Este documento descreve um depoimento de uma antropóloga em um tribunal no Brasil sobre o reconhecimento de terras indígenas. A antropóloga testemunha sobre sua visita à área em questão em 1976, quando encontrou famílias indígenas vivendo lá. No entanto, ela afirma que eles já não viviam isolados em uma aldeia tradicional. A testemunha também diz que a miscigenação não retira a condição indígena dessas pessoas segundo a lei brasileira. O documento introduz o tema
As reformas pombalinas da instrução publica - Laerte Ramos de CarvalhoMAURIZIO MARCHETTI
Este documento discute as reformas educacionais promovidas pelo Marquês de Pombal no século XVIII em Portugal. O autor argumenta que as reformas não foram apenas a expressão da vontade de Pombal, mas sim um esforço de integração de diferentes opiniões. As reformas refletiam uma filosofia política mais ampla e marcavam uma mudança significativa na cultura portuguesa da época.
A sociologia no brasil por antonio candidoCarlos Weinman
Este documento fornece um resumo da evolução da sociologia no Brasil desde o século XIX até a década de 1950. No período de 1880 a 1930, a sociologia foi praticada principalmente por intelectuais não especializados interessados em teoria social. Depois de 1930, a sociologia se tornou uma disciplina universitária com pesquisa empírica. A década de 1930 foi uma fase de transição para o período a partir de 1940, quando a sociologia se consolidou no Brasil.
1) O documento discute a obra e importância de Caio Prado Jr. como o primeiro marxista brasileiro.
2) Caio Prado Jr. foi capaz de utilizar o método marxista de forma original para analisar a experiência histórico-social brasileira.
3) Embora o marxismo tenha tido dificuldades em compreender a América Latina, Caio Prado Jr. conseguiu analisar as particularidades do Brasil de forma diferenciada dos demais marxistas brasileiros.
Resenha de História Econômica do Brasil de Caio Prado JúniorJoão Gabriel Burmann
Este documento é uma análise crítica e descritiva da obra "História Econômica do Brasil" de Caio Prado Júnior. A análise descreve os métodos de análise do autor, como seu uso da geografia e perspectiva marxista, e analisa descritivamente o processo de formação da economia brasileira segundo Prado Júnior, desde a extração do pau-brasil até o início da industrialização.
Caio prado jr formação do brasil contemporâneoJorge Miklos
1) O documento analisa o livro "Formação do Brasil Contemporâneo" de Caio Prado Jr, que examina as características da colonização portuguesa no Brasil e como ela influenciou a formação da sociedade brasileira.
2) Caio Prado define o conceito de "sentido histórico" como o rumo dado à história de um povo por um conjunto de acontecimentos ao longo do tempo, argumentando que o sentido da colonização portuguesa no Brasil foi estabelecer uma colônia fornecedora de produtos ag
[1] Caio Prado Jr. foi um importante intelectual e historiador brasileiro nascido em 1907 em São Paulo. [2] Ele se envolveu com política na década de 1920, filiando-se ao Partido Comunista em 1931. [3] Sua obra mais famosa, Formação do Brasil Contemporâneo (1942), analisou a formação econômica e social do Brasil a partir da perspectiva marxista.
O documento descreve o movimento feminista português desde o início da Primeira República até os dias atuais. Resumidamente:
1) O movimento feminista ganhou força na Primeira República lutando por direitos iguais, como o sufrágio universal, apesar de enfrentar resistência;
2) Figuras femininas importantes como Ana de Castro Osório lideraram essa luta baseadas em ideais humanistas e universais;
3) Apesar de algumas conquistas, o direito de voto feminino só viria a ser alcançado depois
O documento analisa a obra "A Formação do Brasil Contemporâneo" de Caio Prado Júnior, escrita em 1942, que busca explicar as origens históricas do Brasil. O artigo destaca três pontos: 1) o contexto histórico em que a obra foi escrita, durante um período de transformações políticas no Brasil na década de 1930; 2) a epistemologia marxista que influenciou a abordagem de Caio Prado Júnior, dando ênfase ao papel do Estado e das classes sociais; 3) a her
As reformas pombalinas da instrução publica - Laerte Ramos de CarvalhoMAURIZIO MARCHETTI
Este documento discute as reformas educacionais promovidas pelo Marquês de Pombal no século XVIII em Portugal. O autor argumenta que as reformas não foram apenas a expressão da vontade de Pombal, mas sim um esforço de integração de diferentes opiniões. As reformas refletiam uma filosofia política mais ampla e marcavam uma mudança significativa na cultura portuguesa da época.
A sociologia no brasil por antonio candidoCarlos Weinman
Este documento fornece um resumo da evolução da sociologia no Brasil desde o século XIX até a década de 1950. No período de 1880 a 1930, a sociologia foi praticada principalmente por intelectuais não especializados interessados em teoria social. Depois de 1930, a sociologia se tornou uma disciplina universitária com pesquisa empírica. A década de 1930 foi uma fase de transição para o período a partir de 1940, quando a sociologia se consolidou no Brasil.
1) O documento discute a obra e importância de Caio Prado Jr. como o primeiro marxista brasileiro.
2) Caio Prado Jr. foi capaz de utilizar o método marxista de forma original para analisar a experiência histórico-social brasileira.
3) Embora o marxismo tenha tido dificuldades em compreender a América Latina, Caio Prado Jr. conseguiu analisar as particularidades do Brasil de forma diferenciada dos demais marxistas brasileiros.
Resenha de História Econômica do Brasil de Caio Prado JúniorJoão Gabriel Burmann
Este documento é uma análise crítica e descritiva da obra "História Econômica do Brasil" de Caio Prado Júnior. A análise descreve os métodos de análise do autor, como seu uso da geografia e perspectiva marxista, e analisa descritivamente o processo de formação da economia brasileira segundo Prado Júnior, desde a extração do pau-brasil até o início da industrialização.
Caio prado jr formação do brasil contemporâneoJorge Miklos
1) O documento analisa o livro "Formação do Brasil Contemporâneo" de Caio Prado Jr, que examina as características da colonização portuguesa no Brasil e como ela influenciou a formação da sociedade brasileira.
2) Caio Prado define o conceito de "sentido histórico" como o rumo dado à história de um povo por um conjunto de acontecimentos ao longo do tempo, argumentando que o sentido da colonização portuguesa no Brasil foi estabelecer uma colônia fornecedora de produtos ag
[1] Caio Prado Jr. foi um importante intelectual e historiador brasileiro nascido em 1907 em São Paulo. [2] Ele se envolveu com política na década de 1920, filiando-se ao Partido Comunista em 1931. [3] Sua obra mais famosa, Formação do Brasil Contemporâneo (1942), analisou a formação econômica e social do Brasil a partir da perspectiva marxista.
O documento descreve o movimento feminista português desde o início da Primeira República até os dias atuais. Resumidamente:
1) O movimento feminista ganhou força na Primeira República lutando por direitos iguais, como o sufrágio universal, apesar de enfrentar resistência;
2) Figuras femininas importantes como Ana de Castro Osório lideraram essa luta baseadas em ideais humanistas e universais;
3) Apesar de algumas conquistas, o direito de voto feminino só viria a ser alcançado depois
O documento analisa a obra "A Formação do Brasil Contemporâneo" de Caio Prado Júnior, escrita em 1942, que busca explicar as origens históricas do Brasil. O artigo destaca três pontos: 1) o contexto histórico em que a obra foi escrita, durante um período de transformações políticas no Brasil na década de 1930; 2) a epistemologia marxista que influenciou a abordagem de Caio Prado Júnior, dando ênfase ao papel do Estado e das classes sociais; 3) a her
Este documento é uma dissertação de mestrado apresentada por Laura Vianna Vasconcellos ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em 2009. A dissertação analisa a trajetória política e o pensamento de Alberto Pasqualini e seu papel na elaboração e desenvolvimento do trabalhismo no Brasil.
José d'assunção barros o campo da história - historiografia - fichamentoJorge Freitas
1. O documento discute as diversas especialidades e abordagens da historiografia moderna, que se tornou altamente fragmentada. Isso inclui a hiperespecialização dos historiadores e a divisão da história em "migalhas".
2. O autor critica a hiperespecialização excessiva que impede os historiadores de considerar outros pontos de vista e dimensões da história. Ele argumenta que os historiadores devem ter conhecimento de todas as abordagens para evitar uma visão limitada.
3. As seções do livro discutem
Este documento discute as representações da identidade nacional portuguesa nos séculos XIX-XX, particularmente a divisão entre o Norte e o Sul. Aborda como intelectuais influentes como Basílio Teles viam esta divisão em termos raciais e como projetavam estereótipos sobre cada região. Também examina como historiadores como Oliveira Martins e Alexandre Herculano abordaram a formação da nação portuguesa e a importância dos fatores étnicos, projetando uma divisão Norte-Sul ligada a celtas no Norte e se
Este documento apresenta um resumo da história do pensamento antropológico e das principais tendências contemporâneas da antropologia. Começa discutindo as origens da antropologia no século XVIII e seu desenvolvimento ao longo dos séculos XIX e XX, quando estabeleceu seu objeto de estudo nas sociedades ditas "primitivas". Explora as crises de identidade da antropologia quando percebeu que seu objeto inicial estava desaparecendo e as respostas possíveis a isso, incluindo a busca por novos objetos de pesqu
Nara, gal e rita trajetórias, projetos e migrações das mulheres do tropicalismoLuara Schamó
O documento discute o movimento Tropicalismo no Brasil dos anos 1960 e 1970, analisando principalmente as representações e participações das mulheres no movimento. Apresenta o disco "Tropicália" de 1968 como ponto focal, examinando as imagens femininas representadas e artistas como Nara Leão, Gal Costa e Rita Lee, e como elas transitaram entre representação e prática musical antes e depois do Tropicalismo.
Caio Prado Jr. nasceu em 1907 em São Paulo e foi um historiador, sociólogo, político e escritor brasileiro. Ele analisava a vida rural e do proletariado brasileiro em suas viagens. Participou ativamente da Revolução de 1930 e foi preso após Getúlio Vargas assumir o poder. Exilou-se na França e Itália entre 1937-1939, quando voltou ao Brasil e publicou sua obra prima em 1942. Teve sua carreira política e editorial interrompida diversas vezes pelo governo militar entre 1964-1972. Falece
O documento discute a análise de Florestan Fernandes sobre a "Revolução Burguesa no Brasil". Ele argumenta que o Brasil experimentou uma revolução burguesa limitada que resultou em um capitalismo dependente, com estruturas sociais e mentais persistentes do período pré-capitalista. A análise de Fernandes oferece uma perspectiva crítica do desenvolvimento do Brasil, distanciando-se de abordagens evolucionistas do marxismo.
1) O documento discute a geografia e sua relação com outras ciências, especialmente no contexto brasileiro.
2) Aborda as origens da geografia como ciência e seus principais pensadores, como Humboldt, Ratzel e Reclus. Também discute o desenvolvimento da geografia no Brasil.
3) Analisa a geografia e sua relação com a crise brasileira, argumentando que os geógrafos devem ter formação sólida e espírito crítico para contribuir com soluões durante períodos de crise no país.
O documento descreve a história da sociologia no Brasil desde o século XIX, quando surgiu juntamente com o capitalismo moderno. Aponta os principais pensadores e correntes teóricas que influenciaram o desenvolvimento da disciplina no país, como o positivismo de Comte, o marxismo e os estudos de pensadores como Caio Prado Júnior, Gilberto Freyre e Florestan Fernandes. Também aborda a institucionalização da sociologia brasileira a partir da década de 1930.
O documento descreve a evolução da sociologia no Brasil em três períodos: 1) A herança histórico-cultural da sociologia entre 1888-1930, quando era praticada por intelectuais não especializados; 2) O período da sociologia científica entre 1934-1957, quando se institucionalizou o ensino e pesquisa em sociologia; 3) O período de crise e diversificação a partir de 1957, marcado pela emergência do marxismo e estudos sobre dependência.
O documento discute a história da sociologia no Brasil, desde seus primórdios no século XIX até os desenvolvimentos atuais. Aborda como a sociologia surgiu associada à literatura e se desenvolveu nas décadas de 1930 e 1950, influenciada por teóricos como Freyre, Buarque de Hollanda e Marx. Também discute temas atuais como a revolução digital, ciberculutra e o trabalho de Manuel Castells.
O documento descreve a história da sociologia no Brasil. Começou a ser estudada no país em 1865 e se consolidou entre 1930 e 1940, quando foram criadas escolas e universidades que ofereciam a disciplina. Também discute os principais sociólogos brasileiros e suas contribuições, como Gilberto Freyre que estudou a formação cultural do Brasil. Finalmente, reconhece problemas sociais atuais como desigualdade e violência que precisam ser superados.
O documento discute o papel dos museus da Fundação Nacional Pró-Memória (FNpM) no período de 1979 a 1988. A FNpM reorganizou o espaço social em pequenos museus, transformando centros culturais em locais para aplicar ideais de integração cultural. As edições do Boletim Iphan/FNpM também mostram como as instituições construíram conjunto as reconceituações constitucionais da cultura em 1988.
Florestan fernandes a integração do negro na sociedade de classesJorge Miklos
Este documento resume:
1) A vida e obra do sociólogo Florestan Fernandes, focado no estudo da integração do negro na sociedade brasileira.
2) Seu livro "A integração do negro na sociedade de classes" analisa os desafios enfrentados pelos negros após a abolição da escravidão em adaptar-se às novas relações sociais e de trabalho.
3) Florestan argumenta que os negros enfrentaram grande marginalização e exclusão social devido à falta de preparo para a liberdade e concorr
O documento descreve o desenvolvimento da sociologia no Brasil desde os primeiros relatos sobre os povos nativos até a década de 1950. Destaca os principais pensadores e correntes intelectuais que contribuíram para a formação da sociologia brasileira como disciplina acadêmica, como Gilberto Freyre na década de 1930 e Florestan Fernandes e Celso Furtado na década de 1950.
Milton Santos nasceu na Bahia em 1926 e teve uma educação inicial em casa. Ele se formou em Direito, mas se dedicou à carreira acadêmica como professor de Geografia. Publicou diversos livros influentes sobre geografia urbana e regional. Sua obra reflete sobre os impactos da globalização e defende uma abordagem filosófica e crítica da geografia.
This document contains product codes and descriptions from Room101, a registered trademark of The 101 Corporation and Conspiracy, Inc. It lists various punk-inspired jewelry items such as rings, bangles, bracelets, as well as bead bracelets and filigree pieces. Copyright information is provided at the bottom of each page noting The 101 Corporation and Conspiracy, Inc.'s ownership of the Room101 trademark.
This one sentence document does not provide enough context or information to create an accurate 3 sentence summary. The document contains only one word - "Lorem" - which is not meaningful on its own.
Este documento analisa como os duelos entre cavalheiros portugueses dos séculos XIX-XX refletem a dinâmica entre a vida privada e pública. A honra pessoal era importante, mas a consideração social e a imagem pública também eram essenciais. Os duelos eram usados como ferramenta política entre a elite, para resolver disputas de uma forma controlada em vez de violência descontrolada. Apesar de punível pela lei, os duelos eram socialmente aceites. No século XX, surgiu um "Código d'
Este documento é uma dissertação de mestrado apresentada por Laura Vianna Vasconcellos ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em 2009. A dissertação analisa a trajetória política e o pensamento de Alberto Pasqualini e seu papel na elaboração e desenvolvimento do trabalhismo no Brasil.
José d'assunção barros o campo da história - historiografia - fichamentoJorge Freitas
1. O documento discute as diversas especialidades e abordagens da historiografia moderna, que se tornou altamente fragmentada. Isso inclui a hiperespecialização dos historiadores e a divisão da história em "migalhas".
2. O autor critica a hiperespecialização excessiva que impede os historiadores de considerar outros pontos de vista e dimensões da história. Ele argumenta que os historiadores devem ter conhecimento de todas as abordagens para evitar uma visão limitada.
3. As seções do livro discutem
Este documento discute as representações da identidade nacional portuguesa nos séculos XIX-XX, particularmente a divisão entre o Norte e o Sul. Aborda como intelectuais influentes como Basílio Teles viam esta divisão em termos raciais e como projetavam estereótipos sobre cada região. Também examina como historiadores como Oliveira Martins e Alexandre Herculano abordaram a formação da nação portuguesa e a importância dos fatores étnicos, projetando uma divisão Norte-Sul ligada a celtas no Norte e se
Este documento apresenta um resumo da história do pensamento antropológico e das principais tendências contemporâneas da antropologia. Começa discutindo as origens da antropologia no século XVIII e seu desenvolvimento ao longo dos séculos XIX e XX, quando estabeleceu seu objeto de estudo nas sociedades ditas "primitivas". Explora as crises de identidade da antropologia quando percebeu que seu objeto inicial estava desaparecendo e as respostas possíveis a isso, incluindo a busca por novos objetos de pesqu
Nara, gal e rita trajetórias, projetos e migrações das mulheres do tropicalismoLuara Schamó
O documento discute o movimento Tropicalismo no Brasil dos anos 1960 e 1970, analisando principalmente as representações e participações das mulheres no movimento. Apresenta o disco "Tropicália" de 1968 como ponto focal, examinando as imagens femininas representadas e artistas como Nara Leão, Gal Costa e Rita Lee, e como elas transitaram entre representação e prática musical antes e depois do Tropicalismo.
Caio Prado Jr. nasceu em 1907 em São Paulo e foi um historiador, sociólogo, político e escritor brasileiro. Ele analisava a vida rural e do proletariado brasileiro em suas viagens. Participou ativamente da Revolução de 1930 e foi preso após Getúlio Vargas assumir o poder. Exilou-se na França e Itália entre 1937-1939, quando voltou ao Brasil e publicou sua obra prima em 1942. Teve sua carreira política e editorial interrompida diversas vezes pelo governo militar entre 1964-1972. Falece
O documento discute a análise de Florestan Fernandes sobre a "Revolução Burguesa no Brasil". Ele argumenta que o Brasil experimentou uma revolução burguesa limitada que resultou em um capitalismo dependente, com estruturas sociais e mentais persistentes do período pré-capitalista. A análise de Fernandes oferece uma perspectiva crítica do desenvolvimento do Brasil, distanciando-se de abordagens evolucionistas do marxismo.
1) O documento discute a geografia e sua relação com outras ciências, especialmente no contexto brasileiro.
2) Aborda as origens da geografia como ciência e seus principais pensadores, como Humboldt, Ratzel e Reclus. Também discute o desenvolvimento da geografia no Brasil.
3) Analisa a geografia e sua relação com a crise brasileira, argumentando que os geógrafos devem ter formação sólida e espírito crítico para contribuir com soluões durante períodos de crise no país.
O documento descreve a história da sociologia no Brasil desde o século XIX, quando surgiu juntamente com o capitalismo moderno. Aponta os principais pensadores e correntes teóricas que influenciaram o desenvolvimento da disciplina no país, como o positivismo de Comte, o marxismo e os estudos de pensadores como Caio Prado Júnior, Gilberto Freyre e Florestan Fernandes. Também aborda a institucionalização da sociologia brasileira a partir da década de 1930.
O documento descreve a evolução da sociologia no Brasil em três períodos: 1) A herança histórico-cultural da sociologia entre 1888-1930, quando era praticada por intelectuais não especializados; 2) O período da sociologia científica entre 1934-1957, quando se institucionalizou o ensino e pesquisa em sociologia; 3) O período de crise e diversificação a partir de 1957, marcado pela emergência do marxismo e estudos sobre dependência.
O documento discute a história da sociologia no Brasil, desde seus primórdios no século XIX até os desenvolvimentos atuais. Aborda como a sociologia surgiu associada à literatura e se desenvolveu nas décadas de 1930 e 1950, influenciada por teóricos como Freyre, Buarque de Hollanda e Marx. Também discute temas atuais como a revolução digital, ciberculutra e o trabalho de Manuel Castells.
O documento descreve a história da sociologia no Brasil. Começou a ser estudada no país em 1865 e se consolidou entre 1930 e 1940, quando foram criadas escolas e universidades que ofereciam a disciplina. Também discute os principais sociólogos brasileiros e suas contribuições, como Gilberto Freyre que estudou a formação cultural do Brasil. Finalmente, reconhece problemas sociais atuais como desigualdade e violência que precisam ser superados.
O documento discute o papel dos museus da Fundação Nacional Pró-Memória (FNpM) no período de 1979 a 1988. A FNpM reorganizou o espaço social em pequenos museus, transformando centros culturais em locais para aplicar ideais de integração cultural. As edições do Boletim Iphan/FNpM também mostram como as instituições construíram conjunto as reconceituações constitucionais da cultura em 1988.
Florestan fernandes a integração do negro na sociedade de classesJorge Miklos
Este documento resume:
1) A vida e obra do sociólogo Florestan Fernandes, focado no estudo da integração do negro na sociedade brasileira.
2) Seu livro "A integração do negro na sociedade de classes" analisa os desafios enfrentados pelos negros após a abolição da escravidão em adaptar-se às novas relações sociais e de trabalho.
3) Florestan argumenta que os negros enfrentaram grande marginalização e exclusão social devido à falta de preparo para a liberdade e concorr
O documento descreve o desenvolvimento da sociologia no Brasil desde os primeiros relatos sobre os povos nativos até a década de 1950. Destaca os principais pensadores e correntes intelectuais que contribuíram para a formação da sociologia brasileira como disciplina acadêmica, como Gilberto Freyre na década de 1930 e Florestan Fernandes e Celso Furtado na década de 1950.
Milton Santos nasceu na Bahia em 1926 e teve uma educação inicial em casa. Ele se formou em Direito, mas se dedicou à carreira acadêmica como professor de Geografia. Publicou diversos livros influentes sobre geografia urbana e regional. Sua obra reflete sobre os impactos da globalização e defende uma abordagem filosófica e crítica da geografia.
This document contains product codes and descriptions from Room101, a registered trademark of The 101 Corporation and Conspiracy, Inc. It lists various punk-inspired jewelry items such as rings, bangles, bracelets, as well as bead bracelets and filigree pieces. Copyright information is provided at the bottom of each page noting The 101 Corporation and Conspiracy, Inc.'s ownership of the Room101 trademark.
This one sentence document does not provide enough context or information to create an accurate 3 sentence summary. The document contains only one word - "Lorem" - which is not meaningful on its own.
Este documento analisa como os duelos entre cavalheiros portugueses dos séculos XIX-XX refletem a dinâmica entre a vida privada e pública. A honra pessoal era importante, mas a consideração social e a imagem pública também eram essenciais. Os duelos eram usados como ferramenta política entre a elite, para resolver disputas de uma forma controlada em vez de violência descontrolada. Apesar de punível pela lei, os duelos eram socialmente aceites. No século XX, surgiu um "Código d'
Matthew Strickland has over 15 years of experience in education and the military. He has taught middle school English and served as an assistant principal. Strickland has a proven track record of improving student achievement through implementing intervention programs and leading professional development. He also served two tours in the Middle East with the US Army Reserve, where he demonstrated exceptional leadership.
This document discusses several projects created to link physical and electronic scrum boards using QR codes. It includes a card printer app to generate tickets with QR codes, an Android app to interact with a JIRA board by scanning QR codes, and a Python app using a Raspberry Pi camera to detect ticket movements on a physical board and update the corresponding electronic ticket. Future plans include further developing the Android and augmented reality prototypes to integrate physical and digital workflows.
Este documento apresenta um livro sobre etnografias portuguesas entre 1870-1970. O livro explora como a cultura popular rural foi estudada como objeto central e como uma perspectiva para entender a identidade nacional portuguesa. O livro abrange vários campos como arqueologia, literatura e arquitetura que se aproximaram da etnografia e antropologia nesses temas.
[1] Roger Chartier é um importante historiador francês cuja vasta obra sobre história cultural ainda é parcialmente conhecida no Brasil. [2] Suas principais linhas de pesquisa incluem a história da educação, das práticas de leitura e impressão, e da cultura política. [3] Além disso, Chartier se dedica à reflexão sobre a prática da historiografia e à divulgação de uma "nova história cultural".
Este documento discute o projeto do Estado Novo português para criar um "homem novo" através da doutrinação ideológica. Defende que o regime tentou de forma autoritária e totalizante inculcar valores nacionalistas nas pessoas por meio da propaganda, educação, lazer e outras áreas, a fim de moldar os comportamentos segundo seu ideário. Analisa os principais mitos ideológicos do regime, como a regeneração nacional após o liberalismo e a essência imperial e organicista da nação portuguesa.
chartier, roger. a história cultural - entre práticas e representações.pdfMirianneAlmeida1
Roger Chartier é um dos principais historiadores culturais franceses. O documento resume sua carreira acadêmica de sucesso como professor e pesquisador. Ele se dedica a projetos coletivos que examinam a tradição historiográfica e buscam compreender as práticas que constroem o mundo por meio de representações.
As 3 frases:
Este documento discute o desenvolvimento da antropologia no Brasil, desde seus primórdios com pesquisadores como Curt Nimuendajú até os anos 1960. Aborda como a antropologia surgiu para entender a diversidade cultural brasileira e construiu a identidade nacional. Explica as principais figuras e correntes que contribuíram para o estudo das culturas indígenas e da sociedade brasileira.
Este documento discute a Nova História Cultural e seus principais conceitos e correntes. Apresenta as noções de "práticas" e "representações" como fundamentais para examinar objetos, sujeitos e processos culturais. Também explora como diálogos com a antropologia e outros campos contribuíram para correntes como a micro-história e a ênfase na "alteridade". Finalmente, discute como a linguística, história política e marxismo influenciaram o estudo da cultura.
1) O documento discute a relação entre António Jorge Dias e a arqueologia em Portugal, especialmente como sua perspectiva foi influenciada por seu tempo na Alemanha entre 1938-1940.
2) Analisa como a arqueologia em Portugal estava se institucionalizando nessa época, mas também passava por disputas entre diferentes pesquisadores.
3) Discute como Dias observou a arqueologia alemã nesse período conturbado, quando universidades estavam sendo influenciadas pelo nacional-socialismo.
1) A história urbana em Portugal é um campo de estudo pouco desenvolvido, com muitas lacunas de conhecimento.
2) Recentemente, tem havido um maior interesse pela história urbana, com mais investigações, publicações e iniciativas a nível local.
3) No entanto, a história urbana permanece uma área menor de estudo nas universidades portuguesas, com poucos historiadores urbanos e falta de cursos e instituições dedicadas especificamente a este campo.
1) Os povos indígenas do Nordeste brasileiro receberam pouca atenção de etnólogos e antropólogos, com poucos estudos especializados sobre eles.
2) Esses povos eram vistos como altamente aculturados e sem muita distintividade cultural, tornando-os pouco atraentes para estudos etnológicos.
3) Recentemente, demandas políticas sobre terra e assistência levaram ao surgimento de estudos sobre esses povos, construindo-os como um objeto de pesquisa.
Este trabalho analisa duas cartilhas coloniais publicadas no início do século XX em Portugal. Pretende-se compreender como estas cartilhas contribuíram para a propagação de uma nova imagem colonial junto das crianças, em linha com a ideologia do projeto colonial português da época. Aborda-se o contexto histórico que esteve na base das políticas coloniais e da educação nas colónias. Analisam-se os objetivos do ensino colonial e como a língua portuguesa foi difundida. Por fim, discute-se a evolução do ens
Remanescentes Culturais Africanos no BrasilTathy Pereira
O documento descreve a evolução dos estudos sobre a cultura africana no Brasil ao longo dos séculos XIX e XX, destacando os pioneiros na área como Nina Rodrigues e Manuel Querino, assim como os centros de estudos que foram formados nas universidades brasileiras a partir da segunda metade do século XX.
A partir de meados do século XX, a Antropologia concentrou seu interesse nas populações marginalizadas das sociedades nacionais. No Brasil não foi diferente: a Antropologia construiu um acervo de conhecimento sobre populações indígenas, negras, camponesas, entre outras.
Ao contrário das antropologias norte-americana, inglesa e francesa, a antropologia brasileira preocupou-se basicamente em estudar o próprio país. Apenas muito recentemente os antropólogos brasileiros começaram a estudar a diferença em contextos fora do Brasil. Durante praticamente todo o século XX, o principal interesse foi explicar o Brasil, observando as populações marginalizadas do país e também as populações urbanas de classe média e as elites. Este capítulo começa com um breve histórico da Antropologia no Brasil para depois destacar os principais focos e temas da produção antropológica nacional.
O documento discute a interpretação de Alfred Metraux de uma migração tupinamba em 1605 no Maranhão como uma "migração mística" em busca da "Terra sem Males". O autor reexamina a fonte original de Claude d'Abbeville à luz de outros documentos jesuíticos, revelando versões alternativas do episódio e como diferentes atores sociais traduziram a alteridade de acordo com seus próprios sistemas. Isso permite compreender melhor as estratégias culturais e políticas de construção de identidades no
O documento discute a atuação do Serviço de Extensão Cultural da Universidade do Recife (SEC/UR) e de seu idealizador Paulo Freire no Recife dos anos 1960, quando desenvolveram um sistema de alfabetização de jovens e adultos. O trabalho é baseado no livro "O Golpe na Alma" que relata as experiências de intelectuais como Marcius Cortez durante a ditadura militar de 1964. O SEC/UR promoveu diversas atividades culturais e educacionais até ser fechado após o golpe, quando houve tentativa de
Este documento apresenta seis artigos acadêmicos sobre temas relacionados à história da América, natureza e literatura. Os artigos abordam tópicos como a percepção da natureza por imigrantes italianos no Paraná, o eugenismo em Monteiro Lobato, história e sexualidade, um terremoto no Peru em 1746, a agricultura inca e as culturas inca e hispânica na obra de Garcilaso de la Vega.
8069 texto do artigo-22770-1-10-20151221Nuro Manjate
o alcance da independência, em 1975, o presidente Samora Machel, sob o decreto 12/75 de 6 de Setembro de 1975 promulgou a nacionalização de sectores públicos como saúde, terra, educação, transporte entre outros. Quanto ao sector da educação, Castiano e Ngoenha (2013), afirmam que com esta medida pretendia-se que todos os
1) O documento propõe analisar a história da alimentação na cidade de São Paulo entre 1920-1950, período de intensa urbanização da cidade.
2) Apesar da abundância de fontes, poucos estudos abordaram o tema, representando uma lacuna historiográfica.
3) O autor defende uma abordagem multidisciplinar da história da alimentação, incorporando perspectivas de história social, saúde pública e memória cultural.
1) O documento discute diferentes concepções de cultura popular entre folcloristas e membros do Centro Popular de Cultura, colocando em debate os termos "tradição" e "transformação".
2) Folcloristas viam a cultura popular como tradicional e ameaçada pela modernização, enquanto o Centro Popular de Cultura defendia seu papel de transformação social.
3) O documento analisa como esses termos aparentemente antagônicos podem ser vistos como complementares, e como a questão nacional esteve associada a essas discussões ao
1) O documento discute diferentes concepções de cultura popular entre folcloristas e membros do Centro Popular de Cultura, colocando em debate os termos "tradição" e "transformação".
2) Folcloristas viam a cultura popular como tradicional e ameaçada pela modernização, enquanto o Centro Popular de Cultura defendia seu papel de transformação social.
3) O documento analisa como essas visões envolvem a questão da identidade nacional, debatida no Brasil do século XX.
Este documento discute as duas tradições textuais dos escritos de Bernardim Ribeiro, um autor português do século XVI. Apresenta os dois manuscritos existentes da obra em prosa de Bernardim e as três edições impressas do século XVI, analisando as diferenças entre elas. Também aborda a publicação da obra de Bernardim em Ferrara no contexto do criptojudaísmo português da época.
This document discusses the discovery of Aleister Crowley's lost diary from September 1930, when he traveled to Portugal and met with Fernando Pessoa. Crowley was known to have kept a diary during this period, and portions were quoted by his biographer John Symonds. However, the actual diary pages from September 1930 went missing from Crowley's collected papers. The author was able to obtain a scanned copy of the missing six diary pages, providing a firsthand account of Crowley's movements and activities in Portugal, including his interactions with Pessoa. Analysis of the diary sheds new light on this important historical encounter between the two figures.
Este documento é um folheto revolucionário português de 1909 contendo poemas e artigos criticando a Igreja Católica e defendendo a independência de Portugal. O principal poema, escrito por Dias d'Oliveira, critica a influência dos jesuítas e defende a nação contra ameaças estrangeiras.
1) Muitas culturas e religiões ao longo da história tentaram responder às questões fundamentais sobre o sentido da existência humana e sua relação com o divino ou transcendente, embora de formas diferentes e condicionadas pelos contextos culturais.
2) As religiões procuram estabelecer um vínculo espiritual entre o visível e o invisível através de interpretações das escrituras sagradas, embora limitadas e parciais. Cultura e religião se desenvolvem em íntima conexão.
3) Apes
1) Antonin Artaud foi um poeta, ator e teórico do teatro francês do século XX que passou grande parte de sua vida internado em hospitais psiquiátricos devido a problemas mentais.
2) Ele participou do movimento surrealista nos anos 1920, mas rompeu com o grupo quando eles aderiram ao marxismo.
3) Sua obra abrange teatro, cinema, poesia e ensaios e teve grande influência nas artes experimentais do século XX.
I. O documento descreve a evolução da política de planeamento urbano em Portugal desde os anos 1930 até a atualidade, destacando as diferentes leis e abordagens ao longo do tempo.
II. Atualmente, existem problemas relacionados à implementação dos planos, falta de compatibilidade entre escalas de planejamento e demoras excessivas nos processos.
III. Há um reconhecimento de que é necessário repensar o processo de planejamento, especialmente nos níveis territorial e regional, para enfrentar os desafios atuais de forma mais eficaz.
1) António Pedro foi um poeta e pintor português que promoveu o surrealismo em Portugal. Sua obra explora uma "poética do feio" que desafia as normas estéticas burguesas.
2) Seu quadro mais famoso, "Rapto na paisagem povoada", utiliza várias técnicas de colagem e intertextualidade com suas próprias obras e de outros artistas como Rubens.
3) Sua poesia e pintura procuram libertar a arte de constrangimentos do belo, introduzindo o feio, o
O documento discute a poesia de António Maria Lisboa e sua relação com o surrealismo. Trata do amor como elemento central na obra de Lisboa e como via para libertação total. Também aborda a importância do esoterismo e da alquimia como meios de transcendência interior para alcançar a plenitude da existência.
This document discusses the discovery of Aleister Crowley's lost diary from September 1930, when he traveled to Portugal and met with Fernando Pessoa. Crowley was known to have kept a diary during this period, and portions were quoted by his biographer John Symonds. However, the actual diary pages from September 1930 went missing from Crowley's collected papers. The author was able to obtain a scanned copy of the missing six diary pages, providing a firsthand account of Crowley's movements and activities in Portugal, including his interactions with Pessoa. Analysis of the diary sheds new light on this important historical encounter between the two figures.
Este documento fornece informações sobre a exposição "Soeiro Pereira Gomes - Na Esteira da Liberdade" no Museu do Neo-Realismo para comemorar o centenário do nascimento do escritor Soeiro Pereira Gomes. A exposição apresenta a vida e obra de Soeiro Pereira Gomes através de documentos, fotografias e objetos pessoais doados ao museu. Soeiro Pereira Gomes foi um importante escritor neo-realista português e defensor dos direitos dos trabalhadores.
Este documento apresenta uma revisão da literatura sobre a relação entre urbanismo e globalização em Portugal nos últimos 25 anos. O autor identifica quatro modelos analíticos que emergiram nesta relação: 1) o modelo da Metrópole, que enfatiza o papel central de Lisboa; 2) o modelo da Metropolização, focado na expansão urbana; 3) o modelo da Intermediação Sócio-Cultural, analisando fluxos culturais; 4) o modelo da Criatividade Urbana, estudando a economia criativa. A síntese destes modelos
This manifesto outlines the Dada movement's rejection of traditional art forms and established principles. It states that Dada means nothing and was born from a need for independence and distrust of unity. The manifesto criticizes previous art movements like Cubism and Futurism for relying on established theories and principles. It advocates for art that is directly created from raw materials without symbolic or illusionistic elements, and rejects the idea that art should be analyzed or have a higher purpose beyond individual expression. The manifesto concludes that art should be a private matter without systems or theories.
The document provides an overview of binary number systems and how they are used in computers. It begins by explaining that computers use binary rather than decimal. It then discusses:
1) How binary works by representing numbers as strings of 1s and 0s, with each digit representing a power of 2.
2) Methods for converting between binary and decimal numbers, including dividing decimal numbers by 2 repeatedly and expressing them as sums of powers of 2.
3) Key concepts like bits, bytes, and how all computer data is ultimately stored as binary.
Binary numbers use only the digits 0 and 1 to represent values. Other numbering systems discussed include octal (base 8) and hexadecimal (base 16). Octal groups binary numbers into sets of 3 digits, while hexadecimal uses groups of 4 binary digits. Conversion between binary, octal, and hexadecimal is demonstrated through examples. Binary addition and subtraction are conceptually similar to decimal but use only 1s and 0s. Two's complement representation is commonly used in microprocessors to represent both positive and negative numbers.
The document discusses the benefits of exercise for mental health. Regular physical activity can help reduce anxiety and depression and improve mood and cognitive function. Exercise causes chemical changes in the brain that may help protect against mental illness and improve symptoms.
Este documento discute a melancolia e a depressão do ponto de vista psicanalítico. Apresenta uma revisão histórica do conceito de melancolia desde a Antiguidade até os dias atuais, quando passou a ser substituída pelo termo depressão. Discute as contribuições de Freud para diferenciar melancolia e depressão, vendo a primeira como uma psiconeurose narcísica. Argumenta que o modelo narcísico-melancólico é mais adequado para compreender os transtornos contemporâneos, em um contexto de ênfase no indiv
Este documento descreve os termos e condições de uso das Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum da Universidade de Coimbra. De acordo com os termos, o download de títulos com acesso restrito requer uma licença válida e deve ser feito a partir de um endereço IP da instituição licenciada. Os usuários só podem fazer download para uso pessoal e não comercial, e todas as obras estão protegidas por direitos autorais.
Nesta carta de 1939, Jorge Dias expressa a Ernesto Veiga de Oliveira o seu desejo de abandonar Munique e regressar a Portugal para viver livremente na natureza, longe das responsabilidades académicas. Convida também Ernesto Veiga de Oliveira a juntar-se-lhe em Munique para trabalharem juntos num método de ensino de português para estrangeiros.
O documento descreve a história e uso do cavaquinho no Brasil. [1] O cavaquinho tem origem portuguesa e foi trazido para o Brasil durante a colonização, tornando-se um instrumento popular no país. [2] Participa em vários gêneros musicais regionais como o choro e o samba, acompanhando instrumentos como violão e pandeiro, e é essencial para esses estilos.
Telepsiquismo Utilize seu poder extrassensorial para atrair prosperidade (Jos...fran0410
Joseph Murphy ensina como re-apropriar do pode da mente.
Cada ser humano é fruto dos pensamentos e sentimentos que cria, cultiva e coloca em pratica todos os dias.
Ótima leitura!
A festa junina é uma tradicional festividade popular que acontece durante o m...ANDRÉA FERREIRA
Os historiadores apontam que as origens da Festa Junina estão diretamente relacionadas a festividades pagãs realizadas na Europa no solstício de verão, momento em que ocorre a passagem da primavera para o verão.
REGULAMENTO DO CONCURSO DESENHOS AFRO/2024 - 14ª edição - CEIRI /UREI (ficha...Eró Cunha
XIV Concurso de Desenhos Afro/24
TEMA: Racismo Ambiental e Direitos Humanos
PARTICIPANTES/PÚBLICO: Estudantes regularmente matriculados em escolas públicas estaduais, municipais, IEMA e IFMA (Ensino Fundamental, Médio e EJA).
CATEGORIAS: O Concurso de Desenhos Afro acontecerá em 4 categorias:
- CATEGORIA I: Ensino Fundamental I (4º e 5º ano)
- CATEGORIA II: Ensino Fundamental II (do 6º ao 9º ano)
- CATEGORIA III: Ensino Médio (1º, 2º e 3º séries)
- CATEGORIA IV: Estudantes com Deficiência (do Ensino Fundamental e Médio)
Realização: Unidade Regional de Educação de Imperatriz/MA (UREI), através da Coordenação da Educação da Igualdade Racial de Imperatriz (CEIRI) e parceiros
OBJETIVO:
- Realizar a 14ª edição do Concurso e Exposição de Desenhos Afro/24, produzidos por estudantes de escolas públicas de Imperatriz e região tocantina. Os trabalhos deverão ser produzidos a partir de estudo, pesquisas e produção, sob orientação da equipe docente das escolas. As obras devem retratar de forma crítica, criativa e positivada a população negra e os povos originários.
- Intensificar o trabalho com as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, buscando, através das artes visuais, a concretização das práticas pedagógicas antirracistas.
- Instigar o reconhecimento da história, ciência, tecnologia, personalidades e cultura, ressaltando a presença e contribuição da população negra e indígena na reafirmação dos Direitos Humanos, conservação e preservação do Meio Ambiente.
Imperatriz/MA, 15 de fevereiro de 2024.
Produtora Executiva e Coordenadora Geral: Eronilde dos Santos Cunha (Eró Cunha)
1. Recensões
213
das ex-colónias. Como é sabido, a afirmação da
disciplina antropológica em Portugal a partir de
1870 ocorreu basicamente em torno de estudos de
natureza etnográfica e/ou etnológica orientados
para a cultura popular portuguesa de matriz rural,
de acordo com pressupostos ideológicos ligados à
afirmação da identidade nacional. Recorrendo à
terminologia de George Stocking (“Afterword:
A View from the Center”, Ethnos, 1982), pode-se
dizer que em Portugal, apesar da existência de
colónias e da inexistência de um problema na-
cional, a antropologia se desenvolveu historica-
mente como uma nation building anthropology, e
não – como nos restantes países europeus onde
prevalecia uma situação aparentemente homóloga
à portuguesa (Grã-Bretanha e França, por exem-
plo) – como uma empire building anthropology.
É com Jorge Dias que este autocentramento
da disciplina antropológica em torno de Portugal
é de alguma forma posto em questão. A mo-
nografia sobre os macondes do Norte de Moçam-
bique é justamente o marco central desse processo
de viragem da antropologia portuguesa para
África. Editada inicialmente entre 1964 e 1970, em
quatro volumes da autoria de Jorge Dias (I Vol.
Aspectos Históricos e Económicos, 1964), Jorge Dias
e Margot Dias (II Vol. Cultura Material, 1964;
III Vol. Vida Cultural e Social, 1970) e Manuel Vie-
gas Guerreiro (IV Vol. Sabedoria, Língua, Literatura
e Jogos, 1966), Os Macondes de Moçambique cons-
titui, por essa razão, uma das peças fundamen-
tais não apenas da obra de Jorge Dias, mas do
próprio percurso histórico da antropologia por-
tuguesa.
A sua reedição, numa iniciativa conjunta da
Comissão Nacional para as Comemorações dos
Descobrimentos Portugueses e do Instituto de
Investigação Científica Tropical, deve pois ser
saudada. Alguns dos volumes da edição original
há muito que se encontravam esgotados e, no
quadro recente de reedições da obra de Jorge Dias
e dos seus colaboradores, esta era uma lacuna que
se impunha preencher. Em conjunto com outras
iniciativas – entre as quais se destaca o trabalho
de levantamento, catalogação e estudo dos filmes
etnográficos de Margot Dias entre os macondes,
realizado por Catarina Alves Costa no âmbito do
Museu Nacional de Etnologia (Guia para os Filmes
realizados por Margot Dias em Moçambique 1958/
/1961, 1997) –, a reedição do volume I de Os Ma-
condes de Moçambique contribui para dar uma
JORGE DIAS
OS MACONDES DE MOÇAMBIQUE. VOL. I:
ASPECTOS HISTÓRICOS E ECONÓMICOS
(INTRODUÇÃO DE RUI PEREIRA)
Lisboa, CNCDP/IICT, 1998.
Jorge Dias foi sem dúvida uma das mais im-
portantes figuras da antropologia portuguesa do
século XX. Essa sua importância deriva, por um
lado, do trabalho de renovação da pesquisa an-
tropológica sobre Portugal que ele empreendeu.
Remontando à segunda metade dos anos 40, após
o seu regresso da Alemanha, esse trabalho teve
três facetas principais. A mais conhecida é sem
dúvida a que se prende com a realização dos
primeiros estudos de comunidade em Portugal
(Vilarinho da Furna, Uma Aldeia Comunitária, 1948;
Rio de Onor, Comunitarismo Agro-Pastoril, 1953).
Simultaneamente, apoiado na metodologia da “ex-
tensive survey”, Jorge Dias desenvolveu o ma-
peamento e estudo sistemático das tecnologias
tradicionais portuguesas. Prosseguida pelos seus
colaboradores – em particular por Ernesto Veiga
de Oliveira, Fernando Galhano e Benjamim Pe-
reira –, essa pesquisa encontra-se na origem de um
conjunto invulgarmente amplo de monografias
que ainda hoje constituem uma referência fun-
damental para a reconstituição da ruralidade
portuguesa nos anos que antecederam o “boom”
emigratório da década de 1960. Finalmente, são
também da autoria de Jorge Dias os primeiros
grandes estudos de síntese da cultura popular
portuguesa no seu conjunto. Um desses estudos,
de resto – Os Elementos Fundamentais da Cultura
Portuguesa (1955) –, continua a ser uma referência
frequentemente invocada nos debates recentes
sobre a identidade nacional portuguesa.
A par da renovação da pesquisa antropoló-
gica sobre Portugal, Jorge Dias foi também uma
figura decisiva no processo de emergência de uma
antropologia orientada para o estudo das socie-
dades e culturas das ex-colónias portuguesas, na
segunda metade dos anos 50. A importância da
“descoberta” – embora tardia – desse terreno deve
ser sublinhada. De facto, embora Portugal se
definisse nominalmente como uma potência colo-
nial, não é entretanto possível falar, ao longo do
período que medeia entre os anos 70 do século
XIX e o fim dos anos 50 do século XX, de uma
tradição consistente de estudos de antropologia
cultural e social centrada nas sociedades e culturas
2. 214
merecida visibilidade a uma das facetas mais im-
portantes do trabalho de Jorge Dias e dos seus
colaboradores.
O volume agora reeditado beneficia de uma
excelente introdução de Rui Pereira, autor de
estudos anteriores sobre a “experiência africana”
de Jorge Dias, que problematiza o contexto em
que ocorre essa viragem tardia da antropologia
portuguesa para África. Três pontos são centrais
na argumentação de Rui Pereira.
O primeiro prende-se com o esclarecimento
do desinteresse da etnografia e da antropologia
cultural e social portuguesas por África no pe-
ríodo – longo – que antecede a investigação de
Dias e dos seus colaboradores entre os macondes.
Como sublinha Rui Pereira, esse desinteresse con-
trasta com o empenhamento evidenciado por dis-
ciplinas como o antropobiologia e a antropologia
física e é explicável quer em função do carácter
“subdesenvolvido do colonialismo português”
(p. XI), quer em função das políticas concretas
implementadas pelo estado português nas ex-
-colónias, com particular destaque para o período
do Estado Novo. A este propósito Rui Pereira
enfatiza as estreitas ligações entre o desenvol-
vimento da antropobiologia e da antropologia
física e “a necessidade de quantificação da força
de trabalho indígena” (p. XLVII) subjacente ao
projecto de exploração intensiva da mão-de-obra
indígena do colonialismo português ao longo da
primeira metade do século XX. No seguimento de
Alfredo Margarido (“Le Colonialisme Portugais
et l’Anthropologie”, Anthropologie et Impérialisme,
1975), põe ainda em evidência a contradição entre
o projecto assimilacionista e o desenvolvimento de
estudos antropológicos.
O segundo ponto que ressalta da análise de
Rui Pereira relaciona-se com a caracterização mi-
nuciosa da conjuntura política na qual se inscreve
a viragem africana de Jorge Dias. De acordo com
Rui Pereira, é a partir da reorientação da política
colonial portuguesa que ocorre na segunda me-
tade dos anos 50 – no rescaldo da Conferência de
Bandung – que se torna não só possível mas
necessário o desenvolvimento de estudos de na-
tureza antropológica nas ex-colónias, de forma a
proporcionar às autoridades coloniais portuguesas
os meios para “gerir política e socialmente as
consciências das populações africanas” (p. XXIV),
na tentativa de impedir o desenvolvimento de um
clima favorável às aspirações independentistas.
É nesse novo contexto – dominado politicamente
pela figura de Adriano Moreira – que é criado, em
1956, no quadro da Junta de Investigações de
Ultramar, o Centro de Estudos Políticos e Sociais,
no âmbito de cuja Missão de Estudos das Minorias
Étnicas do Ultramar Português, Jorge Dias irá
desenvolver a sua pesquisa sobre os macondes.
O terceiro ponto, por fim, tem a ver com a
ligação mais precisa entre a pesquisa de Jorge Dias
e alguns dos aspectos centrais da política colonial
portuguesa a partir da segunda metade dos anos
50. Apoiando-se nos relatórios escritos por Jorge
Dias no termo das suas sucessivas campanhas
entre os macondes – que tiveram uma circulação
política restrita, tendo permanecido até hoje iné-
ditos –, Rui Pereira mostra de forma convincente
as articulações efectivamente existentes entre a
pesquisa de Jorge Dias e as preocupações oficiais
de caracterização e avaliação da situação política
e social que se vivia então no planalto maconde.
Fá-lo entretanto de forma duplamente equilibrada,
resistindo à tentação – em que outros autores já
caíram – de simplificar a questão, procurando,
ao contrário, expor as suas complexidades. Essas
complexidades exprimem-se, por exemplo, no
sentido frequentemente crítico que, nos seus
relatórios, Jorge Dias – em contradição com o tom
declaradamente apologético e “luso-tropicalista”
empregue em textos e intervenções de carácter
público – emprestou aos comentários sobre o
colonialismo português tal como ele o pôde sur-
preender no terreno. Mas exprimem-se também
no modo como Jorge Dias, colocado numa situa-
ção de “antropologia colonial aplicada”, acabou
por coordenar e co-redigir uma monografia mar-
cada por preocupações descritivas e teóricas que
se situavam fora desse quadro. Como sublinha
Rui Pereira, “com o decorrer das campanhas,
Jorge Dias parece ter invertido a hierarquia de
interesses previamente determinada por aqueles
que patrocinavam a sua investigação no Norte de
Moçambique, ou seja, fez ascender ao primeiro
plano os objectivos eminentemente etnológicos”
(p. XXXIII).
Constituindo uma imprescindível contribui-
ção para o estudo da “experiência africana” de
Jorge Dias, é entretanto pena que a Introdução de
Rui Pereira não vá mais longe na exploração dos
aspectos antropológicos dessa experiência, refe-
renciando por exemplo o modo de construção e as
opções teóricas de Os Macondes de Moçambique no
3. Recensões
215
quadro da antropologia africanista da época. Para
além da contextualização política, fica de alguma
forma por fazer o enquadramento teórico da
monografia de Jorge Dias. Não posso também
deixar de fazer uma observação relativamente às
referências bibliográficas mobilizadas no início da
Introdução, quando Rui Pereira procede à carac-
terização genérica da antropologia portuguesa no
final do século XIX e na primeira metade do
século XX: as datas dessas referências não vão
além de 1991, quando se sabe que nos últimos
anos tem sido particularmente importante a pro-
dução de artigos e ensaios na área da história da
antropologia portuguesa.
Por fim, fica uma sugestão: porque não pen-
sar na edição dos relatórios redigidos por Jorge
Dias no âmbito das suas campanhas entre os
macondes? Como Rui Pereira refere, não só não é
mais sustentável o clima de “incompreensível e
púdico secretismo” (p. XXVIII) que tem sido por
vezes criado em torno dos relatórios, como parece
óbvio que da sua edição resultaria a possibilidade
de um conhecimento mais aprofundado daquele
que foi um dos acontecimentos mais importantes
da antropologia portuguesa do período imedia-
tamente anterior ao 25 de Abril.
João Leal
Departamento de Antropologia do ISCTE
Centro de Estudos de Antropologia Social (ISCTE)
JOÃO PACHECO OLIVEIRA (ORG.)
INDIGENISMO E TERRITORIALIZAÇÃO:
PODERES, ROTINAS E SABERES COLONIAIS
NO BRASIL CONTEMPORÂNEO
Rio de Janeiro, Contra Capa, 1998.
Dada a palavra aos Drs. Advogados da parte ré,
às suas perguntas respondeu: que reafirma que, quando
esteve na área em 1976, lá encontrou ainda em pé dois
postos indígenas (...) um que estava ocupado por
fazendeiros e outro cujas casas, em número de seis a sete
estavam ocupadas por famílias indígenas, que, entre-
tanto, esse agrupamento não caracterizava o que tecni-
camente se chama uma aldeia, até porque, como
consta do depoimento, os índios, em sua grande maioria,
já estavam vivendo como assalariados de terceiros, e não
isolados como seria próprio de uma aldeia (...).
Que tal como os demais grupamentos humanos,
também entre os índios ocorreu alto grau de misci-
genação, mas essa mestiçagem não lhes retira a
condição de índios, tal como definida no próprio
Estatuto do Índio, que chega a definir a categoria de
índio aculturado.
Como facilmente se depreende a partir da lin-
guagem empregue e da identidade dos inter-
venientes nomeados neste texto, ele reporta-se a
uma situação de tribunal. Trata-se de um processo
que decorreu em 1998 num estado da União
Federativa do Brasil para reconhecimento de
“terra indígena”. O que torna esta situação sin-
gular – para quem não conheça o contexto em
causa – é que a testemunha que está a ser inter-
rogada é uma antropóloga. Não sendo um excerto
do livro aqui em recensão, ele conduz-nos com
exactidão ao assunto que o livro problematiza: o
papel da política indigenista na demarcação legal
de terras de índios no Brasil e as implicações da
antropologia nesses processos.
Partamos então deste depoimento para uma
incursão na temática do livro. A primeira questão
que nos é colocada é a do próprio exercício pro-
fissional desta antropóloga: ela usa a sua estadia
em terreno, duas décadas antes, como prova ocular
da presença de famílias de índios num espaço
territorial que, hoje, eles reivindicam como seu.
Mais ainda, ela refere-se a um saber “técnico” para
falar da desagregação da organização social espe-
cífica deste grupo, que teria perdido a capacidade
de viver isoladamente “como seria próprio de
uma aldeia”. Este é um assunto largamente tra-
tado no livro em recensão. Como aí se refere,
Darcy Ribeiro, nos anos cinquenta, incluía os
“antropólogos” na categoria de experts dotados de
saber técnico sobre “qual” e “quanto” território
deveria tornar-se disponível para um grupo de
índios. As contradições entre esta forma de con-
ceber o conhecimento e aquela que era preconi-
zada pela academia não deixaram de crescer,
particularmente na última década, com a intensi-
ficação da tendência interpretativa da disciplina.
Articulando de forma singular uma reflexão
sobre ética profissional (do antropólogo), socio-
logia do conhecimento e dados empíricos, re-
sultantes de pesquisa no âmbito da situação das
terras indígenas no Brasil, o livro coloca-se por-
tanto no contexto de uma “antropologia como
crítica cultural” – o que acaba por assumir expli-
citamente (p. 262).
Os artigos desta colectânea, à medida que nos
vão dando conta das políticas indigenistas nos
processos de demarcação de “terras indígenas”,
4. 216
familiarizam o leitor com a natureza colonial dos
saberes jurídico e antropológico nelas implicados.
Desta forma, o livro torna-se uma referência
importante para quem debate a questão do pós-
colonialismo, neocolonialismo e situações colo-
niais na orgânica internacional contemporânea.
Não se trata de uma abordagem abrangente do
tema, mas de uma cuidada apresentação de dados
e de analíticas do poder, nos meandros dos pro-
cedimentos burocráticos. Entre as instituições ana-
lisadas, destacam-se aquelas que, ao longo deste
século, tiveram a “tutoria” sobre os índios no
Brasil. Primeiro, o Serviço de Protecção ao Índio
(SPI), criado em 1910, estandarte do Governo do
Estado Novo brasileiro, mitificado na figura de
Cândido Rondon. Depois, o organismo que lhe
deu continuidade, a Fundação Nacional do Índio
(FUNAI), criada em 1967, a qual foi considerada,
pelo menos até à Constituição de 1988, como re-
presentante qualificada dos índios face à lei, isto
é, o seu “órgão tutor”.
Enquanto colectânea, o livro apresenta uma
grande coerência interna, já que dos oito artigos
que contém, quatro são da autoria do organizador
do volume, João Pacheco de Oliveira (um em
colaboração com Alfredo de Almeida), e dois de
António Carlos de Souza Lima, sendo os restantes
dois assinados, respectivamente, por Lucy Linha-
res e Ana Azevedo. Todos resultam, para mais, de
um amplo projecto de pesquisa dirigido por João
Pacheco de Oliveira (Professor no Museu Nacional
do Rio de Janeiro) sobre terras indígenas no Brasil
(PETI).
Este livro elabora, portanto, uma vasta aná-
lise das políticas indigenistas brasileiras, no que
respeita à questão fundiária. Entre o conjunto de
questões tratadas, destacaria três fundamentais.
A primeira diz respeito à situação real da
demarcação de terras para populações de índios
no Brasil. Na avaliação da situação, Pacheco de
Oliveira discrimina as cinco fases do processo de
legalização da propriedade de terra indígena, da
“identificação” até à “regularização”. Depois de
nos explicar que é apenas nesta última fase que o
título de propriedade ganha validade legal efec-
tiva, mostra-nos – com a habitual frieza que a
exactidão numérica suscita – que da extensão de
terra que a FUNAI reconhecia pertencer a grupos
de índios nos anos oitenta, 50,39% está ainda na
fase de “identificação” enquanto só 3,88% está na
fase final de “regularização”. Estes dados vêm ao
arrepio de muitas das afirmações públicas a pro-
pósito da questão fundiária no Brasil, inclusive
aquelas que chegam à Europa.
Uma segunda questão refere-se à forma como
o indigenismo tem tratado o requisito legal da
diferenciação étnica nos processos de demarcação
do território indígena. Também esta questão pode
ser equacionada a partir do depoimento com que
se abriu esta recensão, quando se diz que a “mis-
cigenação” não anula a diferenciação étnica da
população em causa. O livro debate largamente
esta temática, tecendo uma crítica epistemológica
e metodológica à forma como os “relatórios an-
tropológicos de identificação” (analisados em
alguns casos como objectos etnográficos – p. 221
e segs.) usam o conceito de grupo étnico de forma
anacrónica. No artigo de encerramento, Pacheco
de Oliveira defende que o aspecto conjuntural da
identificação étnica faz com que ela tenha de ser
avaliada, essencialmente, nos processos contem-
porâneos de diferenciação – e não nas forjadas
continuidades etno-históricas com um tempo
longínquo. Esta questão conduz-nos directamente
à seguinte.
A terceira e última temática a destacar diz
respeito ao papel da memória nos processos de
identificação de “terra indígena”. Esta é talvez a
noção que serve de epítome aos problemas le-
vantados com estes processos de territorialização.
Na página 21 transcreve-se o artigo do Estatuto do
Índio (1973) onde fica expresso que a terra in-
dígena deve ser reconhecida segundo um “con-
senso histórico” sobre a sua ocupação, desde um
passado remoto, pela população que hoje a rei-
vindica. O conjunto de equívocos etno-históricos
em que os “relatórios de identificação” têm in-
corrido a partir desta noção é então alvo de
debate. Nele acentua-se a ausência de uma crítica
de fontes e a substituição do terreno pela etno-
-história.
Ainda no campo da memória e do seu papel
nos processos da lei e da cultura, é de destacar o
artigo de Ana Lúcia de Azevedo (p. 168) sobre a
contraposição entre a “ideologia da verdade” das
acções jurídicas, largamente assente na escrita – e
desconfiada da oralidade – e a falacidade real dos
“testemunhos” escritos considerados de maior
validade nestes processos fundiários: as escrituras
de propriedade. Esta formulação torna-se parti-
cularmente útil depois dos artigos que a pre-
cedem: o de Lucy Linhares (onde se faz uma
5. Recensões
217
apresentação histórica bem documentada das leis
de propriedade da terra no Brasil) e os resultados
quantitativos da pesquisa efectuada por Pacheco de
Oliveira. Assim, por exemplo, Pacheco de Oliveira
(p. 64) mostra que a percentagem da extensão de
terra ocupada (isto é, para a qual existe uma
escritura de propriedade) em quatro estados da
União é superior a 100% e que isso se deve ao
facto de as escrituras de propriedade serem feitas
mediante uma declaração oral do proprietário.
É, portanto, paradoxal que, no momento de ava-
liar um processo de terra indígena, a escrita ganhe
um valor esmagador face a qualquer recurso à
memória oral, a qual mais facilmente é accionada
pelo lado indígena. No entanto, os autores mostram
bem a sua posição: não podemos resolver este
problema forjando documentos escritos que objec-
tivamente não oferecem rigor, tais como relatos de
viagem ou outras fontes etno-históricas.
Ainda a respeito destas incongruências en-
tre acção institucional e prática social, destacaria
finalmente o artigo de Oliveira e Almeida. Nele,
faz-se uma análise etnográfica do quotidiano da
FUNAI, que nos permite entrar nos moldes de
pensamento de uma instituição e entender a acção
dos seus técnicos. Como aí se mostra, os fun-
cionários da FUNAI são compelidos a agir se-
gundo uma lógica SOS – de “urgência” e “catas-
trofismo” –, o que denuncia a real ausência de um
planeamento sério de trabalho no órgão gover-
namental mais directamente responsável pela
questão indígena no Brasil.
Tendo mostrado a relevância actual desta
publicação, é necessário que se faça, no entanto,
um comentário crítico. Na medida em que este
livro trata de questões tão permeáveis à histo-
ricidade da vida social e política, não é possível
deixar de notar que os artigos nele contidos são
escritos entre os finais da década de oitenta e o
início da década de noventa e se reportam à
analítica do exercício do poder burocrático nesse
período. Assim, esperava-se que em algum mo-
mento se fizesse uma actualização de muitas das
questões tratadas. Entre elas, destaca-se a da
implicação profissional do antropólogo nestes
processos, na medida em que esta veio a alterar-
-se substancialmente na década de noventa. Esta
alteração é apenas referida por Souza Lima
(p. 266) e por Pacheco de Oliveira (numa nota de
rodapé, p. 293), sendo que noutros lugares do
livro (como por exemplo nas páginas 89 e 117) ela
surge como mera sugestão para o futuro: uma
maior colaboração entre a academia brasileira/
/universidades e os organismos de decisão jurí-
dica. Fica-nos portanto a dúvida sobre a posição
destes autores face a essa mudança da situação.
Não nos é dito, por exemplo, se nestes novos
moldes está finalmente a transformar-se a “im-
pensada antropologia aplicada brasileira” (Lima:
268) numa “antropologia implicada” (expressão
que adopta de Albert, 1995, cit. p. 268).
Susana de Matos Viegas
Departamento de Antropologia
da Universidade de Coimbra
ANASTASIA KARAKASIDOU
FIELDS OF WHEAT, HILLS OF BLOOD:
PASSAGES TO NATIONHOOD IN GREEK
MACEDONIA 1870-1990
Chicago e Londres, The University
of Chicago Press, 1997.
Este livro é a versão revista de uma tese de
doutoramento apresentada na Universidade de
Columbia em 1992. Desde então, as polémicas em
torno das ideias que ali cabiam surgiram de vários
lados, como a autora dá conta no largo prefácio e
ainda num posfácio ao volume agora apresentado.
Entre as ameaças extremas de nacionalistas gregos
mais exaltados, as denúncias patéticas de ma-
nipulações por parte de políticos locais em busca
de uma honra supostamente perdida, o nasci-
mento muito polemizado de um novo estado – a
“Antiga República Jugoslava da Macedónia” –,
a cobardia dos editores da Cambridge University
Press, a solidariedade de académicos importantes,
Fields of Wheat, Fields of Blood já se tornou um
“caso”. Célebre por aquela vaga de paixões que
despertou, foi nomeadamente capa do TLS em
13 de Fevereiro de 1998, onde é tratado em artigo
longo por um antropólogo – Roger Just, “The
Making of Greeks. Locals into Greeks” –, recensão
ajustada que agora tomo em conta.
Neste livro, de uma parte, temos uma ex-
pressão dos interesses antropológicos muito sa-
lientes que a Grécia – ao contrário de Portugal,
noto de passagem – suscitou nos circuitos aca-
démicos especializados anglo-americanos na se-
gunda metade deste século. Esta não é todavia
6. 218
uma tese qualquer, um contributo relativamente
anónimo para os estudos “gregos” ou “mediter-
rânicos” especializados, se é que esta designação
muito vaga ainda resiste. Fields of Wheat, Fields of
Blood é estudo importante, sólido, bem documen-
tado, de antropologia histórica. Propondo uma
comparação, encontrámos aqui algo do fôlego e da
profundidade diacrónica que caracterizavam o
trabalho célebre de Anton Blok, The Mafia of a
Sicilian Village. Alguns dos argumentos desen-
volvidos pela autora são mesmo, por momentos,
similares aos de Blok. Contudo, a autora não de-
monstra conhecer aquele trabalho, o que se torna
curioso, na medida em que sugere similitudes
estruturais para o papel crucial desempenhado
por mediadores locais na configuração de novas
entidades políticas e culturais de âmbito nacional,
ao longo do século XIX e nos princípios do sé-
culo XX.
Para além da articulação política e económica
de um estado – e dos bloqueios que estes pro-
cessos sofreram –, tópicos que o estudo de Blok
tinha favorecido no contexto siciliano, Karaka-
sidou firma os seus interesses também num pro-
cesso – muito bem sucedido, aliás – de “cons-
trução” de cultura nacional. Assim, temos um
trabalho que se situa numa área de interesses
ainda relativamente recente. Anote-se que a au-
tora cita mais frequentemente E. Gellner do que
B. Anderson como referência teórica importante.
Sugiro, aliás, que a leitura cruzada mais escla-
recedora do sentido das polémicas que marcam a
vida desta monografia pode ser encontrada num
título também recente, servido sensivelmente
pelas mesmas referências teóricas. Falo do livro de
Loring M. Danforth The Macedonian Conflict: Ethnic
Nationalism in a Transnational World – Princeton
University Press, 1995 –, onde o autor expõe a
vivacidade das disputas de identificação étnica e
nacional vividas por emigrantes originários da
Macedónia na Austrália.
Seria suficientemente original e interessante
como proposta de trabalho o conjunto de inter-
rogações que A. Karakasidou se propunha eluci-
dar no começo do seu trabalho – sumariamente,
perceber como a partir do ínicio dos anos 20, na
sequência da Guerra Greco-Turca, os refugiados
de origem grega oriundos de várias zonas que
fazem parte da Turquia actual tinham aprendido
a ser cidadãos gregos, a par dos habitantes ori-
ginais das zonas onde reiniciaram as suas vidas,
depois do processo de “limpeza étnica” então
acordado entre ambos os estados. Estas questões
tinham para a autora um fundamento autobio-
gráfico significativo, na medida em que o seu pai
– turco-falante, cristão-ortodoxo, oriundo da Ca-
padócia – fora um dos refugiados (prosfighes)
daquela guerra, enquanto a mãe era uma “local”
(dopy), oriunda de Tessalónica.
A familiarização com o terreno trouxe algo de
muito mais interessante – e definitivamente mais
polémico e incómodo para muitos –, na medida
em que a autora foi desvendando um quadro
muito mais complexo de possibilidades de iden-
tificação recentemente apagadas, onde o seu senso
comum à partida apenas distinguia a existência de
dopy – gregos de sempre, por conseguinte – a que
se tinham somado desde a década de 20 os pros-
fighes deportados da Turquia. O olhar melhor
informado pela investigação de arquivos e me-
mórias pessoais deixou distinguida a coexistência
prévia e recente de pastores e seareiros eslavos,
proprietários seareiros e administradores turco-
-falantes, mercadores gregos e judeus, ciganos,
pastores valáquios, arménios, entre outros, todos
tornados “gregos” num espaço de tempo singu-
larmente curto.
O contexto tomado para observação foi uma
pequena unidade administrativa com três loca-
lidades na Macedónia, no Norte da Grécia actual.
Ali, com a atenção centrada sobretudo no povoado
mais importante, que sediava os arquivos – do
munícipio, da escola e da igreja –, a autora do-
cumenta as expressões localizadas do processo de
“nation building” que se iniciou nos anos de 1870.
Nesta vila tiveram expressão muito nítida as
disputas de influência dos novos estados emer-
gentes, que tentavam expandir as respectivas
áreas de influência – Grécia, Bulgária e até mesmo
Sérvia.
A vila de Guvenza – depois denominada
Assiros, em 1927, já então integrada no estado
grego – era nos meados do século passado um
próspero pólo de rotas de comércio trans-
balcânicas, quando decaía o domínio imperial
turco nesta área. Nos últimos anos do século
XIX competem ali padres, professores e agi-
tadores políticos, representando sobretudo os
interesses dos estados adjacentes mais direc-
tamente envolvidos na partilha dos despojos
do império otomano naquela área da Macedó-
nia: a Bulgária e a Grécia.
7. Recensões
219
Foram vários os factores que favoreceram
gradualmente a predominância local dos agentes
nacionalizadores oriundos da Grécia, com os quais
se identificaram os interesses de uma elite local de
novos terratenentes e comerciantes, de diversas
origens, ali gradualmente formada. Esta, na
medida dos seus interesses, envolveu-se maio-
ritariamente no suporte dos interesses políticos de
Atenas e apropriou a nova cultura nacional pro-
duzida a partir dali.
Com as disputas pela Macedónia de 1902-
-1908 – com o seu cortejo de guerrilhas e de ter-
ror –, e, sobretudo, quando se consolidaram novas
fronteiras no fim das Guerras Bâlcanicas de 1912
e 1913, Guvenza pôde passar a ser pensada como
localidade “grega”, habitada por “gregos”. Como
a autora aclara, foi por intermédio de vários meios
como a acção da escola, do exército, da política
municipal – e também por intermédio de repres-
sões sempre mais ou menos cruas exercidas pelas
elite política local discricionariamente nas épocas
de maior repressão e miséria no século XX – que
a identidade dos seus habitantes enquanto “gre-
gos” pôde tornar-se um lugar comum partilhado,
um facto “natural” justificado por enunciados
acrónicos de uma história também ela estrita-
mente nacionalizada. Rasuraram-se outras possi-
bilidades de identificação que até então tinham
sido possíveis. É esta história de aprendizagens
ora forçadas ora de bom-grado que a autora traz
até aos nossos dias, acendendo de passagem
polémicas muito virulentas.
Este é um texto de escrita tensa, em que a
exposição das linhas de argumento mais im-
portantes mantém, a maior parte do tempo, um
registo denunciador dos processos de encultu-
ração nacionalizadora conduzidos pelas elites
locais. Não é significativa a simpatia pelos inter-
venientes ou pelos seus descendentes, forma de
aproximação que também podia ter sido percor-
rida. Assim, porque se demonstra pouca fami-
liaridade com as perspectivas dos habitantes locais
mais activos no processo de “nation building” e
também pouco empenho na descrição da cultura
hoje partilhada nesta localidade – contrapartida
do fascínio sentido pelo cosmopolitismo do sé-
culo passado, sucessivamente expresso –, faltam a
Fields of Wheat alguns dos ingredientes que nos
habituámos a prezar nas melhores etnografias.
O destino polémico deste trabalho torna-o
inevitavelmente simpático. Na minha opinião, é
importante pela solidez do argumento e pelas
possibilidades comparativas que suscita. É exem-
plar também na sugestão de perigos do trabalho
antropológico, para além da malária ou dos
desconfortos das velhas epopeias da antropologia
imperial. Assim, por estas duas razões, pode já ser
tomado como um trabalho de referência no âm-
bito dos estudos de “nation-building”.
António Medeiros
Departamento de Antropologia do ISCTE
Centro de Estudos de Antropologia Social (ISCTE)
JOSÉ LUIS GARCÍA
PRÁCTICAS PATERNALISTAS:
UN ESTUDIO ANTROPOLÓGICO
SOBRE LOS MINEROS ASTURIANOS
Ariel, Barcelona, 1996.
José Luis García es catedrático de Antropología
Social en la Universidad Complutense de Madrid
y coordina un proyecto de investigación sobre seis
zonas mineras españolas, cada una de las cuales
es estudiada por otros tantos antropólogos espa-
ñoles (todos ellos participan en el monográfico
“La Minería y sus Contextos Sociales” de la revista
Antropología, 13, Madrid, 1997). Su propio ámbito
de trabajo de campo es, desde hace años, Asturias,
región minera del norte de España, en donde se
halla situada también la cuenca del valle de Aller,
analizada en la obra que comentamos. Dicho valle
fue explotado para la extración de carbón por la
Sociedad Minera Española desde finales del siglo
pasado hasta 1967. El segundo Marqués de Comil-
las, que heredó de su padre esta empresa, muerto
poco después de comprarla, ejerció un paterna-
lismo integral que ha sido considerado como un
caso único y al que tradicionalmente se ha atri-
buido la evolución diferencial de este valle con
relación a las otras cuencas asturianas, reflejada,
entre otros aspectos, en la escasa politización de
sus mineros. Frente a este planteamiento, J. L. Gar-
cía sostendrá en esta obra que el paternalismo
tiene siempre un contexto que lo hace posible y
más allá del cual resulta inviable.
El paternalismo puede ser considerado como
toda una filosofía orientadora de la práctica de las
empresas que, en el contexto del despegue in-
dustrial, debieron atraer y preparar como mano de
8. 220
obra productiva a una población de procedencia
rural. La esencia de esta filosofía radica en pre-
sentar las relaciones mercantiles entre patronos y
obreros, que persiguen en realidad la maximi-
zación del beneficio, como relaciones familiares
orientadas por la reciprocidad.
El interés de este trabajo, como aportación
antropológica concreta al estudio de este problema
general, que puede atraer a especialistas y lectores
diversos, consiste precisamente en que desvela
con rigor y claridad las condiciones que hicieron
posible esta práctica empresarial y que, en este
caso concreto, según la tesis que defenderá el
autor, radican en las estructuras agrícolas previas
con las que se articuló y coexistió, de modo
peculiar, la industrialización. Dicha tesis posee
además un interés más amplio para la teoría social
en general, en lo que se refiere al problema de la
conceptualización de las relaciones entre la acción
social y la estructura y sus papeles respectivos en
la transformación de la sociedad.
La obra es una muestra excelente del pro-
ceder propio de la antropología socio-cultural y de
su mirada multidimensional y microanalítica. El
autor combina, en este sentido, un profundo
conocimiento del presente, en el que aún son
observables las huellas y consecuencias de esta
peculiar industrialización, con un estudio por-
menorizado del pasado. Si el primero se fun-
damenta en el prolongado trabajo de campo
realizado en la zona en diferentes épocas – en el
que ha basado otros trabajos anteriores como su
Antropología del Territorio (1976) –, el segundo ha
sido posible por el análisis de la amplia y por-
menorizada documentación del archivo de la
empresa, verdaderamente sorprendente por la
cantidad de observaciones y detalles que recoge,
en los que puede observarse innumerables as-
pectos de la vida cotidiana y las relaciones que la
empresa mantenía con el entorno.
La estructura del trabajo, dividido en dos
partes que articulan los diferentes capítulos, refleja
la claridad y coherencia del argumento. En la
primera parte, titulada “El Contexto Social del
Paternalismo”, se analizan las condiciones del
valle de Aller que, a diferencia de otras cuencas
asturianas, propiciaron aquí la continuidad de las
estructuras agrícolas. Se estudian con deteni-
miento cuales son esas estructuras, mostrando
cómo actuaron como condicionantes de la minería,
pero también cómo ella misma supo utilizarlas
como recurso para realizar sus objetivos em-
presariales. Así la eficacia de la política del Mar-
qués de Comillas se pone en conexión con di-
ferentes factores del contexto, sin ir más lejos, con
la propia configuración geográfica del valle, cuya
angostura impidió el crecimiento urbano y la
formación de núcleos concentrados como los que
se desarrollaron en Mieres o Langreo. Desde los
primeros momentos de la industrialización, el
minero de Aller será un minero mixto, que man-
tiene su explotación agrícola-ganadera viendo la
mina como un recurso para el acceso a la pro-
piedad de la tierra y ocupando un lugar sub-
sidiario y complementario en su economía.
Muy ilustrativos del planteamiento de esta
primera parte son los capítulos dedicados a la
construcción del espacio minero, en los que el
autor nos muestra, una vez más, su profundo
conocimiento de las claves interpretativas del
espacio como realidad social y cultural. Se nos
explica cómo, por una parte, la empresa se en-
contró con dificultades estructurales insalvables
que le impidieron construir, tal y como pretendía,
un concejo minero, concebido como un espacio
propio en el que desplegar la planificación
empresarial y ejercer el poder sin las cortapisas de
la legislación municipal y el criterio de autori-
dades de los tres ayuntamientos en los que se
ubicaban las minas. La empresa consiguió, sin
embargo, este objetivo a través de acciones que no
estaban, en principio directamente orientadas
hacia él, y que de acuerdo con la perspectiva
teórica que defiende el autor, deben verse como
resultado de las consecuencias inintencionales y
sistémicas del marco estructural en el que tienen
lugar dichas acciones. La creación de servicios
como los economatos, las escuelas, la financiación
y organización de servicios médicos y religiosos
(véase la promoción que se lleva a cabo de fes-
tividad de Sta. Bárbara, patrona de la minería), se
reveló como una forma eficaz de controlar el coto
minero y de crear un verdadero espacio industrial
superpuesto a las divisiones administrativas de las
que dependía y sobre el que se produce también
la idenficación de los trabajadores con la empresa,
más allá del ámbito estrictamente laboral.
A través de estos servicios, la empresa está
presente y supervisa innumerables aspectos la
vida cotidiana y de la interacción social. Esta
conexión entre lo cotidiano y lo laboral tiene su
máxima expresión en la creación del poblado
9. Recensões
221
minero de Bustiello. Como sucede con los otros
servicios, lo que se presentaba como un don
desinteresado de la empresa, ocultaba en realidad
la intención de controlar y, en este caso, de atajar
eficazmente algunos de los problemas endémicos
de la minería, como eran las tabernas, la
pretendida “indolencia”, o los conflictos entre los
trabajadores y la empresa. El “poblado pater-
nalista” concentra al trabajador en un espacio
estructurado orientado a dirigir todas sus ac-
ciones: la iglesia para las actividades religiosas, el
casino para el ocio bien entendido, el local para las
reuniones de los círculos católicos, la Chavola de
San Martín para la matanza del cerdo que junto
con el pequeño huerto contribuyen a la obtención
de complementos económicos que frenen las
reivindicaciones salariales. Los diferentes esta-
mentos de la empresa se plasman en la utilización
de zonas diferentes y en la ubicación de las
viviendas. La estructuración de este espacio es la
expresión misma de la ideología paternalista y de
su concepción de la empresa como una gran
familia unida por los mismos intereses.
Pero la eficacia de todos estos servicios no
reside sólo en el control directo que permiten
ejercer sobre la vida de los obreros, sino también
y de modo fundamental, por su contribución
decisiva a la creación de “una imagen de la
empresa” que determina la relación con el obrero.
Este es, en el argumento del autor, uno de las
notas esenciales de la filosofía empresarial pa-
ternalista y de sus prácticas: presentar como don
lo que está en realidad movido por un interés. El
valor expresivo de este juego radica en que
permite reclamar en justa reciprocidad, el apro-
piado comportamiento por parte de sus obreros.
La reciprocidad y su peculiar lenguaje es el ele-
mento clave del sistema de relaciones sociales del
mundo campesino en el que viene a insertarse el
paternalismo de la empresa.
El análisis de la importancia de la reci-
procidad y de la construcción de la buena imagen
empresarial aparece analizado sobre todo en la
segunda parte, que lleva por título “Prácticas
Paternalistas”. El núcleo central de éstas prácticas
consiste, según el autor, en conseguir que la
economía empresarial, basada necesariamente
en el intercambio, se articule con otras formas
económicas características de sistemas no mer-
cantiles, como la reciprocidad y la redistribución,
y rentabilizar éstas para la obtención del máximo
beneficio empresarial. Prestaciones sociales crea-
das por la empresa con la intención proclamada
de asistir al trabajador, como son por ejemplo la
“caja de retiros” y la “caja de socorros”, son ana-
lizadas por J. L. García como manifestaciones de
las formas económicas que representan la
reciprocidad y la redistribución respectivamente,
a través de las cuales se consiguen objetivos
fundamentales para el rendimiento laboral y de
este modo, la ganancia económica. La discre-
cionalidad con que operaba la empresa en la
concesión de estas prestaciones, las condiciones
que se imponían de buen comportamiento y la
vinculación del trabajador y de su familia con la
empresa que se logra por medio de ellas, con-
vierten a éstas prestaciones en instrumentos para
conseguir obreros preparados para rendir al
máximo en el trabajo.
Sin embargo, no siempre es fácil para la
empresa conseguir que sus acciones sean inter-
pretadas en clave de generosidad. En algunos
casos se trata de comportamientos en los que se
hace claramente visible el puro interés empre-
sarial. Así el incumplimiento de las medidas para
evitar la enfermedad conocida como “anemia del
minero”, es un claro ejemplo de actuaciones en las
que la empresa ve deteriorarse su imagen a fuerza
de las contradicciones que se introducen con las
intenciones proclamadas.
La especialización del autor en los ámbitos de
la antropología simbólica y cognitiva – para los
que la obra es también una valiosa aportación – le
permiten mostrarnos con maestría como se com-
plementan las dimensiones cognitivas y sim-
bólicas del conocimiento en la construcción de la
imagen de la empresa y su aceptación social. La
evocación simbólica y la referencialidad cognitiva
deben estudiarse, según este planteamiento, en el
contexto de la realidad social concreta. La pro-
ducción de un tipo o otro de discursos, así como
la posibilidad de que el actor social se deje
orientar por ellos, ha de verse con relación a los
intereses que entren en juego en un momento
determinado.
En el último capítulo, titulado “Las Cuentas
del Paternalismo”, las tres etapas que pueden ser
diferenciadas según la intensidad con la que la
Sociedad Ullera Española ejerció su paternalismo,
se ponen en correspondencia los distintos ava-
tares por los que atravesó el comercio interna-
cional del carbón entre los años 1875 a 1925 y las
10. 222
posibilidades o no de dar salida a la producción.
La perfecta demostración del interés mercantil que
orienta al paternalismo, basada en datos econó-
micos verdaderamente sorprendentes, es casi un
golpe de efecto final que no deberá hacer olvidar
al lector el eje central de la obra, el estudio de las
condiciones de posibilidad de esta filosofía em-
presarial y los instrumentos de los que se vale.
Nieves Herrero
Departamento de Filosofía e Antropoloxía Social de la
Universidad de Santiago de Compostela
GRAÇA ÍNDIAS CORDEIRO
UM LUGAR NA CIDADE: QUOTIDIANO,
MEMÓRIA E REPRESENTAÇÃO
NO BAIRRO DA BICA
Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1997.
Pode comentar-se um livro com outro livro? Ou
com uma passagem dele? É o que acontece neste
caso. Por coincidência – mas nunca se saberá bem
decifrar os encadeamentos subjacentes a estas
coincidências sociais e pessoais –, no mesmo ano
em que se editava o primeiro livro de Graça Índias
Cordeiro, o consagrado escritor José Cardoso Pires
publicava um testemunho muito pessoal das suas
deambulações por Lisboa, da sua visão da cidade
e do seu afecto por ela. Diz José Cardoso Pires:
“Mas ninguém poderá conhecer uma cidade se
não souber interrogar, interrogando-se a si mes-
mo” (Lisboa, Livro de Bordo. Vozes, Olhares, Me-
morações, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1997,
p. 11). A antropóloga Graça Índias Cordeiro soube
fazer as duas coisas. É o que se impõe desde logo
testemunhar acerca de uma obra importante no
panorama da investigação em ciências sociais
desenvolvida nos últimos anos em Portugal.
A investigação realizada, com efeito, é porme-
norizada, cuidadosa, lúcida quanto às dificul-
dades encontradas, persistente na recolha de
informação e no respectivo exame, refrescante-
mente audaciosa na convocação de todas as
dimensões de análise e na mobilização de todas as
técnicas de investigação que lhe pareceram per-
tinentes em função do tema e do objecto, exemplar
na explicitação das dúvidas, permanentemente
auto-reflexiva.
Num certo sentido, a última coisa de que um
livro precisa é que se diga o que ele diz. Precisa,
sim, de ser lido, discutido, analisado. Pode in-
dicar-se, entretanto, de forma muito sumária, que
a investigação antropológica expressa nesta obra,
na qual Graça Índias Cordeiro retoma a parte
principal da sua tese de doutoramento, tomou
como terreno de pesquisa e horizonte de obser-
vação o bairro da Bica, em Lisboa. A autora
enquadra-o na história dos bairros da capital,
localiza-lhe a inserção sócio-espacial, analisa em
profundidade os processos da sua construção
social enquanto “bairro típico”. Do elenco de
questões que o texto aborda destacam-se as li-
gadas à problematização dos limites de iden-
tificação do bairro e das suas subdivisões, à
investigação dos trajectos migrantes e das redes
sociais da população ali residente, à análise dos
contextos e das práticas de sociabilidade locais,
culminando, como chave de decifração, nas
questões implicadas no exame das festas e das
marchas populares que o bairro organiza e que,
de maneira privilegiada, o constroem, perante a
cidade e perante si próprio, como bairro sin-
gular.
Mas mais importante do que referir o que o
livro diz será, porventura, acrescentar algumas
linhas sobre como o faz, e sobre o que representa
do ponto de vista das ciências sociais. Alinham-se,
de seguida, alguns breves apontamentos a este
respeito.
Como salienta no prefácio o antropólogo
catalão Joan Pujadas, é o primeiro trabalho de
fundo de antropologia urbana, na sua acepção
contemporânea, publicado em Portugal. O in-
vestimento científico da autora na constituição e
consolidação desta área entre nós tem, por si só,
enorme importância, e o presente trabalho cons-
titui o seu marco principal.
Sendo um trabalho minucioso sobre o bairro
– ou melhor, sobre um conjunto de aspectos nele
observáveis, como os acima assinalados –, Graça
Índias Cordeiro tem a preocupação permanente
em abordá-lo enquadrado no tempo e no espaço.
Um dos exemplos mais importantes é a atenção
prestada à história das marchas populares de
Lisboa. Aliás, para além do lugar crucial que tem
na análise do bairro, o assunto foi desenvolvido
pela autora em termos mais gerais na sua tese de
doutoramento, aspecto não incluído na presente
obra, afigurando-se de todo em todo desejável
poder-se contar, para breve, com uma publicação
autónoma acerca dele.
11. Recensões
223
Mas poderiam referir-se, ainda a propósito
desta preocupação de não confinamento iso-
lacionista do objecto de estudo e do terreno de
observação, outros aspectos, como o processo de
sucessão de gerações, com os seus percursos
migratórios e o estabelecimento dos seus laços
sociais, ou como a constituição da cidade, no seu
todo, como quadro social, como sistema de redes
e dinâmicas sociais, bem assim como espaço de
representação de identidades bairristas. Sublinhe-
-se que a antropóloga desenvolve em simultâneo
dois esforços integrados: entra a fundo no íntimo
do bairro, das suas relações sociais, das suas
formas culturais, do quotidiano das pessoas que
ali habitam; mas, ao mesmo tempo, ciente de que
não vivem ali numa redoma, procurou romper
com concepções de isolamento que não têm con-
trapartida efectiva em (erradamente supostos)
isolamentos sociais.
O livro em apreço é uma obra assumida-
mente oriunda das ciências sociais. Trata-se, antes
de mais, de uma análise científica – expressão
sujeita a ambiguidades e más interpretações, e até
ultimamente causadora de um certo mal-estar
entre alguns dos que, por outro lado, não hesitam
em inserir-se no âmbito institucional da sua
prática. O trabalho de Graça Índias Cordeiro
apresenta, no entanto, sem complexos, os dois
atributos principais que, conjugados, melhor per-
mitem classificá-lo como tal. Procura conhecer de
maneira sistemática, profunda, sujeitando aquilo
que diz a um duplo filtro: o da teoria (presente na
bibliografia de referência antropológica, e não só)
e o da observação (minuciosa, cuidadosa, tão
completa quanto possível, trabalhando com mé-
todos aferidos). Tudo isto com grande profis-
sionalismo, num registo onde estão ausentes as
certezas vagas, apriorísticas ou doutrinárias, mas
em que, pelo contrário, se cultiva a capacidade de
diálogo com o que de mais interessante se fez e se
faz nas ciências sociais.
Na procura de desenvolver a análise e com-
preender o seu objecto, a autora não se deixa
intimidar por fronteiras do saber preestabele-
cidas, muitas vezes com fundamentos mais ins-
titucionais do que cognitivos. Recorre a contri-
butos da sua área científica, a antropologia, mas
também de outras, sobretudo da história e da
sociologia. Sem perder especificidade disciplinar,
consegue enriquecer a análise com esses con-
tributos, trabalhados, aliás, com grande mestria.
Também no plano das técnicas de investigação
isso se passa. É assim que, para além da obser-
vação etnográfica, no contexto do bairro, pratica,
por exemplo, a análise documental de jornais (em
especial para o estudo das marchas populares), ou
a pesquisa de registos de nascimento e baptismo
ou, ainda, a análise sociográfica dos recensea-
mentos gerais da população (num caso e noutro,
para reconstruir as redes sociais constituídas no
bairro e as trajectórias sociais que a elas condu-
ziram).
Um último traço em que o posicionamento
analítico e pessoal de Graça Índias Cordeiro bem
se exprime – e que faz jus ao título da colecção
que agora publica o seu trabalho, a colecção “Por-
tugal de Perto”, dirigida por Joaquim Pais de Brito
– é a forma como se aproxima das pessoas da Bica,
como as observa de perto, como dialoga com elas
e, ainda, como repetidamente lhes dá voz, na
melhor tradição das ciências sociais. Tradição essa
em que se sabe que o universo social é atra-
vessado por múltiplas desigualdades e que não é
incompatível com a procura de rigor analítico o
respeito profundo pelas pessoas com que se
contacta no estudo dos fenómenos sociais e a
preocupação de contribuir para repor nalguma
medida, mesmo que limitada e parcial, o balanço
das falas e dos silêncios. Contribui-se assim – é
também o que este livro faz – para o diálogo
alargado entre pessoas, grupos sociais e formas de
cultura.
António Firmino da Costa
Departamento de Sociologia do ISCTE
Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (ISCTE)
BENJAMIM PEREIRA
TECNOLOGIA TRADICIONAL DO AZEITE
EM PORTUGAL
Idanha-a-Nova, Centro Cultural Raiano, 1997.
No pequeno texto de abertura da Alfaia Agrícola
Portuguesa, Ernesto Veiga de Oliveira, Fernando
Galhano e Benjamim Pereira explicam que não
abordavam ali “o estudo de certas actividades
também ligadas à vida agrícola – o vinho, o azeite,
o leite, a cortiça, o figo, a amêndoa, etc. – já
porque, sendo de natureza especial [tencionavam]
tratá-los isoladamente, já porque, relativamente a
12. 224
algumas delas, prevalecem aspectos técnicos da
transformação” (1983 [1977]: 7).
O azeite estava assim previsto como objecto
de um estudo isolado, à semelhança de outras
monografias entretanto realizadas, e de que são
exemplos Os Sistemas de Moagem (1965-1983), as
Construções Primitivas (1969), as Actividades Agro-
-Marítimas (1975) e o Linho (1978), para só referir
algumas das que têm Benjamim Pereira como
co-autor, mas às quais haveria de adicionar-se
– até pelo facto de serem de autoria exclusiva de
Benjamim Pereira – a série de estudos dedicados
aos têxteis, publicados entre 1960 e 1985, os de-
dicados a máscaras, publicados entre 1973 e 1986,
e ainda o livro sobre serração das madeiras, em
1970. É pois nesta sequência que surge em 1998,
apesar de editado desde 1997, esta Tecnologia
Tradicional do Azeite em Portugal.
A leitura deste que é o mais recente trabalho
de Benjamim Pereira obriga desde logo a con-
siderar o duplo plano em que a obra se situa.
Dado como catálogo de um núcleo museológico,
ele ultrapassa essa função circunstancial, consis-
tindo principalmente na concretização de um
projecto anterior do Centro de Estudos de Etno-
logia (CEE). Mesmo na sua função de catálogo, ele
é-o para “um museu que não é museu”, nas
palavras do prefácio de Joaquim Pais de Brito, já
que se reporta ao núcleo de Proença-a-Nova do
Centro Cultural Raiano, conjunto cujas funções,
programa e vocação ultrapassam os objectivos
habitualmente mais restritos de um museu.
Por outro lado, enquanto concretização de
um programa de etnografia sistemática de uma
tecnologia tradicional, este trabalho, seja pela
natureza própria que a história do azeite e da
oliveira lhe inculcaram, seja pelas circunstâncias
em que os trabalhos de campo foram realizados,
desdobra-se sobretudo na região da Beira Baixa,
justificando desse modo o contexto editorial que
de algum modo também ultrapassa.
O livro abre com um breve enquadramento
histórico da progressão e do declínio da oliveira
em Portugal, passando logo à descrição dos pro-
cessos de apanha e entulhamento da azeitona,
com particular atenção às implicações sociais e
cerimoniais que envolviam, desde as migrações
internas que induziam, até à própria vida desses
ranchos, pelos olivais, aos momentos festivos da
safra e ao jogo de relacionamentos e interdepen-
dências que marcavam com os proprietários e que
envolviam direitos e obrigações como o acesso ao
“rabisco”, as refeições cerimoniais ou outras pres-
tações ainda em alimentos ou serviços. O livro
prossegue pela ordem própria do processo de
fabrico do azeite, acompanhando os sucessivos
elementos técnicos envolvidos: pios, galgas e os
seus processos de accionamento, sistema de pren-
sagem, processos de decantação e utensílios im-
plicados, como seiras e caldeiras.
Segue-se então o “Fabrico de Azeite”, capí-
tulo axial de todo o livro. Nele encontramos
intimamente entrosada a descrição técnica do fun-
cionamento dos mecanismos com a das “técnicas
de corpo” que envolvem, remetendo para as di-
mensões práticas deste fabrico, mas também para
as suas dimensões económicas, políticas, histó-
ricas, ecológicas, comparando diferenças e seme-
lhanças que se estendem de Arcos de Valdevez à
Serra do Caldeirão.
Por fim, depois de se recuperar de um texto
anterior os aspectos centrais do significado socio-
lógico e humano do trabalho dos lagares, no-
meadamente o dos barrosões no Alentejo, e
enquanto se vai referindo os regimes jurídicos da
gestão dos lagares, o capítulo aponta (p. 124) a
importância de um factor como o “gosto” na
explicação da persistência de processos arcaicos de
extracção, sempre muito censurados e nunca com-
pletamente explicáveis pelos constrangimentos
sociais e jurídicos que se impuseram historica-
mente aos lagares.
Adiciona-se ainda um capítulo registando as
memórias de oito pessoas que, em diferentes
posições, trabalharam em lagares do concelho de
Idanha-a-Nova, concluindo-se com uma descrição
dos dois lagares que integram o Centro Cultural
Raiano.
Em epílogo, o texto de Benjamim Pereira re-
toma a reflexão e o sentido interpretativo para que
ao longo de toda a obra a sua etnografia foi
apontando. Mais do que a exacta compreensão das
técnicas, neste livro temos a experiência vivida
delas, questionada tanto quanto a implicação
humana e a sensibilidade poética permitem explo-
rar numa etnografia. Os objectos surgem com
rostos e nomes agarrados a eles, vivem em me-
mórias pessoais e não apenas no anonimato das
taxionomias, e interpelam não só as diversidades
do território por onde se distribuem, mas também
o frágil universo dos valores tácitos em que as
vidas humanas fazem socialmente sentido. Nele é
13. Recensões
225
possível aperceber a longa afinação de um método
de trabalho e de uma maneira de construir os
objectos científicos e o seu enquadramento his-
tórico e sócio-económico, sem prejuízo de um
olhar próprio, a um tempo rigoroso e poético,
atento à profusa variedade dos detalhes, cuidando
da autonomia do registo fotográfico e desenhado,
e apurando uma sensibilidade antropológica que
o leva a visar sempre o sentido humano das
experiências materializadas nos objectos, nas suas
marcas físicas e nas memórias que desfiam.
Esta dimensão, que atravessa todo o texto,
dá um brilho muito particular a este livro e
chama a atenção para as notáveis fotografias e
desenhos que o integram. A tradicional riqueza
gráfica dos trabalhos da equipa do CEE habituou
a tomar os desenhos de Fernando Galhano e as
fotografias de Benjamim Pereira como registos de
exactidão e sentido próprios em relação aos
textos, de que não são simples ilustração apenas.
Aqui, a notável colecção fotográfica e de de-
senhos, agora reunindo outros autores, como
Luís Pavão na fotografia, Manuela Costa e Paulo
Longo no desenho, contribui muito para elucidar
os sistemas mecânicos, e sobretudo para traduzir
essa experiência humana do ambiente denso dos
lagares.
O livro está construído em diálogo perma-
nente entre ambos os registos – o da escrita e o da
imagem –, e só é pena faltar-lhe mapas e um
índice remissivo que ajude a avaliar a dimensão
comparativa e territorial de um trabalho que re-
mete para outros levantamentos cartografados e
para um longo processo de recolhas e observações.
Todavia, se este livro é situável numa se-
quência, a sua ocasião não deve ser tomada nem
como um atraso, nem como um anacronismo. As
técnicas de prensagem (seja para vinho, azeite ou
cera), como notou Charles Parain (Outils, Ethnies
et Developpement Historique, 1979 [1962]: 265), não
mereceram tantas atenções dos investigadores
como o arado ou a charrua, apesar de – ou por
causa de – terem a sua história tão intimamente
ligada a contextos económicos e sociais complexos
(ibidem: 281).
Particularmente no caso das prensas de
azeite, as dificuldades de sistematização geográ-
fica, histórica e agronómica agravam-se. Podendo
encontrar-se-lhe referências recuáveis a Fenícios e
Cartaginenses (p. 13), o azeite marcou a paisagem
portuguesa de forma geral no território só a partir
do séc. XVIII, altura em que transpõe expres-
sivamente limites ecológicos e sócio-económicos
que lhe confinavam a cultura ao Centro e a partes
do Sul. E já hoje relança-se numa imagem de
produto de excelências e de raridades.
O azeite releva de escalas económicas muito
díspares, indo do fabrico manual doméstico, tal
como é atestado para a serra algarvia, até ao
afrontamento entre sectores da indústria agro-
alimentar internacional com reflexos directos,
imediatos quase, na vida de cada produtor in-
dividual.
Foi, até há poucas décadas, um recurso
indispensável à manutenção da vida doméstica,
fosse como alimento, conservante, combustível,
remédio, cosmético, quase moeda, símbolo chave
de representações do sagrado, sem contar com as
utilidades dos seus subprodutos para saboaria,
alimentação de gado ou adubo. Ao mesmo tempo,
foi questão de Estado, alvo de estratégias de
alcance fiscal, factor de atrito entre poderes sociais
e grande mobilizador de migrações internas.
Foi também motivo de desentendimentos e
perplexidade. A sua produção, supondo uma
aplicada sequência de soluções técnicas racio-
nalmente exigentes, surpreendia sempre pelo
absurdo da sua realidade: não haverá produção
chave de sociedade rural que tenha sido tão
espantosamente repreendida nos seus modos e tão
persistentemente relutante à sua respectiva cor-
recção (cf. Maria Carlos Radich, Agronomia no
Portugal Oitocentista, 1996).
A duração do arcaísmo técnico desencadeia
questões clássicas. Que cálculos sustentaram tanto
tempo a manutenção de tantos lagares? A lógica
da pequena agricultura familiar, da pulverização
do minifúndio, da pressão sobre os rendimentos
marginais das casas, não pode deixar de explicar
genericamente a correspondência entre o facto de
“...40% do património olivícola se encontrar sob a
forma de oliveiras dispersas” (Fernando O. Bap-
tista, A Política Agrária do Estado Novo, 1993: 256)
e de ser em regiões mais defendidas na exploração
familiar que se encontram as referências etno-
gráficas mais ricas. É esta multidão de oliveiras,
a que se não dedicam mais do que cuidados
mínimos, custando esforços redobrados na apa-
nha, dando rendimentos incertos e baixos, que
alimentou tantos lagares tradicionais e que pro-
duziu o pequeno azeite para a casa, o qual, sem
vagar para as demoras burocráticas dos benefícios
14. 226
estatais ou cooperativos, era logo vendido ao
preço do primeiro comprador à porta.
Mas não bastará a clássica conexão entre
forças produtivas e relações de produção para
esgotar a compreensão do universo de existência
destes lagares, e menos ainda supostos apegos à
tradição. Algo como os “perfis étnicos especí-
ficos”, de que fala Parain, tornam-se indispen-
sáveis à compreensão da complexidade de factos
que a etnografia regista (Antoine Casanova, in
Parain, Outils, Ethnies et Developpement Historique,
1979: 14). As memórias pessoais que Benjamim
Pereira relata (pp. 128-134) permitem que o leitor
tenha acesso às existências humanas onde os
objectos faziam sentido. Estas, apesar do papel
fundamental que desempenhavam na construção
etnográfica, raramente eram reveladas nos traba-
lhos anteriores do CEE, fosse por um escrúpulo de
exactidão que pudessem embaraçar, fosse como
preço de um distanciamento face ao ruralismo
piegas ou místico da literatura naturalista. Neste
trabalho, o testemunho poético vem ajudar a
concretizar os tais “perfis étnicos específicos” de
Parain.
Não foi assim a “inércia tecnológica ou au-
sência de sentido quantificativo da sociedade
rural” que assegurou o “predomínio [das técnicas
tradicionais de prensagem] sobre as mecânicas até
aos anos 50”, mas sim um “conceito de vida e de
produtividade que tinha as suas lógicas próprias”
(p. 156).
Ora, precisamente, o livro de Benjamim Pe-
reira entrega-nos mais do que a síntese dos
enquadramentos históricos, sociais e económicos,
e mais do que a rigorosa descrição dos sistemas
mecânicos dos lagares. Entrega-nos uma com-
preensão de múltiplos aspectos desse “conceito de
vida e de produtividade” que se “apaga discreta
e inexoravelmente” (p. 153), deixando claramente
apontado o objecto humano que é chave da
compreensão do absurdo residual que parece
sobrar sempre, uma vez feita a inspecção racional
– seja do sistema produtivo que converge nos
lagares toscos e arcaicos, seja das obstinadas pre-
ferências de gosto no azeite, seja da persistência
de efeitos que produz o ambiente, a um tempo
repulsivo e cativante, dos velhos lagares que de-
saparecem. Esse objecto humano que se revela na
tão castigada abjecção dos lagares, como “ver-
dadeiros antros, infectos e imundos” (p. 153) na
sua escuridão; nas exalações escaldantes dos cal-
deiros e enceiramentos; na promiscuidade que
avizinha os animais de tracção ao extracto su-
perlativo que era o azeite; nos corpos suados e
esforçados; na untuosidade e no ranço imiscuídos
em tudo. E também nas expectativas suspensas
sobre a funda da azeitona, a competência do
mestre, as suspeitas e as solidariedades que fa-
ziam desconfiar dos “infernos”, para onde se
escoaria talvez mais do que a água ruça, ao mes-
mo tempo que se procurava na partilha comensal
conquistar equilíbrios onde as posições estraté-
gicas estavam tão diferenciadas. Ainda aquele que
se revela nas funções que as aparentes disfunções
sociais cumpriam em meios restritos onde todos
permaneciam à vista de todos e a fome, fosse a
própria ou a alheia, era sempre um perigo. Assim,
o rabisco da azeitona, a redecantação das águas
ruças, a refunda do bagaço, iam deixando folgas
para algum acesso de todos ao condimento, ao
meio de pagamento de uma renda, à própria luz
de uma candeia em casa.
Em cifra de todo este universo a que o livro
de Benjamim Pereira nos dá acesso, fica a im-
precisável qualidade do sabor de cada azeite, que
opunha às preferências de norma pela “finura” e
baixa acidez as preferências tradicionais por um
azeite saboroso, mesmo que grosso, independen-
temente do seu grau, tal como saía destes lagares.
Aquele que, provado com a ponta do dedo, fe-
chava no seu paladar o círculo de identidades
onde oliveiras, gentes ou lagares encontravam
mundo, sentido e nome próprio.
Pedro Prista
Departamento de Antropologia do ISCTE
Centro de Estudos de Antropologia Social (ISCTE)