O documento fornece diretrizes para analisar exames de cardiotoocografia de acordo com as diretrizes ALSO, incluindo:
1) Análise da linha de base, variabilidade, acelerações e desacelerações para avaliar o bem-estar fetal
2) Três tipos de desacelerações (precoces, tardias e variáveis) e seus significados
3) Classificação final do exame como categoria I (tranquilizador) ou II (não tranquilizador) para orientar o manejo clínico
2. CARDIOTOCOGRAFIA
PROPOSTA:
Explicar de forma suscinta as diretrizes para laudar o
exame de cardiotocografia dentro das diretrizes do ALSO.
NENHUMA PACIENTE DA MATERNIDADE MUNICIPAL É
LIBERADA SEM A REALIZAÇÃO DA
CARDIOTOCOGRAFIA.
8. CARDIOTOCOGRAFIA
FREQUÊNCIA CARDÍACA BASAL (FCB): É a média da
freqüência cardíaca sobre um período de 10 minutos
(sem acelerações ou desacelerações). Normalmente varia
entre 120 e 160 batimentos por minuto. Dependendo da
idade gestacional, a freqüência cardíaca de 110bpm pode
ser considerada normal ( gestação pós-data). A FCB pode
mudar de tempo em tempo, por exemplo começar com
120bpm e depois de 20 minutos estar a 140bpm, mas
freqüentemente ela é mais ou menos constante.
* Na figura acima, a FCB é a média entre a maior
freqüência 150bpm e a menor, 120bpm.
Ou seja, (150 + 120) : 2 = 135bpm.
meno
r
maior
9. CARDIOTOCOGRAFIA
BRADICARDIA: É definida como uma freqüência
cardíaca basal de menos de 110 batimentos por minuto
por pelo menos 10 minutos. Se a freqüência cardíaca
basal está entre 100 e 110 batimentos por minuto pode
ser considerada suspeita, mas abaixo de 100bpm é
sempre patológica. A bradicardia é indicador de
sofrimento fetal agudo e se a causa não pode ser
revertida, o parto deverá ser imediato.
10. CARDIOTOCOGRAFIA
TAQUICARDIA: Uma taquicardia suspeita é definida
como estando entre 160 e 170bpm, enquanto a patológica
está acima de 170bpm. Taquicardia pode ser causada por
febre materna, infecção fetal (corioamnionite), arritmias
cardíacas e ocasionalmente sofrimento fetal.
11. CARDIOTOCOGRAFIA
VARIABILIDADE: VA
• NORMAL
• ALTERADA
VARIABILIDADE: Existem dois tipos de variabilidade
na freqüência cardíaca basal.
O primeiro é a variabilidade de “curto termo” (short
term variability). Esta não pode ser detectada pela
cardiotocografia. A segunda variabilidade é chamada de
“longo termo” (long term variability). Ela compreende as
variações na freqüência cardíaca fetal basal. Esta
variação é devido a um amadurecimento do sistema
nervoso central, parassimpático, e sua presença indica
um feto saudável.
Esta variabilidade deve estar entre 6 e 15 batimentos
por minuto. A variabilidade está ausente quando abaixo
de 2bpm; diminuída quando entre 3 e 5bpm, e aumentada
quando acima de 15bpm.
Vamos ver, se conseguimos entender. Abaixo,
mostramos uma variabilidade diminuída, estimada em
4bpm. Para calcular a variabilidade, subtraímos a maior
freqüência cardíaca da menor e esta diferença é a
variabilidade. Aqui usamos um período de
aproximadamente 3 minutos de traçado.
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12. CARDIOTOCOGRAFIA
O que devemos ter em mente em caso de variabilidade
diminuída?
1. Idade Gestacional. Este talvez seja a primeira
pergunta a se fazer quando se olhar o traçado.
Não podemos esperar que um feto em
prematuridade extrema tenha a mesma
variação na freqüência cardíaca que um feto a
termo. Pois como já foi dito, a variabilidade
depende da maturidade do sistema nervoso
central. Geralmente a variabilidade começa a
ser mais evidente após 34 semanas de
gestação, podendo acontecer antes disso.
2. Medicação Materna: Esta é outra causa comum
de variabilidade diminuída sem na verdade
representar patologia. Drogas que comumente
usamos na prática obstétrica e que podem
diminuir a variabilidade são: Aldomet,
Hidralazina, Labetolol, Adalat, Demerol
(Dolantina), anti-heméticos endovenosos,
sedativos de modo geral.
3. Sinais Vitais maternos: É fundamental que
enquanto o traçado de CTG é registrado, os
sinais vitais maternos sejam registrados nele a
cada 15 ou 20 minutos. Hipotensão Materna,
Taquicardia materna e febre podem diminuir a
variabilidade da FCF.
4. Tempo de duração: Se for por tempo limitado
com boa recuperação, pode ter correspondido a
período de sono fetal.
5. Malformações congênitas como anencefalia e
arritmias cardíacas. Taquicardia fetal
13. CARDIOTOCOGRAFIA
ACELERAÇÕES: A
• PRESENTES
• AUSENTES
Melhor indicador
ACELERAÇÕES: São aumentos transitórios da FCB.
Acelerações são sinais de que há integridade do sistema
nervoso central do feto e do mecanismo que controla o
coração. Mostram a resposta fetal aos movimentos
corporais fetais. Para serem consideradas acelerações,
elas devem apresentar um aumento em relação a FCB em
pelo menos 15 batimentos por minuto e devem durar pelo
menos 15 segundos. Em um traçado de 20 minutos, se é
esperado que ocorram pelo menos 2 acelerações.
14. CARDIOTOCOGRAFIA
DESACELERAÇÕES: D
DESACELERAÇÕES: Existem 3 tipos diferentes de
desacelerações. Elas são a resposta do feto a um
estímulo negativo. Nem sempre representam patologia ou
perigo. Durante o trabalho de parto, 50% dos fetos
apresentando desacelerações não apresentam hipóxia.
Portanto, é necessário conhecer bem as desacelerações
e seus significados para que não corramos no erro de
diagnosticar Sofrimento Fetal Agudo quando ele não
existe.
15. CARDIOTOCOGRAFIA
DESACELERAÇÕES PRECOCES (DIP TIPO I)
As desacelerações precoces estão relacionadas com as
contrações e por isso são vistas durante o trabalho de
parto, e daí sua definição como Desaceleração Intra-
Parto Tipo I (DIP I). São comumente encontradas no
segundo Estágio do Trabalho de Parto. São, na maioria
das vezes, a reflexão da descida do pólo cefálico na
pelve. São a resposta a compressão da cabeça fetal, mais
precisamente a parte frontal da testa e olhos.
16. CARDIOTOCOGRAFIA (DIP I)
Elas ocorrem concomitante com as contrações, e seu
NADIR coincide com o PICO da contração.
Elas representam um estado fisiológico e não patológico.
Sua presença muitas vezes nos dá uma indicação de que o
trabalho de parto está progredindo e não deve ser
interpretada como patológica.
Quando ela ocorre fora do trabalho de parto, por
exemplo, durante uma contração de “Braxton Hicks”,
devemos interpreta-la com cuidado, pois estes estímulos
fisiológicos não existem já que a cabeça do feto não está
sendo comprimida. Sua interpretação dependerá de
outros fatores na CTG como presença ou não de
acelerações e variabilidade. Também possíveis estados
patológicos do feto ou da gestante devem ser analisados
e outras formas de avaliação fetal devem ser indicadas.
18. CARDIOTOCOGRAFIA (DIP II)
DESACELERAÇÃO TARDIA (OU DIP TIPO II).
As desacelerações do tipo II também estão
relacionadas com as contrações uterinas e por
isso ocorrem dentro do trabalho de parto. Para
serem consideradas como preocupantes elas
devem se repetir e não ocorrer uma só vez.
Estas desacelerações têm seu NAIR depois do
pico da contração e demonstram uma “demora” na
recuperação da FCB fetal e esta demora pode ser
devido a um comprometimento fetal. Portanto
elas sugerem Sofrimento Fetal, mas não são
patogonomônicas do mesmo. Sua repetição no
entanto por um período prolongado de tempo pode
levar ao Sofrimento fetal agudo e Acidose
Metabólica.
20. CARDIOTOCOGRAFIA
DESACELERAÇÕES VARIÁVEIS:
As desacelerações variáveis mudam de forma e
tempo. Podem ocorrer dentro ou fora do trabalho
de parto. Geralmente tem uma forma mais em “V”
quando comparada com as desacelerações precoce
e tardia que mais freqüentemente apresentam
formato em “U”.
Sua significância é até hoje de difícil
interpretação.
A causa mais comum de desaceleração variável é a
compressão do cordão umbilical. Quando fora do
trabalho de parto e seguindo o movimento fetal,
temos que suspeitar de Oligohidrâmnio.
Durante o trabalho de parto, pode significar desde uma
variação do DIP I até Sofrimento Fetal Agudo. Portanto,
outras variações no traçado devem ser cuidadosamente
analisadas