses termos, o resultado é uma proporção. Em conseqüência, a propor- ção jamais poderá exceder a unidade. Se tais quocientes são multiplicados por cem, ob- têm-se os denominados percentuais de participação. Suponhamos o caso de uma família que distribui seus gastos mensais conforme mostra o Quadro 2.A.l. A porcentagem in- dica, por exemplo, que esta família dedica 40,1% de sua renda mensal à alimentação. Quadro 2.A.1 Proporções e porcentagens. Gastos mensais de Valor absoluto Proporção Porcentagem de uma família (reais) participação Alimentos 140,49 0,401 40,1 Habitação e 170,07 0,485 48,5 transporte Lazer 39,77 0,114 11,4 TOTAL 350,33 1,000 100,00 2.A.2.2 AS VARIAÇÕES PERCENTUAIS As variações percentuais são utilizadas para calcular as diferenças entre as unidades de medida (pessoas, reais etc.) dos dados econômicos. Essa medida é atrativa porque, ao não utilizar nenhuma unidade, proporciona medidas comparáveis às varia-
  • 13. Capo 2 Os agentes econômicos 31 ções de séries diferentes. Por exemplo, poderíamos comparar a variação percentual da venda de livros em um país com a variação percentual da venda de bebidas não-alcoólicas. Normalmente, essa comparação traria maior informação que uma com- paração de aumento absoluto de ambos valores. • A variação percentual de uma variável, durante um período de tempo determinado, define-se como resultado da divisão da diferença entre o valor no instante de tempo considerado e o valor no instante de tempo inicial e multiplicando por 100. Para ilustrar melhor o cálculo e a utilização das variações percentuais, supo- nhamos que queiramos saber no período dos anos 1990 a 1997 como cresceu a popula- ção no Brasil. O Quadro 2.A.2 mostra a população brasileira correspondente a cada um desses anos. Uma maneira simples, porém enganosa, de comparar as cifras consiste em calcular, por meio de uma diferença simples, a variação absoluta experimentada. Assim, por exemplo, a variação entre 1996 e 1997 foi de 159,9 milhões - 157,5 milhões = 2,4 milhões. O Quadro 2.A.2, na página seguinte, mostra que é entre 1990 e 1997 que a po- pulação cresce em termos absolutos (crescimento positivo). Porém, para fazer compara- ções que tenham sentido, devemos levar em conta as diferenças de valor da população de cada época, dividindo cada variação absoluta por seu valor inicial e obtendo assim a variação percentual- ou variação relativa - da população. Desse modo, para 1997 a va- riação percentual se expressa da seguinte forma: Variação percentual = 159,9 milhões de pessoas -157,5 milhões de pessoas x 100 = 152% 157,5 milhões de pessoas ' 1997 -1996 Interpreta-se esse valor dizendo-se que a população cresceu em 2,17% em 1997. É interessante destacar que nos anos de 1994, 1995 e 1996 a população cresceu em 2,2 milhões de pessoas por ano. Contudo, em razão de a população ser maior, a taxa de crescimento foi menor. Um tipo especial de variação percentual constituem as taxas de crescimento. 2.A.2.3 AS TAXAS DE CRESCIMENTO É raro folhear um jornal e não encontrar em suas páginas a expressão taxa de inflação ou crescimento econômico. A taxa de inflação é a taxa de crescimento dos preços de consumo. O crescimento econômico faz referência muitas vezes à taxa de crescimento
  • 14. 32 Introdução à Economia Capo 2 da produção total da economia. A taxa de crescimento é um instrumento útil quando estudamos dados de séries temporais. Muitas vezes, é mais conveniente estudar os aumentos das variáveis objeto de análise por ano no lugar de períodos grandes (de 5 ou 10 anos, por exemplo). • A taxa de crescimento de uma variável é a taxa percentual por período (normalmente um ano) em que aumenta ou diminui a referida variável. O PIB - Produto Interno Bruto - é uma medida de tudo o que produzimos no país durante determinado período. O índice do PIB real é uma medida utilizada para facilitar comparações. Trataremos desse ponto no Capítulo 11. Quadro 2.A.2 Variações da população desempregada no Brasil (milhares de pessoas, média anual). Ano População Variação absoluta Variação percentual 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 144,1 milhões 146,4 milhões 148,7 milhões 150,9 milhões 153,1 milhões 155,3 milhões 157,5 milhões 159,9 milhões 2,3 milhões 1,60% 2,3 milhões 1,57% 2,2 milhões 1,48% 2,2 milhões 1,46% 2,2 milhões 1,44% 2,2 milhões 1,42% 2,4 milhões 1,52% Fonfe:IBGE Uma taxa de crescimento é também uma variação percentual, porém por pe- ríodo. Seguindo com nosso exemplo relativo ao índice do PIB real no Brasil, o Quadro 2.A.3 mostra a evolução do PIB durante o período 1990-1997. A taxa de crescimento para 1995 se expressa como se segue: . 94,5 - 90,6 Vanação em 1995 = x 100 = 7,9% 94,5
  • 15. Capo 2 Os agentes econômicos 33 Quadro 2.A.3 Taxa de crescimento do Índice de Produto Interno Bruto Brasileiro de 1980 a 1991. Anos índice do PIB real brasileiro Taxa de crescimento PIB 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 81,2 82,0 81,6 85,6 90,6 94,5 97,1 100,0 1,0 -0,5 4,9 5,9 4,3 2,8 3,0 Fonte: Banco Central do Brasil. 2.A.3 RELAÇÃO FUNCIONAL ENTRE VARIÁVEIS A idéia de que uma variável depende ou está funcionalmente relacionada com outra ou outras variáveis é uma das noções básicas que fundamenta o conhecimento científico. Vamos analisar a relação funcional que existe entre o preço de um produto e a quantida- de vendida do mesmo. Para isso, suponhamos que existam outras variáveis que podem afetar a quantidade vendida no mercado, permanecendo estas constantes. Assim, pois, a variação funcional que liga ambas as variáveis será a seguinte: Q = f(P) [1] onde: Q = quantidade vendida de produto P = preço do produto
  • 16. 34 Introdução à Economia Capo 2 A expressão anterior nos diz unicamente que a quantidade depende do preço, isto é, que Q é função de P, porém nada diz sobre a sua relação. Se Q aumenta junto com P, dizemos que Q é função crescente de P ou que Q e P variam na mesma direção. Se Q diminui à medida que P aumenta, dizemos que Q é função decrescente de P, ou seja, Q e P variam em relação inversa. 2.A.4 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DAS FUNÇÕES As funções podem representar-se geometricamente por meio de gráficos. Estes se cons- troem utilizando os eixos de coordenadas cartesianas. Talvez os gráficos mais caracte- rísticos da economia sejam os de oferta e demanda. A esse respeito, devemos salientar que a quantidade vendida é a variável dependente e o preço é a independente, tal como se mostra na equação [1]. Em economia, para realizarmos a representação gráfica dos preços e das quantidades, não seguimos a norma usual: no eixo das ordenadas represen- tam-se os preços; e no eixo das abscissas, as quantidades. Assim, a curva de demanda adotará a forma mostrada na Figura 2.A.I. Preço (P) 10 O 8 6 4 2 O O 2 4 6 8 10 Quantidade (Q) Figura 2.A.1 Curva de demanda. A curva de demanda refere-se à relação entre o preço de um bem e a quantidade demandada do mesmo. Essa relação funcional é inversa ou decrescente: quando aumenta o preço, diminui a quantidade demandada.
  • 17. Capo 2 Os agentes econômicos 35 Resumo • Os agentes econômicos fundamentais são: as unidades familiares, as empresas e o setor público. As funções das unidades familiares consistem, por um lado, em consumir bens e serviços e, por outro, vender seus recursos (trabalho e capital) nos mercados de fatores. Em suas ativi- dades, supomos que os agentes econômi- cos atuam procurando maximizar sua satisfação ou utilidade que obtém dos bens que compram, limitando suas deci- sões à renda disponível. • As empresas realizam duas funções básicas: elaboram bens e os vendem; e empregam recursos no mercado de fa- tores. Realizam essas ações tentando ma- ximizar seus lucros. Supõe-se que as unidades familiares e as empresas tomem suas decisões racional- mente, isto é, observando certos obje- tivos, de maneira que suas escolhas sejam consistentes com a avaliação de seu próprio interesse. • O setor público estabelece o marco jurí- dico-institucional e é o responsável pela política econômica. Em determinados aspectos, atua também como um empre- sário, especialmente no caso dos bens pú- blicos. Setor público. Valores reais e nominais. Porcentagens. Taxas. Números índices. Relação funcional entre variáveis. Conceitos básicos Setores produtivos. Unidades familiares ou famílias. Empresas. Sociedade anônima. Ações. Obrigações.
  • 18. 36 Introdução à Economia Capo 2 Questões 1. Quais são os agentes econômicos bási- cos? 2. O que se entende por "ação"? 3. Que diferença existe entre variáveis que expressam termos nominais e termos reais? 4. Para que se usam os índices de preços? S. Quais são as tarefas fundamentais do se- tor público? 6. Em quantos níveis se pode dividir o se- tor público? Especifique. 7. Quem oferece os bens? 8. Cite alguns exemplos de bens públicos. 9. Em que setor produtivo se englobam as seguintes atividades: agricultura, pesca, construção de automóveis, atividades fi- nanceiras e de seguros, e agência de viagens. 10. Cite alguns exemplos de empresas pe- quenas, médias e grandes. 11. As duas funções básicas das famílias são: a) consumir bens e serviços; b) ofe- recer seus serviços (trabalho e capital) às empresas. De acordo com essas duas funções (a) ou (b), classifique as se- guintes atividades econômicas dos membros de uma família: • Fazer compras num supermercado. • Ir ao cinema. • Depositar dinheiro em um banco. • Contratar uma empregada. • Tomar um ônibus. • Trabalhar em uma fábrica. • Sair em férias. • Comprar uma casa.
  • 19. Capo 2 Os agentes econômicos 37 NOTA SOBRE O PENSAMENTO ECONÔMICO A teoria econômica e a evidência empírica: a econometria Este capítulo inclui um apêndice sobre a me- dição das variáveis econômicas. A parte da economia que se ocupa desses temas é a eco- nometria. • A econometria é um estudo da teo- ria econômica na sua relação com a estatística e a matemática. A premissa essencial é que a teoria eco- nômica pode ser formulada matematicamen- te, em forma de relações funcionais. As observações econômicas são consideradas, geralmente, como uma mostra extraída do universo descrito pela teoria. Utilizando essas observações e os métodos estatísticos, a econometria trata de estimar as relações que constituem a teoria. Essas estimações podem, por sua vez, ajudar a revisar a teoria. Assim, existe uma relação recíproca entre a formulação da teoria e a estimação e con- traste empíricos. A econometria adquiriu identidade como enfoque específico do estudo da economia no decênio de 1920. No desenvolvimento inicial desse ramo da economia, cabe destacar a ta- refa dos professores Ragner Frisch, da Univer- sidade de Oslo(Noruega), e Irving Fisher, da Universidade de YALE (EUA) (ver páginas 267-268). Esses professores promoveram estudos que propiciaram a unificação do enfo- que teórico quantitativo e empírico quantitati- vo dos problemas econômicos. O enfoque próprio da econometria é rigoroso, similar ao que caracteriza as ciências naturais. Em nossos dias, todas as faculdades de eco- nomia do mundo possuem cursos de econome- tria, já que esta disciplina é um instrumento imprescindível na investigação econômica.