Este artigo discute a necessidade de uma abordagem não agonística ao estudar teorias teatrais, evitando enxergá-las como textos homogêneos e fechados. Propõe explorar a interface entre a argumentação dessas teorias e os processos criativos que referenciam. Como exemplo, analisa textos iniciais de Meyerhold, mostrando como ele reagia à noção de teatro como reprodução da realidade, defendendo uma concepção mais experimental.
O documento discute o que faz de uma obra um clássico. Apresenta diferentes perspectivas sobre o assunto, desde a visão clássica de regras fixas até visões modernas que enfatizam a originalidade e capacidade da obra em criar sua própria história e manter sua relevância ao longo do tempo. Conclui que uma obra clássica é aquela que permanece nova e capaz de se renovar constantemente ao invés de simplesmente ficar presa ao passado.
1) O artigo discute a publicação no Brasil da obra "História de Florença", de Nicolau Maquiavel, traduzida por Nelson Canabarro.
2) Analisa a originalidade da abordagem de Maquiavel como historiador em relação à tradição da "história educativa" do Renascimento.
3) Argumenta que para compreender Maquiavel é necessário estudar seus laços com a tradição historiográfica do século XV na Itália, em vez de enfatizar apenas suas críticas à abordagem educativa.
Arte moderna: do iluminismo aos movimentos contemporâneos. ARGANCristina Zoya
O documento resume um capítulo do livro de Giulio Carlo Argan sobre a história da arte moderna. A perspectiva de Argan parte da premissa de que a arte é uma forma de produção de valor, e analisa como a arte moderna se desenvolveu em estreita ligação com a Revolução Industrial. Ele julga as formas artísticas do passado à luz da arte moderna, visando situá-las historicamente como modos de produção próprios de cada época.
O documento discute a carreira do pintor brasileiro Arthur Timóteo da Costa no final do século XIX e início do século XX. Apresenta comentários elogiosos sobre a obra de Timóteo feitos por Luiz Gonzaga Duque Estrada em publicação da época, destacando seu talento e como a obra "Antes d'aleluia" foi decisiva para que Timóteo ganhasse uma viagem para estudar na Europa. Apesar de seu talento, Timóteo não parece ter sido muito conhecido em seu tempo, possivelmente devido à sua morte premat
TERRA EM TRANSE (1967, GLAUBER ROCHA): ESTÉTICA DA RECEPÇÃO E NOVAS PERSPECTI...AtomSamit
Este documento discute o filme Terra em Transe (1967) de Glauber Rocha à luz da teoria da estética da recepção. Argumenta que as análises estruturais do filme, apesar de importantes, não são suficientes para compreender seu papel histórico, sendo necessário também considerar como o filme foi recebido pelo público e criticado na época.
O documento descreve a adaptação gráfica feita por Alberto Breccia de um fragmento do romance "Sobre héroes y tumbas" de Ernesto Sabato. A adaptação retrata a descida do protagonista Fernando Vidal Olmos ao inferno em meio à paranoia e loucura, onde acredita que cegos conspiram para dominar o mundo. A obra de Breccia radicaliza as formas literárias e de desenho, colocando em cena uma visão de mundo que não aceita determinações.
1) O documento resume o livro "Eu compro essa mulher: romance e consumo nas telenovelas brasileiras e mexicanas" da autora Cristiane Costa.
2) A autora analisa como o amor romântico é explorado nas telenovelas brasileiras e mexicanas para introduzir as massas na sociedade de consumo.
3) No entanto, o resenhista acredita que a análise da autora é superficial e carece de maior profundidade intelectual e pesquisa para apoiar suas conclusões.
Este documento discute a noção de "teoria crítica" e analisa o desenvolvimento do marxismo nos últimos anos à luz de uma análise anterior do autor. A teoria crítica é definida como uma crítica social que inclui autocrítica. O autor pretende medir a precisão de suas previsões anteriores sobre as direções futuras do marxismo comparando-as com os desenvolvimentos subsequentes.
O documento discute o que faz de uma obra um clássico. Apresenta diferentes perspectivas sobre o assunto, desde a visão clássica de regras fixas até visões modernas que enfatizam a originalidade e capacidade da obra em criar sua própria história e manter sua relevância ao longo do tempo. Conclui que uma obra clássica é aquela que permanece nova e capaz de se renovar constantemente ao invés de simplesmente ficar presa ao passado.
1) O artigo discute a publicação no Brasil da obra "História de Florença", de Nicolau Maquiavel, traduzida por Nelson Canabarro.
2) Analisa a originalidade da abordagem de Maquiavel como historiador em relação à tradição da "história educativa" do Renascimento.
3) Argumenta que para compreender Maquiavel é necessário estudar seus laços com a tradição historiográfica do século XV na Itália, em vez de enfatizar apenas suas críticas à abordagem educativa.
Arte moderna: do iluminismo aos movimentos contemporâneos. ARGANCristina Zoya
O documento resume um capítulo do livro de Giulio Carlo Argan sobre a história da arte moderna. A perspectiva de Argan parte da premissa de que a arte é uma forma de produção de valor, e analisa como a arte moderna se desenvolveu em estreita ligação com a Revolução Industrial. Ele julga as formas artísticas do passado à luz da arte moderna, visando situá-las historicamente como modos de produção próprios de cada época.
O documento discute a carreira do pintor brasileiro Arthur Timóteo da Costa no final do século XIX e início do século XX. Apresenta comentários elogiosos sobre a obra de Timóteo feitos por Luiz Gonzaga Duque Estrada em publicação da época, destacando seu talento e como a obra "Antes d'aleluia" foi decisiva para que Timóteo ganhasse uma viagem para estudar na Europa. Apesar de seu talento, Timóteo não parece ter sido muito conhecido em seu tempo, possivelmente devido à sua morte premat
TERRA EM TRANSE (1967, GLAUBER ROCHA): ESTÉTICA DA RECEPÇÃO E NOVAS PERSPECTI...AtomSamit
Este documento discute o filme Terra em Transe (1967) de Glauber Rocha à luz da teoria da estética da recepção. Argumenta que as análises estruturais do filme, apesar de importantes, não são suficientes para compreender seu papel histórico, sendo necessário também considerar como o filme foi recebido pelo público e criticado na época.
O documento descreve a adaptação gráfica feita por Alberto Breccia de um fragmento do romance "Sobre héroes y tumbas" de Ernesto Sabato. A adaptação retrata a descida do protagonista Fernando Vidal Olmos ao inferno em meio à paranoia e loucura, onde acredita que cegos conspiram para dominar o mundo. A obra de Breccia radicaliza as formas literárias e de desenho, colocando em cena uma visão de mundo que não aceita determinações.
1) O documento resume o livro "Eu compro essa mulher: romance e consumo nas telenovelas brasileiras e mexicanas" da autora Cristiane Costa.
2) A autora analisa como o amor romântico é explorado nas telenovelas brasileiras e mexicanas para introduzir as massas na sociedade de consumo.
3) No entanto, o resenhista acredita que a análise da autora é superficial e carece de maior profundidade intelectual e pesquisa para apoiar suas conclusões.
Este documento discute a noção de "teoria crítica" e analisa o desenvolvimento do marxismo nos últimos anos à luz de uma análise anterior do autor. A teoria crítica é definida como uma crítica social que inclui autocrítica. O autor pretende medir a precisão de suas previsões anteriores sobre as direções futuras do marxismo comparando-as com os desenvolvimentos subsequentes.
Histc3b3ria literc3a1ria-um-gc3aanero-em-crisePedro Lima
O documento discute a história literária como um gênero que passou por um longo período de crise desde o final do século XIX até o final do século XX. Apesar de declínio no prestígio acadêmico, a história literária continua sendo a forma predominante de estudo da literatura nas universidades e escolas. Recentemente, novas abordagens históricas têm descentralizado o cânone literário tradicional.
Anderson, perry. a crise da crise do marxismo cópiaTAmires Iwanczuk
Este documento é uma introdução a um debate contemporâneo sobre a crise do marxismo. O autor analisa o desenvolvimento do marxismo na Europa Ocidental desde a Primeira Guerra Mundial, comparando suas predições anteriores com os acontecimentos das últimas décadas. Ele também discute influências filosóficas como o estruturalismo e pós-estruturalismo francês no destino do marxismo.
O documento resume o pensamento do historiador José Mattoso sobre a escrita da história. Mattoso não se alinha totalmente aos modernos ou pós-modernos e defende uma abordagem contemplativa que busca relacionar partes e todo na interpretação do passado. Ele também enfatiza a importância da interdisciplinaridade e do uso de diversas fontes para compreender a complexidade da existência humana no tempo.
A antropologia urbana josé guilherme cantor magnaniHelena Chagas
O documento discute os desafios da antropologia urbana e como aplicar o método etnográfico no estudo de cidades. Apresenta brevemente a história da antropologia urbana e discute como evitar "a tentação da aldeia" ao estudar sociedades complexas nas grandes metrópoles. Também explica que a etnografia envolve o pesquisador entrar em contato com os pesquisados para comparar perspectivas e gerar novos entendimentos.
A HISTÓRIA EM TRANSE: O TEMPO E A HISTÓRIA NA OBRA DE GLAUBER ROCHAAtomSamit
Un texto de Cristiane Nova (UNEB)
Glauber Rocha é, sem dúvida, um dos cineastas brasileiros, ao mesmo tempo, mais celebrados e repudiados. As contradições de sua vida e as características de sua obra fizeram dele um cineasta marcado por polêmicas. Por isso, não são poucos os estudos sobre sua obra, de múltiplas perspectivas. No entanto, seus filmes são vistos hoje com um enorme distanciamento, como se nada tivessem a nos dizer, como peças de museu de um passado que, embora glorioso, pelo sucesso internacional alcançado, não comportasse elementos de conexão com o nosso presente. Todavia, quanto mais nos aproximávamos dos filmes glauberianos, mais percebíamos quão atuais eram as concepções históricas elaborados pelos seus discursos. Esse impulso nos levou a realizar uma investigação mais profunda, baseada na análise de alguns de seus filmes, objetivando compreender como o tempo e a história se entrelaçavam nas suas narrativas, objeto cujos estudiosos ainda não haviam se debruçado. Além da contribuição que poderíamos dar para a ampliação da esfera de compreensão da obra do diretor, objetivamos abrir um debate entre as concepções históricas criadas pelo cinema brasileiro e as recentes reflexões teóricas da historiografia e da teoria literária sobre o sentido do tempo e da história. Foi nessa perspectiva que foram analisados os filmes e, em especial Terra em Transe, filme que melhor sintetiza essas problemáticas.
Práticas artísticas,crítica e educação do gosto na década 1920Natália Barros
Este documento apresenta uma pesquisa sobre as práticas artísticas, crítica e educação do gosto na imprensa do Recife nas primeiras décadas do século XX. O autor analisa como a micro-história influenciou a pesquisa historiográfica e pretende mapear a relação entre artistas e jornais/revistas do período, examinando o espaço dado à arte e o discurso crítico. Como exemplo, discute a trajetória do artista Murillo La Greca e seu papel na formação de outros artistas na década
O documento resume as atividades realizadas pelo Programa de Educação Tutorial do curso de História da Universidade Federal de Campina Grande no mês de junho de 2013, incluindo a recepção aos calouros, um curso sobre História e Marxismos, e uma entrevista sobre o curso.
1) O documento discute o Romantismo Tardio e o Surgimento do Neo-Romantismo no fim do século XIX em Portugal.
2) Fatores que contribuíram para o prolongamento do Romantismo incluem a tardia instauração do movimento em Portugal, o processo de autoquestionamento durante a Questão Coimbrã, e a vitalidade do chamado "Terceiro Romantismo".
3) No fim do século, conviviam manifestações tardo-românticas e novas tendências neo-românticas em Portugal, com fronteiras por vezes imp
Felipe valoz nova hermenêutica” e “new historicism” – uma breve comparaçãoGisele Laura Haddad
O documento compara a "Nova Hermenêutica" e o "New Historicism", abordagens analíticas da música e literatura respectivamente. Ambas rejeitam o distanciamento do observador da obra e enfatizam a compreensão da obra como parte integrante do discurso histórico mais amplo.
III Seminário de Pesquisa em Dança - PPGDança - UFBA. Artigo Isaura Tupiniqui...Isaura Tupiniquim
O documento discute a dança na contemporaneidade e como certas obras de arte na década de 1950-1970 desafiaram padrões sociais e estéticos através da transgressão. Também analisa como artistas como Artaud, Nijinsky e Hijikata usaram suas próprias performances e corpos para questionar fronteiras entre vida e arte. Finalmente, reflete sobre como esses conceitos de transgressão ainda ecoam na produção artística atual, principalmente na dança.
O documento discute as noções de arcaico e fantasma em relação às categorias de tempo e espaço. O arcaico desloca a percepção linear de tempo e espaço, enquanto o fantasma desarticula a identidade do presente, revelando sua não-contemporaneidade. A produção artística contemporânea é analisada como locus de apresentificação destes conceitos, revelando passados recalcados por meio de superfícies espelhadas e superpostas.
Este resumo descreve um artigo que resenha o livro "Marxismo e Crítica Literária" de Terry Eagleton. O artigo destaca que Eagleton analisa a crítica literária marxista focando em quatro temas principais: literatura e história, forma e conteúdo, o escritor e o engajamento, e o autor como produtor. O artigo também discute as visões de Eagleton sobre a relação entre literatura e ideologia e a importância de considerar a mercantilização da arte na análise marxista.
Este documento fornece informações sobre a Revista Mosaico, publicada pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). A revista é produzida pelo Curso de Graduação em Letras do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da UNESP e publica artigos sobre estudos literários produzidos por alunos. Este número em particular contém onze artigos que abordam questões de gêneros literários como poesia, narrativa e teatro sob diferentes perspectivas e autores.
Este artigo discute o teatro amador como uma pedagogia cultural e espaço de formação para artistas e professores de artes cênicas. O teatro amador é definido como aquele sem fins lucrativos e que não diferencia claramente artistas e público. Ele desempenhou um papel importante na formação de profissionais de teatro no Brasil e pode operar como pedagogia informal complementar à educação formal em artes cênicas.
O documento discute a redefinição da memória e do patrimônio no novo "regime de historicidade" no Ocidente após a queda do Muro de Berlim. O autor argumenta que ocorreu um crescimento do presente como categoria dominante, o que ele chama de "presentismo", onde vivemos entre a amnésia e a vontade de não esquecer. Ele usa exemplos como Berlim para ilustrar como diferentes ordens do tempo podem ser vistas e como a noção de "regime de historicidade" pode ajudar a entender nossa
Este trabalho analisa as referências à Cultura Clássica presentes nos contos de Papéis avulsos, de Machado de Assis. A dissertação busca verificar como o diálogo intertextual com obras clássicas contribui para o desenvolvimento do sentido nas narrativas. Inicialmente, o texto extrai citações clássicas dos contos e apresenta seu contexto original, para depois analisar como Machado as emprega de forma irônica, promovendo uma reflexão social.
O documento discute as representações e analogias na formação de arquitetos, comparando diferentes perspectivas como a de Foucault, Bergson, Picasso e Bacon. Questiona se representações como imagens são equivalentes à experiência direta com arquitetura.
1) O documento discute as formações ideológicas na cultura brasileira, especificamente a tensão entre formalismo/estruturalismo e marxismo nas décadas de 1960 e 1970.
2) Nos anos 1970, surgiu uma crise no estruturalismo e marxismo ortodoxo com a ascensão da dialética negativa e do pensamento anti-racionalista.
3) O autor argumenta que literatura e ideologia se tangenciam ao expressar a experiência intersubjetiva, porém de forma diversa, com a literatura disseminando e a ide
O documento discute as relações entre tempo e espaço na arte contemporânea, especialmente no contexto brasileiro. Aborda como noções de arcaico e fantasma desafiam noções lineares de tempo e espaço, apresentando múltiplos tempos e espaços simultâneos. Também analisa como produções artísticas brasileiras revelam um "lócus do interstício e de presentificação do arcaico", onde manifestações culturais outras são atualizadas.
Este documento presenta la Formación Profesional como una opción válida para el desarrollo de competencias profesionales a través de estudios prácticos y concretos. Según las encuestas a empresas y alumnos, la Formación Profesional ofrece una alta satisfacción y preparación para el mundo laboral. El documento describe varios ciclos formativos con sus características, salidas profesionales y acceso a estudios superiores.
Histc3b3ria literc3a1ria-um-gc3aanero-em-crisePedro Lima
O documento discute a história literária como um gênero que passou por um longo período de crise desde o final do século XIX até o final do século XX. Apesar de declínio no prestígio acadêmico, a história literária continua sendo a forma predominante de estudo da literatura nas universidades e escolas. Recentemente, novas abordagens históricas têm descentralizado o cânone literário tradicional.
Anderson, perry. a crise da crise do marxismo cópiaTAmires Iwanczuk
Este documento é uma introdução a um debate contemporâneo sobre a crise do marxismo. O autor analisa o desenvolvimento do marxismo na Europa Ocidental desde a Primeira Guerra Mundial, comparando suas predições anteriores com os acontecimentos das últimas décadas. Ele também discute influências filosóficas como o estruturalismo e pós-estruturalismo francês no destino do marxismo.
O documento resume o pensamento do historiador José Mattoso sobre a escrita da história. Mattoso não se alinha totalmente aos modernos ou pós-modernos e defende uma abordagem contemplativa que busca relacionar partes e todo na interpretação do passado. Ele também enfatiza a importância da interdisciplinaridade e do uso de diversas fontes para compreender a complexidade da existência humana no tempo.
A antropologia urbana josé guilherme cantor magnaniHelena Chagas
O documento discute os desafios da antropologia urbana e como aplicar o método etnográfico no estudo de cidades. Apresenta brevemente a história da antropologia urbana e discute como evitar "a tentação da aldeia" ao estudar sociedades complexas nas grandes metrópoles. Também explica que a etnografia envolve o pesquisador entrar em contato com os pesquisados para comparar perspectivas e gerar novos entendimentos.
A HISTÓRIA EM TRANSE: O TEMPO E A HISTÓRIA NA OBRA DE GLAUBER ROCHAAtomSamit
Un texto de Cristiane Nova (UNEB)
Glauber Rocha é, sem dúvida, um dos cineastas brasileiros, ao mesmo tempo, mais celebrados e repudiados. As contradições de sua vida e as características de sua obra fizeram dele um cineasta marcado por polêmicas. Por isso, não são poucos os estudos sobre sua obra, de múltiplas perspectivas. No entanto, seus filmes são vistos hoje com um enorme distanciamento, como se nada tivessem a nos dizer, como peças de museu de um passado que, embora glorioso, pelo sucesso internacional alcançado, não comportasse elementos de conexão com o nosso presente. Todavia, quanto mais nos aproximávamos dos filmes glauberianos, mais percebíamos quão atuais eram as concepções históricas elaborados pelos seus discursos. Esse impulso nos levou a realizar uma investigação mais profunda, baseada na análise de alguns de seus filmes, objetivando compreender como o tempo e a história se entrelaçavam nas suas narrativas, objeto cujos estudiosos ainda não haviam se debruçado. Além da contribuição que poderíamos dar para a ampliação da esfera de compreensão da obra do diretor, objetivamos abrir um debate entre as concepções históricas criadas pelo cinema brasileiro e as recentes reflexões teóricas da historiografia e da teoria literária sobre o sentido do tempo e da história. Foi nessa perspectiva que foram analisados os filmes e, em especial Terra em Transe, filme que melhor sintetiza essas problemáticas.
Práticas artísticas,crítica e educação do gosto na década 1920Natália Barros
Este documento apresenta uma pesquisa sobre as práticas artísticas, crítica e educação do gosto na imprensa do Recife nas primeiras décadas do século XX. O autor analisa como a micro-história influenciou a pesquisa historiográfica e pretende mapear a relação entre artistas e jornais/revistas do período, examinando o espaço dado à arte e o discurso crítico. Como exemplo, discute a trajetória do artista Murillo La Greca e seu papel na formação de outros artistas na década
O documento resume as atividades realizadas pelo Programa de Educação Tutorial do curso de História da Universidade Federal de Campina Grande no mês de junho de 2013, incluindo a recepção aos calouros, um curso sobre História e Marxismos, e uma entrevista sobre o curso.
1) O documento discute o Romantismo Tardio e o Surgimento do Neo-Romantismo no fim do século XIX em Portugal.
2) Fatores que contribuíram para o prolongamento do Romantismo incluem a tardia instauração do movimento em Portugal, o processo de autoquestionamento durante a Questão Coimbrã, e a vitalidade do chamado "Terceiro Romantismo".
3) No fim do século, conviviam manifestações tardo-românticas e novas tendências neo-românticas em Portugal, com fronteiras por vezes imp
Felipe valoz nova hermenêutica” e “new historicism” – uma breve comparaçãoGisele Laura Haddad
O documento compara a "Nova Hermenêutica" e o "New Historicism", abordagens analíticas da música e literatura respectivamente. Ambas rejeitam o distanciamento do observador da obra e enfatizam a compreensão da obra como parte integrante do discurso histórico mais amplo.
III Seminário de Pesquisa em Dança - PPGDança - UFBA. Artigo Isaura Tupiniqui...Isaura Tupiniquim
O documento discute a dança na contemporaneidade e como certas obras de arte na década de 1950-1970 desafiaram padrões sociais e estéticos através da transgressão. Também analisa como artistas como Artaud, Nijinsky e Hijikata usaram suas próprias performances e corpos para questionar fronteiras entre vida e arte. Finalmente, reflete sobre como esses conceitos de transgressão ainda ecoam na produção artística atual, principalmente na dança.
O documento discute as noções de arcaico e fantasma em relação às categorias de tempo e espaço. O arcaico desloca a percepção linear de tempo e espaço, enquanto o fantasma desarticula a identidade do presente, revelando sua não-contemporaneidade. A produção artística contemporânea é analisada como locus de apresentificação destes conceitos, revelando passados recalcados por meio de superfícies espelhadas e superpostas.
Este resumo descreve um artigo que resenha o livro "Marxismo e Crítica Literária" de Terry Eagleton. O artigo destaca que Eagleton analisa a crítica literária marxista focando em quatro temas principais: literatura e história, forma e conteúdo, o escritor e o engajamento, e o autor como produtor. O artigo também discute as visões de Eagleton sobre a relação entre literatura e ideologia e a importância de considerar a mercantilização da arte na análise marxista.
Este documento fornece informações sobre a Revista Mosaico, publicada pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). A revista é produzida pelo Curso de Graduação em Letras do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da UNESP e publica artigos sobre estudos literários produzidos por alunos. Este número em particular contém onze artigos que abordam questões de gêneros literários como poesia, narrativa e teatro sob diferentes perspectivas e autores.
Este artigo discute o teatro amador como uma pedagogia cultural e espaço de formação para artistas e professores de artes cênicas. O teatro amador é definido como aquele sem fins lucrativos e que não diferencia claramente artistas e público. Ele desempenhou um papel importante na formação de profissionais de teatro no Brasil e pode operar como pedagogia informal complementar à educação formal em artes cênicas.
O documento discute a redefinição da memória e do patrimônio no novo "regime de historicidade" no Ocidente após a queda do Muro de Berlim. O autor argumenta que ocorreu um crescimento do presente como categoria dominante, o que ele chama de "presentismo", onde vivemos entre a amnésia e a vontade de não esquecer. Ele usa exemplos como Berlim para ilustrar como diferentes ordens do tempo podem ser vistas e como a noção de "regime de historicidade" pode ajudar a entender nossa
Este trabalho analisa as referências à Cultura Clássica presentes nos contos de Papéis avulsos, de Machado de Assis. A dissertação busca verificar como o diálogo intertextual com obras clássicas contribui para o desenvolvimento do sentido nas narrativas. Inicialmente, o texto extrai citações clássicas dos contos e apresenta seu contexto original, para depois analisar como Machado as emprega de forma irônica, promovendo uma reflexão social.
O documento discute as representações e analogias na formação de arquitetos, comparando diferentes perspectivas como a de Foucault, Bergson, Picasso e Bacon. Questiona se representações como imagens são equivalentes à experiência direta com arquitetura.
1) O documento discute as formações ideológicas na cultura brasileira, especificamente a tensão entre formalismo/estruturalismo e marxismo nas décadas de 1960 e 1970.
2) Nos anos 1970, surgiu uma crise no estruturalismo e marxismo ortodoxo com a ascensão da dialética negativa e do pensamento anti-racionalista.
3) O autor argumenta que literatura e ideologia se tangenciam ao expressar a experiência intersubjetiva, porém de forma diversa, com a literatura disseminando e a ide
O documento discute as relações entre tempo e espaço na arte contemporânea, especialmente no contexto brasileiro. Aborda como noções de arcaico e fantasma desafiam noções lineares de tempo e espaço, apresentando múltiplos tempos e espaços simultâneos. Também analisa como produções artísticas brasileiras revelam um "lócus do interstício e de presentificação do arcaico", onde manifestações culturais outras são atualizadas.
Este documento presenta la Formación Profesional como una opción válida para el desarrollo de competencias profesionales a través de estudios prácticos y concretos. Según las encuestas a empresas y alumnos, la Formación Profesional ofrece una alta satisfacción y preparación para el mundo laboral. El documento describe varios ciclos formativos con sus características, salidas profesionales y acceso a estudios superiores.
Revista Unipampa_Transforma Uruguaiana_Revolução no Pampa_Mainardi_PimentaLuiz Fernando Mainardi
O documento descreve a história da criação da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) na região da Campanha e Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. A mobilização de mais de 70 mil pessoas levou à criação da universidade em 2005 para promover o desenvolvimento da região através da educação superior. A Unipampa está em constante crescimento e transformação desde então.
7ma clase cs. int. i materia, atomos y moleculasRafael Caballero
Este documento presenta información sobre la materia, los átomos y las moléculas. Brevemente describe las contribuciones de Demócrito, Dalton, Bohr y otros a la comprensión moderna de la estructura atómica. Explica que la materia está compuesta de átomos, los cuales pueden unirse para formar moléculas. Además, cubre conceptos como elementos, isótopos, electrones y niveles de energía en el átomo.
O documento discute dois ensaios de Lévi-Strauss sobre a relação entre História e Etnologia. No primeiro ensaio de 1949, Lévi-Strauss argumenta que a Etnologia deve se diferenciar da História focando no presente em vez do passado. No segundo ensaio de 1983, Lévi-Strauss adota uma abordagem mais conciliatória entre as disciplinas.
Notas (incertas) sobre teatro e pós-modernidadeTaís Ferreira
Este documento discute a diversidade do campo teatral contemporâneo inserido na pós-modernidade, usando como exemplo acontecimentos teatrais na cidade de Pelotas no Rio Grande do Sul. O autor argumenta que na pós-modernidade existe uma convivência de diferentes gêneros, estéticas e públicos no campo teatral, ilustrando com três eventos teatrais distintos ocorrendo simultaneamente em Pelotas: uma comédia de costumes, um espetáculo experimental universitário e um espetáculo de rua inspirado no teatro épico g
Este documento discute as redes significativas e institucionais que sustentam a arte e o design digitais. Primeiro, apresenta um breve histórico das relações entre arte e design no século XX. Em seguida, identifica como a comunicação e as redes significativas e institucionais moldam a cultura digital, notando que estas redes apoiam circuitos de consumo.
Este documento resume a história da dança em Goiânia entre 1973 e 1988, destacando os principais grupos e estilos que se desenvolveram durante este período e suas contribuições para a cena da dança no Brasil. O texto explora como a dança foi usada como forma de expressão artística e criação durante este tempo em Goiânia.
“Audiovisual e performance conceitos paradigmáticos no estudo da arte contem...grupointerartes
O documento discute conceitos paradigmáticos no estudo da arte contemporânea, como audiovisual e performance. A performance é entendida como uma forma de arte autônoma que se desenvolveu nas décadas de 1960 e 1970. O cinema é visto como um paradigma audiovisual fundamental que influenciou outras artes. A performance e o audiovisual são conceitos interligados que ajudam a entender desenvolvimentos na arte, como a pop art e a expansão de fronteiras entre meios.
Sobre o espectador e a obra de arte - da participaçãoo a interatividadeRenata Furtado
1. O documento discute a evolução da arte para colocar o espectador como elemento central, desde os impressionistas até a arte interativa contemporânea.
2. A teoria da "obra aberta" de Eco é analisada, mostrando como as obras passaram a depender da participação do público para serem concluídas.
3. Uma entrevista com um produtor cultural especializado em arte interativa fornece perspectivas práticas sobre os desafios de trabalhar com esse tipo de arte em constante evolução.
Estudos Culturais, recepção e teatro: uma articulação possível? (2006)Taís Ferreira
Este artigo discute a possível articulação entre os Estudos Culturais de recepção e a recepção no campo teatral. A autora propõe desenvolver um estudo de recepção teatral inspirado nos Estudos Culturais de Comunicação, considerando o receptor como co-produtor ativo na construção de significados. Também contextualiza a evolução dos estudos de recepção, desde modelos que enxergavam o receptor como passivo até abordagens que o veem como agente ativo e polissêmico.
Chartier, roger a história ou a leitura do tempoStefânia Weinert
Este documento discute a natureza da história como disciplina. Afirma que a história é tanto um relato quanto uma forma de conhecimento, apesar de ter resistido a essas noções no passado. Explora como autores como Paul Veyne, Hayden White e Michel de Certeau destacaram as dimensões narrativas e retóricas da escrita histórica, levantando questões sobre seu status como conhecimento. Também discute tentativas de reafirmar a capacidade da história de produzir conhecimento verdadeiro através de té
1) O livro discute a ideia de que cultura é uma invenção humana, não algo fixo ou natural.
2) Argumenta-se que a cultura é criada através da atividade simbólica humana para dar sentido ao mundo, e não existe objetivamente.
3) A antropologia é apresentada como tendo dificuldade em reconhecer as implicações da relatividade cultural, tratando-a como algo a ser superado em vez de aceito.
Lopes; leonardo henrique da silva como assistir a uma defesa de trabalho de...Acervo_DAC
O documento descreve a história e conceitos do happening. Começa explorando as origens do gênero no dadaísmo, com performances que envolviam o público. Depois, fala sobre o surgimento do termo "happening" nos anos 1960, quando artistas questionavam paradigmas da arte. Por fim, apresenta o trabalho proposto, que usa o happening para diminuir a distância entre arte e espectador durante a defesa da monografia.
1) O documento discute diferentes abordagens antropológicas como estruturalismo, antropologia cultural e comunicação.
2) Ele explora os conceitos-chave de Lévi-Strauss sobre estruturas que preexistem às culturas e sobre invariantes culturais.
3) O documento também discute a rejeição do estruturalismo a abordagens históricas e empiristas e sua ênfase na compreensão das estruturas subjacentes às culturas.
Dicionário crítico de política cultural (teixeira coelho)Jana Oliveira
1. O documento introduz um dicionário crítico de política cultural, abordando o domínio da política cultural e os desafios conceituais da área.
2. O autor propõe estruturar o dicionário a partir de uma abordagem biorientada, considerando tanto aspectos sociológicos quanto do imaginário e do biológico no fato cultural.
3. O dicionário visa consolidar conceitualmente a política cultural como ciência das estruturas culturais.
O documento discute o trabalho do historiador Carlo Ginzburg e seu método indiciário de análise histórica. Ginzburg analisou obras de arte como as pinturas de Piero della Francesca buscando indícios sobre o contexto histórico e social em que foram produzidas, ao invés de apenas estudar os aspectos estilísticos. Seu método envolve a análise detalhada de pequenos detalhes e a construção de narrativas históricas a partir de múltiplas fontes.
Lallement, Michel - Historia das Ideias Sociologicas v1.pdfCarinaSilva626903
Este livro oferece aos estudantes e professores de sociologia uma visão panorâmica da evolução do pensamento sociológico desde a Antiguidade até Max Weber. O livro apresenta os principais marcos teóricos e textos que moldaram o desenvolvimento da sociologia ao longo da história.
Este documento compara as filosofias da história de Hegel e Nietzsche em quatro pontos: 1) Ambos praticavam o discurso meta-histórico; 2) Compara os conceitos de razão de cada um; 3) Analisa como paixão e esquecimento fundamentam a ação em cada um; 4) Discute como cada um via o homem culto. O objetivo é mostrar semelhanças e diferenças conceptuais entre os dois pensadores.
Relações entre ficção e história. uma breve revisão teórica (1).pdfPatrciaSousa683558
Este documento apresenta uma breve revisão teórica das relações entre ficção e história ao longo da história do pensamento ocidental. Aborda como autores como Platão, Aristóteles, Hegel, Lukács, Barthes e outros pensaram sobre as fronteiras entre o ficcional e o factual no discurso literário e como a literatura pode incorporar elementos da realidade histórica.
Apresenta a história da fundação de Cáceres em 1778 e seu desenvolvimento inicial centrado na Fazenda Jacobina. Discute o progresso no século XIX devido à extração de ipecacuanha e borracha, bem como a abertura da navegação no Rio Paraguai. Explica que Vila Maria do Paraguai recebeu o nome de São Luiz de Cáceres em 1874 quando foi elevada à categoria de cidade.
O documento discute as abordagens teóricas da literatura no Brasil nas décadas de 1960 e 1970. Inicialmente, havia uma tensão entre o estruturalismo e o marxismo, que enfatizavam respectivamente a análise formal dos textos e sua relação com a sociedade. Posteriormente, surgiram novas correntes como a Escola de Frankfurt e o pós-estruturalismo, que questionaram essas abordagens positivistas em favor da singularidade e da crítica social.
1) O documento resume o livro "Jogos de Escala: a experiência da microanálise", que discute a abordagem da micro-história na pesquisa histórica francesa.
2) A micro-história surgiu como uma crítica à perspectiva macro-histórica dominante que buscava explicações nos níveis estruturais.
3) A micro-história valoriza a escala local e os sujeitos históricos, questionando noções rígidas de racionalidade e causalidade históricas.
Este documento discute as duas tradições textuais dos escritos de Bernardim Ribeiro, um autor português do século XVI. Apresenta os dois manuscritos existentes da obra em prosa de Bernardim e as três edições impressas do século XVI, analisando as diferenças entre elas. Também aborda a publicação da obra de Bernardim em Ferrara no contexto do criptojudaísmo português da época.
This document discusses the discovery of Aleister Crowley's lost diary from September 1930, when he traveled to Portugal and met with Fernando Pessoa. Crowley was known to have kept a diary during this period, and portions were quoted by his biographer John Symonds. However, the actual diary pages from September 1930 went missing from Crowley's collected papers. The author was able to obtain a scanned copy of the missing six diary pages, providing a firsthand account of Crowley's movements and activities in Portugal, including his interactions with Pessoa. Analysis of the diary sheds new light on this important historical encounter between the two figures.
Este documento é um folheto revolucionário português de 1909 contendo poemas e artigos criticando a Igreja Católica e defendendo a independência de Portugal. O principal poema, escrito por Dias d'Oliveira, critica a influência dos jesuítas e defende a nação contra ameaças estrangeiras.
1) Muitas culturas e religiões ao longo da história tentaram responder às questões fundamentais sobre o sentido da existência humana e sua relação com o divino ou transcendente, embora de formas diferentes e condicionadas pelos contextos culturais.
2) As religiões procuram estabelecer um vínculo espiritual entre o visível e o invisível através de interpretações das escrituras sagradas, embora limitadas e parciais. Cultura e religião se desenvolvem em íntima conexão.
3) Apes
1) A história urbana em Portugal é um campo de estudo pouco desenvolvido, com muitas lacunas de conhecimento.
2) Recentemente, tem havido um maior interesse pela história urbana, com mais investigações, publicações e iniciativas a nível local.
3) No entanto, a história urbana permanece uma área menor de estudo nas universidades portuguesas, com poucos historiadores urbanos e falta de cursos e instituições dedicadas especificamente a este campo.
1) Antonin Artaud foi um poeta, ator e teórico do teatro francês do século XX que passou grande parte de sua vida internado em hospitais psiquiátricos devido a problemas mentais.
2) Ele participou do movimento surrealista nos anos 1920, mas rompeu com o grupo quando eles aderiram ao marxismo.
3) Sua obra abrange teatro, cinema, poesia e ensaios e teve grande influência nas artes experimentais do século XX.
I. O documento descreve a evolução da política de planeamento urbano em Portugal desde os anos 1930 até a atualidade, destacando as diferentes leis e abordagens ao longo do tempo.
II. Atualmente, existem problemas relacionados à implementação dos planos, falta de compatibilidade entre escalas de planejamento e demoras excessivas nos processos.
III. Há um reconhecimento de que é necessário repensar o processo de planejamento, especialmente nos níveis territorial e regional, para enfrentar os desafios atuais de forma mais eficaz.
Este documento analisa como os duelos entre cavalheiros portugueses dos séculos XIX-XX refletem a dinâmica entre a vida privada e pública. A honra pessoal era importante, mas a consideração social e a imagem pública também eram essenciais. Os duelos eram usados como ferramenta política entre a elite, para resolver disputas de uma forma controlada em vez de violência descontrolada. Apesar de punível pela lei, os duelos eram socialmente aceites. No século XX, surgiu um "Código d'
1) António Pedro foi um poeta e pintor português que promoveu o surrealismo em Portugal. Sua obra explora uma "poética do feio" que desafia as normas estéticas burguesas.
2) Seu quadro mais famoso, "Rapto na paisagem povoada", utiliza várias técnicas de colagem e intertextualidade com suas próprias obras e de outros artistas como Rubens.
3) Sua poesia e pintura procuram libertar a arte de constrangimentos do belo, introduzindo o feio, o
O documento discute a poesia de António Maria Lisboa e sua relação com o surrealismo. Trata do amor como elemento central na obra de Lisboa e como via para libertação total. Também aborda a importância do esoterismo e da alquimia como meios de transcendência interior para alcançar a plenitude da existência.
This document discusses the discovery of Aleister Crowley's lost diary from September 1930, when he traveled to Portugal and met with Fernando Pessoa. Crowley was known to have kept a diary during this period, and portions were quoted by his biographer John Symonds. However, the actual diary pages from September 1930 went missing from Crowley's collected papers. The author was able to obtain a scanned copy of the missing six diary pages, providing a firsthand account of Crowley's movements and activities in Portugal, including his interactions with Pessoa. Analysis of the diary sheds new light on this important historical encounter between the two figures.
Este documento fornece informações sobre a exposição "Soeiro Pereira Gomes - Na Esteira da Liberdade" no Museu do Neo-Realismo para comemorar o centenário do nascimento do escritor Soeiro Pereira Gomes. A exposição apresenta a vida e obra de Soeiro Pereira Gomes através de documentos, fotografias e objetos pessoais doados ao museu. Soeiro Pereira Gomes foi um importante escritor neo-realista português e defensor dos direitos dos trabalhadores.
Este documento apresenta uma revisão da literatura sobre a relação entre urbanismo e globalização em Portugal nos últimos 25 anos. O autor identifica quatro modelos analíticos que emergiram nesta relação: 1) o modelo da Metrópole, que enfatiza o papel central de Lisboa; 2) o modelo da Metropolização, focado na expansão urbana; 3) o modelo da Intermediação Sócio-Cultural, analisando fluxos culturais; 4) o modelo da Criatividade Urbana, estudando a economia criativa. A síntese destes modelos
This manifesto outlines the Dada movement's rejection of traditional art forms and established principles. It states that Dada means nothing and was born from a need for independence and distrust of unity. The manifesto criticizes previous art movements like Cubism and Futurism for relying on established theories and principles. It advocates for art that is directly created from raw materials without symbolic or illusionistic elements, and rejects the idea that art should be analyzed or have a higher purpose beyond individual expression. The manifesto concludes that art should be a private matter without systems or theories.
The document provides an overview of binary number systems and how they are used in computers. It begins by explaining that computers use binary rather than decimal. It then discusses:
1) How binary works by representing numbers as strings of 1s and 0s, with each digit representing a power of 2.
2) Methods for converting between binary and decimal numbers, including dividing decimal numbers by 2 repeatedly and expressing them as sums of powers of 2.
3) Key concepts like bits, bytes, and how all computer data is ultimately stored as binary.
Binary numbers use only the digits 0 and 1 to represent values. Other numbering systems discussed include octal (base 8) and hexadecimal (base 16). Octal groups binary numbers into sets of 3 digits, while hexadecimal uses groups of 4 binary digits. Conversion between binary, octal, and hexadecimal is demonstrated through examples. Binary addition and subtraction are conceptually similar to decimal but use only 1s and 0s. Two's complement representation is commonly used in microprocessors to represent both positive and negative numbers.
The document discusses the benefits of exercise for mental health. Regular physical activity can help reduce anxiety and depression and improve mood and cognitive function. Exercise causes chemical changes in the brain that may help protect against mental illness and improve symptoms.
Este documento discute a melancolia e a depressão do ponto de vista psicanalítico. Apresenta uma revisão histórica do conceito de melancolia desde a Antiguidade até os dias atuais, quando passou a ser substituída pelo termo depressão. Discute as contribuições de Freud para diferenciar melancolia e depressão, vendo a primeira como uma psiconeurose narcísica. Argumenta que o modelo narcísico-melancólico é mais adequado para compreender os transtornos contemporâneos, em um contexto de ênfase no indiv
Este documento descreve um depoimento de uma antropóloga em um tribunal no Brasil sobre o reconhecimento de terras indígenas. A antropóloga testemunha sobre sua visita à área em questão em 1976, quando encontrou famílias indígenas vivendo lá. No entanto, ela afirma que eles já não viviam isolados em uma aldeia tradicional. A testemunha também diz que a miscigenação não retira a condição indígena dessas pessoas segundo a lei brasileira. O documento introduz o tema
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Dossie 02 marcus_mota
1. POR UMA ABORDAGEM NÃO AGONÍSTICA DAS
TEORIAS TEATRAIS:
O CASO MEYERHOLD*
*
Marcus Mota**
Universidade de Brasília – UnB
marcusmota@unb.br
RESUMO: Neste artigo eu proponho uma abordagem não agonística para interrogar teorias elaboradas a
partir de obras teatrais. Pois, no lugar de ler teorias teatrais como textos homogêneos e fechados em si
mesmos, deveríamos explorar a interface entre sua argumentação e os processos criativos. Para
exemplificar essa abordagem proposta, textos de V.Meyerhold serão analisados.
PALAVRAS-CHAVE: Teoria teatral – História do Teatro – Meyerhold
ABSTRACT: In this article I propose a non agonistic way to interrogate theories about performances.
Instead of reading theatrical theories as homogeneous and autonomous texts, we should explore their
interface between argumentation and the creative process they references with. In order to explain my
approach, I examine V. Meyerhold’s theoretical texts.
KEYWORDS: Theatre Theory – Theatre History – Meyerhold
Precisamos de formas novas. Formas novas
são indispensáveis e, se não existirem, então
é melhor que não haja nada.
Tchecov, A Gaivota.1
*
Reescritura de trabalho apresentado ao V Congresso Brasileiro de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes
Cênicas. Belo Horizonte, UFMG, 2008.
**
Professor de Teoria e História do Teatro na Universidade de Brasília. Coordena o Laboratório de
Dramaturgia e Imaginação Dramática. Autor de A dramaturgia Musical de Ésquilo [Brasília:
Editora Universidade de Brasília, 2008.] Dramaturgo, libretista e cancionista. Website
<www.marcusmota.com.br>
1
Fala da personagem Trepliov (A Gaivota, Tchecov), interpretado por Meyerhold na montagem do
Teatro de Arte de Moscou, em 1898, dirigida por C. Stanislavski, que interpretou a personagem
Trigorin.
2. Fênix – Revista de História e Estudos Culturais
Setembro/ Outubro/ Novembro/ Dezembro de 2010 Vol. 7 Ano VII nº 3
ISSN: 1807-6971
Disponível em: www.revistafenix.pro.br
2
Fotografia da montagem do Teatro de Arte de Moscou (1898) de A Gaivota. Da esquerda
para a direita: V. Luzhsky (Sorin), V. Meyerhold (Treplev) e M. Roksanova (Nina).
http://max.mmlc.northwestern.edu/~mdenner/Drama/plays/Seagull/2seagull.html
Acesso em: 01 set. 2010.
Quem se defronta com as fontes para o estudo de teorias em artes cênicas no
século XX precisa sempre estar atento ao contexto da produção de tão beligerantes e
multiformes textos. Tais textos se apresentam em uma heterogeneidade tanto de suporte,
quanto de ocasião: são entrevistas, cartas, anotações de ensaios, listas de exercícios,
registros estenografados de falas durante ensaios, manifestos, poemas, romances,
diários, entre outros exemplos. A diversidade de formatos já nos previne a respeito de
qualquer tentativa de se unificar tematicamente ou formalmente unificar essas fontes, na
busca vã de se encontrar um modelo único do que deveria ser a ‘teoria teatral’.
Diante disso, é preciso sempre levar em consideração tal aspecto circunstancial
da teoria teatral. No lugar de uma presumida universalidade ou aplicação a qualquer
situação em qualquer momento, os textos que temos de pensadores e artistas sobre
aspectos da prática artística cênica se definem a partir de contextos bem concretos,
mesmo quando procuram estabelecer diálogo com ideias de vários campos do saber ou
se determinam como programas estéticos.
3. Fênix – Revista de História e Estudos Culturais
Setembro/ Outubro/ Novembro/ Dezembro de 2010 Vol. 7 Ano VII nº 3
ISSN: 1807-6971
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3
Desse modo, para exemplificar, a cadeia que integra a afortunada tradição que
vai de Stanislávski a Grotowski, passando por Meyerhold e Brecht, vale-se, além de
suas realizações cênicas, de textos e antagonismos que manifestam soluções e propostas
operativas ou intelectuais diante de impasses ou recusas enfrentados por cada um dos
autores. Mais especificamente: no momento de afirmação daquilo que realizam,
Stanislávski, Meyerhold, Brecht e Grotowski empregaram muitas vezes uma retórica
belicista que hoje, anos depois, precisa ser compreendida e contextualizada antes de
adotada como comportamento exclusivo, como traço distintivo da teoria teatral e da
formação de um público consumidor dessa teoria.
Como se pode observar, a explosão da teatralidade no século XX fez irromper
uma massa de textos relacionados a processos criativos específicos – escritos não
destinados a reproduzir prévias distinções e problemas presentes nos manuais de
estética. Ao tentar deixar de ser uma província da especulação filosófica (ou, muitas
vezes, pseudofilosófica), o campo das artes cênicas viu-se diante de um processo de
auto-reflexão, procurando explorar novas experiências e novos objetos de pensamento.
Nesse ponto é preciso entender o que se pode denominar “contexto reativo das
artes de ruptura”. Se a conhecida fórmula “a ruptura com a tradição tornou-se a tradição
da ruptura” for melhor compreendida, veremos que a retórica negadora das primeiras
décadas do século XX, revigorada a partir das neo-vanguardas dos anos 60, constrói-se
na necessidade do referente da recusa. Simultaneamente o discurso e o fazer projetam-
se sobre o material e em sua transformação de agora e na recepção das práticas e
convenções de outrora. Assim, parte do que se nega é apropriado no que se
posteriormente se afirma.
Um sintoma disso é o chamado ‘não realismo’. Com o avançar do século XX,
mais que uma proposta de trabalho, o conceito generalizou-se, tanto que se transformou
em critério de valor, dividindo o mundo entre duas metades: a boa, experimental, não
realista, e a má, realista, tradicional.
Do lugar em que estamos, nos albores do século XXI, parece não haver mais
sentido dizer o que as pessoas devem fazer, ou se tal teoria ou técnica é melhor que a
outra. O desafio de hoje é, diante de tanta informação e disponibilidade de técnicas e
materiais documentados, procurar efetivar a consistência de um trabalho
criativo/investigativo, seja qual for sua orientação.
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4
Mesmo assim, podemos escutar ainda forte o clamor profundo de gente que
insiste tomar textos escritos por artistas e pensadores das diversas manifestações da
teatralidade como uma doutrina suficiente na formulação discursiva, ou expressão
insuficiente de uma proposta aplicável a uma atividade concreta ou a uma discussão
conceptual. Com a consolidação de cursos superiores e pós-graduações em artes cênicas
o renovado encontro com os multiformes textos de teoria teatral tem provocado uma
recepção que generaliza estereótipos intelectuais. Propostas, conceitos e ideias
defendidos por Stanislavski, Meyerhold, Brecht e Grotowski, entre outros, são retirados
de seus contextos, do embate de propostas e estímulos intelectuais dentro de processos
criativos, para se tornarem emblemas de posturas e imposturas tidas como ‘acadêmicas’.
Sob a justificativa “está escrito” abalizam-se formas de apropriação superficiais da
tradição teatral do século XX. Ao fim, resta apenas o discurso vazio do ‘ir contra’, como
se apenas esse impulso produzisse conhecimento e sustento para empreendimentos
complexos e duradouros em seus efeitos.
Contraditoriamente temos o seguinte: no processo de autonomização das artes
da cena houve a necessidade e ímpeto cada vez mais dilatado de se contrapor ao que
quer impedisse uma expansão reconfiguradora de conceitos, práticas e comportamentos.
Mais tarde quando essa mesma tradição torna-se objeto de estudo e sua discussão
institucionalizada, grande parte do material produzido e dos debates realizados expressa
apenas tensões epidérmicas, oposições imediatas, muitas delas construídas em função de
um tratamento discursivo das fontes. Ou seja, a mera defesa do aspecto conflitivo e
antagonista das teorias teatrais elimina os conflitos, as disparidades.
Se tudo é beligerante, oposicional, nada é beligerante e oposicional. Se se
generaliza a ideia de que a elaboração da teoria teatral ou do próprio fazer teatral é estar
apenas contra alguma coisa, essa definição já de antemão neutraliza o alcance e impacto
do pretenso antagonismo essencial das artes cênicas. Se restringimos o que é fazer teoria
teatral antes de fazer a teoria teatral, o que de fato é efetivado é um conjunto de normas,
sem que haja a necessidade de se questionar tanto a metalinguagem quando a
construção dos objetos de observação.
Tal abstração resulta ineficaz quando nos aproximamos dos contextos de
produção de teoria teatral. Ao lermos os textos disponíveis correlacionando-os com
processos criativos específicos, podemos notar como na busca de diferenciadas
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fronteiras de percepção e novos repertórios e experiências, os artistas mesmos alteram
suas propostas e práticas, deixando para trás confusos os catalogadores de obras e os
fabuladores de simples sínteses conceptuais.
Uma pergunta: não pode um processo criativo valer-se de vários outros e
distintos processos criativos? E complementando: sendo assim, a heterogeneidade deste
processo criativo não nos informaria da definição interartística e multireferencial dos
eventos cênicos? Ainda: sendo assim, no lugar de interditar relações, não seria melhor
ver as artes cênicas em sua atividade de seleção e combinação de parâmetros de
expressão, a partir de tradições e práticas contextualizáveis? Por que submeter a
capacitação intelectual em artes cênicas ao fetichismo da ortodoxia das escolhas prévias,
do categorial apriori? Por que não assumir que nosso a priori, se é que existe algum, é a
superação do falso paradoxo entre o movimento e a restrição?
Para uma ampliação das questões acima formuladas, segue-se uma análise dos
primeiros momentos e textos da carreira de V. Meyerhold.
Meyerhold. Foto na prisão stalinista. Sentenciado a morte em 1 de fevereiro de 1940, executado
no dia seguinte.
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A multifacetada carreira de V. Meyerhold (1874-1940) é muitas vezes reduzida
a algumas rubricas (ruptura com Stanislavski (1863-1938), biomecânica, teatralização
do teatro, martirização) que, veiculadas pelos manuais e apressadas historiografias do
teatro, contribuem para formar estereótipos intelectuais.2
No lugar de romancear
Meyerhold, nos propomos a examinar sua decisiva participação no teatro moderno.3
Um dos aspectos recorrentes em seus escritos iniciais é sua reação a uma
concepção do teatro como reprodução da realidade, ou o teatro naturalista do estilo da
companhia dos Meininger.4
Essa concepção, acatada em alguns trabalhos do Teatro de Arte de Moscou,
dirigida por C. Stanislavski,5
baseia-se em uma tradição de ‘grande espetáculo’, que
2
Muitos desses estereótipos estão relacionados com as dificuldades de acesso a documentos da antiga
União Soviética. Após a queda do muro de Berlim, novos documentos favorecem uma compreensão
mais ampla da situação cultural soviética. Sobre a mitificação de sua morte, consulte-se SENELIC, L.
The Making of a Martyr. Theatre Research International, n. 28, p. 157-168, 2003. Sobre
reaplicações da biomecânica consultar: NORMINGTON, K. Meyerhold and the New Millennium.
NTQ, n. 21, p. 118-126, 2005.
3
Como o faz muitas vezes. RIPELINO, A. M. O truque e a alma. São Paulo: Perspectiva, 1996.
4
Companhia teatral liderada pelo duque germânico Georg II Saxe de Meiningen (1826-1914) que
excursionou pela Europa entre 1874 e 1890 – em 1885 e 1890 passou pela Rússia –, destacando-se por
um tratamento pomposo do passado histórico. Para tanto, desenvolveu a presença e o movimento de
multidões no palco, como em cenas de batalha e coroação, aprimorou os detalhes de objetos de cena,
cenários e figurinos, além de trabalhar com plataformas e efeitos sonoros, o que coloca o Duque de
Meiningen como um modelo da figura moderna no encenador, além de contemporâneo da idéia
wagneriana de arte total. Para mais informações, consultar os seguintes textos: SIMÓN, P. I. Direção e
princípios estéticos na Companhia dos Meininger. Folhetim, n. 25, p. 6-31, 2007; KOLLER, A. M.
The Theater Duke. Georg II of Saxe-Meiningen and the German Stage. Stanford: University Press,
1984; WILLEMS, V. A. Henry Irving and The Meininger. Wisconsin: The University of
Wisconsin, 1970; e GRUBE, M. The Story of The Meininger. Florida: University of Florida, 1963.
Para desdobramentos do método e do teatro de Meiningen, ver a tese de doutorado de K. T.
HANSON, Georg II, The Duke of Saxe-Meiningen: Re-examination, apresentada na Brigham
Young University, em 1983.
5
Em carta para sua esposa Olga. M. Munt, em 22/06/1898, Meyerhold informa que “O mercador de
Veneza” será realizado à la Meiningen, com a atenção que se deve à exatidão histórica e etnográfica.
A antiga Veneza emergirá como algo vivo diante do público. De um lado, o velho quarteirão judeu,
escuro e sujo; do outro, a praça diante do palácio de Pórcia, lindo, poético, com uma vista para o mar
que encanta os olhos. Escuridão aqui, claridade lá; aqui, tristeza e opressão; lá, brilho e alegria. O
cenário sozinho expressa a idéia por trás da peça!”. (TAKEDA, C. L. O cotidiano de uma lenda.
Cartas do Teatro de Arte de Moscou. São Paulo: Perspectiva, 2003, p. 64-65.) Noutra carta para sua
esposa, em 8/7/1898, Meyerhold comenta entusiasticamente os cenários da peça Tsar Fiódor: “Não
se poderia ir além em termos de beleza, originalidade e verdade. É possível olhar os cenários durantes
horas a fio e não s cansar. E mais, gosta-se deles como algo real. O cenário para a segunda cena do
Primeiro Ato, um cômodo no palácio do tsar’, é especialmente bom. Faz a gente se sentir em casa. É
bom devido à sensação confortável que transmite e ao estilo”. (Ibid., p. 69.) Vemos aqui um
Meyerhold bem longe de Meyerhold.
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7
oferecia ao público pagante um desfile de excessos – multidões, canhões, maquinário
cênico, épocas passadas com todos apetrechos e quinquilharias.6
O paradoxo entre o verismo da reconstrução histórica e o seu hipnotismo
ilusionista fora denunciado por Appia. No caso de Meyerhold, além de Appia, temos
seu contato com a obra de Tchecov, e, posteriormente, com a dos simbolistas. Segundo
Meyerhold, em um primeiro momento, a dramaturgia de atmosferas de Tchecov era um
desafio para o naturalismo e para Stanislavski. A encenação dessa dramaturgia exigia
mais que um amontoado de objetos e sons para a materialização a vida banal, cômico-
séria e cheia de lapsos e silêncios das personagens.7
É na discordância sobre o modo de
encenar Tchecov que encontramos não só o afastamento de Meyerhold quanto a
Stanislavski, como também a individualidade das concepções do próprio Meyerhold.8
Ou seja, nem tanto divergências estéticas como também pedagógicas e quanto condução
do espetáculo, divergências estas impulsionadas pela busca de uma participação mais
ativa no processo criativo que se efetiva no Teatro de Arte.9
Como vemos, estamos
diante do contexto de consolidação do Teatro de Arte de Moscou, entre 1897 e 1908.
6
Segundo vemos em ROUBINE, J-J. A linguagem da encenação teatral. Rio de Janeiro: J. Zahar,
1998, p. 121 “Essa foi a época dos grandes quadros, sem os quais nenhuma ópera, de Meyerbeer a
Verdi, seria considerada completa. (exemplo disso: o triunfo de Aída, 1971). Foi também a época dos
grandes balés com enredo, nos quais as cenas feéricas alternavam-se coma s cenas de corte (exemplos:
A bela adormecida,1889; O lago dos cisnes; ambos de Tchaikovski)”. Note-se como espetáculos
dramático-musicais encabeçam essa dramaturgia de ostentação. Posteriormente, tanto em Stanislavski,
quanto em Meyerhold – e Brecht, como veremos – obras multidimensionais tornarem-se o material
para uma ampliação dos estudos teatrais.
7
Tchecov, aconselhando seu irmão sobre como escrever uma obra de arte, defende: “1 – ausência de
palavrório prolongado de natureza político-sócio-econômica; 2-objetividade total; veracidade nas
descrições das personagens e dos objetos; 3-brevidade extrema; 4-ousadia e originalidade – fuja dos
chavões; 5-sinceridade”. ANGELIDES, S. A. P. Tchecov. Cartas para uma Poética. São Paulo: Edusp,
1995, p. 52.
8
Diante disso, não é de surpreender uma aproximação entre Tchecov e Meyerhold. Meyerhold solicita
ajuda de Tchecov na preparação de papéis. Em 1899, Tchecov responde a uma dessas solicitações: “É
uma irritação crônica {a do personagem que Meyerhold está ensaiando}, de modo algum patética, sem
explosões, nem convulsões. [...] Não se demore sobre isso, mas mostre como se fosse uma das
características típicas del, não exagere, caso contrário o que emergirá será um jovem irritação em vez
de um jovem solitário. Konstantin Serguiêievitch {Stanislaviski}insistirá sobre esse nervorsimo
excessivo, mas não ceda; não sacrifique a beleza, a força da voz e da palavra por causa de um efeito
momentâneo. Não os sacrifique , pois, na realidade, a irritação não passa de uma futilidade, um
detalhe (TAKEDA, C. L. O cotidiano de uma lenda. Cartas do Teatro de Arte de Moscou. São
Paulo:Perspectiva, 2003, p. 110)”. O papel era Johanes, da peça Os solitários, de G. Hauptmann
(1862-1946), considerado o introdutor do Naturalismo na Alemanha. Sobre a recepção do teatro de
língua alemã nesta época, veja-se. ROSENFELD, A. Teatro Moderno. São Paulo: Perspectiva, 1977,
p. 93-108.
9
Em carta para Nemiróvitch-Dânthenko, em 17/01/1899, Meyerhold desabafa: “Esperei assumir uma
parte ativa na discussão sobre Hedda Gabler que estava agendada para hoje. Só que não houve
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8
Esse desejo de maior autonomia criativa se concretiza em etapas. Após deixar
o Teatro de Arte em 1902 e se engajar em uma cooperativa de jovens atores, Meyerhold
é convidado por Stanislavski, em 1905, a coordenar as atividades do Teatro Estúdio, um
espaço experimental que objetivava desenvolver metodologia de encenação e atuação
para peças simbolistas.10
A aventura foi interrompida. Mas a partir dela temos o início
uma série de escritos e realizações cuja interpenetração coloca em evidência um pensar
sobre a cena a partir de sua materialidade. Acompanhar esses escritos é observar a busca
pela expressão para algo para o qual não havia todas as palavras e conceitos. O esforço
de traduzir textualmente ações não circunscritas à verbalidade desencadeou uma retórica
da recusa, um contexto reativo que tornava o ‘novo’ uma meta, importando apenas que
esse ‘novo’ não fosse a repetição do que existia.
Anos depois, após ter aplicado e questionado o que havia aprendido com
Stanislávski em diversas montagens, Meyerhold discorre sobre pressupostos e
procedimentos que envolviam o Teatro Estúdio, no ensaio ‘História e Técnica no
Teatro’, publicado no livro Sobre o Teatro, em 1913.11
Este conhecido texto é um
documento de teoria teatral fundamental para compreendermos a construção (e
desconstrução) de abordagens agonísticas. O texto fora escrito em 1907, estimulado
pelas intensas atividades após deixar o círculo de Stanislávski. Ou seja, este balanço que
Meyerhold faz de sua carreira até aquele momento é articulado de embate com a
condução dos trabalhos no Teatro de Arte de Moscou, com os experimentos no Teatro
Estúdio e com as pesquisas e montagens que se sucedem a essa ruptura, especialmente
as possibilidades desenvolvidas em Petersburgo.
nenhuma discussão. Discutir o significado geral de uma peça, discutir sobre a natureza das
personagens, entrar no espírito de uma peça de climas por meio de um debate desafiador – isso não
faz parte dos princípio do nosso diretor geral {Stanislavski}. O que ele prefere, como foi verificado, é
ler a peça do princípio ao fim, parando conforme vai descrendo o cenário, explicando posições,
movimentos e marcando as pausas. Em uma palavra, para o drama social, para o drama psicológico, o
diretor usa o mesmo método de direção que ele trabalhou anos atrás e que o tem guiado, quer seja uma
peça de atmosfera e idéias, quer seja algo espetacular. Tenho que provar que isso está errado? [...]
Queremos também pensar enquanto atuamos. Queremos saber por que estamos atuando, o que
estamos atuando”. (TAKEDA, C. L. O cotidiano de uma lenda. Cartas do Teatro de Arte de Moscou.
São Paulo: Perspectiva, 2003, p. 98.)
10
Meyerhold envia para Stanislavski o projeto da nova companhia teatral, filial do Teatro de Arte, em
1904, enfatizando o enfoque no treinamento de atores mais experientes, com vistas a formar um novo
ator, mais criativo e menos reprodutivo, o qual se pode ler no primeiro volume da edição/tradução
francesa das obras Meyerhold (PICON-VALLIN, B. (Ed.). Écrits sur le Théâtre. La Cité-L’Age
d’Homme, 1973, p.70-73.) Daí várias imagens religiosas no projeto, preconizando o individualismo
ascético criador – imagens comuns no simbolismo, e, depois em projetos como o de J.Grotowski.
11
Nos parágrafos seguintes atenho-me a uma leitura atenta deste texto.
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Entre a época em que trabalha com Stanislávski e a publicação do livro Sobre o
Teatro muita coisa havia mudado tanto no Teatro de Moscou como na carreira mesma
de Meyerhold. A linha do tempo pode nos ajudar no enfrentamento da sedução do
instantâneo, como se processos criativos e artistas brotassem prontos e acabados por
decreto verbal. Entre os eventos no Teatro de Arte de Moscou (1898) e a publicação de
‘História e Técnica no Teatro’ temos aproximadamente 15 anos de intervalo. Os textos
quando lidos apenas como conjunto de idéias nos dão a sensação que o tempo parou.
Mas sempre é preciso reiterar a dimensão extratextuais dessas obras: no que está escrito
há referência a atos e processos que demandam mais que pensamentos e palavras para
efetivá-los e compreendê-los.
Neste ensaio, questões de dramaturgia, recepção, encenação e atuação são
discutidas, a partir do exame e crítica das atitudes e métodos então dominantes. Novos
textos, novas dramaturgias exigiam novos métodos de representação e realização. Não
havia como enfrentar tais obras sem rever o modo como o espaço de representação, o
treinamento dos atores e a construção da audiência eram tratados.
Nisso vemos como Meyerhold situa a complexidade do evento teatral a partir
da mútua implicação de vários atos e efeitos. As alterações são sistêmicas, no sentido de
cada modificação de um aspecto do espetáculo necessariamente acarretar a modificação
de outro. Assim, as obras se colocam como um problema a ser solucionado, como
questões representacionais que demandam específica resposta em função da perspectiva
adotada. Ou seja, o conceito de espetáculo implicado na obra é materialmente
reconfigurado a partir de cada tarefa para a sua concretização. Se obra simbolista para
sua concretização prescindia do detalhe absoluto, da exposição definitiva de todos os
referentes aludidos no texto, então sua montagem deveria assumir tal faticidade e tentar
traduzir com os recursos de cada aspecto cênico essa plasticidade específica.
Por exemplo, a produção da cenografia. Durante a preparação de A morte de
Tingalis (1905) no Primeiro Estúdio houve um entrechoque entre os técnicos e a direção
artística: os esboços dos planos das cenas elaborados pela direção confrontavam-se com
as maquetes que reproduziam interiores e exteriores das cenas. A ruptura com hábitos e
técnicas da cenografia naturalistas passava pela simplificação do maquinário. Ao invés
da pesada e complicada materialização de um espaço em tamanho natural com todos os
seus volumes e detalhes, como o estúdio de um pintor utilizado na peça Colega
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Crampton, de Hauptmann, temos agora manchas grandes e vivas, a própria pintura
como cenário, coisa e quadro. Essa imagem não acabada, mas suficiente, retrabalhada
com a iluminação e alguns objetos de cena, essa tela imensa limitada por uma grande
janela ao alto assentava as bases do convencionalismo cênico de Meyerhold.
Substituindo a continuidade normalizadora de uma cenografia totalizante por
pinceladas, Meyerhold deslocava o eixo de atenção do mundo fora da cena para aquilo
que se colocava em cena. Mais propriamente: o que se exibia, o que se mostrava a
platéia eram as operação de seleção e reconfiguração de materiais, eram os materiais
redefinidos – o processo criativo mesmo de apropriação e transformação dos materiais.
Em um primeiro momento, tal operação fundamental da dramaturgia da
encenação – remoção das trucagens e maquetes – parecia assinalar um esvaziamento do
palco, sua desmaterialização. Porém, com menos coisas, materializavam-se melhor
aquilo que é a realidade do evento teatral – atos e objetos que se apresentação a partir da
percepção de sua distinta elaboração. Movimentos, gestos, palavras, cores sucedem no
ritmo de suas especificidades e relações.
A homologia entre música e teatro começa a ganhar relevância em Meyerhold
quando ele tenta explicar sua abordagem. Primeiro, ele vale-se de termos das Artes
Plásticas – estilização, convencionalismo. Contudo, para expressar o questionamento do
estatuto visual-representacional do teatro, tão presente no Naturalismo, Meyerhold
aproxima-se do desafiante ‘realismo do som’. A cena segue o ritmo da música, o
espetáculo se organiza musicalmente porque se efetiva a partir dos parâmetros da
performance, de sua materialidade em cena, da encenação de sua materialidade. Ao se
circunscrever o visto, incrementou-se uma percepção global do que está sendo exibido.
Quando se mostram partes, incompletudes, exorbitâncias e alogismos, rompe-se com a
ilusão da seqüência, com o acabamento e autosuficiência dos atos e objetos
disponibilizados. Por outro lado, há o impulso para ver em cada coisa mostrada o
movimento de sua duração, a interferência dela nas outras coisas, sua assimilação e
recomposição no curso do tempo.
Um segundo obstáculo para a experiência de teatralidade desenvolvida por
Meyerhold no Teatro Estúdio residia na formação dos atores. Daí se compreende por
que Meyerhold afirma que uso do naturalismo e do repertório de Tchecov eram duas
faces do Teatro de Arte de Stanislavski. Em ambos os casos as bases estavam em
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determinar a presença de uma personagem não como uma figura e sim como uma
versão mais perfeita, minuciosa de algo que não é a personagem. Em outras palavras, os
complexos agentes da dramaturgia de atmosfera seriam casos especiais, desafios ao
naturalismo, tido como pressuposto da arte de interpretação e encenação.
Maquete do cenário para O Cornudo Magnífico, de Liubov Popova,
direção Meierhold (1922)
Ao se enfrentar o repertório de Tchecov, o diretor e o ator estariam em um
comum e perigoso empreendimento cujo sucesso ou fracasso interpretam-se em relação
a confirmar ou não essa pré-estrutura. É como se as artes de espetáculo atingissem sua
gramática na ratificação ou não de sua acatada moldura explicativa. Enfim, o recurso ao
‘naturalismo’ não era questão de adequação da cena à realidade e sim a justificativa dos
atos criativos a uma instância desvinculada desses atos, instância prévia e sobre-
determinante para qual rumam e da qual partem as validações daquilo que se efetiva no
corpo, na cena e na vida. Tudo o que vem depois é secundário, dependente e derivado
dessa instância ante-predicativa.
Logo, com atores formados dentro desse modelo, toda novidade é desviante, é
uma versão inferior de uma expressão clara, completa e determinada, promovida pela
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excelência do Teatro de Arte, já que até mesmo Tchecov, com sua dramaturgia de
esboços e traços interrompidos, havia sido domesticado. O enfrentamento do repertório
de Tchecov é ambivalente: de um lado aponta para o limite de uma concepção que
busca a plenitude do espetáculo na plenitude da caracterização; de outro, parece coroar a
expansão totalizante de uma concepção que se torna pressuposto trans-histórico e multi-
aplicável no emergente campo das artes cênicas. Que uma idéia parece se confirmar
recorrentemente em processos criativos para a cena isso não significa que haja um
fundamento dos fundamentos para esses processos.
A inquietação de Meyerhold diante das práticas iniciais do Teatro de Arte
pode-se ser compreendida como ‘a angústia diante do ponto de partida’. Se cada vez
mais o porto de partida é conhecido, saturado com rotinas e protocolos, o que ao fim se
representa são essas rotinas e protocolos. A provocação de se buscar outros pontos de
partida, mesmo que sob aos olhos do manto do naturalismo não passassem de variações
do mesmo, impõe que se desautomatizem as práticas e as interpretações.
“A arte de qualquer ator se apassiva quando se converte em essencial” - este
lema esclarece o reposicionamente de Meyerhold diante do trabalho com os atores. É
solicitado ao ator não a execução de atos previamente marcados, mas sim que se insira
na atividade de construção do espetáculo, que ele mesmo, com seu corpo, seja mais uma
das coisas dispostas em cena. Espacializando-se, sendo a própria coisa observada, o ator
materializa-se e materializa o espetáculo. Disponibilizando-se como algo a ser
percebido a partir da configuração de seus atos, o ator não se está preocupado em ajustar
o que faz com uma pretensa universalidade verossímil.
O que explica o que ele realiza são os atos que efetiva. O domínio de gestos,
atitudes, olhares, silêncio escolhidos, conectados e experimentados durante o processo
criativo agora é durante as apresentações. A descoberta do modo como manipular sua
presença é performada. Cada montagem vai exigir do ator essas descobertas, essa
atividade criadora. Quando mais o ator se defrontar com repertórios e tradições
diversificadas mais vai flexibilizar e aprimorar sua atividade interpretativa. Da
impossibilidade de representar de uma só vez a realidade em sua plenitude fica a
necessidade de cumulativamente desenvolver habilidades a partir de processos criativos
específicos.
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Enfrentando sempre esses dois obstáculos, Meyerhold propõe, no lugar da
plenitude do naturalismo, a amplitude da teatralidade. È o que se pode melhor
compreender quando, discutindo sobre métodos de direção, Meyerhold analisa como
podem se dar as relações entre ator, diretor, ator e espectador.
Esquematicamente, Meyerhold distingue dois métodos: triangular e o linear.
No primeiro, nos vértices do triângulo estão o autor, o ator e o diretor (e, deste, o
espectador). Sendo um triângulo isósceles, com os ângulos das bases congruentes, há a
imagem de convergência para vértice, o do diretor. No segundo, no lugar do triângulo
temos uma linha com quatro pontos em sucessão: autor-diretor-ator-espectador.
As geometrias diversas enfatizam modos de orientação das participações de um
espetáculo. O método triangular reforça um centro unificador, um filtro dos trabalhos do
autor e do ator para a recepção. Como se poder ver, ironicamente, os diferentes ângulos
da figura não intensificam os variados e mútuos agentes.
Já pelo método linear todos estão no mesmo nível, na superfície. O diretor
recria o autor e oferece para o ator tal recriação. O ator se apropria dessa recriação e a
reconfigura. O diretor procura integrar o que foi criado “pelos artífices dessa criação
coletiva”.
No confronto entre esses dois paradigmas revela-se que ambos reconhecem que
processos criativos para a cena são heterogêneos. A diferença se dá em como essa
heterogeneidade é enfrentada. A tensão entre coerência e abertura é resolvida segundo
pressupostos diversos. A resolução acarreta posicionamentos sobre a condução dos
atores, construção da audiência e montagem. Composição, realização e recepção estão
intimamente associadas. É a orientação do modo como se esses vínculos são exercidos
que determina processos criativos e espetáculos diversos.
Tudo isso mostra como a cena não é simplesmente a extensão de uma idéia ou
a projeção de um pensamento prévio. O antídoto contra a intelectualização do teatro está
no trabalho cotidiano com as questões e problemas específicos da montagem. Note-se
que é a partir dessa vivência que os conceitos e as demandas de Meyerhold são
produzidas.
Assim, não é a defesa de um irracionalismo no teatro, mas a possibilidade de
transformar fatos e situações da atividade de dispor materiais para um público em um
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evento compreensível, em uma teoria de sua realização, teoria está estritamente
relacionado com as escolhas tornadas possíveis durante o processo criativo.
Ou seja, Meyerhold rompe com o sistema ilusionista que o precedia e que ele
utilizara em sua carreira como ator e diretor iniciante. Esta ruptura pode ser bem
compreendida no ato de trazer para o primeiro plano, para a frente do palco atividades
que se encontram nos bastidores, ocultas no maquinário do teatro. O sistema ilusionista,
com seu ideal de propor para a audiência a contemplação de um mundo aparentemente
fechado em si mesmo, sustentava em uma estranha dialética entre aquilo que se mostra
e aquilo que se oculta. Meyerhold, a partir do estudo das limitações desse sistema,
demonstra como este dualismo é redutor e artificial, pois se fundamenta em exclusões,
em restrição das possibilidades de todas as cadeias do processo de composição,
realização e recepção de eventos multidimensionais.
O paradoxo da operação meyerholdiana reside no fato de se evidenciar que o
evento teatral como algo construído, de se aproximar o processo criativo da
performance, de se valer das referências à própria organização do espetáculo como
material para as interações recepcionais. No sistema ilusionista havia o espetáculo, este
estava condicionado a uma trama clara, a uma narrativa que organiza a sucessão dos
acontecimentos representados. Essa subordinação dos atos interpretativos a uma
instância prévia desencadeava uma hierarquia, uma tendência à homogeneização da
diversidade de atividades e referências. Daí o dualismo, o jogo do que se mostra e do
que se esconde.
Quando as máquinas são os homens, como na biomecânica, as posições se
alteram, os significados estáveis entram em ruína. O palco se vê tomado por figuras que
se revelam em sua totalidade. Elas se sobrecarregam de funções e habilidades (a
cenografia é o corpo também), o que colabora para que a audiência não simplesmente
siga o acabamento dos eventos exibidos no cumprimento da lógica verossímil proposta.
O chamado teatro teatral de Meyerhold postula o não apagamento ou ocultação dos atos
e dos suportes do acontecimento cênico. Aquilo que mostra exibe referências para a sua
compreensão e fruição, e não apenas a atualização do esquema de sua legibilidade. E
para este momento, e para o espaço de emergência da performance e dos vínculos entre
performers e audiência que a ruptura Meyerhold se dirige. De volta às coisas mesmas,
ao fazer, à impossibilidade de não se perceber que em um dado espaço-tempo
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contextualizam interações a partir da configuração daquilo que se exibe. A partir de
Meyerhold, a materialidade da cena não é um ato subsidiário, uma encarnação das
idéias, um detalhamento de alguns aspectos pontuais da narrativa. A materialidade da
cena é espetáculo mesmo. Nessa tautologia refuta-se o autocentramento do sistema
ilusionista do naturalismo teatral e abre-se o caminho para a autonomização das artes do
espetáculo, explorada no século XX por programas estéticos os mais diversos.
Como se pode ver, as mudanças efetivadas e propostas por Meyerhold
incorporam a tradição de fazer espetáculos a qual ele estava intimamente relacionado.
Com a ênfase em alguns procedimentos e aspectos criativos e recepcionais produziu-se
um diferente e novo modo de se compor e encenar obras. E este novo foi possível a
partir do momento que se compreendeu a amplitude da cena, como um conjunto de
possibilidades das coisas que se mostram: quando se modificam as relações e os
parâmetros, alteram-se os efeitos e os arranjos. Meyerhold efetiva uma diferente
maneira pela quais as coisas são mostradas e recebidas não simplesmente porque foi
contra algo que já existia.
O texto escrito é posterior ao ato performado. O problema hoje é que lemos o
texto sem a obra e muitas vezes pensamos que basta ir contra para realizar alguma coisa.
Meyerhold não partiu de uma negação extrema: antes, ele entendeu e praticou a tradição
de seu tempo e, a partir dela, empreendeu modificações que não eram pontuais –
Meyerhold se dirigiu à parâmetros de composição, realização e recepção, ressaltando
que quando se altera um efeito de recepção é porquê se modifica um fato de
composição. E a cena, ao fim, expõe e materializa processos criativos e suas opções. A
cena mesma é um discurso sobre sua efetividade. O que nos resta, nos dia de hoje, é
cada vez mais procurar ler nesses textos restantes de teoria teatral os contextos reativos
em sua operatividade, como registros verbais de complexas atividades que integram
habilidades e conhecimentos os mais diversos a partir da especificidade do fazer teatral.
Assim, a interrogação sobre os limites e possibilidade de uma dada cultura
representacional e de suas atividades de efetivação fulgura como uma alternativa
concreta para difusos neo-agonísticos sustos e insultos. No arco do tempo, tradições em
sua pluralidade e diversificação deixam de ser apenas obstáculos para se oferecem como
abertura e impulso para novos processos criativos. Ou por acaso não podemos ler
escritos dos artistas e acabar realizando algum trabalho estético? Este outro aspecto da
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leitura de textos teóricos para a cena reafirma um negligenciado aspecto de sua
elaboração: o estreito vínculo entre teorias e processos criativos, não apenas como
registro e reflexão das idéias às quais a obra de agora pode ser aplicada, como também a
explicitação de um saber a partir da experiência transformadora tanto de quem faz,
quando de quem interpreta uma obra.