1) O documento discute as evidências e recomendações para o manejo de gestantes infectadas pela Covid-19, incluindo transmissão, prevenção, isolamento, vacinação, diagnóstico, sintomas e desfechos.
2) A Covid-19 pode ser transmitida de pessoa para pessoa e é mais comum através de contato próximo. A transmissão vertical é rara.
3) Gestantes com Covid-19 têm maior risco de doença grave, parto prematuro e cesárea.
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COVID-19: INFECÇÃO PELO CORONAVÍRUS NA GESTAÇÃO
Transmissão
• A maioria dos casos de Covid-19 são transmitidos de pessoa para pessoa.
• O vírus pode ser facilmente isolado de gotículas ou secreções respiratórias, fezes e
fômites (objetos).
• A transmissão do vírus é conhecida por ocorrer mais frequentemente através do contato
próximo com uma pessoa infectada ou de superfícies contaminadas.
Transmissão Vertical - As evidências disponíveis mostram que a transmissão vertical existe,
mas é pouco frequente, e não é afetada pela via de parto, clampeamento tardio do cordão
umbilical ou contato pele a pele, amamentação ou alojamento conjunto – desde que as
medidas de precaução sejam mantidas.
RCOG & The Royal College of Midwives, (versão 13) 2021.
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COVID-19: INFECÇÃO PELO CORONAVÍRUS NA GESTAÇÃO
Prevenção
• Até este momento, a prevenção da covid-19 ainda se baseia em isolamento de casos e contatos,
distanciamento social, uso de máscaras e práticas de higiene, incluindo etiqueta respiratória e
lavagem correta das mãos com água e sabão. Essa orientação deve ser mantida e reforçada para
gestantes e puérperas.
• Em caso de sintomas gripais e/ou respiratórios, recomenda-se o isolamento tanto para a pessoa
sintomática quanto para aqueles que residem no mesmo endereço, ainda que estejam
assintomáticos.
Não há terapia medicamentosa com comprovado efeito de prevenção de
infecção pelo SARS-COV-2.
A vacinação de toda a população é fundamental!
RCOG & The Royal College of Midwives, (versão 13) 2021.
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Isolamento
Em janeiro de 2022, o Ministério da Saúde alterou a recomendação sobre o tempo de
isolamento para casos positivos de COVID-19 para a seguinte:
• Tempo de isolamento ideal: 10 dias (D10) – sendo o D0 o primeiro dia de sintomas ou do
teste positivo, caso esteja assintomática
• Terminar o isolamento com 5 dias (D5) se: não apresentar sintomas (respiratórios/febre,
sem uso de antitérmicos há pelo menos 24 horas) + novo teste de antígeno ou PCR
negativo;
• Terminar o isolamento com 7 dias (D7) se: não apresentar sintomas (respiratórios/febre,
sem uso de antitérmicos há pelo menos 24 horas) - sem necessidade de novo teste; OU
apresentar sintomas, mas tiver novo teste de antígeno ou PCR negativo;
• É recomendado que se continue a usar máscara N95 ou PFF2, evitar contato com grupos
de risco e aglomerações se sair do isolamento antes de 10 dias.
Ministério da Saúde, 2022.
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Vacinação
Um grande estudo de farmacovigilância utilizando os dados do Center of Disease Control
(CDC) avaliou mais de 35.000 gestantes vacinadas com a vacina da Pfizer de RNAm nos EUA
e não encontrou frequência de efeitos adversos, perda fetal e complicações gestacionais
diferentes da encontrada na população obstétrica geral.
Em estudos animais, as vacinas não mostraram efeitos teratogênicos. As vacinas cuja
plataforma utilizam vírus inativados, como a Coronavac®, são utilizadas em gestantes há
longo tempo e apontam adequado perfil de segurança e eficácia, a exemplo da vacina para
H1N1.
Shimabukuro et al., 2021; Ministério da Saúde, 2021.
A vacinação de gestantes e puérperas é a medida mais efetiva para prevenir
casos graves da doença nesses grupos de risco. É dever ético do profissional
de saúde orientar as mulheres sobre sua eficácia e segurança.
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COVID-19: INFECÇÃO PELO CORONAVÍRUS NA GESTAÇÃO
Vacinação
O Ministério da Saúde recomenda a vacinação de gestantes com as vacinas disponíveis que
não utilizem vetor viral (Pfizer ou Coronavac), com prioridade para a Pfizer sempre que
possível, incluindo suas doses de reforço.
Ministério da Saúde, 2021; Ministério da Saúde, 2022.
• A vacina contra covid-19 poderá́ ser aplicada em qualquer trimestre da
gravidez, devendo ser evitada na presença de quadro clinico de síndrome
gripal.
• Recomenda-se um intervalo de duas semanas entre as vacinas habitualmente
usadas na gestação (DTPA e influenza) e a de covid-19.
• Mulheres que tiveram Covid-19 também devem tomar a vacina, respeitado o
intervalo de 4 semanas do inicio da doença.
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Diagnóstico
• O diagnóstico de COVID-19 pode ser feito com base nos sintomas, na exposição
conhecida e deve ser confirmado por meio de um dos testes positivo para SARS-CoV-2,
mesmo na ausência de quaisquer sintomas.
• O swab nasofaríngeo RT-PCR é o teste padrão ouro para detecção do SARS-COV2, porém,
ele não está sempre disponível e seu resultado pode ser demorado. Portanto, o uso do
teste rápido (PCR ou teste de antígeno) é uma estratégia eficiente para monitoramento
epidemiológico e quebra da cadeia de transmissão. Ambos devem ser realizados na fase
aguda da doença (D3 ao D7 para PCR e D1 ao D7 para teste do antígeno).
Nota Técnica N.º 14/2021 - SES/SAIS/CAT-COVID19
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• Mais de dois terços das mulheres grávidas com COVID-19 são assintomáticas: dois
estudos apontam 74% e 86% de mulheres grávidas positivas para Covid-19
assintomáticas.
• A maioria das mulheres sintomáticas apresenta apenas sintomas leves ou moderados de
resfriado / gripe.
Sintomas de Covid-19 em Gestantes
No momento, não está claro se a gravidez terá impacto na proporção de mulheres que
desenvolvem sinais e sintomas prolongados após uma infecção aguda por Covid-19.
RCOG & The Royal College of Midwives, (versão 13) 2021.
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COVID-19: INFECÇÃO PELO CORONAVÍRUS NA GESTAÇÃO
Os sintomas mais comuns de COVID-19 em mulheres grávidas foram:
• Tosse: 41%
• Febre: 40%
Os sintomas menos frequentes foram:
• Dispneia: 21%
• Mialgia: 19%
• Perda de paladar: 14%
• Diarreia: 8%
Com o aparecimento de novas variantes, é esperado que as manifestações clínicas da
COVID-19 sejam alteradas, como já tem acontecido.
Sintomas de Covid-19 em Mulheres Grávidas
Mulheres grávidas com Covid-19 são menos
propensas a terem febre ou mialgia do que
mulheres não grávidas da mesma idade.
RCOG & The Royal College of Midwives, (versão 13) 2021.
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COVID-19: INFECÇÃO PELO CORONAVÍRUS NA GESTAÇÃO
• Não estava claro no início da pandemia se a gravidez em si era um fator de risco para
casos graves de Covid-19; atualmente existem evidências crescentes de que as
mulheres grávidas podem ter risco aumentado de doença grave por Covid-19 em
comparação com mulheres não grávidas, particularmente no terceiro trimestre.
• O sinal mais consistente de gravidade aumentada nesse público é o aumento nas
admissões de UTI para mulheres grávidas.
Gravidade da Covid-19 em Mulheres Grávidas e Não Grávidas
RCOG & The Royal College of Midwives, (versão 13) 2021.
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COVID-19: INFECÇÃO PELO CORONAVÍRUS NA GESTAÇÃO
• Gestantes sintomáticas têm mais risco de doença severa e morte quando comparadas a
não gestantes.
• Os principais fatores de risco na gestação são idade maior que 35 anos, obesidade e
doenças pré-existentes, particularmente a hipertensão e o diabetes.
• Os principais desfechos maternos adversos são: hipertensão gestacional, eclampsia ou
pré-eclâmpsia, uso de antibioticoterapia e admissão em UTI, o que aumenta
consideravelmente o risco de óbito nessas mulheres.
• É maior a probabilidade de anestesia geral com intubação orotraqueal, seja pelo
comprometimento respiratório materno, seja pela indicação de parto de emergência.
• A literatura também sugere maior risco de eventos tromboembólicos nas gestantes e
puérperas.
Desfechos Maternos da Covid-19
KARIMI et al., 2021.
HEALY, 2021.
KNIGHT et al., 2020.
Ministério da Saúde, 2021.
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COVID-19: INFECÇÃO PELO CORONAVÍRUS NA GESTAÇÃO
COVID-19 e Mortalidade Materna
Razão de Morte Materna (RMM) preliminar de 2021
aponta 107.53 óbitos por 100 mil nascidos vivos!
https://observatorioobstetricobr.org/publicacoes/oobr-apresenta-dados-de-mortalidade-gestantes-e-puerperas-no-brasil/
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COVID-19: INFECÇÃO PELO CORONAVÍRUS NA GESTAÇÃO
Estudos brasileiros mostram que a pandemia da COVID-19 exacerbou aspectos deficientes na rede
de atenção à saúde materno-infantil. Dentre as mortes maternas, encontrou-se que:
• 15% das mulheres não tinham recebido qualquer tipo de assistência ventilatória;
• 28% não tiveram acesso a leito de unidade de terapia intensiva (UTI) e
• 36% não foram intubadas nem receberam ventilação mecânica.
Também merece menção o impacto desproporcional do racismo estrutural nas mortes maternas por
COVID-19. Estudo encontrou que mulheres negras foram hospitalizadas em condições de pior
gravidade, como maior prevalência de dispneia e menor saturação de oxigênio, além de maior taxa
de admissão na unidade de terapia intensiva (UTI) e de ventilação mecânica assistida, observando-se
ainda um risco de morte quase duas vezes maior em mulheres negras comparadas às brancas.
Morte Materna e a Covid-19
Souza, 2021.
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COVID-19: INFECÇÃO PELO CORONAVÍRUS NA GESTAÇÃO
• Risco de parto prematuro: 17%, sendo que 94% destes nascimentos foram iatrogênicos;
• 27% das gestantes com Covid-19 tiveram partos prematuros, sendo que 47% foram iatrogênicos
por comprometimento materno e 15% foram iatrogênicos por comprometimento fetal;
• O parto prematuro é mais provável para mulheres com Covid-19;
• Para mulheres com Covid-19 sintomaticas, 78% dos nascimentos prematuros foram iatrogênicos.
Efeitos da Covid-19 na Gravidez
Gestantes com Covid-19 sintomáticas tem risco duas a três vezes maior de
nascimento prematuro, principalmente de nascimento prematuro iatrogênico.
Algumas evidências:
PregCOV-19 Living Systematic Review
UKOSS, 2017
UKOSS Updated, 2021
RCOG & The Royal College of Midwives, (versão 13) 2021.
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• 59% das mulheres tiveram cesarianas, sendo que metade destas foram por
comprometimento materno ou fetal. O restante foi por motivos obstétricos (ex:
progresso do trabalho de parto, cesárea anterior) ou solicitação materna.
• Das mulheres com cesariana, 20% necessitaram de anestesia geral e, destas, dois terços
foram intubadas por comprometimento respiratório materno, e o outro terço para
viabilizar a urgência no nascimento.
Efeitos da Covid-19 na Gravidez
A Covid-19 está associada a um aumento da taxa de cesarianas,
embora a indicação de via de parto seja obstétrica
RCOG & The Royal College of Midwives, (versão 13) 2021.
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COVID-19: INFECÇÃO PELO CORONAVÍRUS NA GESTAÇÃO
Além dos nascimentos prematuros, a literatura aponta para resultados fetais/neonatais adversos
graves (RCIU, morte fetal/neonatal, sintomas graves ao nascer). Os mecanismos potenciais incluem
alterações placentárias e doenças respiratórias maternas graves, que podem levar à insuficiência
placentária, oligoâmnio, RCIU e sofrimento/morte fetal (LAMBELET et al., 2020).
Com o conhecimento adquirido até o momento, os critérios de vigilância fetal devem ser realizados
no sentido de verificar o crescimento fetal, o oligoâmnio e a insuficiência placentária, após a
detecção e cura de covid-19 em gestantes. Nos casos graves, a preocupação com a vitalidade fetal
acompanha o quadro materno.
Efeitos fetais da Covid-19
Mulheres que tiveram COVID-19 na gravidez, ainda que leve, devem receber vigilância do bem-estar
e crescimento fetal com maior frequência, por meio de realização de US obstétrico mensal (quando
disponível) e da medida seriada do fundo uterino; somente se indicará maior número de exames se
for identificada alguma alteração.
Ministério da Saúde, 2021; Lambelet et al., 2020.
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COVID-19: INFECÇÃO PELO CORONAVÍRUS NA GESTAÇÃO
Nos casos de internação hospitalar pela gravidade do quadro materno, o estudo da vitalidade fetal
deverá ser diário, lançando mão de ultrassonografia para avaliação de perfil biofísico fetal,
cardiotocografia e dopplervelocimetria em caso de doença materna que curse com insuficiência
placentária.
Deve-se estar atento aos efeitos dos sedativos e dos bloqueadores neuromusculares na
cardiotocografia e no perfil biofísico fetal, que devem ser interpretados com cuidado.
Outro ponto relevante é a avaliação do volume de líquido amniótico. Apesar de o balanço hídrico
negativo estar associado à redução do tempo de ventilação mecânica em pacientes com insuficiência
respiratória aguda, não covid-19, sugere-se manter o balanço hídrico zerado dessas pacientes graves
e, se for necessário o uso de diuréticos, monitorizar o Índice de Líquido Amniótico (ILA).
Efeitos fetais da Covid-19
RCOG & The Royal College of Midwives, (versão 13) 2021.
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COVID-19: INFECÇÃO PELO CORONAVÍRUS NA GESTAÇÃO
• As mulheres devem ser aconselhadas a continuar seu cuidado pré-natal de rotina,
podendo ser alterado em casos suspeitos ou confirmados de Covid-19.
• Modificações nos serviços são necessárias para permitir medidas de distanciamento
social, para reduzir o risco de transmissão entre mulheres, funcionários e outros
visitantes da Unidade.
• O cronograma de atendimento pré-natal deve ser oferecido na íntegra sempre que
possível. Idealmente e onde for seguro, essas consultas devem ser feitas pessoalmente,
principalmente para mulheres que vivem com condições médicas, sociais ou psicológicas
que as colocam em maior risco de complicações ou resultados adversos durante a
gravidez.
Cuidado Pré-Natal durante a pandemia por Covid-19
RCOG & The Royal College of Midwives, (versão 13) 2021.
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COVID-19: INFECÇÃO PELO CORONAVÍRUS NA GESTAÇÃO
• A equipe deve estar ciente de que, para algumas mulheres com dificuldade de audição ou
comunicação, o uso de máscara pode impedir a leitura labial.
• Deve-se planejar estratégias locais para garantir que as mulheres sejam capazes de
receber esse acompanhamento, mesmo onde o pré-natal é realizado virtualmente.
• Quando consultas presenciais são necessárias deve-se organizar também a realização de
exames (ex: exames de sangue ou ultrassom), a fim de limitar a frequência de ida à clínica.
• Fazer triagem de sintomas respiratórios prévia à consulta, tanto da gestante quanto de
seus contactantes.
Cuidado Pré-Natal durante a pandemia por Covid-19
RCOG & The Royal College of Midwives, (versão 13) 2021.
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Avaliar presença e gravidade dos sintomas gripais para definição do seguimento:
Sintomas leves:
• Orientação de isolamento domiciliar. Se inicio dos sintomas há menos de 48 horas:
dispensação/prescrição de oseltamivir 75mg 12/12h por 5 dias.
• Orientar sobre contato telefônico a cada 24 horas para acompanhamento da evolução da doença
e informar o resultado do exame RT-qPCR colhido.
• Enfatizar atenção no período entre o 7º e o 14º dia do inicio dos sintomas (mais frequente a piora
do quadro clinico).
• Se pesquisa positiva para o SARS-CoV-2: informar a gestante e seus familiares sobre a necessidade
de isolamento por até 10 dias do inicio do quadro clinico.
• Orientar, quando houver piora clinica, que a gestante deverá procurar a unidade hospitalar para
avaliação e possível internação.
Cuidado Pré-Natal durante a pandemia por Covid-19
Ministério da Saúde, 2021.
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COVID-19: INFECÇÃO PELO CORONAVÍRUS NA GESTAÇÃO
• Tranquilizar a gestante e seu acompanhante, fornecer orientações claras, com linguagem acessível
(pode ser importante para algumas mulheres ter as orientações também por escrito);
• Orientar repouso e hidratação abundantes; manter alimentação nutritiva, dentro das possibilidades;
• Manter vias aéreas limpas com lavagem nasal com soro fisiológico 0,9% (fornecer seringa);
• Orientar antitérmicos em caso de febre (T oral >37,8.C);
• É comum que as famílias utilizem fitoterápicos e/ou ervas medicinais para tratamento dos sintomas
gripais; é importante validar os saberes populares/cuidados familiares, desde que sejam de uso
seguro na gestação. Apesar da escassez de estudos, há segurança para uso de algumas plantas, como
o alho, gengibre, dente de leão, calêndula, echinacea.
• Orientar quais são os sinais de gravidade (cansaço, taquipneia/dispnéia, piora da condição clínica,
redução da movimentação fetal, saturação de oxigênio menor que 95%, caso tenha um oxímetro) e
qual serviço procurar caso apareçam.
Manejo dos casos de COVID-19 em Gestantes no Pré-Natal
SOF Núcleo de Telessaúde Santa Catarina, 2015
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Estágio
Quadro
Clínico
Exames
Laboratoriais
Manejo
Gestante/puérpera
assintomática, com
RT-PCR ou teste de
antígeno positivo
para SARS-COV-2
Assintomática
Frequência
respiratória
>24ipm
Não solicitar
exames
laboratoriais
Orientações: isolamento,
teleatendimento (atenção para
sinais de agravamento do quadro
após o 7º dia de evolução).
Ministério da Saúde, 2021.
Manejo dos casos de COVID-19 em Gestantes
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COVID-19: INFECÇÃO PELO CORONAVÍRUS NA GESTAÇÃO
Estágio
Quadro
Clínico
Exames
Laboratoriais
Manejo
Gestante/
puérpera
classificada
como
doença
LEVE
Anosmia
Ageusia,
coriza, febre,
mialgia, tosse,
fadiga,
cefaleia,
diarreia, dor
abdominal.
DISPNEIA
AUSENTE
Colher RT-PCR Sars-
CoV-2 em
nasofaringe.
Não solicitar outros
exames
laboratoriais.
Caso haja indicação
clinica: Hemograma,
creatinina e ureia,
sódio e potássio,
TGO e TGP, LDH,
PCR.
Gestante de baixo risco obstétrico-neonatal: isolamento +
medidas de suporte (repouso, hidratação, analgésicos,
antitérmicos) + orientações escritas sobre sinais de
gravidade, quando e onde procurar o serviço de saúde +
monitorização da evolução dos sintomas pela equipe de
saúde (de 2 a 3 vezes/semana e diariamente do D7 ao D14)
Gestante de alto risco obstétrico-neonatal: avaliar a
possibilidade de acompanhamento da evolução clinica e o
acesso rápido ao sistema de saúde em caso de piora. Caso
não seja possível, recomenda-se internação hospitalar.
OBS: Oseltamivir: síndrome gripal com inicio há menos 48h
Ministério da Saúde, 2021.
Manejo dos casos de COVID-19 em Gestantes
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COVID-19: INFECÇÃO PELO CORONAVÍRUS NA GESTAÇÃO
Estágio Quadro Clínico Exames Laboratoriais Manejo
Gestante/
puérpera
classificada
como doença
MODERADA
Tosse + febre persistente
diária ou
Tosse persistente +
piora progressiva de outro
sintoma relacionado à covid-
19 (adinamia, prostração,
hipotermia, diarreia) ou
pelo menos um dos sintomas
acima + presença de fator de
risco Saturação O2 <95%,
Frequência respiratória >24
rpm.
Colher RT-qPCR Sars CoV-2
em nasofaringe, hemograma,
creatinina, ureia, sódio e
potássio; TGO e TGP; LDH;
PCR; TP e TTPa;
D Dímero; Ferritina;
Gasometria arterial se
necessário + RX toráx*: sinal
radiográfico de pneumonia
(ou tomografia
computadorizada de tórax)
INTERNAÇÃO
• Oxigenioterapia
• Medicações
• Antibióticos: se sinal de
infecção bacteriana
• Heparina
• Corticoterapia
OBS.: Oseltamivir se
síndrome gripal com inicio
há menos de 48 horas.
Manejo dos casos de COVID-19 em Gestantes
Ministério da Saúde, 2021.
*Providenciar proteção de chumbo para proteção do abdômen.
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COVID-19: INFECÇÃO PELO CORONAVÍRUS NA GESTAÇÃO
Estágio Quadro Clínico Exames Laboratoriais Manejo
Gestante/ puérpera
classificada como
doença GRAVE -
estado de
“hiperinflamação”
Síndrome respiratória
aguda grave (SRAG):
Dispneia/desconforto
respiratório
OU
Pressão persistente no
tórax
OU
Saturação O2< 95% em ar
ambiente, Frequência
respiratória >30 irpm
PaO2/FiO2< 300
Colher RT- qPCR Sars CoV-2 em
nasofaringe, hemograma,
creatinina e ureia, sódio e
potássio, TGO e TGP, LDH, PCR, TP
e TTPa, D dímeros, ferritina,
gasometria arterial + Tomografia
computadorizada de tórax ou RX
de tórax (acometimento pulmonar
> 50%)*
NTERNAÇÃO EM UTI:
• Oxigenioterapi
• Medicações
• Antibióticos
• Heparina
• Corticoterapia
Ministério da Saúde, 2021.
*Providenciar proteção de chumbo para proteção do abdômen.
Manejo dos casos de COVID-19 em Gestantes
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COVID-19: INFECÇÃO PELO CORONAVÍRUS NA GESTAÇÃO
Prevenção do Tromboembolismo Venoso
• As gestantes devem ser orientadas a se manterem hidratadas e ativas.
• Devem ter uma avaliação de risco para tromboembolismo venoso (TEV) durante a gravidez. A infecção por
Covid-19 deve ser considerada um fator de risco para TEV.
• Heparina de baixo peso molecular (HBPM) deve ser realizada somente em casos de internação por COVID-19,
não sendo recomendada seu uso profilático nos casos leves da doença.
• Para mulheres com complicações graves por Covid-19, a dosagem apropriada regime de HBPM deve ser
discutida com uma equipe multidisciplinar.
• Todas as mulheres grávidas com Covid-19 hospitalizadas devem receber tromboprofilaxia por 10 dias após a
alta hospitalar. Uma maior duração deve ser considerada para mulheres com morbidade persistente.
• Mulheres admitidas com Covid-19, confirmado ou suspeito, dentro de 6 semanas pós-parto, devem receber
tromboprofilaxia durante o período de internação e por pelo menos 10 dias após a alta. Deve-se levar em
consideração estender isso até 6 semanas após o parto para mulheres com maior morbidade.
Recomendações
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COVID-19: INFECÇÃO PELO CORONAVÍRUS NA GESTAÇÃO
Se a gestante ou puérpera foi internada, na alta hospitalar deve-se agendar consulta de pré-natal no
intervalo entre 10 e 14 dias. Durante esse ínterim, é recomendado monitorar a gestante a cada 24h
por ligação telefônica ou outro meio de comunicação eletrônico.
O controle da vitalidade após 24 semanas pode ser realizado por meio do mobilograma, em que a
gestante deve sentir seis movimentos fetais em uma hora. Em razão do risco aumentado de
restrição de crescimento fetal nas pacientes que foram infectadas, orienta-se controle
ultrassonográfico a cada quatro semanas após 24 semanas.
Após o desaparecimento dos sintomas, a periodicidade das consultas deve voltar à rotina, devendo a
gestante ser orientada a continuar com as medidas de distanciamento social, higiene e uso de
máscaras. Durante as consultas, deve-se dar atenção aos aspectos emocionais que advém da doença,
como estresse pós-traumático e ansiedade, em relação às complicações para si própria e a seu bebê.
Cuidado Pré-Natal após internação por Covid-19
Ministério da Saúde, 2021.
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COVID-19: INFECÇÃO PELO CORONAVÍRUS NA GESTAÇÃO
Ministério da Saúde, 2021.
Notificação Compulsória
Todos os casos suspeitos de síndrome gripal (SG) ou síndrome respiratória aguda
grave (SRAG) devem ser notificados. A notificação deve ser feita nas unidades
publicas (atenção primaria e pronto atendimento das maternidades) e unidades
privadas (clinicas, consultórios etc.), por meio do sistema e-SUS-Notifica -
https://notifica.saude.gov.br - nas unidades de Vigilância Epidemiológica (VE) ou
órgão correspondente (municípios que não tem VE).
31. portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br
COVID-19: INFECÇÃO PELO CORONAVÍRUS NA GESTAÇÃO
Referências
• Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Manual de recomendações para a assistência à gestante
e puérpera frente à pandemia de Covid-19 [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primária à Saúde, Departamento de Ações Programáticas e
Estratégicas. 2. ed. Brasília : Ministério da Saúde, 2021.
• Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de vigilância epidemiológica : emergência de saúde pública de importância nacional pela doença pelo
coronavírus 2019 – covid-19 / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2021.
• Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete. Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à COVID-19. Nota informativa Nº 22/2022-SECOVID/GAB/SECOVID/MS. Mai., 2022.
• KNIGHT, M. et al. Characteristics and outcomes of pregnant women admitted to hospital with confirmed SARS-CoV-2 infection in UK: National population based cohort study. BMJ,
[s. l.], v. 369, p. m2017, 2020.
• KARIMI, L. et al. Effect of Covid-19 on Mortality of Pregnant and Postpartum Women: A Systematic Review and Meta-Analysis. Journal of Pregnancy, Cairo, v. 2021, p. 8870129,
Mar. 2021.
• HEALY, C. M. Covid-19 in Pregnant Women and Their Newborn Infants. JAMA Pediatrics, Chicago, v. 175, n. 8, p. 781-783, Apr. 2021.
• Souza, ASR; Amorim, MMR. Mortalidade Materna pela COVID-19 no Brasil. Rev. Bras. Saude Mater. Infant. 21 (Suppl1).Fev 2021. https://doi.org/10.1590/1806-
9304202100S100014
• LAMBELET, V. et al. SARS-CoV-2 in the context of past coronaviruses epidemics: Consideration for prenatal care. Prenatal Diagnosis, England, v. 40, n. 13, p. 1641-1654, Dec. 2020.
• Royal College of Obstetricians and Gynaecologists. Coronavirus (COVID-19) infection and pregnancy. Information for healthcare professionals. Version 13: Published Friday 19
February 2021
• PregCOV-19 - Living Systematic Review - Allotey J, Stallings E, Bonet M, et al. Clinical manifestations, risk factors, and maternal and perinatal outcomes of coronavirus disease 2019
in pregnancy: living systematic review and meta-analysis. BMJ 2020;370:m3320.
• UKOSS - Knight M, Bunch K, Vousden N, et al. Characteristics and outcomes of pregnant women admitted to hospital with confirmed SARS-CoV-2 infection in UK: national
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• UKOSS Updated - Vousden N, Bunch K, Morris E, et al. The incidence, characteristics and outcomes of pregnant women hospitalized with symptomatic and asymptomatic SARS-
CoV-2 infection in the UK from March to September 2020: a national cohort study using the UK Obstetric Surveillance System (UKOSS). MedRxiv preprint doi:
https://doi.org/10.1101/2021.01.04.21249195; this version posted January 5, 2021]
32. portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br
Material de 25 de julho de 2022
Disponível em: portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br
Eixo: Atenção às Mulheres
Aprofunde seus conhecimentos acessando artigos disponíveis na biblioteca do Portal.
ATENÇÃO ÀS
MULHERES
COVID-19:
INFECÇÃO PELO CORONAVÍRUS NA GESTAÇÃO