Faculdades FORTIUM: Política, poder e Administração
1. Faculdades FORTIUM
Departamento de Administração - Disciplina: Ciência Política
Professor: Ailton Guimarães
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NOTA DE AULA 5
O que veremos nesta Nota de Aula:
Retrospectiva.
Política, poder e Administração.
Liderança e poder.
Dependência, a chave do poder
Táticas de poder
O poder em ação, o comportamento político.
1. Retrospectiva
Política, sistema político, poder e autoridade são conceitos
fortemente entrelaçados e tem importância equivalentes.
Relacionar esses conceitos com o mundo empresarial não é difícil
visto que em uma empresa temos relações de poder, autoridade e, por que não
dizer, de polítca.
Nas notas de aulas anteriores estudamos todos esses conceitos,
começando pela política e seus primeiros pensadores na Grécia.
Da política passamos para o sistema político padrão permanente
de relações humanas onde coexistem poder, governo e autoridade.
È difícil não acharmos uma relação de poder em nossas vidas. Ela
ocorre, em diferentes intensidades, em praticamente todas as relações sociais.
Além de variar em intensidade, também existem diversos tipos de poderes. No
entanto, apesar desta diversidade, podemos estabelecer uma hierarquia entre os
poderes, tendo o poder político o lugar de maior destaque.
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Mestre em Economia de Empresas, pela UCB - Universidade Católica de Brasília; Especialista
em Finanças, pela UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina; Especialista em Controladoria,
pela Faculdade Tibiriçá/SP. Servidor do Banco Central do Brasil.
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É um fenômeno intrigante, complexo e oculto. Está presente nos
setores públicos e privados com fins lucrativos ou não, em situações de trabalho
voluntário e trabalho remunerado. Cada tipo de organização difere em termos de
objetivo, quadro de pessoal e outras variáveis, mas os problemas de poder
organizacional são muitas vezes da própria sobrevivência individual e estão
presentes em cada uma delas.
Para Robbins (2002), poder é um processo natural em qualquer
grupo ou organização. Ele tem origem na força ou na autoridade.
A força, como fonte de poder, surge quando um agente usa ou
ameaça de coerção física outro agente. È uma característica dos Estados.
A outra fonte de poder, a autoridade, pode ser definida como um
direito de decidir sobre o comportamento de outrem. Max Weber identificou três
tipos de autoridade: a burocrática; a tradicional e a carismática.
O estudo da política, do poder e da autoridade inicialmente
acontece naquela instituição que conhecemos como Estado. Entretanto, podemos
encontrar estes conceitos também nas organizações privadas.
Quando utilizado de maneira equilibrada o poder pode trazer
benefícios para a empresa, devendo o gestor decidir a forma mais adequada de
exercê-lo, sem ser autoritário e inflexível, mas com firmeza, pois como escreveu
Maquiavel, “O homem que tenta ser bom o tempo todo está fadado à ruína entre
os inúmeros outros que não são bons”.
2. Política, poder e a Administração
Política é, como sabemos, a arte da organização, direção e
administração. Com o objetivo de mostrar como a política e o poder se
desenvolvem nas empresas, definimos a seguir o que é administração.
A administração, também chamada gerenciamento ou gestão de
empresas, é uma ciência humana fundamentada em um conjunto de normas e
funções elaboradas para disciplinar elementos do processo produtivo. Ela estuda
os empreendimentos humanos com o objetivo de alcançar um resultado eficaz de
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forma sustentável. Neste contexto, o administrador necessita de autoridade para
executar suas principais funções que são: Planejar, organizar, liderar e controlar.
As instituições administradas são entidades sociais de pessoas e
recursos que interagem em ambientes físicos ou não. Essas interações são
conhecidas como relações de trabalho. Nelas, o poder e o conflito, estam sempre
presentes.
Assim, o campo das
relações de trabalho surge como espaço
propicio de manifestações de poder,
produzindo as diversas relações de força
existentes entre os grupos de interesse nas
próprias organizações.
Esses interesses são em
geral econômicos, mas os fatores políticos,
que podem ser visto na aceitação das regras de maneira consensual quando,
eliminando-se o caráter de imposição e garantindo a eficácia do sistema produtivo,
como nos ensinam as teorias contratualistas sobre a formação do Estado
moderno, são muito importantes.
Neste cenário, Morgan (1996) diz que as organizações podem ser
vistas como sistemas de atividade política, e esta política organizacional nasce
quando as pessoas pensam diferentemente e querem agir diferentemente. Essa
diversidade cria tensão que precisa ser resolvida por meios políticos ou, dito de
outra forma, por quem detém o poder político.
3. Liderança e poder são sinônimos?
Os líderes utilizam o poder como meio de
atingir objetivos, seja do grupo ou até mesmo pessoal.
Portanto, liderança e poder estão muito próximos, mas não
sinônimos. Diferem basicamente de três formas:
a) Quanto à vinculação de objetivos;
b) Quanto ao foco da influência;
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c) Quanto a Importância da origem e conquista
No primeiro caso, o líder precisa, para ser bem sucedido, fazer
seus liderados compartilharem dos seus objetivos, enquanto o exercício do poder
requer apenas dependência.
Quanto ao foco da influência, a liderança é explicada basicamente
pela relação líder - liderado. Já o exercício do poder, para ser entendido
corretamente, precisa considerar todos os efeitos, diretos e indiretos, verticais e
horizontais.
Quanto à importância da origem e conquista, a preocupação
sobre a liderança tem foco no estilo do líder. Com relação ao poder, a
preocupação é com as táticas de conquistas e da submissão.
4. Dependência, a chave do poder
Quanto maior a dependência, maior o poder.
Isto nos leva a seguinte constatação: A dependência aumenta
quando o recurso detido por um agente é importante, escasso e não substituível.
Um recurso será considerado importante se alguém desejar
fortemente aquilo que é possuído por um agente.
A escassez, objeto principal de estudo da economia, é um fator
determinante para estabelecer o nível de dependência. Quanto menos escasso for
um recurso, menos poder ele dará ao seu proprietário.
No que se refere à substituição, a conclusão é: quanto menos
substitutos viáveis tiver um recurso, maior o poder que seu controle proporcionará.
Conclusão: as fontes de poder variam de empresa para empresa.
Em uma empresa, os recursos tecnológicos significam fonte de poder; em outra,
são os departamentos de marketing os poderosos.
5. Táticas de poder
O bom exercício do poder é importante, mas como
fazê-lo com eficiência?
A maneira como os agentes influenciam os outros,
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as táticas de poder, são os caminhos para o sucesso, ou não, do exercício do
poder.
Segundo Robbins (2002), as táticas ou estratégias mais importantes para
consquitar e exercer são sete. Vejamos cada uma delas e seu respectivo
significado.
1) Razão - argumentação racional e lógica de ideias.
2) Amabilidade - promoção de um clima amigável por meio de uma
postura humilde.
3) Coalização - Obtenção de apoio do grupo para suas ideias.
4) Negociação - oferecimento de benefícios ou favores para resolver um
conflito.
5) Afirmação - abordagem forte e direta para exigência do cumprimento de
obediência.
6) Autoridades superiores - faculdade de conseguir apoio dos superiores
para suas ideias.
7) Sanções - utilização de recompensas, punições, promessas e ameaças
para motivar.
Os administrados utilizam essas táticas ou estratégias de poder em dois
planos:
I - com relação aos subordinados
II - com relação aos seus superiores
Em ambos os casos, a razão, segundo Robbins (2002), é o meio mais
efetivo para exercer o poder.
O uso da estratégia adequada depende, em geral, do objetivo a ser
atingido, da expectativa quanto ao resultado pretendido e da cultura
organizacional.
6. O poder em ação, o comportamento político
Robbins (2002), argumenta que o poder nas organizações é posto em
prática quando os agentes se agrupam para exercer influência, seja para
conseguir aumentos de salários, promoções ou melhorias das condições de
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trabalho. Neste caso, estão colocando em prática seus poderes, isto é, estão
fazendo política.
Essa maneira de agir é vista por Robbins (2002) como comportamento
político.
De maneira mais formal ele define comportamento político como
atividades que não são requeridas como parte do papel formal na empresa, mas
influenciam, ou tentam influenciar, a distribuição de vantagens e desvantagens
dentro do grupo. O comportamento político, em geral, está fora dos requisitos
específicos do trabalho das pessoas.
Robbins divide este comportamento em dois tipos:
I) O comportamento político legítimo – Aquele relacionado às atividades
do dia. Exemplos: reclamar com o chefe, formar coalizões, desenvolvimento de
contatos fora da empresa.
II) O comportamento político ilegítimo – Aquele que viola as “regras do
jogo”. Quem o pratica é chamado de individuo que “joga sujo”. Exemplo:
sabotagem, denúncia de colegas e uso de roupas inadequadas.
6.1. A realidade política
A política é um fato nas empresas e quem ignorá-lo corre serio risco de
ser mal sucedido em sua vida profissional
Uma questão importante é: È possível que em uma organização não
exista política?
Robbins (2002), responde que sim, é possível, mas improvável. Não
existirá política se todos na empresa tiverem os mesmos interesses, se
compartilharem as mesmas metas, se os recursos organizacionais forem
ilimitados e se os resultados dos desempenhos forem totalmente claros e
objetivos.
Este não parece ser o mundo real, tendo em conta que as organizações
são formadas por pessoas com diferentes interesses. È essa diversidade é,
normalmente, a grande fonte de conflitos.
Esses conflitos podem se materializar pelos seguintes motivos:
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a) competição pelo uso dos recursos da empresa
b) busca de apoio para aprovar interesses
6.2. Fatores que contribuem para a existência do comportamento político
Pesquisas recentes apontaram alguns fatores que contribuem para o
desenvolvimento do comportamento político nas empresas. Aqui estão alguns
deles:
Fatores individuais:
– capacidade de automonitoramento
- necessidade de poder
- investimento na organização
- conformidade
- expectativa de sucesso
Fatores organizacionais
- Alocação de recursos
- oportunidades de promoção
- sistema de avaliação de desempenho pouco claro
- pressão por alto desempenho
- abordagem de soma zero
Bibliografia
Robbins, Stephen P. Comportamento Organizacional. Tradução técnica: Reynaldo Marcondes. São
Paulo: Prentice Hall, 9ª ed. 2002.