2. Florença, 14 de Abril de 1345
Querida família,
Quero vos dizer que estou cheio de saudades vossas e quero-vos contar
todas as minhas novidades. Primeiro vou-vos cumprimentar: cozinheiros,
amas, criados da casa, amigos e parentes, servos da floresta, vizinhos e
claro, a minha família.
Estou ansioso por vos contar a minha viagem, não sei por onde
começar, bem a verdade é que tenho uma verdadeira história. Como eu tinha
dito fui à terra santa, visitei alguns lugares da Palestina e passei a noite de
Natal a rezar. Depois, fui para o porto de Jafa onde conheci um mercador,
um homem pequeno mas forte, um pouco gordo, humilde, simpático, um
homem extraordinário, com ele esperei pelo bom tempo até meados de
Março só então conseguimos embarcar e, como já esperava as tempestades
atacaram no mar. Essa tempestade foi horrível só pensava em nunca mais
vos ver e acabar por morrer pois o barco baloiçava para a direita, depois para
a esquerda, as grandes ondas entravam cada vez maiores no barco, foi
terrível, mas acabamos por superá-la em 4 dias, e chegamos ao porto de
Ravena, em Itália, mas o barco estava em tão más condições que não pude
continuar a viagem e fiquei à espera do próximo navio. Enquanto tal,
apreciava a beleza de Ravena, era tal o encanto que eu nunca antes vira,
mas o meu amigo mercador acabou por pedir-me para ir com ele para
Veneza e desafiou-me dizendo que iria ficar ainda mais espantado com a
beleza da sua terra, eu aceitei e fui com ele. Realmente ele tinha razão,
Veneza é a cidade com maior riqueza e agora percebo, os grandes
monumentos que se encontravam à volta de canais e mais canais de água, o
vestuário, alegria de sons e músicas que pairavam na cidade. Fiquei de tal
maneira espantado que decidi comprar-vos algumas lembranças. Fiquei
alojado na casa do mercador e foi tal o meu espanto quando ele mandou
multiplicar as festas e fazer uma em minha honra, foi fantástico. Quase me ia
esquecendo, o meu amigo mercador contou-me uma história linda e
romântica sobre uma bela jovem chamada Vanina, quando chegar aí vou-vos
contar porque é realmente uma história muito bonita. Rápido se passaram os
dias em Veneza e já tinha completado um mês, eu iria partir. O mercador não
quis que me fosse embora e convidou-me para me juntar aos seus negócios
3. mas eu recusei por mais que Veneza fosse linda. Ele, com pena, ofereceu-
me um cavalo e também umas cartas de recomendação para os homens
mais poderosos das cidades do Norte de Itália. Dentro de três dias parti no
cavalo e, aconselhado pelo mercador, fiz um desvio de Génova e no princípio
de Maio cheguei a Florença, onde me encontro. Logo associei a beleza de
Florença à de Veneza embora com algumas diferenças, por cá é tudo mais
grave e rígido. Cá procurei a casa do banqueiro Averardo, um dos homens
para quem o mercador escrevera. O banqueiro também me recebeu
muitíssimo bem e hospedou-me em sua casa, uma casa bela mas nada
comparado aos palácios de Veneza. Tem uma biblioteca cheia de
manuscritos e nas paredes estão pendurados quadros maravilhosos.
Ao fim dessa primeira tarde bateram á porta os amigos do banqueiro
Averardo que se sentaram e comeram, beberam enquanto conversavam
sobre assuntos que me deixaram ainda mais espantado. Falaram dos
movimentos da Luz e do Sol, os mistérios do céu e da Terra, resumindo
falavam de matemática, filosofia, astronomia… e ainda de quadros do
passado, do presente do futuro, bem, falaram de tudo e mais alguma coisa,
mas tudo com sabedoria. Até que no meio da conversa alguém começou a
comentar um quadro de Giotto, um grande pintor que eu desconhecia mas o
senhor teve a dignidade de me contar a história dele, mais uma vez fiquei
maravilhado e guardo esta história para vos contar, além de uma outra que
se desenrolou a partir da história de Giotto, é uma história sobre Dante,
sinceramente foi a história que mais gostei. Neste mês tenho visitado
Florença e tenho adorado. Ontem, o banqueiro fez-me uma proposta
irrecusável, ele também me propôs associar-me ao seus negócios, mas
estes são diferentes, ele disse-me que haveria muitas oportunidades noutras
cidades do mundo, mas é aqui que se estuda a Matemática, a Astronomia a
Ciência e vocês sabem o quanto eu gosto disto por isso decidi aceitar. No
entanto comprometo-me a ir aí no próximo Natal, depois voltarei, espero que
não se importem pois estou a viver o meu sonho.
Acabo assim esta carta com muito amor e carinho,
O vosso cavaleiro Bernardo
Mariana Ribeiro Monteiro nº21 7ºA