1) O livro discute a ideia de que cultura é uma invenção humana, não algo fixo ou natural.
2) Argumenta-se que a cultura é criada através da atividade simbólica humana para dar sentido ao mundo, e não existe objetivamente.
3) A antropologia é apresentada como tendo dificuldade em reconhecer as implicações da relatividade cultural, tratando-a como algo a ser superado em vez de aceito.
1) O texto introduz uma coletânea de ensaios sobre a teoria antropológica, defendendo a perspectiva de que a teoria é inseparável da etnografia e se manifesta no cotidiano acadêmico e nas interações com colegas.
2) A teoria antropológica não se manifesta apenas em trabalhos monográficos, mas também no dia-a-dia acadêmico, na orientação de alunos e debates.
3) O autor sugere reconhecer a ubiquidade da teoria para entender sua constante
O documento discute dois ensaios de Lévi-Strauss sobre a relação entre História e Etnologia. No primeiro ensaio de 1949, Lévi-Strauss argumenta que a Etnologia deve se diferenciar da História focando no presente em vez do passado. No segundo ensaio de 1983, Lévi-Strauss adota uma abordagem mais conciliatória entre as disciplinas.
Antropologia e psicologia apontamentos para um diálogo aberto, 2004Jailda Gama
O documento discute as bases epistemológicas da antropologia e psicologia e como elas se relacionam. A autora argumenta que a antropologia enfatiza o contexto social enquanto a psicologia foca no indivíduo. No entanto, ambas as disciplinas reconhecem a influência mútua entre indivíduo e sociedade. A autora também discute como conceitos como "cultura" evoluíram para incorporar dinamicidade e agência individual.
O documento discute a necessidade de distância do pesquisador em relação ao objeto de estudo para garantir objetividade, mas também argumenta que a proximidade pode permitir um conhecimento mais rico. Defende que o familiar também pode ser estudado com um olhar antropológico, revelando sua complexidade, e que a noção do que é familiar ou exótico é relativa.
1. O documento discute a abordagem arqueológica para a história das ideias, que se concentra em rupturas ao invés de continuidades.
2. Essa abordagem busca identificar novos tipos de racionalidade e seus efeitos, ao invés de pesquisar origens e precursores.
3. Ela analisa a história de conceitos considerando seus campos de validade e uso, não um refinamento progressivo.
Conceito de Raça Aplicado ao Contexto Brasileiro Ontem e HojeKatia Monteiro
1) O documento discute o conceito de raça aplicado ao contexto brasileiro segundo autores como Boas, Lévi-Strauss, Schwarcz, José Jorge de Carvalho e Peter Fry.
2) Boas e Lévi-Strauss rejeitam a noção de raça como biológica e defendem o relativismo cultural, enquanto Schwarcz descreve duas visões de raça no Brasil do século XIX.
3) José Jorge de Carvalho defende cotas raciais e Peter Fry prioriza a conceituação cultural e escola pública
Chartier, roger a história ou a leitura do tempoStefânia Weinert
Este documento discute a natureza da história como disciplina. Afirma que a história é tanto um relato quanto uma forma de conhecimento, apesar de ter resistido a essas noções no passado. Explora como autores como Paul Veyne, Hayden White e Michel de Certeau destacaram as dimensões narrativas e retóricas da escrita histórica, levantando questões sobre seu status como conhecimento. Também discute tentativas de reafirmar a capacidade da história de produzir conhecimento verdadeiro através de té
1) O texto introduz uma coletânea de ensaios sobre a teoria antropológica, defendendo a perspectiva de que a teoria é inseparável da etnografia e se manifesta no cotidiano acadêmico e nas interações com colegas.
2) A teoria antropológica não se manifesta apenas em trabalhos monográficos, mas também no dia-a-dia acadêmico, na orientação de alunos e debates.
3) O autor sugere reconhecer a ubiquidade da teoria para entender sua constante
O documento discute dois ensaios de Lévi-Strauss sobre a relação entre História e Etnologia. No primeiro ensaio de 1949, Lévi-Strauss argumenta que a Etnologia deve se diferenciar da História focando no presente em vez do passado. No segundo ensaio de 1983, Lévi-Strauss adota uma abordagem mais conciliatória entre as disciplinas.
Antropologia e psicologia apontamentos para um diálogo aberto, 2004Jailda Gama
O documento discute as bases epistemológicas da antropologia e psicologia e como elas se relacionam. A autora argumenta que a antropologia enfatiza o contexto social enquanto a psicologia foca no indivíduo. No entanto, ambas as disciplinas reconhecem a influência mútua entre indivíduo e sociedade. A autora também discute como conceitos como "cultura" evoluíram para incorporar dinamicidade e agência individual.
O documento discute a necessidade de distância do pesquisador em relação ao objeto de estudo para garantir objetividade, mas também argumenta que a proximidade pode permitir um conhecimento mais rico. Defende que o familiar também pode ser estudado com um olhar antropológico, revelando sua complexidade, e que a noção do que é familiar ou exótico é relativa.
1. O documento discute a abordagem arqueológica para a história das ideias, que se concentra em rupturas ao invés de continuidades.
2. Essa abordagem busca identificar novos tipos de racionalidade e seus efeitos, ao invés de pesquisar origens e precursores.
3. Ela analisa a história de conceitos considerando seus campos de validade e uso, não um refinamento progressivo.
Conceito de Raça Aplicado ao Contexto Brasileiro Ontem e HojeKatia Monteiro
1) O documento discute o conceito de raça aplicado ao contexto brasileiro segundo autores como Boas, Lévi-Strauss, Schwarcz, José Jorge de Carvalho e Peter Fry.
2) Boas e Lévi-Strauss rejeitam a noção de raça como biológica e defendem o relativismo cultural, enquanto Schwarcz descreve duas visões de raça no Brasil do século XIX.
3) José Jorge de Carvalho defende cotas raciais e Peter Fry prioriza a conceituação cultural e escola pública
Chartier, roger a história ou a leitura do tempoStefânia Weinert
Este documento discute a natureza da história como disciplina. Afirma que a história é tanto um relato quanto uma forma de conhecimento, apesar de ter resistido a essas noções no passado. Explora como autores como Paul Veyne, Hayden White e Michel de Certeau destacaram as dimensões narrativas e retóricas da escrita histórica, levantando questões sobre seu status como conhecimento. Também discute tentativas de reafirmar a capacidade da história de produzir conhecimento verdadeiro através de té
Este documento apresenta o índice geral de um livro sobre experiência e cultura escrito por Miguel Reale. O livro discute a natureza do ato cognitivo e busca estabelecer uma teoria geral da experiência a partir de uma perspectiva ontológico-gnoseológica. Ele aborda temas como dialética, cultura, valor, história e natureza com o objetivo de entender a relação entre sujeito e objeto no processo de conhecimento.
Renovar a teoria crítica e reinventar a emancipação social (boaventura de sou...Lívia Willborn
Este documento apresenta informações sobre a equipe responsável pela publicação do livro "Renovar a teoria crítica e reinventar a emancipação social" de Boaventura de Sousa Santos, incluindo editora, tradução, revisão, design da capa e produção.
Roger Chartier propõe uma nova abordagem para a história cultural, focando nas representações sociais e práticas culturais ao invés de apenas eventos. Ele argumenta que as representações constroem o sentido do presente e que o historiador deve considerar como os textos são apropriados e lidos. Chartier também discute como conceitos de outros teóricos como Foucault, Certeau e Bourdieu influenciaram seu trabalho.
Aula iii annales - programa - marc bloc - nova versãoHelio Smoly
O documento discute a expressão "nouvelle histoire", definindo-a como a história sob influência das ciências sociais que surgiu no início do século XX e se consolidou com a revista Annales d'Histoire Economique et Sociale fundada em 1929 por Lucien Febvre e Marc Bloch. A nouvelle histoire rompeu com a tradição ao adotar novos métodos e questões influenciados pelas ciências sociais.
Este documento apresenta uma coletânea de artigos acadêmicos sobre as transformações na disciplina da História nas últimas décadas. Os textos discutem questões teóricas e metodológicas complexas como narrativa, discurso, poder e subjetividade. A coletânea foi organizada com o objetivo de disponibilizar discussões sobre as mudanças epistemológicas na escrita da História para estudantes e público em geral.
A DANÇA GROTESCA DE TERRA FÉRTIL: ENCRUZILHADAS COM ESTUDOS DE GÊNERO E FEMIN...Universidade da Baêa
O documento discute a obra Terra Fértil através das lentes dos Estudos de Gênero e Feminismo e Estudos em Dança Contemporânea. A autora propõe o conceito de "Grotesca" para descrever uma corporalidade fora dos padrões de humanidade representada na obra. Além disso, analisa como a Colonialidade de Gênero influencia a construção social de gênero e raça.
Da história das mentalidades à história cultural - Teoria da história IIKaio Veiga
A história das mentalidades declinou a partir da década de 1980 devido a fortes críticas, abrindo espaço para novos campos como a história da vida privada e da sexualidade. Estes campos absorveram parte das mentalidades. No entanto, o principal refúgio das mentalidades foi a história cultural, que buscou corrigir as imperfeições teóricas das mentalidades e defender a legitimidade do estudo do "mental" sem abrir mão da história como disciplina. A história cultural apresenta uma abordagem pluralista e valoriza estratificações socioc
1) O documento discute a crise do paradigma dominante da ciência moderna e a emergência de um novo paradigma científico.
2) A crise é atribuída a quatro condições teóricas como a teoria da relatividade, mecânica quântica, crítica ao rigor matemático e avanços em microfísica.
3) O novo paradigma emergente propõe a superação da dicotomia ciências naturais/sociais e a abordagem de todo conhecimento como autoconhecimento e mult
Resenha do texto historia das mentalidades e historia cultural r vainfasSandra Kroetz
1) O autor discute a história das mentalidades no contexto da Escola dos Annales francesa, que buscava estudar as mentalidades e modo de vida das massas, em contraposição à história focada em eventos políticos e militares.
2) É apresentada a evolução da Escola dos Annales em três fases, com ênfase inicial na economia e, posteriormente, no estudo das mentalidades.
3) O conceito de mentalidades é debatido, com dificuldades em sua definição e delimitação conceitual, contribuindo para seu de
Este documento apresenta o conceito de História, discutindo:
1) A História estuda os homens no tempo, buscando compreender as relações entre fenômenos sociais em diferentes épocas.
2) O presente orienta os estudos históricos, com os historiadores interrogando o passado a partir de problemas atuais.
3) Os relatos históricos refletem as épocas em que foram escritos e não representam exatamente os fatos passados.
Este documento resume um livro de ensaios escrito por Ciro Flamarion Cardoso sobre teoria e metodologia histórica. O autor discute várias correntes historiográficas como o marxismo, a Escola dos Annales, o pós-modernismo e a História Cultural. Ele também analisa questões como narrativa histórica, religião, identidade nacional, arte e como sociedade e cultura foram entendidas ao longo do tempo.
1) A História Cultural se tornou popular nos últimos decênios, com cerca de 80% das pesquisas universitárias brasileiras focando nela.
2) No entanto, alguns criticam a História Cultural por ser um termo vago e sem consistência teórica.
3) O texto resume as principais características e contribuições da História Cultural, como o foco em representações, imaginário, narrativas e sensibilidades.
Entre praticas e_representacoes_os_folhetins_nos_anos_sessentaSilvana Oliveira
Este documento apresenta um resumo de uma dissertação de mestrado sobre as representações sociais na década de 1960 através dos folhetins publicados pela revista Capricho no Brasil. O objetivo é analisar como esses folhetins refletiam a mentalidade feminina da época e as formas de leitura e cultura popular, sem colocá-los de modo simplista como "cultura de massa".
Resenha: Um discurso sobre as ciências / Como se faz uma teseJuliana Gulka
Trabalho da disciplina Metodologia da Pesquisa. Programa de Pós-Graduação em Gestão De Unidades De Informação - PPGinfo, Universidade do Estado de Santa Catarina.
SOBRE AUTORES E AUTORIDADES NA ANTROPOLOGIAJosep Segarra
Este ensaio teórico pretende fomentar a reflexão sobre a questão da autoria na escrita etnográfica. A partir de algumas obras de diferentes autores chave nesta temática, procuro pensar como estes especialistas consideram que os autores das etnografias podem ou devem se colocar no texto e na relação com as pessoas com as quais pesquisam. Analiso o interpretativismo geertziano; a questão da autoria em Foucault e Barthes; algumas propostas de autores considerados pós-modernos, como Clifford, Marcus ou Cushman; a questão da subalternidade e da (im)possibilidade de falar no pos-colonialismo de Spivak; as relações entre subjetividade e cultura em Sherry Ortner; e também algumas das críticas centradas nos autores pós-modernos, como as das antropólogas brasileiras Teresa Caldeira ou Mariza Peirano. Organizo este ensaio por autores, sem querer dar conta de todo o que o autor falou sobre o tema em questão e sabendo que o pensamento por ser processual, muda continuamente.
O documento resume a obra "Um Discurso Sobre as Ciências", de Boaventura de Sousa Santos. O autor descreve o paradigma científico dominante da modernidade baseado na racionalidade científica e suas limitações, levando a uma crise irreversível. Ele propõe um novo paradigma de "conhecimento prudente para uma vida decente", justificado por teses como todo conhecimento ser científico-social e local. A resenha analisa criticamente a pertinência das ideias do autor.
1) O documento discute as relações entre as ciências humanas e a filosofia, argumentando que as ciências humanas devem ser filosóficas para serem científicas.
2) Defende que a história e a sociologia estudam os mesmos fenômenos sociais e que uma visão completa requer uma abordagem sociológica histórica.
3) Discutem o fundamento ontológico da história como o estudo das relações entre os seres humanos e da noção de comunidade.
Este documento apresenta o programa, cronograma e bibliografia da disciplina "Teoria e Metodologia da História" ministrada pelo professor José Carlos Reis. O curso abordará as principais teorias e metodologias históricas do século XX, como o marxismo, a Escola dos Annales, e enfoques pós-modernos. Serão discutidos temas como causalidade, compreensão, temporalidade e memória. O cronograma lista 5 unidades temáticas e seminários sobre autores como Marx, Bloch, Braudel e Foucault.
A Nova História e seus problemas (segundo Peter Burke)guest3f9c73
O documento discute os problemas enfrentados pela "Nova História" em sua definição, fontes, métodos e explicações. Apresenta quatro problemas principais: 1) definição de conceitos-chave; 2) novas fontes que suscitam questões; 3) limitações de modelos deterministas de explicação; 4) fragmentação da disciplina e possibilidades de síntese.
Resenha critica do fedro (caio grimberg)Caio Grimberg
O diálogo começa com Fedro lendo um discurso de Lísias sobre o amor. Sócrates critica o discurso por se preocupar mais com o estilo do que com a verdade. Ele então faz seu próprio discurso definindo o amor como um desejo, comparando-o a um lobo desejando um cordeiro. No entanto, Sócrates passa a se sentir mal por condenar o amor, sentindo que precisa reparar seu discurso.
This document discusses image processing techniques used to identify objects in images. It applies Gaussian blur smoothing using a 25x25 pixel mask with a standard deviation of 15, median filtering with a 15x15 pixel kernel, and Canny edge detection with adjustable thresholding. The results showed an accuracy of 25 out of 35 images classified correctly, with the median filter taking a significant amount of time to process.
Este documento apresenta o índice geral de um livro sobre experiência e cultura escrito por Miguel Reale. O livro discute a natureza do ato cognitivo e busca estabelecer uma teoria geral da experiência a partir de uma perspectiva ontológico-gnoseológica. Ele aborda temas como dialética, cultura, valor, história e natureza com o objetivo de entender a relação entre sujeito e objeto no processo de conhecimento.
Renovar a teoria crítica e reinventar a emancipação social (boaventura de sou...Lívia Willborn
Este documento apresenta informações sobre a equipe responsável pela publicação do livro "Renovar a teoria crítica e reinventar a emancipação social" de Boaventura de Sousa Santos, incluindo editora, tradução, revisão, design da capa e produção.
Roger Chartier propõe uma nova abordagem para a história cultural, focando nas representações sociais e práticas culturais ao invés de apenas eventos. Ele argumenta que as representações constroem o sentido do presente e que o historiador deve considerar como os textos são apropriados e lidos. Chartier também discute como conceitos de outros teóricos como Foucault, Certeau e Bourdieu influenciaram seu trabalho.
Aula iii annales - programa - marc bloc - nova versãoHelio Smoly
O documento discute a expressão "nouvelle histoire", definindo-a como a história sob influência das ciências sociais que surgiu no início do século XX e se consolidou com a revista Annales d'Histoire Economique et Sociale fundada em 1929 por Lucien Febvre e Marc Bloch. A nouvelle histoire rompeu com a tradição ao adotar novos métodos e questões influenciados pelas ciências sociais.
Este documento apresenta uma coletânea de artigos acadêmicos sobre as transformações na disciplina da História nas últimas décadas. Os textos discutem questões teóricas e metodológicas complexas como narrativa, discurso, poder e subjetividade. A coletânea foi organizada com o objetivo de disponibilizar discussões sobre as mudanças epistemológicas na escrita da História para estudantes e público em geral.
A DANÇA GROTESCA DE TERRA FÉRTIL: ENCRUZILHADAS COM ESTUDOS DE GÊNERO E FEMIN...Universidade da Baêa
O documento discute a obra Terra Fértil através das lentes dos Estudos de Gênero e Feminismo e Estudos em Dança Contemporânea. A autora propõe o conceito de "Grotesca" para descrever uma corporalidade fora dos padrões de humanidade representada na obra. Além disso, analisa como a Colonialidade de Gênero influencia a construção social de gênero e raça.
Da história das mentalidades à história cultural - Teoria da história IIKaio Veiga
A história das mentalidades declinou a partir da década de 1980 devido a fortes críticas, abrindo espaço para novos campos como a história da vida privada e da sexualidade. Estes campos absorveram parte das mentalidades. No entanto, o principal refúgio das mentalidades foi a história cultural, que buscou corrigir as imperfeições teóricas das mentalidades e defender a legitimidade do estudo do "mental" sem abrir mão da história como disciplina. A história cultural apresenta uma abordagem pluralista e valoriza estratificações socioc
1) O documento discute a crise do paradigma dominante da ciência moderna e a emergência de um novo paradigma científico.
2) A crise é atribuída a quatro condições teóricas como a teoria da relatividade, mecânica quântica, crítica ao rigor matemático e avanços em microfísica.
3) O novo paradigma emergente propõe a superação da dicotomia ciências naturais/sociais e a abordagem de todo conhecimento como autoconhecimento e mult
Resenha do texto historia das mentalidades e historia cultural r vainfasSandra Kroetz
1) O autor discute a história das mentalidades no contexto da Escola dos Annales francesa, que buscava estudar as mentalidades e modo de vida das massas, em contraposição à história focada em eventos políticos e militares.
2) É apresentada a evolução da Escola dos Annales em três fases, com ênfase inicial na economia e, posteriormente, no estudo das mentalidades.
3) O conceito de mentalidades é debatido, com dificuldades em sua definição e delimitação conceitual, contribuindo para seu de
Este documento apresenta o conceito de História, discutindo:
1) A História estuda os homens no tempo, buscando compreender as relações entre fenômenos sociais em diferentes épocas.
2) O presente orienta os estudos históricos, com os historiadores interrogando o passado a partir de problemas atuais.
3) Os relatos históricos refletem as épocas em que foram escritos e não representam exatamente os fatos passados.
Este documento resume um livro de ensaios escrito por Ciro Flamarion Cardoso sobre teoria e metodologia histórica. O autor discute várias correntes historiográficas como o marxismo, a Escola dos Annales, o pós-modernismo e a História Cultural. Ele também analisa questões como narrativa histórica, religião, identidade nacional, arte e como sociedade e cultura foram entendidas ao longo do tempo.
1) A História Cultural se tornou popular nos últimos decênios, com cerca de 80% das pesquisas universitárias brasileiras focando nela.
2) No entanto, alguns criticam a História Cultural por ser um termo vago e sem consistência teórica.
3) O texto resume as principais características e contribuições da História Cultural, como o foco em representações, imaginário, narrativas e sensibilidades.
Entre praticas e_representacoes_os_folhetins_nos_anos_sessentaSilvana Oliveira
Este documento apresenta um resumo de uma dissertação de mestrado sobre as representações sociais na década de 1960 através dos folhetins publicados pela revista Capricho no Brasil. O objetivo é analisar como esses folhetins refletiam a mentalidade feminina da época e as formas de leitura e cultura popular, sem colocá-los de modo simplista como "cultura de massa".
Resenha: Um discurso sobre as ciências / Como se faz uma teseJuliana Gulka
Trabalho da disciplina Metodologia da Pesquisa. Programa de Pós-Graduação em Gestão De Unidades De Informação - PPGinfo, Universidade do Estado de Santa Catarina.
SOBRE AUTORES E AUTORIDADES NA ANTROPOLOGIAJosep Segarra
Este ensaio teórico pretende fomentar a reflexão sobre a questão da autoria na escrita etnográfica. A partir de algumas obras de diferentes autores chave nesta temática, procuro pensar como estes especialistas consideram que os autores das etnografias podem ou devem se colocar no texto e na relação com as pessoas com as quais pesquisam. Analiso o interpretativismo geertziano; a questão da autoria em Foucault e Barthes; algumas propostas de autores considerados pós-modernos, como Clifford, Marcus ou Cushman; a questão da subalternidade e da (im)possibilidade de falar no pos-colonialismo de Spivak; as relações entre subjetividade e cultura em Sherry Ortner; e também algumas das críticas centradas nos autores pós-modernos, como as das antropólogas brasileiras Teresa Caldeira ou Mariza Peirano. Organizo este ensaio por autores, sem querer dar conta de todo o que o autor falou sobre o tema em questão e sabendo que o pensamento por ser processual, muda continuamente.
O documento resume a obra "Um Discurso Sobre as Ciências", de Boaventura de Sousa Santos. O autor descreve o paradigma científico dominante da modernidade baseado na racionalidade científica e suas limitações, levando a uma crise irreversível. Ele propõe um novo paradigma de "conhecimento prudente para uma vida decente", justificado por teses como todo conhecimento ser científico-social e local. A resenha analisa criticamente a pertinência das ideias do autor.
1) O documento discute as relações entre as ciências humanas e a filosofia, argumentando que as ciências humanas devem ser filosóficas para serem científicas.
2) Defende que a história e a sociologia estudam os mesmos fenômenos sociais e que uma visão completa requer uma abordagem sociológica histórica.
3) Discutem o fundamento ontológico da história como o estudo das relações entre os seres humanos e da noção de comunidade.
Este documento apresenta o programa, cronograma e bibliografia da disciplina "Teoria e Metodologia da História" ministrada pelo professor José Carlos Reis. O curso abordará as principais teorias e metodologias históricas do século XX, como o marxismo, a Escola dos Annales, e enfoques pós-modernos. Serão discutidos temas como causalidade, compreensão, temporalidade e memória. O cronograma lista 5 unidades temáticas e seminários sobre autores como Marx, Bloch, Braudel e Foucault.
A Nova História e seus problemas (segundo Peter Burke)guest3f9c73
O documento discute os problemas enfrentados pela "Nova História" em sua definição, fontes, métodos e explicações. Apresenta quatro problemas principais: 1) definição de conceitos-chave; 2) novas fontes que suscitam questões; 3) limitações de modelos deterministas de explicação; 4) fragmentação da disciplina e possibilidades de síntese.
Resenha critica do fedro (caio grimberg)Caio Grimberg
O diálogo começa com Fedro lendo um discurso de Lísias sobre o amor. Sócrates critica o discurso por se preocupar mais com o estilo do que com a verdade. Ele então faz seu próprio discurso definindo o amor como um desejo, comparando-o a um lobo desejando um cordeiro. No entanto, Sócrates passa a se sentir mal por condenar o amor, sentindo que precisa reparar seu discurso.
This document discusses image processing techniques used to identify objects in images. It applies Gaussian blur smoothing using a 25x25 pixel mask with a standard deviation of 15, median filtering with a 15x15 pixel kernel, and Canny edge detection with adjustable thresholding. The results showed an accuracy of 25 out of 35 images classified correctly, with the median filter taking a significant amount of time to process.
O documento fornece informações sobre o CREA, condomínios e as responsabilidades dos síndicos e profissionais habilitados na execução de obras e serviços em condomínios. É destacada a importância da manutenção preventiva ser realizada por profissionais registrados no CREA e da anotação da ART para definir os responsáveis técnicos.
SEO is about optimizing websites to increase the number of people who find it when searching on Google. SEO focuses on both paid ads search results and organic or natural search results not fueled by paid ads. The goal is to rank higher in search engines through both organic optimization and targeted ads campaigns.
- Revisão Geral de Banco de Dados I
- BD x SGBD
- Arquitetura de SGBD
- MER - Modelo conceitual Peter Chen
- Cardinalidades mínima e máximas
- Tipos de relacionamentos unário, binário e ternário), auto-relacionamento
- Atributos (simples, composto, multivalorado, opcional, derivado, identificador)
Marwa Zakaria is a highly motivated Egyptian professional with over 5 years of experience in customer service, sales, and public relations roles. She currently serves as the Head of Public Relations Department at Delta International Schools in Mansora, Egypt. Previously she held part-time customer service roles at Internet Misr and LinkdotNet and did a traineeship at Pioneers Holding Company, all located in Mansora. She earned a Bachelor of Arts in Commerce from Mansoura University in 2010.
O documento descreve as propriedades e usos do nim (Azadirachta indica) no controle de pragas de forma orgânica. O nim contém substâncias como azadirachtina que tem propriedades inseticidas e pode controlar mais de 413 espécies de pragas em cultivos e criações. Ele também tem propriedades medicinais, cosméticas e pode ser usado na agricultura, pecuária e no controle de doenças humanas. O documento fornece instruções sobre como preparar e aplicar o extrato de nim para o controle de diferentes pragas em
TERMOELÉCTRICA /INVESTIGAN EMISIONES DE COMBUSTIBLE FÓSIL BÚNKER C PROVENIEN...Panamá
TERMOELÉCTRICA /INVESTIGAN EMISIONES DE COMBUSTIBLE FÓSIL BÚNKER C PROVENIENTES DE TERMOELÉCTRICA EN LA CHORRERA, U DEL ISTMO .PANAMÁ, DOCENTE RAÚL ARCHIBOLD, CURSO METODOLOGÍA DE LA INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA
El documento resume las lecciones de vida que se aprenden con el tiempo. Se aprende que el amor no es apoyarse sino ayudar a los demás, y que los besos y regalos no son promesas. También se aprende a aceptar las derrotas con gracia y a construir el futuro día a día. Otras lecciones incluyen perdonar a quienes nos hieren, valorar a los amigos cercanos sobre materialidades, y ser responsables pero flexibles ante la vida.
A pesquisa etnográfica como construção discursivaPedro Lima
Este documento discute a pesquisa etnográfica como uma construção discursiva. A pesquisa etnográfica tem sido criticada por falta de rigor científico e validade, mas defensores argumentam que métodos diferentes não se invalidam mutuamente. Embora busque dar voz aos sujeitos pesquisados, a pesquisa etnográfica envolve relações de poder e suas descobertas são influenciadas pelas perspectivas do pesquisador. Portanto, ela deve ser vista como uma construção discursiva influenciada por diferentes vozes, em vez de uma representação
1) O documento discute os conceitos de "cultura" e "sociedades complexas" na antropologia e argumenta que esses termos podem ser problemáticos ao deixar questões importantes de lado.
2) O autor defende que os antropólogos devem explorar empiricamente os padrões culturais encontrados ao invés de forçar a coerência teórica, e usa o exemplo da ilha de Bali para ilustrar a diversidade que desafia as noções convencionais de cultura.
3) É proposta uma abordagem que vê a real
An dreas hofbauer entre olhares antropológicos e perspectivas dos estudos cul...Douglas Evangelista
O documento discute as perspectivas antropológicas e dos estudos culturais e pós-coloniais sobre as diferenças humanas. A antropologia tradicionalmente enfatizou a noção de cultura como sistemas distintos, mas pesquisadores recentes destacam mais a agência individual e a dinâmica cultural. Os estudos culturais e pós-coloniais analisam também questões de poder e representação. O autor argumenta que estas abordagens podem se complementar para entender melhor as complexidades das diferenças humanas hoje.
1) O documento discute a natureza do conhecimento científico e o método científico, comparando a História da Ciência e a Filosofia da Ciência.
2) Apresenta a visão de que não existe um único "método científico", mas sim diferentes abordagens utilizadas pelos cientistas ao longo da história.
3) Discute a relação entre indução e empirismo, apresentando-as como enfoques filosóficos relevantes para interpretar episódios históricos.
A antropologia urbana josé guilherme cantor magnaniHelena Chagas
O documento discute os desafios da antropologia urbana e como aplicar o método etnográfico no estudo de cidades. Apresenta brevemente a história da antropologia urbana e discute como evitar "a tentação da aldeia" ao estudar sociedades complexas nas grandes metrópoles. Também explica que a etnografia envolve o pesquisador entrar em contato com os pesquisados para comparar perspectivas e gerar novos entendimentos.
Este documento apresenta um resumo do livro "História da Filosofia: Filosofia Pagã Antiga" de Giovanni Reale e Dario Antiseri. O livro explora as origens gregas do pensamento ocidental, a fundação do pensamento filosófico e os primeiros filósofos naturalistas que buscavam entender a natureza. O texto fornece um índice de nomes e conceitos importantes para guiar o leitor na compreensão desta parte inicial da história da filosofia.
1) A filosofia e as ciências especializaram-se ao longo da Idade Moderna, com as ciências ganhando autonomia através de medições empíricas. 2) No entanto, as ciências acabam levantando questões filosóficas ao chegarem aos limites do que pode ser verificado. 3) Isso mostra que a divisão entre ciências da natureza e do espírito não é absoluta, e ambas acabam dependendo de reflexões filosóficas.
1) Há críticas à noção de universalidade da ciência contemporânea devido à sua ligação com fatores sociais e culturais.
2) A ciência pode ser vista sob três dimensões: como trabalho intelectual, atividade social e parte do sistema ciência-tecnologia.
3) A relação ciência-tecnologia é específica da ciência moderna e levanta questões sobre a dominação ocidental dos conhecimentos.
Este documento resume o capítulo sobre o pensamento humanista-renascentista e suas características gerais, abordando conceitos como o significado historiográfico do termo "Humanismo", a interpretação da "Renascença" como "renovação" e "volta aos antigos", e as principais figuras e debates filosóficos do período, como o neoplatonismo de Nicolau de Cusa, Marsílio Ficino e Pico della Mirandola.
Este documento resume o capítulo sobre o período entre o Humanismo e Descartes na História da Filosofia. Aborda temas como o pensamento humanista-renascentista e suas características, debates sobre problemas morais e ético-políticos entre humanistas, e o neoplatonismo e aristotelismo renascentistas.
O livro discute a filosofia das ciências, apresentando seus princípios e como os problemas filosóficos são importantes para a constituição do trabalho do filósofo. O autor divide o livro em capítulos temáticos e biografias de filósofos, como Platão, Locke, Popper e Bachelard, discutindo suas contribuições à filosofia das ciências. O objetivo é fornecer uma introdução acessível ao tema para estudantes e leitores interessados.
Estudos Culturais, recepção e teatro: uma articulação possível? (2006)Taís Ferreira
Este artigo discute a possível articulação entre os Estudos Culturais de recepção e a recepção no campo teatral. A autora propõe desenvolver um estudo de recepção teatral inspirado nos Estudos Culturais de Comunicação, considerando o receptor como co-produtor ativo na construção de significados. Também contextualiza a evolução dos estudos de recepção, desde modelos que enxergavam o receptor como passivo até abordagens que o veem como agente ativo e polissêmico.
1) O documento discute diferentes abordagens antropológicas como estruturalismo, antropologia cultural e comunicação.
2) Ele explora os conceitos-chave de Lévi-Strauss sobre estruturas que preexistem às culturas e sobre invariantes culturais.
3) O documento também discute a rejeição do estruturalismo a abordagens históricas e empiristas e sua ênfase na compreensão das estruturas subjacentes às culturas.
Reflexões sobre a resistência indígenaDaniel Silva
Este documento discute a importância da cultura e da festa para entender a resistência dos grupos subalternos. A festa permite observar a dialética entre dominação e resistência, onde elementos populares e dominantes se encontram. Ela é um local privilegiado para estudar valores, símbolos e comportamentos sociais.
1. O documento discute questões metodológicas e éticas no estudo etnográfico do Estado, especialmente no que diz respeito à identificação de informantes.
2. A autora analisa como as etnografias clássicas tratavam experiências individuais de forma anônima ou genérica, enquanto etnografias contemporâneas identificam informantes.
3. Quando o estudo é realizado na própria sociedade do pesquisador, há um consenso de anonimato dos informantes, mesmo em casos de experiências
O documento discute os conceitos de cultura, multiculturalismo e interculturalismo no contexto do ensino de espanhol no Brasil. Primeiramente, define cultura como um conjunto de traços adquiridos por um grupo social, incluindo crenças, valores e modos de vida. Em seguida, discute que as culturas não são homogêneas e estão em constante mudança. Por fim, argumenta que uma abordagem intercultural no ensino de línguas estrangeiras é importante para desconstruir estereótipos culturais e promover a compreensão
O entre lugar_e_os_estudos_culturais_-_marcos_souzaArtetudo
O documento discute o termo "entre-lugar" utilizado nos Estudos Culturais. O termo foi constituído teoricamente no trabalho de Silviano Santiago e permite ativar forças de descentramento e desconstrução inerentes à abordagem pós-disciplinar dos Estudos Culturais.
Roberto machado deleuze ii - entrevista revista filosofiaPedro Menin
O documento discute a carreira acadêmica do filósofo Roberto Machado, especialista em Nietzsche, Deleuze e Foucault. Machado estudou com esses grandes pensadores e publicou diversos livros sobre suas obras. Sua pesquisa atual foca na estética e metafísica presente na obra de Proust.
4. P refá cio
A p resunção da cultura
A cultura com o criatividade
O p oder da invenção
A invenção do eu
A invenção da sociedade
A invenção da antrop ologia
Post scriptum ( )
Índice rem issivo
Sob re o autor
5.
Prefácio
A ideia de q ue o homem inventa suas pró prias realidades não é nova;
pode ser encontrada em fi losofi as tão diversas q uanto o Mu’tazila do islã
e os ensinamentos do budismo, assim como em muitos outros sistemas
de pensamento bem menos formalizados. Talvez sempre tenha sido fami-
liar ao homem. E ntretanto, a perspectiva de apresentar essa ideia a uma
antropologia e a uma cultura q ue tanto q uerem controlar suas realidades
(como o fazem todas as culturas) é complicada. U m empreendimento
como esse req uer, portanto, bem mais incentivos do q ue os projetos etno-
gráfi cos mais sisudos, e posso seguramente dizer q ue sem o vigoroso e
interessado incentivo de D avid M. Schneider este livro não teria sido
escrito. Alé m disso, a inspiração teó rica do livro deve muito à sua obra –
de um modo tão seminal q ue é difícil prestar-lhe o devido reconheci-
mento – e també m a seus insights bastante explícitos acerca da moderna
cultura americana, q ue estão na base daq uilo q ue se tornou um interesse
candente do meu discurso.
Amigos das universidades de N orthw estern e de Western Ontario
somaram a isso o importante apoio de suas ideias e de seu interesse. E m
particular, gostaria de registrar minha gratidão aos membros do meu
Seminário na primavera de , H elen B eale, B arbara Jones, Mar-
cene Marcoux e Robert Welsch, bem como a John Schw artzman, Alan
D arrah e John F arella, pela contribuição de seus conselhos e conversas.
John G ehman, Stephen Tobias, L ee G uemple e Sandie Shamis me pro-
porcionaram um vívido contraponto para a ideação durante uma etapa
estrategicamente formadora da redação. U ma parte do capítulo foi
lida em abril de em um seminário vespertino à s segundas-feiras no
6. Prefácio
Departamento de Antropologia da Universidade de Chicago e benefi-
ciou-se das inspiradas críticas e comentários tão característicos daquelas
sessõ es. Uma versão do capítulo foi lida na Universidade de Northern
Illinois em abril de , e gostaria de agradecer particularmente a M.
Jamil Hanifi e Cecil H. Brown pelas proveitosas observaçõ es e ideias
que externaram na ocasião. Comentários e críticas sucintos mas ines-
timáveis foram proferidos por meu colega Johannes Fabian enquanto
pescávamos (sem sucesso) em Sturgeon Bay, Wisconsin, em junho de
. Minha esposa, Sue, deu mostras de considerável tolerâ ncia durante
a redação do livro, e minha filha, Erik a, revelou-se uma instrutora muitís-
simo valiosa para o papai no envolvimento dela com aquela que é a mais
vital de todas as invençõ es da cultura: a primeira. Sou grato, igualmente,
a Dick Cosme e Edward H. Stanford da editora Prentice-Hall por sua
paciê ncia e seu interesse.
Assim como vários outros aspectos da moderna cultura interpre-
tativa americana, a antropologia desenvolveu o hábito de se apropriar
dos meios e idiomas por meio dos quais o protesto e a contradição são
expressos, fazendo deles uma parte de sua mensagem sintética e cultu-
ralmente corroborante. O exotismo e a relatividade cultural são a isca,
e as pressuposiçõ es e ideologias de uma Cultura do empreendimento
coletivo são o anzol abocanhado com a isca. A antropologia é teorizada e
ensinada como um esforço para racionalizar a contradição, o paradoxo e a
dialética, e não para delinear e discernir suas implicaçõ es; tanto estudan-
tes quanto profissionais aprendem a reprimir e ignorar essas implicaçõ es,
a “ não enxergá-las” e a imaginar as mais terríveis consequê ncias como
o suposto resultado de não fazê -lo. Eles reprimem a dialética para que
possam sê-la. Escrevi este livro, delineando explicitamente as implica-
çõ es da relatividade, num esforço resoluto para combater essa tendê ncia
em todos nós.
7.
Há ciências cujos “paradigmas”, blocos de preceitos e precedentes teóricos
que definem a ortodoxia daquilo que Thomas K uhn chama de “ciência
normal”, mantêm uma imobilidade congelada até que seus sustentáculos
são derretidos pelo calor e pela pressão das evidências acumuladas, verifi-
cando-se então uma “revolução tectô nica”. A antropologia não é uma delas.
Como disciplina, a antropologia tem sua história de desenvolvimento teó-
rico, de ascendência e antagonismo com relação a certas orientações, uma
história que sem dú vida manifesta certa lógica ou ordem [capítulo ]. Com
toda a unanimidade de que goza, porém, esse fl uxo de ideação pode muito
bem ser descrito como pura dialética, um jogo de exposições (e refutações)
por vozes disparatadas ou uma eclética soma de tudo e mais um pouco den-
tro dos manuais. O que é notável nisso não é tanto a persistência de fósseis
teóricos (uma persistência que é o recurso básico da tradição acadêmica),
mas a incapacidade da antropologia para institucionalizar essa persistência,
ou mesmo para institucionalizar qualquer tipo de consenso.
Se A invenção da cultura exibe uma tendência a defender suas opi-
niões em vez de arbitrá-las, isso refl ete, pelo menos em parte, a condi-
ção de uma disciplina na qual um autor é obrigado a destilar sua própria
tradição e seu próprio consenso. Além disso, essa tendência se relaciona
com algumas das pressuposições expostas nos três primeiros capítulos
e com a razão de ser do livro.
Uma preocupação fundamental do meu argumento é analisar a
motivação humana em um nível radical – mais profundo que o dos cli-
chês bastante em voga sobre os “interesses” de corporações, atores polí-
ticos, classes, o “homem calculista” e assim por diante. Isso não significa
8. Introdução
que eu esteja beatífica e ingenuamente desavisado de que esses interesses
existem, ou não tenha consciência da força prática e ideológica do “inte-
resse” no mundo moderno. Significa que eu gostaria de considerar tais
interesses como um subconjunto, ou fenômeno de superfície, de questões
mais fundamentais. Desse modo, seria um tanto ingênuo esperar que um
estudo da constituição cultural dos fenômenos argumentasse a favor da
“determinação” do processo, ou de partes significativas dele, por algum
contexto fenomênico específico e privilegiado – especialmente quando
o estudo argumenta que tais contextos assumem seus significados em
grande medida uns a partir dos outros.
É esse, então, o ponto de vista analítico de um livro que elege obser-
var fenômenos humanos a partir de um “exterior” – entendendo que uma
perspectiva exterior é tão prontamente criada quanto as nossas mais con-
fiáveis perspectivas “interiores”. A discussão sobre a relatividade cultural
é um ótimo exemplo. Em parte uma pista falsa para aqueles que querem
afirmar o caráter generalizado da pressão socioeconômica, ou refutar a
possibilidade de uma objetividade científica verdadeiramente antisséptica,
ela foi introduzida aqui de uma maneira que aparenta ser controvertida-
mente idealista. Considere-se porém o que é feito desse “idealismo” na
discussão subsequente, na qual a própria “cultura” é apresentada como
uma espécie de ilusão, um contrapeso (e uma espécie de falso objetivo)
para ajudar o antropólogo a ordenar suas experiências. É possível, sem
dúvida, que a questão de saber se uma falsa cultura é verdadeiramente ou
falsamente relativa tenha algum interesse para aqueles verdadeiramente
fastidiosos, mas de um modo geral foram obviadas as costumeiras premis-
sas para um debate satisfatório, vigoroso, sobre a “relatividade cultural”.
A tendência a evitar, a obviar, a “não lidar com” muitas ou quase
todas as velhas e intermináveis querelas teóricas da antropologia, por des-
norteante que possa ser para aqueles que têm seu terreno reconhecido e
minado, é um artefato da posição que assumi. Afora isso, não faz parte de
uma política deliberada para repelir a antropologia ou os antropólogos
ou para pleitear uma imunidade espúria para uma posição privilegiada.
Ao escolher um terreno novo e diferente, apenas troquei um conjunto de
problemas e paradoxos por outro, e o novo conjunto é tim-tim por tim-tim
tão formidável quanto o antigo. Um exame exaustivo desses problemas
seria proveitoso, assim como o seria um arrolamento de evidências pró e
contra minha posição. Mas, argumentos e evidências dizem respeito a um
nível de investigação (e talvez de “ciência”) diferente daquele visado aqui.
Este livro não foi escrito para provar, mediante evidências, argu-
mentação ou exemplos, qualquer conjunto de preceitos ou generaliza-
ções sobre o pensamento e a ação humanos. Ele apresenta, simplesmente,
um ponto de vista diferente aos antropólogos, adumbrando as impli-
cações desse ponto de vista para certas áreas de interesse. Se algumas
ou muitas dessas implicações deixam de corresponder a alguma área de
“fatos observados”, isso certamente se dá porque o modelo foi deduzido
e estendido para fora, e não construído por indução. Embora não seja
preciso dizer que algum grau de circunspecção é crucial nesse tipo de
construção de modelo, que a liga está no modelo e não nos detalhes, o
procedimento é em última instância aquele da famosa sentença de Isaac
Newton: “H y pothesis non fi ngo”. “Não formulo hipóteses”, relata-se ter
dito o fundador (e ultimamente, parece, o “inventor”) das ciências exa-
tas, indicando que compunha suas equações e delas deduzia o mundo.
Eu acrescentaria que a capacidade de enxergar isso como uma humilde
e sóbria declaração de procedimento, e não como vanglória, é um teste
de aptidão para perspectivas “exteriores”.
A diversidade teórica da antropologia torna difícil generalizar criti-
camente sobre o campo, por mais oportunas que possam ser certas apreen-
sões críticas das derivas da teorização. Assim, embora aparentemente boa
parte da teorização antropológica reconheça a relatividade cultural para
meramente transformá-la em alguma outra coisa (e a presente teoria sim-
bólica não é exceção), certamente houve abordagens (a de Franz Boas,
por exemplo) que não fizeram isso. E a tendência – catalogada em minha
discussão sobre o “museu de cera” [capítulo ] – a descobrir por analogia
(e ratificar com evidências) engenhocas de programação de computadores
e de contabilidade de custos primitiva, ou gramáticas e dogmáticas da vida
social, embora ainda seja perturbadoramente difundida, não é por certo
universal na moderna antropologia. Reconheço que alguma simplificação
excessiva nesse aspecto, assim como em outros, pode ter sido resultado do
9. Introdução
amontoado crítico que fiz de certas abordagens, levando a uma desconsi-
deração completamente não intencional de uma série de direcionamentos
e autores promissores no âmbito da antropologia.
Outro ponto que pode soar ao leitor como má estratégia, ou talvez
como impensada perpetuação de um erro mais que comum, é a oposi-
ção entre o convencionalismo ocidental e a característica diferenciação
simbólica preferida pelos povos “tradicionais” – compreendendo socie-
dades “tribais” e as ideologias de civilizações complexas e estratificadas
e de certas classes na sociedade civil ocidental. O fato de que a distinção
é mais intrincada do que as simplistas dicotomias “progressista/ conser-
vador” – apropriadamente parodiadas por Marshall Sahlins como “the
W est and the R est”1
– deve ficar evidente na discussão do capítulo . Em
suma, meu argumento sugere que o modo de simbolização diferenciante
provê o único regime ideológico capaz de lidar com a mudança. Povos
descentralizados, não estratificados, acomodam os lados coletivizante
e diferenciante de sua dialética cultural mediante uma alternância episó-
dica entre estados rituais e seculares; civilizações altamente desenvolvi-
das asseguram o equilíbrio entre essas necessárias metades da expressão
simbólica por meio da interação dialética de classes sociais complemen-
tares. Em ambos os casos, são atos de diferenciação incisivos, contun-
dentes – entre sagrado e secular, entre propriedades e prerrogativas de
classe –, que servem para regular o todo. Mas a moderna sociedade oci-
dental, que Louis Dumont acusa de “estratificação envergonhada”, é
criticamente desequilibrada: sofre (ou celebra) a diferenciação como
sua “história” e contrabalança o coletivismo intensivo de seus empreen-
dimentos públicos com estratagemas competitivos semiformais e enver-
gonhados em todos os tons de cinza e com a bufonaria desesperada da
propaganda e do entretenimento. Eu argumentaria que compartilhamos
com o período helenístico em Alexandria, e com fases pré-dialéticas
de outras civilizações, uma orientação transitória e altamente instável.
Mas isso é parte de um modelo, e não, com toda a certeza, uma posição
assumida por conveniência.
. Em tradução literal: “O Ocidente e o Resto”. [..]
Na inspiração e no desenvolvimento de seu programa teórico,
A invenção da cultura representa uma generalização do argumento de
minha monografia Hab u: T he Innovation of Meaning in Darib i R eligion
() e se empenha em situar esse argumento no contexto da constitui-
ção e da motivação simbólicas dos atores em diversas situações culturais.
Especificamente, leva adiante a ideia central de Hab u, de que todas as sim-
bolizações dotadas de significado mobilizam a força inovadora e expres-
siva dos tropos ou metáforas, já que mesmo símbolos convencionais (refe-
renciais), os quais não costumamos pensar como metáforas, têm o efeito
de “inovar sobre” (isto é, “ser reflexivamente motivados em contraste
com”) as extensões de suas significações para outras áreas. Assim, Hab u
deriva significado cultural de atos criativos de entendimento inovador,
construindo metáfora sobre metáfora de modo a redirecionar continua-
mente a força de expressões anteriores e subsumi-la em novas constru-
ções. A distinção entre metáforas convencionais, ou coletivas, e metáforas
individuantes não é contudo perdida; ela fornece um eixo de articula-
ção entre expressões socializantes (coletivas) e expressões que conferem
poder (individuativas). (Sob esse aspecto, o modelo assemelha-se, e sem
dúvida deve algo, à discussão sobre “universalização e particularização”
em O pensamento selvagem de Lévi-Strauss.) Além disso, o aspecto cole-
tivo da simbolização é também identificado com o modo moral, ou ético,
da cultura, colocando-se em uma relação dialética com o modo factual.2
Como epistemologia de Hab u, A invenção da cultura situa seu argu-
mento no interior do modelo ali configurado e empreende uma exploração
e um desenvolvimento radicais das suas implicações. A série de impli-
cações inter-relacionadas e entrelaçadas é apresentada no capítulo e,
apesar dos riscos de jargão na necessária referência cruzada de termos
especiais, é apresentada “de uma vez só”.
Os acréscimos mais significativos ao modelo de Hab u compreendem,
em primeiro lugar, uma clarificação dos efeitos contrastantes dos modos
de simbolização convencional e diferenciante. Como partes da dialética,
. Cf. Clifford Geertz, “Ethos, visão de mundo e a análise de símbolos sagrados”, in A in-
terpretação das culturas. Rio de Janeiro: Guanabara, [] .
10. Introdução
eles necessariamente simbolizam um ao outro, mas o fazem de maneiras
diferentes. A simbolização convencional estabelece um contraste entre os
próprios símbolos e as coisas que eles simbolizam. Chamo essa distinção,
que opera para distinguir os dois modos em seus respectivos pesos ideo-
lógicos, de “contraste contextual”. Os símbolos diferenciantes assimilam
ou englobam as coisas que simbolizam. Chamo esse efeito, que sempre
opera para negar a distinção entre os modos, para aboli-la ou derivar um
do outro, de “obviação”. Uma vez que esses efeitos são reflexivos (isto
é, aquilo que “é simbolizado” exerce seu efeito, por sua vez, sobre aquilo
que simboliza), todos os efeitos simbólicos são mobilizados em qualquer
ato de simbolização. Consequentemente, o segundo acréscimo ao modelo
é o de que a consciência do simbolizador em qualquer momento dado se
concentra forçosamente sobre um dos modos. Focalizando a atenção nesse
“controle”, o simbolizador percebe o modo oposto como algo bastante
diferente, uma “compulsão” ou “motivação” interna. O terceiro acrés-
cimo é o de que toda “cultura”, ou classe cultural significativa, irá favore-
cer uma das duas modalidades simbólicas como a área apropriada à ação
humana e considerar que a outra manifesta o mundo “dado” ou “inato”.
O capítulo explora o significado disso para a estrutura das motivações e
da personalidade humanas, e o capítulo desenvolve um modelo de inte-
gração e evolução cultural baseado no contraste contextual e na obviação.
A operação “episódica” da dialética em sociedades tribais ou acé-
falas tem estreito paralelismo – exceto por seus sustentáculos teóricos –
com o modelo de cismogênese simétrica e complementar equilibrada
apresentado por Gregory Bateson no “Epílogo ” de seu livro N aven.
Isso sem dúvida alguma reflete minha familiaridade com a obra de Bate-
son e minha admiração por ela. Menos óbvia é a inadvertida similari-
dade entre o contraste “homo hierarchicus/ homo aeq ualis” de Dumont e
as comparações mordazes que faço entre a sociedade americana moderna
“relativizada” e as ordens sociais dialeticamente equilibradas de civiliza-
ções mais antigas. A dialética de classes sociais vislumbrada aqui talvez
deva muitíssimo a Dumont e ao notável C lass Differences and Sex Roles
in American K inship and F amily Structure [], de David M. Schneider
e Raymond T. Smith.
A noção de uma dinâmica cultural baseada na mediação de domínios
de responsabilidade (e não responsabilidade) humana é mais difícil de ser
rastreada de outras fontes. O tema foi retomado em meu artigo “Scientific
and Indigenous Papuan Conceptualizations of the Innate”() e em “No
Nature, no Culture: The Hagen Case”, da Dra. Marilyn Strathern.3
Meu
livro L ethal Speech: Daribi Myth as Symbolic Obviation () leva o argu-
mentoadianteaodesdobrarasimplicaçõesradicaisdaobviaçãocomoforma
estendida ou processual do tropo. L ethal Speech é um livro “sobre” a obvia-
ção, assim como Habu na verdade é um livro sobre a metáfora, eA invenção
da cultura, preocupado com a relação dessas formas com a convenção, torna-
se assim o elemento intermediário de uma trilogia não programada.
O uso que aqui faço do termo “invenção” é, creio eu, bem mais tra-
dicional do que os contemporâneos estereótipos do tipo “raio-em-céu-
azul” de homens das cavernas sortudos e descobertas acidentais. Como
no caso da invenção na música, ele se refere a um componente positivo e
esperado da vida humana. O termo parece ter retido muito desse mesmo
sentido desde o tempo dos retóricos romanos até a aurora da filosofia
moderna. Na Invenção dialética do humanista do século Rodolphus
Agricola, a invenção aparece como uma das “partes” da dialética, encon-
trando ou propondo uma analogia para um propositus que pode então ser
“julgado” ao chegar a uma conclusão – um pouco como uma hipótese
científica é submetida a julgamento ao ser “testada”.
Sendo a invenção amplamente indeterminada tanto para os antigos
como para os filósofos medievais, coube à visão de mundo materialista-
mecanicista, com seu determinismo newtoniano, bani-la para o domínio do
“acidente”.Além disso, éclaro, háa inevitável tentaçãodecooptar opróprio
acidente (ou seja, entropia – a medida, por favor, não da aleatoriedade, mas
da nossa ignorância!) para dentro do “sistema”, de brincar de cobra-cega
com a “necessidade” nos estudos evolutivos, de jogar o “jogo do seguro
de vida” com partículas subatômicas, de escrever a gramática da metáfora
ou o braile da comunicação não verbal, ou de programar computadores
. Marilyn Strathern, “No Nature, no Culture: The Hagen Case”, in C. MacCormack & M.
Strathern (orgs.), N ature, C ulture and G ender. Cambridge: Cambridge University Press, .
11. Introdução
para compor versos brancos (de modo quase tão ruim, às vezes, quanto se
sabe que os seres humanos compõem). Mas cooptar, ou afirmar, a inven-
ção e lidar satisfatoriamente com ela são duas coisas um tanto diferentes.
Houve uma certa inevitabilidade, em todo caso, na confluência
entre a antropologia dos símbolos e o “buraco negro” da moderna teo-
ria simbólica – o “símbolo negativo”, o tropo, que gera (ou nos obriga
a inventar) seus próprios referentes. A invenção da cultura foi publicado
mais ou menos ao mesmo tempo [em ] que três outras sondagens
notadamente diferentes desse buraco negro: Rethink ing Symbolism, de
Dan Sperber, Ritual and Know ledge among the B ak taman, de Fredrik
Barth, e Porta para o infinito [Tales of Pow er], de Carlos Castañ eda. Para
Sperber, o buraco negro não é tanto um poço de gravidade quanto uma
nuvem de poeira obscurante. Ele equivale ao lugar onde a referência
cessa; obtém-se “conhecimento” ao se formar uma metáfora, mas trata-se
de um conhecimento forjado em um âmbito pessoal por imitação de um
conhecimento “enciclopédico” (isto é, convencional) mais amplamente
sustentado. Sperber compreende perfeitamente bem que uma metáfora
coloca um desafio, que é preciso, como diriam os confidentes de Cas-
tañ eda, “conquistar o conhecimento para si próprio”. Mas o resultado,
a julgar por suas conclusões, é mais um simulacro do que uma inven-
ção. Para Sperber, a invenção não pode revelar – e desse modo criar – o
mundo como pode para Piaget, pois desempenha um papel desprezivel-
mente secundário em relação ao conhecimento “real”.
A cultura baktaman, na interpretação de Barth, é quase o oposto
disso. Embora ele tacitamente admita que o significado seja constituído
por meio da metáfora, a metáfora, na absoluta ausência de pressupo-
sições ou associações compartilhadas, é construída com base em
sensações compartilhadas – o orvalho sobre o capim, a vermelhidão
do fruto do pandano e assim por diante – mediante uma espécie de
“troca silenciosa” [dumb barter]4
de penhores semiológicos. Os signos
. Prática também denominada na literatura anglo-saxã como “silent trade”: “forma de tro-
ca [intersocietal] na qual as partes envolvidas atuam sem o auxílio de intermediários, sem
a utilização de signos linguísticos, sem contatos face-a-face [e mediante alguma forma de
convencionais, longe de ganharem circulação por meio do contínuo
reembaralhamento das metáforas, são engolidos no ato sigiloso de
sua formação, e qualquer “conhecimento” que possa existir é açam-
barcado e confiado em bocadinhos a iniciados. Como mensagens de
rádio enviadas entre buracos negros, muito pouco passa. Mesmo con-
cedendo a Barth alguma licença retórica para o exagero, somos obriga-
dos a perguntar, em meio a esses vácuos de não comunicação egoísta
hermeticamente fechados, de quem afinal os Baktaman pensam que
estão guardando seus segredos.
Depois de tudo o que foi escrito sobre as fontes conjecturais dos
escritos de Castañ eda, tudo o que se pode fazer é estender a eles a mesma
atitude profissional de suspensão da descrença que se teria para com o
relato de um etnógrafo sobre algum exótico sistema de crenças africano
ou oriental. O modelo requintadamente autocontido e dialético apre-
sentado em Porta para o infinito parece uma resposta “budista” ao “hin-
duísmo” da teologia asteca de Moyucoyani (o deus que “inventou a si
mesmo”, do verbo nahualt yucoyo, “inventar”) descrita por León-Portilla.
Mesmo se Castañ eda tivesse “inventado” a coisa toda ele próprio, o cará-
ter oportuno desse exemplar da antropologia dos símbolos ainda seria
significativo. Pois o nagual (o poder, “aquilo com que não lidamos”), em
sua oposição ao tonal (“tudo o que pode ser nomeado”, a convenção),
é a mais nítida expressão do símbolo negativo que temos. É a coisa que
faz a metáfora mas sempre escapa em sua expressão. (E aqui pode ser útil
relembrar que as culturas mesoamericanas compartilham com a cultura
indiana a distinção de terem independentemente originado o símbolo do
zero, a “quantidade negativa”.)
Discuti aqui, de modo evidentemente tendencioso, esses três contem-
porâneos de A invenção da cultura –, não em razão de quaisquer defeitos ou
vantagens que possam ter, mas porque eles, com todas as suas diferenças
de abordagem ou epistemologia, apreendem as propriedades do símbolo
sinalização] em um contexto no qual o mercado, como instituição, ainda não está desen-
volvido” (ver Wilson Trajano Filho, “A troca silenciosa e o silêncio dos conceitos”. Dados,
vol. , n. , pp. -, ). [..]>
>
12. Introdução
negativo exatamente da mesma maneira. As diferenças dizem respeito ao
que é feito dessas propriedades e como a relação delas com os símbolos
convencionais é efetuada. Tratar a invenção como um simbolismo man-
qué, considerá-la um conhecimento espúrio, como faz Sperber, é subverter
a coisa mais poderosa que existe para o alento de uma civilização orgu-
lhosa de seu conhecimento. Tratá-la, como faz Barth, como um verdadeiro
“buraco negro” – invenção que devora convenção –, ao passo que, há de
se reconhecer, constitui uma esplêndida demonstração da tendência à sim-
bolização negativa, é uma espécie de abdicação da situação humana. Seria
possível, de fato, contrastar Sperber e Barth na forma de um “objetivismo
subjetivo” e um “subjetivismo objetivo”, respectivamente.
A abordagem dialética, em contraste, subverte tanto a subjetividade
quanto a objetividade em prol da mediação. Sua postura – que para os crí-
ticos deste livro se mostrou ora enlouquecedoramente frustrante, ora tan-
talizantemente obscura – é a de afirmar algumas coisas inquietantemente
subversivas sobre o conhecimento tradicional e algumas outras implausi-
velmente positivas sobre operações não convencionais. O exercício dessa
mediação por Castañeda, com suas bizarras aventuras em meio a mariposas
e xamãs acrobáticos, está a serviço de uma iluminação tão sedutora e na
prática tão inalcançável quanto o satori zen. A antropologia tem tradicio-
nalmente mirado um tanto mais baixo, fazendo um pequeno satori render o
máximo possível. Mas os problemas de seguir “os significados produzidos
sob a ordem do tonal” não deixam de exercer efeitos contaminadores sobre
o estilo de prosa de um autor, bem como sobre o seu modelo.
V oltando então à questão de como meus argumentos estão situados
no domínio do discurso teórico: há o grave perigo, especialmente em
face da abstrata discussão sobre “cultura” feita no início, de que alguns
leitores queiram alinhar minha posição no eixo “idealista/pragmático”.
À maneira dos fenomenólogos e dos etnometodologistas e de alguns
antropólogos marxistas, porém, minha atitude foi a de evitar, analisar
ou circunscrever esse eixo, em vez de tomar uma posição quanto a ele.
Isso quer dizer que, a despeito de quaisquer analogias que alguém possa
encontrar com Alfred Schü tz, com modelos filosóficos de “construção da
realidade” ou com o “sintético a priori” de Immanuel Kant, este trabalho
não é “filosófico” nem é filosofia. Ele na verdade se esquiva das “Q ues-
tões” e dos pontos de orientação etnocêntricos que a filosofia considera
tão necessários para sustentar (e defender) seu idealismo. Mas também
quer dizer que, a despeito do importante idioma da “produção” ado-
tado no segundo capítulo, não tenho nenhum interesse em movimentos
“pelo flanco esquerdo” que trariam as “realidades” da produção inexorá-
vel para os fóruns rançosos do discurso acadêmico. Realidades, o capí-
tulo parece nos dizer, são o que fazemos delas, não o que elas fazem de
nós ou o que nos fazem fazer.
Por fim, já que pareço sim estar interessado em símbolos, cabe aqui
algum esclarecimento sobre esse tópico tão repisado. Como deve ficar
evidente nos últimos capítulos, não aspiro (a não ser conceitualmente,
talvez) a uma “linguigem” que falaria sobre símbolos, símbolos-em-dis-
curso etc. mais acuradamente, mais precisamente ou de maneira mais
completa do que eles “falam sobre si mesmos”. Uma ciência dos símbolos
pareceria tão pouco recomendável quanto outras tentativas quixotescas
de declarar o indeclarável, como uma gramática de metáforas ou um
dicionário absoluto. E isso é porque símbolos e pessoas existem em uma
relação de mediação mútua – eles são demônios que nos assediam assim
como somos os que assediam a eles –, e a questão de saber se “coletivi-
zar” e “diferenciar” são afinal disposições simbólicas ou humanas se vê
irremediavelmente enredada nas armadilhas da mediação.
Terei eu, então, exagerado artificialmente as polaridades da simbo-
lização humana ao impor contrastes e oposições extremos a usos que no
mais das vezes são oponíveis de um modo apenas relativo, e ainda assim
discutível? É certo que sim, na esperança de que essa “imagística” – tal
como o traçado da geometria semivisível que Cézanne introduziu em
suas paisagens – nos ajudaria a ver melhor a paisagem. Terá este con-
certo para símbolos e percussão demasiadas notas, como uma vez foi
dito sobre a música de Mozart? É certo que sim – e prefiro ouvir Mozart.
Uma vez cumprida aquela que é em grande parte a função de uma
tal introdução, que consiste em dizer ao leitor o que o livro não é, pode-
mos considerar a questão perenemente “relevante” posta por Lênin: que
fazer? Uma autêntica antropologia como aquela imaginada por Kant e
13. Introdução
Sartre é possível ou está um pouco mais próxima de concretizar-se do
que na época em que escrevi este livro? Talvez. Mas visto que a antro-
pologia, assim como a maioria dos empreendimentos modernos, é em
boa medida “sobre” si mesma, a melhor questão seria: o que essa antro-
pologia idealmente constituída produziria? (E a resposta é, evidente-
mente, “mais antropologia”.) O que dizer, então, da possibilidade de
alcançar um equilíbrio autenticamente dialético na sociedade ocidental,
de obviar o inútil desperdício de balelas ideológicas e motivacionais e a
“quantidade a bem da quantidade” (isso significa “mobilização econômica
a bem dela própria”) desse miasma de Estados beligerantes? Sem contar
com o fato de que ela pode tomar conta de si mesma (de quais terríveis
maneiras, isso só podemos conjecturar), a questão da melhoria global
faz pensar nas atribulações de um poeta chinês. Ele viveu naquele tempo
grandioso e modorrento em que Confúcio e o Tao tomavam conta das
discórdias espirituais da China e os mandarins tomavam conta de tudo
o mais. Quando via uma grande nuvem de poeira levantar-se no hori-
zonte, ele ansiosamente imaginava que era a “poeira de mil carruagens”.
Nunca era. Vivemos em tempos interessantes.