Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Os principais club drugs: propriedades, efeitos e tratamento
1. Club Drugs
Matheus Cheibub David Marin
GREA - Programa Interdisciplinar de Estudos de Álcool e outras drogas
Programa Redenção
Núcleo de Álcool e Drogas do Hospital Sírio-Libanês
2. Introdução
• Grupo heterogêneo de substâncias que incluem drogas sintéticas,
lícitas ou ilícitas, com mecanismos de ação e efeitos diversos em
sistema nervoso central.
• O agrupamento destas substâncias em um categoria reflete
características da população usuária, geralmente adultos jovens e o
contexto de uso recreativo caracterizado pelo consumo em bares,
danceterias, shows e festas tipo “rave”.
• SPA com alto de risco de mortalidade.
NIDA (National Institute on Drugs Abuse)
3. Club Drugs segundo a definição do NIDA
Nome Químico Abreviatura Nome nas ruas Classe
Methilenedioximetanfetamina MDMA Ecstasy, Bala Estimulante
Dietilamida do ácido lisérgico LSD Ácido, papel, doce, Flash Alucinógeno
Ketamina K Alucinógeno
γ-hidroxibutirato GHB “Ecstasy liquido” Sedativo
Flunitrazepam Rohypnol ®, Roofies, “Rape
Drugs”,
“Boa noite Cinderela”
Sedativo
Metanfetamina Cristal, ice, Speed Estimulante
5. MDMA, Metanfetamina e Anfetamínicos
• 2ª classe de SPA ilícita mais utilizada no mundo (perdem apenas para
a cannabis.
• Estima-se que aproximadamente 29 milhões de pessoas em todo o
mundo, entre 15 e 65 anos, tenham consumido anfetaminas/ano.
• A Metanfetamina (MA) é considerada o derivado mais potente das
anfetaminas, com maior duração de ação e maior capacidade de
atravessar a BHE.
• Anfetamínicos de classe médica são mais comuns na população de
sexo feminino para fins de emagrecimento ou profissionais que
trabalham em período noturno.
Siefried (2020)
6. Neurobiologia
• Aumenta os níveis de monoaminas na fenda sináptica através de um
aumento da liberação e de um bloqueio na recaptação.
• Efeitos devido o aumento na liberação de dopamina no núcleo accumbens,
parece ser a principal ação da anfetamina no SNC (ao contrário da cocaína -
bloqueio da captação na fenda sináptica .
• As anfetaminas aumentam a liberação de noradrenalina e dopamina recém
sintetizadas, enquanto que a cocaína age em pool de armazenamento de
catecolaminas.
• Os efeitos farmacológicos de anfetaminas também duram mais que o da
cocaína.
• Início dos sintomas de 20-60 minutos, pico máxima entre 1 a 2 horas após
a ingestão, sendo a meia-vida de cerca de 8 a 9 horas.
8. Farmacologia Clínica
• MDMA/MA podem levar à hipertermia; convulsões; taquiarritmias; hipertensão, redução
do apetite; diaforese; um senso de alerta elevado, aumento do foco e concentração;
aumento de energia, diminuição de fadiga; humor elevado/irritabilidade; insônia e
dilatação pupilar.
• Associação com IAM, insuficiência renal e morte.
• Possível toxicidade hepática também é sugerida.
• Danos ao sistema neurológico, incluindo lesões cerebrais, infartos e hemorragia, com
consequente comprometimento neurológico, além de distúrbio dos movimentos.
• Transtornos psiquiátricos como depressão, ataques de pânico e alucinações, aumento da
impulsividade e psicose.
• MDMA esgota as reservas de serotonina nos neurônios, doses subsequentes produzem
euforia diminuída e aumento de efeitos adversos, como depressão e agitação.
• Consequências sociais: violência, crime e acidentes.
Haber (2015)
9. Manejo Clínico
• O tratamento da intoxicação aguda pode ser realizado visando os
potenciais focos de descompensação clínica. As principais alterações
a serem tratadas: ansiedade e agitação intensas, convulsões,
hiponatremia, hipertensão grave, hipertermia, síndrome
serotoninérgica e falência múltipla de órgãos
10. Manejo Clínico
• Tratamento da dependência:
• Review: 43 RCT
• poucos candidatos farmacológicos demonstraram fracos sinais positivos para o
tratamento.
• resultados positivos mais consistentes: estimulantes tratamento agonista
(dexanfetamina e metilfenidato, 5), naltrexona (5) e topiramato (2)
• Benefícios menos consistentes com bupropiona (6), o agente glutamatérgico, riluzol (1) e
mirtazapina (3)
• Antidepressivos – Não foram eficazes
• Terapias de substituição teve resultados mais promissores
• Terapias comportamentais
Siefried (2020)
12. LSD
• Início nos anos 60, queda na década de 80, abrangendo principalmente
população universitária, hippies e festas de música eletrônica.
• Substância inodora, incolor e hidrossolúvel, podendo apresentar-se sob
diversas formas: barras, cápsulas, tiras de gelatina, cristais, micropontos e
“blotter acid” (forma mais comum)
• Em estudantes universitários nas 27 capitais brasileiras, os usos na vida e
no último ano foram relatados por 7,6 e 2,6% respectivamente (I LENAD,
2010)
• Absorção oral, sublingual, podendo ser até injetado ou inalado, com início
dos efeitos de 30 a 60 minutos
• Metabolizado no fígado e excreção renal, meia-vida de +/- 2,5 horas;
porém, os seus efeitos mantêm-se por até 12 horas.
13. • Atua nos receptores 5-HT cerebrais, produzindo efeitos agonistas ou
antagonistas parciais na atividade serotoninérgica.
• Liberação de glutamato nos terminais tálamo-corticais, produzindo
dissociação entre os centros sensoriais e o córtex cerebral.
• Atua no córtex produzindo alterações no humor, percepção e
cognição, e no locus coeruleus, produzindo efeitos
simpaticomiméticos.
Neurobiologia
Britt (2005), Guerreiro (2011)
14. Farmacologia Clínica
• alterações do pensamento, humor, orientação e “flashbacks”
• “bad trip” caracterizado por sintomas de ansiedade com crises de
pânico, sensação de perda de controle da identidade e medo.
• reações paranóides e alucinações visuais e auditivas que podem
resultar em comportamento violento e ideação suicida.
• Os efeitos físicos mais comuns são sinais simpaticomiméticos, tais
como midríase, hipertensão, taquicardia e, raramente, hipertermia.
• Detectado na urina até 120h após o uso
Haber (2015)
15. Manejo Clínico
• O potencial do LSD para desencadear dependência é controverso
• Tratamento dos sintomas psicóticos, agitação psicomotora e
agressividade – antipsicóticos.
• Considerar sedativos (BZD) para sintomas ansiosos e
simpatomimético.
Britt (2005), Guerreiro (2011)
17. GHB (Gama-HidroxiButirato)
• Disponível na forma de líquido claro, pó branco, comprimido ou
cápsula.
• Pode ser fabricado em residências particulares com ingredientes e
receitas obtidos na Internet.
18. Neurobiologia
• GHB é um composto que existe naturalmente no cérebro (provável
neurotransmissor)
• Estruturalmente, semelhante ao GABA (ácido gama-amino butírico)
• Se liga à receptores GABA-B, levando à liberação da dopamina e opióides
endógenos, afetando outros neurotransmissores, tais como a serotonina
(5-HT), glutamato e acetilcolina
• Receptores de GHB de alta e baixa afinidade, altamente específicos para
GHB em hipocampo, córtex e áreas dopaminérgicas (estriado, tratos
olfativos e substância negra). O GHB inibe a liberação de dopamina e ativa
a tirosina hidroxilase, que atuam juntas para aumentar os níveis centrais de
dopamina.
• 20-30 minutos a atingir a concentração plasmática máxima e duração 3-4
horas.
(Galloway et al., 2000)
19. Farmacologia Clínica
• Efeitos semelhantes ao álcool.
• Relaxamento, euforia, sedação
• Alterações cardiológicas: Bradicardia e hipotensão
• Hipotermia
• Alterações neuropsiquiátricas: agressividade, ataxia e alucinações
• Depressão respiratória e morte
Guerreiro (2011)
20. Manejo Clínico
• Intoxicação: Suporte (complicações respiratórias centrais e
hemodinâmicas)
• Síndrome de Abstinência: tratamento semelhante ao álcool
(Lorazepam, Diazepam e Clordiazepóxido)
• Barbitúricos, propofol.
• Substituição por GBL? (análogo lipofílico de baixa toxicidade)
Busardò (2018), Britt (2005),
22. Neurobiologia
• Medicamento de classe BZD
• Se liga a receptores agonistas GABA A, inibindo a neutransmissão no
cérebro e medula espinhal.
• Canais de cloro de neurônios e resultando em um influxo de cloreto e
hiperpolarização da célula. Isso diminui a excitabilidade da célula.
• Os efeitos clínicos dos benzodiazepínicos incluem sedação, atividade
anticonvulsivante e redução da ansiedade.
Britt, 2005
23. Farmacologia Clínica
• É comumente associado a agressões sexuais devido à sedação profunda que causa,
juntamente com sua propriedade amnésica anterógrada em que um indivíduo não
consegue se lembrar de eventos que ocorreram sob a influência da droga (DEA, 2004b).
• É inodoro e insípido e é facilmente dissolvido em bebidas (NIDA), permitindo que um
agressor o adicione à bebida de uma potencial vítima.
• Uso recreativo em nightclubs e raves (DEA, 2004a)
• A potencialmente preferência para fins de abuso sexual, bem como para uso recrativo
pode ser devido ao seu início mais rápido (15 a 20 minutos) e maior duração da ação (12
horas ou mais) e seus efeitos mais fortes em doses mais baixas, além de proporcionar
sedação sem muitos efeitos colaterais (ONDCP, 2004b).
• Os efeitos adversos agudos associados à ingestão de Rohypnol® incluem: hipotermia,
sedação, comprometimento cognitivo e psicomotor, hipotensão arterial, distúrbios
visuais, confusão e retenção urinária.
• S.A. – cefaléia, tensão, ansiedade, inquietação, dor muscular, fotofobia, dormência,
parestesias e convulsões (Britt, 2005).
ONDCP (2004b), DEA (2004), NIDA
24. Manejo Clínico
• Superdosagens - podem levar à perda de consciência, depressão
respiratória e morte Medidas de Suporte (carvão ativado, suporte
respiratório.
• Antídoto: Flumazenil (Romazicon™) é um antagonista específico que
podem ser administrados para reverter os efeitos da toxicidade do
flunitrazepam.
• Síndrome de Abstinência – Substituição por BZD de meia-vida mais
longa com redução gradual
(Schwartz 2000)
26. • Agente anestésico pouco usado na medicina, maior aplicação na
veterinária (reutilizado novamente na psiquiatria, possível tratamento
para Transtornos de humor)
• Reações pós-anestésicas desagradáveis como sintomas psicóticos e
sonhos conturbados.
• Prevalência em adulto jovem (média de 24 anos de idade), sexo
masculino, usuário de múltiplas SPA com situação laboral instável.
• Via de utilização oral, inalada ou injetada
• K-hole: estado dissociativo, com imobilização física, desrealização,
desorientação e alucinações
KETAMINA
Guereiro (2011), Gahlinger (2004)
27. Neurobiologia
• Início de ação rápido (1-30 min) com duração de 30-180 min
• Funciona como um agonista não-competitivo ao nível dos receptores
NMDA bloqueando os canais de cálcio. Este bloqueio determina uma
diminuição da neurotransmissão associada aos aminoácidos
excitatórios, glutamato e aspartato.
• Aumento da neurotransmissão dopaminérgica no lobo pré-frontal e
no mesencéfalo.
Britt (2005), Guerreiro (2011)
28. Farmacologia Clínica
• quadro de instalação súbita de agitação psicomotora, hiperexcitabilidade e
sintomas psicóticos
• Taquicardia, hipertensão arterial e náuseas.
• hipotermia associada à imobilização prolongada e depressão respiratória
transitória
• Pode-se observar-se aumento da CK devido a eventual rabdomiólise ou
hipocalêmia originada pelos vómitos.
• Distúrbios neurospiquiátricos: alucinações visuais e sensação de fusão com o
meio circundante, sintomas dissociativos, psicóticos e as alterações da memória
podem permanecer durante alguns dias mesmo quando os indivíduos se mantêm
sem consumir.
• Usuários crônicos x esporádicos - apresentam déficit da memória e de função
executiva e maior intensidade de sintomas psicóticos e dissociativos
Guerreiro (2011), Gahlinger (2004)
29. Manejo Clínico
• Intoxicação: medidas de suporte
• Considerar antipsicóticos em vigência de agressividade, agitação ou
sintomas psicóticos.
Guerreiro, 2011
30. Outras substâncias
• N-Bomb ou Nbome
• Alucinógeno serotoninérgico semelhante ao LSD
• Sintetizado em laboratório, com possibilidade de potencializar suas
propriedades consequentemente efeitos, com múltiplas fatalidades.
(Halberstadt, 2017)
• Neurotoxicidade 50x > MDMA “in vitro” (Xu P., 2019)
• Poppers
• Nitritos inaladados em spray
• Relaxamento musculatura lisa