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Agradecimentos aos seguintes entrevistados (em ordem alfabética):
Adriano Natale (IFT/Unesp), Carlos Ourívio Escobar (Unicamp) e George Matsas (IFT/Unesp)
A.A.WATSON.‘UltraHighEnergyCosmicRays:Thepresentposition
and the need for mass composition measurements’.
In: arXiv:astro-ph/0312475 v1 (18/12/03)
A. D. ERLYKIN e A. W. WOLFENDALE. ‘The origin of cosmic rays’.
In: European Journal of Physics, vol. 20, pp. 409-418, 1999
AUGEROBSERVATORY(www.auger.org)
C.O.ESCOBAReR.C.SHELLARD.‘Energiasextremasnouniverso’.
In: Ciência Hoje nº 151, julho de 1999
C.L.VIEIRAeA.A.P.VIDEIRA.‘50anosdadescobertadomésonpi
– um relato jornalístico’. In: série Ciência e Memória (ON, 1997)
C. LATTES. ‘Modéstia, ciência e sabedoria’ (Entrevista concedida
aFernandodeSouzaBarros,MichelineNussenzveigeCássioLeite
Vieira). In: Ciência Hoje nº 112, pp. 10-22, 1995
COMCIÊNCIA. ‘Raios cósmicos’, nº 42, maio de 2003
(www.comciencia.br).
F.CLOSE,M.MARTENeCHRISTINESUTTON.TheParticleExplosion
(Oxford University Press, Oxford, 1987)
G. BEISER e A. BEISER. TheStoryofCosmicRays(PhoenixHouse,
London,1962)Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas
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at Extreme Energies’. In: Science vol. 291, 05/01/2001, pp. 73-79
H.MUIR.‘Afastrain'sgoingtofall’.In:NewScientist,07/12/1996,
pp. 38-42
I. SEMENIUK. ‘Ultrahigh Energy Cosmic Rays – Astronomy’s
Phantom Foul Balls’. In: Sky &Telescope, março 2003, pp. 32-40
J.A.OTAOLAeJ.F.VALDEZ-GALICIA.LosRayosCósmicos:mensajeros
delasestrellas.(FondodeCulturaEconómica,MéxicoD.F.,1992)
J.CRONIN.‘Oenigmadasmicropartículascommacroenergia’.(En-
trevistaaR.C.ShellardeC.LVieira).In: CiênciaHoje nº124,1996
J.LINSLEY.Sériedeentrevistasconcedidasporcorreioeletrônico
a Cássio Leite Vieira entre 16 de e 30 de abril de 1998
R. OPHER. ‘Introduction to the Third Workshop on New Space
Physics from Space’. In: www.astro.iag.usp.br/~novafis/
introduction.html
R.C.SHELLARD‘Energiasextremasnouniverso’.In:CBPF–Navan-
guarda da pesquisa. C. L. Vieira (ed.) (Rio de Janeiro, CBPF, 2001).
R. C. SHELLARD. ‘Cosmic Accelerators andTerrestrial Detectors’.
In:BrazilianJournalofPhysicsvol.31,nº2,junho2001,pp.247-254
Sumário
SUGESTÕES PARA LEITURA PODEM SER ENCONTRADAS EM http://www.cbpf.br/complexos
A
comemoração dos 80 anos de Cesar Lattes em 11 de julho de 2004
nos dá um bom motivo para relembrar a descoberta do méson pi, um
dos mais importantes feitos de um cientista brasileiro, e falar das
novidades que acontecem na área de raios cósmicos, essas estranhas partículas que
nos chegam de todos os cantos do universo.
Importante para o surgimento da física de partículas elementares – que estuda
os constituintes últimos da matéria e que teve um desenvolvimento prodigioso na segun-
da metade do século passado –, a descoberta do méson pi, graças ao prestígio adqui-
rido por Lattes, teve também influência decisiva na criação do Centro Brasileiro de
Pesquisas Físicas (CBPF) e no desenvolvimento da própria física no Brasil.
Nasúltimasdécadas,aceleradoresdepartículascadavezmaispoderososdominaram
o panorama da física experimental de partículas. No entanto, novos desafios científicos
renovaram recentemente o interesse e a importância do estudo de raios cósmicos,
em particular daqueles de energias altíssimas.
A construção de um observatório nos pampas argentinos – ocupando um espaço
superior a três vezes a área da cidade do Rio de Janeiro e com importante partici-
pação brasileira e do CBPF – possibilitará, quem sabe, resolver os enigmas que
aqui apresentamos.
Com este folder, damos prosseguimento às atividades de divulgação científica
realizadas pelo CBPF. Esta série destina-se ao público não especializado, que encontrará
aqui uma iniciação aos raios cósmicos e também referências para leituras mais
aprofundadas sobre essa área fascinante e atual. Mais uma vez, esperamos que esta
iniciativa sirva para despertar vocações, mostrando a jovens estudantes um dos campos
mais instigantes da física deste novo século.
João dos Anjos
DIRETOR DO CBPF
Raios
Cósmicos
Energias extremas
no universo
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
INVASORES DE CORPOS
• Bombardeio espacial
• Um Everest a 200 mil km/h
ESTILHAÇOS DE MATÉRIA
• Dois rumos
• Prótons e núcleos
• Antimatéria e estranhas
DA TORRE EIFFEL A BALÕES
• Um padre e um balonista
• Raios ou corpúsculos?
• Chuveiro extenso
O MÉSON PI
• Chuveiros penetrantes
• Lattes em Bristol
• No acelerador
DE ONDE VÊM?
• Estrelas moribundas
• Nas vizinhanças
QUANTOS CHEGAM?
• Pizza quilométrica
• Um pouco de física
• Sobem dez, caem mil
AS HIPÓTESES
• Impulsão e decaimento
• Magnestars
• Choques de galáxias
• Buracos negros
• Explosões de raios gama
• Partículas exóticas
• Defeitos topológicos
OS ZÉVATRONS CHEGARAM
• Volcano Ranch
• No chão e no ar
• Recorde no olho de mosca
GIGANTE HÍBRIDO
DOS PAMPAS
• Em busca de respostas
• Consórcio internacional
• Três vezes o Rio
• Mais rápido que a luz
• Celular e GPS
• Noites claras e sem nuvens
• Quantos serão capturados?
NO BRASIL E NO CBPF
• Detectores e análise
NOVA FÍSICA?
• 100 milhões de vezes
• Além do modelo padrão?
RaiosCósmicos
Energiasextremasnouniverso
No Brasil e no CBPF
DETECTORES E ANÁLISE • O CBPF foi res-
ponsável pela coordenação da etapa co-
nhecida como rede de engenharia – ou seja,
aimplantaçãodos40primeirosdetectores–,bem
como pela coordenação das tarefas ligadas ao pro-
cessamento e à análise de dados. A Universidade Es-
tadual de Campinas desenvolveu um equipamento
que permite aos telescópios ‘olhos de mosca’ captar
duas vezes mais luz dos rastros de fluorescência na at-
mosfera. O Brasil ainda produziu as janelas dos teles-
cópios, os tanques e as baterias.
Invasores de corpos
BOMBARDEIO ESPACIAL • Neste exato instante, você
está sendo bombardeado. A cada segundo, dezenas de
invasores do espaço atravessam seu corpo. Eles são
subproduto dos raios cósmicos, partículas extremamen-
te energéticas que, ao penetrarem a atmosfera da Terra,
chocam-se contra núcleos atômicos e produzem uma im-
pressionante cascata de par-
tículas e radiação. Essa ‘chu-
veirada’ pode chegar ao solo
contendo centenas de bi-
lhões de partículas.
UM EVEREST A 200 MIL
KM/H • A energia de um
raio cósmico pode variar
em até 100 bilhões de ve-
zes. Há os mais ‘fracos’ e
comuns. E aqueles ra-
ros e ultra-energéticos.
Se um micrograma des-
se último tipo atingisse
a Terra, o choque seria equi-
valente ao de um asteróide com a massa do
monte Everest, o mais alto pico do mundo, viajando a 200
mil km/h. De onde eles vêm? O que lhes imprime tama-
nhaenergia?Essessãoapenasdoisdosmistériosque
tornam o estudo dos raios cósmicos uma das áreas
mais instigantes da física deste início de século.
Da torre Eiffel a balões
UM PADRE E UM BALONISTA • Em 1910,
o padre jesuíta e físico holandês Theodor
Wulf (1868-1946) levou um único detec-
tor de radiação (eletroscópio) ao alto
da torre Eiffel, a 300 m de altura. Notou
que a radiação era mais
intensa que no solo.
Mas não foi além
em suas conclusões.
Entre 1911 e 1913,
o balonista e físico
austríaco Victor Hess
(1883-1964) se arris-
cou em dez vôos, le-
vando detectores a
quilômetros de altura.
Notou,porexemplo,que
a 5 km de altitude o ní-
vel de radiação era 16
vezes maior que no solo.
Fez um dos vôos durante
um eclipse solar. Os resultados se repeti-
ram. Sua conclusão: a ‘radiação etérea’
vinha do espaço, porém não do Sol. Em
1936, Hess ganhou o
Nobel de física pela
descoberta dos raios
cósmicos, como fo-
ram batizados em
meados da década
de 1920.
RAIOS OU CORPÚS-
CULOS? • Em 1927,
o físico holandês
Jacob Clay (1882-
1955) concluiu que
os raios cósmicos
erampartículascom
carga elétrica e não radiação muito ener-
gética. A prova final a favor dessa conclu-
são veio com o físico norte-americano
Arthur Compton (1892-1962) no início da
década de 1930 em experimentos que
envolveram dezenas de instituições ao
redor do mundo.
CHUVEIROEXTENSO • Em 1938, o
físico francês Pierre Auger (1899-
1993) descobriu que o impacto
inicial de um raio cósmico con-
tra um núcleo atmosférico gera
uma cascata de partículas, que
ele captou através de detectores
no solo dos Alpes. Batizou o fenô-
meno ‘chuveiros aéreos extensos’.
Estilhaços de matéria
DOIS RUMOS • A partir da década de 1930, o estu-
do dos raios cósmicos tomou dois rumos distintos:
a) descobrir o que eram e a origem dessas partículas;
b) usar as altas energias que elas carregam para esti-
lhaçar e descobrir a constituição básica da matéria.
PRÓTONS E NÚCLEOS • A resposta para a natureza
dos raios cósmicos só veio no final da década de 1940,
quando emulsões fotográficas levadas a grandes alti-
tudes por balões não tripulados permitiram revelar sua
composição. Eram basicamente núcleos atômicos, como
os de hidrogênio (prótons) e outros mais pesados. Quan-
to à origem, ainda hoje permanecem dúvidas.
ANTIMATÉRIA E ESTRANHAS • A segunda linha
permitiu, quase de imediato, a descoberta de
novas partículas. A primeira delas foi o pósitron
(a antimatéria do elétron) em 1932. Pouco de-
pois, a vez do múon (um ‘primo mais pesado’
do elétron). No final da década de 1940, os
choques de raios cósmicos contra a matéria re-
velaram as partículas estranhas, assim denomi-
nadas por ‘viverem’ muito mais tempo que outras par-
tículas instáveis.
O Méson Pi
CHUVEIROS PENETRANTES • No Brasil, a pes-
quisa em raios cósmicos se iniciou no Instituto Na-
cional de Tecnologia, com a chegada em 1933 do
físicoalemãoBernhardGross(1905-2002).Em1939,
em São Paulo, o físico ítalo-russo Gleb Wathagin
(1899-1986)eosbrasileirosMarcelloDamyePaulus
Pompéia(1910-1993)detectaramoschamadoschu-
veiros penetrantes – mais tarde, descobriu-se que
essas partículas com alto poder de penetração na
matéria eram múons. Os resultados foram publi-
cados no exterior.
LATTES EM BRISTOL • Porém, foi em 1947 que
os raios cósmicos levaram a um dos resultados
de maior repercussão internacional nessa área:
adetecçãodomésonpi.Essapartícula–respon-
sável pela força que mantém o núcleo atômi-
co coeso e proposta teoricamente pelo físico
japonês Hideki Yukawa (1907-1981) em 1935
– foi detectada em emulsões fotográficas
expostas nos Pirineus pela equipe liderada
pelo inglês Cecil Powell (1903-1969), com ampla
participação do brasileiro Cesar Lattes, que, em
seguida, viajou para a Bolívia para confirmar a exis-
tência dessas partículas em experimentos feitos no
monte Chacaltaya, a 5,2 km de altitude.
NO ACELERADOR • No ano seguinte, Lattes e o
norte-americanoEugeneGardner(1913-1950)detec-
taram mésons pi nos choques entre partículas que
ocorriam no acelerador da Universidade da Ca-
lifórnia, em Berkeley (Estados Unidos). Essas duas
detecções – a natural e a artificial – deram prestígio
internacional a Lattes e alavancaram a fundação do
CBPF, no Rio de Janeiro, em 1949. Mais tarde, ele
estabeleceu um grupo para estudos de rai-
os cósmicos em Chacaltaya que está em
atividade até hoje.
Nova física?
100 MILHÕES DE VEZES • Em 2006, o Observatório Pierre Auger já deve estar funcionando com plena
capacidade. Para se ter uma idéia dos níveis de energia com os quais esse experimento vai lidar, vale dizer
que o acelerador de partículas mais potente do planeta, o LHC (sigla, em inglês, para Grande Colisor de
Hádrons), que está sendo construído no Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Suíça), conseguirá
atingir, com o choque de partículas, energias cerca de 100 milhões de vezes menores que as dos zévatrons.
ALÉM DO MODELO PADRÃO? • Espera-se que, com a quantidade de zévatrons capturados por ano pelo
Auger, seja possível desvendar as fontes desses raios cósmicos ultra-energéticos. Porém, há a chance de
que sejam detectadas partículas de energia assombrosa, que nem mesmo se encaixam no modelo usa-
do pelos físicos para estudar o microuniverso atômico. Se for esse o caso, estará emergindo uma nova
física. Sem dúvida, um dos mistérios mais instigantes da natureza. Vale esperar pelas respostas, até
porque você, de certo modo, é parte do experimento: a cada segundo, lembre-se, dezenas de invasores
cósmicos estão atravessando seu corpo.
Quantos chegam?
PIZZA QUILOMÉTRICA • O chuveiro aéreo de partículas pode ter dezenas ou centenas de km2
de área
e conter centenas de bilhões de partículas. Essa ‘pizza’ viaja praticamente à velocidade da luz (cerca de
300 mil km/s) em direção ao solo, trazendo consigo mésons pi, radiação gama, elétrons, pósitrons, múons
e neutrinos – estes últimos podem atravessar a Terra sem praticamente interagir com um único fragmento
de matéria. São eles e os múons – também muito penetrantes – que chegam em maior número ao chão.
UM POUCO DE FÍSICA • Os físicos usam a unidade elétron-volt (eV) para medir a energia das partículas
subatômicas. Comparado com as energias a que estamos acostumados no cotidiano, o eV é insignificante.
Um próton ‘parado’ tem a energia de 109
eV (ou 1.000.000.000 eV). É mais ou menos nessa ordem de
grandeza que começam as energias dos raios cósmicos. Os ultra-energéticos, porém, chegam a ter energias
macroscópicas, do dia-a-dia. Nada mal para algo que é bilhões de vezes menor que um grão de areia. Para
se ter uma idéia, um próton com energia 1020
eV atinge 99,999999999999999999999% da velocidade da luz.
SOBEM DEZ, CAEM MIL • Para cada fator dez de aumento na energia, há uma diminuição de mil no fluxo
de raios cósmicos que atinge a Terra. Ou seja: quanto mais energéticos, mais raros. Os menos energéticos
(até 109
eV) chegam numa proporção de 10 mil por m2
a cada segundo. Para os de energia por volta de
1016
eV, essa quantidade cai para algo em torno de dez. Quando se chega a 1019
eV, detecta-se, em média, um
para cada km2
por ano. Os chamados zévatrons (1021
eV) são raríssimos: menos que um por km2
por século.
THEPARTICLEEXPLOSION/WWW.LIP.PT
THEPARTICLEEXPLOSION
WWW.AUGER.ORG
Os zévatrons chegaram
VOLCANO RANCH • Manhã de 7 agosto de 1962.
Volcano Ranch, fazenda perto de Albuquerque,
no Novo México (Estados Unidos). Vinte detecto-
res, espalhados por 40 km2
, recebem o impacto de
uma chuveirada de centenas de bilhões de partí-
culas. O primeiro raio cósmico ultra-energético da
história havia sido capturado pela equipe do físico
norte-americano John Linsley (1925-2002). Valor
energético estimado do zévatron: 0,14 x 1021
eV.
NO CHÃO E NO AR • O petardo cósmico capturado
por Linsley incentivou a comunidade
a saber mais sobre partículas com
tamanha energia. Nos anos se-
guintes, surgiram vários experi-
mentosparadetectarraioscós-
micos. Alguns, como Agasa (Ja-
pão), Havenah Park (Reino Uni-
dos) e Yakutsk (Sibéria), tam-
bém usavam detectores terres-
tres. Outros, a partir da década
de 1980, buscavam captar uma luz
fluorescente (ultravioleta) que resulta da
interação das partículas do chuveiro com
osátomosdaatmosfera,principalmenteos
de nitrogênio.
WWW.AUGER.ORG
ro que penetra o tanque viajando com velocida-
de superior à da luz na água. Esse é o chamado
efeito Cerenkov.
CELULAR E GPS • Todos os tanques estarão liga-
dos por sistema semelhante ao de telefonia celular.
A energia virá de baterias especiais, alimentadas
por painéis solares. A posição e o momento exatos
da chegada do chuveiro aéreo serão dados pelo
Sistema de Posicionamento Global – mais conhe-
cido como GPS. Com essas tecnologias, será pos-
sível medir o ângulo de entrada do chuveiro em
relação ao solo com precisão de um grau e seu tem-
po de duração em bilionésimos de segundo.
NOITES CLARAS E SEM NUVENS • O Auger tam-
bém empregará quatro telescópios ‘olhos de mos-
ca’ – daí ser chamado observatório híbrido –, ins-
talados na periferia da rede. Cada ‘olho’ é forma-
do por um espelho esférico – com diâmetro de
3,7 m – que converge para 440 fotomultiplicado-
ras a fluorescência gerada pela passagem do chu-
veiro. Esse equipamento – capaz de detectar uma
lâmpadadequatrowattsacercade15kmdedistân-
cia – só funciona em noites claras e sem nuvens.
QUANTOS SERÃO CAPTURADOS? • Desde Volca-
no Ranch, o número de raios cósmicos acima de 1020
eV detectados não chega a uma dezena. Do ponto
de vista da estatística, não é muito animador, pois,
com essa quantia, não se pode determinar a dire-
ção de origem deles no céu. Com o Auger, prevê-se
a captura de aproximadamente 50 zévatrons por
ano. E isso ao longo dos próximos 20 anos, tempo
para o qual o observatório foi planejado. Com ape-
nas 300 detectores em funcionamento, já foram
detectadas dezenas de raios cósmicos de 1019
eV.
As hipóteses
IMPULSÃO E DECAIMENTO •
Acredita-se que os zévatrons se-
jam gerados por um desses dois
mecanismos:a)forçaseletromagné-
ticas intensas; b) decaimento de partículas exóti-
cas. No primeiro caso, núcleos seriam impulsiona-
dos por campos eletromagnéticos, o que pode le-
var milhões de anos até que se forme um zévatron.
Nosegundo,ocorreooposto:partículasimpensavel-
mente pesadas, relíquias do Big Bang, se transfor-
mariam (ou decairiam) em constituintes da matéria
com energia equivalente aos dos zévatrons. Alguns
exemplos desses dois mecanismos:
MAGNESTARS•Estrelasdenêutrons(partículas
nucleares sem carga elétrica) girando rapidamente
(cerca de mil rotações por segundo) gerariam cam-
posmagnéticosmilhõesdevezesmaisintensosque
o terrestre.
CHOQUES DE GALÁXIAS • Sim, galáxias po-
dem se chocar. E essa trombada colossal poderia
gerar zévatrons. E isso logo ali, a 20 milhões de
anos-luz da Terra.
BURACOS NEGROS • O mais bizarro dos cor-
pos celestes não só suga matéria e luz. Esses ralosDe onde vêm?
ESTRELAS MORIBUNDAS • Suspeita-se que,
até 1016
eV, o mecanismo de aceleração seja a ex-
plosão de estrelas no final da vida, fenômeno
denominado supernova. Acima desse
patamar, o cenário é nebuloso. As hi-
póteses sobre que fontes imprimem
tamanha energia a um núcleo atômico
aumentam na mesma proporção que
faltam evidências experimentais.
NAS VIZINHANÇAS • Cálculos teóricos indicam que
raios cósmicos que chegam à atmosfera terrestre
com energia acima de 5 x 1018
eV devem vir ‘de
perto’, não mais do que 150 milhões de anos-luz –
cada ano-luz equivale a 9,5 trilhões de km. Parece
muito, mas, em termos astronômicos, é mais ou
menos como se fosse a vizinhança da Terra. Po-
rém, nesse raio, não se conhece mecanismo no
aglomerado local de galáxias – ao qual perten-
ce a Via Láctea – capaz de imprimir tanta ener-
gia a um próton ou um núcleo mais pesado.
cósmicos também vomitam jatos de
matéria com energia, acredita-se,
suficiente para originar ultra-energéticos.
Porém, isso não é coisa para qualquer bura-
co negro: ele deve ter massa bilhões de vezes
superior à do Sol.
EXPLOSÕES DE RAIOS GAMA • São os even-
tos mais energéticos do universo. Geram, em se-
gundos, energia equivalente à massa do Sol. As-
sim, supõe-se que possam acelerar prótons e ou-
tros núcleos até o patamar de zévatrons.
PARTÍCULAS EXÓTICAS • São previstas no
papel, mas nunca foram detectadas. Ao decaí-
rem, segundo os teóricos, poderiam gerar
zévatrons. Nessa ala, há vários candidatos, al-
guns com nomes, no mínimo, estranhos, como
críptons, vórtons e wimpzillas.
DEFEITOS TOPOLÓGICOS • O universo pode
ter surgido com pequenos ‘defeitos de fabrica-
ção’, ou seja, diminutos volumes do espaço-tem-
po – um misto inseparável de altura, largura,
comprimento e tempo – que se ‘esqueceram’ de
explodir com o Big Bang e armazenariam quanti-
dades incríveis de energia. Nos chamados defei-
tos topológicos poderia estar a origem de partí-
culas com estonteantes 1025
eV de energia.
Gigante híbrido dos pampas
EM BUSCA DE RESPOSTAS • No caso dos raios cós-
micos ultra-energéticos, a ciência parece ficção. E
as dúvidas imperam, o que faz dessa área de pes-
quisa uma das mais instigantes da atualidade. Po-
rém,embreve,atravésdoObservatórioPierreAuger,
a ciência poderá ter respostas definitivas para as
duas principais perguntas sobre os zévatrons: ‘de
onde eles vêm?’ e ‘como são acelerados?’
CONSÓRCIO INTERNACIONAL • O Observatório
Pierre Auger – homenagem ao descobridor dos chu-
veiros aéreos extensos – foi proposto, no início da
década de 1990, pelo físico norte-americano James
Cronin, Nobel de Física de 1980, e por seu colega
escocês Alan Watson. O Brasil aderiu ao projeto
em 1995, ano da formação do consórcio internacio-
nal. Hoje, participam 15 países, 55 instituições –
oito delas no Brasil – e cerca de 250 pesquisadores
– entre eles, cerca de 30 brasileiros.
TRÊS VEZES O RIO • A Argentina foi escolhida co-
mo local de instalação no hemisfério Sul. Lá, nas
planícies próximas à cidade de Mendoza, nos
pampas argentinos, no oeste do país, o Observató-
rio Auger ocupará, ao final de sua construção, uma
área de 3 mil km2
– algo como três vezes o muni-
cípio do Rio de Janeiro. Nessa vasta planície, es-
tarão distribuídos 1,6 mil detectores. Hoje, 400
deles já estão funcionando. Todos estarão instala-
dos até o final de 2005. Prevê-se a construção de
estrutura semelhante em Utah (Estados Unidos),
o que permitirá uma cobertura de todo o céu.
MAIS RÁPIDO QUE A LUZ • Cada detector é forma-
do por um tanque plástico com 1,5 m de altura,
diâmetro de quase 3,5 metros, contendo 12 tonela-
das de água esterilizada, para evitar o crescimento
de bactérias que poderiam turvá-la. Dentro de cada
um deles, três fotomultiplicadoras captam e ampli-
ficam a tênue luz emitida por partículas do chuvei-
RECORDE NO OLHO DE MOSCA • Em 1991,
o recorde de Volcano Ranch seria batido por
um zévatron capturado pelo Fly’s Eye – Olho de
Mosca, pois a geometria dos detectores de
fluorescência lembram o olho de um inseto. O
experimento, em Utah (Estados Unidos), cap-
turou um zévatron de 0,32 x 1021
eV. Essa é
mais ou menos a energia de um tijolo atirado
com a mão contra um muro com toda força. Vale
lembrar que o ‘objeto’ que carregava essa ener-
gia era bilhões de vezes menor que um mero
milímetro.
NASA
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Folder raios cosmicos

  • 1. PRESIDENTE DA REPÚBLICA Luiz Inácio Lula da Silva MINISTRO DE ESTADO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA Eduardo Campos SUBSECRETÁRIO DE COORDENAÇÃO DE UNIDADES DE PESQUISA Avílio Antônio Franco DIRETOR DO CBPF João dos Anjos EDITORES CIENTÍFICOS João dos Anjos Ronald Cintra Shellard REDAÇÃO E EDIÇÃO Cássio Leite Vieira PROJETO GRÁFICO, DIAGRAMAÇÃO, INFOGRÁFICOS E TRATAMENTO DE IMAGEM Ampersand Comunicação Gráfica (www.amperdesign.com.br) CENTRO BRASILEIRO DE PESQUISAS FÍSICAS Rua Dr. Xavier Sigaud, 150 22290-180 – Rio de Janeiro – RJ Tel: (21) 2141-7100 Fax: (21) 2141-7400 Internet: http://www.cbpf.br * Para receber gratuitamente pelo correio um exemplar deste folder, publicado em 2004, envie pedido com seu nome e endereço para iva@cbpf.br. Este e outros três folders (12Desa- fios da Física para o Século 21, Nanociência e Nanotecnologia – Modelando o futuro átomo por átomo e Sistemas Complexos – A fronteira entre a ordem e o caos), bem como a revista CBPF – Na Vanguarda da Pesquisa, estão disponíveis para download (em formato .PDF) em http://www.cbpf.br/Publicacoes/ Agradecimentos aos seguintes entrevistados (em ordem alfabética): Adriano Natale (IFT/Unesp), Carlos Ourívio Escobar (Unicamp) e George Matsas (IFT/Unesp) A.A.WATSON.‘UltraHighEnergyCosmicRays:Thepresentposition and the need for mass composition measurements’. In: arXiv:astro-ph/0312475 v1 (18/12/03) A. D. ERLYKIN e A. W. WOLFENDALE. ‘The origin of cosmic rays’. In: European Journal of Physics, vol. 20, pp. 409-418, 1999 AUGEROBSERVATORY(www.auger.org) C.O.ESCOBAReR.C.SHELLARD.‘Energiasextremasnouniverso’. In: Ciência Hoje nº 151, julho de 1999 C.L.VIEIRAeA.A.P.VIDEIRA.‘50anosdadescobertadomésonpi – um relato jornalístico’. In: série Ciência e Memória (ON, 1997) C. LATTES. ‘Modéstia, ciência e sabedoria’ (Entrevista concedida aFernandodeSouzaBarros,MichelineNussenzveigeCássioLeite Vieira). In: Ciência Hoje nº 112, pp. 10-22, 1995 COMCIÊNCIA. ‘Raios cósmicos’, nº 42, maio de 2003 (www.comciencia.br). F.CLOSE,M.MARTENeCHRISTINESUTTON.TheParticleExplosion (Oxford University Press, Oxford, 1987) G. BEISER e A. BEISER. TheStoryofCosmicRays(PhoenixHouse, London,1962)Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas Fontes G.SIGL.‘Ultrahigh-EnergyCosmicRays:PhysicsandAstrophysics at Extreme Energies’. In: Science vol. 291, 05/01/2001, pp. 73-79 H.MUIR.‘Afastrain'sgoingtofall’.In:NewScientist,07/12/1996, pp. 38-42 I. SEMENIUK. ‘Ultrahigh Energy Cosmic Rays – Astronomy’s Phantom Foul Balls’. In: Sky &Telescope, março 2003, pp. 32-40 J.A.OTAOLAeJ.F.VALDEZ-GALICIA.LosRayosCósmicos:mensajeros delasestrellas.(FondodeCulturaEconómica,MéxicoD.F.,1992) J.CRONIN.‘Oenigmadasmicropartículascommacroenergia’.(En- trevistaaR.C.ShellardeC.LVieira).In: CiênciaHoje nº124,1996 J.LINSLEY.Sériedeentrevistasconcedidasporcorreioeletrônico a Cássio Leite Vieira entre 16 de e 30 de abril de 1998 R. OPHER. ‘Introduction to the Third Workshop on New Space Physics from Space’. In: www.astro.iag.usp.br/~novafis/ introduction.html R.C.SHELLARD‘Energiasextremasnouniverso’.In:CBPF–Navan- guarda da pesquisa. C. L. Vieira (ed.) (Rio de Janeiro, CBPF, 2001). R. C. SHELLARD. ‘Cosmic Accelerators andTerrestrial Detectors’. In:BrazilianJournalofPhysicsvol.31,nº2,junho2001,pp.247-254 Sumário SUGESTÕES PARA LEITURA PODEM SER ENCONTRADAS EM http://www.cbpf.br/complexos A comemoração dos 80 anos de Cesar Lattes em 11 de julho de 2004 nos dá um bom motivo para relembrar a descoberta do méson pi, um dos mais importantes feitos de um cientista brasileiro, e falar das novidades que acontecem na área de raios cósmicos, essas estranhas partículas que nos chegam de todos os cantos do universo. Importante para o surgimento da física de partículas elementares – que estuda os constituintes últimos da matéria e que teve um desenvolvimento prodigioso na segun- da metade do século passado –, a descoberta do méson pi, graças ao prestígio adqui- rido por Lattes, teve também influência decisiva na criação do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e no desenvolvimento da própria física no Brasil. Nasúltimasdécadas,aceleradoresdepartículascadavezmaispoderososdominaram o panorama da física experimental de partículas. No entanto, novos desafios científicos renovaram recentemente o interesse e a importância do estudo de raios cósmicos, em particular daqueles de energias altíssimas. A construção de um observatório nos pampas argentinos – ocupando um espaço superior a três vezes a área da cidade do Rio de Janeiro e com importante partici- pação brasileira e do CBPF – possibilitará, quem sabe, resolver os enigmas que aqui apresentamos. Com este folder, damos prosseguimento às atividades de divulgação científica realizadas pelo CBPF. Esta série destina-se ao público não especializado, que encontrará aqui uma iniciação aos raios cósmicos e também referências para leituras mais aprofundadas sobre essa área fascinante e atual. Mais uma vez, esperamos que esta iniciativa sirva para despertar vocações, mostrando a jovens estudantes um dos campos mais instigantes da física deste novo século. João dos Anjos DIRETOR DO CBPF Raios Cósmicos Energias extremas no universo ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ INVASORES DE CORPOS • Bombardeio espacial • Um Everest a 200 mil km/h ESTILHAÇOS DE MATÉRIA • Dois rumos • Prótons e núcleos • Antimatéria e estranhas DA TORRE EIFFEL A BALÕES • Um padre e um balonista • Raios ou corpúsculos? • Chuveiro extenso O MÉSON PI • Chuveiros penetrantes • Lattes em Bristol • No acelerador DE ONDE VÊM? • Estrelas moribundas • Nas vizinhanças QUANTOS CHEGAM? • Pizza quilométrica • Um pouco de física • Sobem dez, caem mil AS HIPÓTESES • Impulsão e decaimento • Magnestars • Choques de galáxias • Buracos negros • Explosões de raios gama • Partículas exóticas • Defeitos topológicos OS ZÉVATRONS CHEGARAM • Volcano Ranch • No chão e no ar • Recorde no olho de mosca GIGANTE HÍBRIDO DOS PAMPAS • Em busca de respostas • Consórcio internacional • Três vezes o Rio • Mais rápido que a luz • Celular e GPS • Noites claras e sem nuvens • Quantos serão capturados? NO BRASIL E NO CBPF • Detectores e análise NOVA FÍSICA? • 100 milhões de vezes • Além do modelo padrão? RaiosCósmicos Energiasextremasnouniverso
  • 2. No Brasil e no CBPF DETECTORES E ANÁLISE • O CBPF foi res- ponsável pela coordenação da etapa co- nhecida como rede de engenharia – ou seja, aimplantaçãodos40primeirosdetectores–,bem como pela coordenação das tarefas ligadas ao pro- cessamento e à análise de dados. A Universidade Es- tadual de Campinas desenvolveu um equipamento que permite aos telescópios ‘olhos de mosca’ captar duas vezes mais luz dos rastros de fluorescência na at- mosfera. O Brasil ainda produziu as janelas dos teles- cópios, os tanques e as baterias. Invasores de corpos BOMBARDEIO ESPACIAL • Neste exato instante, você está sendo bombardeado. A cada segundo, dezenas de invasores do espaço atravessam seu corpo. Eles são subproduto dos raios cósmicos, partículas extremamen- te energéticas que, ao penetrarem a atmosfera da Terra, chocam-se contra núcleos atômicos e produzem uma im- pressionante cascata de par- tículas e radiação. Essa ‘chu- veirada’ pode chegar ao solo contendo centenas de bi- lhões de partículas. UM EVEREST A 200 MIL KM/H • A energia de um raio cósmico pode variar em até 100 bilhões de ve- zes. Há os mais ‘fracos’ e comuns. E aqueles ra- ros e ultra-energéticos. Se um micrograma des- se último tipo atingisse a Terra, o choque seria equi- valente ao de um asteróide com a massa do monte Everest, o mais alto pico do mundo, viajando a 200 mil km/h. De onde eles vêm? O que lhes imprime tama- nhaenergia?Essessãoapenasdoisdosmistériosque tornam o estudo dos raios cósmicos uma das áreas mais instigantes da física deste início de século. Da torre Eiffel a balões UM PADRE E UM BALONISTA • Em 1910, o padre jesuíta e físico holandês Theodor Wulf (1868-1946) levou um único detec- tor de radiação (eletroscópio) ao alto da torre Eiffel, a 300 m de altura. Notou que a radiação era mais intensa que no solo. Mas não foi além em suas conclusões. Entre 1911 e 1913, o balonista e físico austríaco Victor Hess (1883-1964) se arris- cou em dez vôos, le- vando detectores a quilômetros de altura. Notou,porexemplo,que a 5 km de altitude o ní- vel de radiação era 16 vezes maior que no solo. Fez um dos vôos durante um eclipse solar. Os resultados se repeti- ram. Sua conclusão: a ‘radiação etérea’ vinha do espaço, porém não do Sol. Em 1936, Hess ganhou o Nobel de física pela descoberta dos raios cósmicos, como fo- ram batizados em meados da década de 1920. RAIOS OU CORPÚS- CULOS? • Em 1927, o físico holandês Jacob Clay (1882- 1955) concluiu que os raios cósmicos erampartículascom carga elétrica e não radiação muito ener- gética. A prova final a favor dessa conclu- são veio com o físico norte-americano Arthur Compton (1892-1962) no início da década de 1930 em experimentos que envolveram dezenas de instituições ao redor do mundo. CHUVEIROEXTENSO • Em 1938, o físico francês Pierre Auger (1899- 1993) descobriu que o impacto inicial de um raio cósmico con- tra um núcleo atmosférico gera uma cascata de partículas, que ele captou através de detectores no solo dos Alpes. Batizou o fenô- meno ‘chuveiros aéreos extensos’. Estilhaços de matéria DOIS RUMOS • A partir da década de 1930, o estu- do dos raios cósmicos tomou dois rumos distintos: a) descobrir o que eram e a origem dessas partículas; b) usar as altas energias que elas carregam para esti- lhaçar e descobrir a constituição básica da matéria. PRÓTONS E NÚCLEOS • A resposta para a natureza dos raios cósmicos só veio no final da década de 1940, quando emulsões fotográficas levadas a grandes alti- tudes por balões não tripulados permitiram revelar sua composição. Eram basicamente núcleos atômicos, como os de hidrogênio (prótons) e outros mais pesados. Quan- to à origem, ainda hoje permanecem dúvidas. ANTIMATÉRIA E ESTRANHAS • A segunda linha permitiu, quase de imediato, a descoberta de novas partículas. A primeira delas foi o pósitron (a antimatéria do elétron) em 1932. Pouco de- pois, a vez do múon (um ‘primo mais pesado’ do elétron). No final da década de 1940, os choques de raios cósmicos contra a matéria re- velaram as partículas estranhas, assim denomi- nadas por ‘viverem’ muito mais tempo que outras par- tículas instáveis. O Méson Pi CHUVEIROS PENETRANTES • No Brasil, a pes- quisa em raios cósmicos se iniciou no Instituto Na- cional de Tecnologia, com a chegada em 1933 do físicoalemãoBernhardGross(1905-2002).Em1939, em São Paulo, o físico ítalo-russo Gleb Wathagin (1899-1986)eosbrasileirosMarcelloDamyePaulus Pompéia(1910-1993)detectaramoschamadoschu- veiros penetrantes – mais tarde, descobriu-se que essas partículas com alto poder de penetração na matéria eram múons. Os resultados foram publi- cados no exterior. LATTES EM BRISTOL • Porém, foi em 1947 que os raios cósmicos levaram a um dos resultados de maior repercussão internacional nessa área: adetecçãodomésonpi.Essapartícula–respon- sável pela força que mantém o núcleo atômi- co coeso e proposta teoricamente pelo físico japonês Hideki Yukawa (1907-1981) em 1935 – foi detectada em emulsões fotográficas expostas nos Pirineus pela equipe liderada pelo inglês Cecil Powell (1903-1969), com ampla participação do brasileiro Cesar Lattes, que, em seguida, viajou para a Bolívia para confirmar a exis- tência dessas partículas em experimentos feitos no monte Chacaltaya, a 5,2 km de altitude. NO ACELERADOR • No ano seguinte, Lattes e o norte-americanoEugeneGardner(1913-1950)detec- taram mésons pi nos choques entre partículas que ocorriam no acelerador da Universidade da Ca- lifórnia, em Berkeley (Estados Unidos). Essas duas detecções – a natural e a artificial – deram prestígio internacional a Lattes e alavancaram a fundação do CBPF, no Rio de Janeiro, em 1949. Mais tarde, ele estabeleceu um grupo para estudos de rai- os cósmicos em Chacaltaya que está em atividade até hoje. Nova física? 100 MILHÕES DE VEZES • Em 2006, o Observatório Pierre Auger já deve estar funcionando com plena capacidade. Para se ter uma idéia dos níveis de energia com os quais esse experimento vai lidar, vale dizer que o acelerador de partículas mais potente do planeta, o LHC (sigla, em inglês, para Grande Colisor de Hádrons), que está sendo construído no Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Suíça), conseguirá atingir, com o choque de partículas, energias cerca de 100 milhões de vezes menores que as dos zévatrons. ALÉM DO MODELO PADRÃO? • Espera-se que, com a quantidade de zévatrons capturados por ano pelo Auger, seja possível desvendar as fontes desses raios cósmicos ultra-energéticos. Porém, há a chance de que sejam detectadas partículas de energia assombrosa, que nem mesmo se encaixam no modelo usa- do pelos físicos para estudar o microuniverso atômico. Se for esse o caso, estará emergindo uma nova física. Sem dúvida, um dos mistérios mais instigantes da natureza. Vale esperar pelas respostas, até porque você, de certo modo, é parte do experimento: a cada segundo, lembre-se, dezenas de invasores cósmicos estão atravessando seu corpo. Quantos chegam? PIZZA QUILOMÉTRICA • O chuveiro aéreo de partículas pode ter dezenas ou centenas de km2 de área e conter centenas de bilhões de partículas. Essa ‘pizza’ viaja praticamente à velocidade da luz (cerca de 300 mil km/s) em direção ao solo, trazendo consigo mésons pi, radiação gama, elétrons, pósitrons, múons e neutrinos – estes últimos podem atravessar a Terra sem praticamente interagir com um único fragmento de matéria. São eles e os múons – também muito penetrantes – que chegam em maior número ao chão. UM POUCO DE FÍSICA • Os físicos usam a unidade elétron-volt (eV) para medir a energia das partículas subatômicas. Comparado com as energias a que estamos acostumados no cotidiano, o eV é insignificante. Um próton ‘parado’ tem a energia de 109 eV (ou 1.000.000.000 eV). É mais ou menos nessa ordem de grandeza que começam as energias dos raios cósmicos. Os ultra-energéticos, porém, chegam a ter energias macroscópicas, do dia-a-dia. Nada mal para algo que é bilhões de vezes menor que um grão de areia. Para se ter uma idéia, um próton com energia 1020 eV atinge 99,999999999999999999999% da velocidade da luz. SOBEM DEZ, CAEM MIL • Para cada fator dez de aumento na energia, há uma diminuição de mil no fluxo de raios cósmicos que atinge a Terra. Ou seja: quanto mais energéticos, mais raros. Os menos energéticos (até 109 eV) chegam numa proporção de 10 mil por m2 a cada segundo. Para os de energia por volta de 1016 eV, essa quantidade cai para algo em torno de dez. Quando se chega a 1019 eV, detecta-se, em média, um para cada km2 por ano. Os chamados zévatrons (1021 eV) são raríssimos: menos que um por km2 por século. THEPARTICLEEXPLOSION/WWW.LIP.PT THEPARTICLEEXPLOSION WWW.AUGER.ORG Os zévatrons chegaram VOLCANO RANCH • Manhã de 7 agosto de 1962. Volcano Ranch, fazenda perto de Albuquerque, no Novo México (Estados Unidos). Vinte detecto- res, espalhados por 40 km2 , recebem o impacto de uma chuveirada de centenas de bilhões de partí- culas. O primeiro raio cósmico ultra-energético da história havia sido capturado pela equipe do físico norte-americano John Linsley (1925-2002). Valor energético estimado do zévatron: 0,14 x 1021 eV. NO CHÃO E NO AR • O petardo cósmico capturado por Linsley incentivou a comunidade a saber mais sobre partículas com tamanha energia. Nos anos se- guintes, surgiram vários experi- mentosparadetectarraioscós- micos. Alguns, como Agasa (Ja- pão), Havenah Park (Reino Uni- dos) e Yakutsk (Sibéria), tam- bém usavam detectores terres- tres. Outros, a partir da década de 1980, buscavam captar uma luz fluorescente (ultravioleta) que resulta da interação das partículas do chuveiro com osátomosdaatmosfera,principalmenteos de nitrogênio. WWW.AUGER.ORG ro que penetra o tanque viajando com velocida- de superior à da luz na água. Esse é o chamado efeito Cerenkov. CELULAR E GPS • Todos os tanques estarão liga- dos por sistema semelhante ao de telefonia celular. A energia virá de baterias especiais, alimentadas por painéis solares. A posição e o momento exatos da chegada do chuveiro aéreo serão dados pelo Sistema de Posicionamento Global – mais conhe- cido como GPS. Com essas tecnologias, será pos- sível medir o ângulo de entrada do chuveiro em relação ao solo com precisão de um grau e seu tem- po de duração em bilionésimos de segundo. NOITES CLARAS E SEM NUVENS • O Auger tam- bém empregará quatro telescópios ‘olhos de mos- ca’ – daí ser chamado observatório híbrido –, ins- talados na periferia da rede. Cada ‘olho’ é forma- do por um espelho esférico – com diâmetro de 3,7 m – que converge para 440 fotomultiplicado- ras a fluorescência gerada pela passagem do chu- veiro. Esse equipamento – capaz de detectar uma lâmpadadequatrowattsacercade15kmdedistân- cia – só funciona em noites claras e sem nuvens. QUANTOS SERÃO CAPTURADOS? • Desde Volca- no Ranch, o número de raios cósmicos acima de 1020 eV detectados não chega a uma dezena. Do ponto de vista da estatística, não é muito animador, pois, com essa quantia, não se pode determinar a dire- ção de origem deles no céu. Com o Auger, prevê-se a captura de aproximadamente 50 zévatrons por ano. E isso ao longo dos próximos 20 anos, tempo para o qual o observatório foi planejado. Com ape- nas 300 detectores em funcionamento, já foram detectadas dezenas de raios cósmicos de 1019 eV. As hipóteses IMPULSÃO E DECAIMENTO • Acredita-se que os zévatrons se- jam gerados por um desses dois mecanismos:a)forçaseletromagné- ticas intensas; b) decaimento de partículas exóti- cas. No primeiro caso, núcleos seriam impulsiona- dos por campos eletromagnéticos, o que pode le- var milhões de anos até que se forme um zévatron. Nosegundo,ocorreooposto:partículasimpensavel- mente pesadas, relíquias do Big Bang, se transfor- mariam (ou decairiam) em constituintes da matéria com energia equivalente aos dos zévatrons. Alguns exemplos desses dois mecanismos: MAGNESTARS•Estrelasdenêutrons(partículas nucleares sem carga elétrica) girando rapidamente (cerca de mil rotações por segundo) gerariam cam- posmagnéticosmilhõesdevezesmaisintensosque o terrestre. CHOQUES DE GALÁXIAS • Sim, galáxias po- dem se chocar. E essa trombada colossal poderia gerar zévatrons. E isso logo ali, a 20 milhões de anos-luz da Terra. BURACOS NEGROS • O mais bizarro dos cor- pos celestes não só suga matéria e luz. Esses ralosDe onde vêm? ESTRELAS MORIBUNDAS • Suspeita-se que, até 1016 eV, o mecanismo de aceleração seja a ex- plosão de estrelas no final da vida, fenômeno denominado supernova. Acima desse patamar, o cenário é nebuloso. As hi- póteses sobre que fontes imprimem tamanha energia a um núcleo atômico aumentam na mesma proporção que faltam evidências experimentais. NAS VIZINHANÇAS • Cálculos teóricos indicam que raios cósmicos que chegam à atmosfera terrestre com energia acima de 5 x 1018 eV devem vir ‘de perto’, não mais do que 150 milhões de anos-luz – cada ano-luz equivale a 9,5 trilhões de km. Parece muito, mas, em termos astronômicos, é mais ou menos como se fosse a vizinhança da Terra. Po- rém, nesse raio, não se conhece mecanismo no aglomerado local de galáxias – ao qual perten- ce a Via Láctea – capaz de imprimir tanta ener- gia a um próton ou um núcleo mais pesado. cósmicos também vomitam jatos de matéria com energia, acredita-se, suficiente para originar ultra-energéticos. Porém, isso não é coisa para qualquer bura- co negro: ele deve ter massa bilhões de vezes superior à do Sol. EXPLOSÕES DE RAIOS GAMA • São os even- tos mais energéticos do universo. Geram, em se- gundos, energia equivalente à massa do Sol. As- sim, supõe-se que possam acelerar prótons e ou- tros núcleos até o patamar de zévatrons. PARTÍCULAS EXÓTICAS • São previstas no papel, mas nunca foram detectadas. Ao decaí- rem, segundo os teóricos, poderiam gerar zévatrons. Nessa ala, há vários candidatos, al- guns com nomes, no mínimo, estranhos, como críptons, vórtons e wimpzillas. DEFEITOS TOPOLÓGICOS • O universo pode ter surgido com pequenos ‘defeitos de fabrica- ção’, ou seja, diminutos volumes do espaço-tem- po – um misto inseparável de altura, largura, comprimento e tempo – que se ‘esqueceram’ de explodir com o Big Bang e armazenariam quanti- dades incríveis de energia. Nos chamados defei- tos topológicos poderia estar a origem de partí- culas com estonteantes 1025 eV de energia. Gigante híbrido dos pampas EM BUSCA DE RESPOSTAS • No caso dos raios cós- micos ultra-energéticos, a ciência parece ficção. E as dúvidas imperam, o que faz dessa área de pes- quisa uma das mais instigantes da atualidade. Po- rém,embreve,atravésdoObservatórioPierreAuger, a ciência poderá ter respostas definitivas para as duas principais perguntas sobre os zévatrons: ‘de onde eles vêm?’ e ‘como são acelerados?’ CONSÓRCIO INTERNACIONAL • O Observatório Pierre Auger – homenagem ao descobridor dos chu- veiros aéreos extensos – foi proposto, no início da década de 1990, pelo físico norte-americano James Cronin, Nobel de Física de 1980, e por seu colega escocês Alan Watson. O Brasil aderiu ao projeto em 1995, ano da formação do consórcio internacio- nal. Hoje, participam 15 países, 55 instituições – oito delas no Brasil – e cerca de 250 pesquisadores – entre eles, cerca de 30 brasileiros. TRÊS VEZES O RIO • A Argentina foi escolhida co- mo local de instalação no hemisfério Sul. Lá, nas planícies próximas à cidade de Mendoza, nos pampas argentinos, no oeste do país, o Observató- rio Auger ocupará, ao final de sua construção, uma área de 3 mil km2 – algo como três vezes o muni- cípio do Rio de Janeiro. Nessa vasta planície, es- tarão distribuídos 1,6 mil detectores. Hoje, 400 deles já estão funcionando. Todos estarão instala- dos até o final de 2005. Prevê-se a construção de estrutura semelhante em Utah (Estados Unidos), o que permitirá uma cobertura de todo o céu. MAIS RÁPIDO QUE A LUZ • Cada detector é forma- do por um tanque plástico com 1,5 m de altura, diâmetro de quase 3,5 metros, contendo 12 tonela- das de água esterilizada, para evitar o crescimento de bactérias que poderiam turvá-la. Dentro de cada um deles, três fotomultiplicadoras captam e ampli- ficam a tênue luz emitida por partículas do chuvei- RECORDE NO OLHO DE MOSCA • Em 1991, o recorde de Volcano Ranch seria batido por um zévatron capturado pelo Fly’s Eye – Olho de Mosca, pois a geometria dos detectores de fluorescência lembram o olho de um inseto. O experimento, em Utah (Estados Unidos), cap- turou um zévatron de 0,32 x 1021 eV. Essa é mais ou menos a energia de um tijolo atirado com a mão contra um muro com toda força. Vale lembrar que o ‘objeto’ que carregava essa ener- gia era bilhões de vezes menor que um mero milímetro. NASA NASA