O documento discute a etiologia das maloclusões, listando diversos fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de maloclusões, incluindo anomalias dentárias, hábitos deletérios, hereditariedade e fatores ambientais. Fatores intrínsecos como anomalias de número, tamanho e forma dos dentes podem levar ao desequilíbrio da arcada dentária, enquanto fatores extrínsecos como hábitos como sucção digital e respiração oral exercem pressões musculares que alteram o desenvolvimento ósseo maxilar e mand
Etiologia das Maloclusões: Fatores Intrínsecos e Extrínsecos
1. ETIOLOGIA DAS MALOCLUSÕES
Os elementos de diagnóstico por si só não respondem todas as perguntas do
profissional. Daí a necessidade de avaliar a maloclusão do paciente como ela se apresenta e
listar alguns itens que indiquem como a maloclusão pode ter chegado até onde chegou.
Normalmente, visualizamos apenas o que fazer para corrigir o problema e muitas vezes
deixamos de lado todo o processo que levou o indivíduo àquela situaçáo oclusal.
Maloclusões são em geral alterações clinicamente significativas do campo normal de
crescimento e morfologia. Fatores etiológicos contribuem para a desarmonia com mais
freqüência do que simplesmente a causam.
Por isso cabe ao ortodontista fazer um completo diagnóstico para ter segurança na realização
do planejamento. Às vezes até mesmo há necessidade de um diagnóstico multidisciplinar.
A Importância do Diagnóstico
Para decidir o plano de tratamento
Possibilidade de eliminar a causa
Tratamento estável
A incidência das maloclusões tem aumentado progressivamente com a evolução do homem
na escala filogenética, em relação ao desenvolvimento craniofacial, com hábitos alimentares e
sociais diversificados, com a miscigenação racial.
Etiologia :
Significa o estudo, investigação, ou a descoberta da causa da doença, no caso a maloclusão.
Na literatura encontramos várias formas de classificar a etiologia das maloclusões:
Korkhaus (1939):origem exógena e endógena
- Salzmann (1966): fatores pré e pós-natais
- Begg (1965):hereditariedade, persistência do “overbite” (ocorrência no homem moderno
devido ao pouco uso do aparelho mastigador) e outras causas.
- Graber (1966)
a. Fatores intrínsecos ou locais são fatores mais diretamente relacionados à cavidade bucal e
perfeitamente controláveis pelo dentista. Estes fatores deverão ser detectados. São eles:
• Anomalias de número
2. • Anomalias de tamanho
• Anomalias de forma
• Freios labiais e bridas mucosas
• Retenção prolongada de decíduos
• Erupção tardia de permanentes
• Via de erupção anormal
• Anquilose
• Cáries dentárias
• Restaurações dentárias inadequadas
As ANOMALIAS DE NÚMERO são de origem hereditária na sua grande maioria, mas podem
também estar associadas a anomalias congênitas como lábio-leporino ou patologias
generalizadas como displasia ectodérmica. Entre elas temos:
-DENTES SUPRANUMERÁRIOS
Podem estar inclusos ou irrompidos e têm formato diferente dos dentes normaisOs dentes
supranumerários ocorrem com maior freqüência na maxila, sendo que o mais comum é o
mesiodens localizado na linha mediana entre os incisivos centrais superiores.
Em resumo, podemos concluir que:
estes dentes causam alterações na arcada dentária como, giroversões, apinhamentos, desvios
de erupção e impactações. Evidências radiográficas determinarão a presença do
supranumerário.
A conduta sempre será a exodontia tanto com a finalidade de melhorar as alterações no arco
quanto evitar problemas futuros como reabsorção radicular e surgimento de cistos.
- DENTES EXTRANUMERÁRIOS
Também fazem parte das anomalias de número os
dentes extranumerários: que são dentes que apresentam as mesmas características
anatômicas de um dente normal.
Os dentes extranumerários (que são dentes semelhantes aos normais) podem gerar alterações
nos arcos dentários como diastemas, apinhamentos, desvios de erupção, impactações. O
diagnóstico também poderá ser feito com evidências clínicas e radiográficas, porém
deveremos optar pela exodontia do dente menos favorável ao tratamento, observando
sempre as condições de integridade de coroa e raiz.
- AGENESIA
Outra anomalia de número na classificação da etiologia é a agenesia, que significa ausência de
elemento dentário.
3. Oligodontia: é a ausência de alguns elementos dentários.
Os dentes com maior freqüência são:
-3ºs molares sup e inf;
-incisivos laterais superiores;
-pré-molar inferior;
-incisivos inferiores.
Portanto agenesias geram discrepâncias positivas com conseqüentes migrações dentárias dos
dentes adjacentes aos ausentes. O DIAGNÓSTICO é realizado por meio de suspeitas clínicas
como: diferença na cronologia e/ou seqüência de erupção, esfoliação do dente decíduos
atrasada, ou Decíduo em infra-oclusão, e evidências radiográficas.
CONDUTA CLÍNICA :
será conservar o espaço para uma prótese ou implante, ou mover os dentes
ortodonticamente com o objetivo de fechar o espaço
As ANOMALIAS DE TAMANHO são:
Macrodontia
Dentes maiores que o normal, os mais antigidos - molares e incisivos centrais superiores
Microdontia
Dentes menores que o normal, os mais atingidos - incisivos laterais superiores e terceiros
molares
Tanto a macrodontia quanto a microdontia irão alterar o comprimento da arcada dentária
comprometendo o engrenamento com o arco antagonista.
O diagnóstico poderá ser realizado clinicamente.
E a conduta clínica a ser realizada é a estética do dente com alteração de tamanho havendo as
vezes necessidade de alterar os dentes vizinhos com o objetivo de melhorar o engrenamento e
melhorar a estética do paciente.
Em casos de microdontia de terceiros molares dependendo do antagonista poderá ser indicada
exodontia do microdente.
As ANOMALIAS DE FORMA podem ser:
4. DENTES CONÓIDES
Incisivos laterais superiores e terceiros molares
GERMINAÇÃO
Uma câmara pulpar, e o dente coalescido exibe mineralização total
FUSÃO
Duas câmaras pulpares independentes
CONOIDES, GEMINAÇÃO E FUSÃO geram modificações no perímetro da arcada dentária.
O DIAGNÓSTICO é efetuado através de suspeitas clínicas e evidências radiográficas
A CONDUTA CLÍNICA é a exodontia ou restaurações estéticas
Os FREIOS são lâminas fibrosas de tecido conjuntivo, com forma triangular sendo apontados
como fator etiológico de diastemas interincisivos centrais. O DIAGNÓSTICO do Freio labial
patológico apresenta um SINAL CLÍNICO de isquemia na região da papila incisiva. A CONDUTA
CLÍNICA é a desinserção do freio labial, frenectomia, MAS SOMENTE APÓS A FASE DO
PATINHO FEIO, OU SEJA APÓS ERUPÇÃO DOS CANINOS SUPERIORES.
A RETENÇÃO PROLONGADA DE DENTES DECÍDUOS pode ocorrer por falta de sincronia entre
processo de rizólise e rizogenêse, por rigidez do periodonto, por anquilose do dente decíduo,
ausência do dente permanente correspondente. A RETENÇÃO PROLONGADA DE DENTES
DECÍDUOS causa desvios de erupção de dentes permanentes, ou atraso na sua erupção, e
conseqüentemente modificações no perímetro do arco.
A CONDUTA CLÍNICA recomendada é confirmar a presença do dente permanente
correspondente, e exodontia do decíduo o mais breve possível
A ERUPÇÃO TARDIA DE DENTES PERMANENTES pode acontecer pela
presença de supranumerário, raiz de dente decíduo, ou barreira de tecido fibroso ou ósse. A
retenção de dentes permanentes pode gerar dilaceração radicular e perda do elemento
dental, necessidade de tracionamento, ou mesmo exodontia de dentes posicionados em
regiões com muita dificuldade de realizar o tracionamento.
Frequentemente os dentes tem sua via de erupção anormal por falta de espaço no arco
dentário, por isso os dentes que comumente ficam retidos os caninos superiores e segundos
prés inferiores.Estes dentes acabam erupcionando por vestibular ou lingual ou ficam
impactados.
Erupção ectópca dos dentes permanentes ou VIA DE ERUPÇÃO ANORMAL acontece por uma
mudança na trajetória de irrupção dos dentes, podendo provocar ALTERAÇÕES como impacção
ou adquirindo posições incorretas na arcada dentária.
5. A ANQUILOSE dentária é provocada por um tipo de lesão que pelo rompimento da membrana
periodontal, determina a formação de uma ponte óssea, unindo o cemento à lâmina dura
alveolar, retardando ou mesmo impedindo que o dente faça sua erupção. A anquilose
dentária é percebida clinicamente pela infraoclusão dos segundos molares decíduos sup e inf.;
já radiograficamente podemos observar a ausência de ligamento periodontal nesses dentes. A
anquilose dentária provoca:
- Inclinação dos dentes adjacentes;
- Variações no comprimento do arco dentário com perda de espaço;
- Extrusão do antagonista;
- Desvio de LM para o lado afetado;
- Dificuldades de erupção do sucessor permanente.
A anquilose dentária pode ocorrer devido a:
- Distúrbios no metabolismos local;
- Lacunas na membrana periodontal;
- Infecção localizada;
- Irritação química ou térmica;
- Falha local no crescimento ósseo;
- Trauma mecânico;
- Pressão anormal da língua.
b. Os fatores EXTRÍNSECOS agem muitas vezes durante a formação do indivíduo e portanto
dificilmente são controlados. Estão relacionado com fatores ambientais, por exemplo. São
eles:
- Hábitos Deletérios
- Hereditariedade
- Moléstias e deformidades congênitas
- Meio ambiente
- Ambiente metabólico
- Problemas nutricionais
1. Hábitos Deletérios
Interposição lingual : Deglutição normal perfeito equilíbrio entre músculos dos lábios,
6. bochecha e língua. Na interposição lingual atípica ocorrem as maloclusões. O osso é
um tecido bastante plástico que se molda ante as pressões musculares. A interposição
lingual pode ser:
Primária: quando é o fator etiológico da maloclusão.
Causas
• Desequilíbrio do controle nervoso
• Tonsilas inflamadas
• Macroglossia
• Anquiloglossia (língua anquilosada que não consegue realizar os movimentos de
deglutição)
• Freio lingual anormal
• Perdas precoces e diastemas anteriores
Neste caso o prognóstico pode ser sombrio pois a correção é complexa e depende
muito da cooperação do paciente, do padrão de crescimento e do envolvimento
neuromuscular de toda a musculatura lingual.
O tratamento consiste na:
• Remoção do hábito
• Tratamento fonoaudiológico
• Conscientização do paciente
• Uso de aparelhos ortodônticos/ortopédicos
Secundária: adaptação à alteração existente; “oportunista”
Sucção digital ou de chupeta: Maloclusão resultante do hábito de sucção: localiza-se
na região anterior, de canino a canino
Alterações
Vestibularização dos dentes superiores e anteriores;
Mordida aberta originada da interferência do dedo entre os arcos;
Rotação mandibular no sentido horário, devido a falta de contato dos dentes;
7. A língua, na deglutição, ocupa uma posição projetada no intuito de promover o
selamento anterior. A pressão do dedo sobre o osso alveolar e palato, produz uma
força com conseqüente estreitamento do e aprofundamento do mesmo. O tratamento
consiste na:
Remoção do hábito
Tratamento fonoaudiológico
Conscientização do paciente
Correção maloclusão (aparelhos)
Postura: O tipo de maloclusão causada por hábito geralmente é unilateral e localizado
no arco superior; O peso da cabeça passa aos tecidos da região maxilar e se localiza ali
por ação da mão ou do braço;
Onicofagia : 2 situações
1. Antecipação da erupção dos incisivos permanentes
2. Dependendo do estagio de formação, retardara a erupção, assim a criança ficaria
muito tempo sem os dentes anteriores, estimulando o escape anterior da língua e
alterações da fala (mordida aberta)
O tratamento da onicofagia e postura consiste na remoção do hábito.
Respiração oral : Obstruções presentes ao longo das vias aéreas, que forçam a
respiração através de uma via alternativa: a cavidade bucal. A respiração bucal exige
uma mudança de postura para assegurar a abertura de uma via aérea bucal. Os
respiradores orais se apresentam:
Respiradores bucais puramente funcionais: são respiradores bucais habituais (postura
viciosa) - DESENVOLVIDA
Respiradores bucais orgânicos ou genuínos: obstáculos mecânicos que impedem ou
dificultam a respiração. Podem ser: nasais, atresia maxilar, retrognatismo, alteração de
tonicidade, postura e tamanho de língua, hipertrofia de tonsilas, entre outros
Respiradores bucais impotentes funcionais: disfunção neurológica.
O diagnóstico e o tratamento devem basear-se nos sinais morfológicos, clínicos e
radiográficos, presentes na face e na oclusão do paciente.
- Avaliação clínica;
- Avaliação radiográfica;
8. - Avaliação médica;
- Remoção do hábito
- Correção maloclusão (aparelhos)
2. Hereditariedade
Algumas maloclusões apresentam-se intimamente relacionadas à morfologia facial. As
maloclusões esqueléticas apresentam um forte componente genético na sua etiologia. Nas
populações raciais homogêneas quase não se observa maloclusões, enquanto que nos grupos
que apresentam grande miscigenação racial a prevalência de maloclusões aumenta
substancialmente.
3. Moléstias e Deformidades congênitas
Deformidades que agem sobre o embrião, desde a sua formação intra-uterina até o momento
do nascimento, apresentando manifestações clínicas imediatas ou tardias
Fissuras de lábio e palato
Disostose cleidocraniana
Paralisia cerebral
Febres exantematosas
Displasias ectodérmicas
Incontinência pigmentar
4. Meio Ambiente
Influência Pré-natal
Posição Intra-uterina do feto
Fibromas intra-uterino: causam simetria do crânio e da face
Dieta do metabolismo materno
Rubéola ou uso do Drogas
Influência Pós-natal
Lesões traumáticas no nascimento
Fratura de côndilo
9. Tecido cicatricial por queimadura
Acidentes que provocam pressão indevida sobre a dentição em desenvolvimento
Anquilose condilar
5. Ambiente Metabólico e enfermidades predisponentes
a. Poliomielite
b. Distrofia Muscular
c. Disfunções Endócrinas
Podem desencadear hiperplasia dos dentes, retardando ou acelerando o crescimento, no
fechamento de suturas, na reabsorção ou erupção dos dentes decíduos.
6. Problemas nutricionais
Raquitismo (carência de Vitamina D)
Escorbuto (carência de Vitamina C)
Beribéri (carência de Tiamina)
Provocam alterações na seqüência de erupção, perda precoce ou retenção prolongada dos
decíduos, vias de erupção anormal ou insanidade dos tecidos bucais.