Fanzine colaborativo com a participação de Poetas vivos e atuantes em Ouro Preto, MG.
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1. AMEOPOEMA
Edição 090 - abril de 2022 - Ouro Preto - MG - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Choveu
e há lama em Santo Amaro
nas ruas
nas casas
vós contornais
eu não
a mim a lama não suja
em mim há lama não suja
eu sou a lama das chuvas
que caem em Santo Amaro
Vosso scoth
pode me sujar por dentro
cachaça não
vosso perfume
pode me sujar por fora
suor nunca
porque sou suor
a cachaça e a lama
das chuvas que caem
em Santo Amaro da Salinas
CANTO
DE AMOR
E LAMA
CANTO
DE AMOR
E LAMA II
Em minha vida passa um rio
e se erige uma cidade
podres as águas deste rio
sob o tom cinza da cidade
mangue aterrado
esgoto a céu aberto
em mim há lama
e há lama em mim
UMA
PRESENÇA
Vez por outra uma presença
me confunde a solidão
menos espero
e muito mais me vejo só
Não ter do que ter saudade
me deprime e reanima
se me constrange
também não de tira a calma
Além da dor que me embriaga
a lucidez
resiste ao dia, a esta cidade
e a vocês
Erickson
Luna
ESPECIAL
1958 - 19/04/2007
Pra eu poder
e só
andar nas ruas
fez-se em volta uma cidade
Para se dar
mais colorido à noite
pôs-se acima um luminoso
E pra que eu
me sinta bem enfim
nesta cidade
há-se em mim um cidadão
Portanto livre
como o que é em noite
e que enche as ruas
perseguindo luzes
acordando
ainda que em sonhos
íntegro
ainda que meio-homem
plenamente meio
mariposa
MARIPOSA
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O projeto busca a ampliação do acesso cultural
e literário para a população residente em
áreas pouco assistidas por serviços públicos,
artísticos e culturais.
Dentre as propostas apresentadas, estão
atividades de estímulo à leitura, escrita,
criação artística e geração de renda, além de
reforço e acompanhamento escolar. PARTICIPE
.
.
.
“Faz da gravata / a forca / a
fina veste / é tua mortalha / e teu
birô / o teu esquife / Do gabinete ao
túmulo / vade retro burocrata”. Conheci
o autor do poema Epitáfio para um
Burocrata, Erickson Luna, em Olinda, no
ano de 1987, e juntos tivemos a
oportunidade de conviver por vários
meses divulgando e declamando nossos
poemas nas noites pernambucanas, quando
nos encontrávamos na antiga Feirinha,
após descer do Alto da Sé em busca de
uma cachaça com mel. Frente ao mar,
sentindo o vento frio que vinha do
Oceano Atlântico, conversávamos sobre
literatura. Erickson Carlos Luna Morais
possuía imensa cultura (cursou Direito,
Jornalismo e Engenharia), traduzindo em
seus versos os sentimentos que
abundavam em seu puro coração. Amava os
poetas franceses e era crítico do
sistema. Alto, magro, barbudo e
despojado, vestindo roupas simples;
sorriso imenso e alma maior ainda,
agradeço a ele toda a força & carinho
que recebi naqueles idos heróicos dos
anos 1980.
Nascido em Recife dia 02 de abril
de 1958, ele residiu por muitos anos em
Santo Amaro das Salinas, bairro de
formação operária, palco de resistência
e luta contra a opressão. Apesar da
formação acadêmica, optou pelo teatro,
a poesia e a música (deixou mais de
cinquenta composições, entre elas Uma
Presença, Batalhas e Rodando, além de
jingles publicitários). Suas canções
alcançaram notoriedade no início da
década de 1980, com destaque para “À
Noite Tem Mais Luzes”, interpretada por
Geraldo Maia. Geraldo mais tarde gravou
a música “Cigarra Matinal” (parceria de
Erickson e Nelson Torreão Jr.) em seu
primeiro disco, chamado “Cena de
Ciúmes”. Guadalupe Mendonça gravou
“Ponto de Mestra” em seu primeiro álbum.
Sua poesia circulou em fanzines
que agitaram o cenário cultural
recifense nos anos 1980, como o “Balaio
de Gato” (editado por Jorge Lopes) e o
“Pro-Texto” (editado por Arnaldo
Tobias). Em 2004 publicou o livro “Do
Moço e do Bêbado”, e sobre ele declarou:
“Todo um é mais um. Acrescenta. Eu sou
mais um. Por tanto, acrescento”. Em 22
de dezembro de 2006, durante a festa de
comemoração do Natal dos Poetas
Pernambucanos, lançou o poemário “Claros
Desígnios” em parceria com o poeta
Francisco Espinhara. Costumava dizer:
“Quem tem que comandar nossa vida é
nossa cabeça, o corpo que se vire para
ir atrás”. E mais: “Tenho escrito
poesia, composto músicas e bebido
cachaça… E tem me feito feliz”. Faleceu
em 19/04/2007, na cidade que tanto amou,
percorreu e cantou. Como afirmou na
ocasião Ednaldo Possas, “o poeta
Erickson Luna nos deixou de luto nesta
triste madrugada do Dia do Índio.
Façamos uma pajelança em sua homenagem”.
Descanse em paz, amigo, sua poesia
jamais morrerá!
Edição: Editora AMEOPOEMA (@ameopoemaeditora
Coordenação: Editora AMEOPOEMA.
Circulação (impressa e E-book): Ouro Preto, Mariana (MG)
Conselho Editorial: (curadoria desta edição) Rômulo Ferreira
Exemplares na pRAÇA: 1000 (distribuídos gratuitamente).
Participação: Todos os poemas desta edição são do autor Erickon
Luna, matério sobre o autor por Eduardo Waack.
Publicação sem fins lucrativos, feita artesanalmente, com amor
e vontade de circular ideias e fomentar a produção literária em
Ouro Preto e região. PARTICIPE, ENVIE SEU MATERIAL
ameopoemaeditora@gmail.com || fb.com/ameopoema
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acesse: www.ameopoema.com.br
PROJETO DE EXTENSÃO AMEOPO MA
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Texto: Eduardo Waack
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BY ND
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NC
cc _
mariposas da noite / morrem querendo luz /
um calor de verdade / por ai /
circular na cidade / e beber de cair /
as ruas são tão belas / e a gente ri
‘