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ENTREVISTA / DIVALDO LYRA JÚNIOR




COMUNICAÇÃO
                                                                                                                   Tese de doutorado
                                                                                                                 contém método que
                                                                                                                    busca valorizar a
                                                                                                                  conscientização e a
PACIENTE/FARMACÊUTICO:                                                                                           autonomia do idoso
                                                                                                                 como agente de sua
um instrumento libertário e essencial no trabalho                                                                      própria saúde
    do profissional e na promoção da saúde
                                                            Pelo jornalista Aloísio Brandão,
                                                                         Editor desta revista



        O farmacêutico Divaldo Lyra Júnior não deixaria a sua Recife, à qual é apegadíssimo, não
fosse para buscar conhecimentos na área que elegeu como a sua paixão profissional: a atenção
farmacêutica. Foi parar em Ribeirão Preto (SP) em cujo campus da USP (Universidade de São Paulo)
acaba de fazer o seu doutorado em comunicação entre o farmacêutico / paciente. A sua tese é um
poço de argumentações teóricas e práticas profundas, complexas, modernas e instigantes. Divaldo
passou um longo tempo, aplicando o método de comunicação que desenvolveu para a sua tese, ao
qual adaptou o Método Paulo Freire de educação, nas intervenções que realizou junto aos pacien-
tes idosos atendidos no SUS (Sistema Único de Saúde). O educador Paulo Freire elaborou um
método de alfabetização libertário, humanístico e conectado à realidade do educando. Paulo
Freire teria algo a colaborar com a atenção farmacêutica? Lyra Júnior prova que sim. O
método que o farmacêutico desenvolveu busca valorizar a conscientização e a
autonomia do idoso como agente de sua própria saúde. Nada mais alinhado ao
pensamento do educador. Os resultados dos estudos de Lyra Júnior foram sur-
preendentes e lhe deram a convicção de que a comunicação é um instrumento
essencial no trabalho do farmacêutico e na promoção da saúde. O doutor Dival-
do, entretanto, lamenta o fato de os farmacêuticos, a exemplo de outros profissi-
onais da saúde, serem formados sem os conhecimentos humanísticos necessári-
os ao desenvolvimento das habilidades de comunicação. Mas vê uma movimen-
tação política muito grande, de oito anos para cá, sacudindo o ambiente farma-
cêutico, com vistas a tirá-lo do limbo em que se encontrava e a pôr no centro da
cena o que Divaldo aposta ser, não muito longe, a força da profissão, no Brasil: a
atenção farmacêutica. Veja a entrevista.                                            Farmacêutico Divaldo Lyra Júnior




      PHARMACIA BRASILEIRA - O                atendidos no SUS (Sistema Único de                agente de sua própria saúde. É, aí, que
que o senhor deduziu com os seus es-          Saúde).                                           Paulo Freire entra, dando uma grande
tudos sobre comunicação entre pro-                  PHARMACIA BRASILEIRA - O                    contribuição, pois o seu método bus-
fissional de saúde / paciente?                método de educação de Paulo Freire é              ca uma maior independência do edu-
      Divaldo Lyra Júnior - O que deu         algo libertário, humanístico e centrado           cando, no caso o paciente idoso.
para notar é que a comunicação é um           na realidade do aprendiz. O que o se-                   Há uma condição essencial para
instrumento essencial no trabalho do          nhor conseguiu extrair desse método               a boa comunicação do farmacêutico,
farmacêutico e na promoção da saúde.          para aplicar na comunicação farmacêu-             que é a sua escuta ativa, que o permite
O tipo de método que utilizei de comu-        tico / paciente?                                  entender a realidade do paciente. A
nicação e educação ao paciente foi                  Divaldo Lyra Júnior – O que di-             partir daí, o farmacêutico identifica os
muito positivo em relação à maioria dos       ferencia o modelo de intervenção far-             pontos chave ou os problemas que
trabalhos que encontrei na literatura         macêutica que utilizei junto a pacien-            mais preocupam o paciente. Em segui-
do gênero. Nos meus estudos, eu adap-         tes do SUS do tradicional foi o tipo de           da, se faz uma análise da situação, com
tei o Método Paulo Freire nas inter-          orientação, a qual buscava a consci-              a fundamentação teórica dos proble-
venções junto aos pacientes idosos            entização e a autonomia do idoso como             mas identificados.

6                        Pharmacia Brasileira - Janeiro/Fevereiro 2005
“A comunicação é
um instrumento                                       ENTREVISTA / DIVALDO LYRA JÚNIOR
essencial no
                               Então, o farma-      senhor acha, então, que não há ne-            habilidades necessários à comunica-
trabalho do                  cêutico vai elabo-     nhum método de comunicação farma-             ção com o paciente.
farmacêutico e na            rar hipóteses de       cêutico/paciente formulado, organiza-              PHARMACIA BRASILEIRA - O
promoção da saúde.           solução dos pro-       do, no Brasil?                                senhor está deixando claro que existe
Nos meus estudos             blemas, mas com              Divaldo Lyra Júnior - Não, não          um gargalo de dificuldades, uma lacu-
                             um plano de cui-       existe. O que se faz, no País, é pura-        na, no ensino farmacêutico, exatamente
(para o doutorado,           dados. A partir        mente instintivo e comparável ao que          na comunicação farmacêutico/paciente,
na USP), eu adaptei          deste plano, ele       os boticários faziam, antigamente.            a qual considera uma ferramenta impres-
o método de Paulo            vai aplicá-las à re-         PHARMACIA BRASILEIRA -                  cindível para a efetividade do tratamen-
                             alidade do pacien-     Então, os farmacêuticos vão para a            to. Por que isso está acontecendo?
Freire nas                   te, por meio das       “batalha” diária do balcão, sem as ar-             Divaldo Lyra Júnior - Acredito
intervenções junto           intervenções far-      mas da comunicação?                           que há necessidade de investimento
aos pacientes idosos         macêuticas. Neste            Divaldo Lyra Júnior - Exatamen-         maciço na formação de professores
                             contexto, o diálo-     te. O modelo tecnicista utilizado para a      qualificados para esta área. O investi-
atendidos no SUS”.           go vai facilitar o     formação dos profissionais os afasta          mento deveria vir das universidades,
                             estabelecimento        da realidade. O conhecimento é funda-         das entidades farmacêuticas e dos Mi-
                             das relações entre     mentado unicamente na Farmacologia            nistérios da Saúde e da Educação. Os
        paciente e farmacêutico, num proces-        ou em outros conhecimentos afins. Os          Ministérios deveriam oferecer bolsas
        so simétrico de troca de informações.       profissionais que não têm formação
        Ou seja, nesse processo, o conheci-         clínico- humanística são jogados à pura
        mento científico do farmacêutico não        sorte. O conjunto de todos esses co-
        é mais importante que o conhecimento        nhecimentos é que constituirão o far-
        empírico adquirido pela vivência do         macêutico do futuro.
        paciente. Eles são complementares.                PHARMACIA BRASILEIRA -
              PHARMACIA BRASILEIRA -                Mas as Diretrizes Curriculares, apro-
        Essa complementaridade que o senhor         vadas, em 2001, prevêem isso – o com-
        desenvolveu e está propondo tem que         ponente humanístico na formação do
        efeito direto sobre o tratamento?           farmacêutico. O senhor tem esperan-
              Divaldo Lyra Júnior - A partir do     ças em que essas mudanças atinjam
        momento em que o paciente se sente          um ponto tal que privilegiem a comu-
        respeitado e toma consciência de sua        nicação farmacêutico/paciente?
        importância enquanto agente da pró-               Divaldo Lyra Júnior - Na verda-          Farmacêutico comunicando-se com paciente

        pria saúde, ele passa a cuidar melhor       de, a gente está vivendo um momento
        de si. E isso tem um efeito positivo di-    político propício a mudanças. Faz uns         de mestrado e de doutorado que fos-
        reto sobre a sua saúde.                     oito anos que estamos vivendo um mo-          sem empregadas em trabalhos realiza-
              PHARMACIA BRASILEIRA -                mento de recuperação do papel social          dos no próprio SUS. Essa contraparti-
        Como o senhor avalia a comunicação          do farmacêutico. Entendo que as dire-         da social poderia elevar o papel do far-
        nos procedimentos farmacêuticos, no         trizes curriculares acompanham este           macêutico como profissional da saúde
        Brasil, neste momento em que a aten-        processo de transformação.                    necessário à sociedade.
        ção farmacêutica dá sinais de começar             Entretanto, nos órgãos de fomen-             PHARMACIA BRASILEIRA -
        a se fortalecer?                            to e nas universidades, ainda há pre-         Comunicação e interdisciplinaridade
              Divaldo Lyra Júnior - A bem da        conceito com a área clínico-humanísti-        têm algo em comum?
        verdade, os profissionais não vêm           ca. Estou dizendo que no modelo tec-               Divaldo Lyra Júnior - O farma-
        sendo formados com os conhecimen-           nicista o foco de atuação é o medica-         cêutico passou muito tempo fora do
        tos humanísticos necessários ao de-         mento e, no clínico-humanístico, por          contato com o paciente. Isso, de um
        senvolvimento das habilidades de            outro lado, é o paciente. Dentro deste        certo modo, criou barreiras, atrofiando
        comunicação. Em meu ponto de vis-           contexto, o farmacêutico volta a se re-       as suas habilidades de comunicação
        ta, tanto as farmácias do SUS, quan-        conhecer como profissional de saúde,          com o paciente. Integração com outros
        to as farmácias-escola deveriam ser         o que tem um impacto social importan-         profissionais de saúde que praticam
        melhor utilizados para a vivência da        te para a população.                          esses cuidados, no seu dia-a-dia, pode
        realidade social e para a prática da              Na situação atual, as reformas cur-     minimizar essas barreiras e facilitar o
        comunicação com o paciente. O co-           riculares ainda estão acontecendo, de         processo de relação terapêutica.
        nhecimento teórico é fundamental,           uma forma muito tímida, o que, sem                 Só para exemplificar, em 2003, a
        mas a prática é vital.                      dúvida, não está privilegiando o de-          Associação Americana dos Farmacêu-
              PHARMACIA BRASILEIRA - O              senvolvimento dos conhecimentos e             ticos do Sistema de Saúde se aliou à

                                                                      Pharmacia Brasileira - Janeiro/Fevereiro 2005                           7
“A bem da
       verdade, os                                   ENTREVISTA / DIVALDO LYRA JÚNIOR
farmacêuticos não
        vêm sendo             Associação de              Ele sempre terá uma vivência e é       que regulamentações, nesta área, são
 formados com os              Enfermeiros da-      ela que pesa, nesse momento de ques-         sujeitas à burla, principalmente, por que
   conhecimentos              quele País, com      tionamento. Trinta por cento dos pro-        a indústria farmacêutica não entende
                              o objetivo de        blemas relacionados aos medicamen-           que os medicamentos são instrumen-
     humanísticos
                              aperfeiçoar as       tos (PRM), no meu estudo, foram iden-        tos de saúde e não bens de consumo.
    necessários ao            habilidades do       tificados pelos próprios pacientes. Es-      Enquanto isto não acontece, o farma-
  desenvolvimento             farmacêutico em      ses números são superiores a um tra-         cêutico tem um papel determinante na
das habilidades de            cuidar do paci-      balho semelhante, realizado, na Sué-         orientação correta aos pacientes, na mi-
                              ente, obviamen-      cia, onde os níveis cultural e de infor-     nimização das dúvidas causadas pe-
comunicação com               te, dando a de-      mação da população são muito altos.          los meios de comunicação e na redu-
      o paciente”.            vida importância     Lá, eles usaram a intervenção mais tec-      ção dos problemas relacionados aos
                              à comunicação.       nicista e eu, um tipo de intervenção         medicamentos.
                                      PHAR-        que visa à autonomia do paciente e                 PHARMACIA BRASILEIRA - O
    MACIA BRASILEIRA - Os estudiosos               estimula o auto-cuidado do paciente.         que mais chamou a sua atenção com
    afirmam que o paciente de hoje é muito               PHARMACIA BRASILEIRA -                 resultado dos seus estudos?
    mais bem informado sobre a sua pró-            Como o senhor avalia essas informa-                Divaldo Lyra Júnior - Que o far-
    pria saúde, que os de algum tempo              ções sobre saúde que são transmiti-          macêutico tem que estar muito bem
    atrás, devido ao seu acesso fácil aos          das ao cidadão pelos jornais, revistas,      preparado para a nova realidade que
    meios de comunicação. Isso altera para         rádio, televisão, Internet, certos livros,   se lhe apresenta e que o paciente pode
    melhor a comunicação desse paciente            outdoors etc.?                               ser um aliado importante na manuten-
    com farmacêutico?                                    Divaldo Lyra Júnior – Sem dúvi-        ção da saúde.
          Divaldo Lyra Júnior - Apesar da          da, este é um problema muito comple-               PHARMACIA BRASILEIRA -
    facilidade de acesso à informação e do         xo, visto que as informações transmiti-      Onde o farmacêutico mais erra, quan-
    maior auto-cuidado por parte do paci-          das por estes meios de comunicação           do está se comunicando com o paci-
    ente, ainda, há muitas lacunas em sua          são de qualidade duvidosa e, na maio-        ente? Onde mais acerta?
    troca de informações. A principal de-          ria das vezes, tendenciosas. Em geral,             Divaldo Lyra Júnior - Como a
    las está ligada à falta de preparação do       tais informações criam uma ilusão so-        maioria dos profissionais de saúde, o
    profissional com relação ao entendi-           bre os medicamentos, fazendo os usu-         farmacêutico costuma errar, ao não es-
    mento das necessidades, preocupa-              ários pensarem que se estes não fize-        cutar o que o paciente tem a dizer, ou
    ções, angústias, história de vida e as-        rem bem, mal também não farão. Como          seja, não valoriza as informações for-
    pectos culturais desses pacientes.             conseqüência, há um estímulo à auto-         necidas pelos pacientes. É importante
          O paciente, por mais bem informa-        medicação e ao uso indiscriminado de         esclarecer que ouvir é diferente de es-
    da que seja, terá sempre dúvidas sobre         medicamentos.                                cutar. Ouvir é captar ou perceber os
    o seu tratamento e que, por muitas ve-               Entretanto, observamos que, na         sons, enquanto que escutar é ouvir, com
    zes, não são expostos, por razões cultu-       realidade, os medicamentos são os prin-      atenção, com interesse, buscando real-
    rais ou religiosas, entre outras. Cabe, por-   cipais causadores de intoxicações, no        mente tentar dirimir todas as suas dúvi-
    tanto, ao farmacêutico facilitar o diálo-      País, desde 1996. Muito embora esta          das e encontrar soluções que sejam apli-
    go com o paciente e explorar o máximo          temática tenha sido bastante discuti-        cáveis à realidade de
    possível as suas dúvidas.                      da, no início da década passada, com a       cada paciente.
          PHARMACIA BRASILEIRA – O                 produção de uma literatura consisten-              Para tanto, o
    senhor está dizendo que a comunica-            te e esclarecedora, e a Anvisa tenha         farmacêutico deve
                                                                                                                             “Na verdade, a
    ção independe do nível de informação           feito algumas incursões, no sentido          procurar entender            gente está
    do paciente?                                   regulamentar a propaganda, promoção          quais as reais neces-        vivendo um
          Divaldo Lyra Júnior - O conheci-         e informação sobre os medicamentos           sidades e preocupa-          momento político
    mento vivido do paciente, na maioria           nos meios de comunicação, não há             ções de cada pacien-
    das vezes, já o faz ter uma percepção          como prever mudanças significativas          te, respeitando o ser        propício a
    dos seus problemas relacionados aos            neste setor, em curto prazo.                 individual, seu nível        mudanças. Faz
    medicamentos que lhe causam danos                    Para ser sincero, acredito que,        de escolaridade, a           uns oito anos
    à saúde e as metas a serem alcança-            devido ao grande prejuízo que estas          sua cultura e histó-
    das. Ninguém deve duvidar que o pa-            propagandas causam à saúde da po-            ria de vida. O pacien-
                                                                                                                             que estamos
    ciente, mesmo aquele que não tem aces-         pulação e ao sistema de saúde, com           te, por sua vez, que         vivenciando um
    so a informações originadas de livros          um número absurdo de hospitaliza-            percebe que o farma-         momento de
    ou de meios de comunicação de mas-             ções, elas deveriam ser proibidas, como      cêutico não está pre-
    sa, sabe questionar sobre a sua saúde.         foi feito com o cigarro. Acho isso, por      ocupado com a sua
                                                                                                                             recuperação do
                                                                                                                          papel social do
    8                         Pharmacia Brasileira - Janeiro/Fevereiro 2005                                               farmacêutico”.
“O farmacêutico
                                                       ENTREVISTA / DIVALDO LYRA JÚNIOR                                     passou muito
                                                                                                                            tempo fora do
                                                                                                                            contato com o
                                                            PHARMACIA BRASILEIRA -                  mas de uma re-          paciente. Isso
                                                      Esses erros refletem diretamente em           lação terapêuti-
                                                      que aspecto do tratamento? Pode dar           ca, construída          criou barreiras,
                                                      um exemplo?                                   pelo farmacêuti-        atrofiando as
                                                            Divaldo Lyra Júnior - Em minha          co e o paciente,        suas habilidades
                                                      pesquisa, eu atendi idosos que apre-          baseada nos pi-
                                                      sentaram uma média de quatro doen-            lares do respei-
                                                                                                                            de comunicação
                                                      ças e que usaram cerca de nove medi-          to mútuo, no            com o paciente. A
                 Dr. Divaldo orienta paciente idosa   camentos, concomitantemente. Então,           vínculo de con-         integração com
                                                      se eu olhasse isoladamente uma única          fiança, na igual-       outros
melhora, sente-se inibido a perguntar                 doença, e não o paciente como um              dade de papéis
e, em alguns casos, permanece com dú-                 todo, não conseguiria perceber o seu          e na troca con-         profissionais de
vidas importantes que podem ter vin-                  contexto.                                     tínua de experi-        saúde que
do do consultório médico, sobre o uso                       Por exemplo, quando um pacien-          ências. O farma-        praticam esses
ou o armazenamento correto dos me-                    te chega à farmácia com hipertensão, a        cêutico passa a
dicamentos.                                           atitude normal do profissional é tentar       ter uma preocu-         cuidados pode
      Portanto, o farmacêutico deve ser,              persuadi-lo a aderir ao tratamento anti-      pação sincera           minimizar essas
mais que um clínico, um educador em                   hipertensivo prescrito, sem procurar,         pelo paciente,          barreiras”.
saúde e um amigo do paciente. Neste                   na maioria das vezes, saber quais as          sentido-se ver-
sentido, é importante fustigar sempre                 verdadeiras razões que o fizeram não          dadeiramente
os pacientes, para que esgotem todas                  tomar seus medicamentos.                      responsável pela sua saúde e por sua
as suas dúvidas, pois todas as pergun-                      Às vezes, um efeito colateral,          qualidade de vida. Em suma, esta rela-
tas são importantes para o uso correto                como a impotência sexual causada por          ção é humanizada e “rola” sentimento.
dos medicamentos e para a manuten-                    medicamento que efetivamente contro-                PHARMACIA BRASILEIRA - O
ção da boa saúde.                                     la a sua pressão arterial, pode ter con-      que um farmacêutico jamais deve deixar
      Muitos colegas acertam, ao ten-                 seqüências graves em sua vida conju-          de fazer, com vistas a estabelecer uma
tar, em suas farmácias, mesmo sem                     gal e na sua auto-estima. Ao entender         comunicação proveitosa com o pacien-
qualquer tipo de formação, realizar es-               o seu contexto, o farmacêutico pode           te? E o que é imprescindível fazer?
tes processos de comunicação com os                   tentar conscientizar o paciente sobre a             Divaldo Lyra Júnior - Além de
pacientes. A população está muito ca-                 importância de relatar os problemas de        escutá-lo, como já falei anteriormente,
rente de informações, e tentar estabe-                saúde que o afligem, ao invés de agir         deve tentar falar a sua língua, quer di-
lecer a comunicação com o paciente é                  deliberadamente, sem orientação.              zer proporcionar o máximo de informa-
uma atitude importantíssima para a                          Pude observar que esta troca de         ções possíveis, empregando palavras
manutenção e promoção da saúde.                       informações pode ser tão importante,          e expressões compatíveis à realidade
      Entretanto, creio que a comuni-                 quanto a maioria dos medicamentos             de cada paciente. Pude perceber que
cação adequada é um processo muito                    prescritos. Explicando melhor, o farma-       quando os profissionais de saúde (in-
mais complexo que se imagina e que                    cêutico e o paciente podem formar uma         cluindo o farmacêutico) empregaram a
não deve ser realizado apenas instinti-               aliança sólida, fundamentada nos co-          linguagem fundamentada em aspectos
vamente, ou seja, os profissionais ne-                nhecimentos científico e empírico, res-       técnico-científicos, muito pouco foi
cessitam, cada vez mais, de se aperfei-               pectivamente, para discutir, por exem-        compreendido pelos pacientes.
çoar para prestar um serviço inovador                 plo, com o médico a substituição do                 Segundo os mesmos, este tipo de
e que atenda às reais demandas da                     medicamento que causa o problema.             linguagem é incompreensível para a
população.                                                  Após um ano de trabalho, esta           suas realidades. O que é pior e que, em
      Em meu ponto de vista, este aper-               aliança (ou relação) resolveu cerca de        determinadas situações, a compreen-
feiçoamento não deve ser restrito uni-                75% dos problemas relacionados aos            são inadequada pode causar proble-
camente à teoria, mas necessariamen-                  medicamentos identificados. Inclusive,        mas sérios de saúde. Por exemplo, uma
te aplicado à prática. Além disso, en-                os prescritores aceitaram 86% das in-         paciente relatou que estava usando um
tendo que os processos de comunica-                   tervenções, proporcionando aos ido-           determinado anti-hipertensivo e não
ção que fundamentarão as relações                     sos mais segurança e confiança no seu         estava sentindo-se bem. Perguntei,
farmacêutico-paciente devem ser hu-                   conhecimento. Além disso, 87% dos             então, o por quê do uso do medica-
manizados, não podendo ser proces-                    idosos apresentaram redução em sua            mento, já que a mesma apresentava
sos mecânicos e “desprovidos de sen-                  pressão arterial.                             naturalmente hipotensão.
timentos”. Caso contrário, continuare-                      Os resultados obtidos não foram               Pois bem, o problema é que o
mos a cometer os mesmos erros.                        fruto de mais um processo mecânico,           marido falou para ela que o medicamen-

                                                                        Pharmacia Brasileira - Janeiro/Fevereiro 2005                     9
ENTREVISTA / DIVALDO LYRA JÚNIOR                                                      INTERNACIONAL



       to era muito bom para a pressão. Ou
       seja, alta ou baixa, para um leigo, é um
       mero detalhe. Por essa razão, é neces-
                                                                                  Fepafar volta a
       sário que o farmacêutico sempre con-
       firme o entendimento do paciente, pe-
       dindo ao mesmo que repita todas as
                                                                                 discutir atenção
                                                                               farmacêutica nas
       orientações fornecidas. Este procedi-
       mento é indispensável para ratificar a
       compreensão, haja vista que os ido-
       sos também apresentam déficits audi-


                                                                                        Américas
       tivos e visuais que, de algum modo,
       podem ser barreiras no processo de
       comunicação.
             Nos casos em que alguns paci-
       entes apresentaram déficits cognitivos
       (como o esquecimento), comuns em                                                                    Vice-presidente do CFF,
       muitos idosos, foi necessário comple-                                                               Edson Taki, participou
       mentar as orientações com informa-
       ções escritas. Para isso, elaboramos                                                                da reunião da Fepafar
                            materiais individu-
                            alizados que res-
 “O farmacêutico            peitassem as ne-
    deve procurar           cessidades de cada                                                                  O Vice-presidente do Con-
   entender quais           indivíduo, com as                                                                selho Federal de Farmácia
                            informações refe-                                                                (CFF), Edson Chigueru Taki,
           as reais         rentes às dúvidas                                                                participou, em Santo Domin-
   necessidades e           mais freqüentes do                                                               go, na República Dominica-
 preocupações de            paciente, como,                                                                  na, no dia 17 de março, da
                            por exemplo, a fun-
   cada paciente,           ção de cada um dos
                                                                                                             reunião da Executiva da Fe-
respeitando o ser           medicamentos utili-
                                                                                                             deração Pan-americana de
                                                                                                             Farmácia (Fepafar). A imple-
  individual, seu           zados, seus riscos
                            e até o local ade-                                                               mentação da atenção farma-
           nível de                                                                                          cêutica, nos países latinos,
                            quado de armaze-
  escolaridade, a           namento.                                                                         voltou a fazer parte dos de-
    sua cultura e              Por outro lado,                                                               bates da entidade.
história de vida”.          apesar de que sa-                                                                   O Dr. Edson Taki, que par-
                            ber que uma sala                              Vice-presidente do CFF, Edson Taki
                                                                                                             ticipou da reunião, represen-
                            privativa ainda não                                                              tando o CFF e os farmacêu-
       seja comum, na maioria dos ambientes
                                                                     ticos brasileiros, informa que a Fepafar irá passar por uma
       de prática profissional, em nosso País,
       acredito que o ambiente privativo ade-
                                                                     reestruturação orgânica, momento que as novas ações da
       quado e a atmosfera do atendimento                            entidade serão rediscutidas, com vistas a dar maior objeti-
       sejam determinantes para a construção                         vidade às mesmas e a buscar conseqüências positivas para
       das relações de confiança entre o far-                        os profissionais, principalmente da América Latina.
       macêutico e o paciente. Logo, temos                                   Durante o evento, decidiu-se que o próximo Con-
       que tomar novas posturas, buscar for-                         gresso da Fepafar será realizado, na Cidade do México
       mação e exigir a estrutura adequada                           (México), na última semana de novembro de 2006. “Que-
       para conquistarmos este espaço, pois                          remos aprofundar as discussões sobre as ações possí-
       a população se ressente da falta desse                        veis da entidade para os países americanos e elaborar
       “novo profissional” nas farmácias, am-
                                                                     programas factíveis, principalmente na área do intercâm-
       bulatórios e hospitais. Se não tomar-
       mos uma atitude, outros profissionais
                                                                     bio científico entre os profissionais”, concluiu o Vice-
       poderão ocupar o nosso lugar.                                 presidente do CFF.

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Comunicacao no atendimento a pacientes

  • 1. ENTREVISTA / DIVALDO LYRA JÚNIOR COMUNICAÇÃO Tese de doutorado contém método que busca valorizar a conscientização e a PACIENTE/FARMACÊUTICO: autonomia do idoso como agente de sua um instrumento libertário e essencial no trabalho própria saúde do profissional e na promoção da saúde Pelo jornalista Aloísio Brandão, Editor desta revista O farmacêutico Divaldo Lyra Júnior não deixaria a sua Recife, à qual é apegadíssimo, não fosse para buscar conhecimentos na área que elegeu como a sua paixão profissional: a atenção farmacêutica. Foi parar em Ribeirão Preto (SP) em cujo campus da USP (Universidade de São Paulo) acaba de fazer o seu doutorado em comunicação entre o farmacêutico / paciente. A sua tese é um poço de argumentações teóricas e práticas profundas, complexas, modernas e instigantes. Divaldo passou um longo tempo, aplicando o método de comunicação que desenvolveu para a sua tese, ao qual adaptou o Método Paulo Freire de educação, nas intervenções que realizou junto aos pacien- tes idosos atendidos no SUS (Sistema Único de Saúde). O educador Paulo Freire elaborou um método de alfabetização libertário, humanístico e conectado à realidade do educando. Paulo Freire teria algo a colaborar com a atenção farmacêutica? Lyra Júnior prova que sim. O método que o farmacêutico desenvolveu busca valorizar a conscientização e a autonomia do idoso como agente de sua própria saúde. Nada mais alinhado ao pensamento do educador. Os resultados dos estudos de Lyra Júnior foram sur- preendentes e lhe deram a convicção de que a comunicação é um instrumento essencial no trabalho do farmacêutico e na promoção da saúde. O doutor Dival- do, entretanto, lamenta o fato de os farmacêuticos, a exemplo de outros profissi- onais da saúde, serem formados sem os conhecimentos humanísticos necessári- os ao desenvolvimento das habilidades de comunicação. Mas vê uma movimen- tação política muito grande, de oito anos para cá, sacudindo o ambiente farma- cêutico, com vistas a tirá-lo do limbo em que se encontrava e a pôr no centro da cena o que Divaldo aposta ser, não muito longe, a força da profissão, no Brasil: a atenção farmacêutica. Veja a entrevista. Farmacêutico Divaldo Lyra Júnior PHARMACIA BRASILEIRA - O atendidos no SUS (Sistema Único de agente de sua própria saúde. É, aí, que que o senhor deduziu com os seus es- Saúde). Paulo Freire entra, dando uma grande tudos sobre comunicação entre pro- PHARMACIA BRASILEIRA - O contribuição, pois o seu método bus- fissional de saúde / paciente? método de educação de Paulo Freire é ca uma maior independência do edu- Divaldo Lyra Júnior - O que deu algo libertário, humanístico e centrado cando, no caso o paciente idoso. para notar é que a comunicação é um na realidade do aprendiz. O que o se- Há uma condição essencial para instrumento essencial no trabalho do nhor conseguiu extrair desse método a boa comunicação do farmacêutico, farmacêutico e na promoção da saúde. para aplicar na comunicação farmacêu- que é a sua escuta ativa, que o permite O tipo de método que utilizei de comu- tico / paciente? entender a realidade do paciente. A nicação e educação ao paciente foi Divaldo Lyra Júnior – O que di- partir daí, o farmacêutico identifica os muito positivo em relação à maioria dos ferencia o modelo de intervenção far- pontos chave ou os problemas que trabalhos que encontrei na literatura macêutica que utilizei junto a pacien- mais preocupam o paciente. Em segui- do gênero. Nos meus estudos, eu adap- tes do SUS do tradicional foi o tipo de da, se faz uma análise da situação, com tei o Método Paulo Freire nas inter- orientação, a qual buscava a consci- a fundamentação teórica dos proble- venções junto aos pacientes idosos entização e a autonomia do idoso como mas identificados. 6 Pharmacia Brasileira - Janeiro/Fevereiro 2005
  • 2. “A comunicação é um instrumento ENTREVISTA / DIVALDO LYRA JÚNIOR essencial no Então, o farma- senhor acha, então, que não há ne- habilidades necessários à comunica- trabalho do cêutico vai elabo- nhum método de comunicação farma- ção com o paciente. farmacêutico e na rar hipóteses de cêutico/paciente formulado, organiza- PHARMACIA BRASILEIRA - O promoção da saúde. solução dos pro- do, no Brasil? senhor está deixando claro que existe Nos meus estudos blemas, mas com Divaldo Lyra Júnior - Não, não um gargalo de dificuldades, uma lacu- um plano de cui- existe. O que se faz, no País, é pura- na, no ensino farmacêutico, exatamente (para o doutorado, dados. A partir mente instintivo e comparável ao que na comunicação farmacêutico/paciente, na USP), eu adaptei deste plano, ele os boticários faziam, antigamente. a qual considera uma ferramenta impres- o método de Paulo vai aplicá-las à re- PHARMACIA BRASILEIRA - cindível para a efetividade do tratamen- alidade do pacien- Então, os farmacêuticos vão para a to. Por que isso está acontecendo? Freire nas te, por meio das “batalha” diária do balcão, sem as ar- Divaldo Lyra Júnior - Acredito intervenções junto intervenções far- mas da comunicação? que há necessidade de investimento aos pacientes idosos macêuticas. Neste Divaldo Lyra Júnior - Exatamen- maciço na formação de professores contexto, o diálo- te. O modelo tecnicista utilizado para a qualificados para esta área. O investi- atendidos no SUS”. go vai facilitar o formação dos profissionais os afasta mento deveria vir das universidades, estabelecimento da realidade. O conhecimento é funda- das entidades farmacêuticas e dos Mi- das relações entre mentado unicamente na Farmacologia nistérios da Saúde e da Educação. Os paciente e farmacêutico, num proces- ou em outros conhecimentos afins. Os Ministérios deveriam oferecer bolsas so simétrico de troca de informações. profissionais que não têm formação Ou seja, nesse processo, o conheci- clínico- humanística são jogados à pura mento científico do farmacêutico não sorte. O conjunto de todos esses co- é mais importante que o conhecimento nhecimentos é que constituirão o far- empírico adquirido pela vivência do macêutico do futuro. paciente. Eles são complementares. PHARMACIA BRASILEIRA - PHARMACIA BRASILEIRA - Mas as Diretrizes Curriculares, apro- Essa complementaridade que o senhor vadas, em 2001, prevêem isso – o com- desenvolveu e está propondo tem que ponente humanístico na formação do efeito direto sobre o tratamento? farmacêutico. O senhor tem esperan- Divaldo Lyra Júnior - A partir do ças em que essas mudanças atinjam momento em que o paciente se sente um ponto tal que privilegiem a comu- respeitado e toma consciência de sua nicação farmacêutico/paciente? importância enquanto agente da pró- Divaldo Lyra Júnior - Na verda- Farmacêutico comunicando-se com paciente pria saúde, ele passa a cuidar melhor de, a gente está vivendo um momento de si. E isso tem um efeito positivo di- político propício a mudanças. Faz uns de mestrado e de doutorado que fos- reto sobre a sua saúde. oito anos que estamos vivendo um mo- sem empregadas em trabalhos realiza- PHARMACIA BRASILEIRA - mento de recuperação do papel social dos no próprio SUS. Essa contraparti- Como o senhor avalia a comunicação do farmacêutico. Entendo que as dire- da social poderia elevar o papel do far- nos procedimentos farmacêuticos, no trizes curriculares acompanham este macêutico como profissional da saúde Brasil, neste momento em que a aten- processo de transformação. necessário à sociedade. ção farmacêutica dá sinais de começar Entretanto, nos órgãos de fomen- PHARMACIA BRASILEIRA - a se fortalecer? to e nas universidades, ainda há pre- Comunicação e interdisciplinaridade Divaldo Lyra Júnior - A bem da conceito com a área clínico-humanísti- têm algo em comum? verdade, os profissionais não vêm ca. Estou dizendo que no modelo tec- Divaldo Lyra Júnior - O farma- sendo formados com os conhecimen- nicista o foco de atuação é o medica- cêutico passou muito tempo fora do tos humanísticos necessários ao de- mento e, no clínico-humanístico, por contato com o paciente. Isso, de um senvolvimento das habilidades de outro lado, é o paciente. Dentro deste certo modo, criou barreiras, atrofiando comunicação. Em meu ponto de vis- contexto, o farmacêutico volta a se re- as suas habilidades de comunicação ta, tanto as farmácias do SUS, quan- conhecer como profissional de saúde, com o paciente. Integração com outros to as farmácias-escola deveriam ser o que tem um impacto social importan- profissionais de saúde que praticam melhor utilizados para a vivência da te para a população. esses cuidados, no seu dia-a-dia, pode realidade social e para a prática da Na situação atual, as reformas cur- minimizar essas barreiras e facilitar o comunicação com o paciente. O co- riculares ainda estão acontecendo, de processo de relação terapêutica. nhecimento teórico é fundamental, uma forma muito tímida, o que, sem Só para exemplificar, em 2003, a mas a prática é vital. dúvida, não está privilegiando o de- Associação Americana dos Farmacêu- PHARMACIA BRASILEIRA - O senvolvimento dos conhecimentos e ticos do Sistema de Saúde se aliou à Pharmacia Brasileira - Janeiro/Fevereiro 2005 7
  • 3. “A bem da verdade, os ENTREVISTA / DIVALDO LYRA JÚNIOR farmacêuticos não vêm sendo Associação de Ele sempre terá uma vivência e é que regulamentações, nesta área, são formados com os Enfermeiros da- ela que pesa, nesse momento de ques- sujeitas à burla, principalmente, por que conhecimentos quele País, com tionamento. Trinta por cento dos pro- a indústria farmacêutica não entende o objetivo de blemas relacionados aos medicamen- que os medicamentos são instrumen- humanísticos aperfeiçoar as tos (PRM), no meu estudo, foram iden- tos de saúde e não bens de consumo. necessários ao habilidades do tificados pelos próprios pacientes. Es- Enquanto isto não acontece, o farma- desenvolvimento farmacêutico em ses números são superiores a um tra- cêutico tem um papel determinante na das habilidades de cuidar do paci- balho semelhante, realizado, na Sué- orientação correta aos pacientes, na mi- ente, obviamen- cia, onde os níveis cultural e de infor- nimização das dúvidas causadas pe- comunicação com te, dando a de- mação da população são muito altos. los meios de comunicação e na redu- o paciente”. vida importância Lá, eles usaram a intervenção mais tec- ção dos problemas relacionados aos à comunicação. nicista e eu, um tipo de intervenção medicamentos. PHAR- que visa à autonomia do paciente e PHARMACIA BRASILEIRA - O MACIA BRASILEIRA - Os estudiosos estimula o auto-cuidado do paciente. que mais chamou a sua atenção com afirmam que o paciente de hoje é muito PHARMACIA BRASILEIRA - resultado dos seus estudos? mais bem informado sobre a sua pró- Como o senhor avalia essas informa- Divaldo Lyra Júnior - Que o far- pria saúde, que os de algum tempo ções sobre saúde que são transmiti- macêutico tem que estar muito bem atrás, devido ao seu acesso fácil aos das ao cidadão pelos jornais, revistas, preparado para a nova realidade que meios de comunicação. Isso altera para rádio, televisão, Internet, certos livros, se lhe apresenta e que o paciente pode melhor a comunicação desse paciente outdoors etc.? ser um aliado importante na manuten- com farmacêutico? Divaldo Lyra Júnior – Sem dúvi- ção da saúde. Divaldo Lyra Júnior - Apesar da da, este é um problema muito comple- PHARMACIA BRASILEIRA - facilidade de acesso à informação e do xo, visto que as informações transmiti- Onde o farmacêutico mais erra, quan- maior auto-cuidado por parte do paci- das por estes meios de comunicação do está se comunicando com o paci- ente, ainda, há muitas lacunas em sua são de qualidade duvidosa e, na maio- ente? Onde mais acerta? troca de informações. A principal de- ria das vezes, tendenciosas. Em geral, Divaldo Lyra Júnior - Como a las está ligada à falta de preparação do tais informações criam uma ilusão so- maioria dos profissionais de saúde, o profissional com relação ao entendi- bre os medicamentos, fazendo os usu- farmacêutico costuma errar, ao não es- mento das necessidades, preocupa- ários pensarem que se estes não fize- cutar o que o paciente tem a dizer, ou ções, angústias, história de vida e as- rem bem, mal também não farão. Como seja, não valoriza as informações for- pectos culturais desses pacientes. conseqüência, há um estímulo à auto- necidas pelos pacientes. É importante O paciente, por mais bem informa- medicação e ao uso indiscriminado de esclarecer que ouvir é diferente de es- da que seja, terá sempre dúvidas sobre medicamentos. cutar. Ouvir é captar ou perceber os o seu tratamento e que, por muitas ve- Entretanto, observamos que, na sons, enquanto que escutar é ouvir, com zes, não são expostos, por razões cultu- realidade, os medicamentos são os prin- atenção, com interesse, buscando real- rais ou religiosas, entre outras. Cabe, por- cipais causadores de intoxicações, no mente tentar dirimir todas as suas dúvi- tanto, ao farmacêutico facilitar o diálo- País, desde 1996. Muito embora esta das e encontrar soluções que sejam apli- go com o paciente e explorar o máximo temática tenha sido bastante discuti- cáveis à realidade de possível as suas dúvidas. da, no início da década passada, com a cada paciente. PHARMACIA BRASILEIRA – O produção de uma literatura consisten- Para tanto, o senhor está dizendo que a comunica- te e esclarecedora, e a Anvisa tenha farmacêutico deve “Na verdade, a ção independe do nível de informação feito algumas incursões, no sentido procurar entender gente está do paciente? regulamentar a propaganda, promoção quais as reais neces- vivendo um Divaldo Lyra Júnior - O conheci- e informação sobre os medicamentos sidades e preocupa- momento político mento vivido do paciente, na maioria nos meios de comunicação, não há ções de cada pacien- das vezes, já o faz ter uma percepção como prever mudanças significativas te, respeitando o ser propício a dos seus problemas relacionados aos neste setor, em curto prazo. individual, seu nível mudanças. Faz medicamentos que lhe causam danos Para ser sincero, acredito que, de escolaridade, a uns oito anos à saúde e as metas a serem alcança- devido ao grande prejuízo que estas sua cultura e histó- das. Ninguém deve duvidar que o pa- propagandas causam à saúde da po- ria de vida. O pacien- que estamos ciente, mesmo aquele que não tem aces- pulação e ao sistema de saúde, com te, por sua vez, que vivenciando um so a informações originadas de livros um número absurdo de hospitaliza- percebe que o farma- momento de ou de meios de comunicação de mas- ções, elas deveriam ser proibidas, como cêutico não está pre- sa, sabe questionar sobre a sua saúde. foi feito com o cigarro. Acho isso, por ocupado com a sua recuperação do papel social do 8 Pharmacia Brasileira - Janeiro/Fevereiro 2005 farmacêutico”.
  • 4. “O farmacêutico ENTREVISTA / DIVALDO LYRA JÚNIOR passou muito tempo fora do contato com o PHARMACIA BRASILEIRA - mas de uma re- paciente. Isso Esses erros refletem diretamente em lação terapêuti- que aspecto do tratamento? Pode dar ca, construída criou barreiras, um exemplo? pelo farmacêuti- atrofiando as Divaldo Lyra Júnior - Em minha co e o paciente, suas habilidades pesquisa, eu atendi idosos que apre- baseada nos pi- sentaram uma média de quatro doen- lares do respei- de comunicação ças e que usaram cerca de nove medi- to mútuo, no com o paciente. A Dr. Divaldo orienta paciente idosa camentos, concomitantemente. Então, vínculo de con- integração com se eu olhasse isoladamente uma única fiança, na igual- outros melhora, sente-se inibido a perguntar doença, e não o paciente como um dade de papéis e, em alguns casos, permanece com dú- todo, não conseguiria perceber o seu e na troca con- profissionais de vidas importantes que podem ter vin- contexto. tínua de experi- saúde que do do consultório médico, sobre o uso Por exemplo, quando um pacien- ências. O farma- praticam esses ou o armazenamento correto dos me- te chega à farmácia com hipertensão, a cêutico passa a dicamentos. atitude normal do profissional é tentar ter uma preocu- cuidados pode Portanto, o farmacêutico deve ser, persuadi-lo a aderir ao tratamento anti- pação sincera minimizar essas mais que um clínico, um educador em hipertensivo prescrito, sem procurar, pelo paciente, barreiras”. saúde e um amigo do paciente. Neste na maioria das vezes, saber quais as sentido-se ver- sentido, é importante fustigar sempre verdadeiras razões que o fizeram não dadeiramente os pacientes, para que esgotem todas tomar seus medicamentos. responsável pela sua saúde e por sua as suas dúvidas, pois todas as pergun- Às vezes, um efeito colateral, qualidade de vida. Em suma, esta rela- tas são importantes para o uso correto como a impotência sexual causada por ção é humanizada e “rola” sentimento. dos medicamentos e para a manuten- medicamento que efetivamente contro- PHARMACIA BRASILEIRA - O ção da boa saúde. la a sua pressão arterial, pode ter con- que um farmacêutico jamais deve deixar Muitos colegas acertam, ao ten- seqüências graves em sua vida conju- de fazer, com vistas a estabelecer uma tar, em suas farmácias, mesmo sem gal e na sua auto-estima. Ao entender comunicação proveitosa com o pacien- qualquer tipo de formação, realizar es- o seu contexto, o farmacêutico pode te? E o que é imprescindível fazer? tes processos de comunicação com os tentar conscientizar o paciente sobre a Divaldo Lyra Júnior - Além de pacientes. A população está muito ca- importância de relatar os problemas de escutá-lo, como já falei anteriormente, rente de informações, e tentar estabe- saúde que o afligem, ao invés de agir deve tentar falar a sua língua, quer di- lecer a comunicação com o paciente é deliberadamente, sem orientação. zer proporcionar o máximo de informa- uma atitude importantíssima para a Pude observar que esta troca de ções possíveis, empregando palavras manutenção e promoção da saúde. informações pode ser tão importante, e expressões compatíveis à realidade Entretanto, creio que a comuni- quanto a maioria dos medicamentos de cada paciente. Pude perceber que cação adequada é um processo muito prescritos. Explicando melhor, o farma- quando os profissionais de saúde (in- mais complexo que se imagina e que cêutico e o paciente podem formar uma cluindo o farmacêutico) empregaram a não deve ser realizado apenas instinti- aliança sólida, fundamentada nos co- linguagem fundamentada em aspectos vamente, ou seja, os profissionais ne- nhecimentos científico e empírico, res- técnico-científicos, muito pouco foi cessitam, cada vez mais, de se aperfei- pectivamente, para discutir, por exem- compreendido pelos pacientes. çoar para prestar um serviço inovador plo, com o médico a substituição do Segundo os mesmos, este tipo de e que atenda às reais demandas da medicamento que causa o problema. linguagem é incompreensível para a população. Após um ano de trabalho, esta suas realidades. O que é pior e que, em Em meu ponto de vista, este aper- aliança (ou relação) resolveu cerca de determinadas situações, a compreen- feiçoamento não deve ser restrito uni- 75% dos problemas relacionados aos são inadequada pode causar proble- camente à teoria, mas necessariamen- medicamentos identificados. Inclusive, mas sérios de saúde. Por exemplo, uma te aplicado à prática. Além disso, en- os prescritores aceitaram 86% das in- paciente relatou que estava usando um tendo que os processos de comunica- tervenções, proporcionando aos ido- determinado anti-hipertensivo e não ção que fundamentarão as relações sos mais segurança e confiança no seu estava sentindo-se bem. Perguntei, farmacêutico-paciente devem ser hu- conhecimento. Além disso, 87% dos então, o por quê do uso do medica- manizados, não podendo ser proces- idosos apresentaram redução em sua mento, já que a mesma apresentava sos mecânicos e “desprovidos de sen- pressão arterial. naturalmente hipotensão. timentos”. Caso contrário, continuare- Os resultados obtidos não foram Pois bem, o problema é que o mos a cometer os mesmos erros. fruto de mais um processo mecânico, marido falou para ela que o medicamen- Pharmacia Brasileira - Janeiro/Fevereiro 2005 9
  • 5. ENTREVISTA / DIVALDO LYRA JÚNIOR INTERNACIONAL to era muito bom para a pressão. Ou seja, alta ou baixa, para um leigo, é um mero detalhe. Por essa razão, é neces- Fepafar volta a sário que o farmacêutico sempre con- firme o entendimento do paciente, pe- dindo ao mesmo que repita todas as discutir atenção farmacêutica nas orientações fornecidas. Este procedi- mento é indispensável para ratificar a compreensão, haja vista que os ido- sos também apresentam déficits audi- Américas tivos e visuais que, de algum modo, podem ser barreiras no processo de comunicação. Nos casos em que alguns paci- entes apresentaram déficits cognitivos (como o esquecimento), comuns em Vice-presidente do CFF, muitos idosos, foi necessário comple- Edson Taki, participou mentar as orientações com informa- ções escritas. Para isso, elaboramos da reunião da Fepafar materiais individu- alizados que res- “O farmacêutico peitassem as ne- deve procurar cessidades de cada O Vice-presidente do Con- entender quais indivíduo, com as selho Federal de Farmácia informações refe- (CFF), Edson Chigueru Taki, as reais rentes às dúvidas participou, em Santo Domin- necessidades e mais freqüentes do go, na República Dominica- preocupações de paciente, como, na, no dia 17 de março, da por exemplo, a fun- cada paciente, ção de cada um dos reunião da Executiva da Fe- respeitando o ser medicamentos utili- deração Pan-americana de Farmácia (Fepafar). A imple- individual, seu zados, seus riscos e até o local ade- mentação da atenção farma- nível de cêutica, nos países latinos, quado de armaze- escolaridade, a namento. voltou a fazer parte dos de- sua cultura e Por outro lado, bates da entidade. história de vida”. apesar de que sa- O Dr. Edson Taki, que par- ber que uma sala Vice-presidente do CFF, Edson Taki ticipou da reunião, represen- privativa ainda não tando o CFF e os farmacêu- seja comum, na maioria dos ambientes ticos brasileiros, informa que a Fepafar irá passar por uma de prática profissional, em nosso País, acredito que o ambiente privativo ade- reestruturação orgânica, momento que as novas ações da quado e a atmosfera do atendimento entidade serão rediscutidas, com vistas a dar maior objeti- sejam determinantes para a construção vidade às mesmas e a buscar conseqüências positivas para das relações de confiança entre o far- os profissionais, principalmente da América Latina. macêutico e o paciente. Logo, temos Durante o evento, decidiu-se que o próximo Con- que tomar novas posturas, buscar for- gresso da Fepafar será realizado, na Cidade do México mação e exigir a estrutura adequada (México), na última semana de novembro de 2006. “Que- para conquistarmos este espaço, pois remos aprofundar as discussões sobre as ações possí- a população se ressente da falta desse veis da entidade para os países americanos e elaborar “novo profissional” nas farmácias, am- programas factíveis, principalmente na área do intercâm- bulatórios e hospitais. Se não tomar- mos uma atitude, outros profissionais bio científico entre os profissionais”, concluiu o Vice- poderão ocupar o nosso lugar. presidente do CFF. 10 Pharmacia Brasileira - Janeiro/Fevereiro 2005