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Excerto do Manual pedagógico - Massagem Terapêutica e Desportiva
Tema - Fricções transversas profundas (FTP)



Técnicas miofasciais localizadas

Sempre que um terapeuta realiza uma técnica miofascial sobre uma estrutura
específica ou uma pequena região muscular ou fascial, é considerada uma técnica
localizada.

Estas modalidades são utilizadas com frequência sobre pequenos elementos
estruturais da rede fascial (ligamentos, tendões, junções musculotendinosas ou
pontos específicos ao longo das fronteiras fasciais), sendo também utilizadas para
aceder a cicatrizes ou lesões localizadas durante o processo de cicatrização.

Estas técnicas locais são também classificadas de directas ou indirectas. Técnicas
miofasciais directas são aplicadas na região que apresenta problemas e/ou sobre
aderências, enquanto nas técnicas indirectas o estímulo acontece na área vizinha à
região problemática. Os técnicos podem utilizar ambas as formas como parte
regular da massagem de manutenção, quer para aceder a uma zona de
cicatriz/aderência ou para trabalhar zonas de sobrecarga.

Fricção Transversa Profunda

A FTP é uma técnica localizada aplicada sobre o tecido conjuntivo durante a fase
sub-aguda e de maturação do processo de cicatrização.

A maior parte dos terapeutas estão familiarizados para esta técnica graças aos
trabalhos de James Cyriax, um defensor desta ferramenta de trabalho como
modalidade terapêutica. As primeiras fibras de tecido cicatricial são naturalmente
desalinhadas (formando pontes cruzadas) no local de lesão e a mobilização é
necessária para indicar as linhas de tracção da estrutura e estabelecer um
alinhamento mais organizado. A FTP introduz a mobilização do tecido para
evitar/prevenir a formação de quaisquer fibras que se consolidem num padrão
contrário ao sentido fisiologicamente mais saudável.

Adicionalmente, esta ferramenta obriga os mastócitos a libertar histamina que
criando uma hipermia local e um aumento da permeabilidade capilar potenciando
um processo de cicatrização mais harmonioso.

        Mecânica do movimento

Esta técnica é normalmente realizada
de duas formas: ou com os “dedos
em apoio” ou com o polegar/es com
pressão suficiente para aceder à
estrutura lesionada. A quantidade de
pressão apropriada é variável de
pessoa para pessoa, com a dor e a
resistência do tecido a servirem como
guias    primários.    O    tecido  é
movimentado como uma unidade
com os dedos/polegar até ao ponto
de alongamento sem que exista
deslizamento sobre a pele.

A direcção inicial do movimento deve ser perpendicular ao alinhamento das fibras
musculares, ligamento ou tendão lesionado. É esta tracção que quebra as
potenciais ligações cruzadas que promovem desorganização neste novo tecido
cicatricial.


                                       Hugo Pedrosa 2009
Excerto do Manual pedagógico - Massagem Terapêutica e Desportiva
Tema - Fricções transversas profundas (FTP)




Por outras palavras, é esta característica que torna a FTP efectiva, não
propriamente a profundidade do trabalho. Deixamos algumas directrizes de
aplicação:

    •   A sua aplicação deve ser precedida de aquecimento e preparação do tecido
        (através de massagem geral ou de uma breve aplicação de calor);
    •   Deve ser realizada sem lubrificante para evitar o deslizamento sobre a pele;
    •   Deve ser realizada através de uma manobra com amplitude adequada para
        alongar/separar as fibras;
    •   A estrutura deve estar numa posição relaxada, excepto onde existe um
        retináculo denso (punhos e tornozelo), ficando neste caso em posição de
        alongamento. Nesta posição a FTP movimenta e alonga o retináculo de
        forma mais poderosa e com mais resultados ao nível das aderências;
    •   Deve ser perpendicular às fibras inicialmente, depois ajustada para
        responder às múltiplas direcções das restrições presentes no tecido;
    •   Realiza-se com a frequência necessária para que a mudança estrutural
        ocorra;

Princípios do tratamento com utilização da FTP

Os objectivos do tratamento na fase sub-aguda e de maturação incluem facilitar
um realinhamento mais correcto das novas fibras instaladas. Dado que a região
lesionada é frágil na fase sub-aguda, pressão moderada é suficiente para quebrar
as ligações indesejadas (devemos ter especial cuidado para não provocar
novamente um processo inflamatório e edema). Para ser eficaz mas da mesma
forma evitar sobrecarregar o tecido, os primeiros tratamentos com FTP devem
seguir uma fórmula de grande precaução.

                                     Nenhum tratamento deverá despertar grande dor
                                     (acima do grau 6 numa escala de 0 a 10). A técnica
                                     não deve ser realizada sobre tecido com edema
                                     mas a partir do momento em que este evento
                                     fisiológico desaparece, aplicam-se as seguintes
                                     regras:
                                     1 – Aquecer o tecido com uma pequena aplicação
                                     de calor ou de massagem geral sem lubrificante;
                                     2 – Iniciar a FTP em ângulos adequados sobre as
                                     fibras/região a trabalhar, utilizando a pressão
                                     suficiente para tracionar o tecido e com um nível de
                                     desconforto até ao grau 6.

3 – Após um minuto de trabalho voltar novamente a monitorizar o grau de
desconforto do cliente. À medida que a dor diminui o terapeuta pode ou não
aumentar a pressão (para 6). Interrompe-se imediatamente se após o primeiro
minuto a dor não for menor.
4 – Quando o tratamento continua para lá do primeiro minuto, nunca esquecer de
pedir o feedback ao cliente (3 minutos é o tempo máximo para a realização de FTP
nesta fase).
5 – Sempre que a técnica é interrompida, colocar o músculo (passivamente) onde
está instalada a lesão, em posição encurtada, solicitando ao cliente que realize 5
contracções isométricas nesta posição contra a resistência manual do terapeuta.
Estas contracções servem para promover libertação estrutural.
6 – Após as contracções segue-se um alongamento suave, massagem com gelo na
região trabalhada e aplicação de 5 a 10 minutos de massagem aos músculos
envolventes e antagonistas. Se for mais prático, o gelo e a massagem podem
aparecer simultaneamente, ou a massagem pode preceder a aplicação de frio.

                                       Hugo Pedrosa 2009
Excerto do Manual pedagógico - Massagem Terapêutica e Desportiva
Tema - Fricções transversas profundas (FTP)



Este procedimento é repetido diariamente até aos 3 minutos de FTP sejam
tolerados sem que se verifique dor/desconforto residual no dia seguinte. Uma vez
atingido o objectivo, a duração da técnica é aumentada em 1 a 2 minutos por
sessão, mais uma vez utilizando o grau de dor como parâmetro para parar até os 5
minutos sejam bem tolerados.

O número de contracções isométricas e de massagem também aumentam ao longo
do processo. Os terapeutas podem decidir continuar a duração até aos 10 minutos
numa única sessão (nunca mais tempo).
                                                 Uma vez a lesão instalada na
                                                 fase de maturação, a FTP
                                                 seguida de gelo podem já não
                                                 ser     necessários,    mas     as
                                                 contracções isométricas e a
                                                 massagem devem permanecer.
                                                 Quando esta ferramenta é
                                                 utilizada em casos crónicos,
                                                 fibroses ou cicatrizes, a fórmula
                                                 de aplicação é mais agressiva
                                                 do que aquela descrita para a
                                                 fase     sub-aguda.     O    calor
                                                 aplicado no passo 1 pode ser
                                                 aumentado para 10 minutos
                                                 para moldar completamente o
                                                 colagénio antes de aplicar a
                                                 FTP.

Em alguns casos, uma aplicação superior aos 10 minutos pode dar uma sensação
de um tecido edematoso e dificultar a palpação das marcas necessárias para a
aplicação de uma FTP precisa.

A primeira aplicação pode atingir os 5 minutos em vez dos 3 descritos
anteriormente quando tratamos lesões crónicas.

No caso de estarmos perante uma tendinite, toda a estrutura pode estar inflamada.
Estímulo repetido causa inflamação crónica e proliferação de ligações cruzadas
indesejadas que provocam grandes restrições e irritação da estrutura (entrando
num ciclo crónico). Desta forma, o primeiro passo no tratamento por FTP numa
tendinite pode ser a aplicação de frio na região durante 5 minutos para reduzir a
dor e a inflamação. Este processo permite ao técnico traccionar o tecido a um nível
superior e aumentar a duração do tratamento para os 3 minutos na primeira
sessão. Os restantes procedimentos mantêm-se semelhantes. Contudo, continua a
ser de grande importância controlar e evitar a dor residual e ao aumento do edema
(inchaço).

De seguida apresenta-se um exemplo de aplicação de FTP num caso de tendinite
crónica no tendão de Aquiles:

1 – Massagem com gelo sobre o tendão durante 7 minutos ou até a área estar
avermelhada e dormente;
2 – Colocar o pé em posição neutra ou em ligeira flexão dorsal, iniciar FTP sobre o
tendão como uma pressão de nível 6 (numa escala de 0 a 10);
3 – ……….

Todos estes procedimentos são trabalhados ao longo da formação. Solicite
informações para hpedrosa_31@sapo.pt.


                                       Hugo Pedrosa 2009

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Excerto do manual de Massagem Terapêutica

  • 1. Excerto do Manual pedagógico - Massagem Terapêutica e Desportiva Tema - Fricções transversas profundas (FTP) Técnicas miofasciais localizadas Sempre que um terapeuta realiza uma técnica miofascial sobre uma estrutura específica ou uma pequena região muscular ou fascial, é considerada uma técnica localizada. Estas modalidades são utilizadas com frequência sobre pequenos elementos estruturais da rede fascial (ligamentos, tendões, junções musculotendinosas ou pontos específicos ao longo das fronteiras fasciais), sendo também utilizadas para aceder a cicatrizes ou lesões localizadas durante o processo de cicatrização. Estas técnicas locais são também classificadas de directas ou indirectas. Técnicas miofasciais directas são aplicadas na região que apresenta problemas e/ou sobre aderências, enquanto nas técnicas indirectas o estímulo acontece na área vizinha à região problemática. Os técnicos podem utilizar ambas as formas como parte regular da massagem de manutenção, quer para aceder a uma zona de cicatriz/aderência ou para trabalhar zonas de sobrecarga. Fricção Transversa Profunda A FTP é uma técnica localizada aplicada sobre o tecido conjuntivo durante a fase sub-aguda e de maturação do processo de cicatrização. A maior parte dos terapeutas estão familiarizados para esta técnica graças aos trabalhos de James Cyriax, um defensor desta ferramenta de trabalho como modalidade terapêutica. As primeiras fibras de tecido cicatricial são naturalmente desalinhadas (formando pontes cruzadas) no local de lesão e a mobilização é necessária para indicar as linhas de tracção da estrutura e estabelecer um alinhamento mais organizado. A FTP introduz a mobilização do tecido para evitar/prevenir a formação de quaisquer fibras que se consolidem num padrão contrário ao sentido fisiologicamente mais saudável. Adicionalmente, esta ferramenta obriga os mastócitos a libertar histamina que criando uma hipermia local e um aumento da permeabilidade capilar potenciando um processo de cicatrização mais harmonioso. Mecânica do movimento Esta técnica é normalmente realizada de duas formas: ou com os “dedos em apoio” ou com o polegar/es com pressão suficiente para aceder à estrutura lesionada. A quantidade de pressão apropriada é variável de pessoa para pessoa, com a dor e a resistência do tecido a servirem como guias primários. O tecido é movimentado como uma unidade com os dedos/polegar até ao ponto de alongamento sem que exista deslizamento sobre a pele. A direcção inicial do movimento deve ser perpendicular ao alinhamento das fibras musculares, ligamento ou tendão lesionado. É esta tracção que quebra as potenciais ligações cruzadas que promovem desorganização neste novo tecido cicatricial. Hugo Pedrosa 2009
  • 2. Excerto do Manual pedagógico - Massagem Terapêutica e Desportiva Tema - Fricções transversas profundas (FTP) Por outras palavras, é esta característica que torna a FTP efectiva, não propriamente a profundidade do trabalho. Deixamos algumas directrizes de aplicação: • A sua aplicação deve ser precedida de aquecimento e preparação do tecido (através de massagem geral ou de uma breve aplicação de calor); • Deve ser realizada sem lubrificante para evitar o deslizamento sobre a pele; • Deve ser realizada através de uma manobra com amplitude adequada para alongar/separar as fibras; • A estrutura deve estar numa posição relaxada, excepto onde existe um retináculo denso (punhos e tornozelo), ficando neste caso em posição de alongamento. Nesta posição a FTP movimenta e alonga o retináculo de forma mais poderosa e com mais resultados ao nível das aderências; • Deve ser perpendicular às fibras inicialmente, depois ajustada para responder às múltiplas direcções das restrições presentes no tecido; • Realiza-se com a frequência necessária para que a mudança estrutural ocorra; Princípios do tratamento com utilização da FTP Os objectivos do tratamento na fase sub-aguda e de maturação incluem facilitar um realinhamento mais correcto das novas fibras instaladas. Dado que a região lesionada é frágil na fase sub-aguda, pressão moderada é suficiente para quebrar as ligações indesejadas (devemos ter especial cuidado para não provocar novamente um processo inflamatório e edema). Para ser eficaz mas da mesma forma evitar sobrecarregar o tecido, os primeiros tratamentos com FTP devem seguir uma fórmula de grande precaução. Nenhum tratamento deverá despertar grande dor (acima do grau 6 numa escala de 0 a 10). A técnica não deve ser realizada sobre tecido com edema mas a partir do momento em que este evento fisiológico desaparece, aplicam-se as seguintes regras: 1 – Aquecer o tecido com uma pequena aplicação de calor ou de massagem geral sem lubrificante; 2 – Iniciar a FTP em ângulos adequados sobre as fibras/região a trabalhar, utilizando a pressão suficiente para tracionar o tecido e com um nível de desconforto até ao grau 6. 3 – Após um minuto de trabalho voltar novamente a monitorizar o grau de desconforto do cliente. À medida que a dor diminui o terapeuta pode ou não aumentar a pressão (para 6). Interrompe-se imediatamente se após o primeiro minuto a dor não for menor. 4 – Quando o tratamento continua para lá do primeiro minuto, nunca esquecer de pedir o feedback ao cliente (3 minutos é o tempo máximo para a realização de FTP nesta fase). 5 – Sempre que a técnica é interrompida, colocar o músculo (passivamente) onde está instalada a lesão, em posição encurtada, solicitando ao cliente que realize 5 contracções isométricas nesta posição contra a resistência manual do terapeuta. Estas contracções servem para promover libertação estrutural. 6 – Após as contracções segue-se um alongamento suave, massagem com gelo na região trabalhada e aplicação de 5 a 10 minutos de massagem aos músculos envolventes e antagonistas. Se for mais prático, o gelo e a massagem podem aparecer simultaneamente, ou a massagem pode preceder a aplicação de frio. Hugo Pedrosa 2009
  • 3. Excerto do Manual pedagógico - Massagem Terapêutica e Desportiva Tema - Fricções transversas profundas (FTP) Este procedimento é repetido diariamente até aos 3 minutos de FTP sejam tolerados sem que se verifique dor/desconforto residual no dia seguinte. Uma vez atingido o objectivo, a duração da técnica é aumentada em 1 a 2 minutos por sessão, mais uma vez utilizando o grau de dor como parâmetro para parar até os 5 minutos sejam bem tolerados. O número de contracções isométricas e de massagem também aumentam ao longo do processo. Os terapeutas podem decidir continuar a duração até aos 10 minutos numa única sessão (nunca mais tempo). Uma vez a lesão instalada na fase de maturação, a FTP seguida de gelo podem já não ser necessários, mas as contracções isométricas e a massagem devem permanecer. Quando esta ferramenta é utilizada em casos crónicos, fibroses ou cicatrizes, a fórmula de aplicação é mais agressiva do que aquela descrita para a fase sub-aguda. O calor aplicado no passo 1 pode ser aumentado para 10 minutos para moldar completamente o colagénio antes de aplicar a FTP. Em alguns casos, uma aplicação superior aos 10 minutos pode dar uma sensação de um tecido edematoso e dificultar a palpação das marcas necessárias para a aplicação de uma FTP precisa. A primeira aplicação pode atingir os 5 minutos em vez dos 3 descritos anteriormente quando tratamos lesões crónicas. No caso de estarmos perante uma tendinite, toda a estrutura pode estar inflamada. Estímulo repetido causa inflamação crónica e proliferação de ligações cruzadas indesejadas que provocam grandes restrições e irritação da estrutura (entrando num ciclo crónico). Desta forma, o primeiro passo no tratamento por FTP numa tendinite pode ser a aplicação de frio na região durante 5 minutos para reduzir a dor e a inflamação. Este processo permite ao técnico traccionar o tecido a um nível superior e aumentar a duração do tratamento para os 3 minutos na primeira sessão. Os restantes procedimentos mantêm-se semelhantes. Contudo, continua a ser de grande importância controlar e evitar a dor residual e ao aumento do edema (inchaço). De seguida apresenta-se um exemplo de aplicação de FTP num caso de tendinite crónica no tendão de Aquiles: 1 – Massagem com gelo sobre o tendão durante 7 minutos ou até a área estar avermelhada e dormente; 2 – Colocar o pé em posição neutra ou em ligeira flexão dorsal, iniciar FTP sobre o tendão como uma pressão de nível 6 (numa escala de 0 a 10); 3 – ………. Todos estes procedimentos são trabalhados ao longo da formação. Solicite informações para hpedrosa_31@sapo.pt. Hugo Pedrosa 2009