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FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS
DO PENSAMENTO TEOLÓGICO
Pe. José Adalberto Vanzella
PRIMEIRA PARTE
INTRODUÇÃO
2
RELAÇÃO ENTRE A BÍBLIA E A
CULTURA HELÊNICA
 Fontes da Teologia Cristã: Bíblia e cultura
helênica
 Elementos de convergência e de divergência:
 Criação
 O Gênesis afirma que o mundo tem uma origem e
Deus criou todas as coisas
 Aristóteles afirma que o universo não tem origem e
o Motor Imóvel faz parte do universo
3
RELAÇÃO ENTRE A BÍBLIA E A
CULTURA HELÊNICA
 Elementos de convergência
 Tanto para a Bíblia como para Aristóteles o
mundo possui uma causa com nomes
diferentes
 Bíblia – Deus cria o mundo
 Aristóteles – o motor imóvel é a causa de
todo movimento
4
RELAÇÃO ENTRE A BÍBLIA E A
CULTURA HELÊNICA
 Elementos de divergência:
 Bíblia: distinção ontológica entre Deus e o universo
 Aristóteles: o motor imóvel faz parte do universo
 Bíblia: Deus se revela
 Aristóteles: busca dos princípios das operações do
mundo
 Bíblia: conhecimento salvífico
 Aristóteles: conhecimento natural
5
RELAÇÃO ENTRE A BÍBLIA E A
CULTURA HELÊNICA
 Consequências para o pensamento teológico
 Necessidade de uma exposição da fé que pudesse ser
compreendida pela cultura helênica
 Perguntas que exigiam respostas para a compreensão
da fé
 O esforço desenvolvido para a elaboração doutrinal do
pensamento cristão
 A filosofia e a teologia no universo grego e cristão
6
SEGUNDA PARTE
FÉ E RAZÃO
7
INTRODUÇÃO
 Da antiguidade, passando pela Idade Média e alcançando
a Idade Contemporânea, fé e razão é um tema bastante
controverso.
 Por quê?
 Mas o que é a fé?
 E a razão?
 Podemos conciliar fé e razão?
 Como?
8
FÉ
 Do latim fides. O termo é empregado em muitas acepções
que poderiam ser divididas em profanas e religiosas. No
sentido profano, significa dar crédito na existência do
fato, fazer bom juízo sobre alguém, expressar sinceridade
no modo de agir etc. Quando o testemunho no qual se
baseia a confiança absoluta é a revelação divina, fala-se
de Fé no seu sentido religioso. A Fé, neste sentido, não é
um ato irracional. Com efeito, o espírito humano só pode
aderir incondicionalmente a um objeto quando possui a
certeza de que é verdadeiro.
9
RAZÃO
 Significa a faculdade de "bem julgar". Tem
relação com o raciocínio discursivo. É
conhecimento natural enquanto oposto ao
conhecimento revelado, objeto da fé
10
HISTÓRICO
 Há duas correntes de pensamento que se cruzam:
cristianismo e filosofia grega. Na antiguidade
clássica grega prevalecia a filosofia e o
pensamento, calcado na razão
 Na Idade Média prevaleceu a teologia, que é a fé na
revelação. A filosofia era considerada a ancilla
theologiae (“serva da teologia”). Embora os
medievais fossem mais teólogos do que filósofos,
eles se esforçaram muito para encontrar uma
síntese entre a fé e a razão
11
HISTÓRICO
 No final da Idade Média, este equilíbrio se rompe e a
filosofia torna-se independente da fé e da revelação. É o
aparecimento do iluminismo, em que tudo deveria ser
explicado à luz da razão. É nessa época que surgem as
ciências e o método teórico-experimental
 Pascal, mesmo sendo homem de ciência, se rebelara contra
a suprema autonomia da ciência. Para ele, embora a ciência
tenha um poder extraordinário, ela não é capaz de explicar a
origem do Espírito e do Universo
12
FÉ RELIGIOSA
 Fé religiosa é a crença nos dogmas das diversas
religiões. A fé católica é a crença nos dogmas
estabelecidos pela Igreja católica
 Nesse caso, a fé pode ser cega ou raciocinada. Há
um dogma, por exemplo, o da “Santíssima
Trindade”. Podemos crer cegamente, ou raciocinar
em cima dele. A fé cega, não examinando nada,
aceita tanto o falso quanto o verdadeiro
13
FÉ RELIGIOSA
 Como a maioria das religiões pretende estar de
posse da verdade, convém verificar se os seus
dogmas tendem para a verdade ou para o erro
 O autor da Carta aos Hebreus resumiu as
características fundamentais da fé religiosa nos
seguintes termos: “Fé é a garantia das coisas
esperadas e a prova das que não se veem” (Hb,
2, 1)
14
FÉ HUMANA
 De acordo com a teologia, a fé é um assentimento da
inteligência, motivado na autoridade alheia: se essa
autoridade é humana, a fé chama-se humana
 De acordo com o Espiritismo, a fé humana é
caracterizada pela aplicação de nossas faculdades às
necessidades terrestres
 Um exemplo: o homem de gênio que persegue a
realização de alguma grande empresa triunfa se tem fé,
porque sente em si que pode e deve alcançar, e essa
certeza lhe dá uma força imensa 15
RAZÃO: INVERSÃO DE VALORES
 Na antiguidade, a razão estava aliada ao raciocínio, à
dialética, no sentido de se buscar a verdade das coisas
 Se ela tivesse seguido o seu curso normal, teríamos o ser
humano voltado para Deus e não para matéria, como vemos
hoje. Endeusamos a razão e não o raciocínio, a inteligência,
a consciência, o autoconhecimento
 A razão humana deveria ser aplicada para formar o homem
integral, o homem cósmico e não o homem-máquina, o
homem-técnica, desprovido de valores morais superiores
16
ILUMINISMO
 O iluminismo francês está centrado em Voltaire,
Montesquieu e Rousseau, entre outros
 Apesar das diferenças de abordagem de cada pensador, há
pelo menos dois pontos em comum: confiança na razão e
repúdio à religião
 Immanuel Kant (1724-1804) é o representante máximo do
iluminismo alemão. O iluminismo kantiano é a saída dos
homens do estado de minoridade devido a eles mesmos. A
minoridade é a incapacidade de utilizar o próprio intelecto
sem a orientação de outro. O sapere aude! kantiano tornou-
se o lema do iluminismo 17
RAZÃO E CIÊNCIA
 A razão suspeitava de tudo
 Para a comprovação dos fatos, precisava de provas, de
fórmulas matemáticas. Daí, o aparecimento das diversas
ciências, cujo conhecimento, que se tornava específico, ia
cada vez mais se desmembrando do tronco comum da
filosofia
 O método teórico-experimental, em todos os campos do
saber, prepara a revolução industrial. É de se notar que a
revolução científica, que nasce com o renascimento, foi uma
revolução do saber; a que nasce com a revolução industrial,
é uma revolução da energia 18
SANTO AGOSTINHO E SANTO TOMÁS
DE AQUINO
 Fé, Razão e Revelação são os pontos fundamentais
de suas teorias
 Santo Agostinho demonstra claramente sua
vocação filosófica na medida em que, ao lado da fé
na revelação, deseja ardentemente penetrar e
compreender com a razão o conteúdo da mesma
19
SANTO AGOSTINHO E SANTO TOMÁS
DE AQUINO
 Santo Tomás consegue, por seu turno, estabelecer
o perfeito equilíbrio nas relações entre a Fé e a
Razão, a teologia e a filosofia, distinguindo-as mas
não as separando necessariamente
 Ambas, com efeito, podem tratar do mesmo objeto:
Deus, por exemplo
 Contudo, a filosofia utiliza as luzes da razão natural,
ao passo que a teologia se vale das luzes da razão
divina manifestada na revelação
20
FIDES ET RATIO
 Para o papa João Paulo II, em sua Encíclica, Fides et
Ratio, de 14 de setembro de 1998, fé e razão constituem
as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para
a contemplação da verdade
 Deus colocou no coração do ser humano o desejo de
conhecer a verdade.
 Para provar a sua tese, faz uma síntese das inter-relações
entre filosofia, ciência e religião.
 Conclui que nem a ciência e nem a razão (filosofia)
podem prescindir da fé, sob pena de se desviarem da
própria verdade 21
CONCLUSÃO
 A fé, direcionada pela razão, encaminha-nos
para a atualização do nosso ser.
 Para a realização de nossas tarefas, creiamos
em nossas próprias forças.
 Não nos esqueçamos, contudo, de pedir
humildemente o beneplácito do divino amigo
22
TERCEIRA PARTE
O PENSAMENTO PLATÔNICO
23
PLATÃO – VIDA E OBRAS
428 - 348
 De família aristocrata
 Discípulo de Sócrates
 Fundou a Academia
 36 diálogos
 13 epístolas
 1 coleção de definições
24
OBRAS DE PLATÃO
 Hípias menor: trata do agir humano;
 Primeiro Alcibíades: trata da doutrina socrática do
auto-conhecimento;
 Segundo Alcibíades : trata do conhecimento;
 Apologia de Sócrates: relata o discurso de defesa
de Sócrates no tribunal de Atenas;
 Eutífron: trata dos conceitos de piedade e
impiedade;
 Críton: trata da justiça; 25
OBRAS DE PLATÃO
 Hípias maior: discussão estética;
 Hiparco: ocupa-se com os conceitos de cobiça
e avidez;
 Laques: trata da coragem;
 Lísis: trata da amizade/amor;
 Cármides: diálogo ético;
 Protágoras: trata do conceito e natureza da
virtude; 26
OBRAS DE PLATÃO
 Górgias: trata do verdadeiro filósofo em oposição
aos sofistas;
 Mênon: trata do ensino da virtude e da
rememoração (anamnese);
 Fédon: relata o julgamento e morte de Sócrates e
trata da imortalidade da alma;
 O Banquete: trata da origem, as diferentes
manifestações e o significado do amor sensual;
 Fedro: trata da retórica e do amor sensual;
 Íon: trata de poesia;
27
OBRAS DE PLATÃO
 Menêxeno: elogio da morte no campo de batalha;
 Eutidemo: crítica aos sofistas;
 Crátilo: trata da natureza dos nomes;
 A República: aborda vários temas, mas todos subordinados
à questão central da justiça;
 Parmênides: trata da ontologia. É neste diálogo que o jovem
Sócrates, a personagem, defende a teoria das formas que é
duramente criticada por Parmênides;
 Teeteto: trata exclusivamente da Teoria do Conhecimento
28
OBRAS DE PLATÃO
 Sofista: diálogo de caráter ontológico, discute o
problema da imagem, do falso e do não-ser;
 Político: trata do perfil do homem político;
 Filebo: versa sobre o bom e o belo e como o homem
pode viver melhor;
 Timeu: trata da origem do universo.
 Crítias: Platão narra aqui mito de Atlântida através
de Crítias (seu avô). É um diálogo inacabado;
29
OBRAS DE PLATÃO
 Leis: aborda vários temas da esfera política e
jurídica. É o último (inacabado), mais longo e
complexo diálogo de Platão;
 Epidômite
 Epístolas: Cartas (dentre as quais, somente a
de número 7 (sete) é considerada realmente
autêntica)
30
O ARCO DO PENSAMENTO PLATÔNICO
O arco do pensamento platônico
Mundo sensível
Conceitos
Ideia
31
O DUALISMO PLATÔNICO
 O dualismo platônico
 O mundo das ideias e suas características
 O Demiurgo
 O mundo sensível e suas características
32
O DUALISMO PLATÔNICO
 Realidade Inteligível – Mundo constituído por
ideias eternas, onde algo é Imutável e igual a si
mesmo
 Realidade Sensível - são realidades
dependentes, mutáveis e são imagens das
realidades inteligíveis
 Platão coloca uma nova visão sobre
Parmênides e Heráclito 33
O MITO DA CAVERNA
34
O MITO DA CAVERNA
 Situação 1 – olhando para a parede – a
realidade sensível
35
O MITO DA CAVERNA
 As imagens projetadas pelo fogo na parede
significam o mundo tal qual o vemos
 São ilusões distorcidas e irreais
 Nos possibilitam o conhecimento sensível ou
empírico que nos dá apenas a opinião e não
nos possibilita o conhecimento da verdade
 Típico dos artesãos
36
O MITO DA CAVERNA
 Situação 2 – entre o fato e o fogo – realidade
conceitual
37
O MITO DA CAVERNA
 Não vemos mais a parede, mas o lado
iluminado das coisas
 Isso nos possibilita a elaboração de conceitos
 Primeira forma de pensamento abstrato
 Característica dos militares e dos aristocratas
38
O MITO DA CAVERNA
 Situação 3 – Saindo da caverna – o pensamento
filosófico
39
O MITO DA CAVERNA
 Quem sai da caverna vê a luz do sol e tudo o
que existe
 No início fica cego pela luz mas depois vê tudo
com perfeição
 Contempla as ideias e conhece a verdade
 Característica dos filósofos
40
41
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48
49
50
COMPARAÇÃO COM A ATUALIDADE
 Extraindo a sabedoria que a Alegoria da
Caverna nos ensina, percebemos que muitas
vezes a realidade é outra, encoberta pelas
sombras do desconhecimento
 E não é fácil aceitar a realidade, convencer-se
de que uma doutrina acatada por dezenas de
anos possa conter ilusões
51
COMPARAÇÃO COM A ATUALIDADE
 Mostra-nos a visão de uma humanidade
ignorante, prisioneira das sensações, do
imediatismo e inconsciente de sua limitada
perspectiva
52
QUESTIONAMENTOS
 O que é a caverna? O mundo em que vivemos
 O que são as sombras das estatuetas? As
coisas materiais e sensoriais que percebemos
 Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da
caverna? O filósofo
 O que é a luz exterior do sol? A luz da verdade.
53
QUESTIONAMENTOS
 O que é o mundo exterior? O mundo das ideias verdadeiras
ou da verdadeira realidade
 Qual o instrumento que liberta o filósofo e com o qual ele
deseja libertar os outros prisioneiros? A dialética
 O que é a visão do mundo real iluminado? A filosofia
 Por que os prisioneiros zombam, espancam e matam o
filósofo (Platão está se referindo à condenação de Sócrates
à morte pela assembleia ateniense)? Porque imaginam que
o mundo sensível é o mundo real e o único verdadeiro
54
REFLEXÕES
 O homem sabe que o poder corrompe. O homem
quer o poder para mudar o que está errado. Logo, o
homem quer se corromper para mudar
 O poder seduz o ignorante, o despreparado, o
homem que não caminha em direção à luz, mas que
precisa do jogo político para se sentir importante.
Fora do jogo não sobrevive a um mínimo pensar
55
REFLEXÕES
 O aprendizado para tornar-se um homem lúcido
passa por sofrimento e solidão, já que pensar é
uma ato individual e necessita abstrair-se de
prazeres materiais e transitórios
 Pensar necessita querer sair das trevas da
ignorância com coragem e abnegação
56
REFLEXÕES
 As amarras individuais são verdadeiras prisões
guardadas pelo medo e pela ignorância, onde
quebrar os ferrolhos leva o homem ao caminho
da luz e da soberania.
 Uma vez livre, a própria liberdade se
encarregará de uni-lo a outros homens, também
livres, formando nova corrente do pensar.
57
REFLEXÕES
 Vamos sair da caverna. Vamos descobrir que a
luz do sol brilha intensamente e é possível
determinar que os rumos das nossas vidas
podem ser direcionadas por nós, não por
homens de almas lamacentas.
58
TEORIA DA CONTINGÊNCIA
 O que há de permanente em um objeto é a Ideia
 A mudança ocorre porque esse objeto não é
uma Ideia, mas uma incompleta representação
da Ideia desse objeto
59
TEORIA DA CONTINGÊNCIA
IDEIA
A Casa
O Homem
A Árvore
SOMBRAS
As casas
Os homens
As árvores
60
TEORIA DA CONTINGÊNCIA
 O mundo em que vivemos é mera sombra, onde
nada é estável ou permanente, impossibilitando
o verdadeiro conhecimento, existe um reino
mais elevado, espiritual, o mundo luminoso das
idéias”
 Como se libertar então?
61
TEORIA DA REMINISCÊNCIA
62
TEORIA DAS ALMAS
 Alma apetitiva ou concupiscente: busca
comidas, bebidas, sexo, prazeres, isto é, tudo o
que é necessário para a conservação do corpo
e para a geração de outros corpos; é irracional,
termina com a morte do corpo, sendo, portanto,
mortal; é nossa parte passional, sempre
sequiosa e insatisfeita, sempre à procura de
novos objetos de prazer. (Diretamente ligada ao
corpo) 63
TEORIA DAS ALMAS
 Alma colérica: se irrita contra tudo quanto
possa ameaçar a segurança do corpo e da vida,
tudo quanto cause dor e sofrimento; porque
incita a combater perigos contra a vida; é
mortal, pois existe para defender o corpo contra
agressões á vida corporal e, como a alma
concupiscente, é irracional. (Diretamente ligada
ao corpo)
64
TEORIA DAS ALMAS
 Alma racional: faculdade do conhecimento,
parte espiritual e imortal, sede do pensamento e
situada na cabeça; é a faculdade ativa e
superior, o princípio divino em nós. Conhece o
Bem e o Mal, a Verdade e as Ideias.
65
TEORIA DAS ALMAS
66
O CAMINHO DA VIRTUDE
 Mas o que se entende por virtude?
Virtudes são as características formadoras da moralidade
humana, são as virtudes dos homens que determinam
seu comportamento social, sua conduta como homens.
Justamente as virtudes sustentadas por Platão como as
de maior importância, ou seja, a justiça associada à
moderação, à coragem e à sabedoria, formando o
quádruplo das mais importantes, podem ser abaladas
pelas paixões com as quais qualquer indivíduo pode, em
algum tempo, se deixar envolver.
67
A TEORIA DO CONHECIMENTO
 Antes de nascer, a alma de cada pessoa vivia
em uma estrela, onde se localizam as Ideias
 Quando uma pessoa nasce, sua alma é
"jogada" para a Terra, e o impacto que ocorre
faz com que esqueça o que viu na estrela
68
POLÍTICA: O CAMINHO PARA A
REALIZAÇÃO PLENA DA FILOSOFIA
ALMAS
CONCUPISCENTE
IRASCÍVEL
RACIONAL CLASSES
SOCIAIS
ARTESÃOS
MILITARES
ARISTOCRACIA
69
FORMAS DE GOVERNO
FORMA DE
GOVERNO
ALMA
CONCUPISCENTE
PRAZERES ILÍCITOS
TIRANIA
PRAZERES LÍCITOS
DEMOCRACIA
70
FORMAS DE GOVERNO
FORMA DE
GOVERNO
ALMA
IRASCIVEL
GOVERNO MILITAR
TIMOCRACIA
GOVERNO CIVIL
OLIGARQUIA
71
FORMAS DE GOVERNO
FORMA DE
GOVERNO
ALMA
RACIONAL
MUITAS PESSOAS
ARISTOCRACIA
UMA PESSOA
MONARQUIA
72
VIDA SOCIAL
 "Os males não cessarão para os humanos
antes que a raça dos puros e autênticos
filósofos chegue ao poder, ou antes, que os
chefes das cidades, por uma divina graça,
ponham-se a filosofar verdadeiramente"
(Platão, Carta Sétima, 326b)
73
VIDA SOCIAL
 Magistrados e Militares não deveriam manter
nenhuma posse, pois:
 “a propriedade impede as pessoas de se
dedicarem ao bem da coletividade”
 O casamento e a vida familiar seriam proibidos,
as uniões seriam decididas por juízes, com o
objetivo de manter o vigor da raça
74
VIDA SOCIAL
 O que Platão imaginava como uma sociedade
perfeita não passava de um novo regime
aristocrático, dirigido por homens e mulheres
inteiramente dedicados ao serviço público e ao
aperfeiçoamento da raça humana
75
QUARTA PARTE
PENSAMENTO ARISTOTÉLICO
76
BIOGRAFIA
77
384 – 322
 Nasceu em Estagira
 Pertenceu à Academia Foi
preceptor de Alexandre, o
Grande
 Fundou o Liceu
 Após a morte de Alexandre
foi acusado de ateísmo
 Exilou-se na Eubéia, onde
morreu
OBRAS
 Órganon
 Escritos sobre a física
 A Metafísica
 Ética a Nicômaco
 Ética a Eudemo
 A Grande Ética
 A Política
 Retórica
 Poética 78
A LÓGICA
 A obra “Organon”
 Princípio da identidade – todo ser é idêntico a si
mesmo e a nenhum outro
 Princípio da não contradição – nada pode ser e não
ser ao mesmo tempo, sob o mesmo aspecto e nas
mesmas condições
 Terceiro excluído – entre a afirmação e a negação
não existe nenhum termo
 O todo é sempre maior que as partes 79
A LÓGICA
 O silogismo e o método dedutivo
 Universal Adjetivo
 Particular Universal
 Particular Adjetivo
80
A METAFÍSICA
 A METAFÍSICA de Aristóteles é um grupo de 14
escritos de difícil leitura, que teve tremenda
influência no pensamento filosófico.
 Ele começa dizendo que todos os homens tem
o desejo de conhecer.
81
A METAFÍSICA
 Há diferentes graus de conhecimento.
 1) Há o conhecimento pela mera experiência
 2) Há o conhecimento de uma arte objetivando
realizações práticas
 3) Mas há, além disso, um conhecimento que não
tem nenhuma utilidade, buscado pelo interesse dele
mesmo
82
A METAFÍSICA
 A ciência buscada ou ainda a filosofia primeira
 Ou ainda metafísica
 Ela é a ciência dos primeiros princípios e das primeiras
causas
 Esse deve ser o conhecimento mais conhecível, embora
não para o intelecto humano, que começa sempre da
experiência sensível, enquanto a metafísica é a ciência
que se encontra mais distante dessa experiência,
requerendo de nós considerável esforço de abstração
racional para ser alcançada... 83
A METAFÍSICA
 Em busca dessa ciência, Aristóteles começa
considerando as 4 causas:
 1) Formal: forma, idéia, essência
 2) Material: objeto
 3) Eficiente: fonte de movimento
 4) Final: finalidade
84
A METAFÍSICA
 Exemplo: O artífice tem uma peça de mármore
(causa material). A estátua deverá ser de Vênus
(causa formal). Ele intenciona construir uma
estátua para o templo de Apolo (causa final).
Ele a modela com o martelo e o cinzel (causa
eficiente).
 Trata se de Teoria das explicações
85
A METAFÍSICA
 Aristóteles também declara que ela concerne ao
ser enquanto tal, ao ser enquanto ser
 As ciências especiais isolam uma esfera
particular do ser e investigam os atributos do
ser naquela esfera...
 Mas a metafísica investiga o ser em si mesmo e
seus atributos essenciais
86
A METAFÍSICA
 Com que categoria de ser está a Metafísica
concerne primariamente com a substância, posto
que todas as coisas ou são substâncias ou
afecções da substância
 E se há uma substância imutável, então a metafísica
estuda a substância imutável, posto que estuda o
ser enquanto ser (e a verdadeira natureza do ser
está no imutável mais do que no mutável)
87
A METAFÍSICA
 Deve haver pelo menos um ser imutável que
causa o movimento, mas que permaneça
imóvel, isso sendo mostrado pela
impossibilidade de uma infinita série de fontes
de movimento
 Possuindo a completa natureza do ser esse
motor imóvel deve ser divino. assim, a
metafísica é também uma teologia 88
A METAFÍSICA
 Ele divide as substâncias em:
1) Mutáveis
2) Imutáveis
 Ou então as divide em:
1) Sensíveis e perecíveis
2) Sensíveis e eternas (i.e. os corpos celestes)
3) Não-sensíveis e eternas
89
A METAFÍSICA
 A metafísica investiga o ser na categoria de
substância, não o ser acidental, que não é objeto da
ciência
 Nem ser como verdade, pois verdadeiro e falso são
atributos de juízos, não de coisas
 A metafísica também estabelece os primeiros
princípios ou axiomas, que governam os seres e o
conhecimento
90
A METAFÍSICA
 Particularmente importante é o princípio da
contradição
 “Nada pode ser e não ser ao mesmo tempo e sob o
mesmo aspecto.”
 Não podemos dizer nada nem objetar nada nem
justificar nada sem pressupor o princípio da
contradição.
 O cético que o rejeita nada é capaz de dizer, pois ao
abrir a boca ele já o estará aceitando...
91
CRÍTICA À DOUTRINA DAS IDÉIAS
 Aristóteles critica a doutrina das ideias (“Platão
é meu amigo, mas a verdade é mais”), mas
exagera os defeitos desta com propósitos
polêmicos
 1 – Que o universal faz o conhecimento possível,
diz Aristóteles, prova que o universal é real, mas
não prova que ele subsiste à parte das coisas
individuais 92
CRÍTICA À DOUTRINA DAS IDÉIAS
 2 – A doutrina é inútil, pois as formas platônicas
duplicam sem propósito as coisas visíveis
 3 – As formas são inúteis para nosso
conhecimento das coisas, pois não estão nelas.
Isso parece exprimir o interesse de Aristóteles
pelo mundo visível
93
CRÍTICA À DOUTRINA DAS IDÉIAS
 4 – As formas são inúteis para explicar o
movimento das coisas, seu surgir e decair
 5 – As formas deveriam explicar os objetos
sensíveis. Mas elas próprias seriam sensíveis:
o homem ideal seria sensível, como Sócrates.
As formas relembram então os deuses
antropomórficos. Assim como os Deuses são
homens eternos, as formas são sensíveis
eternos! 94
CRÍTICA À DOUTRINA DAS IDÉIAS
 6 – A teoria das formas é impossível. como
pode ser que as ideias, sendo as substâncias
das coisas, possam existir à parte? as formas
contém as essências dos seus objetos, mas
como é possível que então elas existam à parte
deles?
95
CRÍTICA À DOUTRINA DAS IDÉIAS
 7 – As coisas não podem ser provenientes das
formas
 8 – As formas são objetos individuais, quando
na verdade não seriam objetos, mas universais.
Platão acha que o homem ideal será um
indivíduo, como Sócrates
96
CRÍTICA À DOUTRINA DAS IDÉIAS
 As posições de Platão e Aristóteles são
COMPLEMENTARES, pois existem:
 1 – Universais na mente divina, as ideias
Platônicas
 2 – Universais nas coisas, como formas
imanentes aristotélicas
 3 – Universais abstratos em nossas mentes
97
CRÍTICA À DOUTRINA DAS IDÉIAS
 Para Aristóteles, o universal tem realidade na
mente e nas coisas, embora a existência nas
coisas não implica na universalidade formal que
ele tem na mente. Indivíduos pertencendo à
mesma espécie são substâncias reais, mas não
participam em um único universal que é o
mesmo para todos os membros da classe
98
CRÍTICA À DOUTRINA DAS IDÉIAS
 Essa essência específica é numericamente a
mesma em cada indivíduo da classe, mas, por
outro lado, é especificamente a mesma em
todos os indivíduos da classe, e essa
similaridade objetiva é a verdadeira fundação
para o universal abstrato, que tem identidade
numérica na mente e pode ser predicado de
todos os membros da classe
indiferenciadamente 99
SUBSTÂNCIA
 Indivíduos são verdadeira substância (ousia). Pois só o
indivíduo é sujeito de predicações e nunca é predicado
 Mas os universais (espécies) são substância num sentido
secundário e derivado. Pois eles são
 1 – essências, tendo
 2 – mais realidade que o indivíduo enquanto tal, sendo
também
 3 – objetos da ciência
100
SUBSTÂNCIA
 Para Aristóteles o universal é real no indivíduo, ele não é
transcendente se considerado em sua realidade objetiva,
mas imanente, como universal concreto
 Indivíduo sensível = composto de forma + matéria, e o
intelecto capta o elemento universal, a forma, que está
realmente lá, existindo concretamente como um elemento
do indivíduo
 Ex: a espécie do cavalo está no cavalo perecível que é o
Black Beauty...
101
SUBSTÂNCIA
 Ele distingue entre duas substâncias:
 1 – Substância primeira: individual, composta de matéria
e forma
 2 – Substância segunda: elemento formal ou essência
específica, que corresponde ao conceito universal
 Substâncias primeiras são objetos que não podem ser
predicados de outros
 Substâncias segundas são a natureza, a essência
específica que corresponde ao conceito universal
102
SUBSTÂNCIA
 A substância individual é um composto de substrato +
essência ou forma.
 À substância individual pertencem as nove categorias
acidentais.
 O universal torna-se preeminentemente o objeto da ciência,
pois é o elemento essencial, tendo assim realidade em um
sentido superior ao que é meramente particular.
 O universal existe só no particular, de modo que não
podemos apreendê-lo, exceto pela apreensão do indivíduo
103
SUBSTÂNCIA
 Aristóteles tinha uma concepção ideal de ciência, que demanda
definições reais essenciais
 1 – Aristóteles nega que universais sejam substâncias só para
refutar Platão, mas ele os chama de substâncias segundas
 2 – Além disso, o elemento material do indivíduo é obscuro ao
conhecimento e como tal indefinível, enquanto a substância é
basicamente a essência definível ou forma da coisa, o princípio
que a torna um objeto concreto definido!
 3 – Portanto: a substância é basicamente forma, em si mesma
pura e imaterial! 104
SUBSTÂNCIA
 Em outras palavras:
 A forma pura é que é primariamente substância
 Mas as únicas formas que são realmente
independentes da matéria são Deus, as
inteligências das esferas e o intelecto ativo do
homem...
 Eis porque, se a metafísica investiga a substância,
ela é equivalente à teologia! 105
ANÁLISE DA MUDANÇA
 Há para Aristóteles 4 princípios: matéria, forma,
causa eficiente, causa final. a mudança ou
movimento é um fato do mundo para Aristóteles
 Ex: uma folha muda de cor de verde para marrom. O
mármore é tornado uma estátua. Uma semente
origina uma árvore. Uma vaca come grama e a
transforma nela mesma
106
ANÁLISE DA MUDANÇA
 Para que algo mude é necessário algo que
muda, o substrato da mudança!
 A semente é a árvore em potência, atualizando-
se sob a ação de uma causa eficiente...
107
ANÁLISE DA MUDANÇA
 No caso da vaca que come grama a substância
não permanece a mesma! Pela digestão a
grama recebe nova forma substancial...
 Mas algo permanece o mesmo: o substrato
último, que é simples potencialidade enquanto
tal, a matéria prima
108
ANÁLISE DA MUDANÇA
 A matéria prima é a base última da mudança
 Nenhum agente eficiente age sobre a matéria prima
enquanto tal, mas sempre sobre algum substrato
atualizado
 Ex: o escultor age sobre o mármore...
 Assim, a matéria prima nunca existe enquanto tal,
mas em conjunção com alguma forma
 Ela não é um corpo, mas um elemento do corpo
109
ANÁLISE DA MUDANÇA
 A mudança só existe em algo capaz de se tornar
outra coisa
 É a atualização de uma potencialidade que envolve
um ser atual, por exemplo, água em certas
condições tem a potencialidade de se tornar vapor...
 A água demanda se tornar vapor. Ela está privada
de se tornar vapor
 Assim, há três fatores envolvidos na mudança:
 Matéria, forma e privação
110
O PRINCÍPIO DA INDIVIDUAÇÃO
 A substância concreta sensível é um ser
individual composto de matéria e forma
 Mas o elemento formal é o mesmo em todos os
membros da infima species
 Ex: o mesmo em Sócrates e Platão
 Seja como for, a conclusão disso é que a forma
não pode ser o princípio de individuação do
objeto sensível 111
O PRINCÍPIO DA INDIVIDUAÇÃO
 O princípio de individuação só pode ser a matéria!
Assim, Sócrates e Platão são o mesmo em forma,
mas diferem em virtude de suas diferentes matérias
(para os tomistas não a matéria prima, mas
materia signata quantitae, i.e., eu possui uma
exigência antecipatória de quantidade a ser
satisfeita pela união com a forma)
112
O PRINCÍPIO DA INDIVIDUAÇÃO
 Conclusão: a pura forma deve ser o membro único de sua
espécie, pois não há nenhuma matéria que possa atuar
como princípio da individuação dentro da espécie
 Assim: não pode haver uma pluralidade de anjos ou seres
imortais pertencendo a uma mesma espécie. Cada anjo é
uma espécie de anjo
 O primeiro movente, não possuindo matéria, deve ser
numericamente um... (contra a teoria pluralidade dos
motores imóveis)
113
A HIERARQUIA DA MUDANÇA
 Daí também advém uma hierarquia ou escala ascendente de
existência:
 pedra bruta > pedra polida > pedra da casa
 corpo > alma sensitiva > alma intelectiva
 Potência >Atualidade
 Potência > Atualidade
 Vemos aqui que se pode construir uma hierarquia em direção
a ordens superiores de atualidade! 114
A HIERARQUIA DA MUDANÇA
 Vemos que há uma escada:
 1 – Na base da escada está a matéria prima (nunca
atualmente existente, nunca existindo à parte da forma)
 2 – Na união dos contrários ela forma os quatro
elementos, terra, água, ar e fogo, que são os corpos mais
simples, mas não absolutamente simples
 3 – Em potência eles são objetos inorgânicos, como ouro
115
A HIERARQUIA DA MUDANÇA
 4 – Em potência eles são corpos orgânicos
 Em potência eles ascendem na escala para dar
lugar ao intelecto ativo do homem,
desassociado da matéria,
 5 – As inteligências separadas das esferas e,
 finalmente, a Deus!
116
A HIERARQUIA DA MUDANÇA
 Como se inicia a mudança?
 Além da causa formal e material é demandada a
causa eficiente. mas essa pode ser interna à
coisa que muda
 Por exemplo, cada elemento tende ao seu lugar
natural, o fogo aos céus... A semente é causa
eficiente de se tornar uma árvore 117
A HIERARQUIA DA MUDANÇA
 Aristóteles privilegia a causa final, que age por
atração. mas a finalidade não costuma ser
externa. o boi não cresce para se tornar
comida... o boi cresce para se tornar boi,
realizando assim a sua causa formal, de modo
que aqui causa formal e final convergem. (ele
tende a unificar as causas)
118
O PRIMEIRO MOVENTE
 Deus: Se todo objeto em movimento requer
uma causa movente atual, então o mundo
requer um primeiro movente (primo motor)
 Ele é primeiro não no sentido temporal, pois
para Aristóteles o movimento é eterno. ele é
primeiro no sentido de ser supremo!
119
O PRIMEIRO MOVENTE
 O primeiro movente também não é um Deus
Criador, pois o mundo existe por toda a
eternidade (um tempo antes do tempo:
contradição)
 Ele não pode ser causa eficiente de nada, pois
toda ação eficiente envolve reação e nesse
caso ele seria afetado pelo mundo, diminuindo
em perfeição 120
O PRIMEIRO MOVENTE
 Deus forma o mundo, mas não como causa eficiente e sim por
atração, como a sua causa final, como objeto inspirador de
amor e desejo!
 A inteligência de cada esfera espiritual deseja imitar a mais
perfeita e aproximar-se dela o mais possível
 O primo motor é puro ato, se fosse potência ele mudaria e ele
por é por definição imutável
 Ele precisa ser imaterial, pois materialidade envolve
possibilidade de sofrer ação e mudança 121
O PRIMEIRO MOVENTE
 1 – Sendo imaterial, o primo motor não pode realizar
nenhuma ação corporal
 2 – Sua atividade é a de pensar
 3 – Mas qual o objeto do seu pensar?
 4 – Conhecimento é participação intelectual no
objeto. Por isso, o objeto do pensamento divino
deve ser o melhor de todos, não podendo envolver
mudança
 5 – Por isso esse objeto só pode ser ele mesmo 122
O PRIMEIRO MOVENTE
 6 – O que Deus conhece é, pois, a si mesmo, em
uma eterna atividade de autoconsciência!
 7 – Conclusão: Deus é o pensamento que se pensa
eternamente a si mesmo. Deus é “pensamento do
pensamento”. Pura reflexão
 8 – Ele não pode ter objeto do pensamento fora de
si mesmo, pois nesse caso terá um fim fora de si
mesmo
123
INTRODUÇÃO À MORAL
 O que é ser feliz?
 É possível ser feliz em nossa sociedade?
 Existe alguma relação entre a felicidade, a
justiça e a bondade?
124
INTRODUÇÃO À MORAL
 Moral: algo constitutivo da vida social
 Avaliação acerca dos costumes para aceitar ou
reprovar
 Não se pode pensar a vida social sem a
presença de regras de conduta
125
INTRODUÇÃO À MORAL
 Texto fundamental para a cultura ocidental:
deuteronômio (segunda lei) de Moisés (séc. V a.
C.)
 Decálogo ou dez mandamentos cultura
ocidental – ponto de partida para a elaboração
da moralidade
 Sermão da Montanha
126
INTRODUÇÃO À MORAL
 2º momento: meditação grega
 Delimitação da vida humana
 Ética: elaboração teórica que se dirige à
conceituação da moralidade
 Sócrates / Platão
 Aristóteles – fundador da disciplina teórica
ética
127
ÉTICA E MORAL
 Ética – ciência da conduta; parte da filosofia prática
que tem por objetivo elaborar uma reflexão sobre os
problemas fundamentais da moral;
 Princípios: reflexão sobre as razões de se desejar a
justiça e a harmonia e sobre os meios de alcançá-
las
 Moral: construção de um conjunto de prescrições
destinadas a assegurar uma vida em comum justa e
harmoniosa
128
ÉTICA A NICÔMACO
 Livro I
 Estudo da conduta ou do fim do homem como
indivíduo – ética
 Estudo da conduta ou do fim do homem como
parte de uma sociedade – política
129
ÉTICA A NICÔMACO
 Finalismo das ações: tudo visa a obtenção de um
bem
 Pergunta-se então o que é bem ou bom; de qual
ciência o sumo
 Bem é objeto?
 O bem é identificado como eudaimonia (felicidade).
Há dois tipos de virtudes: as virtudes éticas
(nascem do hábito) e as virtudes dianoéticas
(próprias da inteligência);
130
ÉTICA A NICÔMACO
 O Livro I especificamente se divide em treze capítulos.
 Os três primeiros tratam do objeto e do método da obra /
introdução a todo o tratado
 Capítulos 4 e 12, o filósofo indaga da essência ou das
diversas acepções que receberam as noções de “bem
supremo” e “felicidade”
 Nos capítulos 2 e 3, ele menciona três tipos principais de
explicação: a opinião da massa, a opinião do político e,
finalmente, a visão do filósofo
 O livro se “conclui”, portanto, com o capítulo 13, que analisa
o conceito de virtude e as divisões da alma
131
O SUPREMO BEM
 Ação humana – fim / bem
 Conjunto das ações humanas – fim último /
supremo bem (felicidade)
 O que é a felicidade? (Eudaimonía)
132
O SUPREMO BEM
 Capítulo 1:
 Os bens variam
 Para cada ser deve haver um bem, conforme
a natureza ou a essência do respectivo ser
 Cada substância tem o seu ser e busca o seu
bem
 Bens concretos
133
O SUPREMO BEM
 Capítulo 2
 Ética aristotélica: finalista ou eudemonista
 Marcada pelos fins que o homem deve alcançar
para atingir a felicidade
 Capítulo 4
 O mais alto de todos os bens: Felicidade
 Diferentes concepções de felicidade
134
O SUPREMO BEM
1. Prazer e gozo – vida digna de animais;
escravos
2. Honra (sucesso) – depende de quem a confere
3. Juntar riquezas – meio para outras coisas
135
O SUPREMO BEM
 Ética teleológica: (telos – fim, finalidade e logos
– teoria, ciência)
 Tanto os múltiplos seres existentes, quanto o
universo como um todo direcionam-se em
última instância a uma finalidade
136
O SUPREMO BEM
 Hierarquia de bens:
 Bens relativos e intrínsecos ao homem
 Os relativos são aqueles necessários para a vida
cotidiana (bens materiais, prazeres vitais, etc.).
Estes mudam constantemente, pois sempre
desejam outros e maiores
 Bens intrínsecos, não visam outros porque eles são
autossuficientes, ou seja, os bens intrínsecos são
bens supremos 137
O SUPREMO BEM
 Todo conhecimento e todo trabalho visa a algum
bem, quais afirmamos ser os objetivos da ciência
política e qual é o mais alto de todos os bens que se
podem alcançar pela ação.
 Verbalmente, quase todos estão de acordo, pois
tanto o vulgo como o homem de cultura superior
dizem ser esse fim a felicidade e identificam o bem
viver e o bem agir como o ser feliz
138
O SUPREMO BEM
 Os homens de tipo vulgar parecem identificar o
bem ou a felicidade com o prazer e, por isso,
amam a vida dos gozos
 As pessoas de grande refinamento e índole
identificam a felicidade com a honra
 É pelos indivíduos de grande sabedoria prática
que procuram ser honrados e, entre os que os
conhecem e, ainda mais, em ração da sua
virtude
139
O SUPREMO BEM
 O bem supremo realizável pelo homem consiste em
aperfeiçoar-se enquanto homem
 Consiste na atividade que diferencia o homem de todas
as outras coisas
 A atividade da razão
 O homem que quer viver bem deve viver sempre segundo
a razão
 Aristóteles proclama os valores da alma como valores
supremos
 Reconhece também a importância dos bens materiais
140
O SUPREMO BEM
 O que faz a marca específica do homem é o
pensamento e a razão que o segue. É a atividade
intelectual
 Nesta encontra-se a fonte principal das alegrias do
homem, ou seja, a fonte donde provém a verdadeira
felicidade
 Com efeito, a felicidade do homem consiste no
aperfeiçoamento da atividade que lhe é própria, ou
seja, na atividade segundo a razão
141
O SUPREMO BEM
 O homem deve, então, subordinar o sensível ao
racional. A subordinação da atividade sensível à
atividade racional se impõe
 É o preço da felicidade humana e a condição da
moral humana
 Portanto, para ser feliz, o homem deve viver
pela inteligência e segundo a inteligência
142
O SUPREMO BEM
 O bem do homem nos parece como uma
atividade da alma em consonância com a
virtude, e, se há mais de uma virtude, com a
melhor e mais completa
 O homem feliz vive e age bem, pois definimos
praticamente a felicidade como uma espécie de
boa vida e boa ação
143
O SUPREMO BEM
 Alguns identificam a felicidade com a virtude,
outros com a sabedoria prática, outros com uma
espécie de sabedoria filosófica, outros com estas
ou uma destas, acompanhadas ou não do prazer e
outros ainda incluem a prosperidade exterior
 Algumas destas opiniões tem tido muitos e antigos
defensores enquanto outras foram sustentadas por
poucas, mas eminentes pessoas
144
O SUPREMO BEM
 Não é provável que qualquer delas esteja
inteiramente equivocada, mas sim que tenham
razão pelo menos a algum respeito ou mesmo a
quase todos os respeitos
 Também se ajusta à nossa concepção a dos
que identificam felicidade com a virtude em
geral ou com alguma virtude particular
145
O SUPREMO BEM
 O prazer é um estado da alma e para cada
homem é agradável aquilo que ele ama: não só
um cavalo ao amigo de cavalos ou um
espetáculo ao amador de espetáculos, mas os
atos justos aos amantes da justiça e, em geral,
os atos virtuosos aos amantes da virtude
 A felicidade é a maior, a mais nobre e a mais
aprazível coisa do mundo
146
O SUPREMO BEM
 Também se pergunta se a felicidade deve ser
adquirida pela aprendizagem, pelo hábito ou
por uma espécie de adestramento ou se ela nos
é conferida por alguma providência divina
147
JUSTO MEIO
 Virtude: repetição de uma série de atos sucessivos /
hábito
 Os impulsos, as paixões e os sentimentos tendem ao
excesso ou à falta
 A razão deve impor a “justa medida”, o “justo meio”
entre os dois excessos
 Vitória da razão sobre os instintos
 Justiça: a mais importante das virtudes
 “Na justiça está abarcada toda virtude”

148
WILSON
QUADRO DAS VIRTUDES MORAIS
Sentimento ou
paixão (por
natureza)
Situação em
que o
sentimento
ou a paixão
são suscitados
Vício (excesso)
(por deliberação/
escolha)
Vício (falta)
(por deliberação/
escolha)
Virtude (justo meio)
(por deliberação/
escolha)
Prazeres
Tocar, ter
ingerir
Ibertinagem Insensibilidade Temperança
Medo Perigo, dor Covardia Temeridade Coragem
Confiança Perigo, dor Temeridade Covardia Coragem
Riqueza Dinheiro, bens Prodigalidade Avareza Liberalidade
Fama Opinião alheia Vaidade Humildade Magnificência
Honra Opinião alheia Vulgaridade Vileza Respeito próprio
Cólera
Relação com
os outros
Irascibilidade Indiferença Gentileza
Convívio
Relação com
os outros
Zombaria Grosseria Agudeza de espírito
Conceder prazer
Relação com
os outros
Condescendência Tédio Amizade
Vergonha
Relação de si
com outros
Sem-vergonhice Timidez Modéstia
Sobre a boa
sorte
de alguém
Relação dos
outros consigo
Inveja Malevolêcia Justa apreciação
Sobre a má sorte
de alguém
Relação dos
outros consigo
Inveja Malevolência Justa indignação
CHAUÍ, Marilena de Souza. Introdução à história da filosofia:dos pré-socráticos a Aristóteles, vol. 01. São Paulo: Brasiliense, 1994.
QUINTA PARTE
O DIÁLOGO ENTRE O
CRISTIANISMO E A CULTURA
GREGA
01
INTRODUÇÃO
 O helenismo fornece o pano de fundo político e cultural
que permite a aproximação entre a cultura judaica e a
filosofia grega, o que tornará mais tarde o surgimento de
uma filosofia cristã
 O período helenístico é o último período da filosofia
antiga, quando a polis grega desapareceu como centro
político, deixando de ser a referência principal dos
filósofos, uma vez que a Grécia encontrava-se sob o
poderio do Império Romano
151
INTRODUÇÃO
 O termo “helenismo” é derivado da obra do
historiador alemão J.G. Droysen, Helenismus, e
designa a influência da cultura grega em toda a
região do Mediterrâneo oriental e do Oriente
Próximo desde as conquistas de Alexandre (332
a.C.) – do estabelecimento de seu império e dos
reinos criados após a sua morte (323 a.C.) por seus
sucessores até a conquista romana do Egito em 30
a.C., que passa a marcar a influência de Roma
nessa mesma região
152
INTRODUÇÃO
 A religião cristã, embora originária do judaísmo, surge e
se desenvolve No contexto do helenismo, e é
precisamente da síntese entre o judaísmo, o cristianismo
e a cultura grega que se origina a tradição cultural
ocidental de que somos herdeiros até hoje
 Como se justifica a relação entre o cristianismo, que por
sua origem revelada é uma religião, e a filosofia grega
que em seu próprio surgimento já pretendia romper com
o pensamento mítico-religioso?
153
INTRODUÇÃO
 Alexandria é uma cidade cosmopolita, onde convivem
várias culturas; a egípcia característica da região, a grega
dos fundadores da cidade, a romana dos que haviam
recentemente conquistado o Egito; e a cultura judaica da
grande comunidade dos judeus que lá viviam.
 Essas culturas convivem e se integram, há grande
tolerância religiosa, inclusive um espírito de sincretismo
típico da cultura greco-romana. E se falam várias línguas.
A comunidade judaica, próspera e educada, fala
fluentemente o grego
154
INTRODUÇÃO
 Fílon de Alexandria, p.ex., é um judeu helenizado
que viveu em Alexandria nesse período e produziu
uma série de comentários ao Pentateuco (os cinco
livros iniciais do Antigo Testamento), aproximando-
o da filosofia grega.
 Encontramos em Fílon uma aproximação entre a
cosmologia platônica no Timeu e a narrativa da
criação do mundo no Gênesis.
155
INTRODUÇÃO
 No Timeu Platão apresenta uma explicação da
origem do cosmo, segundo a qual o demiurgo
(um deus intermediário) olhando para as formas
ou idéias que lhe servem de modelos, organiza
a matéria e dá origem a todas as coisas. Na
interpretação de Fílon, Deus (e não o demiurgo)
cria o cosmo, porém a partir das ideias em sua
mente e não contemplando-as fora dele
156
INTRODUÇÃO
 Esta seria precisamente uma das origens da
concepção que se desenvolverá progressivamente
ao longo dessa tradição, segundo a qual as ideias
deixam de ser independentes existindo em um
mundo próprio como em Platão e passam a ser
entendidas como entidades mentais, inicialmente na
“mente de Deus”, posteriormente na mente humana
157
INTRODUÇÃO
 Fílon, embora sem ser cristão, abre o caminho
para a síntese entre cristianismo e filosofia
grega, que ocorre ao longo dos três primeiros
séculos da religião cristã que inicialmente não
se distinguia do judaísmo, sendo vista como
uma seita ou um movimento renovador ou
reformista dentro da religião e da cultura
judaica
158
INTRODUÇÃO
 Fílon retoma o conceito grego de logos,
interpretando-o como um princípio divino a
partir do qual Deus opera no mundo. Essa visão
influenciará fortemente o desenvolvimento da
filosofia cristã e se encontra na abertura do
quarto evangelho (de são João), escrito ao final
do séc I em Éfeso, em que se lê: “No princípio
era o Verbo (logos)”
159
INTRODUÇÃO
 O primeiro marco na constituição do cristianismo como
religião independente e dotada de identidade própria é a
pregação de São Paulo, outro judeu helenizado,
funcionário do Império Romano, que se converte e passa
a pregar e difundir a religião cristã em suas viagens por
alguns centros do Império Romano
 É em São Paulo que encontramos a concepção de uma
religião universal, não só a religião de um povo, mas de
todo o Império, de todo o mundo então conhecido.
160
INTRODUÇÃO
 Destaque-se que pretendiam que o cristianismo
fosse pregado apenas aos judeus, ao passo que
Paulo defendia a necessidade de pregar a todos,
tendo ficado por isso conhecido como o “apóstolo
dos gentios”
 Conforme lemos na Epístola aos gálatas (3,28),
“Não há judeu, nem grego, nem escravo, nem
homem livre, nem homem, nem mulher: todos sois
um no Cristo Jesus” 161
OS PADRES APOLOGÉTAS
 Considera-se são Justino como o primeiro filósofo cristão
por se converter ao cristianismo, passando a admiti-lo
como a “verdadeira filosofia” e a defender a ideia e a
necessidade de uma filosofia cristã
 Os pensadores desse período, filósofos e teólogos, que
seguem essa via serão conhecidos como apologetas
porque faziam a apologia, ou defesa do cristianismo, e seu
pensamento será conhecido como patrística, ou seja,
doutrina dos padres (pais) da igreja
162
OS PADRES APOLOGÉTAS
 Justino escreveu duas Apologias e o Diálogo
com o judeu Trifão
 Caracteriza-se pela defesa racional do
cristianismo perante o paganismo
 Entre os apologistas latinos, deve ser citado
Tertuliano de Cartago que nasceu na metade do
século II e morreu em Roma, em 240.
163
OS PADRES APOLOGÉTAS
 Dos apologistas da Igreja oriental devem ser
lembrados Clemente (fins do século II - início do III)
e Orígenes (século III), o maior dos pensadores
cristãos anteriores a Agostinho.
 As grandes discussões sobre os dogmas e a
refutação das heresias foram, pouco a pouco,
desenvolvendo a filosofia cristã e deram aos seus
defensores a estatura de filósofos à altura dos seus
antecessores na antiguidade clássica 164
QUINTA PARTE
A FILOSOFIA PATRÍSTICA
165
ÁSIA MENOR E OS PADRES
CAPADÓCIOS
 Terminadas as perseguições pela parte do poder
imperial, os monges se apresentam na sociedade
como os novos lutadores da fé e como os legítimos
herdeiros e continuadores dos ensinos dos mártires
dos séculos anteriores
 A publicidade que Atanásio fez do movimento
monástico no curso dos exílios no ocidente e pela
obra da “Vita Antonii”, teve um resultado
surpreendente na segunda metade do século IV
ÁSIA MENOR E OS PADRES
CAPADÓCIOS
 Todo o cristianismo sente o benefícios influxo da
ação em favor dos ideais monásticos e no ocidente
se multiplicam as experiências modeladas no
exemplo dos monges do Egito
 O clero também sente a atração ao monaquismo:
começa a ter uma forma comunitária mais concreta
a vida sacerdotal e tem início a forma de vida
monástica senobita
ÁSIA MENOR E OS PADRES
CAPADÓCIOS
 Como consequência estes monges ocupam as
catedrais episcopais a causa da sua formação
espiritual, intelectual, ascética e de exigência
pessoal e com os outros, bispos monges.
 Serapão, bispo de Thomuis no Egito, tinha sido
monge, amigo de Antônio e de Atanásio, quem
envia as famosas cartas, nas quais anuncia
claramente o princípio da divindade do Espírito
Santo
ÁSIA MENOR E OS PADRES
CAPADÓCIOS
 A luta pela fé de Nicéia se coloca no plano da defesa e
luta do caráter político da religião, representada pela
experiência monástica em todas as suas manifestações
 Tudo isso exige a necessidade de uma definição
teológica ulterior, fez-se necessária uma teologia
posterior para resolver as dificuldades interpretativas
presentes na fórmula de Nicéia.
 Particularmente a relação entre o Pai e o Filho, de modo
que além da identidade da substância divina, se
reconheça a distinção das pessoas
ÁSIA MENOR E OS PADRES
CAPADÓCIOS
 Finalmente se sente a necessidade de aprofundar na
divindade da terceira pessoa da Santíssima. Trindade,
colocada por Atanásio nas cortes dos imperadores
(Serapião), sem resolver a consciência crítica da teologia
do tempo
 Ajudam a resolver estes problemas os Padres
Capadócios, Basílio de Cesárea, Gregório Nazianzeno, e
Gregório de Nissa, as três luminárias da Igreja Grega na
segunda metade do século IV
ÁSIA MENOR E OS PADRES
CAPADÓCIOS
 O Século IV se caracteriza pela luta da liberdade entre a
igreja e o estado: A Igreja e os bispos tomam consciência
de estar sujeitos a uma tutela imperial, que tem pouca
consideração pelos valores supremos da fé em Cristo
 Atanásio é um dos grandes defensores da ortodoxia e da
liberdade da igreja, frente ás pretensões do imperador
Constâncio, personificação da dominação estatal sobre a
Igreja, que persegue a política da uniformidade religiosa
no favor do arianismo
ÁSIA MENOR E OS PADRES
CAPADÓCIOS
 A violência da luta de Atanásio, aparece na
discussão entre o papa Libério e o imperador
Constâncio ocorrida em Milão no 355
 Pela ordem imperial o Papa Libério é concedido a
Milão. Pela primeira vez um Papa esta diante do
tribunal de um imperador cristão, pessoalmente
presente. O Papa esta a procura da liberdade para a
Igreja e para toda a terra
ÁSIA MENOR E OS PADRES CAPADÓCIOS
 Três anos depois de Nicéia o Imperador Constantino se inclina e
chama aos arianos de exiliados, parece que neste momento morre
Ario. Seus sucessores continuam de costas aos ensinos do concílio
de Nicéia
 O acontecido se expressa na frase lapidária de São Jerônimo: O
mundo inteiro geme ao descobrir-se o arianismo
 Morto o último imperador ariano levam para frente os três focos da
ortodoxia, os três grandes capadócios que encontram uma força no
imperador Teodósio. Ele apoia o homoousios Niceno, e o ensina em
todo o império do oriente
 O Concílio de Constantinopla une oriente e ocidente na ortodoxia
nicena. Caiu o arianismo e a igreja no século IV termina pacificada
ÁSIA MENOR E OS PADRES
CAPADÓCIOS
 Basílio Magno (330-379)
 Bispo de Cesareia e Capadócia, sua atividade
se desenvolve em três direções:
 a) – A atividade no favor dos pobres. Sua luta
leva-lhe a formar cidades refúgio chamadas:
“Basilide”
ÁSIA MENOR E OS PADRES
CAPADÓCIOS
 b) – A organização da vida monástica, autos da disciplina,
de regras rígidas e severas. Fundador do verdadeiro
“Monaquismo Cenobítico”
 c) – Manifesta a sua grande inteligência especulativa, na
teologia e na política eclesiástica
 Convencido adversário do arianismo. Sua política e
doutrina marca profundamente o concílio de
Constantinopla no 381. Morreu muito Jovem
175
ÁSIA MENOR E OS PADRES
CAPADÓCIOS
 Gregório Nazianzeno (330-390)
O segundo dos grandes capadócios, chamado “o Teólogo”,
estilo eloquente, equilibrado, não totalmente no psicológico,
leva uma vida de disciplina e estrutura pessoal. Grande
monge na companhia do seu grande amigo Basílio o Grande
 Grande mestre da língua e a literatura grega, de grande
facilidade para as línguas, predicador da ortodoxia e líder
polêmico antiapolinarista
 Presidiu o Concílio I de Constantinopla (381), e o triunfo do
seu amigo Basílio
ÁSIA MENOR E OS PADRES
CAPADÓCIOS
 São Gregório de Nissa (332-394)
 Irmão caçula de Basílio e o terceiro dos grandes
capadócios. Foi um homem de muita disciplina
e exigência, até ser chamado o espírito mais
sensível da Igreja. Considerado o cérebro dos
capadócios
ÁSIA MENOR E OS PADRES
CAPADÓCIOS
 Herdeiro do pensamento de Orígenes. Filósofo
especulativo e original dos padres da idade de
ouro do Oriente. Místico e feroz adversário dos
seus opostos e inimigos
 Capaz de debater e de dizer não aos
pensamentos contra a Igreja e a os que
gostavam de criar problemas em relação à
unidade e o pensamento dos concílios
178
SANTO AGOSTINHO
 Agostinho acreditava que o pensar racional fosse
compatível com a verdade revelada por Deus e que,
portanto, a filosofia pudesse servir à teologia. Ele foi o
principal representante dessa forma de pensar e, através
dela, procurou fazer o entrosamento das várias
tendências da Patrística - à síntese que realizou, ele
mesmo chamou filosofia cristã, sistematizando uma
concepção do mundo, do homem e de Deus, que por
muito tempo foi a doutrina fundamental da Igreja Católica
SANTO AGOSTINHO
 Quando Agostinho se converteu ao cristianismo, já
conhecia muito bem, principalmente através da
leitura dos textos de Cícero, o pensamento clássico
(neo-platônicos, néo-pitagóricos, epicuristas e
estoicos). Também para ele, o pensar filosófico
busca resolver o problema da felicidade: afirma que
o homem não tem razão para filosofar, exceto para
atingir a felicidade
180
SANTO AGOSTINHO
 Entendia que a filosofia não sai em busca do
conhecimento da natureza do universo físico ou dos
deuses, mas sim, do homem à procura da felicidade
 Como o próprio Agostinho encontrou essa
felicidade ou beatitude através da fé e da intuição e
não pelo esforço intelectual, ele retoma o grande
problema da Patrística - a conciliação entre a razão
e a fé, entre a filosofia pagã e a fé cristã
181
SANTO AGOSTINHO
 Agostinho conhecia as ideias dos céticos da Nova
Academia platônica (Arcesilau e Carnéades) que
ensinavam que se deve duvidar de tudo e que só se pode
conhecer o que é provável (probabilismo), sem absoluta
certeza da verdade.
 Ele consegue vencer o ceticismo, aprofundando-o: se
duvido, no ato de duvidar tenho consciência de mim
mesmo como aquele que duvida - Se eu me engano, eu
sou, pois aquele que não é, não pode ser enganado - não
posso duvidar do meu próprio ser, tenho a certeza de
mim como existente
182
SANTO AGOSTINHO
 Essa primeira certeza fundamentou sua teoria
do conhecimento e revelou a essência do
homem: ser pensante em quem o pensamento
não se confunde com a matéria
 Seu modo de ver o homem como uma alma que
se serve de um corpo, foi herdado de Platão
através do conhecimento da doutrina do neo-
platônico Plotino
183
SANTO AGOSTINHO
 Agostinho ensina que a união da alma com o corpo,
tendo sido criada por Deus, não pode ser um mal; que a
alma é hierarquicamente superior ao corpo e tende a um
fim que está além da ordem natural: tende a Deus, que é
o seu princípio
 Esse conceito é também platônico: lembremo-nos de que
Platão acreditava que a terra não é o fim último da alma,
senão que, após sua passagem pelo mundo natural,
deverá voltar ao mundo das Ideias
184
SANTO AGOSTINHO
 Agostinho distingue dois tipos de
conhecimento:
 1 – aquele que decorre dos órgãos dos sentidos
que apreendem os objetos exteriores - é mutável,
temporal; portanto, não necessário
 2 – o conhecimento das verdades imutáveis e
eternas; portanto, necessário
185
SANTO AGOSTINHO
 Se considerarmos que o homem é tão mutável
quanto as coisas que nossos sentidos percebem,
donde virá o conhecimento da verdade imutável e
necessária? Responde o filósofo: da iluminação
divina.
 Outra vez encontramos Platão - na alegoria da
caverna, o homem pode conhecer a verdade,
porque um sol externo (a ideia do Bem) ilumina o
mundo das Ideias 186
SANTO AGOSTINHO
 Para Agostinho, então, conhecer a verdade é possível,
porque as Ideias, as verdades, estão presentes em nosso
intelecto e Deus nos concede a graça de iluminá-las, para
que possamos conhecê-las
 Conceito difícil de ser entendido, aproxima-se dos
conceitos platônicos da reminiscência e das ideias
inatas; mas nosso filósofo cristão procura diferenciar os
dois conceitos: as ideias não são inatas, mas presentes
em nós como reflexos da verdade divina, como um
presente que Deus nos oferece
187
SANTO AGOSTINHO
 Como o homem foi feito à imagem e semelhança de
Deus, tem uma presença da verdade que não é a
Verdade absoluta que ele procura - esta presença da
verdade, que é, ao mesmo tempo, uma ausência da
Verdade absoluta, faz do homem um ser inquieto, à
procura da luz infinita da Verdade absoluta
 Agostinho foi o filósofo da inquietação humana, do
homem como inquieto perene
188
SANTO AGOSTINHO
 Como o pensamento humano descobriu a existência de
Deus? De acordo com Agostinho, nada há no homem e no
mundo superior à mente, mas a mente intui verdades
imutáveis e absolutas, que são superiores à ela; portanto,
existe a Verdade imutável, absoluta e transcendente que é
Deus
 Não podemos conhecer Deus na sua essência e d’Ele só
podemos falar por analogia com aquilo que conhecemos
 Novamente recorrendo a Platão, Agostinho incorpora o
mundo das aparências e o mundo das ideias ao pensamento
e à mística cristãos 189
SANTO AGOSTINHO
 Deus está fora do tempo, é sempre presente; o mundo
foi criado junto com o tempo e não no tempo - antes
do mundo ser criado, não havia tempo
 Deus é eterno, presente, fora do tempo. Antes de
Agostinho, Deus era visto como um organizador do
caos inicial
 Bem diversa é a doutrina cristã do filósofo, para quem
Deus é o criador de todos os seres, a partir do nada e
como consequência do seu amor infinito
190
SANTO AGOSTINHO
 Agostinho também contesta o maniqueísmo (doutrina de
origem persa, segundo a qual o universo foi criado e é regido
pela luta entre dois princípios antagônicos com a mesma força:
Deus, o bem absoluto e o Demônio, o mal absoluto)
 Outro problema de difícil resolução, abordado por Agostinho,
foi o do livre arbítrio: depois do pecado original (antes o
homem era livre, mas tendia naturalmente para o bem), o
homem possuía o livre arbítrio, isto é, a possibilidade de
escolher entre um bem maior e um bem menor, entre o bem e o
mal e entre um mal maior e um mal menor
191
SANTO AGOSTINHO
 A vontade pode afastar o homem de Deus, fazendo
escolhas erradas. Afastar-se de Deus significa ir para
o não-ser, isto é, caminhar para o mal. Eis aí o
pecado, que não é necessário e deriva, unicamente,
da vontade do homem, nunca de Deus
 Caminhando para o pecado, a alma decai e não
consegue salvar-se sozinha - vem, então, a graça
divina para dirigir o homem para o bem, sem, no
entanto, privá-lo do livre arbítrio
192
SANTO AGOSTINHO
 Sem o auxílio da graça, exercendo o livre
arbítrio, o homem poderia escolher o mal. Mas,
segundo Agostinho, nem todos recebem a
graça; apenas os predestinados à salvação a
recebem das mãos de Deus
193
SANTO AGOSTINHO
 Esse conceito de predestinação, da dualidade dos eleitos
e dos condenados é exposto em sua obra Cidade de
Deus; nela, o autor descreve os homens no mundo,
depois do pecado original (a vontade, movida pelo
orgulho, distanciou-se de Deus): aqueles que persistem
no erro de Adão e Eva, ou seja, no pecado, vivem na
cidade dos homens, na cidade da terra, onde são sempre
castigados; os que recebem a graça divina, os eleitos,
constroem a Cidade de Deus e viverão para sempre,
eternamente no Bem 194
SANTO AGOSTINHO
 Todos os fatos históricos negativos, como as
guerras, o dilúvio e os impérios opressores,
pertencem à cidade dos homens; os fatos
positivos, como a arca de Noé, Moisés, os
profetas e, principalmente, a vinda de Jesus ao
mundo, são manifestações da Cidade de Deus
195
SANTO AGOSTINHO
 Agostinho escreveu a Cidade de Deus,
enquanto assistia os bárbaros destruírem o
Império Romano; deu uma resposta ao
paganismo romano que acusava o cristianismo
de ter culpa nesse desastre - não foi um
desastre, mas a mão de Deus que castigou os
pagãos da cidade dos homens, para dar lugar
ao cristianismo, arauto da Cidade de Deus
196
SANTO AGOSTINHO
 A doutrina filosófica e teológica de Agostinho,
elaborada no final da Antiguidade, exerceu enorme
influência durante a Idade Média
 Sua capacidade de aprofundar e ampliar a relação
entre a filosofia antiga - principalmente platônica e
neo-platônica - e o cristianismo, fez dele o fundador
do platonismo cristão e o primeiro sistematizador
da filosofia cristã
197
SEXTA PARTE
A FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
198
INTRODUÇÃO
 Do século V ao século VIII, com a queda do Império
Romano, decaiu a produção intelectual, a ponto de
podermos dizer que não se conhece nada de
original no pensamento dessa época
 Trata-se do período denominado Alta Idade Média,
quando a Igreja cuidou de compilar em manuais os
conhecimentos antigos
 A filosofia, sem o concurso de homens que se
dedicassem à especulação, ficou estacionária
199
INTRODUÇÃO
 Pode-se caracterizar esse período por dois
importantes fatores:
 1 – a expansão dos horizontes geográficos
 2 – o avanço dos impérios asiáticos e do mundo
muçulmano
 Foi em Bizâncio, no Islã, e nos impérios
asiáticos, que floresceram grandes civilizações
e onde se conservou a cultura de Roma e da
Grécia antigas 200
INTRODUÇÃO
 Assim, surgiu o segundo período da filosofia cristã: a
Escolástica, ou filosofia das escolas, ensinada nas escolas e
predominante na Europa, do século XI ao século XIV
 Duas vertentes nortearam o pensamento dessa época:
 1 – a tradição religiosa, que, como princípio de autoridade
que pertence à Igreja, determinou a investigação intelectual
e protegeu o pensamento contra os erros;
 2 – a doutrina filosófica (no início, a platônica-agostiniana e
depois a aristotélica), que serviu de instrumento para essa
investigação
201
INTRODUÇÃO
 Nos primórdios da Escolástica, não
encontramos nada de original
 Somente um pensador, Scotus Erígena, não
pode ser dito um copiador: ele procurou
amalgamar ideias platônicas e neo-platônicas
com elementos do pensamento cristão da
Patrística e de Agostinho
 De Aristóteles, só se conhecia os livros de
Lógica
202
SANTO ANSELMO
 O primeiro escolástico de destaque foi Santo
Anselmo de Aosta (1035-1109), que seguiu as
ideias de Agostinho e construiu suas ideias
principais baseado no realismo
 A prova ontológica da existência de Deus
 A seguir, deve-se citar Abelardo (1079-1142),
mais inclinado ao conceitualismo
203
A QUERELA DOS UNIVERSAIS
 No século X, decaíram muito os estudos e só no
século XI se iniciou alguma reação
 Com o estudo da Dialética, o interesse dos
estudiosos voltou-se para o problema dos
universais, que foi o tema mais debatido no
século XI
204
A QUERELA DOS UNIVERSAIS
 O universal é um conceito ou ideia que tem uma
essência comum a muitos seres e que, portanto,
deve ser aplicável a todos esses seres
 Por exemplo, o conceito de homem representa uma
essência, animal racional, que vai permanecer
sempre a mesma, indiferentemente de a quantos
indivíduos do mesmo gênero (homem) se aplique (e
a todos deve ser aplicável) e à distinta aparência
que esses indivíduos possam ter
205
A QUERELA DOS UNIVERSAIS
 Vários outros estudiosos trataram do problema
dos universais, mas foi no século XIII que a
Escolástica atingiu seu maior vigor e encontrou
soluções notáveis
 Deve-se levar em conta as circunstâncias que
influenciaram o ambiente que viu surgir os
grandes sistemas filosóficos e teológicos da
Baixa Idade Média. 206
A FILOSOFIA ÁRABE
 No século XI, a Europa assistiu o ressurgimento do interesse
pelo estudo. Isso não quer dizer que em outras partes do
mundo não tenha havido interesse especulativo
 A filosofia árabe, orientada principalmente pelo interesse
científico, teve em dois médicos seus representantes mais
notáveis: Avicena, no Oriente (morto em 1037) e Averroes de
Córdoba, no Ocidente (1126-1198)
 Os estudiosos árabes dedicaram-se, fundamentalmente, ao
estudo de Aristóteles, mas de um Aristóteles que conheceram
através da interpretação de comentadores neo-platônicos e
não da obra do próprio Estagirita. 207
A FILOSOFIA ÁRABE
 Foi esse Aristóteles, neo-platonizado e
traduzido do grego ao siríaco e do siríaco ao
árabe, que os árabes legaram ao Ocidente; no
entanto, não se pode negar o imenso valor que
teve para a cultura o empenho dos árabes na
conservação do pensamento antigo, justamente
na época em que a cultura ocidental mais
decaiu.
208
A FILOSOFIA ÁRABE
 Os árabes se preocuparam em conciliar os ensinamentos
do Alcorão, que são matéria de fé, com a indagação
racional, através da filosofia grega, mais especificamente
do aristotelismo e do néo- platonismo
 Assim, aproximam-se da escolástica latina, uma vez que
se pode afirmar que o fator mais decisivo no pensamento
do século XII foi a descoberta de Aristóteles através dos
árabes, quando seus livros de física, metafísica e ética
passaram da Espanha para o resto da Europa
209
A FILOSOFIA ÁRABE
 Outros dois fatores que contribuíram para o
florescimento da escolástica foram as
Universidades e a atividade cultural dos
Dominicanos e dos Franciscanos
210
A FILOSOFIA ÁRABE
 Tal como os filósofos cristãos, também os árabes
tentaram conciliar o conteúdo da revelação com a
filosofia, ou melhor, esforçaram-se por explicar
racionalmente a verdade revelada através da
filosofia
 Pretendiam perpassar a obscuridade da fé com a luz
da razão natural
 Trata-se de conciliar a fé com a razão, síntese que
muitas vezes culmina em modos originais de pensar
211
A FILOSOFIA ÁRABE
 O pensamento rígido do Corão e dos
tradicionalistas chocou muitas vezes com a
cosmovisão platônica e aristotélica, sobretudo nas
concepções da criação e da ação divina sobre o
mundo
 Os árabes tiveram contato com a filosofia grega
através dos territórios conquistados onde
predominava a cultura helênica e assim
conheceram obras gregas no campo da medicina,
matemática e filosofia
212
A FILOSOFIA ÁRABE
 Através da traduções feitas pelos judeus de
Espanha dos comentadores de Aristóteles, os
europeus puderam conhecer a maior parte do
corpus aristotelicum, que era desconhecido até
então
 O que mais se conhecia de Aristóteles era
somente a lógica, depois, através dos
comentadores árabes, juntou-se a metafísica, a
física, a ética e a psicologia 213
SÃO TOMÁS DE AQUINO
 Seu maior mérito foi a síntese do cristianismo com a
visão aristotélica do mundo, introduzindo o
aristotelismo, sendo redescoberto na Idade Média, na
Escolástica anterior, compaginou um e outro, de forma
a obter uma sólida base filosófica para a teologia e
retificando o materialismo de Aristóteles
 Em suas duas Summae, sistematizou o conhecimento
teológico e filosófico de sua época: são elas a Summa
Theologiae, a Summa Contra Gentiles
214
SÃO TOMÁS DE AQUINO
 A partir dele, a Igreja tem uma Teologia (fundada na
revelação) e uma Filosofia (baseada no exercício da
razão humana) que se fundem numa síntese
definitiva: fé e razão, unidas em sua orientação
comum rumo a Deus
 Sustentou que a filosofia não pode ser substituída
pela teologia e que ambas não se opõem
 Afirmou que não pode haver contradição entre fé e
razão
215
SÃO TOMÁS DE AQUINO
 Explica que toda a criação é boa, tudo o que existe é
bom, por participar do ser de Deus, o mal é a ausência de
uma perfeição devida e a essência do mal é a privação ou
ausência do bem.
 Além da sua Teologia e da Filosofia, desenvolveu também
uma Teoria do conhecimento e uma Antropologia, deixou
também escrito conselhos políticos: Do governo do
Príncipe, ao rei de Chipre, que se contrapõe, do ponto de
vista da ética, ao "O Príncipe" de Nicolau Maquiavel
216
SÃO TOMÁS DE AQUINO
 Com o uso da razão é possível demonstrar a existência de
Deus, para isto propõe as 5 vias de demonstração:
 Primeira via
 Primeiro Motor Imóvel: Tudo o que se move é movido por
alguém, é impossível uma cadeia infinita de motores
provocando o movimento dos movidos, pois do contrário
nunca se chegaria ao movimento presente, logo há que
ter um primeiro motor que deu início ao movimento
existente e que por ninguém foi movido
217
SÃO TOMÁS DE AQUINO
 Segunda via
 Causa Primeira: Decorre da relação "causa-e-efeito"
que se observa nas coisas criadas. É necessário que
haja uma causa primeira que por ninguém tenha sido
causada, pois a todo efeito é atribuída uma causa, do
contrário não haveria nenhum efeito pois cada causa
pediria uma outra numa sequência infinita
218
SÃO TOMÁS DE AQUINO
 Terceira via
 Ser Necessário: Existem seres que podem ser ou não
ser (contingentes), mas nem todos os seres podem
ser desnecessários se não o mundo não existiria, logo
é preciso que haja um ser que fundamente a
existência dos seres contingentes e que não tenha a
sua existência fundada em nenhum outro ser
219
SÃO TOMÁS DE AQUINO
 Quarta via
 Ser Perfeito: Verifica-se que há graus de perfeição nos
seres, uns são mais perfeitos que outros, qualquer
graduação pressupõe um parâmetro máximo, logo
deve existir um ser que tenha este padrão máximo de
perfeição e que é a Causa da Perfeição dos demais
seres
220
SÃO TOMÁS DE AQUINO
 Quinta via
 Inteligência Ordenadora: Existe uma ordem no
universo que é facilmente verificada, ora toda ordem é
fruto de uma inteligência, não se chega à ordem pelo
acaso e nem pelo caos, logo há um ser inteligente que
dispôs o universo na forma ordenada
221
GUILHERME DE OCKHAM
 (1285 em Ockham, Inglaterra — 9 de abril de 1347,
Munique), provavelmente o criador da teoria da Navalha
de Ockham, foi um filósofo da lógica e um teólogo
escolástico inglês, considerado como o representante
mais eminente da escola nominalista, principal corrente
das escolas tomista e escotista
 É um filósofo que deixa transparecer sua intensa luta
pela liberdade e que ao longo de sua vida jamais permitiu
que a tirassem e, mais, buscou através de suas obras
orientar para que os homens de sua época também não o
permitissem
222
GUILHERME DE OCKHAM
 O conceito de liberdade
 Para a ética, a liberdade é o assunto por excelência
 A liberdade é muito importante para a ética, porque se
ocupa do agir humano, da finalidade de nossa vida e
existência
 Para Ockham, a liberdade apresenta-se como a
possibilidade que se tem de escolher entre o sim ou
o não, de poder escolher entre o que me convém ou
não e decidir e dar conta da decisão tomada ou de
simplesmente deixar acontecer 223
GUILHERME DE OCKHAM
 A preocupação de Guilherme de Ockham é com o fato de
que o poder tirânico é contrário à natureza e à liberdade a
nós concedida por Deus
 Isto não é admitido como verdade por todos os filósofos,
mas para o pensamento medieval do qual Ockham é um
representante, mesmo que tenha sido rejeitado ao romper
com algumas questões medievais, isso é uma verdade,
pois o filósofo medieval aceita a verdade revelada como
verdade e a fé como critério de conhecimento
224
GUILHERME DE OCKHAM
 O confronto de duas teorias
 Este é um princípio filosófico que reza o seguinte:
existindo diversas teorias e não havendo
evidências que comprovem se é mais verdadeira
alguma em relação a outras, vale a mais simples, ou
se existirem dois caminhos que levem ao mesmo
resultado, usa-se o mais curto, e que pode ser
provado sensorialmente 225
GUILHERME DE OCKHAM
 Em outras palavras, não se deve aplicar a um
fenômeno nenhuma causa que não seja
logicamente dedutível da experiência sensorial
 A regra, inspirada na economia medieval, foi
usada pelo filósofo para eliminar muitas das
entidades com que os pensadores escolásticos
explicavam a realidade
226
GUILHERME DE OCKHAM
 Ockham denuncia aqueles que em nome da
religião, passaram a usurpar a liberdade. E que
tais usurpadores entendem, assim como ele, a
liberdade como um dom de Deus e da natureza
227
GUILHERME DE OCKHAM
 Ockham escreveu sua obra cognominada Ordinatio, esta
discorria que todo conhecimento racional tem base na
lógica, de acordo com os dados proporcionados pelos
sentidos
 Uma vez que nós só conhecemos entidades palpáveis,
concretas, os nossos conceitos não passam de meios
linguísticos para expressar uma ideia, portanto, precisam
da realidade física, para as comprovações
 Criou a máxima: “pluralidades não devem ser postas sem
necessidade”
228
GUILHERME DE OCKHAM
 A Navalha de Ockham
 Conceito bastante revolucionário para a época, a Navalha
de Ockham defende a intuição como ponto de partida
para o conhecimento do universo.
 Ockham com destreza conseguiu demonstrar que o
"Duns Scotus", princípio da economia, conhecido como a
"navalha de Ockham", estabelece que "as entidades não
devem ser multiplicadas além do necessário, a natureza é
por si econômica e não se multiplica em vão"
229
SÉTIMA PARTE
ALGUMAS QUESTÕES
CONTEMPORÂNEAS
230
HISTÓRIA E PROGRESSO
 Século XIX – a Filosofia tem uma visão otimista da
Ciência. “Saber para prever, prever para prover”
Comte
 O desenvolvimento social se faria por um aumento
do conhecimento científico e do controle científico
da sociedade
 Século XX – Surgem problemas e a História é
descontínua e não progressiva – cada sociedade
tem sua própria história 231
AS CIÊNCIAS E AS TÉCNICAS
 Século XIX – Confiança plena e total no saber científico e na
tecnologia para dominar e controlar a natureza, a sociedade e os
indivíduos. Ex: a Sociologia e a Psicologia
 Século XX – A decepção. A Filosofia desconfia das ciências.
Vemos as guerras, os campos de concentração nazistas e
estalinistas, as devastações, a poluição, as doenças, o aumento
dos distúrbios e doenças mentais, os problemas éticos e
políticos, etc... O domínio militar das ciências
 Surge a Escola de Frankfurt que faz uma diferença entre razão
instrumental e razão crítica
232
OS IDEAIS POLÍTICOS
REVOLUCIONÁRIOS
 O Anarquismo, o Socialismo e o Comunismo
(movimentos que criaram ideais para uma
sociedade nova, justa e feliz). Isso no século
XIX.
 Século XX – A Filosofia desconfia do otimismo,
pois a humanidade enfrenta ditaduras na
Alemanha, Itália....
233
A CULTURA
 Século XIX – a Filosofia descobre a cultura como um
modo próprio e específico da existência dos seres humanos
- estes são seres culturais – a cultura é o exercício da
liberdade e também criação coletiva de ideias, símbolos e
valores pelos quais uma sociedade faz seus julgamentos
éticos. A cultura se manifesta como vida social, como
criação das obras de pensamento e de arte, como vida
religiosa e vida política
 Século XX - A Filosofia afirma que a História é
descontínua e que não há a Cultura, mas culturas diferentes
– preconiza a pluralidade cultural
234
O FIM DA FILOSOFIA
 Século XIX – diante do otimismo científico e técnico a
Filosofia supôs que as ciências conheceriam tudo e seriam
capaz de explicar e controlar todas as coisas. A Filosofia
poderia desaparecer
 Século XX – a Filosofia duvida e começa a mostrar que as
ciências não possuem princípios totalmente certos, seguros
e rigorosos para as investigações, que os resultados podem
ser duvidosos e precários, e que, frequentemente, uma
ciência desconhece até onde pode ir e quando está
entrando no campo de investigação de outra ciência
235
O FIM DA FILOSOFIA
 A Filosofia volta a afirmar seu papel de
compreensão e interpretação crítica das
ciências, discutindo a validade de seus
princípios, etc...
 A Filosofia, segundo Husserl, é o estudo e o
conhecimento rigorosos da possibilidade do
próprio conhecimento científico, examinando
os fundamentos, os métodos e os resultados
das ciências 236
A MAIORIDADE DA RAZÃO
 Século XIX - O otimismo filosófico triunfava e a Filosofia
afirmava que os seres humanos haviam suplantado a
superstição, as explicações mágicas e fantásticas da
realidade e alcançado a maioridade racional. A razão
havia se desenvolvido plenamente e com isso conheceria
integralmente a realidade a as ações humanas.
 A Punhalada veio com Freud (que descobriu a força do
Inconsciente) e com Marx (que trabalhou a questão da
Ideologia).
237
A MAIORIDADE DA RAZÃO
 A Filosofia se viu obrigada a reabrir a discussão
sobre o que é e o que pode a razão, sobre o
que é e o que pode a consciência reflexiva
ou o sujeito do conhecimento, sobre o que
são e o que podem as aparências e as
ilusões. Também a Filosofia reabriu
discussões em torno das questões éticas e
morais
238
INFINITO E FINITO
 Século XIX –o mais importante sempre foi a ideia de infinito.
Prevalecia a ideia de todo ou de totalidade, da qual os
humanos fazem parte e participam
 Século XX – A Filosofia dá mais importância ao finito – ao
que surge e desaparece, ao que tem fronteiras e limites. O
Existencialismo define o homem como “um ser para a morte”
– um ser que sabe que é temporal e que termina e que
precisa encontrar em si mesmo o sentido de sua existência.
O homem enfrenta sua finitude por meio das artes e da ação
revolucionária (isso para dar sentido à brevidade e finitude
de sua vida. Também valoriza a Filosofia da Diferença 239
NOSSOS DIAS: A PÓS-MODERNIDADE
 Em 1980 acabou a modernidade
 Modernidade: época da sociedade industrial
 Pós-modernidade: época pós-industrial
 Modernidade: Conjunto de ideias e de valores que
norteiam a Filosofia e as Ciências desde o século
XVIII até 1980
 Aspectos da modernidade:
 a) No campo do conhecimento
 b) No campo da prática
240
NOSSOS DIAS: A PÓS-MODERNIDADE
1) Racionalismo – confiança no poder da razão para
distinguir entre aparência e realidade e para conhecer e
transformar a realidade;
 2) Distinção entre interior e exterior, entre sujeito e
objeto;
 3) Afirmação da capacidade da razão humana para
conhecer a essência ou a estrutura interna de todos os
seres, definindo as causas e condições pelas quais é
determinada a identidade de cada coisa e sua realidade e
demonstrando as relações entre elas. 241
NOSSOS DIAS: A PÓS-MODERNIDADE
 No campo político
 2.1) afirmação da diferença entre a necessidade que rege a
ordem natural ou as leis da natureza e a ordem humana ou
da cultura (ética, política e artes). Aqui as coisas podem ser
mudadas
 2.2) afirmação de que os seres humanos são indivíduos e
agentes livres porque são seres racionais dotados de
vontade, capazes de controlar e moderar suas paixões e
seus desejos e que escolhem por si mesmos as ações que
praticam, sendo por isso responsáveis por elas 242
NOSSOS DIAS: A PÓS-MODERNIDADE
 No campo político
 2.3) distinção entre o público e o privado – critérios
claros
 2.4) afirmação dos ideais da Revolução francesa
 2.5) afirmação de um sentido progressivo da História ou
dos ideais revolucionários da emancipação do gênero
humano, com lutas sociais e políticas contra a opressão
e a exploração econômica, social, política e cultural
243
NOSSOS DIAS: A PÓS-MODERNIDADE
- Considera infundadas as pretensões da razão no
conhecimento e na prática, quando não um disfarce para o
exercício da dominação sobre os humanos
- O conhecimento está ligado a utilidade e eficácia
- O conhecimento visa a invenção ou construção de objetos
teóricos e técnicos
- Não admite a distinção entre ordem natural necessária e
ordem histórica ou cultural instituída pelos homens: ambas
são invenções ou instituições humanas, contingentes,
efêmeras, passageiras
244
NOSSOS DIAS: A PÓS-MODERNIDADE
- Concebe o homem como um ser passional,
desejante, que age movido por impulsos e instintos,
embora, ao mesmo tempo, institua uma ordem
social que reprime seus desejos e paixões. A ética é
individual (na esfera dos desejos)
- Desconfia da política: a democracia gera a apatia do
cidadão. Dá importância à esfera da intimidade
individual
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  • 1. FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DO PENSAMENTO TEOLÓGICO Pe. José Adalberto Vanzella
  • 3. RELAÇÃO ENTRE A BÍBLIA E A CULTURA HELÊNICA  Fontes da Teologia Cristã: Bíblia e cultura helênica  Elementos de convergência e de divergência:  Criação  O Gênesis afirma que o mundo tem uma origem e Deus criou todas as coisas  Aristóteles afirma que o universo não tem origem e o Motor Imóvel faz parte do universo 3
  • 4. RELAÇÃO ENTRE A BÍBLIA E A CULTURA HELÊNICA  Elementos de convergência  Tanto para a Bíblia como para Aristóteles o mundo possui uma causa com nomes diferentes  Bíblia – Deus cria o mundo  Aristóteles – o motor imóvel é a causa de todo movimento 4
  • 5. RELAÇÃO ENTRE A BÍBLIA E A CULTURA HELÊNICA  Elementos de divergência:  Bíblia: distinção ontológica entre Deus e o universo  Aristóteles: o motor imóvel faz parte do universo  Bíblia: Deus se revela  Aristóteles: busca dos princípios das operações do mundo  Bíblia: conhecimento salvífico  Aristóteles: conhecimento natural 5
  • 6. RELAÇÃO ENTRE A BÍBLIA E A CULTURA HELÊNICA  Consequências para o pensamento teológico  Necessidade de uma exposição da fé que pudesse ser compreendida pela cultura helênica  Perguntas que exigiam respostas para a compreensão da fé  O esforço desenvolvido para a elaboração doutrinal do pensamento cristão  A filosofia e a teologia no universo grego e cristão 6
  • 8. INTRODUÇÃO  Da antiguidade, passando pela Idade Média e alcançando a Idade Contemporânea, fé e razão é um tema bastante controverso.  Por quê?  Mas o que é a fé?  E a razão?  Podemos conciliar fé e razão?  Como? 8
  • 9. FÉ  Do latim fides. O termo é empregado em muitas acepções que poderiam ser divididas em profanas e religiosas. No sentido profano, significa dar crédito na existência do fato, fazer bom juízo sobre alguém, expressar sinceridade no modo de agir etc. Quando o testemunho no qual se baseia a confiança absoluta é a revelação divina, fala-se de Fé no seu sentido religioso. A Fé, neste sentido, não é um ato irracional. Com efeito, o espírito humano só pode aderir incondicionalmente a um objeto quando possui a certeza de que é verdadeiro. 9
  • 10. RAZÃO  Significa a faculdade de "bem julgar". Tem relação com o raciocínio discursivo. É conhecimento natural enquanto oposto ao conhecimento revelado, objeto da fé 10
  • 11. HISTÓRICO  Há duas correntes de pensamento que se cruzam: cristianismo e filosofia grega. Na antiguidade clássica grega prevalecia a filosofia e o pensamento, calcado na razão  Na Idade Média prevaleceu a teologia, que é a fé na revelação. A filosofia era considerada a ancilla theologiae (“serva da teologia”). Embora os medievais fossem mais teólogos do que filósofos, eles se esforçaram muito para encontrar uma síntese entre a fé e a razão 11
  • 12. HISTÓRICO  No final da Idade Média, este equilíbrio se rompe e a filosofia torna-se independente da fé e da revelação. É o aparecimento do iluminismo, em que tudo deveria ser explicado à luz da razão. É nessa época que surgem as ciências e o método teórico-experimental  Pascal, mesmo sendo homem de ciência, se rebelara contra a suprema autonomia da ciência. Para ele, embora a ciência tenha um poder extraordinário, ela não é capaz de explicar a origem do Espírito e do Universo 12
  • 13. FÉ RELIGIOSA  Fé religiosa é a crença nos dogmas das diversas religiões. A fé católica é a crença nos dogmas estabelecidos pela Igreja católica  Nesse caso, a fé pode ser cega ou raciocinada. Há um dogma, por exemplo, o da “Santíssima Trindade”. Podemos crer cegamente, ou raciocinar em cima dele. A fé cega, não examinando nada, aceita tanto o falso quanto o verdadeiro 13
  • 14. FÉ RELIGIOSA  Como a maioria das religiões pretende estar de posse da verdade, convém verificar se os seus dogmas tendem para a verdade ou para o erro  O autor da Carta aos Hebreus resumiu as características fundamentais da fé religiosa nos seguintes termos: “Fé é a garantia das coisas esperadas e a prova das que não se veem” (Hb, 2, 1) 14
  • 15. FÉ HUMANA  De acordo com a teologia, a fé é um assentimento da inteligência, motivado na autoridade alheia: se essa autoridade é humana, a fé chama-se humana  De acordo com o Espiritismo, a fé humana é caracterizada pela aplicação de nossas faculdades às necessidades terrestres  Um exemplo: o homem de gênio que persegue a realização de alguma grande empresa triunfa se tem fé, porque sente em si que pode e deve alcançar, e essa certeza lhe dá uma força imensa 15
  • 16. RAZÃO: INVERSÃO DE VALORES  Na antiguidade, a razão estava aliada ao raciocínio, à dialética, no sentido de se buscar a verdade das coisas  Se ela tivesse seguido o seu curso normal, teríamos o ser humano voltado para Deus e não para matéria, como vemos hoje. Endeusamos a razão e não o raciocínio, a inteligência, a consciência, o autoconhecimento  A razão humana deveria ser aplicada para formar o homem integral, o homem cósmico e não o homem-máquina, o homem-técnica, desprovido de valores morais superiores 16
  • 17. ILUMINISMO  O iluminismo francês está centrado em Voltaire, Montesquieu e Rousseau, entre outros  Apesar das diferenças de abordagem de cada pensador, há pelo menos dois pontos em comum: confiança na razão e repúdio à religião  Immanuel Kant (1724-1804) é o representante máximo do iluminismo alemão. O iluminismo kantiano é a saída dos homens do estado de minoridade devido a eles mesmos. A minoridade é a incapacidade de utilizar o próprio intelecto sem a orientação de outro. O sapere aude! kantiano tornou- se o lema do iluminismo 17
  • 18. RAZÃO E CIÊNCIA  A razão suspeitava de tudo  Para a comprovação dos fatos, precisava de provas, de fórmulas matemáticas. Daí, o aparecimento das diversas ciências, cujo conhecimento, que se tornava específico, ia cada vez mais se desmembrando do tronco comum da filosofia  O método teórico-experimental, em todos os campos do saber, prepara a revolução industrial. É de se notar que a revolução científica, que nasce com o renascimento, foi uma revolução do saber; a que nasce com a revolução industrial, é uma revolução da energia 18
  • 19. SANTO AGOSTINHO E SANTO TOMÁS DE AQUINO  Fé, Razão e Revelação são os pontos fundamentais de suas teorias  Santo Agostinho demonstra claramente sua vocação filosófica na medida em que, ao lado da fé na revelação, deseja ardentemente penetrar e compreender com a razão o conteúdo da mesma 19
  • 20. SANTO AGOSTINHO E SANTO TOMÁS DE AQUINO  Santo Tomás consegue, por seu turno, estabelecer o perfeito equilíbrio nas relações entre a Fé e a Razão, a teologia e a filosofia, distinguindo-as mas não as separando necessariamente  Ambas, com efeito, podem tratar do mesmo objeto: Deus, por exemplo  Contudo, a filosofia utiliza as luzes da razão natural, ao passo que a teologia se vale das luzes da razão divina manifestada na revelação 20
  • 21. FIDES ET RATIO  Para o papa João Paulo II, em sua Encíclica, Fides et Ratio, de 14 de setembro de 1998, fé e razão constituem as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade  Deus colocou no coração do ser humano o desejo de conhecer a verdade.  Para provar a sua tese, faz uma síntese das inter-relações entre filosofia, ciência e religião.  Conclui que nem a ciência e nem a razão (filosofia) podem prescindir da fé, sob pena de se desviarem da própria verdade 21
  • 22. CONCLUSÃO  A fé, direcionada pela razão, encaminha-nos para a atualização do nosso ser.  Para a realização de nossas tarefas, creiamos em nossas próprias forças.  Não nos esqueçamos, contudo, de pedir humildemente o beneplácito do divino amigo 22
  • 24. PLATÃO – VIDA E OBRAS 428 - 348  De família aristocrata  Discípulo de Sócrates  Fundou a Academia  36 diálogos  13 epístolas  1 coleção de definições 24
  • 25. OBRAS DE PLATÃO  Hípias menor: trata do agir humano;  Primeiro Alcibíades: trata da doutrina socrática do auto-conhecimento;  Segundo Alcibíades : trata do conhecimento;  Apologia de Sócrates: relata o discurso de defesa de Sócrates no tribunal de Atenas;  Eutífron: trata dos conceitos de piedade e impiedade;  Críton: trata da justiça; 25
  • 26. OBRAS DE PLATÃO  Hípias maior: discussão estética;  Hiparco: ocupa-se com os conceitos de cobiça e avidez;  Laques: trata da coragem;  Lísis: trata da amizade/amor;  Cármides: diálogo ético;  Protágoras: trata do conceito e natureza da virtude; 26
  • 27. OBRAS DE PLATÃO  Górgias: trata do verdadeiro filósofo em oposição aos sofistas;  Mênon: trata do ensino da virtude e da rememoração (anamnese);  Fédon: relata o julgamento e morte de Sócrates e trata da imortalidade da alma;  O Banquete: trata da origem, as diferentes manifestações e o significado do amor sensual;  Fedro: trata da retórica e do amor sensual;  Íon: trata de poesia; 27
  • 28. OBRAS DE PLATÃO  Menêxeno: elogio da morte no campo de batalha;  Eutidemo: crítica aos sofistas;  Crátilo: trata da natureza dos nomes;  A República: aborda vários temas, mas todos subordinados à questão central da justiça;  Parmênides: trata da ontologia. É neste diálogo que o jovem Sócrates, a personagem, defende a teoria das formas que é duramente criticada por Parmênides;  Teeteto: trata exclusivamente da Teoria do Conhecimento 28
  • 29. OBRAS DE PLATÃO  Sofista: diálogo de caráter ontológico, discute o problema da imagem, do falso e do não-ser;  Político: trata do perfil do homem político;  Filebo: versa sobre o bom e o belo e como o homem pode viver melhor;  Timeu: trata da origem do universo.  Crítias: Platão narra aqui mito de Atlântida através de Crítias (seu avô). É um diálogo inacabado; 29
  • 30. OBRAS DE PLATÃO  Leis: aborda vários temas da esfera política e jurídica. É o último (inacabado), mais longo e complexo diálogo de Platão;  Epidômite  Epístolas: Cartas (dentre as quais, somente a de número 7 (sete) é considerada realmente autêntica) 30
  • 31. O ARCO DO PENSAMENTO PLATÔNICO O arco do pensamento platônico Mundo sensível Conceitos Ideia 31
  • 32. O DUALISMO PLATÔNICO  O dualismo platônico  O mundo das ideias e suas características  O Demiurgo  O mundo sensível e suas características 32
  • 33. O DUALISMO PLATÔNICO  Realidade Inteligível – Mundo constituído por ideias eternas, onde algo é Imutável e igual a si mesmo  Realidade Sensível - são realidades dependentes, mutáveis e são imagens das realidades inteligíveis  Platão coloca uma nova visão sobre Parmênides e Heráclito 33
  • 34. O MITO DA CAVERNA 34
  • 35. O MITO DA CAVERNA  Situação 1 – olhando para a parede – a realidade sensível 35
  • 36. O MITO DA CAVERNA  As imagens projetadas pelo fogo na parede significam o mundo tal qual o vemos  São ilusões distorcidas e irreais  Nos possibilitam o conhecimento sensível ou empírico que nos dá apenas a opinião e não nos possibilita o conhecimento da verdade  Típico dos artesãos 36
  • 37. O MITO DA CAVERNA  Situação 2 – entre o fato e o fogo – realidade conceitual 37
  • 38. O MITO DA CAVERNA  Não vemos mais a parede, mas o lado iluminado das coisas  Isso nos possibilita a elaboração de conceitos  Primeira forma de pensamento abstrato  Característica dos militares e dos aristocratas 38
  • 39. O MITO DA CAVERNA  Situação 3 – Saindo da caverna – o pensamento filosófico 39
  • 40. O MITO DA CAVERNA  Quem sai da caverna vê a luz do sol e tudo o que existe  No início fica cego pela luz mas depois vê tudo com perfeição  Contempla as ideias e conhece a verdade  Característica dos filósofos 40
  • 41. 41
  • 42. 42
  • 43. 43
  • 44. 44
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  • 46. 46
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  • 49. 49
  • 50. 50
  • 51. COMPARAÇÃO COM A ATUALIDADE  Extraindo a sabedoria que a Alegoria da Caverna nos ensina, percebemos que muitas vezes a realidade é outra, encoberta pelas sombras do desconhecimento  E não é fácil aceitar a realidade, convencer-se de que uma doutrina acatada por dezenas de anos possa conter ilusões 51
  • 52. COMPARAÇÃO COM A ATUALIDADE  Mostra-nos a visão de uma humanidade ignorante, prisioneira das sensações, do imediatismo e inconsciente de sua limitada perspectiva 52
  • 53. QUESTIONAMENTOS  O que é a caverna? O mundo em que vivemos  O que são as sombras das estatuetas? As coisas materiais e sensoriais que percebemos  Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo  O que é a luz exterior do sol? A luz da verdade. 53
  • 54. QUESTIONAMENTOS  O que é o mundo exterior? O mundo das ideias verdadeiras ou da verdadeira realidade  Qual o instrumento que liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A dialética  O que é a visão do mundo real iluminado? A filosofia  Por que os prisioneiros zombam, espancam e matam o filósofo (Platão está se referindo à condenação de Sócrates à morte pela assembleia ateniense)? Porque imaginam que o mundo sensível é o mundo real e o único verdadeiro 54
  • 55. REFLEXÕES  O homem sabe que o poder corrompe. O homem quer o poder para mudar o que está errado. Logo, o homem quer se corromper para mudar  O poder seduz o ignorante, o despreparado, o homem que não caminha em direção à luz, mas que precisa do jogo político para se sentir importante. Fora do jogo não sobrevive a um mínimo pensar 55
  • 56. REFLEXÕES  O aprendizado para tornar-se um homem lúcido passa por sofrimento e solidão, já que pensar é uma ato individual e necessita abstrair-se de prazeres materiais e transitórios  Pensar necessita querer sair das trevas da ignorância com coragem e abnegação 56
  • 57. REFLEXÕES  As amarras individuais são verdadeiras prisões guardadas pelo medo e pela ignorância, onde quebrar os ferrolhos leva o homem ao caminho da luz e da soberania.  Uma vez livre, a própria liberdade se encarregará de uni-lo a outros homens, também livres, formando nova corrente do pensar. 57
  • 58. REFLEXÕES  Vamos sair da caverna. Vamos descobrir que a luz do sol brilha intensamente e é possível determinar que os rumos das nossas vidas podem ser direcionadas por nós, não por homens de almas lamacentas. 58
  • 59. TEORIA DA CONTINGÊNCIA  O que há de permanente em um objeto é a Ideia  A mudança ocorre porque esse objeto não é uma Ideia, mas uma incompleta representação da Ideia desse objeto 59
  • 60. TEORIA DA CONTINGÊNCIA IDEIA A Casa O Homem A Árvore SOMBRAS As casas Os homens As árvores 60
  • 61. TEORIA DA CONTINGÊNCIA  O mundo em que vivemos é mera sombra, onde nada é estável ou permanente, impossibilitando o verdadeiro conhecimento, existe um reino mais elevado, espiritual, o mundo luminoso das idéias”  Como se libertar então? 61
  • 63. TEORIA DAS ALMAS  Alma apetitiva ou concupiscente: busca comidas, bebidas, sexo, prazeres, isto é, tudo o que é necessário para a conservação do corpo e para a geração de outros corpos; é irracional, termina com a morte do corpo, sendo, portanto, mortal; é nossa parte passional, sempre sequiosa e insatisfeita, sempre à procura de novos objetos de prazer. (Diretamente ligada ao corpo) 63
  • 64. TEORIA DAS ALMAS  Alma colérica: se irrita contra tudo quanto possa ameaçar a segurança do corpo e da vida, tudo quanto cause dor e sofrimento; porque incita a combater perigos contra a vida; é mortal, pois existe para defender o corpo contra agressões á vida corporal e, como a alma concupiscente, é irracional. (Diretamente ligada ao corpo) 64
  • 65. TEORIA DAS ALMAS  Alma racional: faculdade do conhecimento, parte espiritual e imortal, sede do pensamento e situada na cabeça; é a faculdade ativa e superior, o princípio divino em nós. Conhece o Bem e o Mal, a Verdade e as Ideias. 65
  • 67. O CAMINHO DA VIRTUDE  Mas o que se entende por virtude? Virtudes são as características formadoras da moralidade humana, são as virtudes dos homens que determinam seu comportamento social, sua conduta como homens. Justamente as virtudes sustentadas por Platão como as de maior importância, ou seja, a justiça associada à moderação, à coragem e à sabedoria, formando o quádruplo das mais importantes, podem ser abaladas pelas paixões com as quais qualquer indivíduo pode, em algum tempo, se deixar envolver. 67
  • 68. A TEORIA DO CONHECIMENTO  Antes de nascer, a alma de cada pessoa vivia em uma estrela, onde se localizam as Ideias  Quando uma pessoa nasce, sua alma é "jogada" para a Terra, e o impacto que ocorre faz com que esqueça o que viu na estrela 68
  • 69. POLÍTICA: O CAMINHO PARA A REALIZAÇÃO PLENA DA FILOSOFIA ALMAS CONCUPISCENTE IRASCÍVEL RACIONAL CLASSES SOCIAIS ARTESÃOS MILITARES ARISTOCRACIA 69
  • 70. FORMAS DE GOVERNO FORMA DE GOVERNO ALMA CONCUPISCENTE PRAZERES ILÍCITOS TIRANIA PRAZERES LÍCITOS DEMOCRACIA 70
  • 71. FORMAS DE GOVERNO FORMA DE GOVERNO ALMA IRASCIVEL GOVERNO MILITAR TIMOCRACIA GOVERNO CIVIL OLIGARQUIA 71
  • 72. FORMAS DE GOVERNO FORMA DE GOVERNO ALMA RACIONAL MUITAS PESSOAS ARISTOCRACIA UMA PESSOA MONARQUIA 72
  • 73. VIDA SOCIAL  "Os males não cessarão para os humanos antes que a raça dos puros e autênticos filósofos chegue ao poder, ou antes, que os chefes das cidades, por uma divina graça, ponham-se a filosofar verdadeiramente" (Platão, Carta Sétima, 326b) 73
  • 74. VIDA SOCIAL  Magistrados e Militares não deveriam manter nenhuma posse, pois:  “a propriedade impede as pessoas de se dedicarem ao bem da coletividade”  O casamento e a vida familiar seriam proibidos, as uniões seriam decididas por juízes, com o objetivo de manter o vigor da raça 74
  • 75. VIDA SOCIAL  O que Platão imaginava como uma sociedade perfeita não passava de um novo regime aristocrático, dirigido por homens e mulheres inteiramente dedicados ao serviço público e ao aperfeiçoamento da raça humana 75
  • 77. BIOGRAFIA 77 384 – 322  Nasceu em Estagira  Pertenceu à Academia Foi preceptor de Alexandre, o Grande  Fundou o Liceu  Após a morte de Alexandre foi acusado de ateísmo  Exilou-se na Eubéia, onde morreu
  • 78. OBRAS  Órganon  Escritos sobre a física  A Metafísica  Ética a Nicômaco  Ética a Eudemo  A Grande Ética  A Política  Retórica  Poética 78
  • 79. A LÓGICA  A obra “Organon”  Princípio da identidade – todo ser é idêntico a si mesmo e a nenhum outro  Princípio da não contradição – nada pode ser e não ser ao mesmo tempo, sob o mesmo aspecto e nas mesmas condições  Terceiro excluído – entre a afirmação e a negação não existe nenhum termo  O todo é sempre maior que as partes 79
  • 80. A LÓGICA  O silogismo e o método dedutivo  Universal Adjetivo  Particular Universal  Particular Adjetivo 80
  • 81. A METAFÍSICA  A METAFÍSICA de Aristóteles é um grupo de 14 escritos de difícil leitura, que teve tremenda influência no pensamento filosófico.  Ele começa dizendo que todos os homens tem o desejo de conhecer. 81
  • 82. A METAFÍSICA  Há diferentes graus de conhecimento.  1) Há o conhecimento pela mera experiência  2) Há o conhecimento de uma arte objetivando realizações práticas  3) Mas há, além disso, um conhecimento que não tem nenhuma utilidade, buscado pelo interesse dele mesmo 82
  • 83. A METAFÍSICA  A ciência buscada ou ainda a filosofia primeira  Ou ainda metafísica  Ela é a ciência dos primeiros princípios e das primeiras causas  Esse deve ser o conhecimento mais conhecível, embora não para o intelecto humano, que começa sempre da experiência sensível, enquanto a metafísica é a ciência que se encontra mais distante dessa experiência, requerendo de nós considerável esforço de abstração racional para ser alcançada... 83
  • 84. A METAFÍSICA  Em busca dessa ciência, Aristóteles começa considerando as 4 causas:  1) Formal: forma, idéia, essência  2) Material: objeto  3) Eficiente: fonte de movimento  4) Final: finalidade 84
  • 85. A METAFÍSICA  Exemplo: O artífice tem uma peça de mármore (causa material). A estátua deverá ser de Vênus (causa formal). Ele intenciona construir uma estátua para o templo de Apolo (causa final). Ele a modela com o martelo e o cinzel (causa eficiente).  Trata se de Teoria das explicações 85
  • 86. A METAFÍSICA  Aristóteles também declara que ela concerne ao ser enquanto tal, ao ser enquanto ser  As ciências especiais isolam uma esfera particular do ser e investigam os atributos do ser naquela esfera...  Mas a metafísica investiga o ser em si mesmo e seus atributos essenciais 86
  • 87. A METAFÍSICA  Com que categoria de ser está a Metafísica concerne primariamente com a substância, posto que todas as coisas ou são substâncias ou afecções da substância  E se há uma substância imutável, então a metafísica estuda a substância imutável, posto que estuda o ser enquanto ser (e a verdadeira natureza do ser está no imutável mais do que no mutável) 87
  • 88. A METAFÍSICA  Deve haver pelo menos um ser imutável que causa o movimento, mas que permaneça imóvel, isso sendo mostrado pela impossibilidade de uma infinita série de fontes de movimento  Possuindo a completa natureza do ser esse motor imóvel deve ser divino. assim, a metafísica é também uma teologia 88
  • 89. A METAFÍSICA  Ele divide as substâncias em: 1) Mutáveis 2) Imutáveis  Ou então as divide em: 1) Sensíveis e perecíveis 2) Sensíveis e eternas (i.e. os corpos celestes) 3) Não-sensíveis e eternas 89
  • 90. A METAFÍSICA  A metafísica investiga o ser na categoria de substância, não o ser acidental, que não é objeto da ciência  Nem ser como verdade, pois verdadeiro e falso são atributos de juízos, não de coisas  A metafísica também estabelece os primeiros princípios ou axiomas, que governam os seres e o conhecimento 90
  • 91. A METAFÍSICA  Particularmente importante é o princípio da contradição  “Nada pode ser e não ser ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto.”  Não podemos dizer nada nem objetar nada nem justificar nada sem pressupor o princípio da contradição.  O cético que o rejeita nada é capaz de dizer, pois ao abrir a boca ele já o estará aceitando... 91
  • 92. CRÍTICA À DOUTRINA DAS IDÉIAS  Aristóteles critica a doutrina das ideias (“Platão é meu amigo, mas a verdade é mais”), mas exagera os defeitos desta com propósitos polêmicos  1 – Que o universal faz o conhecimento possível, diz Aristóteles, prova que o universal é real, mas não prova que ele subsiste à parte das coisas individuais 92
  • 93. CRÍTICA À DOUTRINA DAS IDÉIAS  2 – A doutrina é inútil, pois as formas platônicas duplicam sem propósito as coisas visíveis  3 – As formas são inúteis para nosso conhecimento das coisas, pois não estão nelas. Isso parece exprimir o interesse de Aristóteles pelo mundo visível 93
  • 94. CRÍTICA À DOUTRINA DAS IDÉIAS  4 – As formas são inúteis para explicar o movimento das coisas, seu surgir e decair  5 – As formas deveriam explicar os objetos sensíveis. Mas elas próprias seriam sensíveis: o homem ideal seria sensível, como Sócrates. As formas relembram então os deuses antropomórficos. Assim como os Deuses são homens eternos, as formas são sensíveis eternos! 94
  • 95. CRÍTICA À DOUTRINA DAS IDÉIAS  6 – A teoria das formas é impossível. como pode ser que as ideias, sendo as substâncias das coisas, possam existir à parte? as formas contém as essências dos seus objetos, mas como é possível que então elas existam à parte deles? 95
  • 96. CRÍTICA À DOUTRINA DAS IDÉIAS  7 – As coisas não podem ser provenientes das formas  8 – As formas são objetos individuais, quando na verdade não seriam objetos, mas universais. Platão acha que o homem ideal será um indivíduo, como Sócrates 96
  • 97. CRÍTICA À DOUTRINA DAS IDÉIAS  As posições de Platão e Aristóteles são COMPLEMENTARES, pois existem:  1 – Universais na mente divina, as ideias Platônicas  2 – Universais nas coisas, como formas imanentes aristotélicas  3 – Universais abstratos em nossas mentes 97
  • 98. CRÍTICA À DOUTRINA DAS IDÉIAS  Para Aristóteles, o universal tem realidade na mente e nas coisas, embora a existência nas coisas não implica na universalidade formal que ele tem na mente. Indivíduos pertencendo à mesma espécie são substâncias reais, mas não participam em um único universal que é o mesmo para todos os membros da classe 98
  • 99. CRÍTICA À DOUTRINA DAS IDÉIAS  Essa essência específica é numericamente a mesma em cada indivíduo da classe, mas, por outro lado, é especificamente a mesma em todos os indivíduos da classe, e essa similaridade objetiva é a verdadeira fundação para o universal abstrato, que tem identidade numérica na mente e pode ser predicado de todos os membros da classe indiferenciadamente 99
  • 100. SUBSTÂNCIA  Indivíduos são verdadeira substância (ousia). Pois só o indivíduo é sujeito de predicações e nunca é predicado  Mas os universais (espécies) são substância num sentido secundário e derivado. Pois eles são  1 – essências, tendo  2 – mais realidade que o indivíduo enquanto tal, sendo também  3 – objetos da ciência 100
  • 101. SUBSTÂNCIA  Para Aristóteles o universal é real no indivíduo, ele não é transcendente se considerado em sua realidade objetiva, mas imanente, como universal concreto  Indivíduo sensível = composto de forma + matéria, e o intelecto capta o elemento universal, a forma, que está realmente lá, existindo concretamente como um elemento do indivíduo  Ex: a espécie do cavalo está no cavalo perecível que é o Black Beauty... 101
  • 102. SUBSTÂNCIA  Ele distingue entre duas substâncias:  1 – Substância primeira: individual, composta de matéria e forma  2 – Substância segunda: elemento formal ou essência específica, que corresponde ao conceito universal  Substâncias primeiras são objetos que não podem ser predicados de outros  Substâncias segundas são a natureza, a essência específica que corresponde ao conceito universal 102
  • 103. SUBSTÂNCIA  A substância individual é um composto de substrato + essência ou forma.  À substância individual pertencem as nove categorias acidentais.  O universal torna-se preeminentemente o objeto da ciência, pois é o elemento essencial, tendo assim realidade em um sentido superior ao que é meramente particular.  O universal existe só no particular, de modo que não podemos apreendê-lo, exceto pela apreensão do indivíduo 103
  • 104. SUBSTÂNCIA  Aristóteles tinha uma concepção ideal de ciência, que demanda definições reais essenciais  1 – Aristóteles nega que universais sejam substâncias só para refutar Platão, mas ele os chama de substâncias segundas  2 – Além disso, o elemento material do indivíduo é obscuro ao conhecimento e como tal indefinível, enquanto a substância é basicamente a essência definível ou forma da coisa, o princípio que a torna um objeto concreto definido!  3 – Portanto: a substância é basicamente forma, em si mesma pura e imaterial! 104
  • 105. SUBSTÂNCIA  Em outras palavras:  A forma pura é que é primariamente substância  Mas as únicas formas que são realmente independentes da matéria são Deus, as inteligências das esferas e o intelecto ativo do homem...  Eis porque, se a metafísica investiga a substância, ela é equivalente à teologia! 105
  • 106. ANÁLISE DA MUDANÇA  Há para Aristóteles 4 princípios: matéria, forma, causa eficiente, causa final. a mudança ou movimento é um fato do mundo para Aristóteles  Ex: uma folha muda de cor de verde para marrom. O mármore é tornado uma estátua. Uma semente origina uma árvore. Uma vaca come grama e a transforma nela mesma 106
  • 107. ANÁLISE DA MUDANÇA  Para que algo mude é necessário algo que muda, o substrato da mudança!  A semente é a árvore em potência, atualizando- se sob a ação de uma causa eficiente... 107
  • 108. ANÁLISE DA MUDANÇA  No caso da vaca que come grama a substância não permanece a mesma! Pela digestão a grama recebe nova forma substancial...  Mas algo permanece o mesmo: o substrato último, que é simples potencialidade enquanto tal, a matéria prima 108
  • 109. ANÁLISE DA MUDANÇA  A matéria prima é a base última da mudança  Nenhum agente eficiente age sobre a matéria prima enquanto tal, mas sempre sobre algum substrato atualizado  Ex: o escultor age sobre o mármore...  Assim, a matéria prima nunca existe enquanto tal, mas em conjunção com alguma forma  Ela não é um corpo, mas um elemento do corpo 109
  • 110. ANÁLISE DA MUDANÇA  A mudança só existe em algo capaz de se tornar outra coisa  É a atualização de uma potencialidade que envolve um ser atual, por exemplo, água em certas condições tem a potencialidade de se tornar vapor...  A água demanda se tornar vapor. Ela está privada de se tornar vapor  Assim, há três fatores envolvidos na mudança:  Matéria, forma e privação 110
  • 111. O PRINCÍPIO DA INDIVIDUAÇÃO  A substância concreta sensível é um ser individual composto de matéria e forma  Mas o elemento formal é o mesmo em todos os membros da infima species  Ex: o mesmo em Sócrates e Platão  Seja como for, a conclusão disso é que a forma não pode ser o princípio de individuação do objeto sensível 111
  • 112. O PRINCÍPIO DA INDIVIDUAÇÃO  O princípio de individuação só pode ser a matéria! Assim, Sócrates e Platão são o mesmo em forma, mas diferem em virtude de suas diferentes matérias (para os tomistas não a matéria prima, mas materia signata quantitae, i.e., eu possui uma exigência antecipatória de quantidade a ser satisfeita pela união com a forma) 112
  • 113. O PRINCÍPIO DA INDIVIDUAÇÃO  Conclusão: a pura forma deve ser o membro único de sua espécie, pois não há nenhuma matéria que possa atuar como princípio da individuação dentro da espécie  Assim: não pode haver uma pluralidade de anjos ou seres imortais pertencendo a uma mesma espécie. Cada anjo é uma espécie de anjo  O primeiro movente, não possuindo matéria, deve ser numericamente um... (contra a teoria pluralidade dos motores imóveis) 113
  • 114. A HIERARQUIA DA MUDANÇA  Daí também advém uma hierarquia ou escala ascendente de existência:  pedra bruta > pedra polida > pedra da casa  corpo > alma sensitiva > alma intelectiva  Potência >Atualidade  Potência > Atualidade  Vemos aqui que se pode construir uma hierarquia em direção a ordens superiores de atualidade! 114
  • 115. A HIERARQUIA DA MUDANÇA  Vemos que há uma escada:  1 – Na base da escada está a matéria prima (nunca atualmente existente, nunca existindo à parte da forma)  2 – Na união dos contrários ela forma os quatro elementos, terra, água, ar e fogo, que são os corpos mais simples, mas não absolutamente simples  3 – Em potência eles são objetos inorgânicos, como ouro 115
  • 116. A HIERARQUIA DA MUDANÇA  4 – Em potência eles são corpos orgânicos  Em potência eles ascendem na escala para dar lugar ao intelecto ativo do homem, desassociado da matéria,  5 – As inteligências separadas das esferas e,  finalmente, a Deus! 116
  • 117. A HIERARQUIA DA MUDANÇA  Como se inicia a mudança?  Além da causa formal e material é demandada a causa eficiente. mas essa pode ser interna à coisa que muda  Por exemplo, cada elemento tende ao seu lugar natural, o fogo aos céus... A semente é causa eficiente de se tornar uma árvore 117
  • 118. A HIERARQUIA DA MUDANÇA  Aristóteles privilegia a causa final, que age por atração. mas a finalidade não costuma ser externa. o boi não cresce para se tornar comida... o boi cresce para se tornar boi, realizando assim a sua causa formal, de modo que aqui causa formal e final convergem. (ele tende a unificar as causas) 118
  • 119. O PRIMEIRO MOVENTE  Deus: Se todo objeto em movimento requer uma causa movente atual, então o mundo requer um primeiro movente (primo motor)  Ele é primeiro não no sentido temporal, pois para Aristóteles o movimento é eterno. ele é primeiro no sentido de ser supremo! 119
  • 120. O PRIMEIRO MOVENTE  O primeiro movente também não é um Deus Criador, pois o mundo existe por toda a eternidade (um tempo antes do tempo: contradição)  Ele não pode ser causa eficiente de nada, pois toda ação eficiente envolve reação e nesse caso ele seria afetado pelo mundo, diminuindo em perfeição 120
  • 121. O PRIMEIRO MOVENTE  Deus forma o mundo, mas não como causa eficiente e sim por atração, como a sua causa final, como objeto inspirador de amor e desejo!  A inteligência de cada esfera espiritual deseja imitar a mais perfeita e aproximar-se dela o mais possível  O primo motor é puro ato, se fosse potência ele mudaria e ele por é por definição imutável  Ele precisa ser imaterial, pois materialidade envolve possibilidade de sofrer ação e mudança 121
  • 122. O PRIMEIRO MOVENTE  1 – Sendo imaterial, o primo motor não pode realizar nenhuma ação corporal  2 – Sua atividade é a de pensar  3 – Mas qual o objeto do seu pensar?  4 – Conhecimento é participação intelectual no objeto. Por isso, o objeto do pensamento divino deve ser o melhor de todos, não podendo envolver mudança  5 – Por isso esse objeto só pode ser ele mesmo 122
  • 123. O PRIMEIRO MOVENTE  6 – O que Deus conhece é, pois, a si mesmo, em uma eterna atividade de autoconsciência!  7 – Conclusão: Deus é o pensamento que se pensa eternamente a si mesmo. Deus é “pensamento do pensamento”. Pura reflexão  8 – Ele não pode ter objeto do pensamento fora de si mesmo, pois nesse caso terá um fim fora de si mesmo 123
  • 124. INTRODUÇÃO À MORAL  O que é ser feliz?  É possível ser feliz em nossa sociedade?  Existe alguma relação entre a felicidade, a justiça e a bondade? 124
  • 125. INTRODUÇÃO À MORAL  Moral: algo constitutivo da vida social  Avaliação acerca dos costumes para aceitar ou reprovar  Não se pode pensar a vida social sem a presença de regras de conduta 125
  • 126. INTRODUÇÃO À MORAL  Texto fundamental para a cultura ocidental: deuteronômio (segunda lei) de Moisés (séc. V a. C.)  Decálogo ou dez mandamentos cultura ocidental – ponto de partida para a elaboração da moralidade  Sermão da Montanha 126
  • 127. INTRODUÇÃO À MORAL  2º momento: meditação grega  Delimitação da vida humana  Ética: elaboração teórica que se dirige à conceituação da moralidade  Sócrates / Platão  Aristóteles – fundador da disciplina teórica ética 127
  • 128. ÉTICA E MORAL  Ética – ciência da conduta; parte da filosofia prática que tem por objetivo elaborar uma reflexão sobre os problemas fundamentais da moral;  Princípios: reflexão sobre as razões de se desejar a justiça e a harmonia e sobre os meios de alcançá- las  Moral: construção de um conjunto de prescrições destinadas a assegurar uma vida em comum justa e harmoniosa 128
  • 129. ÉTICA A NICÔMACO  Livro I  Estudo da conduta ou do fim do homem como indivíduo – ética  Estudo da conduta ou do fim do homem como parte de uma sociedade – política 129
  • 130. ÉTICA A NICÔMACO  Finalismo das ações: tudo visa a obtenção de um bem  Pergunta-se então o que é bem ou bom; de qual ciência o sumo  Bem é objeto?  O bem é identificado como eudaimonia (felicidade). Há dois tipos de virtudes: as virtudes éticas (nascem do hábito) e as virtudes dianoéticas (próprias da inteligência); 130
  • 131. ÉTICA A NICÔMACO  O Livro I especificamente se divide em treze capítulos.  Os três primeiros tratam do objeto e do método da obra / introdução a todo o tratado  Capítulos 4 e 12, o filósofo indaga da essência ou das diversas acepções que receberam as noções de “bem supremo” e “felicidade”  Nos capítulos 2 e 3, ele menciona três tipos principais de explicação: a opinião da massa, a opinião do político e, finalmente, a visão do filósofo  O livro se “conclui”, portanto, com o capítulo 13, que analisa o conceito de virtude e as divisões da alma 131
  • 132. O SUPREMO BEM  Ação humana – fim / bem  Conjunto das ações humanas – fim último / supremo bem (felicidade)  O que é a felicidade? (Eudaimonía) 132
  • 133. O SUPREMO BEM  Capítulo 1:  Os bens variam  Para cada ser deve haver um bem, conforme a natureza ou a essência do respectivo ser  Cada substância tem o seu ser e busca o seu bem  Bens concretos 133
  • 134. O SUPREMO BEM  Capítulo 2  Ética aristotélica: finalista ou eudemonista  Marcada pelos fins que o homem deve alcançar para atingir a felicidade  Capítulo 4  O mais alto de todos os bens: Felicidade  Diferentes concepções de felicidade 134
  • 135. O SUPREMO BEM 1. Prazer e gozo – vida digna de animais; escravos 2. Honra (sucesso) – depende de quem a confere 3. Juntar riquezas – meio para outras coisas 135
  • 136. O SUPREMO BEM  Ética teleológica: (telos – fim, finalidade e logos – teoria, ciência)  Tanto os múltiplos seres existentes, quanto o universo como um todo direcionam-se em última instância a uma finalidade 136
  • 137. O SUPREMO BEM  Hierarquia de bens:  Bens relativos e intrínsecos ao homem  Os relativos são aqueles necessários para a vida cotidiana (bens materiais, prazeres vitais, etc.). Estes mudam constantemente, pois sempre desejam outros e maiores  Bens intrínsecos, não visam outros porque eles são autossuficientes, ou seja, os bens intrínsecos são bens supremos 137
  • 138. O SUPREMO BEM  Todo conhecimento e todo trabalho visa a algum bem, quais afirmamos ser os objetivos da ciência política e qual é o mais alto de todos os bens que se podem alcançar pela ação.  Verbalmente, quase todos estão de acordo, pois tanto o vulgo como o homem de cultura superior dizem ser esse fim a felicidade e identificam o bem viver e o bem agir como o ser feliz 138
  • 139. O SUPREMO BEM  Os homens de tipo vulgar parecem identificar o bem ou a felicidade com o prazer e, por isso, amam a vida dos gozos  As pessoas de grande refinamento e índole identificam a felicidade com a honra  É pelos indivíduos de grande sabedoria prática que procuram ser honrados e, entre os que os conhecem e, ainda mais, em ração da sua virtude 139
  • 140. O SUPREMO BEM  O bem supremo realizável pelo homem consiste em aperfeiçoar-se enquanto homem  Consiste na atividade que diferencia o homem de todas as outras coisas  A atividade da razão  O homem que quer viver bem deve viver sempre segundo a razão  Aristóteles proclama os valores da alma como valores supremos  Reconhece também a importância dos bens materiais 140
  • 141. O SUPREMO BEM  O que faz a marca específica do homem é o pensamento e a razão que o segue. É a atividade intelectual  Nesta encontra-se a fonte principal das alegrias do homem, ou seja, a fonte donde provém a verdadeira felicidade  Com efeito, a felicidade do homem consiste no aperfeiçoamento da atividade que lhe é própria, ou seja, na atividade segundo a razão 141
  • 142. O SUPREMO BEM  O homem deve, então, subordinar o sensível ao racional. A subordinação da atividade sensível à atividade racional se impõe  É o preço da felicidade humana e a condição da moral humana  Portanto, para ser feliz, o homem deve viver pela inteligência e segundo a inteligência 142
  • 143. O SUPREMO BEM  O bem do homem nos parece como uma atividade da alma em consonância com a virtude, e, se há mais de uma virtude, com a melhor e mais completa  O homem feliz vive e age bem, pois definimos praticamente a felicidade como uma espécie de boa vida e boa ação 143
  • 144. O SUPREMO BEM  Alguns identificam a felicidade com a virtude, outros com a sabedoria prática, outros com uma espécie de sabedoria filosófica, outros com estas ou uma destas, acompanhadas ou não do prazer e outros ainda incluem a prosperidade exterior  Algumas destas opiniões tem tido muitos e antigos defensores enquanto outras foram sustentadas por poucas, mas eminentes pessoas 144
  • 145. O SUPREMO BEM  Não é provável que qualquer delas esteja inteiramente equivocada, mas sim que tenham razão pelo menos a algum respeito ou mesmo a quase todos os respeitos  Também se ajusta à nossa concepção a dos que identificam felicidade com a virtude em geral ou com alguma virtude particular 145
  • 146. O SUPREMO BEM  O prazer é um estado da alma e para cada homem é agradável aquilo que ele ama: não só um cavalo ao amigo de cavalos ou um espetáculo ao amador de espetáculos, mas os atos justos aos amantes da justiça e, em geral, os atos virtuosos aos amantes da virtude  A felicidade é a maior, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo 146
  • 147. O SUPREMO BEM  Também se pergunta se a felicidade deve ser adquirida pela aprendizagem, pelo hábito ou por uma espécie de adestramento ou se ela nos é conferida por alguma providência divina 147
  • 148. JUSTO MEIO  Virtude: repetição de uma série de atos sucessivos / hábito  Os impulsos, as paixões e os sentimentos tendem ao excesso ou à falta  A razão deve impor a “justa medida”, o “justo meio” entre os dois excessos  Vitória da razão sobre os instintos  Justiça: a mais importante das virtudes  “Na justiça está abarcada toda virtude”  148
  • 149. WILSON QUADRO DAS VIRTUDES MORAIS Sentimento ou paixão (por natureza) Situação em que o sentimento ou a paixão são suscitados Vício (excesso) (por deliberação/ escolha) Vício (falta) (por deliberação/ escolha) Virtude (justo meio) (por deliberação/ escolha) Prazeres Tocar, ter ingerir Ibertinagem Insensibilidade Temperança Medo Perigo, dor Covardia Temeridade Coragem Confiança Perigo, dor Temeridade Covardia Coragem Riqueza Dinheiro, bens Prodigalidade Avareza Liberalidade Fama Opinião alheia Vaidade Humildade Magnificência Honra Opinião alheia Vulgaridade Vileza Respeito próprio Cólera Relação com os outros Irascibilidade Indiferença Gentileza Convívio Relação com os outros Zombaria Grosseria Agudeza de espírito Conceder prazer Relação com os outros Condescendência Tédio Amizade Vergonha Relação de si com outros Sem-vergonhice Timidez Modéstia Sobre a boa sorte de alguém Relação dos outros consigo Inveja Malevolêcia Justa apreciação Sobre a má sorte de alguém Relação dos outros consigo Inveja Malevolência Justa indignação CHAUÍ, Marilena de Souza. Introdução à história da filosofia:dos pré-socráticos a Aristóteles, vol. 01. São Paulo: Brasiliense, 1994.
  • 150. QUINTA PARTE O DIÁLOGO ENTRE O CRISTIANISMO E A CULTURA GREGA 01
  • 151. INTRODUÇÃO  O helenismo fornece o pano de fundo político e cultural que permite a aproximação entre a cultura judaica e a filosofia grega, o que tornará mais tarde o surgimento de uma filosofia cristã  O período helenístico é o último período da filosofia antiga, quando a polis grega desapareceu como centro político, deixando de ser a referência principal dos filósofos, uma vez que a Grécia encontrava-se sob o poderio do Império Romano 151
  • 152. INTRODUÇÃO  O termo “helenismo” é derivado da obra do historiador alemão J.G. Droysen, Helenismus, e designa a influência da cultura grega em toda a região do Mediterrâneo oriental e do Oriente Próximo desde as conquistas de Alexandre (332 a.C.) – do estabelecimento de seu império e dos reinos criados após a sua morte (323 a.C.) por seus sucessores até a conquista romana do Egito em 30 a.C., que passa a marcar a influência de Roma nessa mesma região 152
  • 153. INTRODUÇÃO  A religião cristã, embora originária do judaísmo, surge e se desenvolve No contexto do helenismo, e é precisamente da síntese entre o judaísmo, o cristianismo e a cultura grega que se origina a tradição cultural ocidental de que somos herdeiros até hoje  Como se justifica a relação entre o cristianismo, que por sua origem revelada é uma religião, e a filosofia grega que em seu próprio surgimento já pretendia romper com o pensamento mítico-religioso? 153
  • 154. INTRODUÇÃO  Alexandria é uma cidade cosmopolita, onde convivem várias culturas; a egípcia característica da região, a grega dos fundadores da cidade, a romana dos que haviam recentemente conquistado o Egito; e a cultura judaica da grande comunidade dos judeus que lá viviam.  Essas culturas convivem e se integram, há grande tolerância religiosa, inclusive um espírito de sincretismo típico da cultura greco-romana. E se falam várias línguas. A comunidade judaica, próspera e educada, fala fluentemente o grego 154
  • 155. INTRODUÇÃO  Fílon de Alexandria, p.ex., é um judeu helenizado que viveu em Alexandria nesse período e produziu uma série de comentários ao Pentateuco (os cinco livros iniciais do Antigo Testamento), aproximando- o da filosofia grega.  Encontramos em Fílon uma aproximação entre a cosmologia platônica no Timeu e a narrativa da criação do mundo no Gênesis. 155
  • 156. INTRODUÇÃO  No Timeu Platão apresenta uma explicação da origem do cosmo, segundo a qual o demiurgo (um deus intermediário) olhando para as formas ou idéias que lhe servem de modelos, organiza a matéria e dá origem a todas as coisas. Na interpretação de Fílon, Deus (e não o demiurgo) cria o cosmo, porém a partir das ideias em sua mente e não contemplando-as fora dele 156
  • 157. INTRODUÇÃO  Esta seria precisamente uma das origens da concepção que se desenvolverá progressivamente ao longo dessa tradição, segundo a qual as ideias deixam de ser independentes existindo em um mundo próprio como em Platão e passam a ser entendidas como entidades mentais, inicialmente na “mente de Deus”, posteriormente na mente humana 157
  • 158. INTRODUÇÃO  Fílon, embora sem ser cristão, abre o caminho para a síntese entre cristianismo e filosofia grega, que ocorre ao longo dos três primeiros séculos da religião cristã que inicialmente não se distinguia do judaísmo, sendo vista como uma seita ou um movimento renovador ou reformista dentro da religião e da cultura judaica 158
  • 159. INTRODUÇÃO  Fílon retoma o conceito grego de logos, interpretando-o como um princípio divino a partir do qual Deus opera no mundo. Essa visão influenciará fortemente o desenvolvimento da filosofia cristã e se encontra na abertura do quarto evangelho (de são João), escrito ao final do séc I em Éfeso, em que se lê: “No princípio era o Verbo (logos)” 159
  • 160. INTRODUÇÃO  O primeiro marco na constituição do cristianismo como religião independente e dotada de identidade própria é a pregação de São Paulo, outro judeu helenizado, funcionário do Império Romano, que se converte e passa a pregar e difundir a religião cristã em suas viagens por alguns centros do Império Romano  É em São Paulo que encontramos a concepção de uma religião universal, não só a religião de um povo, mas de todo o Império, de todo o mundo então conhecido. 160
  • 161. INTRODUÇÃO  Destaque-se que pretendiam que o cristianismo fosse pregado apenas aos judeus, ao passo que Paulo defendia a necessidade de pregar a todos, tendo ficado por isso conhecido como o “apóstolo dos gentios”  Conforme lemos na Epístola aos gálatas (3,28), “Não há judeu, nem grego, nem escravo, nem homem livre, nem homem, nem mulher: todos sois um no Cristo Jesus” 161
  • 162. OS PADRES APOLOGÉTAS  Considera-se são Justino como o primeiro filósofo cristão por se converter ao cristianismo, passando a admiti-lo como a “verdadeira filosofia” e a defender a ideia e a necessidade de uma filosofia cristã  Os pensadores desse período, filósofos e teólogos, que seguem essa via serão conhecidos como apologetas porque faziam a apologia, ou defesa do cristianismo, e seu pensamento será conhecido como patrística, ou seja, doutrina dos padres (pais) da igreja 162
  • 163. OS PADRES APOLOGÉTAS  Justino escreveu duas Apologias e o Diálogo com o judeu Trifão  Caracteriza-se pela defesa racional do cristianismo perante o paganismo  Entre os apologistas latinos, deve ser citado Tertuliano de Cartago que nasceu na metade do século II e morreu em Roma, em 240. 163
  • 164. OS PADRES APOLOGÉTAS  Dos apologistas da Igreja oriental devem ser lembrados Clemente (fins do século II - início do III) e Orígenes (século III), o maior dos pensadores cristãos anteriores a Agostinho.  As grandes discussões sobre os dogmas e a refutação das heresias foram, pouco a pouco, desenvolvendo a filosofia cristã e deram aos seus defensores a estatura de filósofos à altura dos seus antecessores na antiguidade clássica 164
  • 165. QUINTA PARTE A FILOSOFIA PATRÍSTICA 165
  • 166. ÁSIA MENOR E OS PADRES CAPADÓCIOS  Terminadas as perseguições pela parte do poder imperial, os monges se apresentam na sociedade como os novos lutadores da fé e como os legítimos herdeiros e continuadores dos ensinos dos mártires dos séculos anteriores  A publicidade que Atanásio fez do movimento monástico no curso dos exílios no ocidente e pela obra da “Vita Antonii”, teve um resultado surpreendente na segunda metade do século IV
  • 167. ÁSIA MENOR E OS PADRES CAPADÓCIOS  Todo o cristianismo sente o benefícios influxo da ação em favor dos ideais monásticos e no ocidente se multiplicam as experiências modeladas no exemplo dos monges do Egito  O clero também sente a atração ao monaquismo: começa a ter uma forma comunitária mais concreta a vida sacerdotal e tem início a forma de vida monástica senobita
  • 168. ÁSIA MENOR E OS PADRES CAPADÓCIOS  Como consequência estes monges ocupam as catedrais episcopais a causa da sua formação espiritual, intelectual, ascética e de exigência pessoal e com os outros, bispos monges.  Serapão, bispo de Thomuis no Egito, tinha sido monge, amigo de Antônio e de Atanásio, quem envia as famosas cartas, nas quais anuncia claramente o princípio da divindade do Espírito Santo
  • 169. ÁSIA MENOR E OS PADRES CAPADÓCIOS  A luta pela fé de Nicéia se coloca no plano da defesa e luta do caráter político da religião, representada pela experiência monástica em todas as suas manifestações  Tudo isso exige a necessidade de uma definição teológica ulterior, fez-se necessária uma teologia posterior para resolver as dificuldades interpretativas presentes na fórmula de Nicéia.  Particularmente a relação entre o Pai e o Filho, de modo que além da identidade da substância divina, se reconheça a distinção das pessoas
  • 170. ÁSIA MENOR E OS PADRES CAPADÓCIOS  Finalmente se sente a necessidade de aprofundar na divindade da terceira pessoa da Santíssima. Trindade, colocada por Atanásio nas cortes dos imperadores (Serapião), sem resolver a consciência crítica da teologia do tempo  Ajudam a resolver estes problemas os Padres Capadócios, Basílio de Cesárea, Gregório Nazianzeno, e Gregório de Nissa, as três luminárias da Igreja Grega na segunda metade do século IV
  • 171. ÁSIA MENOR E OS PADRES CAPADÓCIOS  O Século IV se caracteriza pela luta da liberdade entre a igreja e o estado: A Igreja e os bispos tomam consciência de estar sujeitos a uma tutela imperial, que tem pouca consideração pelos valores supremos da fé em Cristo  Atanásio é um dos grandes defensores da ortodoxia e da liberdade da igreja, frente ás pretensões do imperador Constâncio, personificação da dominação estatal sobre a Igreja, que persegue a política da uniformidade religiosa no favor do arianismo
  • 172. ÁSIA MENOR E OS PADRES CAPADÓCIOS  A violência da luta de Atanásio, aparece na discussão entre o papa Libério e o imperador Constâncio ocorrida em Milão no 355  Pela ordem imperial o Papa Libério é concedido a Milão. Pela primeira vez um Papa esta diante do tribunal de um imperador cristão, pessoalmente presente. O Papa esta a procura da liberdade para a Igreja e para toda a terra
  • 173. ÁSIA MENOR E OS PADRES CAPADÓCIOS  Três anos depois de Nicéia o Imperador Constantino se inclina e chama aos arianos de exiliados, parece que neste momento morre Ario. Seus sucessores continuam de costas aos ensinos do concílio de Nicéia  O acontecido se expressa na frase lapidária de São Jerônimo: O mundo inteiro geme ao descobrir-se o arianismo  Morto o último imperador ariano levam para frente os três focos da ortodoxia, os três grandes capadócios que encontram uma força no imperador Teodósio. Ele apoia o homoousios Niceno, e o ensina em todo o império do oriente  O Concílio de Constantinopla une oriente e ocidente na ortodoxia nicena. Caiu o arianismo e a igreja no século IV termina pacificada
  • 174. ÁSIA MENOR E OS PADRES CAPADÓCIOS  Basílio Magno (330-379)  Bispo de Cesareia e Capadócia, sua atividade se desenvolve em três direções:  a) – A atividade no favor dos pobres. Sua luta leva-lhe a formar cidades refúgio chamadas: “Basilide”
  • 175. ÁSIA MENOR E OS PADRES CAPADÓCIOS  b) – A organização da vida monástica, autos da disciplina, de regras rígidas e severas. Fundador do verdadeiro “Monaquismo Cenobítico”  c) – Manifesta a sua grande inteligência especulativa, na teologia e na política eclesiástica  Convencido adversário do arianismo. Sua política e doutrina marca profundamente o concílio de Constantinopla no 381. Morreu muito Jovem 175
  • 176. ÁSIA MENOR E OS PADRES CAPADÓCIOS  Gregório Nazianzeno (330-390) O segundo dos grandes capadócios, chamado “o Teólogo”, estilo eloquente, equilibrado, não totalmente no psicológico, leva uma vida de disciplina e estrutura pessoal. Grande monge na companhia do seu grande amigo Basílio o Grande  Grande mestre da língua e a literatura grega, de grande facilidade para as línguas, predicador da ortodoxia e líder polêmico antiapolinarista  Presidiu o Concílio I de Constantinopla (381), e o triunfo do seu amigo Basílio
  • 177. ÁSIA MENOR E OS PADRES CAPADÓCIOS  São Gregório de Nissa (332-394)  Irmão caçula de Basílio e o terceiro dos grandes capadócios. Foi um homem de muita disciplina e exigência, até ser chamado o espírito mais sensível da Igreja. Considerado o cérebro dos capadócios
  • 178. ÁSIA MENOR E OS PADRES CAPADÓCIOS  Herdeiro do pensamento de Orígenes. Filósofo especulativo e original dos padres da idade de ouro do Oriente. Místico e feroz adversário dos seus opostos e inimigos  Capaz de debater e de dizer não aos pensamentos contra a Igreja e a os que gostavam de criar problemas em relação à unidade e o pensamento dos concílios 178
  • 179. SANTO AGOSTINHO  Agostinho acreditava que o pensar racional fosse compatível com a verdade revelada por Deus e que, portanto, a filosofia pudesse servir à teologia. Ele foi o principal representante dessa forma de pensar e, através dela, procurou fazer o entrosamento das várias tendências da Patrística - à síntese que realizou, ele mesmo chamou filosofia cristã, sistematizando uma concepção do mundo, do homem e de Deus, que por muito tempo foi a doutrina fundamental da Igreja Católica
  • 180. SANTO AGOSTINHO  Quando Agostinho se converteu ao cristianismo, já conhecia muito bem, principalmente através da leitura dos textos de Cícero, o pensamento clássico (neo-platônicos, néo-pitagóricos, epicuristas e estoicos). Também para ele, o pensar filosófico busca resolver o problema da felicidade: afirma que o homem não tem razão para filosofar, exceto para atingir a felicidade 180
  • 181. SANTO AGOSTINHO  Entendia que a filosofia não sai em busca do conhecimento da natureza do universo físico ou dos deuses, mas sim, do homem à procura da felicidade  Como o próprio Agostinho encontrou essa felicidade ou beatitude através da fé e da intuição e não pelo esforço intelectual, ele retoma o grande problema da Patrística - a conciliação entre a razão e a fé, entre a filosofia pagã e a fé cristã 181
  • 182. SANTO AGOSTINHO  Agostinho conhecia as ideias dos céticos da Nova Academia platônica (Arcesilau e Carnéades) que ensinavam que se deve duvidar de tudo e que só se pode conhecer o que é provável (probabilismo), sem absoluta certeza da verdade.  Ele consegue vencer o ceticismo, aprofundando-o: se duvido, no ato de duvidar tenho consciência de mim mesmo como aquele que duvida - Se eu me engano, eu sou, pois aquele que não é, não pode ser enganado - não posso duvidar do meu próprio ser, tenho a certeza de mim como existente 182
  • 183. SANTO AGOSTINHO  Essa primeira certeza fundamentou sua teoria do conhecimento e revelou a essência do homem: ser pensante em quem o pensamento não se confunde com a matéria  Seu modo de ver o homem como uma alma que se serve de um corpo, foi herdado de Platão através do conhecimento da doutrina do neo- platônico Plotino 183
  • 184. SANTO AGOSTINHO  Agostinho ensina que a união da alma com o corpo, tendo sido criada por Deus, não pode ser um mal; que a alma é hierarquicamente superior ao corpo e tende a um fim que está além da ordem natural: tende a Deus, que é o seu princípio  Esse conceito é também platônico: lembremo-nos de que Platão acreditava que a terra não é o fim último da alma, senão que, após sua passagem pelo mundo natural, deverá voltar ao mundo das Ideias 184
  • 185. SANTO AGOSTINHO  Agostinho distingue dois tipos de conhecimento:  1 – aquele que decorre dos órgãos dos sentidos que apreendem os objetos exteriores - é mutável, temporal; portanto, não necessário  2 – o conhecimento das verdades imutáveis e eternas; portanto, necessário 185
  • 186. SANTO AGOSTINHO  Se considerarmos que o homem é tão mutável quanto as coisas que nossos sentidos percebem, donde virá o conhecimento da verdade imutável e necessária? Responde o filósofo: da iluminação divina.  Outra vez encontramos Platão - na alegoria da caverna, o homem pode conhecer a verdade, porque um sol externo (a ideia do Bem) ilumina o mundo das Ideias 186
  • 187. SANTO AGOSTINHO  Para Agostinho, então, conhecer a verdade é possível, porque as Ideias, as verdades, estão presentes em nosso intelecto e Deus nos concede a graça de iluminá-las, para que possamos conhecê-las  Conceito difícil de ser entendido, aproxima-se dos conceitos platônicos da reminiscência e das ideias inatas; mas nosso filósofo cristão procura diferenciar os dois conceitos: as ideias não são inatas, mas presentes em nós como reflexos da verdade divina, como um presente que Deus nos oferece 187
  • 188. SANTO AGOSTINHO  Como o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus, tem uma presença da verdade que não é a Verdade absoluta que ele procura - esta presença da verdade, que é, ao mesmo tempo, uma ausência da Verdade absoluta, faz do homem um ser inquieto, à procura da luz infinita da Verdade absoluta  Agostinho foi o filósofo da inquietação humana, do homem como inquieto perene 188
  • 189. SANTO AGOSTINHO  Como o pensamento humano descobriu a existência de Deus? De acordo com Agostinho, nada há no homem e no mundo superior à mente, mas a mente intui verdades imutáveis e absolutas, que são superiores à ela; portanto, existe a Verdade imutável, absoluta e transcendente que é Deus  Não podemos conhecer Deus na sua essência e d’Ele só podemos falar por analogia com aquilo que conhecemos  Novamente recorrendo a Platão, Agostinho incorpora o mundo das aparências e o mundo das ideias ao pensamento e à mística cristãos 189
  • 190. SANTO AGOSTINHO  Deus está fora do tempo, é sempre presente; o mundo foi criado junto com o tempo e não no tempo - antes do mundo ser criado, não havia tempo  Deus é eterno, presente, fora do tempo. Antes de Agostinho, Deus era visto como um organizador do caos inicial  Bem diversa é a doutrina cristã do filósofo, para quem Deus é o criador de todos os seres, a partir do nada e como consequência do seu amor infinito 190
  • 191. SANTO AGOSTINHO  Agostinho também contesta o maniqueísmo (doutrina de origem persa, segundo a qual o universo foi criado e é regido pela luta entre dois princípios antagônicos com a mesma força: Deus, o bem absoluto e o Demônio, o mal absoluto)  Outro problema de difícil resolução, abordado por Agostinho, foi o do livre arbítrio: depois do pecado original (antes o homem era livre, mas tendia naturalmente para o bem), o homem possuía o livre arbítrio, isto é, a possibilidade de escolher entre um bem maior e um bem menor, entre o bem e o mal e entre um mal maior e um mal menor 191
  • 192. SANTO AGOSTINHO  A vontade pode afastar o homem de Deus, fazendo escolhas erradas. Afastar-se de Deus significa ir para o não-ser, isto é, caminhar para o mal. Eis aí o pecado, que não é necessário e deriva, unicamente, da vontade do homem, nunca de Deus  Caminhando para o pecado, a alma decai e não consegue salvar-se sozinha - vem, então, a graça divina para dirigir o homem para o bem, sem, no entanto, privá-lo do livre arbítrio 192
  • 193. SANTO AGOSTINHO  Sem o auxílio da graça, exercendo o livre arbítrio, o homem poderia escolher o mal. Mas, segundo Agostinho, nem todos recebem a graça; apenas os predestinados à salvação a recebem das mãos de Deus 193
  • 194. SANTO AGOSTINHO  Esse conceito de predestinação, da dualidade dos eleitos e dos condenados é exposto em sua obra Cidade de Deus; nela, o autor descreve os homens no mundo, depois do pecado original (a vontade, movida pelo orgulho, distanciou-se de Deus): aqueles que persistem no erro de Adão e Eva, ou seja, no pecado, vivem na cidade dos homens, na cidade da terra, onde são sempre castigados; os que recebem a graça divina, os eleitos, constroem a Cidade de Deus e viverão para sempre, eternamente no Bem 194
  • 195. SANTO AGOSTINHO  Todos os fatos históricos negativos, como as guerras, o dilúvio e os impérios opressores, pertencem à cidade dos homens; os fatos positivos, como a arca de Noé, Moisés, os profetas e, principalmente, a vinda de Jesus ao mundo, são manifestações da Cidade de Deus 195
  • 196. SANTO AGOSTINHO  Agostinho escreveu a Cidade de Deus, enquanto assistia os bárbaros destruírem o Império Romano; deu uma resposta ao paganismo romano que acusava o cristianismo de ter culpa nesse desastre - não foi um desastre, mas a mão de Deus que castigou os pagãos da cidade dos homens, para dar lugar ao cristianismo, arauto da Cidade de Deus 196
  • 197. SANTO AGOSTINHO  A doutrina filosófica e teológica de Agostinho, elaborada no final da Antiguidade, exerceu enorme influência durante a Idade Média  Sua capacidade de aprofundar e ampliar a relação entre a filosofia antiga - principalmente platônica e neo-platônica - e o cristianismo, fez dele o fundador do platonismo cristão e o primeiro sistematizador da filosofia cristã 197
  • 198. SEXTA PARTE A FILOSOFIA ESCOLÁSTICA 198
  • 199. INTRODUÇÃO  Do século V ao século VIII, com a queda do Império Romano, decaiu a produção intelectual, a ponto de podermos dizer que não se conhece nada de original no pensamento dessa época  Trata-se do período denominado Alta Idade Média, quando a Igreja cuidou de compilar em manuais os conhecimentos antigos  A filosofia, sem o concurso de homens que se dedicassem à especulação, ficou estacionária 199
  • 200. INTRODUÇÃO  Pode-se caracterizar esse período por dois importantes fatores:  1 – a expansão dos horizontes geográficos  2 – o avanço dos impérios asiáticos e do mundo muçulmano  Foi em Bizâncio, no Islã, e nos impérios asiáticos, que floresceram grandes civilizações e onde se conservou a cultura de Roma e da Grécia antigas 200
  • 201. INTRODUÇÃO  Assim, surgiu o segundo período da filosofia cristã: a Escolástica, ou filosofia das escolas, ensinada nas escolas e predominante na Europa, do século XI ao século XIV  Duas vertentes nortearam o pensamento dessa época:  1 – a tradição religiosa, que, como princípio de autoridade que pertence à Igreja, determinou a investigação intelectual e protegeu o pensamento contra os erros;  2 – a doutrina filosófica (no início, a platônica-agostiniana e depois a aristotélica), que serviu de instrumento para essa investigação 201
  • 202. INTRODUÇÃO  Nos primórdios da Escolástica, não encontramos nada de original  Somente um pensador, Scotus Erígena, não pode ser dito um copiador: ele procurou amalgamar ideias platônicas e neo-platônicas com elementos do pensamento cristão da Patrística e de Agostinho  De Aristóteles, só se conhecia os livros de Lógica 202
  • 203. SANTO ANSELMO  O primeiro escolástico de destaque foi Santo Anselmo de Aosta (1035-1109), que seguiu as ideias de Agostinho e construiu suas ideias principais baseado no realismo  A prova ontológica da existência de Deus  A seguir, deve-se citar Abelardo (1079-1142), mais inclinado ao conceitualismo 203
  • 204. A QUERELA DOS UNIVERSAIS  No século X, decaíram muito os estudos e só no século XI se iniciou alguma reação  Com o estudo da Dialética, o interesse dos estudiosos voltou-se para o problema dos universais, que foi o tema mais debatido no século XI 204
  • 205. A QUERELA DOS UNIVERSAIS  O universal é um conceito ou ideia que tem uma essência comum a muitos seres e que, portanto, deve ser aplicável a todos esses seres  Por exemplo, o conceito de homem representa uma essência, animal racional, que vai permanecer sempre a mesma, indiferentemente de a quantos indivíduos do mesmo gênero (homem) se aplique (e a todos deve ser aplicável) e à distinta aparência que esses indivíduos possam ter 205
  • 206. A QUERELA DOS UNIVERSAIS  Vários outros estudiosos trataram do problema dos universais, mas foi no século XIII que a Escolástica atingiu seu maior vigor e encontrou soluções notáveis  Deve-se levar em conta as circunstâncias que influenciaram o ambiente que viu surgir os grandes sistemas filosóficos e teológicos da Baixa Idade Média. 206
  • 207. A FILOSOFIA ÁRABE  No século XI, a Europa assistiu o ressurgimento do interesse pelo estudo. Isso não quer dizer que em outras partes do mundo não tenha havido interesse especulativo  A filosofia árabe, orientada principalmente pelo interesse científico, teve em dois médicos seus representantes mais notáveis: Avicena, no Oriente (morto em 1037) e Averroes de Córdoba, no Ocidente (1126-1198)  Os estudiosos árabes dedicaram-se, fundamentalmente, ao estudo de Aristóteles, mas de um Aristóteles que conheceram através da interpretação de comentadores neo-platônicos e não da obra do próprio Estagirita. 207
  • 208. A FILOSOFIA ÁRABE  Foi esse Aristóteles, neo-platonizado e traduzido do grego ao siríaco e do siríaco ao árabe, que os árabes legaram ao Ocidente; no entanto, não se pode negar o imenso valor que teve para a cultura o empenho dos árabes na conservação do pensamento antigo, justamente na época em que a cultura ocidental mais decaiu. 208
  • 209. A FILOSOFIA ÁRABE  Os árabes se preocuparam em conciliar os ensinamentos do Alcorão, que são matéria de fé, com a indagação racional, através da filosofia grega, mais especificamente do aristotelismo e do néo- platonismo  Assim, aproximam-se da escolástica latina, uma vez que se pode afirmar que o fator mais decisivo no pensamento do século XII foi a descoberta de Aristóteles através dos árabes, quando seus livros de física, metafísica e ética passaram da Espanha para o resto da Europa 209
  • 210. A FILOSOFIA ÁRABE  Outros dois fatores que contribuíram para o florescimento da escolástica foram as Universidades e a atividade cultural dos Dominicanos e dos Franciscanos 210
  • 211. A FILOSOFIA ÁRABE  Tal como os filósofos cristãos, também os árabes tentaram conciliar o conteúdo da revelação com a filosofia, ou melhor, esforçaram-se por explicar racionalmente a verdade revelada através da filosofia  Pretendiam perpassar a obscuridade da fé com a luz da razão natural  Trata-se de conciliar a fé com a razão, síntese que muitas vezes culmina em modos originais de pensar 211
  • 212. A FILOSOFIA ÁRABE  O pensamento rígido do Corão e dos tradicionalistas chocou muitas vezes com a cosmovisão platônica e aristotélica, sobretudo nas concepções da criação e da ação divina sobre o mundo  Os árabes tiveram contato com a filosofia grega através dos territórios conquistados onde predominava a cultura helênica e assim conheceram obras gregas no campo da medicina, matemática e filosofia 212
  • 213. A FILOSOFIA ÁRABE  Através da traduções feitas pelos judeus de Espanha dos comentadores de Aristóteles, os europeus puderam conhecer a maior parte do corpus aristotelicum, que era desconhecido até então  O que mais se conhecia de Aristóteles era somente a lógica, depois, através dos comentadores árabes, juntou-se a metafísica, a física, a ética e a psicologia 213
  • 214. SÃO TOMÁS DE AQUINO  Seu maior mérito foi a síntese do cristianismo com a visão aristotélica do mundo, introduzindo o aristotelismo, sendo redescoberto na Idade Média, na Escolástica anterior, compaginou um e outro, de forma a obter uma sólida base filosófica para a teologia e retificando o materialismo de Aristóteles  Em suas duas Summae, sistematizou o conhecimento teológico e filosófico de sua época: são elas a Summa Theologiae, a Summa Contra Gentiles 214
  • 215. SÃO TOMÁS DE AQUINO  A partir dele, a Igreja tem uma Teologia (fundada na revelação) e uma Filosofia (baseada no exercício da razão humana) que se fundem numa síntese definitiva: fé e razão, unidas em sua orientação comum rumo a Deus  Sustentou que a filosofia não pode ser substituída pela teologia e que ambas não se opõem  Afirmou que não pode haver contradição entre fé e razão 215
  • 216. SÃO TOMÁS DE AQUINO  Explica que toda a criação é boa, tudo o que existe é bom, por participar do ser de Deus, o mal é a ausência de uma perfeição devida e a essência do mal é a privação ou ausência do bem.  Além da sua Teologia e da Filosofia, desenvolveu também uma Teoria do conhecimento e uma Antropologia, deixou também escrito conselhos políticos: Do governo do Príncipe, ao rei de Chipre, que se contrapõe, do ponto de vista da ética, ao "O Príncipe" de Nicolau Maquiavel 216
  • 217. SÃO TOMÁS DE AQUINO  Com o uso da razão é possível demonstrar a existência de Deus, para isto propõe as 5 vias de demonstração:  Primeira via  Primeiro Motor Imóvel: Tudo o que se move é movido por alguém, é impossível uma cadeia infinita de motores provocando o movimento dos movidos, pois do contrário nunca se chegaria ao movimento presente, logo há que ter um primeiro motor que deu início ao movimento existente e que por ninguém foi movido 217
  • 218. SÃO TOMÁS DE AQUINO  Segunda via  Causa Primeira: Decorre da relação "causa-e-efeito" que se observa nas coisas criadas. É necessário que haja uma causa primeira que por ninguém tenha sido causada, pois a todo efeito é atribuída uma causa, do contrário não haveria nenhum efeito pois cada causa pediria uma outra numa sequência infinita 218
  • 219. SÃO TOMÁS DE AQUINO  Terceira via  Ser Necessário: Existem seres que podem ser ou não ser (contingentes), mas nem todos os seres podem ser desnecessários se não o mundo não existiria, logo é preciso que haja um ser que fundamente a existência dos seres contingentes e que não tenha a sua existência fundada em nenhum outro ser 219
  • 220. SÃO TOMÁS DE AQUINO  Quarta via  Ser Perfeito: Verifica-se que há graus de perfeição nos seres, uns são mais perfeitos que outros, qualquer graduação pressupõe um parâmetro máximo, logo deve existir um ser que tenha este padrão máximo de perfeição e que é a Causa da Perfeição dos demais seres 220
  • 221. SÃO TOMÁS DE AQUINO  Quinta via  Inteligência Ordenadora: Existe uma ordem no universo que é facilmente verificada, ora toda ordem é fruto de uma inteligência, não se chega à ordem pelo acaso e nem pelo caos, logo há um ser inteligente que dispôs o universo na forma ordenada 221
  • 222. GUILHERME DE OCKHAM  (1285 em Ockham, Inglaterra — 9 de abril de 1347, Munique), provavelmente o criador da teoria da Navalha de Ockham, foi um filósofo da lógica e um teólogo escolástico inglês, considerado como o representante mais eminente da escola nominalista, principal corrente das escolas tomista e escotista  É um filósofo que deixa transparecer sua intensa luta pela liberdade e que ao longo de sua vida jamais permitiu que a tirassem e, mais, buscou através de suas obras orientar para que os homens de sua época também não o permitissem 222
  • 223. GUILHERME DE OCKHAM  O conceito de liberdade  Para a ética, a liberdade é o assunto por excelência  A liberdade é muito importante para a ética, porque se ocupa do agir humano, da finalidade de nossa vida e existência  Para Ockham, a liberdade apresenta-se como a possibilidade que se tem de escolher entre o sim ou o não, de poder escolher entre o que me convém ou não e decidir e dar conta da decisão tomada ou de simplesmente deixar acontecer 223
  • 224. GUILHERME DE OCKHAM  A preocupação de Guilherme de Ockham é com o fato de que o poder tirânico é contrário à natureza e à liberdade a nós concedida por Deus  Isto não é admitido como verdade por todos os filósofos, mas para o pensamento medieval do qual Ockham é um representante, mesmo que tenha sido rejeitado ao romper com algumas questões medievais, isso é uma verdade, pois o filósofo medieval aceita a verdade revelada como verdade e a fé como critério de conhecimento 224
  • 225. GUILHERME DE OCKHAM  O confronto de duas teorias  Este é um princípio filosófico que reza o seguinte: existindo diversas teorias e não havendo evidências que comprovem se é mais verdadeira alguma em relação a outras, vale a mais simples, ou se existirem dois caminhos que levem ao mesmo resultado, usa-se o mais curto, e que pode ser provado sensorialmente 225
  • 226. GUILHERME DE OCKHAM  Em outras palavras, não se deve aplicar a um fenômeno nenhuma causa que não seja logicamente dedutível da experiência sensorial  A regra, inspirada na economia medieval, foi usada pelo filósofo para eliminar muitas das entidades com que os pensadores escolásticos explicavam a realidade 226
  • 227. GUILHERME DE OCKHAM  Ockham denuncia aqueles que em nome da religião, passaram a usurpar a liberdade. E que tais usurpadores entendem, assim como ele, a liberdade como um dom de Deus e da natureza 227
  • 228. GUILHERME DE OCKHAM  Ockham escreveu sua obra cognominada Ordinatio, esta discorria que todo conhecimento racional tem base na lógica, de acordo com os dados proporcionados pelos sentidos  Uma vez que nós só conhecemos entidades palpáveis, concretas, os nossos conceitos não passam de meios linguísticos para expressar uma ideia, portanto, precisam da realidade física, para as comprovações  Criou a máxima: “pluralidades não devem ser postas sem necessidade” 228
  • 229. GUILHERME DE OCKHAM  A Navalha de Ockham  Conceito bastante revolucionário para a época, a Navalha de Ockham defende a intuição como ponto de partida para o conhecimento do universo.  Ockham com destreza conseguiu demonstrar que o "Duns Scotus", princípio da economia, conhecido como a "navalha de Ockham", estabelece que "as entidades não devem ser multiplicadas além do necessário, a natureza é por si econômica e não se multiplica em vão" 229
  • 231. HISTÓRIA E PROGRESSO  Século XIX – a Filosofia tem uma visão otimista da Ciência. “Saber para prever, prever para prover” Comte  O desenvolvimento social se faria por um aumento do conhecimento científico e do controle científico da sociedade  Século XX – Surgem problemas e a História é descontínua e não progressiva – cada sociedade tem sua própria história 231
  • 232. AS CIÊNCIAS E AS TÉCNICAS  Século XIX – Confiança plena e total no saber científico e na tecnologia para dominar e controlar a natureza, a sociedade e os indivíduos. Ex: a Sociologia e a Psicologia  Século XX – A decepção. A Filosofia desconfia das ciências. Vemos as guerras, os campos de concentração nazistas e estalinistas, as devastações, a poluição, as doenças, o aumento dos distúrbios e doenças mentais, os problemas éticos e políticos, etc... O domínio militar das ciências  Surge a Escola de Frankfurt que faz uma diferença entre razão instrumental e razão crítica 232
  • 233. OS IDEAIS POLÍTICOS REVOLUCIONÁRIOS  O Anarquismo, o Socialismo e o Comunismo (movimentos que criaram ideais para uma sociedade nova, justa e feliz). Isso no século XIX.  Século XX – A Filosofia desconfia do otimismo, pois a humanidade enfrenta ditaduras na Alemanha, Itália.... 233
  • 234. A CULTURA  Século XIX – a Filosofia descobre a cultura como um modo próprio e específico da existência dos seres humanos - estes são seres culturais – a cultura é o exercício da liberdade e também criação coletiva de ideias, símbolos e valores pelos quais uma sociedade faz seus julgamentos éticos. A cultura se manifesta como vida social, como criação das obras de pensamento e de arte, como vida religiosa e vida política  Século XX - A Filosofia afirma que a História é descontínua e que não há a Cultura, mas culturas diferentes – preconiza a pluralidade cultural 234
  • 235. O FIM DA FILOSOFIA  Século XIX – diante do otimismo científico e técnico a Filosofia supôs que as ciências conheceriam tudo e seriam capaz de explicar e controlar todas as coisas. A Filosofia poderia desaparecer  Século XX – a Filosofia duvida e começa a mostrar que as ciências não possuem princípios totalmente certos, seguros e rigorosos para as investigações, que os resultados podem ser duvidosos e precários, e que, frequentemente, uma ciência desconhece até onde pode ir e quando está entrando no campo de investigação de outra ciência 235
  • 236. O FIM DA FILOSOFIA  A Filosofia volta a afirmar seu papel de compreensão e interpretação crítica das ciências, discutindo a validade de seus princípios, etc...  A Filosofia, segundo Husserl, é o estudo e o conhecimento rigorosos da possibilidade do próprio conhecimento científico, examinando os fundamentos, os métodos e os resultados das ciências 236
  • 237. A MAIORIDADE DA RAZÃO  Século XIX - O otimismo filosófico triunfava e a Filosofia afirmava que os seres humanos haviam suplantado a superstição, as explicações mágicas e fantásticas da realidade e alcançado a maioridade racional. A razão havia se desenvolvido plenamente e com isso conheceria integralmente a realidade a as ações humanas.  A Punhalada veio com Freud (que descobriu a força do Inconsciente) e com Marx (que trabalhou a questão da Ideologia). 237
  • 238. A MAIORIDADE DA RAZÃO  A Filosofia se viu obrigada a reabrir a discussão sobre o que é e o que pode a razão, sobre o que é e o que pode a consciência reflexiva ou o sujeito do conhecimento, sobre o que são e o que podem as aparências e as ilusões. Também a Filosofia reabriu discussões em torno das questões éticas e morais 238
  • 239. INFINITO E FINITO  Século XIX –o mais importante sempre foi a ideia de infinito. Prevalecia a ideia de todo ou de totalidade, da qual os humanos fazem parte e participam  Século XX – A Filosofia dá mais importância ao finito – ao que surge e desaparece, ao que tem fronteiras e limites. O Existencialismo define o homem como “um ser para a morte” – um ser que sabe que é temporal e que termina e que precisa encontrar em si mesmo o sentido de sua existência. O homem enfrenta sua finitude por meio das artes e da ação revolucionária (isso para dar sentido à brevidade e finitude de sua vida. Também valoriza a Filosofia da Diferença 239
  • 240. NOSSOS DIAS: A PÓS-MODERNIDADE  Em 1980 acabou a modernidade  Modernidade: época da sociedade industrial  Pós-modernidade: época pós-industrial  Modernidade: Conjunto de ideias e de valores que norteiam a Filosofia e as Ciências desde o século XVIII até 1980  Aspectos da modernidade:  a) No campo do conhecimento  b) No campo da prática 240
  • 241. NOSSOS DIAS: A PÓS-MODERNIDADE 1) Racionalismo – confiança no poder da razão para distinguir entre aparência e realidade e para conhecer e transformar a realidade;  2) Distinção entre interior e exterior, entre sujeito e objeto;  3) Afirmação da capacidade da razão humana para conhecer a essência ou a estrutura interna de todos os seres, definindo as causas e condições pelas quais é determinada a identidade de cada coisa e sua realidade e demonstrando as relações entre elas. 241
  • 242. NOSSOS DIAS: A PÓS-MODERNIDADE  No campo político  2.1) afirmação da diferença entre a necessidade que rege a ordem natural ou as leis da natureza e a ordem humana ou da cultura (ética, política e artes). Aqui as coisas podem ser mudadas  2.2) afirmação de que os seres humanos são indivíduos e agentes livres porque são seres racionais dotados de vontade, capazes de controlar e moderar suas paixões e seus desejos e que escolhem por si mesmos as ações que praticam, sendo por isso responsáveis por elas 242
  • 243. NOSSOS DIAS: A PÓS-MODERNIDADE  No campo político  2.3) distinção entre o público e o privado – critérios claros  2.4) afirmação dos ideais da Revolução francesa  2.5) afirmação de um sentido progressivo da História ou dos ideais revolucionários da emancipação do gênero humano, com lutas sociais e políticas contra a opressão e a exploração econômica, social, política e cultural 243
  • 244. NOSSOS DIAS: A PÓS-MODERNIDADE - Considera infundadas as pretensões da razão no conhecimento e na prática, quando não um disfarce para o exercício da dominação sobre os humanos - O conhecimento está ligado a utilidade e eficácia - O conhecimento visa a invenção ou construção de objetos teóricos e técnicos - Não admite a distinção entre ordem natural necessária e ordem histórica ou cultural instituída pelos homens: ambas são invenções ou instituições humanas, contingentes, efêmeras, passageiras 244
  • 245. NOSSOS DIAS: A PÓS-MODERNIDADE - Concebe o homem como um ser passional, desejante, que age movido por impulsos e instintos, embora, ao mesmo tempo, institua uma ordem social que reprime seus desejos e paixões. A ética é individual (na esfera dos desejos) - Desconfia da política: a democracia gera a apatia do cidadão. Dá importância à esfera da intimidade individual 245