3. Anísio Spínola Teixeira nasceu
no dia 12 de julho de 1900, em
Caetité, Bahia. (NUNES, 2000).
Trajetória
Estudou nos colégios católicos
jesuítas Instituto São Luiz
Gonzaga, em Caetité, e Colégio
Antônio Vieira, em Salvador.
4. 1922
Formou-se bacharel em Direito pela
Faculdade de Direito da Universidade do
Rio de Janeiro.
1924
Foi convidado para o cargo de Inspetor
Geral de Ensino pelo governador da
Bahia Francisco Marques de Góes
Calmon.
5. 1925-1928
Realizou uma viagem para testemunhar
os sistemas de ensino de outros países.
Viajou para países europeus, como
Espanha, Bélgica, França e Itália, em
1925.
Visitou duas vezes os Estados Unidos, a
primeira em 1927 e a segunda em 1928.
Nesse período teve contato com a obra
de John Dewey. Ao retornar, passou a
operar mudanças na educação da Bahia.
6. 1929
Recebeu o título de Master of Arts pelo
Teachers College da Columbia
University.
1930
Publicação de ‘Vida e educação’,
tradução de dois ensaios de John Dewey.
7. 1931
Tentou se eleger como deputado federal
pela Bahia.
Trabalhou no Ministério da Educação e
Saúde Pública, no Rio de Janeiro.
Assumiu a Diretoria da Instrução
Pública do Distrito Federal, a convite do
prefeito Pedro Ernesto Batista. Neste
cargo operou reformas no ensino
primário, escola secundária e ensino de
adultos, que resultaram na criação da
Universidade do Distrito Federal.
8. 1932
Publicação de ‘Educação progressiva ¾
Uma introdução à filosofia da
educação’.
1934
Publicação de ‘Em marcha para a
democracia’.
1935
9. Demitiu-se devido às pressões políticas e
o fortalecimento do autoritarismo no
país com a ditadura Vargas e retornou
para Bahia.
Tornou-se signatário do Manifesto dos
Pioneiros da Educação Nova (1932), que
disseminou as diretrizes de um programa
de reconstrução educacional para o
Brasil. Também participou ativamente da
Associação Brasileira de Educação
(ABE).
1936
Publicação de ‘Educação para a
democracia: Introdução à
administração escolar’.
10. 1946
Assumiu por um período curto o cargo
de Conselheiro de Ensino Superior a
convite do primeiro-secretário executivo
da Unesco Julien Sorell Huxley.
Recusando a inclusão definitiva pela
proposta do governador da Bahia Otávio
Mangabeira de ocupar a Secretaria de
Educação e Saúde do estado, em que
permaneceu até 1950.
1951
11. Assumiu a Secretaria Geral da
Campanha de Aperfeiçoamento Pessoal
de Nível Superior (CAPES) e a
transformou em um órgão, a convite do
ministro da Educação Ernesto Simões
Filho.
1952
Tornou-se diretor do Instituto Nacional
de Estudos Pedagógicos (INEP), no qual
realizou trabalhos de valorização da
pesquisa em educação e permaneceu até
1964.
1954
12. Publicação de ‘A Universidade e a
Liberdade Humana’.
1955
Criou o Centro Brasileiro de Pesquisas
Educacionais (CBPE), com o objetivo de
conduzir estudos sociológicos,
antropológicos, estatísticos e históricos
sobre a realidade brasileira, e os Centros
Regionais de São Paulo, Minas Gerais,
Rio Grande do Sul, Bahia e Pernambuco,
que realizavam trabalhos em conjunto
com as universidades dessas cidades e,
no caso de Salvador, com a Secretaria de
Educação e Saúde do Estado.
13. 1956
Publicação do livro ‘A educação e a
crise brasileira’.
1957
Publicação do livro ‘Educação não é
privilégio’.
1958
14. Foi perseguido por bispos brasileiros que
produziram um memorial em que o
acusavam de extremismo e solicitaram
ao governo federal sua demissão. Isso
culminou no protesto de 529 educadores,
cientistas e professores brasileiros que
fizeram um abaixo-assinado em
solidariedade. Seu cargo foi mantido pelo
presidente Juscelino Kubitschek.
1961
Fundou junto com Darcy Ribeiro a
Universidade de Brasília (UnB).
15. 1962-1964
Assumiu o cargo de reitor da UnB, com
o afastamento de Darcy Ribeiro que
havia assumido a chefia do Gabinete
Civil da Presidência da República.
1964-1966
Com a instalação do governo militar, foi
afastado e aposentado compulsoriamente
de seu posto.
16. 1966
Viajou para os EUA e lecionou como
visiting scholar, de 1964 a 1966,
sequencialmente na Columbia University,
New York University e University of
California.
Retornou ao Brasil e tornou-se Consultor
da Fundação Getúlio Vargas e voltou a
trabalhar na Companhia Editorial
Nacional.
Permaneceu como integrante do
Conselho Federal de Educação até o fim
de seu mandato.
17. Fez reedições de publicações antigas
como: Pequena introdução à filosofia da
educação (1967), Educação é um direito
(1967), Educação no Brasil (1969) e
Educação e o mundo moderno (1969).
1970
Recebeu o título de professor emérito da
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
1971
18. Candidatou-se à Academia Brasileira de
Letras.
Faleceu na cidade do Rio de Janeiro, no
dia 11 de março.
(NUNES, 2000; FRAZÃO, 2019)
20. Teoria
Anísio Teixeira foi um importante educador da tendência
Liberal Renovada Progressista, mais conhecida como
Escola Nova. (SANTOS, 2005).
Suas teorias surgiram em um contexto higienista-
educacional, que levaram a um projeto autoritário de
educação, em que a educação de qualidade era destinada
apenas a elite (AM NCIO, 2021; CAVALIERE, 2010).
21. As formulações de Anísio superaram essa visão e foram
baseadas no pragmatismo americano, advindas de seu contato
com as obras de John Dewey e W. H. Kilpatrick durante sua
segunda viagem aos EUA, em 1928. (CAVALIERE, 2010). No
conceito de Dewey, a educação é vista como um processo
ininterrupto de crescimento e desenvolvimento, com o objetivo
de intensificar a capacidade de crescimento e desenvolvimento.
(CAVALIERE, 2010). Essa definição não permite uma visão
curativa moralizadora, pois frisava a vida e a descoberta e não
pressupunha o preparo e o conserto baseado em um modelo
pronto a ser alcançado pelo aluno.
22. Essa nova ideia de educação está interligada
a ampliação e diversificação da experiência
escolar. Ele defendia a ampliação das
funções da educação escolar, alcançando
“áreas mais amplas da cultura, da
socialização primária, da preparação para o
trabalho e para a cidadania” e o
fortalecimento e laicidade da educação
pública. (CAVALIERE, 2010). Assim como,
a necessidade da Escola de Educação
formar professores especializados nas áreas
de música, artes, desenho, artes industriais e
domésticas, educação física e saúde.
(CAVALIERE, 2010).
23. Segundo Barreira (2000 apud CAVALIERE, 2010), a ampliação das funções da
escola visava a equilibração social. Anísio acreditava que a premissa para o
estabelecimento de uma sociedade democrática e protagonismo individual era a
mudança de mentalidades dos indivíduos em geral e das elites.
24. “A escola deve fornecer a cada indivíduo os
meios para participar, plenamente, de acordo
com as suas capacidades naturais, na vida
social e econômica da civilização moderna,
aparelhando-o, simultaneamente, para
compreender e orientar-se dentro do ambiente
em perpétua mudança que caracteriza esta
civilização”.
(TEIXEIRA, 1997, p. 86 apud CAVALIERE,
2010).
25. Em seu texto de 1953 chamado ‘Educação
não é privilégio’, o autor defende a
educação para a formação ‘comum’ do
homem e a escola ‘comum’, ou seja,
educação democrática e pública que
atendesse a todos, independentemente de
raça, condição financeira ou credo, e
olhasse para os interesses da comunidade
em que estava inserida. (CAVALIERE,
2010).
26. A educação primária não é apenas uma ‘escola
de letras’, mas um ambiente no qual se formarão
hábitos de pensar e de fazer, de convivência e
participação em uma sociedade democrática.
Dada sua concepção sobre as responsabilidades
da escola, argumenta sobre a importância do
enriquecimento das atividades escolares, da
modificação na formação dos professores, do
estabelecimento de jornada escolar de tempo
integral e do aumento da carga horária anual para
1080 horas. (CAVALIERE, 2010).
27. “a escola já não poderia ser a escola dominantemente de instrução de antigamente, mas
fazer as vezes da casa, da família, da classe social e por fim da escola, propriamente dita,
oferecendo à criança oportunidades completas de vida, compreendendo atividades de
estudos, de trabalho, de vida social e de recreação e jogos”. (TEIXEIRA, 1994, p. 162
apud CAVALIERE, 2010).
28. A FAVOR
• de uma escola primária organizada e séria, com
seis anos de estudo nas áreas urbanas e quatro na
zona rural, destinada à formação básica e comum
do povo brasileiro;
• de uma escola média em que a língua, a
civilização nacional e a ciência fossem os
verdadeiros instrumentos de cultura do aluno;
• à aplicação dos recursos públicos assegurados
pela Constituição à educação à luz de dois
critérios básicos: assegurar a cada brasileiro o
mínimo fundamental da educação gratuita e de
somente custear com recursos públicos a
educação pós-primária de alunos escolhidos em
competição por esforço e inteligência.
• Declarava-se, enfim, a favor de uma educação
voltada para o desenvolvimento, que realmente
habilitasse a juventude brasileira à tomada de
consciência do processo de autonomia nacional.
(NUNES, 2000).
CONTRA
• a educação como processo exclusivo de
formação de uma elite;
• o analfabetismo;
• a ausência, a evasão e a repetência da criança na
escola;
• a falta de consciência pública para situação tão
grave;
• a desvinculação do ensino médio das exigências
da sociedade moderna;
• a seletividade extrema no ingresso às
universidades;
• o esvaziamento do ensino superior e a dispersão
de esforços pela multiplicidade, nesse nível de
ensino, de escolas improvisadas ao invés da
expansão e fortalecimento das boas escolas.
30. Anísio foi um personagem importante nas reformas
no ensino e nas modificações no sistema educacional
da Bahia e do Rio de Janeiro. (ARAÚJO, 2020). Sua
atuação foi marcada por críticas à insuficiência do
sistema educacional e a apresentação das primeiras
ideias da Escola Nova no Brasil. (CAVALIERE,
2010).
31. Em suas obras abordou sobre o
financiamento e a organização de um sistema
público de ensino, aprimoramento e melhoria
do formação docente, administração da
educação pública, responsabilidade dos entes
federativos quanto à educação, criação de
universidades públicas e sua autonomia,
democratização do acesso e permanência na
escola fundamental, descentralização do
sistema educacional, investimento em
pesquisas na área de educação.
(NUNES, 2000).
32. Durante sua condução da
Secretaria de Educação e Saúde
do estado da Bahia, em 1950,
inaugurou o Centro Educacional
Carneiro Ribeiro representou a
concretização dessa noção de
escola. (CAVALIERE, 2010).
Popularmente conhecido como
Escola-Parque, o Centro buscava
disponibilizar à criança educação
integral e cuidado com sua
alimentação, higiene, socialização
e preparo para o mercado de
trabalho e o exercício da
cidadania. (NUNES, 2000).
33. “O complexo educacional idealizado por Anísio Teixeira
constava de quatro escolas- classe com capacidade para
mil alunos cada, em dois turnos de quinhentos alunos, e
uma escola-parque composta dos seguintes setores: (a)
pavilhão de trabalho; (b) setor socializante; (c) pavilhão
de educação física, jogos e recreação; (d) biblioteca; (e)
setor administrativo e almoxarifado; (f) teatro de arena ao
ar livre e (g) setor artístico. A escola-parque
complementava de forma alternada o horário das escolas-
classe, e assim o aluno passava o dia inteiro no complexo,
onde também se alimentava e tomava banho. O Centro
abrigava crianças dos sete aos 15 anos, divididas por
grupos a princípio organizados pela idade cronológica.
Previa-se a construção de residências para 5% do total das
crianças da escola, que fossem reconhecidamente
abandonadas, e que ali viveriam”. (Éboli, 1983 apud
CAVALIERE, 2010).
34. Mesmo que nos textos oficiais dos
Centros Integrados de Educação
Pública do Rio de Janeiro não seja
mencionado qualquer embasamento, a
proposta de Darcy Ribeiro demonstra
proximidade com o pensamento de
Anísio Teixeira. (CAVALIERE,
2002b; MAURÍCIO, 2002 apud
CAVALIERE, 2010).
35. Forneceu dados necessários para o
planejamento educacional através do convênio
do INEP com secretarias de educação estaduais,
que propiciam o aperfeiçoamento da educação
primária e da formação docente no país. Além
disso, participou da discussão da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1961)
e da organização e aprovação do I Plano
Nacional de Educação (PNE de 1963-1970).
(AMÂNCIO, 2021; NUNES, 2000)
36. “Como a medicina, a educação
é uma arte. E arte é algo de
muito mais complexo e de
muito mais completo que uma
ciência”.
TEIXEIRA, Anísio. Ciência e arte de
educar. Educação e Ciências Sociais. v.2,
n.5, ago. 1957. p.5-22.
37. Referências
AMÂNCIO, Márcia Helena e Castioni, Remi. Anísio Teixeira e o Plano Nacional de Educação de 1962 -
qualidade social na construção da pessoa humana e da sociedade. Revista Brasileira de Estudos
Pedagógicos. 2021, v. 102, n. 262 [Acessado 4 Setembro 2022] , pp. 723-741. Disponível em
<https://doi.org/10.24109/2176-6681.rbep.102i262.4583>. Acesso em 01 de setembro de 2022.
ARAÚJO, Wlianna. Entenda a importância de Anísio Teixeira para a Educação brasileira. Notícias Concursos,
29 de ago. 2020. Disponível em <https://noticiasconcursos.com.br/entenda-a-importancia-de-anisio-teixeira-
para-a-educacao-brasileira/>. Acesso em 01 de setembro de 2022.
CAVALIERE, Ana Maria. Anísio Teixeira e a educação integral. Paidéia, maio-ago. 2010, Vol. 20, Nº 46, 249-
259. Disponível em <https://doi.org/10.1590/S0103-863X2010000200012>. Acesso em 01 de setembro de
2022.
FRAZÃO, Dilva. Biografia de Anísio Teixeira. e Biografia, 2019. Disponível em
<https://www.ebiografia.com/anisio_teixeira/>. Acesso em 01 de setembro de 2022.
NUNES, Clarice. Anísio Teixeira entre nós: a defesa da educação como direito de todos. Educação &
Sociedade. 2000, v. 21, n. 73, pp. 9-40. Disponível em <https://doi.org/10.1590/S0101-
73302000000400002>. Acesso em 01 de setembro de 2022.
SANTOS, Ana Lúcia Cardoso dos. Didática v.1. 2. ed. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2005.