O documento discute estratégias de segurança patrimonial em instalações industriais, incluindo: 1) Controle de acesso de funcionários através de crachás e revistas; 2) Controle de entrada e saída de matérias-primas e produtos através de notas fiscais; 3) Fiscalização de áreas externas e internas para prevenir roubos.
Os métodos de prospecção de cenários e sua importância nas organizações apl...
Seguro patrimonial: controle de entrada e saída de pessoal e materiais
1.
2. o seguro e a segurança
patrimonial 2~ parte
Antonio Fernando
Navarro
.Engenheiro civil
·Engenheiro de Segurança do Trabalho
·Gerente da Divisão Operacionallll da
Nacional Cia. de Seguros
·Professor da Funenseg
,.
fEl m nosso primeiro artigo desta
~série fizemos algumas consi-
derações acerca da implantação de
programas de Segurança Patrimonial
em instalacões industriais e os cuida-
dos a serem observados com a execu-
ção de suas múltiplas tarefas.
O papel da Segurança Patrimonial
ficou mais claro após essa primeira
abordagem, mormente porque defi-
niu-se a área de abrangência de cada
atividade.
Cabe também esclarecer que as ro-
tinas apresentadas não são, na verda-
de, adotadas lIin totum", devido a
uma série de fatores. Acreditamos
que a profissionalização da área seja
um dos indutores dessa mudança de
atitudes.
Na primeira parte apresentamos os
seguntes temas: .
I) Introdução à Segurança Patri-
monial;
11)Controle de Entrada e Saída de
Pessoal e Material;
11.1)Controle de Terceiros;
11.2) Identificacão de Pessoal de
Servico; .
1) 'Ingresso de Pessoal em Áreas
não Restritas;
2) Ingresso de Pessoal em Áreas
Restritas;
11.3)Identificação de Pessoal Visi-
tante;
11.4) Fiscalizacão de Terceiros.
Dando seqüência à primeira parte
do Artigo, iniciamos a seguir os de-
mais itens:
b) Fiscalizacão Discreta
A característica básica a adotar-se
quanto à fiscalização depende em
muito do tipo de empresa que se está
fiscalizando.
A vigilância ou fiscalização é dita
discreta, quando é percebida por to-
dos, sem entretanto ser ostensiva.
A idéia de que a pessoa pode estar
sendo fiscalizada é sempre um fator
inibidor de atos ou fatos danosos.
Normalmente essa atividade é
exercida a distância, sob a forma de
supervisão. Os processos desenvolvi-
dos podem ser os seguintes:
- vigilantes postados a distância,
em pontos estratégicos;
- câmeras ocultas ou semi-ocul-
tas;
- sistemas eletrônicos especiais
(células fotoelétricas, fios sensores,
placas eletrônicas etc.).
Em função do grau de segurança
adotado para o local podem-se com-
binar processos. Por exemplo, em
uma linhade produção em áreas de al-
to risco adotam-se vigilantes em pon-
tos estratégicos e câmeras semi-ocul-
tas. Poderá acontecer de serem ado-
tados mais de dois processos, como,
por exemplo, em fábrica de jóias, as
quais dispõem de vigilantes, câmeras
e sistemas eletrônicos especiais.
Éimportante frisar que o vigilante,
para a fiscalização ostensiva, necesi-
ta estar fardado, para demonstrar sua
condição de vigilante, ao passo que na
fiscalizacão discreta não há essa ne-
cessidade.
Esse tipo de fiscalização não é uti-
lizadosomente no controle de proces-
sos, como poderia vira ser evidencia-
do, mas também em outras situações.
Um exemplo aplicado ao caso é o da
reunião de pessoas influentes (presi-
dentes de empresas, políticos, celebri-
dades etc.), onde costuma-se adotar
os processos acima descritos. Outro
caso que também pode ser exemplifi-
cado é o da exposição pública de jóias,
objetos de arte, manuscritos valiosos
etc.
CADERNOS DE SEGURO 11
3. Controle de
acesso de
funcionários
Existem várias maneiras de exer-
cer-se o controle e fiscalizacão sobre
os funcionários de uma empresa, com
vistas a prevenirem-se situações anor-
mais. A primeira delas e a mais usual
é a do funcionário, ao chegar ao ser-
viço, ser obrigado a portar o crachá de
identificacão funcional.
Norma'lmente, a plaqueta de iden-
tificação é fornecida quando da con-
tratação do funcionário pela empresa,
servindo como identificacão funcio-
nal. O modelo mais comúmente em-
pregado é o constante da figura 2.
Esse tipo de identificação permite
que o profissional execute o seu ser-
viço sem ser molestado pelos vigilan-
tes. Porém, com esse sistema ocor-
rem várias deficiências. Uma delas é
o fato do único controle, pelo menos
teoricamente, de sua permanência ou
não na empresa ser o cartão de pon-
to, de eficiência duvidosa, já que po-
de ser manuseado por outras pessoas.
Emuma empresa de grande porte,
com centenas de funcionários entran-
do ou saindo praticamente no mesmo
horário. Talvez esse seja o único mo-
do, ou pelo menos o mais simp'lifica-
do, de exercer-se algum tipo de con-
trole, mesmo que precariamente.
Em decorrência do grau de segu-
rança exigido pela instalação pode-se
recomendar outra forma de controle,
como, por exemplo, a do funcionário
ao ingressar na empresa entregar a
carteira funcional e receber o cartão
EMPRESA:
NOME:
FUNÇÃO:
IDENTIDADE:
VALIDADE:
ASSINATURA DO FUNCIONARIO
Fig. 2 - Cartão de Identificação Funcional
12 FlINMG
EMPRESA
......
OBSEAVAcOes GERAIS:
Fig.1 - Ficha de Identificação de Pessoal. O modelo superior, mais simplificado, destina-se
a atividades de pequeno grau de segurança. O modelo abaixo, mais complexo, é
para grau de segurança médio.
EMPRESA. oeSERVAcOES GERAIS:
NOTA: O FUNCIONARIOOBRIGA-SE A PORTAR ESTE DO-
CUMENTO DE IDENTIFICAÇÃOENQUANTOESTIVER
A SERViÇO NA EMPRESA.
FOTO
CTPS
SELO DE RESTRiÇÃO
DE AREAS
ADMISSÃO
IDENTIDADE
GRUPO SANGÜINEO
-
fiCHA OEIDENTIFICACAoDE PESSOALCONTRAfADO
1'00<'"
NOME.
FUNCAo. FOTO
CONTRATADA.
ENDERECO
FILIACAo
RESIONCIA
PESSOA P CDNTATO
ENDERECO.
POLfGAAOIFlElTO
DOC.IDENTIDADE:
N tRACHA:
....SSlNATURA
FICHADEIDENTIFICAÇAoDEPESSCALCONTRATADOX FICHA"'.
NOME
FUNCÁO
FOTO
CONTRATADA" "
ENDERECO
FILlACAO
RESlotNCIA
REfERtNCIAS PESSOAIS
ENDERECOS
IDADE COR
ESTATURA EST. CIVIL:
GRUPOSANG FATORRH:
POLfGAAOIREITO
Doe. IDENTIDADE
N8 CRACHA-
ASSINATURA
4. de identificação. Na saída do expe-
diente faria exatamente o inverso.
No crachá fornecido, além da foto-
grafia e nome do funcionário, com o
número de identificacão (obtido atra-
vés da folha de ponto; matrícula etc.),
deverfá constar:
- nome;
- função;
- número de identificação;
- validade;
- carteira profissional;
- carteira de identidade;
- data de admissão;
- grupo sangüíneo;
- selo de restrição de áreas.
Oselo de restrição de áreas contém
um código de cores através da qual o
funcionário tem acesso a determina-
das áreas.
O código adotado pode ser o se-
guinte:
- branco: pessoal visitante ou a
serviço;
- azul: ingresso em áreas de segu-
rança pequena;
- vermelho: ingresso em áreas
com grau de segurança médio;
- preto: ingresso em áreas com
grau de segurança grande.
O selo preto permite ao seu porta-
dor o livretrânsito por todas as insta-
lações.
Entradae saída
de materiais
Pode-se classificar, para fins de
execução de tarefas, os seguintes ma-
teriais e bens da empresa, com movi-
mentação em seu interior:
- matérias-primas;
- produtos acabados;
- materiais diversos.
a) Controle de entrada e saída de
matéria-prima
O controle de entrada e saída de
matéria-prima é sempre feito através
das notas fiscais e guias de compra e
venda de mercadorias.
A carga, sob a forma a granel (sóli-
do, líquidoou gasoso) ou então acon-
dicionada em caixotarias, sacarias, to-
néis, garrafas etc., éverificada em seu
aspecto externo (disposição, violabi-
lidade, danos aparentes, contamina-
ção, rompimento de embalagem etc.)
e a seguir encaminhada ao local ade-
quado.
Ocontrole para o recebimento e ex-
pedição de matérias-primas deve ser
executado pelo setor de vigilância pa-
trimonial. Dentre as tarefas desta-
cam-se:
- conferência do veículo;
- verificação das notas fiscais,
guias e pedidos;
- conferência visual da carga
quanto à disposição no veículo, viola-
bilidade, danos materiais aparentes,
contaminação por água de chuva ou
outros produtos, rompimento de em-
balagem, identificação do material
transportado, ficha de emergência
(quando se trata de produtos perigo-
sos) etc.;
- encaminhamento do veículo.
Toda e qualquer anormalidade en-
contrada deve ser imediatamente no-
tificada. Esse setor não deve manu-
sear produtos ou abrir embalagens la-
cradas, excetuando-se casos de em-
balagens violadas ou danificadas, so-
bre as quais pairem quaisquer dúvi-
das.
b) Controle de saída de produtos
acabados
Emse tratando de saída de produ-
tos acabados cabe ao setor de Segu-
rança Patrimonial checar a entrada do
veículo e seu condutor e ajudantes, e,
na saída, verificar a guia de liberação
da carga.
Quando se tratar de produtos que
possam ameaçar ou pôr em risco a in-
tegridade das instalações, ou das pes-
soas envolvidas na operação, tais co-
mo produtos tóxicos, explosivos, in-
flamáveis, corrosivos etc., o setor de-
ve acompanhar o embarque da carga
e a retirada da mesma até os limitesda
empresa. No tocante a produtos pe-
rigosos o setor deve analisar a adequa-
ção do meio e forma de transporte às
normas do DNER.
c) Controle do fluxo de materiais
diversos
O roubo de materiais, praticados
por funcionários ou pessoal contrata-
do, pode ser bem elevado, dependen-
do do tipo de processamento adota-
do e dos produtos fabricados. Emfá-
bricas de confeccões íntimas femini-
nas há sempre múito desvio de peças.
Entretanto, não existe só a retirada do
material fabricado, mas também dos
próprios materiais e produtos existen-
tes no local de trabalho, como por
exemplo: material de limpeza (sabão,
esponja etc.), material de escritório
(blocos de papel, borrachas, lápis e
canetas), equipamentos de uso diver-
so (máquinas calculadoras, grampea-
dores etc.), café, açúcar, lâmpadas,
ferramentas e peças de pequeno por-
te. Tem sido bastante comum o rou-
bo de esguichos de mangueiras de hi-
drantes e volantes de válvulas, poste-
riormente vendidos a peso no fer-
ro-velho mais próximo.
Na grande maioria das vezes o pro-
duto do roubo é de pequeno valor:..~o-
rém, se somados uns com os outros,
assume maior importância para a em-
presa. Aprática mais usual é a da pre-
vencão da acão através de uma fisca-
lizaéão constante.
Áfiscalização pode ser divididaem
duas etapas:
· Revista de funcionários;
·Verifica cão dos ambientes de
trabalho ao término do expediente.
A revista pode ser feita individual-
mente, em cabines, muito adotada em
fábricas de confecções, além da aber-
tura de volumes e bolsas transporta-
dos. Emfuncão do número de funcio-
nários, a revista pode ser executada de
CADERNOSDE SEGURO 13
5. forma aleatóriaou não.
O tempo médio dispendido para
uma revista mais minuciosa, incluin-
do os volumes transportados pelofun-
cionário, está compreendido entre um
a três minutos, por pessoa, desde a
sua entrada no setor até sua liberacão.
Este dado é um parâmetro indicádor
do número de vigilantes a ser contra-
tado para essa atividade.
Osetor de vigilânciadeve recomen-
dar que os funcionários não entrem na
empresa portando embrulhos. Outra
prática que também deve ser evitada
é o uso de bolsas, sacolas ou mochi-
las. Nessas situações pode-se recor-
rer a uma revista na entrada e outra na
saída ou, simplesmente, empregar-se
um local de guarda de embrulhos.
Todas essas situações, aqui descritas,
deverão ser avaliadas caso a caso, co-
mo também em função do grau de se-
gurança adotado pela empresa.
Por exemplo, em um escritório, o
simples controle de material por par-
te da secretária já é um fator inibidor
do roubo.
Controle de
áreas externas
Compreendem áreas externas, pa-
rafins de controle por parte de vigilan-
tes:
· Corredores de circulação exter-
nos'
.'Áreas livresao redor das edifica-
cões;
. · Áreas programadas para expan-
são;
· Edificações de pequeno porte e
não destinadas ao setor fabril (sanitá-
rios, guaritas, refeitórios).
O controle dessas áreas deve ser
sempre feito por rondas fixas e por vi-
gilantes postados em locais estratégi-
cos.
Durante o horário de expediente o
serviço assume as seguintes caracte-
rísticas:
a) Inspeção periódica em todas as
áreas, em período nunca superior a
duas horas;
b) Verificação do estado em que se
encontram as portas, janelas, grades,
sistemas de trancamento (cadeados,
fechaduras, ferrolhos), sensores ele-
trônicos etc.
Além desses itens, em decorrência
do horário de realização da vigilância,
durante o expediente ou fora do expe-
diente, há sempre pequenas modifica-
ções na rotina dos serviços, tais como:
Controle de
áreas durante o
horário de
expediente
As principais tarefas a serem exe-
cutadas, com o objetivo do controle
de áreas, são as seguintes:
a) Controle por rondas móveis, em
intervalode tempo não superior a duas
horas;
b) Verificaçãodo sistema de fecha-
mento de aberturas;
c) "Check-up" dos dispositivos
eletrônicos de prevenção;
d) Controle do pessoal visitante e
a serviço.
Durante a execucão dessas tarefas
os vigilantes não neéessitam andar ar-
mados, podendo usar sistema de ra-
diocomunicação.
O número mínimo de vigilantes pa-
ra a execução dessas tarefas pode ser
dimensionado da seguinte forma:
Um vigilante para cada 8.000 m2
de superfície de terreno, até 80.000
m2,e um vigilante para cada 5.000 rn2
ou fração, excedente a 80.000 m2.
14 ft:NE'ff;
6. Controle de
áreas fora do
horário de
expediente
Fora do horário de expediente a ro-
tina de inspeção já deixa de ser afeta-
da pelo burburinho dos funcionários
falando, das máquinas operando etc.
A rotina a ser seguida, como pa-
drão mínimo, é a seguinte:
a) Controle de área executado por
ronda móvel, em intervalo de tempo
não superior a uma hora;
b) Vigilância feita por homens ar-
mados;
c) Verifica cão de sistemas de fe-
chamento de aberturas;
d) "Check-up" dos dispositivos
eletrônicos de vigilância;
e) "Check-up" do sistema de ilumi-
nacão ambiental (não é recomendada
a existência de superfícies com níveis
de iluminamento inferiores a J00 Lux).
Durante a execução dessas tarefas
os vigilantes, por questões de raciona-
lidade de serviços, devem comuni-
car-se com o responsável pela equipe
de vigilância, através de radiocomuni-
cador, em intervalos de tempo não su-
periores a 15 minutos, entre cada cha-
mada, transmitindo uma senha para
situações normais e outra para situa-
ções anormais.
-
À noite o número de vigilantes de-
ve ser sempre maior do que durante o
dia, em cerca de 50%.
Dimensionamen-
to da equipe
efetiva para
controle de
áreas externas
Tomando-se como exemplo uma
empresa com as características a se-
guir indicadas, dimensionaremos uma
equipe mínima:
· Superfície do terreno: 118.000
· Àrea total construída: 46.000
m2
· Três turnos de trabalho:
6:00/14:00 h; 14:00/22:00 h;
22:00/6:00 h
Nota: É importante que os turnos
de trabalho da equipe de vigilância não
coincidam com as jornadas de traba-
lho da empresa.
Dimensionamento da equipe míni-
ma:
118.000 - 80.000 = 38.000 m2
80.000 + 8.000 = 10 vigilantes
38.000 + 5.000 = 8 vigilantes
Total de vigilantes = 18vigilantes
Com a existência de três turnos, e
o da noite devendo conter 50% a mais
de pessoas, tem-se:
---- .
-
.
1? turno: a
2? turno: a
3? turno: 1,5 a
3,5 a
18vigilantes + 3,5 = (aprox.) seis
vigilantes.
A distribuição dos mesmos nos tur-
nos será a seguinte:
1? turno: seis vigilantes.
2? turno: seis vigilantes.
3? turno: seis vigilantes.
Partindo-se da premissa que do to-
tal da equipe no máximo 50% pode-
rão estar em postos fixos, temos:
1?turno: três vigilantes em ronda,
mais três em.postos.
2? turno: três vigilantes em ronda,
mais três em postos.
3? turno: cinco vigilantes em ron-
da, mais quatro em postos.
Estenúmero não inclui o pessoalde
reserva, necessário para cobrir even-
tuais faltas ou férias.
Após cada turno de serviço deve
ser feito um relatório pelo chefe da
equipe, contendo todas as anormali-
dades efatos ocorridos em seu turno.
No próximo artigo, dando seqüência
àsérie, abordaremos os seguintes tó-
picos:
· Vigilância das áreas internas;
· Controle sobre as instalações e
edificações durante e após asjornadas
de serviço. I
II
J
(Continua no próximo número)
CADERNOSDE SEGURO 15