O documento descreve diferentes figuras de linguagem, incluindo figuras de sintaxe/construção como elipse, zeugma e pleonasmo, e figuras de som como aliteração e onomatopeia. Também discute figuras de pensamento como antítese, paradoxo e hipérbole, além de figuras de palavra como metáfora, metonímia e antonomásia. O resumo fornece uma visão geral dos principais tipos de figuras de linguagem abordadas no texto.
2. Figuras de sintaxe/construção
Interferem na construção e organização sintática do enunciado.
• Elipse: omissão que pode ser deduzida pelo
contexto.
▫ No céu, dois fiapos de nuvem. (há/existem)
• Zeugma: omissão de termos já citados.
▫ Nem ele entende a nós, nem nós a ele.
(entendemos)
▫ Temos visões diferentes. Você, romântica. Eu,
realista. (visão)
3. • Pleonasmo: repetição de um termo ou ideia óbvia.
Reforça a expressão.
▫ Resta-me a mim somente a solução.
▫ Assim, é possível ver com os olhos.
▫ Ele desceu escada abaixo! (pleonasmo vicioso)
• Polissíndeto: repetição da mesma conjunção
(síndeto), normalmente “e”.
Nessa situação, a repetição contínua do “e” (conjunção
aditiva) permite o uso de vírgulas.
▫ Ela corre, e anda, e fala, e joga, e treme, e canta.
▫ e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José? (Carlos Drummond de Andrade)
4. • Assíndeto: ausência, omissão da conjunção.
▫ Subira à janela, sondava os arredores, gritava a
plenos pulmões.
▫ Repensou seus conceitos, largou seus vícios,
encontrou um novo amor, reconstruiu sua vida.
• Anáfora: repetição da mesma palavra ou
expressão no início de frases ou versos.
▫ Era a mais cruel das cenas. Era a mais cruel das
situações. Era a mais cruel das missões...“
• Repetição: repetição da mesma palavra ou
expressão ao longo do texto ou do poema (início
= anáfora).
5. O que será (À flor da Terra) – Chico Buarque
O que será, que será?
Que vive nas ideias desses amantes
Que cantam os poetas mais delirantes
Que juram os profetas embriagados
Que está na romaria dos mutilados
Que está na fantasia dos infelizes
Que está no dia a dia das meretrizes
No plano dos bandidos dos desvalidos
Em todos os sentidos...
Será, que será?
O que não tem decência nem nunca terá
O que não tem censura nem nunca terá
O que não faz sentido...
Anáfora
Repetição
6. José – Carlos Drummond de Andrade (trechos)
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!
Anáfora
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?
Seu/sua -> pronome
possessivo (não é
conjunção)
Conjunção, mas a repetição é de
toda a expressão
“se você”, não
apenas da
conjunção
(síndeto).
7. Se eu morresse amanhã (Álvares de Azevedo)
Se eu morresse amanhã, viria
ao menos
Fechar meus olhos minha
triste irmã;
Minha mãe de saudades
morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em
meu futuro!
Que aurora de porvir e que
manhã!
Eu perdera chorando essas
coroas
Se eu morresse amanhã!
Anáfora
Que sol! que céu azul! que
dove n'alva
Acorda a natureza mais loucã!
Não me batera tanto amor no
peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que
devora
A ânsia de glória, o dolorido
afã...
A dor no peito emudecera ao
menos
Se eu morresse amanhã!
8. • Hipérbato: inversão da ordem normal de
termos ou orações.
▫ “... que arcanjo teus sonhos veio
Velar, maternos, um dia?” (Fernando Pessoa)
▫ “Que arcanjo veio velar teus sonhos maternos um
dia?”
• Anástrofe: inversão entre determinante e
determinado (inversão de regência).
▫ Vingai a pátria ou valentes
Da pátria tombai no chão! (Fagundes Varela)
▫ “Tombai no chão da pátria”.
Determinante Determinado
S-V-C
9. Hino Nacional do Brasil (Letra: Joaquim Osório Duque Estrada )
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante,
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da pátria nesse instante.
Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!
10. • Anacoluto: quebra, interrupção sintática da
oração, interferindo em sua ordem lógica.
▫ Vós que ateaste a guerra, o sangue derramado
cairá sobre vossas cabeças.
▫ O homem, chamar-lhe mito não passa de
anacoluto. (Carlos Drummond de Andrade)
▫ Aquele homem, você não sabe como me dói
pensar assim.
▫ Esses alunos, não podemos duvidar deles.
▫ A compreensão de tudo, eu gostaria de entender
como chegamos ao mundo.
11. • Silepse: concordância ideológica.
▫ de Gênero (feminino/masculino):
Santos é muito poluída. (cidade = feminino, Santos
= masculino)
Vossa majestade é muito generoso. (pronome de
tratamento sempre no feminino)
▫ de Número (singular/plural):
O povo pediu para que o governante cedesse, por
isso saíram em uma passeata. (povo = singular)
▫ de Pessoa (1ª, 2ª, 3ª):
Todos os brasileiros somos assim, distraídos.
As pessoas, em todos os tempos, entendemos o
significado do ciúme, mas o amor ainda é um
mistério.
12. Figuras de som > Fonéticas
• Aliteração: repetição de sons consonantais.
▫ O vento veio e virou a voz da verdade.
▫ Acho que a chuva ajuda a gente a se ver.
• Assonância: repetição de sons vocálicos.
▫ Amar abre a alma, alcança o ar, amassa o mar.
• Onomatopeia: reprodução dos sons na escrita.
▫ Toc toc. Quem é?
▫ O tique taque do relógio irritava-o.
▫ A bomba veio e boom, tudo foi pelos ares.
13. Figuras de pensamento
Realçam e recriam significados
• Antítese: oposição evidenciada de palavras ou
ideias, também pela sua proximidade.
▫ Depois da luz, segue-se a noite escura
Em tristes sombras morre a formosura.
• Paradoxo: oposição de ideias em um só
pensamento, quase uma contradição.
▫ O amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que
dói e não se sente.
▫ Nasce o sol, e não dura mais que o dia.
14. • Hipérbole: exagero.
▫ Ela chorou um rio de lágrimas.
▫ Pode parecer perto, mas acho que a cidade fica a um
zilhão de quilômetros daqui!
▫ Estou morrendo de fome
• Eufemismo: suavização, abrandamento.
▫ Ele bateu as botas, vestiu o terno de madeira.
▫ Vou pendurar as chuteiras, assim não dá mais!
• Ironia: sugerir o contrário do que foi colocado, como
forma de sarcasmo ou sátira.
▫ Você não acertou nenhuma questão, como é inteligente!
▫ Meu filho, pare de fazer arte pela casa! A tinta não sai
das paredes.
15. • Gradação: dispõe ideias em ordem crescente ou
decrescente.
▫ Ide, correi, voai, que por vós chama o rei, a pátria, o mundo,
a glória.
▫ Não já lutando, mas rendido, enfermo, desfalecido,
morrendo, morto.
• Apóstrofe: interrupção da frase para invocar algo ou
alguém.
▫ Eu queria, meu deus, entender esse rapaz.
▫ Rogo por ti, ó Liberdade, rogo por nós.
• Prosopopeia: atribuir características de seres animados
a inanimados e vice-versa. Personificação: atribuição
de características humanas a seres não humanos.
▫ As árvores são imbecis: despem-se justamente quando
chega o inverno.
▫ Juliano rugiu de furioso.
16. Figuras de palavra
Substituição de uma palavra por outra, dentro do mesmo sentido ou
tentando atribuir-lhe um que seja semelhante.
• Metáfora: comparação implícita.
▫ Murcharam-lhe os entusiasmos da mocidade.
▫ Meu irmão é mesmo uma anta, não entende!
• Comparação: comparação explícita.
▫ Sua boca é como um pássaro vermelho.
▫ Ela me beija a boca, assim como as abelhas bebem das flores.
• Catacrese: emprego impróprio de uma expressão.
▫ Sentei-me sobre o pé da mesa.
▫ Embarquei no avião às 9h.
▫ Enterrar a agulha no dedo deve ser dolorido!
17. • Metonímia: substituição de um termo por outro,
desde que entre eles exista alguma relação de
significado ou dependência.
▫ O autor pela obra: Adoro ler Nicholas Sparks.
▫ A causa pelo efeito: Esta casa é fruto do meu suor.
▫ Continente pelo conteúdo: Tomei uma lata de refri.
▫ Instrumento pela pessoa: Ele é bom de garfo.
▫ A parte pelo todo: O bonde andava cheio de pernas.
• Antonomásia/Perífrase: substituição de um nome
por outro, geralmente aquilo pelo que ficou conhecido
▫ A cidade maravilhosa está magnífica hoje! (Rio de
Janeiro)
▫ O poeta dos escravos foi de grande importância para
nossa literatura. (Castro Alves)