3. [...] No espelho, eu me vejo lá
onde não estou, em um
espaço irreal que se abre
virtualmente atrás da
superfície [...] é a partir do
espelho que me descubro
ausente no lugar em que estou
porque eu me vejo lá longe. A
partir desse olhar que de
qualquer forma se dirige para
mim, do fundo desse espaço
virtual que está do outro lado
do espelho, eu retorno a mim
e começo a dirigir meus olhos
para mim mesmo e a me
constituir ali onde estou [...]
FOUCAULT
The False Mirror
René Magritte, 1928
6. Introdução
Objetivos
Estudar os discursos produzidos
por professores do ensino básico
sobre mudança social.
Conhecer as noções de mudança
social que circulam nos discursos
dos professores pesquisados.
Identificar possíveis
entrelaçamentos entre noções de
mudança social e a ideia de ensino
para a cidadania.
10. Ferramentas conceituais
MudançaSocial,CidadaniaeEducação
EVOLUCIONISMO
• Espontâneo
• Autônomo
• Endógeno
• Inevitável
• Direcional
• Alcance da
modernidade
industrial
• Direcional
CIDADÃORACIONAL
• Racional
• Ordeiro
• Autônomo
• Disciplinado
• Masculino
• Diligente
• Trabalhador
• Urbano
• Secular
CURRÍCULOTRADICIONAL
• Pretende-se
científico e
neutro
• Processo
racional de
aculturação
• Tecnicista
• Disciplinador
• Hierárquico
• Formação de
líderes e
operários
11. Ferramentas conceituais
MudançaSocial,CidadaniaeEducação
MATERIALISMODIALÉTICO
• Luta de
classes
• Superação do
capitalismo
• Questão da
participação
popular
• Direcional
CIDADÃOCONSCIENTE
• Desconfia do
pacto de
constituição
do Estado
• Questiona a
ideia de
igualdade
• Aponta a
desigualdade
CURRÍCULOCRÍTICO
• Questiona a
suposta
neutralidade e
cientificidade
do modelo
tradicional
• Defende
mudanças no
ensino para
que as classes
operárias se
emancipem
12. Ferramentas conceituais
MudançaSocial,CidadaniaeEducação:
atravessamentospós-críticosepós-estruturalistas
• Desnaturalizar a ideia de teoria, mudança social,
desenvolvimento, progresso. Retirá-las do campo metafísico;
• Problematizar a figura do indivíduo racional, livre e autônomo;
• Questionar a prescrição da ordem, de padrões de
desenvolvimento;
• Acrescentar novas dimensões à noção de tempo;
• Colocar metanarrativas sob suspeita;
• Pensar a participação popular para além do binômio opressor-
oprimido.
• Deslocar a atuação política do eixo Estado-Cidadão
• Pensar e fazer uma educação menos capturada
13. Itinerários inconstantes: a mudança
social dos andarilhos
... uma forma de existir em que a linha do horizonte não nos
pareça um destino inevitável, imposto a uma vida capturada no
começo-meio-fim das trajetórias lineares, mas uma existência em
que a amplitude do que a vista alcança representa um campo de
virtualidades a serem passeadas com o vagar dos andarilhos que
reinventam seus itinerários e se permitem ser provisórios nos
cenários em que transitam. Uma vida mais desgarrada, porém,
não menos comprometida. Uma existência aberta às contingências
e ciente de que, como nos alertou Caetano Veloso: “tudo é
perigoso, tudo é divino maravilhoso”.
P. 69
14. O que disseram as professoras e
professores?
Interface, cidadania, mudança social e educação
Estado, governo e política
Conjuntura social
Conjuntura educacional
Uma sociedade transformada
15. O que disseram as professoras e
professores?
Interface cidadania, mudança social e educação
• A educação tem o dever de formar cidadãos que
provoquem a mudança social
• O cidadão capaz de promover uma mudança na
sociedade é crítico, percebe as injustiças sociais, segue
regras, conhece os limites entre o certo e o errado, busca
vencer mediante esforço, reivindica seus direitos,
aproveita oportunidades, conhece a política
16. O que disseram as professoras e
professores?
Estado, governo e política
• O Estado representa o poder de mudança e se mantém
insensível aos anseios da população
• O Estado não cumpre com suas funções, por isso a
desordem social, as injustiças e a sensação de retrocesso
• A classe política não está verdadeiramente voltada aos
interesses sociais e, assim, obstrui a mudança social
17. O que disseram as professoras e
professores?
Conjuntura social
• Sensação de caos, retrocesso
• Individualismo, competição extremada
• Apatia e acomodação
• Estado de Natureza
18. O que disseram as professoras e
professores?
Conjuntura educacional
• Educadores não conseguem promover a educação para a
cidadania
• Educadores não são consultados pela academia ou pelo
governo em relação às políticas públicas de educação
• Entendem haver uma escola para a elite (rede privada) e
outra para as classes pobres (rede pública)
• Não percebem conexão entre as teorias pedagógicas e as
demandas do cotidiano escolar
• Sentimento de frustração e desencanto
19. O que disseram as professoras e
professores?
Uma sociedade transformada
• Respeito
• Solidariedade
• Bem-estar coletivo
• Acesso aos direitos sociais previstos
20. O que disseram as professoras e
professores?
[...] às vezes, a gente
tenta procurar uma
saída ou um caminho,
chega lá na frente, a
gente acha o caminho,
mas volta para trás,
porque a gente encontra
várias barreiras [...] a
gente fica parado, meio
que no escuro. Não tem
como a gente colocar
uma perspectiva para o
aluno em relação a isso
[...]
21. O que disseram as professoras e
professores?
Ambivalência
Medo
Decepção
Incerteza
Esperança
The Dominion of light
René Magritte, 1954
22. Que existências são possíveis no
labirinto?
• Horizontalidade nas
relações
• Ressignificação das
formas de agir e
pensar
• Micropolítica
• Estar atento às brechas
• Cuidado de Si e do
outro
• Práticas de liberdade
• Ousar destoar e criar
espaços heterotópicos The Blank Check
René Magritte, 1965