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Org: Marcos Aurélio e Arturo Meneses
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“Vocês são o sal da terra. Vocês são a luz do mundo. Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus”. 
Mateus 5.13ª, 14ª, 16 NVI 
“Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo o Joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai”. 
Filipenses 2.9-11 NVI 
“Tu Senhor e Deus nosso, és digno de receber a glória, a honra e poder, porque criastes todas as coisas, e por tua vontade elas existem e foram criadas”. 
Apocalipse 4. 11 NVI 
Textos citados no livro - Igreja: Agente de Transformação.
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SUMÁRIO 
Palavra Introdutória ---------------------------------------------------------------- 04 
Guia Didático -------------------------------------------------------------------------05 
PARTE I - ARTIGOS 
I - Bases Bíblicas da Missão Integral da Igreja ------------------------------------08 
Pedro Arana Quiroz 
II - A Igreja que Enfrentou a Pobreza -----------------------------------------------12 
Ariovaldo Ramos 
III - E se o Sal não Salga... ------------------------------------------------------------15 
José Marcos Silva 
IV - Cidadãos do Reino, Cidadãos do Mundo! -------------------------------------18 
Wilson Costa 
V - A Igreja e Seu Papel na Missão de Deus (Missio Dei) -------------------------22 
Hudson Taylor Maia 
VI - A Missão da Igreja ---------------------------------------------------------------25 
Romildo Gurgel 
VII - Transformando o Mundo Para a Glória de Deus ----------------------------30 
Marcos Aurélio dos Santos 
VIII - Emerge um Novo Conceito de Santidade ------------------------------------33 
Antônio Carlos Costas 
IX - Práticas de Liderança Para Uma Missão Transformadora ------------------35 
Arturo Meneses 
X - Igreja: Agencia de Transformação no Mundo Contemporâneo --------------38 
Renildo Diniz Lopes Junior
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XI - O Desafio Urbano às Igrejas ----------------------------------------------------41 
Sergio Paulo Ribeiro Lira 
Os Fatores Essenciais e as Melhores Práticas para Engajar sua 
Igreja na Missão Integral de Deus---------------------------------------------------48 
Ana E.C. Borquist e Bruce R. Borquist 
XII – Igreja Integral ------------------------------------------------------------------53 
Leandro Silva 
XIII - Implantando Pequenos Grupos na Igreja -----------------------------------61 
Tiago Nogueira de Souza 
PARTE II - ANEXOS 
I - Para o Senhor Que Amamos: Compromisso da Cidade do Cabo -------------66 
II - Declaração de Natal: Redescobrindo o Evangelho Integral 
Para a Igreja Hoje ---------------------------------------------------------------------82 
Equipe ALEF 
III - O caráter Eclesiológico do Pacto de Lausanne --------------------------------87 
Key Yuasa 
IV - Sobre os Autores -----------------------------------------------------------------97
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Palavra Introdutória 
É com grande alegria no Senhor Jesus que a equipe coordenadora de metodologia do congresso ALEF – 2014, disponibiliza este relevante material para reflexão. Atendendo tanto aos anseios de nossos leitores como da equipe ALEF, Compartilhamos estas reflexões sobre o tema “A Igreja e sua Missão Transformadora”, assunto que será abordado em nosso congresso de 2014 no período de 15 a 18 de Outubro em Natal, RN. 
Na primeira parte o leitor encontrará uma coleção de artigos escritos por irmãos e irmãs comprometidos com as Escrituras e com os valores do Reino de Deus relevado na mesma. Na segunda parte, o leitor poderá fazer a leitura e refletir sobre dois importantes documentos. “A Declaração de fé da Cidade do Cabo”, que aprofunda de maneira abrangente o documento do Pacto de Laussane, e a declaração de Natal, que condensa as reflexões e compromissos do congresso ALEF para pastores e líderes realizado no ano de 2013. Ainda nesta sessão está disponível o texto “O caráter eclesiológico do Pacto de Lausanne”, que reflete sobre a missão integral da Igreja. 
Este caderno não tem a pretensão de entregar ao leitor, uma resposta pronta sobre o papel da igreja e sua missão para transformar o mundo. Nosso propósito é levar aos leitores (as) uma reflexão que produza um diálogo, para que por meio desta, a Igreja possa encontrar uma direção que a leve a prática da Missão de Deus. 
Boa Leitura. 
Marcos Aurélio dos Santos, 
Coordenador de metodologia do congresso ALEF 2014.
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Guia Didático 
Sugestões Para Usar este Caderno 
Saudações fraternais, prezados leitores. Consideramos uma benção e uma grande oportunidade de disponibilizar estes artigos e documentos chaves para a sua reflexão, junto com suas congregações, no qual representa o pensamento de mais de dez autores do Brasil e outros países. 
Para facilitar o processo de estudo, vivencia e aproveitamento, oferecemos alguns princípios e guias didáticos. 
1. Dê uma olhada no Sumário de conteúdo dos artigos, para identificar aqueles temas que possam ser de major interesse para sua igreja, grupo pequeno, seminário ou comunidade. 
2. Para maior referência, pode consultar a tabela de temas e objetivos gerais, anexa ao final deste guia didático. De essa maneira, terá uma perspectiva mais ampla de como o conteúdo pode apoiar na reflexão do seu ministério. 
3. Utilize os artigos, como parte de um processo educativo e não só de leitura simples. Sugerimos responder as perguntas, ao final de cada reflexão, em trabalho de grupos, o qual ajudará para fortalecer o aprendizado e integrá-lo na sua prática ministerial. 
4. Anote qualquer pergunta que possa surgir da leitura e estudo. Venha preparado ao Congresso nas datas 15-18 de Outubro, para interagir com os autores, compartilhar seu feedback e esclarecer qualquer dúvida. 
5. Compartilhe com outros o conteúdo do material e suas reflexões sobre as perguntas. Pense na possibilidade de usar os artigos como apostila sobre módulos específicos de estudo formal ou não formal nos temas de: A missão de Deus para o mundo; A igreja e sua missão transformadora como cooperadora de Deus; Liderança para a missão; Os desafios de transformação do contexto brasileiro; A pobreza e a missão de Deus, etc. 
6. Ore pelo Congresso ALEF 2014 e para que Deus utilize estas ferramentas de estudo, para fortalecer o papel da Igreja Cristã na Missão Transformadora de Deus (Missio Dei). 
A seguinte tabela pode ser útil para identificar os temas de maior interesse no contexto da sua igreja ou ministério:
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Título 
Objetivo geral para o aprendizado 
 Bases bíblicas da Missão Integral da igreja 
Como a igreja pode servir as necessidades do mundo, sem perder a identidade cristã, segundo o modelo de missão de Jesus Cristo. 
 A igreja que enfrentou a pobreza 
Articular uma proposta e ética bíblica de trabalho da igreja para combate à pobreza. 
 E se a sal não salga? 
O desafio da igreja para se mover do individualismo (idios) ao comunitário (polis) para ser sal da terra. 
 Cidadãos do reino, cidadãos do mundo 
Como a igreja pode se envolver com causas justas na cidade. Ser fiel a Deus nos desafios para o shalom de Deus. 
 A igreja e seu papel na Missio Dei 
Entender que a igreja não contempla as mudanças sociais como parte de seu oficio, ainda não compreendeu a missão de Deus (Missio Dei) 
 A missão da igreja 
Caraterísticas da comunidade de fé, para cumprir a missão comissionada por Deus na abrangência do modelo de Jesus. 
 Transformando o mundo para a gloria de Deus 
Entender as dimensões da tarefa de reconciliar todas as coisas junto com Jesus, como membros da sua igreja com ministério profético. 
 Emerge um novo conceito de santidade 
Considerar três elementos novos para a forma de vivenciar o cristianismo pelos cristãos brasileiros. 
 Práticas de liderança para uma missão transformadora 
Entender que não pode haver missão transformadora, sem liderança também transformadora, com práticas exemplares que ajudam a recuperar sua credibilidade para viabilizar a missão. 
 Igreja: Agência de transformação no mundo contemporâneo 
Refletir no papel e desafios da igreja, como parte do modelo estabelecido por Deus, para expandir sua missão. Propostas para uma missão transformadora. 
 Os Fatores Essenciais e as Melhores Práticas para Engajar sua Igreja na Missão Integral de Deus 
Propostas e desafios práticos para levar a igreja a refletir e agir dentro do contexto onde ela está inserida. Aborda questões como: Formação de liderança, pesquisas na comunidade, formação de associação e etc. 
 Igreja Integral 
Pensar de maneira bíblica e teológica sobre os desafios da igreja na busca da integralidade da missão. 
 Implantando pequenos Grupos na Igreja 
Refletir sobre propostas e desafios para a implantação de pequenos grupos na igreja nas dimensões de edificação e evangelização. 
 O desafio urbano das igrejas 
Aspectos para delimitar a abordagem do desafio missionário, no contexto das metrópoles urbanas. 
 Compromisso da Cidade do Cabo (Lausanne) 
Conhecer os compromissos e propostas mais recentes sobre a missão de Deus do Movimento Lausanne de Evangelização Mundial. Reunião na África do Sul em 2010. 
 Declaração de Natal. Congresso ALEF 2013 
Revisitar as lições aprendidas, desafios e compromisso de seguimento do Congresso ALEF 2013 sobre o Evangelho Integral. 
 O caráter eclesiológico do Pacto de Lausanne 1974. 
Reafirmar o conteúdo central do Pacto de Lausanne 1974 e as implicações para a missão da igreja, desde uma perspectiva integral. 
Arturo Meneses.
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ARTIGOS
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Bases Bíblicas da Missão Integral da Igreja 
Pedro Arana Quiroz 
Queremos pensar as bases bíblicas da missão integral da Igreja a partir de Mateus 9.35 – 10.1. Esse texto contém, em forma embrionária, a perspectiva, o conteúdo, a motivação e o impulso para a missão. Tanto a perspectiva da missão da Igreja como a própria missão, em sua totalidade, são vistas na vida e ação de nosso Senhor Jesus, de forma histórica e concreta. A perspectiva dessa missão tem como ponto determinando e determinado a vida da missão da Igreja em sua oração sacerdotal e intercessora: “Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.” (Jo 17.18) 
Depois de sua morte e ressurreição, a oração se transforma, em seus lábios, num mandamento missionário: “Assim como o Pai me enviou, assim também eu vos envio” (Jo 20.21), sugere que a missão da Igreja deve corresponder à própria missão de Cristo. “Dito de outra maneira, a missão de Cristo é o modelo para a missão da Igreja: Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio”. Isso quer dizer que, da compreensão da missão de Jesus Cristo, a Igreja deve deduzir a compreensão de sua própria missão. 
Como foi que o Pai enviou o seu filho unigênito ao mundo? 
(1) Enviou-o como homem: Adão, novo Adão (Sl 8, Hb 2). 
(2) Como Filho do homem e servo sofredor (Dn 7.14, Is 53) 
(3) A síntese cristológica (Mc 10.45, Lc 22.27) 
(4) O novo Adão (Fl 2.5-8, Hb 4) 
Jesus nos oferece o modelo perfeito de serviço e envia sua igreja ao mundo para que seja uma igreja serva. Ele expressou seu amor em serviço, e este é o caminho de igreja. De que forma é essencial que recuperemos esta ênfase bíblica em nosso ministério? PATRÕES E SERVOS. CAPITALISTAS E DEPENDENTES. 
O destino do Filho de Deus foi o mundo de Deus: “Assim como o Pai me enviou”. “Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu vos enviei ao mundo”. O Cristo-homem veio ao mundo dos homens. Não a um mundo ideal, mas ao mundo tal e qual ele é. Ele se reduziu a uma cultura particular – ou, dito de outra maneira, a um espaço-tempo-recado. Por que toda cultura está limitada pela geografia, pela história e pela situação de pecado. Jesus enviou sua igreja “como ele foi enviado” ao mundo da história, da geografia e do pecado, o qual, no entanto, é o mundo de Deus, o mundo das Escrituras.
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Devemos identificar-nos com este mundo, sim, mas sem perder nossa identidade cristã. O que significa isto em termos práticos? Significa conhecer, conviver, compartilhar e comprometer-se com o mundo. 
Conhecer: este mundo deve ser conhecido, devido à natureza de nosso trabalho. O conhecimento da situação que nos rodeia é a base para uma missão séria da igreja. Conhecer as pessoas com o respeito que merecem aqueles a quem iremos servir. Temos de fazer o melhor por eles, como pessoas no mundo. O amor é a direção única que leva ao conhecimento. Amor a Deus e amor ao próximo. 
Conviver: temos de aprender a conviver com nós mesmos e com as pessoas a quem Deus nos enviou, pessoas com as quais Ele se preocupa. 
Compartilhar: tudo que o Senhor nos tem dado. Isto é, compartilhar o evangelho em sua dimensão integral e lutar pelos valores deste evangelho: justiça, paz, preocupação pelas necessidades humanas. 
Comprometer-nos: Cristo estava comprometido com a vontade do Pai, pelo que também se comprometia com os seus. Não se trata de servirmo-nos a nós mesmos, mas de comprometermo-nos com os demais: “Este mundo espera a revelação dos filhos de Deus”. 
Como podemos ser melhores servos na igreja? O poder corrompe e a igreja não está livre dessa corrupção. 
A vida de Jesus foi uma vida itinerante, uma vida peregrina; uma vida, como diria João A. Mackay, do caminho. “Jesus percorria os povos e aldeias”. 
A igreja, assim como o Senhor Jesus, deve ser uma igreja do caminho e não do balcão. Ela não pode permanecer como espectadora da história: tem de descer para onde se travam as lutas reais dos homens. Ali se encontram as necessidades, que são o chamado premente da Igreja para que possa cumprir sua missão. A passagem também nos fala do conteúdo da missão. Diz que o Senhor ensinava, pregava e servia. Talvez seja isso que a igreja tem esquecido. De testemunha ocular dos acontecimentos humanos, ela tem de passar a identificar-se e solidarizar com as necessidades reais das pessoas. Deve participar como portadora de Cristo e de sua graça, oferecendo os recursos que seu Senhor lhe confiou para a transformação, não somente da situação, mas também da natureza dos participantes. 
Essa imersão nas necessidades humanas deve levar ao nítido reconhecimento de que a necessidade fundamental do homem é de natureza espiritual. A ruptura entre Deus e os homens deve-se à lamentável realidade do pecado humano. O pecado é o agente de toda desarmonia, seja com Deus e o próximo, seja consigo mesmo e com a criação. O pecado é essencialmente pessoal; suas consequências sociais, porém, são trágicas e imediatas.
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Jesus veio para salvar os pecadores. Cabe à Igreja fazer chegar essa salvação, hoje, aos pecadores. Jesus, em sua tarefa, envolveu-se com os pecadores, não com seu pecado. A Igreja, em sua história, muitas vezes participou dos pecados dos pecadores (orgulho, egoísmo, cobiça), afastando-se, porém, dos pecadores. Não poucas vezes, em seu distanciamento, ao invés de fazer chegar a eles a salvação e a redenção, ofereceu-lhes somente crítica e juízo. 
Quando as igrejas esquecem algumas dessas dimensões do conteúdo de sua missão, entram em discussões estéreis que polarizam as posições e, diria eu, caem na infidelidade, pois infidelidade quer dizer não obedecer ao que Cristo manda e ensina. Não somente pelo preceito, mas pelo exemplo. Jesus ensinou, anunciou o evangelho e serviu. Cada uma dessas dimensões tem lugar dentro da missão da Igreja, sem mescla nem combinação. E se a Igreja quiser ser fiel, tem de cumprir estas dimensões em sua tarefa missionária. 
O texto fala também da motivação da missão: “Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, por que estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não tem pastor.” A motivação, a causa que moveu Jesus, a força interna que o impulsionou, foi a compaixão: do latim “compaixão”, padecer junto a; do grego “sun-patiens”, sofrer com. Quando nos é dito que o Senhor sentiu compaixão, isto significa que ele se identificou com essa gente, solidarizou com suas necessidades, colocou-se em sua pele. A Igreja também tem de fazer o mesmo. 
Não pode fazê-lo, no entanto, sem a presença e o poder do Espírito santo, que dominava a vida de Jesus Cristo, mas que nem sempre domina a vida da Igreja. 
Aqui fica muito evidente para onde o Senhor direcionava sua compaixão: “Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas”. A Cristo importavam e importam as pessoas. Mesmo que para a Igreja hoje importem mais os números e as estatísticas, os edifícios, os alto-falantes e as luzes de efeito, para Cristo o importante eram as pessoas. Hoje, uma igreja que queira ser fiel a Cristo tem de enxergar além das estatísticas, isto é, ver as pessoas e as suas necessidades. Deverá enxergar além das estruturas que possui ou das facilidades materiais que desfruta e ver as mentes, os corações e a fome espiritual, emocional e física das pessoas. 
Tudo que Cristo fez, ele o fez pelo homem-em-comunidade e pelo homem de carne e osso. Não por uma ideia do homem, não por uma alma desencarnada, mas pelo homem vital e vivente, cheio de necessidades, angústias e problemas, cheio de aspirações e esperanças. A este homem é que Cristo se dirigiu, atendendo a suas necessidades. 
A passagem, porém, fala não somente da perspectiva, do conteúdo e da motivação para a missão, mas também do impulso missionário. Esse é um impulso comprometido: “E então se dirigiu a seus discípulos: A seara na verdade é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da
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seara que mande trabalhadores para sua seara.” Não entrarei na exegese do texto. O certo é que o dono da colheita é Deus, que ele tem um povo e que seus discípulos, a Igreja, devem reunir este povo, para que façam “conhecidas, entre os povos, as obras do Senhor”. 
Esta é uma oração que compromete: “Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para sua seara”. Observem como surge a resposta: “Tendo chamado os seus doze discípulos, deu-lhes Jesus autoridade sobre espíritos imundos para expeli-los, e para curar toda sorte de doenças e enfermidades”. Afirmo que, para a igreja, o maior perigo é orar, pois o Senhor responde a oração e nós fazemos parte da resposta. Se ele mandou que eles orassem, deviam estar dispostos a fazer parte da resposta dessa oração. A igreja que olha o mundo, que entende o chamado do Senhor e que escuta a Cristo, essa é a igreja que é chamada e convocada para ser a resposta de sua própria oração, assim como aconteceu com os discípulos. 
FONTE: formacaoredefale.pbworks.com 
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: 
1. Em que fundamento a Igreja deve firmar-se para fazer a missão? 
2. Qual a relação que a igreja deve ter como o mundo que a cerca? 
3. Qual o nível de comprometimento que a igreja deve ter com o mundo?
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A Igreja que Enfrentou a Pobreza 
Ariovaldo Ramos 
A primeira igreja nasceu em meio à pobreza, e a enfrentou, deixando lições preciosas. Começaram reagindo à mesma, não sendo tolerante para com a realidade em que os pobres estavam imersos. Responderam com solidariedade, onde os irmãos, como podiam, desfaziam-se voluntariamente de posses para ajudar os demais, segundo a necessidade dos mesmos. Depreende-se um padrão mínimo que, rebaixado, acionava o socorro. 
E o padrão de socorro não era determinado pelas posses dos doadores, sim pela necessidade dos beneficiários, o que indica que a ação era tomada a partir do conceito do direito, o irmão necessitado tinha o direito de ser atendido em sua carência, cabia à comunidade a satisfação do mesmo. 
Claro que, como Paulo procura deixar claro em sua segunda carta aos tessalonicenses: “Quem não quiser trabalhar também não coma” - 2Tes 3.10; isto é, todas as alternativas possíveis deveriam ser tentadas, porém, sem detrimento ao direito do irmão. Essa postura era tanto entre irmãos, quanto entre comunidades, como no caso em que todas as comunidades se uniram para socorrer a comunidade em Jerusalém. 
Num outro momento, percebe-se o desenvolvimento de um programa para o sustento das viúvas, uma espécie de programa previdenciário da Igreja, assumindo a responsabilidade por aquelas que não tinham mais acesso ao trabalho remunerante. Programa levado tão a sério, que uma categoria nova de oficiais foi acrescentada à Igreja. Estes, os diáconos, assumiram o ministério de seguridade social da comunidade. 
Desse enfrentamento da pobreza surgiram conceitos de intensa pedagogia: 
“Aquele que furtava, não furte mais, antes trabalhe para ter com que acudir ao necessitado” Ef 4.28. Aqui, a vitória sobre o pecado do furto é passar a contribuir com o necessitado. De lesa-patrimônio a sustentáculo dos despossuídos de patrimônio, e não a construtor de seu próprio patrimônio. Dá até para pensar que, para o apóstolo, o ato da acumulação se assemelha de alguma maneira ao furto. Há, também, nessa colocação, a sugestão de uma ética do trabalho: a solidariedade - trabalha-se, também, por responsabilidade para com o outro; o que amplia a dimensão da frase paulina: “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma...” Há um assumido débito para com o necessitado. 
“Porque não é para que os outros tenham alívio, e vós, sobrecarga; mas para que haja igualdade, suprindo a vossa abundancia, no presente, a falta daqueles, de modo que a abundancia daqueles venha a suprir a vossa falta, e,
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assim, haja igualdade, como está escrito: O que muito colheu não teve demais; e o que pouco, não teve falta.” 2Co 8.13-15. 
Como estas palavras foram ditas no contexto da coleta para a Igreja em Jerusalém, surge a possibilidade da leitura dum apontamento na direção de uma universalização do trabalho solidário, algo semelhante ao conceito de revolução permanente, capaz de gerar um conceito de acordo internacional pela erradicação da pobreza, pela busca da igualdade entre as nações pela partilha, onde os superavitários se responsabilizam pelos deficitários; o que ocorre numa perspectiva de acesso universal ao trabalho e num consenso de que todos trabalham por todos, pois a humanidade é o foco. E sendo assim, a fé cristã tem uma proposta de revolução quanto ao fim da economia e quanto ao parâmetro para a geopolítica internacional. 
“E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem” 2Tes 3.13. 
Este estímulo, dito no contexto da tentativa de alguns de se aproveitarem da bondade da comunidade desafia a toda a Igreja a estabelecer esses valores como inegociáveis, a despeito de quaisquer tentativas de abuso. “Bem”, portanto, pode ser entendido como esse conjunto de valores que configura uma ética do trabalho para o combate à pobreza. 
“Como está escrito na lei de Moisés: ‘Não atarás a boca ao boi que debulha o trigo’.” 1Cor 9.9. “O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a participar dos frutos” 2Tim 2.6. 
Onde a ética dos apóstolos coloca o trabalhador? Como primeiro e privilegiado beneficiário de seu trabalho; a exemplo do boi, que não pode ser impedido de ser o primeiro a desfrutar de sua produção. Até porque, como o trabalho é para a solidariedade voluntária, o trabalhador para poder exercer essa partilha, tem de ter o que partilhar, tem de ser senhor de seu trabalho. 
Aqui, mais do que um princípio ético, há um postulado econômico: O trabalhador tem de ser o primeiro a desfrutar do resultado de seu trabalho. O desenvolvimento deste primado há de redefinir a administração dos meios de produção e do lucro. A primeira Igreja na sua intolerância para com o estado de pobreza propôs abordagens desafiadoras, pertinentes e que mantêm atualidade. 
FONTE: ariovaldoramos.blogspot.com 
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:
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1. O que deve determinar a prática de socorro na igreja? 
2. A quem a igreja deve fazer o bem? 
3. Qual a diferença entre socorro ao necessitado e assistencialismo?
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E, Se o Sal Não Salga.... 
José Marcos Silva 
Imagine que você convide amigos para um churrasquinho e ao servir a carne, todos percebam que ela está insossa. Curioso, e sabendo que colocou sal à vontade, você vai até o saleiro, prova uma pitada do sal e verifica que o mesmo já não está mais salgado. O que você faria? 
Em Mt 5.13 Jesus faz uma analogia entre nós, os seus discípulos, e o sal. O texto você conhece muito bem. Ele diz que aquele sal já não serve mais pra nada, a não ser pra ser jogado fora e pisado pelas pessoas. O sal não perde o seu sabor, enquanto se mantiver puro, porém, contaminado com outras substâncias, é possível que não salgue mais, nem se consiga mais restaurar as suas características. Nesses casos, nos tempos de Jesus, era comum usar o sal insípido para pavimentação das ruas ou para ser jogado nos batentes de templos pagãos, para evitar que as pessoas escorregassem. Em todo caso, só servia para ser pisado pelas pessoas. Logo o sal, que era uma especiaria tão preciosa que chegou a servir como moeda de pagamento das jornadas de trabalho, de onde nasce o nome “salário”. Já em tempos em que não havia energia elétrica, o sal servia também para conservar a carne. De fato, era algo muito precioso. 
Vamos transportar essa comparação para a realidade da igreja “evangélica” brasileira. Tenho uma grande luta dentro de mim: a de não perder a esperança quando penso no rumo desta Igreja. Procuro olhar para o lado bom das coisas a fim de que possa manter a utopia no lugar mais alto da minha vida, ao mesmo tempo em que, na qualidade de profeta do Senhor, não posso perder o poder da contemplação, ou seja, de olhar os fatos de maneira crítica. Não quero deixar de enxergar a bênção na vida de um sujeito prostituído, mentiroso, drogado, que se torna crente e abandona a cachaça, a amante e a mentira, mas também não posso deixar de enxergar que este mesmo sujeito pode ser um religioso tão insuportável que feche as portas do céu para quem está ao seu redor. 
Bom, mas, saindo deste parâmetro mais individualista, passemos para o mais geral. Há um fenômeno na igreja “evangélica” brasileira que me intriga muito. Somos quarenta milhões de professos seguidores de Jesus, mas, não vemos a relevância disso, pelo menos como deveríamos. O que justifica esse fenômeno? Dentre tantas, compartilho, pelo menos, duas pistas. 
À primeira, denominarei de “Igreja Idiotizante”. Antes de você se chatear comigo, explico que não me refiro ao termo como sinônimo de idiota, a partir do uso pejorativo que denota aquele/a que é tolo. Não é isso. Refiro-me ao termo no uso etimológico da palavra, do seu radical grego “idios” que se refere àquilo que é da ordem dos interesses pessoais. É o mesmo radical que usamos para a palavra idiossincrasia, que significa aquilo que é peculiar a mim mesmo.
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Criamos no Brasil, e replicamos massivamente, um modelo de igreja focada, quase que exclusivamente, no indivíduo e suas necessidades pessoais. Isso é tão claro que eu poderia dispensar qualquer exemplo, mas, vamos a alguns deles: qual é a mensagem central da “igreja” que mais cresce no Brasil? “Pare de sofrer!”. Multidões em romaria vão ao encontro dos pastores “ungidos” e midiáticos em busca de empregos, prosperidade, curas, casamentos... Nossa hinologia é predominantemente “idiotizante”. Entra na minha casa, entra na minha vida, mexe com minha estrutura... Os pronomes estão, quase sempre, na primeira pessoa do singular - eu, meu. Verifique os cultos de oração e verá que os pedidos são, quase sempre, na ordem do pessoal, do individual. 
Por estar tão focada no “eu” no “meu” (idios), esta igreja se esquece do “nós” e do “nosso”. Criamos uma igreja que, na teoria, ora o “Pai Nosso”, mas na prática busca o “Pão Meu”. Em função desse individualismo (idiotismo), grande parte dessa igreja cometeu desvios tão substanciais que está se sujando com Mamon. Isto é tão notório que identificamos um “irmão abençoado”, pela quantidade de bênçãos (leia-se, bens) que ele consegue receber de Deus, quando, na real, deveríamos medir nosso grau de “abençoamento”, não pelo que recebemos de Deus, mas pelo que repassamos aos outros, ou não é verdade que “mais bem-aventurada coisa é dar do que receber”? 
Ora, mas enquanto a igreja atua no varejo, Satanás atua no atacado. A igreja foca no indivíduo e o Diabo foca nas estruturas. Sendo assim, salvamos um e perdemos mil. Nesse aspecto, a única saída é a igreja deixar de ser idiotizante, para ser politizante (do grego “polis” – todo, comum, cidade...). Logicamente que não estou propondo que a igreja esqueça o sujeito. Não é isso. Só estou sugerindo que ela se volte também para os sistemas. Essa tarefa só será possível se a igreja recuperar a sua autoridade profética. 
Entendo que o resgate da profecia é a segunda pista/ação para se evitar o processo de insipidez da igreja. Tal retorno se dará, primariamente, por um resgate dos significados de profeta e profecia. No senso geral, entendemos o profeta como o adivinhador e a profecia como adivinhação. Isso é catastrófico. Na Bíblia toda, o/a profeta/tisa é o/a “Boca de Deus” cuja missão é trazer o realimento entre o povo e a vontade de Deus. Essa profecia, quase sempre, tinha endereço certo: os sistemas político (Is 10.1-3; Jr 23.5, 6), social (Hc 1.2-4), econômico (Am 8.4-6; Os 4.1-3; Mq 2.1-3) e religioso (Am 5.21-6.14; Os 6.6; Mq 3.5-7). Esse realimento com a vontade de Deus tem a justiça como o seu eixo principal. Aliás, o principal marcador do Reino de Deus é a justiça, e não necessariamente a quantidade de novos crentes que o nosso sistema religioso consegue produzir, pois se fosse assim, os quarenta milhões de “evangélicos” estariam aumentando os sinais do Reino, mas, as estatísticas dizem o contrário. 
Acredito que essas duas pistas devam se constituir duas bandeiras de reflexões e lutas da igreja: a “desidiotização” da igreja e o resgate da profecia. Com elas, impediremos o processo de nos tornarmos “sal que não salga” e
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consequentemente, não teremos o desprazer de vermos a “igreja ser pisada pelos homens”. 
PERFUNTAS PARA REFLEXÃO: 
1. O que você entendeu sobre o termo “idiotização da igreja”? 
2. Que aspectos devem ser levados em conta para que haja o resgate da profecia? 
3. Porque o Sal deve salgar?
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Cidadãos do Reino, Cidadãos do Mundo! 
Wilson Costa 
Este breve texto de reflexão bíblica e teológica sobre a vida cristã, inicia com esta pergunta: deve o crente em Jesus Cristo envolver-se com causas justas neste mundo? 
No início de 2012, Vitor, um jovem de 21 anos, foi espancado por cinco rapazes ao tentar impedir que batessem em um mendigo no Rio de Janeiro. Foi notícia no Brasil todo. Ele quase morreu, sofreu muitas cirurgias e ficou hospitalizado por muito tempo. 
Seis meses depois, um juiz criminal determinou o cancelamento da prisão preventiva dos acusados, abrandando também a natureza do crime, livrando os de um júri popular. O estudante lançou uma petição na internet para cobrar punição adequada aos seus agressores, para obter 20 mil assinaturas de repúdio às mudanças, exigindo que a justiça fosse feita. Em poucos dias já havia obtido 15 mil assinaturas. 
Este é um episódio sobre justiça e impunidade. Justiça é um valor do Reino de Deus com o qual o crente necessariamente precisa estar conectado. E se os crentes do Rio de Janeiro e do Brasil olhassem uma causa dessa como algo em que eles deveriam se envolver? Não poderíamos ter as 20 mil assinaturas em apenas um dia? 
O NOSSO BEM-ESTAR DEPENDE DO BEM-ESTAR DA CIDADE 
O profeta Jeremias escreveu ao povo de Deus que tinha sido levado cativo para a Babilônia: “Busquem a prosperidade da cidade para a qual eu os deportei e orem ao SENHOR em favor dela, porque a prosperidade de vocês depende da prosperidade dela”. (Jer. 29.7 versão NVI) 
No meio do povo havia falsos profetas dizendo, em outras palavras: “não se importem com esta terra, a Babilônia, pois não é a terra de vocês e logo Deus os levará de volta pro lugar de vocês”. Parecido com o discurso dos crentes que dizem: “não precisamos nos preocupar com este mundo, não; logo Jesus vai voltar e este mundo será consumido pelo fogo e nós vamos para nossa pátria celestial”. 
O profeta de Deus orienta o povo de Deus olhe para a Babilônia como a terra deles agora, na qual eles devem servir a Deus, viver as suas vidas e ser luz para aquela nação. Eles devem agir para produzir e desfrutar do shalom mesmo no exílio. Shalom envolve saúde integral, bem-estar material e espiritual, harmonia com Deus, com o próximo e com a criação. 
Não foi exatamente isso que Jesus deu como motivo para sua vinda? “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância.” (João 10.10) Será que
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ele estava falando da vida no céu? Ou será que podemos viver em vitória na Babilônia? 
NÃO É UM CRENTE EM JESUS UM EXILADO NESTE MUNDO? 
A resposta é sim! Foi o próprio Senhor Jesus que disse: “Eles não são do mundo, como eu também não sou”. Por isso rogou ao Pai: “santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade”. Desta forma, Jesus já apontava o tipo de vida piedosa e reta que os seus teriam no mundo, à luz da verdade manifestada por suas palavras. O sentido de santificado é que somos separados para Deus, dedicados a Deus, mesmo vivendo neste mundo. Por isso, no meio dessa oração, há uma declaração de envio: “Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo”. (João 17.16-18) 
O apóstolo Pedro compreendeu bem isso. Ao escrever sua Carta, refere-se aos crentes em Jesus como “estrangeiros” e “peregrinos”. Tal qual os do povo de Deus que foram deportados para a Babilônia. 
COMO VIVEMOS NESTE MUNDO SEM SER DO MUNDO? 
Não somos do mundo, mas somos enviados ao mundo pelo próprio Senhor que nos separou para servi-lo. No meio dessa sociedade desconectada com Deus, somos reconciliados com Deus por meio de Jesus e somos chamados a testemunhar do amor de Deus às pessoas que Deus ama e por quem sacrificou seu único Filho. 
Precisamos ter o sentimento que houve em Jesus: “E quando chegou perto e viu a cidade, chorou sobre ela, dizendo: Ah! se tu conhecesses, ao menos neste dia, o que te poderia trazer a paz! mas agora isso está encoberto aos teus olhos. (Lucas 19.41, 42) 
OS CRENTES MANIFESTAM O GOVERNO DE DEUS PARA A CIDADE 
Deus é o Rei das nações e ele governa todo o mundo. Isso é cantado muitas vezes nos Salmos. É anunciado por Jesus que, por sua vida, ensino e obras, manifestavam o reino de Deus. 
Podemos ilustrar isso assim: 
A igreja, que representa a comunhão dos seguidores e seguidoras de Jesus, está no mundo. E abrangendo a igreja e o mundo está o governo de Deus. Deus lida com a igreja, mas também lida com o mundo. Não há por que não levarmos a sério a recomendação de Jeremias, “orai pela prosperidade da cidade”; e o ensino do apóstolo Pedro: “Amados, insisto em que, como estrangeiros e peregrinos no mundo, (...) Vivam entre os pagãos de maneira exemplar para que (...) observem as boas obras que vocês praticam e glorifiquem a Deus no dia da sua intervenção.” (I Pe. 2.11, 12) 
Boas obras, evidência da fé salvadora.
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O apóstolo Pedro está relembrando o ensino de Jesus: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” (Mateus 5.16). A luz de Cristo resplandece no mundo por meio da vivência do Evangelho pelos seguidores e seguidoras de Jesus. 
O apóstolo Paulo relembra isso quando escreve aos Efésios: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, (...) somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas.” (2.8-10). Então, a salvação não vem das obras, mas se manifesta nas boas obras. 
Com este entendimento podemos compreender a ênfase de Tiago: “Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma.” (2.17, 18). 
Deus nos chama para a prosperidade da cidade. 
Para que nossas cidades desfrutem do shalom de Deus elas precisam experimentar mais da manifestação da justiça de Deus no meio da sociedade. A prosperidade da cidade depende de muitos fatores: estabilidade institucional e política, com bons governantes, bons legisladores, bons juízes. Também depende da economia, com oportunidade de empregos, acesso à alimentação, à moradia, à educação, à saúde. As cidades precisam de segurança, meios de transporte urbano, espaços de lazer e convivência social. 
Se cada servo ou serva de Deus, que vive em nossa sociedade, atuando em alguma dessas áreas da vida de nossa sociedade, for fiel a Deus exercendo bem o seu papel na sociedade, estará servindo não só a Deus, mas também à prosperidade da cidade. Assim, nossa vida encontra o caminho da vocação de Deus para o serviço e o testemunho. As pessoas verão a luz de Jesus em nossas vidas e serão atraídas para Deus e seu Filho Jesus. 
Por isso a resposta à pergunta que está no início deste artigo é: sim, todo seguidor e toda seguidora de Jesus deve se envolver com as causas justas neste mundo. 
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:
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1. Quais ensinamentos bíblicos oferecem base para que os crentes em Jesus se envolvam com causas justas neste mundo? 
2. O entendimento de muitos evangélicos de que a fé salvadora não envolve boas obras tem apoio no ensino bíblico? 
3. Como os crentes podem ser mais fiéis a esta palavra de Jesus: “Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo”?
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A Igreja e seu papel na missão de Deus 
Hudson Taylor Maia 
Quando olhamos o rumo que a Igreja do Senhor tomou ao longo dos anos percebemos um distanciamento claro entre o Cristianismo que Jesus plantou e o “cristianismo” que os homens criaram. No meio desses dois conceitos a religiosidade clerical e o liberalismo herético fazem da igreja uma plataforma cênica e cínica de líderes totalmente despreparados e com uma teologia frágil e sem nenhuma ortodoxia. 
A igreja em nossos tempos não expressa a compaixão por vidas e nem pelo desejo ardente da transformação da comunidade. Em nada parece com a igreja de atos 2.42. Uma igreja que movida pelo Espírito Santo preocupava-se em quebrar sofismas, estruturas sociais injustas e acima de tudo, preocupava-se com o sustento comum da comunidade. Quando falamos sobre essa esfera social, os religiosos de plantão, na sua ignorância espiritual, atrelam automaticamente ao socialismo comunista. Preferem fugir de sua responsabilidade profética, e, estou falando do profetismo bíblico e não das “profetadas” cada vez mais comuns em nossos dias, que viver um evangelho autêntico e sacrificial, que empodera as pessoas para servir no Reino de Deus. 
Uma igreja que transforma seu ambiente é uma igreja bem informada, bem articulada e bem estruturada espiritualmente. É uma igreja que não tirou os olhos do alvo, e o alvo é Cristo. 
Uma igreja que transforma seu ambiente é uma igreja que ensina, serve, convive, celebra e anuncia (pontos abordados por Jorge Barro no livro o qual organizou intitulado Missão para cidade da Descoberta Editora em parceria com a FTSA). 
A igreja que não contempla as mudanças sociais como parte de seu ofício nato ainda não compreendeu a Missio dei. Igreja e comunidade se entrelaçam e não se dissociam em função de um fato: Cristo morreu para redimir o ser o humano e também todas as áreas da dimensão humana. 
A igreja que não compreende isto sente a necessidade de trazer para o seu convívio alguma coisa que preencha seus vazios. Criam ministérios de várias naturezas, redes, novas teologias, novas tendências e nova “unção”. É como se tivessem um novo cristo totalmente adaptados a essa nova “igreja”. 
A igreja que Jesus plantou é única, universal, e santa e que tem como propósito central a salvação da humanidade pervertida pelo pecado, e isso se estende a dimensão de sua vida na terra. Não podemos continuar dizendo Jesus te ama e não fazermos algo para expressar na prática o amor do Deus que nos chamou.
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A Missio dei não é uma proclamação de voto de pobreza, mas de voto de justiça, o Espírito Santo é o Espírito de Justiça "O Reino de DEUS não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo" (Romanos 14.17). 
Ao lermos textos como Êxodo 22.25; Levítico 19.9-10; Provérbios 13.4,18; 19.15; 20.13 percebemos a economia de Deus e o cuidado com os pobres e os necessitados, a participação dos mais favorecidos e suas responsabilidades com os menos favorecidos. 
A igreja precisa passar por uma nova reforma onde o discurso central deve ser a universalidade humana e seus vários viés. Precisamos viver uma igreja que operacionalize a fé cristã na comunidade na qual está inserida, uma igreja pastoral, uma igreja para vidas e não para “crentes” somente. Uma igreja debatedora das questões sociais, ativa, proativa e reflexiva. Uma igreja que pensa, age e faz. Uma igreja que tipifica o “noivo”, santa, real, fiel e que se relaciona. Uma igreja para fora e não para dentro. Uma Igreja que muda conceitos e filosofias pelo que faz e não somente pelo que fala. Uma igreja que ama como Cristo nos amou. Em João 13.35 Jesus disse aos seus discípulos: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”. A igreja precisa expressar o amor de Cristo na comunidade com ações claras que gerem transformação. 
A igreja deve ser uma agente de transformação de vidas e consequentemente da comunidade. A igreja precisa ser percebida na comunidade pela evangelização constante, pelo seu testemunho verdadeiro, pelas suas ações relacionais e principalmente pelas ações sociais transformadoras que expressam o amor de Deus de forma efetiva. 
Alguns homens fizeram diferença em sua época por meio da Igreja do Senhor: George Whitfield, um dos avivalistas mais proeminentes na Inglaterra e Estados Unidos durante o século dezoito, pregou principalmente fora das igrejas em áreas abertas. Abraham Kuyper foi um planejador da coalizão ideológica. Fhilip Jacob Spener ensinou a intimidade com Deus e trouxe o movimento pietista à igreja Luterana, cuja proposta central era que o conhecimento do Cristianismo deve ser alcançado através da prática. 
Os Anabatistas ensinaram o pacifismo e a separação entre igreja e estado. Os puritanos, que fugiram da Inglaterra e se estabeleceram no Novo Mundo por causa da perseguição religiosa aplicaram a bíblia em todas as áreas da vida a fim de trazer transformação cultural. 
Ao longo dos tempos Deus tem levantado pessoas e igrejas, e pessoas que são igrejas para cumprir seu mandato universal: O reino de Deus está entre nós. 
Oramos a Deus para que, por sua graça, a igreja do Senhor, possa voltar ao primeiro amor, e as práticas da justiça e da transformação de vidas e comunidades por meio de seus atos de justiça.
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BIBLIOGRAFIA CITADA: 
Revolução do Reino – Josefh Mattera – Instituto e Publicações Transforma. 
Missão para a Cidade – Org. Jorge Barro - Descoberta Editora em parceria com a FTSA. 
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: 
1. Como podemos contextualizar Levítico 19.9-10 com a igreja dos nossos dias? 
2. Que coisas práticas devem fazer a igreja para torná-la relevante na comunidade onde ela está inserida? 
3. Quais aspectos do Profetismo bíblico são completamente diferentes dos profetas da atualidade?
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A missão da Igreja 
Romildo Gurgel Fernandes 
A primeira menção das escrituras da palavra igreja (ecclesiae) se encontra no texto de (Mateus 16). Jesus aqui interpreta não só o mistério como também traduz o seu envolvimento direto com ela. Jesus é o fundador da igreja cujo fundamento tem implicações diretas com a revelação da sua pessoa. Não há como entender esse mistério sem que atentemos para a função do Senhor como o cabeça da criação dessa comunidade. A comunidade é formada por todos aqueles que são chamados dos que estão do lado de fora dela. Isto porque o significado literal da palavra Igreja é: “aqueles que são chamados para fora”, ou seja, as pessoas de todo o mundo são convidadas a saírem desse sistema dominado pelo seu príncipe, para se tornarem Igreja. 
A igreja era um mistério oculto até que o apóstolo Paulo elucidou pormenorizadamente esse mistério através de suas cartas escritas como (Colossenses 1:24-26, mais especificamente o vs. 26). 
Compreendemos assim, que a Igreja é a detentora e o baluarte da verdade, coluna esta de sustentação dessa grande construção, onde o mesmo apóstolo diz que lançou o fundamento como prudente construtor, fazendo uso dessa verdade, aonde outros viriam e edificariam sobre este fundamento que é Jesus Cristo (1Coríntios 3:10-11). O apóstolo Pedro corroborou com os escritos de Paulo, pois foi através da experiência de (Mateus 16) que depois escreveu em sua primeira epístola dizendo: 
“Chegamos a Ele a pedra que vive (fundamento), rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo” (1Pedro 2:4-5). 
O propósito primeiro da existência de uma comunidade cristã, é estar nesta verdade, recebê-la, entendê-la, desfrutá-la, tornando-a sua experiência de vida. Sabendo que ao ouvir a proclamação da verdade e crendo nela, assegura (comunidade) sua alma para a salvação, quando reage apropriando-se através de uma atitude de fé confessional. 
Os agentes da missão são os proclamadores que abraçaram o ministério da reconciliação. Estes são aqueles que após receberem a palavra, foram selados e enviados a proclamarem (kerigma) essa verdade para que haja a continuidade dessa construção do santuário do Senhor, sua Igreja, tabernáculo móvel que envolve todos os seus santos que nasceram da semente da incorruptibilidade (1Jo.3:9; João 1:12-13; 3:1-8).
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Os requisitos para o ministério podem ser muitos, mas inquestionavelmente o primeiro deles deve ser a experiência do novo nascimento efeito da conversão, reação essa que acontece após ouvir as boas novas de salvação em Jesus Cristo. 
O papel fundamental da igreja local é educar os seus membros e levá-los a receberem os dons que Deus disponibiliza para que sejam equipados para toda boa obra ministerial para o aumento deste edifício. Este preparo ministerial pode ser a nível local e a nível que cruze além da sua fronteira geográfica. Os dois níveis devem focar-se na distinção entre o que é fé e do que não é fé. Ambos os níveis, devem ser comprometidos a exercerem ministério nos ambientes que não exista fé perceptível ou saudável, avaliando se o fundamento edificado não foi alterado, ou modificado. Onde quer que esteja o povo de Deus é chamado a participar da missão de Deus (missio Dei). É Deus quem comissiona sua igreja não ela mesma. 
A essência da comunidade da fé consiste no compromisso de cumprir essa missão comissionada por Deus. A Igreja permeia entre dois ambientes: a comunidade da fé (comunidade em treinamento) e a comunidade sem fé (a ser alcançada). A Igreja que não se compromete com a missão de proclamar a salvação de Jesus, deixou de ser igreja, ou melhor, esta não é a igreja comissionada por Deus, pois estão lançando outro fundamento que não é Cristo. Comunidade assim, se parece com um clube religioso onde todos os meses os seus membros pagam as suas taxas como mantenedores, e vivem como meros amigos que aprenderam o vocabulário de uma agência de bem-estar sócio- cultural-espiritual; que são entretidos pelos programas, correntes, promessas financeiras e ainda mais consumindo os seus produtos em troca de bênçãos. Podemos afirmar que esse tipo de evangelho tem o homem como centro (evangelho humanista). 
O evangelho humanista o sujeito de ação é o ser humano atuando no palco do uso e das atribuições, enquanto que, o evangelho de Deus atua através da trindade, tratando os homens como paciente realmente passivo. No evangelho humanista a experiência está na pauta do engodo do consumo para satisfação própria, como os gentios que assim procedem. E por se tratar de um “ambiente religioso” entre aspas, se aceita tudo como sendo verdade sem questionar. E por não perceberem, são atraídos por propostas gananciosas que sedem sem a mínima cautela, como está escrito: 
“Porque esses tais não servem a Cristo nosso Senhor, e, sim, a seu próprio ventre; e, com suas palavras e lisonjas enganam os corações dos incautos” (Romanos 16:18). 
O mínimo da experiência que colhem com isso é a frustração e a experiência do seu próprio esforço profissional ou certo desencargo de
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consciência por estarem ali apostando tudo, lhe sendo vedado a experiência do novo nascimento. Veja a advertência do Senhor: 
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque fechais o reino dos céus diante dos homens; pois, vós não entrais, nem deixais entrar os que estão entrando” (Mateus 23:13). 
Continua anda o Senhor advertindo a esses falsos proclamadores: 
“Ai de vós escribas e fariseus, hipócritas! Porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós” (Mateus 23:15). 
Equipar homens e mulheres é a função da igreja local e a combater a mentira pela verdade. Na Igreja, todos os seus membros deveriam abraçar o ministério da reconciliação, podendo exercer este ministério dentro da comunidade (equipando os santos para toda boa obra) e ao mesmo tempo mobilizando-os para o campo onde não exista fé explícita. 
No entanto é razoável pensar que o caminho da missão não é de mão única, é uma via de mão dupla. Jesus Cristo tanto ensinava pedagogicamente como também praticava o que ensinava. A abrangência ministerial de Jesus está naquilo que Ele leu em uma sinagoga na cidade de Nazaré quando lhe deram o livro do profeta Isaias onde achou o lugar que está escrito: 
“O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor” (Lucas 4:18-19). 
Após a leitura entregou o livro ao assistente e disse: “Hoje se cumpriu a escritura que acabais de ouvir”(v.21). 
Só deste texto podemos extrair cinco mistérios: 
1 – Evangelizar aos pobres. 
2 – Proclamar libertação aos cativos. 
3 – Restauração da vista aos cegos. 
4 – Por em liberdade os oprimidos. 
5 – Apregoar o ano aceitável do Senhor. 
A Igreja local é chamada a manifestar seus ministérios no mundo, não só pelo conteúdo que proclama, mas também pelo que pode fazer em resposta às necessidades das pessoas que estão em sua volta, através da ação primeira, a salvação das almas. A "grande comissão" foi entregue aos apóstolos, pois a eles foi lançado o desafio de pregar o evangelho em todo o mundo, e no evangelho de
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Marcos há mais detalhes sobre isso. Enquanto Marcos fala de pregar o evangelho, Mateus fala também de fazer discípulos e ensinar, o que mostra que a grande comissão tem um escopo mais amplo do que apenas pregar o evangelho. 
“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém”. (Mateus 28:19). 
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”. (Marcos 16:15-16) 
A grande comissão incorpora a pregação do evangelho e o ensino de todas as coisas que Jesus tem mandado guardar. É a própria trindade que se interessa pelos perdidos. A Igreja tem a missão de reunir todas as pessoas ao redor do mundo, para ter comunhão com a trindade, da mesma forma que a trindade possui comunhão entre si, devemos ter comunhão uns com os outros, pois a parede da separação foi derrubada. 
Os dons do Espírito é uma capacitação sobrenatural que habilitam o homem de Deus a desempenhar o mandato da reconciliação. 
O que muito tem sido difundido atualmente é que muitas igrejas têm se distanciado do modelo do kerigma ensinado por Jesus e interpretado pelos seus apóstolos. 
Não é a toa que o cristianismo de consumo está no centro do movimento de crescimento dessas igrejas e seu efeito letal se encontra quase que em todas elas. Através do seu marketing até mesmo as igrejas históricas sutilmente tem cedido a essa dissimulação. Inevitavelmente, isso tem afetado a pregação, a música, o ensino, as programações, as orações e o sentido real de bênção. As pessoas pensam que ao comprar os produtos religiosos estão adquirindo a espiritualidade tão necessária para obterem a bênção. A grande verdade é que Jesus veio resgatar os pecadores e não os consumidores. Cabe aqui a advertência apostólica: 
“Pois muitos andam entre nós, dos quais repetidas vezes eu vos dizia e agora vos digo até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo: O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia; visto que só se preocupam com as cousas terrenas” (Filipenses 3:18-19). 
E ainda adverte o apóstolo: 
“Admira-me que estejais passando tão depressa que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho; o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo” (Gálatas 1:6-7).
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A intenção de Deus criar a Igreja não foi de prover serviços aos seus membros, ao contrário, ela deve desafiar os seus membros a obedecerem ao evangelho e a servirem a Deus e a seus semelhantes. 
Que Deus nos ajude e nos abençoe. 
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: 
1. Na sua ótica o que seria fundamental para o cumprimento da missão deixada por Jesus Cristo? 
2. O que você poderia comentar do comportamento da Igreja frente aos desafios de ser instrumento evangelizador e reconciliador? 
3. Como você cumpre a missão deixada por Jesus Cristo? 
BILBIOGRAFIA: 
PADILLA C. Renè. O que é missão integral? pp.1-22 Editora Ultimato. Viçosa- MG 2009. 
http://www.chamada.com.br/mensagens/consumo.html 
http://veshamegospel.blogspot.com.br/2010/01/cristianismo-de- consumo.html 
http://ganancia.com.br/index.php?id=63 
www.respondi.com.br/2011/07/grande-comissao-de-mt-2818-20-vale- para.html
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Transformando o Mundo Para a Glória de Deus 
Marcos Aurélio dos Santos 
Deus está em missão. Como Igreja do Senhor Jesus, recebemos a tarefa de reconciliar todas as coisas juntamente com ele. Esta reconciliação acontece em quatro dimensões na qual o homem deve buscar. Devemos reconciliar-nos com Deus (espiritual teológica), com o próximo (sócio-cultural), consigo mesmo (soteriológica, salvação pessoal) e com a natureza (micro-cosmomógica, planeta), pois assim somente haverá transformação de uma forma integral e contextual. Na missio dei, a Igreja deve entender de maneira clara seu papel como agente de transformação, como sal (caráter), dando sabor a um mundo destemperado pelo pecado nas áreas estrutural e pessoal. Como luz (boas obras), devemos resplandecer em um cosmo em trevas. 
A comunidade dos santos, corpo de Cristo, noiva do cordeiro, não foi chamada para ser apenas expectadora da história, mas como o sal que deve estar fora do saleiro, deve evolver-se para conhecer a realidade da humanidade no poder do Espírito Santo, encarnando os valores do reino aqui e agora para que se cumpram as Escrituras quando diz que Cristo é o Senhor de todas as coisas. A Igreja que caminha deve exercer sua vocação de serva, expressando ao mundo a vida e ministério daquele que a comprou por alto preço. Esta mudança só poderá ser evidenciada por meio da proclamação e encarnação do Evangelho. 
Esta igreja é viva, pois é nutrida por Cristo para sua glória. É na vida da igreja que a missão transformadora no primeiro momento acontece. Acredito que o passo inicial para a ação da igreja é arrepender-se do que ainda não fez, ou deixou de fazer na história em seu chamado para a missão. É preciso haver quebrantamento, renuncia, quebra de paradigmas, visão renovada e coragem, tudo na dependência total do Espírito Santo. Como diz um amado companheiro de missão, “devemos entrar em crise”. Esta que parte de uma atitude de arrependimento e humildade diante de Deus. A ação poderosa do Espírito causará forte impacto na liderança da igreja, que consequentemente encoraja os demais compartilhando a nova visão. 
Caso não haja um mover do Espírito e uma mudança, tanto nos conceitos teológicos, como na maneira de realizar a missão, dificilmente a igreja cumprirá a missão de forma integral. 
Como proclamadora do Evangelho do reino, a igreja precisa encarnar sua pregação. Devemos ir além das palavras, demonstrando o amor de Jesus em serviço ao próximo. Não seria o mínimo que uma pessoa sensata poderia nos pedir? Ver como é esse Evangelho que anunciamos na prática? Então, ninguém que for alcançado pelo poder do Evangelho poderá negar que o amor de Jesus chegou até ele. Isto só acontecerá por meio da encarnação dos valores do reino de Deus em nós, em atos de compaixão, misericórdia e cuidado com o outro.
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Assim fez Jesus. Ele pregava e servia. Em sua peregrinação ministerial, seus ensinamentos não se limitaram somente as pregações da sinagoga na tarde de Sábado, mas na vida. Na condição de servo serviu a todos. Andou pelas ruas e becos, em barquinhos, assentou-se em lugares em que os religiosos da época passavam de longe. Quebrou preconceitos (no caso da mulher Samaritana). Seu amor acolhedor alcançou endemôniados, crianças pobres, prostitutas, leprosos, traidores da pátria e ladrões (publicanos), em fim, como ele mesmo disse: “Não vim para ser servido, mas para servir”. Uma igreja que transforma deve ter em seu caráter a vida de Jesus como referencial no exercício da missão. 
Outra questão bastante pertinente, quanto à missão entregue à igreja, é a sua vocação para o ministério profético. Como igreja, somos comissionados a denunciar as injustiças nas dimensões econômica, pessoal, social e política. A relevância neste ministério dar-se pelo fato de que a igreja é por natureza profética estribando-se na pregação e vida de Jesus de Nazaré. Em concordância, podemos ver esta feita no ministério dos profetas Hebreus e nos apóstolos. (Veja: Os 4,1-2; Mq 6,11-12; Jo 6.14; Lc 9.19). Denunciar com voz, como também em nossa maneira de viver o Evangelho do reino, é o referencial maior de uma igreja profética. 
Para que a igreja entenda sua missão de profetizar, é preciso também mudar sua cosmovisão. Deve libertar-se de sua visão dualista que por muitos anos na história separou a igreja do mundo. O Foco em extremo na “santificação pessoal” e o antigo lema de “ganhar almas” em detrimento da missão de cuidar das pessoas levou a igreja a uma compreensão distorcida quanto à sua forma de encarnar a missão bíblica. Esta postura resultou em um afastamento da igreja quanto ao seu envolvimento em questões que não fossem no seu ponto de vista, “espirituais”. Em sua história na missão, a igreja separou-se de forma gnóstica do mundo. 
É preciso enxergar o mundo sob a ótica do reino de Deus. Uma vez que Cristo é o Senhor de tudo, este reino deve ser manifesto por meio da igreja em todos os lugares e em todas as dimensões da vida das pessoas. Isto implica no seu engajamento nas questões sociais, politicas, econômicas, culturais, espirituais, emocionais e etc. Como voz profética contra as injustiças no mundo, a igreja deve alargar a visão de ver o cosmo como Deus o vê, de forma integral, na expectativa de reconciliar todas as coisas para sua glória. 
A igreja deve enxergar a humanidade com olhar esperançoso, como lugar de ação do amor de Deus, de maneira positiva, esta atitude de amor deve contribuir para a promoção da justiça aos desfavorecidos, para restauração do caído, para o acolhimento dos pobres, para transformação do pecador em discípulo de Jesus de Nazaré, para temperar com o caráter de Cristo, pois sem sal não há missão, para iluminar, pois é na luz, que o mundo verá as obras de Cristo em mim, e em você.
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Nossa voz profética deve ecoar sobre todo tipo de injustiça. Em coro, é preciso falar em favor daqueles que não tem voz, de gente que não tem a quem recorrer se não ao Deus de misericórdia, gente que sofre não apenas por ser pobre, mas porque perderam o respeito, a autoestima, a dignidade de ser gente, o direito, a autonomia. Nossa voz deve ir contra todo tipo de riqueza que produz a miséria do povo, seres criados à imagem e semelhança de Deus. 
A igreja do Senhor Jesus é a agente de transformação nesse cenário. Seu envolvimento com as necessidades das pessoas, seu chamado para ser serva, sua voz profética e uma vida sob a direção do Espírito Santo são alguns dos desafios missionais da igreja de nossos dias. Sua mensagem deve ser confrontadora, pois o Evangelho tem estes dois referenciais: Ele confronta e transforma. Que possamos ser todos os dias confrontados pelo poder do Evangelho do reino. 
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: 
1. A quem pertence à missão? 
2. Porque a urgência em mudar nossa cosmovisão? 
3. O que vem a ser a encarnação da pregação?
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Emerge Novo Conceito de Santidade 
Antônio Carlos Costa 
Vejo uma ruptura de gerações em curso na vida das igrejas do país. Um conceito de santidade de vida que começa a ganhar espaço nas mentes e corações de milhares de jovens, que vai alterar o perfil do protestantismo brasileiro. Pela primeira vez na história, três elementos novos farão parte, numa extensão nunca antes vista, da forma de o cristianismo ser vivenciado pelos cristãos brasileiros. Que características são essas? 
1. COMPROMISSO COM O POBRE 
Começa a se espalhar pelo Brasil o interesse por resposta, à luz das Escrituras, para pergunta crucial: o que significa ser cristão num país de miséria? Como alguém que passou pela espantosa obra da regeneração responde à realidade dos barracos infestados de ratos, cujas portas são banhadas por esgoto, dentro dos quais habitam crianças pobres, cujos pais estão desempregados ou recebem salários irrisórios? Milhares começam a questionar modelos eclesiásticos que negligenciam o cuidado daqueles para os quais Cristo dedicou especial atenção. 
2. DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS 
Como pode uma pessoa ter conceito tão elevado sobre o homem a ponto de afirmar que seu ser carrega características que podem ser encontradas no próprio Deus, e, ao mesmo tempo, não se indignar quando aquele que foi criado à imagem do seu Criador é explorado, torturado e grita sob os golpes dos seus algozes sem ter quem o ouça? Jovens cristãos começam a ver como grave incoerência proclamar a dignidade do homem e ao mesmo tempo tratar com indiferença a banalização da vida humana, o que muitas vezes é perpetrado pelo próprio Estado. 
3. AMOR POLÍTICO 
Milhões de homens e mulheres encontram-se acorrentados a sistemas de opressão. Sem a mínima possibilidade de encontrarem alívio para sua dor, exceto se decisões no campo político sejam tomadas. Salários baixos, jornadas de trabalho desumanas, falta de moradia, carência de saneamento básico, insegurança nas ruas, hospitais mal equipados, escolas sem estrutura mínima. Não há igreja que dê conta desses males através da pura ação filantrópica. Há grande diferença entre dar pão e libertar o povo da escravidão do Egito. 
Cristãos brasileiros começam a perceber que a sempre indispensável generosidade pontual não dá conta do sertão nordestino, das favelas cariocas, dos bairros de periferia de São Paulo, das comunidades ribeirinhas do Amazonas. Há uma dimensão política no amor.
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Talvez você esteja perguntando: o que o leva a crer nessa transformação? Sei que essa profecia é a profecia do desejo. Gostaria de ver esse cristianismo emergir antes da minha morte. Minhas andanças pelo país, contudo, têm me levado a crer que algo já se encontra em curso. Ouço gemidos, vejo lágrimas, contemplo joelhos dobrados, em cultos nos quais a mensagem do amor simétrico e integral é anunciada. 
Se esses jovens conseguirem incorporar esses três elementos ao seu conceito de santidade, sem se deixarem levar por ideologias políticas de esquerda ou de direita, mantendo a fidelidade às Escrituras, levando o evangelho aos que não conhecem a Cristo, exercitando o amor na igreja local e orando no poder do Espírito Santo, essa geração de cristãos terá transcendido a que a antecedeu. 
FONTE: palavraplena.typepad.com 
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: 
1. Qual a importância do resgate do cuidado com os pobres? 
2. A igreja deve envolver-se com as questões dos direitos humanos? 
3. Estaria a igreja falhando em sua missão profética?
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Práticas de Liderança Para Uma Missão Transformadora 
Arturo Meneses 
Missão Transformadora vem do texto de David Bosch: “Transforming Mission”. O livro, quando originalmente lançado em inglês, em 1991, foi amplamente aclamado como a obra mais importante do século sobre o caráter missionário de Deus e os empreendimentos missionários da igreja! Com 17 impressões até 2002 (Em Inglês) e traduzido ao Português em 1998, bem vale a pena ler, estudar e debater, para as abordagens mais teológicas da Missão de Deus e papel da igreja, o qual não é o meu objetivo neste artigo. Deixo isso para os teólogos. 
A minha reflexão, tem a ver com o que David Bosch, já no seu livro, chama de “Missão, a crise contemporânea” (introdução página 22). Ele disse: “Um fundamento inadequado para a missão e motivos e metas missionárias ambíguos, estão fadados a acarretar uma prática missionária insatisfatória” Também acrescentou: Esse problema não é localizado “lá fora”, no campo de missão, mas no coração da própria igreja. O resultado é determinado pelo que acontece dentro da igreja, não fora, no campo de missão. 
Em 2008, interessantemente,17 anos depois do livro de Bosch, foi publicado outro livro por Paul Washer: Dez acusações contra a igreja contemporânea. Num tom apaixonado e corajoso (Introdução página 9), o autor parece afirmar que a crise continua, quando diz: “Precisamos de um despertamento. Não entanto, não podemos esperar que o Espírito Santo venha e arrume toda bagunça que temos feito. Temos instrução clara da Palavra de Deus sobre o que Ele fez por meio de Cristo, como ele espera que vivamos, como espera que organizemos sua igreja” 
Na minha humilde perspectiva, tanto na reflexão de Bosch, como as acusações radicais de Washer, estamos falando de uma crise interna da liderança. Estratégias e práticas que são necessárias para viabilizar eficazmente a missão da igreja, como cooperadora da Missão de Deus. Os teólogos concordam que não pode haver missão transformadora, sem uma espiritualidade bíblica integral. Eu me permito propor que também não existe missão transformadora, sem uma prática de liderança também transformadora. 
Pensando com esperança, vamos assumir o paradigma de que crise, literalmente significa: (para os chineses) “Perigo de morte e também oportunidade única”. Qual é então uma possível oportunidade? Gostaria nesse respeito, refletir sobre a proposta de James Kouzes e Barry Posner, no texto editado em 2004: Reflexões cristãs sobre o Desafio da Liderança. Essa proposta, considerando que liderança é influência, convida a construir e cultivar 5 práticas exemplares de liderança. Acho que pode ser uma experiência
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importante para ser considerada como bússola de aprendizagem nos esforços da igreja para aprimorar uma estratégia de desenvolvimento da liderança. Essas práticas exemplares e seus compromissos são: 
Prática de liderança 
Compromissos 1. Modelar o caminho. Liderar a partir daquilo em que se acredita, começando por clarificar seus valores pessoais; dar o exemplo, ser o modelo de comportamento que espera dos outros; alcançar o direito e o respeito para liderar (Tito 2:7) 
 Clarificar os valores  Descobrir capacidades  Afirmar ideais partilhados  Dar exemplo, alinhando as ações com os valores para fortalecer a credibilidade. 2. Inspirar uma visão partilhada. Ter uma visão de futuro, imaginar as possibilidades atrativas; envolver aos outros numa visão comum, a partir de um conhecimento profundo dos seus sonhos, esperanças e aspirações (Habacuque 2:2-3) 
 Pensar no futuro e possibilidades apaixonantes  Integrar aos outros numa visão comum  Apelar as aspirações partilhadas 3. Desafiar o processo. Reconhecer boas ideias, sustentá-las e mostrar vontade de desafiar o tradicional para obter propostas inovadoras; experimentar e correr riscos, originando constantemente pequenas vitórias e aprendendo com os erros (Romanos 12:2) 
 Procurar oportunidades e tomar iniciativa  Criar formas inovadoras de melhorar  Experimentar e assumir riscos 4. Habilitar aos outros a agir. Promover a colaboração de todos, fomentando objetivos cooperativos e construindo confiança; valorizar aos outros, partilhando poder, utilizando a palavra “nós” (1 Pedro 4:10)  Fomentar a cooperação através da confiança  Facilitar os relacionamentos e desenvolver novas capacidades  Fortalecer aos demais aumentando a autodeterminação 5. Encorajar o coração. Reconhecer as contribuições, através da apreciação pela excelência individual; celebrar os valores e as vitórias, criando um espírito de comunidade. Integrar inteligência espiritual e emocional. (Filemom 1:7) 
 Valorizar a participação dos colaboradores  Fomentar expectativas positivas  Criar espaços para comemorar e reconhecer ações exemplares. 
Essas práticas concretas são congruentes com a seguinte definição, que tenho adaptado destes autores e de John Maxwell: “Liderança é a arte de avivar os dons de Deus em nós, influenciando e mobilizando eficazmente a outros, para que aspirem fazer realidade uma visão compartilhada de transformação integral” 
Podemos concluir que não existe transformação sem liderança exemplar. Como diz Dallas Willard, a igreja é protagonista preparada por Deus com a mente de Cristo e o poder do Espírito, para ser parte de uma “conspiração
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divina” para a transformação do mundo. A igreja só é eficaz, quando Cristo é formado nela (Gálatas 4:19) Não só na espiritualidade, senão também no seu modelo de liderança servidora. 
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: 
1. Qual é a relação das práticas exemplares de liderança com o desenvolvimento da missão transformadora pela igreja como cooperadora de Deus? 
2. Qual das práticas exemplares de liderança considera o maior desafio no contexto da sua igreja? Por quê? 
3. De que maneira, uma liderança exemplar interna na sua igreja local, fortalece a credibilidade do seu papel para a missão transformadora? 
“Quando o pastor ou servidor cristão deixa de se tornar o tipo de líder que Deus planejou para ele ou ela, todos perdemos a grande oportunidade de desfrutar do seu dom divino” (John Ortberg)
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Igreja: Agencia de Transformação no Mundo Contemporâneo 
Renildo Diniz Lopes Junior 
O QUE SE PASSA NA ATUALIDADE 
Toda vez que pensamos na igreja estamos pensando no modelo estabelecido por Deus para expandir sua missão. A igreja é seguramente o veículo que expressa com maior naturalidade os planos de Deus em cumprir seus propósitos, não é a igreja apenas um simples ajuntamento de pessoas que solidarizam símbolos religiosos, mas, uma comunidade em quem está a responsabilidade de anunciar as Boas Novas do Reinos de Deus (Lc. 8:1), a saber Jesus. 
Nos últimos anos temos testemunhado a grande ênfase que tem sido dada pela mídia ao crescimento das igrejas evangélicas, e aqui me refiro as diversas igrejas locais que se espalham pelo país. O fenômeno é sem dúvida espantoso, especialmente na América Latina e mais especificamente no Brasil, onde segundo o senso o número de evangélicos já chega a 25% comparado às últimas décadas. Esta expansão é variavelmente contrária ao que ocorre em continentes como a Europa onde a secularização não só da cultura como também da religião tem transforado os modelos de religiosidade. Enquanto no Brasil temos uma esteira religiosa ampla e em pleno crescimento das formas religiosas, em outros países e especialmente em países do velho continente temos uma espécie de bricolagem que nada mais é que, uma espécie de sincretismo que ao invés de levar o indivíduo a variar entre vários modelos religiosos, cria um novo, não institucionalizado nem mesmo ligado as tradições religiosas herdadas. 
O caso brasileiro é interessante pois, não existe aqui uma desaceleração dos cultos, mas, o contrário; movimentos como os neopentecostais tem crescido bastante por exemplo. Outro fenômeno interessante paralelo ao crescimento dos protestantes é o número cada vez maior de pessoas desvinculadas das instituições religiosas são os chamados “sem igreja”. Isso se dá por diversos fatores que não dará tempo trabalhar aqui, no entanto vale a pena lembrar que estas pessoas não se desligam necessariamente das tradições herdadas, simplesmente não querem mais envolvimento institucional. 
Estes fatores que caracterizam em parte a igreja protestante brasileira têm na verdade, produzido um grande desafio àqueles que se comprometem com a igreja do Senhor, eu diria que as nossas igrejas precisam refletir muito sobre o seu verdadeiro papel diante às transformações contemporâneas. Como ser igreja diante uma sociedade com aspectos religiosos sincréticos e
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triunfalistas? Como responder aos que não acreditam mais nas instituições, que deveriam ser manifestações da igreja invisível de Cristo, portanto, agências sinalizadoras do Reino? Que papel esta igreja pode exercer sobre a sociedade contemporânea? Quando começarmos a encontrar respostas sérias a estas questões talvez estejamos dando passos significativos a uma transformação que colocará a igreja como baluarte de transformação da nossa sociedade. 
O QUE É ESSENCIAL PARA TRANSFORMAR 
Uma igreja que se propõe a transformar uma sociedade necessita ter em mente algumas características imprescindíveis. Devemos lembrar que a igreja não é a dona da Missão, ela é cooperadora da Missão que pertence a Deus, isso leva a igreja a entender que sua existência está sob a dependência de Deus. Outro fator relevante está no fato que os líderes devem estimular os membros das suas igrejas a conhecerem a realidade do mundo em que estão inseridos, por exemplo, quem são e como vivem as pessoas do bairro. Uma das grandes dificuldades que encontramos nas igrejas locais é sua completa alienação do estilo e modo de vida das pessoas, na verdade estamos interessados nos números que preencherão os bancos das nossas congregações e uma igreja que se propõe a transformar uma sociedade não pode ignorar as lutas e sofrimentos das pessoas. O que esperamos das nossas igrejas é que elas sejam servidoras, nesse sentido vejo um problema; virou moda o líder ou pastor se tornar um administrador, uma espécie de líder sênior, um técnico. O que ocorre no meu entendimento é que os membros são levados a servirem a instituição com o pretexto de estarem servindo a Igreja do Senhor, não é pouco o que ouvimos: “tenha compromisso com a obra do Senhor”! Não é que esteja errado, mas, o que significa esta obra, seriam os ministérios da igreja local? Seriam os departamentos? Tudo isso é interessante, mas, quando falamos em uma igreja servidora devemos ter em mente o fato que a igreja vive para servir os de fora. Este é um aspecto fundamental, os crentes precisam internalizar a sua função diaconal, sua tarefa em servir (Mc. 10:45) anunciando o Reino de Deus. 
O pastor é, portanto uma peça importante no visionamento da igreja quanto ao reino de Deus, Jorge Barro em O Pastor Urbano diz: “Quando a meta da ação pastoral é outra que não o reino de Deus, consequentemente estamos fora do modelo pastoral de Jesus e com certeza dentro de outros modelos, especialmente os modelos dos modismos pastorais”. (Barro: pg. 187). O que é extremamente essencial ao pastor é ter em sua mente sua tarefa bem definida, levar a igreja a um modelo de rebanho que faça com que esta igreja seja serva da comunidade em que está inserida. 
Finalmente, diria citando Jorge Barro, que é dever do pastor ou líder saber interpretar o seu tempo. Quando não sabemos traduzir as angustias, sofrimentos e alegrias das pessoas cometemos o erro de ignorar estas pessoas como agentes pessoais e as vemos apenas como números. Este erro deve ser
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evitado a todo custo, pois se persistirmos nele daremos claros sinais de que não entendemos qual a verdadeira tarefa não só do pastorado como também da igreja. Se queremos transformar a sociedade é tarefa nossa fazer uma releitura do texto Sagrado, contextualizando-o a um mundo que tem sido transformado pela secularização. 
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: 
1. Como o líder pode interpretar a realidade em que vive? 
2. Quais riscos o pastor corre quando se desvia da meta de ação pastoral? 
3. Além das sugestões do texto para ser uma igreja transformadora, o que você poderia acrescentar?
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O Desafio Urbano às Igrejas 
Sérgio Paulo Ribeiro Lyra 
Segundo dados da ONU, em 1950 não existia em todo o mundo mais do que sete cidades com população superior a 5 milhões de pessoas. Os mesmos dados apontavam haver cerca de 100 cidades com mais de um milhão de habitantes. Apenas 50 anos depois, a realidade é completamente outra. E se estendermos os horizontes para 2020 espera-se existir mais de 500 cidades “milionárias”, estando a maioria delas no Terceiro Mundo. 
Porém, há um outro fenômeno que também fora previsto. Trata-se da formação das metrópoles. No entorno de grandes cidades que começaram a crescer e desenvolver-se aceleradamente, floresceram outras cidades menores. Não havendo uma definição precisa, no Brasil fala-se de nove a doze metrópoles. 
Conscientes da amplitude que o leque de informações disponibiliza sobre os aspectos urbanos de uma região metropolitana, tornou-se imperativo sumariar e delimitar nossa abordagem em apenas quatro aspectos: o econômico, a sociabilidade, as ações eclesiásticas e as oportunidades missionárias. 
A) Estrutura econômica da Metrópole. 
Há duas faces opostas nas grandes cidades. Uma é aquela que frequentemente aparece nos congressos e relatórios de propaganda governamentais, nos folders das empresas, nas agências e mapas turísticos. Nesta face, a cidade é bonita, bem organizada, progressista, afável e ordeira para com os seus habitantes ou visitantes. 
Tomando a cidade do Recife como exemplo, ela é vista como o maior centro comercial do Nordeste, o segundo melhor centro médico do país, ostentando dezenas de faculdades e universidades e o seu polo de informática possui projeção internacional. Além disso, possui diversos polos industriais, destacando-se o Porto de Suape que vai abrigar o maior estaleiro do hemisfério sul, uma refinaria de petróleo e outros mega-investimentos. Foi olhando para essa face das cidades que surgiu a frase publicitária de um “Pernambuco como nunca se viu”. 
Triste, mas verdadeira, é a existência de outra face. As cidades metropolitanas no Brasil abrigam centenas de favelas e milhões de miseráveis. É facílimo se deparar com crianças e adolescentes fazendo alguma coisa nos sinais de trânsito, em busca de conseguir alguns trocados. A cidade da face bela, de repente, se transmuta e se torna local de milhares de desabrigados, desempregados, viciados, verdadeiros miseráveis que, vivendo à margem sem desfrutar de acessos econômicos, se utilizam de meios escusos para viver.
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Se focalizarmos o aspecto da geração de renda e da oferta de empregos, as metrópoles nordestinas não fogem ao panorama nacional, agravando-o, inclusive. Pesquisa do IPEA com 130 países, apresenta o Brasil no vergonhoso segundo lugar no ranking das piores distribuições de renda. Só somos “melhores” do que a péssima distribuição de Serra Leoa na África. E mais, “de acordo com o Banco mundial, durantes os primeiros 25 anos do século 21, a pobreza mundial será cada vez mais concentrada nos grandes centros urbanos.” Milhares de retirantes das cidades do interior, em particular daquelas que não apresentam opções de renda, chegaram, e ainda chegam, às capitais em busca de melhores condições de vida. Isto amplia as dificuldades e geram uma grande grama de problemas estruturais. São essas pessoas que adensam as favelas e produzem uma imensa oferta de mão de obra não qualificada, sendo muitos os analfabetos. 
Mudanças na sociabilidade urbana 
Ao contrário das pequenas cidades do interior, o contexto urbano das metrópoles impõe a pressa, a concorrência, a presença incógnita, a valorização extrema da privacidade e o consequente isolacionismo social, a preocupação com a segurança, a inversão do valor de ser pelo ter e a inevitável restrição à sociabilidade que tudo isto provoca. 
As grandes transformações urbanísticas e tecnológicas não permitem mais o compartilhar de espaços comuns. Os espaços antes representados pelas praças e passeios públicos não têm mais importância na lógica atual da vida urbana. Assim, a metrópole não é mais a cidade portadora de um centro marcado por monumentos, casas de espetáculo, restaurantes e ruas de lazer e compras. Hoje os habitantes de classe média das metrópoles pertencem mais aos bairros, verdadeiros novos centros onde lá se encontra praticamente tudo. Quanto mais rico o bairro, mais limpeza, mais iluminação, mais segurança, melhores acessos e mais oferta variada de produtos e serviços. 
Diante deste novo ambiente, fatores geradores de sociabilidade como a rua, a feira, a praça e a igreja central perdem completamente os seus papeis como elementos facilitadores da socialização na cidade, descaracterizando, quase que por completo, o perfil interiorano na metrópole. A metrópole moderna foi afetada por mudanças radicais. Uma simples análise deixa exposto o seguinte para a classe média urbana:
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Quadro comparativo (Adaptado) 
Dentre as características de sociabilidade nas metrópoles, a exigência por privacidade se destaca como uma sensora vigilante. Mora-se geograficamente próximo, mas, esses vizinhos pouco sabem além do número do apartamento um do outro. 
Não podemos deixar de questionar quanto dessa mudança de sociabilidade urbana tem afetado as igrejas. A primeira vista, identificamos quatro áreas seriamente afetadas e que carecem de investigações posteriores mais acuradas. 
(1) Primeiro, identifica-se claramente pais cristãos educando seus filhos não para servirem a Deus, mas para buscarem o sucesso conceituado e estabelecido pela sociedade não-cristã, produzindo a idolatria, ou no mínimo uma mega- valorização, do dinheiro, da carreira e do benefício sócio-econômico. 
(2) Segundo, há um processo de evangelização elitizada, e consequentemente, a criação do isolamento, gerando a formação de guetos evangélicos, entenda-se comunidade auto-centrada, que pressupõem um nível social “adequado” para uma determinada igreja.
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(3) Terceiro, o isolamento quase que anula as possibilidades de ser testemunha, pois fechando-se na redoma da auto-proteção e auto-interesse, como cruzar barreiras e servir de testemunha de Jesus à cidade? 
(4) Quarto, o elitismo separatista faz com que a comunidade cristã dessas igrejas fique alheia à realidade da cidade que fica cada vez mais distante e alienada em todos os sentidos. 
Outro exemplo do isolacionismo social urbano atual é a preponderância do “carro individualizado” como meio de transporte, cuja ostentação de privilégio é a negação à sociabilização igualitária, quando comparado à sociabilização que o transporte coletivo proporciona. Nas metrópoles há bairros onde o fluxo de carros particulares na ida e volta ao trabalho é tão intenso, que produz congestionamentos regulares e quilométricos. A pobreza nesses bairros ricos é uma chaga indesejável, perigosa, uma agressão ao que se ver. A presença de pobres é apenas de passagem, eles só se fazem perceptíveis através das empregadas domésticas, funcionários de prédios e outros profissionais de serviços com pouca qualificação profissional. 
Entretanto, outra é a realidade nos bairros periféricos e nas cidades agregadas às capitais. Milhares de pessoas agrupadas pela parca renda e disponibilidade de investimentos, formam outro gueto, agora caracterizado pelo ciclo da pobreza. São pessoas cujo estilo de vida reflete muito da sociabilidade das cidades do interior. A rua e os lugares públicos, os festejos populares e religiosos voltam a assumir valores de sociabilização. 
Essa duplicidade exclusivista retrata a realidade de toda metrópole. Há a existência de uma “polifonia social” que mistura contextos sócio-econômicos colocando-os lado a lado pela teia de atividades da cidade, e também produz isolacionamento, elitização, marginalização e aglomeração geográfica de classes sociais. 
Não se deve passar despercebido que o contexto econômico nas metrópoles impõe certas posses como um status quo social. Isto faz com o fato de possuir determinado objeto significa progresso e participação social, gerando uma sensação de semelhança e pertencimento. O melhor exemplo disto é o telefone celular. A grande cidade “determinou“ que é imprescindível para todos os seus habitantes possuírem um. Assim, quem o possui está atualizado e “conectado” com os demais habitantes da metrópole, podendo ser “achado” no meio da multidão a qualquer hora. Em menores proporções, o mesmo vem ocorrendo com o DVD, a roupa e o sapato da estação etc.
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Oportunidades missionárias. 
Uma região metropolitana é um verdadeiro misto de realidades sócio- econômicas. Não é possível, por hipótese alguma, imaginar que a concentração metropolitana de tecnologia, meios de transportes, serviços públicos, escolas, hospitais e os fatores de sociabilidade estão igualitariamente distribuídos. Logo, é fácil deduzir que o perfil de uma pessoa urbana, irá sofrer a influência, desejável ou não, dessa distribuição diferenciada de acessos e fatores, modelando a pluralidade. Consequentemente, as igrejas também irão sofrer tal fatiamento urbano, mesmo que em menor escalar. Por essa razão, quando falamos em oportunidades urbanas, nos referimos à pluralidade de contextos e situações que existem nas metrópoles e que irão potencializar as ações missionárias a partir de suas igrejas locais. 
Esses múltiplos perfis precisam ser vistos pelas igrejas como oportunidades missionárias. Na pesquisa que realizamos, identificamos que na Região Metropolitana do Recife, em particular para a Igreja Presbiteriana do Brasil, a existência de sete presbitérios, com um total de 53 igrejas organizadas. Adicionando a existência de igrejas batistas, metodistas, congregacionais e de outras denominações evangélicas, essa metrópole se torna um estratégico centro missionário. Leve-se em consideração que há igrejas estabelecidas em quase todos os locais, porém elas não trabalham missionariamente articuladas. Parece-nos até que apenas crentes de uma ou outra denominação terão acesso ao Reino de Deus. 
Outro fator de importância missiológica identificado é que há muitos membros das igrejas metropolitanas que possuem parentes em outras partes da metrópole. Uma vez quebrado o muro da inércia e da alienação, inúmeras oportunidades missionárias poderão surgir simplesmente através de vínculos familiares. 
Entretanto, o que observamos é que a grande maioria das ações missionárias urbanas é o resultado de uma iniciativa das igrejas locais sem planejamento. A parceria de igrejas em prol do Reino precisa ser restaurada como uma verdadeira oportunidade missionária a partir da metrópole, podendo somar esforços, difundir e suprir necessidades, oferecer treinamentos específicos, oportunizando diversas propostas de missões. 
Por fim, merece atenção, ainda, cinco aspectos da ação social e da evangelização aos pobres. 
(1) Primeiro, que é inegociável reconhecer que nenhuma comunidade de servos de Deus pode alienar-se à realidade da miséria existente no contexto em que a igreja está inserida, por mais doloroso que tal processo de conhecimento e participação venha a ser, ou por maior que seja a extensão da miséria.
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(2) Segundo, é preciso afirmar que as grandes proporções de pobreza existente, não podem servir de justificativas para a inércia da Igreja. A Igreja é a comunidade “sal e luz” e precisa se voltar para o mundo não-cristão com modelos de solidariedade, com projetos e ações criativas produzindo mudanças permanentes, mesmo que atinja pequenas proporções de pessoas com almas sedentas de graça e corpos famintos de pão. 
(3) Terceiro, a participação das igrejas urbanas mais abastadas precisa mudar o foco da auto-aplicação dos recursos materiais e humanos e direcioná-los mais abundantemente para as áreas de pobreza das cidades e também para áreas rurais de miséria. 
(4) Quarto, seguindo a orientação do apóstolo Paulo, em cada igreja local as famílias devem ser incentivadas a reservar mensalmente um pouco do seu ganho para ser destinado ao socorro dos necessitados, desfrutando assim da bem-aventurança de dar (At. 20:35). 
(5) Quinto, é urgente a necessidade de quebrar os muros de separação e produzir participação em ações de parcerias sociais com outras comunidades reconhecidamente evangélicas, no propósito se fazer ouvida em alto e bom som a voz profética da Igreja contra a injustiça social e o descaso contra os desprovidos, tornando tal atuação uma influência nas decisões políticas de investimentos e planejamento sociais, à semelhança do ideal de ajuda aos pobres e igualdade social que João Calvino desejava e buscou produzir na cidade de Genebra. 
Por amor a Cristo; por crermos que a Sua igreja é comissionada para evangelização e ação social; por obediência à Palavra; por vermos no outro necessitado a imagem de Deus e por crermos que o estado de pobreza e miséria não honra a Deus, embora possa ser por Ele usado como disciplina e ensino divinos, não cuidar da causa do pobre e miserável é inquestionavelmente pecado!
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PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: 
1. Porque nas grandes metrópoles há grande concentração de miseráveis? 
2. Qual a relação entre o desvio do capitalismo e a pobreza nas grades Cidades? 
3. E a Igreja? Qual o seu papel diante desta realidade?
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Os Fatores Essenciais e as Melhores Práticas para Engajar sua Igreja na Missão Integral de Deus 
Ana E.C. Borquist e Bruce R. Borquist 
Qual a missão do Povo de Deus (ou seja, da Igreja)? Em poucas palavras, a missão dos seguidores de Jesus se refere à proclamação e demonstração das boas novas da nova vida em Jesus e da presença do Reino de Deus. Enfatiza um compromisso de viver nossa fé individual e coletiva “à maneira de Jesus” (1 Jo. 2.4-6). Destaca que Deus chama seu povo a compartilhar a plenitude do Evangelho que transforma a vida em todas as suas dimensões: do indivíduo para a sociedade. Mas, como conduzir a igreja no processo de amadurecimento a fim de que ela se torne um canal eficaz do todo Evangelho em palavras e ações, cooperando com Deus na missão integral dEle? 
Os seguintes fatores e práticas foram identificados numa pesquisa feita com várias igrejas da Convenção Batista Nacional do Brasil (CBN) já engajadas em ministérios que refletem a missão integral de Deus.* Eles representam um entendimento comum a respeito dos elementos, práticas ou estratégias necessários que facilitem a transição da igreja focada em si mesma para uma igreja equilibrada que, simultaneamente, cuida dos seus membros e os equipa para mostrar o amor de Deus e as Boas Novas de Jesus em palavras e ações. 
Fatores essenciais 
1. O PASTOR 
O pastor é a pessoa chave para promover a visão da missão integral de Deus e o papel da igreja local nela. O pastor precisa ter uma compreensão profunda e clara do mandato bíblico de que cada discípulo deve se engajar na missão de Deus no mundo, “na maneira de Jesus”. Se o pastor estiver relutante ou tiver dúvidas sobre a necessidade de participar da missão de Deus além das quatro paredes da igreja, a igreja continuará a andar lentamente, investindo exclusivamente em ministérios que beneficiam os próprios membros. 
O pastor é quem seleciona e treina a equipe de liderança responsável por mobilizar a igreja para a missão integral. Um pastor afirmou com paixão: “Permita o seu povo trabalhar! Liberte o seu povo para fazer aquilo que o Espírito Santo o chamou a fazer!” 
2. ORAÇÃO 
Pela oração, a igreja busca a vontade de Deus para a sua missão específica. Uma igreja mobilizada para a missão integral de Deus organiza campanhas de oração e inclui em sua pauta de oração tanto os de dentro quanto os de fora da igreja.
Igreja e Missão Transformadora
Igreja e Missão Transformadora
Igreja e Missão Transformadora
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Igreja e Missão Transformadora

  • 1. Org: Marcos Aurélio e Arturo Meneses
  • 2. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 1 “Vocês são o sal da terra. Vocês são a luz do mundo. Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus”. Mateus 5.13ª, 14ª, 16 NVI “Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo o Joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai”. Filipenses 2.9-11 NVI “Tu Senhor e Deus nosso, és digno de receber a glória, a honra e poder, porque criastes todas as coisas, e por tua vontade elas existem e foram criadas”. Apocalipse 4. 11 NVI Textos citados no livro - Igreja: Agente de Transformação.
  • 3. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 2 SUMÁRIO Palavra Introdutória ---------------------------------------------------------------- 04 Guia Didático -------------------------------------------------------------------------05 PARTE I - ARTIGOS I - Bases Bíblicas da Missão Integral da Igreja ------------------------------------08 Pedro Arana Quiroz II - A Igreja que Enfrentou a Pobreza -----------------------------------------------12 Ariovaldo Ramos III - E se o Sal não Salga... ------------------------------------------------------------15 José Marcos Silva IV - Cidadãos do Reino, Cidadãos do Mundo! -------------------------------------18 Wilson Costa V - A Igreja e Seu Papel na Missão de Deus (Missio Dei) -------------------------22 Hudson Taylor Maia VI - A Missão da Igreja ---------------------------------------------------------------25 Romildo Gurgel VII - Transformando o Mundo Para a Glória de Deus ----------------------------30 Marcos Aurélio dos Santos VIII - Emerge um Novo Conceito de Santidade ------------------------------------33 Antônio Carlos Costas IX - Práticas de Liderança Para Uma Missão Transformadora ------------------35 Arturo Meneses X - Igreja: Agencia de Transformação no Mundo Contemporâneo --------------38 Renildo Diniz Lopes Junior
  • 4. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 3 XI - O Desafio Urbano às Igrejas ----------------------------------------------------41 Sergio Paulo Ribeiro Lira Os Fatores Essenciais e as Melhores Práticas para Engajar sua Igreja na Missão Integral de Deus---------------------------------------------------48 Ana E.C. Borquist e Bruce R. Borquist XII – Igreja Integral ------------------------------------------------------------------53 Leandro Silva XIII - Implantando Pequenos Grupos na Igreja -----------------------------------61 Tiago Nogueira de Souza PARTE II - ANEXOS I - Para o Senhor Que Amamos: Compromisso da Cidade do Cabo -------------66 II - Declaração de Natal: Redescobrindo o Evangelho Integral Para a Igreja Hoje ---------------------------------------------------------------------82 Equipe ALEF III - O caráter Eclesiológico do Pacto de Lausanne --------------------------------87 Key Yuasa IV - Sobre os Autores -----------------------------------------------------------------97
  • 5. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 4 Palavra Introdutória É com grande alegria no Senhor Jesus que a equipe coordenadora de metodologia do congresso ALEF – 2014, disponibiliza este relevante material para reflexão. Atendendo tanto aos anseios de nossos leitores como da equipe ALEF, Compartilhamos estas reflexões sobre o tema “A Igreja e sua Missão Transformadora”, assunto que será abordado em nosso congresso de 2014 no período de 15 a 18 de Outubro em Natal, RN. Na primeira parte o leitor encontrará uma coleção de artigos escritos por irmãos e irmãs comprometidos com as Escrituras e com os valores do Reino de Deus relevado na mesma. Na segunda parte, o leitor poderá fazer a leitura e refletir sobre dois importantes documentos. “A Declaração de fé da Cidade do Cabo”, que aprofunda de maneira abrangente o documento do Pacto de Laussane, e a declaração de Natal, que condensa as reflexões e compromissos do congresso ALEF para pastores e líderes realizado no ano de 2013. Ainda nesta sessão está disponível o texto “O caráter eclesiológico do Pacto de Lausanne”, que reflete sobre a missão integral da Igreja. Este caderno não tem a pretensão de entregar ao leitor, uma resposta pronta sobre o papel da igreja e sua missão para transformar o mundo. Nosso propósito é levar aos leitores (as) uma reflexão que produza um diálogo, para que por meio desta, a Igreja possa encontrar uma direção que a leve a prática da Missão de Deus. Boa Leitura. Marcos Aurélio dos Santos, Coordenador de metodologia do congresso ALEF 2014.
  • 6. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 5 Guia Didático Sugestões Para Usar este Caderno Saudações fraternais, prezados leitores. Consideramos uma benção e uma grande oportunidade de disponibilizar estes artigos e documentos chaves para a sua reflexão, junto com suas congregações, no qual representa o pensamento de mais de dez autores do Brasil e outros países. Para facilitar o processo de estudo, vivencia e aproveitamento, oferecemos alguns princípios e guias didáticos. 1. Dê uma olhada no Sumário de conteúdo dos artigos, para identificar aqueles temas que possam ser de major interesse para sua igreja, grupo pequeno, seminário ou comunidade. 2. Para maior referência, pode consultar a tabela de temas e objetivos gerais, anexa ao final deste guia didático. De essa maneira, terá uma perspectiva mais ampla de como o conteúdo pode apoiar na reflexão do seu ministério. 3. Utilize os artigos, como parte de um processo educativo e não só de leitura simples. Sugerimos responder as perguntas, ao final de cada reflexão, em trabalho de grupos, o qual ajudará para fortalecer o aprendizado e integrá-lo na sua prática ministerial. 4. Anote qualquer pergunta que possa surgir da leitura e estudo. Venha preparado ao Congresso nas datas 15-18 de Outubro, para interagir com os autores, compartilhar seu feedback e esclarecer qualquer dúvida. 5. Compartilhe com outros o conteúdo do material e suas reflexões sobre as perguntas. Pense na possibilidade de usar os artigos como apostila sobre módulos específicos de estudo formal ou não formal nos temas de: A missão de Deus para o mundo; A igreja e sua missão transformadora como cooperadora de Deus; Liderança para a missão; Os desafios de transformação do contexto brasileiro; A pobreza e a missão de Deus, etc. 6. Ore pelo Congresso ALEF 2014 e para que Deus utilize estas ferramentas de estudo, para fortalecer o papel da Igreja Cristã na Missão Transformadora de Deus (Missio Dei). A seguinte tabela pode ser útil para identificar os temas de maior interesse no contexto da sua igreja ou ministério:
  • 7. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 6 Título Objetivo geral para o aprendizado  Bases bíblicas da Missão Integral da igreja Como a igreja pode servir as necessidades do mundo, sem perder a identidade cristã, segundo o modelo de missão de Jesus Cristo.  A igreja que enfrentou a pobreza Articular uma proposta e ética bíblica de trabalho da igreja para combate à pobreza.  E se a sal não salga? O desafio da igreja para se mover do individualismo (idios) ao comunitário (polis) para ser sal da terra.  Cidadãos do reino, cidadãos do mundo Como a igreja pode se envolver com causas justas na cidade. Ser fiel a Deus nos desafios para o shalom de Deus.  A igreja e seu papel na Missio Dei Entender que a igreja não contempla as mudanças sociais como parte de seu oficio, ainda não compreendeu a missão de Deus (Missio Dei)  A missão da igreja Caraterísticas da comunidade de fé, para cumprir a missão comissionada por Deus na abrangência do modelo de Jesus.  Transformando o mundo para a gloria de Deus Entender as dimensões da tarefa de reconciliar todas as coisas junto com Jesus, como membros da sua igreja com ministério profético.  Emerge um novo conceito de santidade Considerar três elementos novos para a forma de vivenciar o cristianismo pelos cristãos brasileiros.  Práticas de liderança para uma missão transformadora Entender que não pode haver missão transformadora, sem liderança também transformadora, com práticas exemplares que ajudam a recuperar sua credibilidade para viabilizar a missão.  Igreja: Agência de transformação no mundo contemporâneo Refletir no papel e desafios da igreja, como parte do modelo estabelecido por Deus, para expandir sua missão. Propostas para uma missão transformadora.  Os Fatores Essenciais e as Melhores Práticas para Engajar sua Igreja na Missão Integral de Deus Propostas e desafios práticos para levar a igreja a refletir e agir dentro do contexto onde ela está inserida. Aborda questões como: Formação de liderança, pesquisas na comunidade, formação de associação e etc.  Igreja Integral Pensar de maneira bíblica e teológica sobre os desafios da igreja na busca da integralidade da missão.  Implantando pequenos Grupos na Igreja Refletir sobre propostas e desafios para a implantação de pequenos grupos na igreja nas dimensões de edificação e evangelização.  O desafio urbano das igrejas Aspectos para delimitar a abordagem do desafio missionário, no contexto das metrópoles urbanas.  Compromisso da Cidade do Cabo (Lausanne) Conhecer os compromissos e propostas mais recentes sobre a missão de Deus do Movimento Lausanne de Evangelização Mundial. Reunião na África do Sul em 2010.  Declaração de Natal. Congresso ALEF 2013 Revisitar as lições aprendidas, desafios e compromisso de seguimento do Congresso ALEF 2013 sobre o Evangelho Integral.  O caráter eclesiológico do Pacto de Lausanne 1974. Reafirmar o conteúdo central do Pacto de Lausanne 1974 e as implicações para a missão da igreja, desde uma perspectiva integral. Arturo Meneses.
  • 8. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 7 ARTIGOS
  • 9. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 8 Bases Bíblicas da Missão Integral da Igreja Pedro Arana Quiroz Queremos pensar as bases bíblicas da missão integral da Igreja a partir de Mateus 9.35 – 10.1. Esse texto contém, em forma embrionária, a perspectiva, o conteúdo, a motivação e o impulso para a missão. Tanto a perspectiva da missão da Igreja como a própria missão, em sua totalidade, são vistas na vida e ação de nosso Senhor Jesus, de forma histórica e concreta. A perspectiva dessa missão tem como ponto determinando e determinado a vida da missão da Igreja em sua oração sacerdotal e intercessora: “Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.” (Jo 17.18) Depois de sua morte e ressurreição, a oração se transforma, em seus lábios, num mandamento missionário: “Assim como o Pai me enviou, assim também eu vos envio” (Jo 20.21), sugere que a missão da Igreja deve corresponder à própria missão de Cristo. “Dito de outra maneira, a missão de Cristo é o modelo para a missão da Igreja: Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio”. Isso quer dizer que, da compreensão da missão de Jesus Cristo, a Igreja deve deduzir a compreensão de sua própria missão. Como foi que o Pai enviou o seu filho unigênito ao mundo? (1) Enviou-o como homem: Adão, novo Adão (Sl 8, Hb 2). (2) Como Filho do homem e servo sofredor (Dn 7.14, Is 53) (3) A síntese cristológica (Mc 10.45, Lc 22.27) (4) O novo Adão (Fl 2.5-8, Hb 4) Jesus nos oferece o modelo perfeito de serviço e envia sua igreja ao mundo para que seja uma igreja serva. Ele expressou seu amor em serviço, e este é o caminho de igreja. De que forma é essencial que recuperemos esta ênfase bíblica em nosso ministério? PATRÕES E SERVOS. CAPITALISTAS E DEPENDENTES. O destino do Filho de Deus foi o mundo de Deus: “Assim como o Pai me enviou”. “Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu vos enviei ao mundo”. O Cristo-homem veio ao mundo dos homens. Não a um mundo ideal, mas ao mundo tal e qual ele é. Ele se reduziu a uma cultura particular – ou, dito de outra maneira, a um espaço-tempo-recado. Por que toda cultura está limitada pela geografia, pela história e pela situação de pecado. Jesus enviou sua igreja “como ele foi enviado” ao mundo da história, da geografia e do pecado, o qual, no entanto, é o mundo de Deus, o mundo das Escrituras.
  • 10. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 9 Devemos identificar-nos com este mundo, sim, mas sem perder nossa identidade cristã. O que significa isto em termos práticos? Significa conhecer, conviver, compartilhar e comprometer-se com o mundo. Conhecer: este mundo deve ser conhecido, devido à natureza de nosso trabalho. O conhecimento da situação que nos rodeia é a base para uma missão séria da igreja. Conhecer as pessoas com o respeito que merecem aqueles a quem iremos servir. Temos de fazer o melhor por eles, como pessoas no mundo. O amor é a direção única que leva ao conhecimento. Amor a Deus e amor ao próximo. Conviver: temos de aprender a conviver com nós mesmos e com as pessoas a quem Deus nos enviou, pessoas com as quais Ele se preocupa. Compartilhar: tudo que o Senhor nos tem dado. Isto é, compartilhar o evangelho em sua dimensão integral e lutar pelos valores deste evangelho: justiça, paz, preocupação pelas necessidades humanas. Comprometer-nos: Cristo estava comprometido com a vontade do Pai, pelo que também se comprometia com os seus. Não se trata de servirmo-nos a nós mesmos, mas de comprometermo-nos com os demais: “Este mundo espera a revelação dos filhos de Deus”. Como podemos ser melhores servos na igreja? O poder corrompe e a igreja não está livre dessa corrupção. A vida de Jesus foi uma vida itinerante, uma vida peregrina; uma vida, como diria João A. Mackay, do caminho. “Jesus percorria os povos e aldeias”. A igreja, assim como o Senhor Jesus, deve ser uma igreja do caminho e não do balcão. Ela não pode permanecer como espectadora da história: tem de descer para onde se travam as lutas reais dos homens. Ali se encontram as necessidades, que são o chamado premente da Igreja para que possa cumprir sua missão. A passagem também nos fala do conteúdo da missão. Diz que o Senhor ensinava, pregava e servia. Talvez seja isso que a igreja tem esquecido. De testemunha ocular dos acontecimentos humanos, ela tem de passar a identificar-se e solidarizar com as necessidades reais das pessoas. Deve participar como portadora de Cristo e de sua graça, oferecendo os recursos que seu Senhor lhe confiou para a transformação, não somente da situação, mas também da natureza dos participantes. Essa imersão nas necessidades humanas deve levar ao nítido reconhecimento de que a necessidade fundamental do homem é de natureza espiritual. A ruptura entre Deus e os homens deve-se à lamentável realidade do pecado humano. O pecado é o agente de toda desarmonia, seja com Deus e o próximo, seja consigo mesmo e com a criação. O pecado é essencialmente pessoal; suas consequências sociais, porém, são trágicas e imediatas.
  • 11. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 10 Jesus veio para salvar os pecadores. Cabe à Igreja fazer chegar essa salvação, hoje, aos pecadores. Jesus, em sua tarefa, envolveu-se com os pecadores, não com seu pecado. A Igreja, em sua história, muitas vezes participou dos pecados dos pecadores (orgulho, egoísmo, cobiça), afastando-se, porém, dos pecadores. Não poucas vezes, em seu distanciamento, ao invés de fazer chegar a eles a salvação e a redenção, ofereceu-lhes somente crítica e juízo. Quando as igrejas esquecem algumas dessas dimensões do conteúdo de sua missão, entram em discussões estéreis que polarizam as posições e, diria eu, caem na infidelidade, pois infidelidade quer dizer não obedecer ao que Cristo manda e ensina. Não somente pelo preceito, mas pelo exemplo. Jesus ensinou, anunciou o evangelho e serviu. Cada uma dessas dimensões tem lugar dentro da missão da Igreja, sem mescla nem combinação. E se a Igreja quiser ser fiel, tem de cumprir estas dimensões em sua tarefa missionária. O texto fala também da motivação da missão: “Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, por que estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não tem pastor.” A motivação, a causa que moveu Jesus, a força interna que o impulsionou, foi a compaixão: do latim “compaixão”, padecer junto a; do grego “sun-patiens”, sofrer com. Quando nos é dito que o Senhor sentiu compaixão, isto significa que ele se identificou com essa gente, solidarizou com suas necessidades, colocou-se em sua pele. A Igreja também tem de fazer o mesmo. Não pode fazê-lo, no entanto, sem a presença e o poder do Espírito santo, que dominava a vida de Jesus Cristo, mas que nem sempre domina a vida da Igreja. Aqui fica muito evidente para onde o Senhor direcionava sua compaixão: “Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas”. A Cristo importavam e importam as pessoas. Mesmo que para a Igreja hoje importem mais os números e as estatísticas, os edifícios, os alto-falantes e as luzes de efeito, para Cristo o importante eram as pessoas. Hoje, uma igreja que queira ser fiel a Cristo tem de enxergar além das estatísticas, isto é, ver as pessoas e as suas necessidades. Deverá enxergar além das estruturas que possui ou das facilidades materiais que desfruta e ver as mentes, os corações e a fome espiritual, emocional e física das pessoas. Tudo que Cristo fez, ele o fez pelo homem-em-comunidade e pelo homem de carne e osso. Não por uma ideia do homem, não por uma alma desencarnada, mas pelo homem vital e vivente, cheio de necessidades, angústias e problemas, cheio de aspirações e esperanças. A este homem é que Cristo se dirigiu, atendendo a suas necessidades. A passagem, porém, fala não somente da perspectiva, do conteúdo e da motivação para a missão, mas também do impulso missionário. Esse é um impulso comprometido: “E então se dirigiu a seus discípulos: A seara na verdade é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da
  • 12. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 11 seara que mande trabalhadores para sua seara.” Não entrarei na exegese do texto. O certo é que o dono da colheita é Deus, que ele tem um povo e que seus discípulos, a Igreja, devem reunir este povo, para que façam “conhecidas, entre os povos, as obras do Senhor”. Esta é uma oração que compromete: “Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para sua seara”. Observem como surge a resposta: “Tendo chamado os seus doze discípulos, deu-lhes Jesus autoridade sobre espíritos imundos para expeli-los, e para curar toda sorte de doenças e enfermidades”. Afirmo que, para a igreja, o maior perigo é orar, pois o Senhor responde a oração e nós fazemos parte da resposta. Se ele mandou que eles orassem, deviam estar dispostos a fazer parte da resposta dessa oração. A igreja que olha o mundo, que entende o chamado do Senhor e que escuta a Cristo, essa é a igreja que é chamada e convocada para ser a resposta de sua própria oração, assim como aconteceu com os discípulos. FONTE: formacaoredefale.pbworks.com PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: 1. Em que fundamento a Igreja deve firmar-se para fazer a missão? 2. Qual a relação que a igreja deve ter como o mundo que a cerca? 3. Qual o nível de comprometimento que a igreja deve ter com o mundo?
  • 13. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 12 A Igreja que Enfrentou a Pobreza Ariovaldo Ramos A primeira igreja nasceu em meio à pobreza, e a enfrentou, deixando lições preciosas. Começaram reagindo à mesma, não sendo tolerante para com a realidade em que os pobres estavam imersos. Responderam com solidariedade, onde os irmãos, como podiam, desfaziam-se voluntariamente de posses para ajudar os demais, segundo a necessidade dos mesmos. Depreende-se um padrão mínimo que, rebaixado, acionava o socorro. E o padrão de socorro não era determinado pelas posses dos doadores, sim pela necessidade dos beneficiários, o que indica que a ação era tomada a partir do conceito do direito, o irmão necessitado tinha o direito de ser atendido em sua carência, cabia à comunidade a satisfação do mesmo. Claro que, como Paulo procura deixar claro em sua segunda carta aos tessalonicenses: “Quem não quiser trabalhar também não coma” - 2Tes 3.10; isto é, todas as alternativas possíveis deveriam ser tentadas, porém, sem detrimento ao direito do irmão. Essa postura era tanto entre irmãos, quanto entre comunidades, como no caso em que todas as comunidades se uniram para socorrer a comunidade em Jerusalém. Num outro momento, percebe-se o desenvolvimento de um programa para o sustento das viúvas, uma espécie de programa previdenciário da Igreja, assumindo a responsabilidade por aquelas que não tinham mais acesso ao trabalho remunerante. Programa levado tão a sério, que uma categoria nova de oficiais foi acrescentada à Igreja. Estes, os diáconos, assumiram o ministério de seguridade social da comunidade. Desse enfrentamento da pobreza surgiram conceitos de intensa pedagogia: “Aquele que furtava, não furte mais, antes trabalhe para ter com que acudir ao necessitado” Ef 4.28. Aqui, a vitória sobre o pecado do furto é passar a contribuir com o necessitado. De lesa-patrimônio a sustentáculo dos despossuídos de patrimônio, e não a construtor de seu próprio patrimônio. Dá até para pensar que, para o apóstolo, o ato da acumulação se assemelha de alguma maneira ao furto. Há, também, nessa colocação, a sugestão de uma ética do trabalho: a solidariedade - trabalha-se, também, por responsabilidade para com o outro; o que amplia a dimensão da frase paulina: “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma...” Há um assumido débito para com o necessitado. “Porque não é para que os outros tenham alívio, e vós, sobrecarga; mas para que haja igualdade, suprindo a vossa abundancia, no presente, a falta daqueles, de modo que a abundancia daqueles venha a suprir a vossa falta, e,
  • 14. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 13 assim, haja igualdade, como está escrito: O que muito colheu não teve demais; e o que pouco, não teve falta.” 2Co 8.13-15. Como estas palavras foram ditas no contexto da coleta para a Igreja em Jerusalém, surge a possibilidade da leitura dum apontamento na direção de uma universalização do trabalho solidário, algo semelhante ao conceito de revolução permanente, capaz de gerar um conceito de acordo internacional pela erradicação da pobreza, pela busca da igualdade entre as nações pela partilha, onde os superavitários se responsabilizam pelos deficitários; o que ocorre numa perspectiva de acesso universal ao trabalho e num consenso de que todos trabalham por todos, pois a humanidade é o foco. E sendo assim, a fé cristã tem uma proposta de revolução quanto ao fim da economia e quanto ao parâmetro para a geopolítica internacional. “E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem” 2Tes 3.13. Este estímulo, dito no contexto da tentativa de alguns de se aproveitarem da bondade da comunidade desafia a toda a Igreja a estabelecer esses valores como inegociáveis, a despeito de quaisquer tentativas de abuso. “Bem”, portanto, pode ser entendido como esse conjunto de valores que configura uma ética do trabalho para o combate à pobreza. “Como está escrito na lei de Moisés: ‘Não atarás a boca ao boi que debulha o trigo’.” 1Cor 9.9. “O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a participar dos frutos” 2Tim 2.6. Onde a ética dos apóstolos coloca o trabalhador? Como primeiro e privilegiado beneficiário de seu trabalho; a exemplo do boi, que não pode ser impedido de ser o primeiro a desfrutar de sua produção. Até porque, como o trabalho é para a solidariedade voluntária, o trabalhador para poder exercer essa partilha, tem de ter o que partilhar, tem de ser senhor de seu trabalho. Aqui, mais do que um princípio ético, há um postulado econômico: O trabalhador tem de ser o primeiro a desfrutar do resultado de seu trabalho. O desenvolvimento deste primado há de redefinir a administração dos meios de produção e do lucro. A primeira Igreja na sua intolerância para com o estado de pobreza propôs abordagens desafiadoras, pertinentes e que mantêm atualidade. FONTE: ariovaldoramos.blogspot.com PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:
  • 15. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 14 1. O que deve determinar a prática de socorro na igreja? 2. A quem a igreja deve fazer o bem? 3. Qual a diferença entre socorro ao necessitado e assistencialismo?
  • 16. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 15 E, Se o Sal Não Salga.... José Marcos Silva Imagine que você convide amigos para um churrasquinho e ao servir a carne, todos percebam que ela está insossa. Curioso, e sabendo que colocou sal à vontade, você vai até o saleiro, prova uma pitada do sal e verifica que o mesmo já não está mais salgado. O que você faria? Em Mt 5.13 Jesus faz uma analogia entre nós, os seus discípulos, e o sal. O texto você conhece muito bem. Ele diz que aquele sal já não serve mais pra nada, a não ser pra ser jogado fora e pisado pelas pessoas. O sal não perde o seu sabor, enquanto se mantiver puro, porém, contaminado com outras substâncias, é possível que não salgue mais, nem se consiga mais restaurar as suas características. Nesses casos, nos tempos de Jesus, era comum usar o sal insípido para pavimentação das ruas ou para ser jogado nos batentes de templos pagãos, para evitar que as pessoas escorregassem. Em todo caso, só servia para ser pisado pelas pessoas. Logo o sal, que era uma especiaria tão preciosa que chegou a servir como moeda de pagamento das jornadas de trabalho, de onde nasce o nome “salário”. Já em tempos em que não havia energia elétrica, o sal servia também para conservar a carne. De fato, era algo muito precioso. Vamos transportar essa comparação para a realidade da igreja “evangélica” brasileira. Tenho uma grande luta dentro de mim: a de não perder a esperança quando penso no rumo desta Igreja. Procuro olhar para o lado bom das coisas a fim de que possa manter a utopia no lugar mais alto da minha vida, ao mesmo tempo em que, na qualidade de profeta do Senhor, não posso perder o poder da contemplação, ou seja, de olhar os fatos de maneira crítica. Não quero deixar de enxergar a bênção na vida de um sujeito prostituído, mentiroso, drogado, que se torna crente e abandona a cachaça, a amante e a mentira, mas também não posso deixar de enxergar que este mesmo sujeito pode ser um religioso tão insuportável que feche as portas do céu para quem está ao seu redor. Bom, mas, saindo deste parâmetro mais individualista, passemos para o mais geral. Há um fenômeno na igreja “evangélica” brasileira que me intriga muito. Somos quarenta milhões de professos seguidores de Jesus, mas, não vemos a relevância disso, pelo menos como deveríamos. O que justifica esse fenômeno? Dentre tantas, compartilho, pelo menos, duas pistas. À primeira, denominarei de “Igreja Idiotizante”. Antes de você se chatear comigo, explico que não me refiro ao termo como sinônimo de idiota, a partir do uso pejorativo que denota aquele/a que é tolo. Não é isso. Refiro-me ao termo no uso etimológico da palavra, do seu radical grego “idios” que se refere àquilo que é da ordem dos interesses pessoais. É o mesmo radical que usamos para a palavra idiossincrasia, que significa aquilo que é peculiar a mim mesmo.
  • 17. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 16 Criamos no Brasil, e replicamos massivamente, um modelo de igreja focada, quase que exclusivamente, no indivíduo e suas necessidades pessoais. Isso é tão claro que eu poderia dispensar qualquer exemplo, mas, vamos a alguns deles: qual é a mensagem central da “igreja” que mais cresce no Brasil? “Pare de sofrer!”. Multidões em romaria vão ao encontro dos pastores “ungidos” e midiáticos em busca de empregos, prosperidade, curas, casamentos... Nossa hinologia é predominantemente “idiotizante”. Entra na minha casa, entra na minha vida, mexe com minha estrutura... Os pronomes estão, quase sempre, na primeira pessoa do singular - eu, meu. Verifique os cultos de oração e verá que os pedidos são, quase sempre, na ordem do pessoal, do individual. Por estar tão focada no “eu” no “meu” (idios), esta igreja se esquece do “nós” e do “nosso”. Criamos uma igreja que, na teoria, ora o “Pai Nosso”, mas na prática busca o “Pão Meu”. Em função desse individualismo (idiotismo), grande parte dessa igreja cometeu desvios tão substanciais que está se sujando com Mamon. Isto é tão notório que identificamos um “irmão abençoado”, pela quantidade de bênçãos (leia-se, bens) que ele consegue receber de Deus, quando, na real, deveríamos medir nosso grau de “abençoamento”, não pelo que recebemos de Deus, mas pelo que repassamos aos outros, ou não é verdade que “mais bem-aventurada coisa é dar do que receber”? Ora, mas enquanto a igreja atua no varejo, Satanás atua no atacado. A igreja foca no indivíduo e o Diabo foca nas estruturas. Sendo assim, salvamos um e perdemos mil. Nesse aspecto, a única saída é a igreja deixar de ser idiotizante, para ser politizante (do grego “polis” – todo, comum, cidade...). Logicamente que não estou propondo que a igreja esqueça o sujeito. Não é isso. Só estou sugerindo que ela se volte também para os sistemas. Essa tarefa só será possível se a igreja recuperar a sua autoridade profética. Entendo que o resgate da profecia é a segunda pista/ação para se evitar o processo de insipidez da igreja. Tal retorno se dará, primariamente, por um resgate dos significados de profeta e profecia. No senso geral, entendemos o profeta como o adivinhador e a profecia como adivinhação. Isso é catastrófico. Na Bíblia toda, o/a profeta/tisa é o/a “Boca de Deus” cuja missão é trazer o realimento entre o povo e a vontade de Deus. Essa profecia, quase sempre, tinha endereço certo: os sistemas político (Is 10.1-3; Jr 23.5, 6), social (Hc 1.2-4), econômico (Am 8.4-6; Os 4.1-3; Mq 2.1-3) e religioso (Am 5.21-6.14; Os 6.6; Mq 3.5-7). Esse realimento com a vontade de Deus tem a justiça como o seu eixo principal. Aliás, o principal marcador do Reino de Deus é a justiça, e não necessariamente a quantidade de novos crentes que o nosso sistema religioso consegue produzir, pois se fosse assim, os quarenta milhões de “evangélicos” estariam aumentando os sinais do Reino, mas, as estatísticas dizem o contrário. Acredito que essas duas pistas devam se constituir duas bandeiras de reflexões e lutas da igreja: a “desidiotização” da igreja e o resgate da profecia. Com elas, impediremos o processo de nos tornarmos “sal que não salga” e
  • 18. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 17 consequentemente, não teremos o desprazer de vermos a “igreja ser pisada pelos homens”. PERFUNTAS PARA REFLEXÃO: 1. O que você entendeu sobre o termo “idiotização da igreja”? 2. Que aspectos devem ser levados em conta para que haja o resgate da profecia? 3. Porque o Sal deve salgar?
  • 19. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 18 Cidadãos do Reino, Cidadãos do Mundo! Wilson Costa Este breve texto de reflexão bíblica e teológica sobre a vida cristã, inicia com esta pergunta: deve o crente em Jesus Cristo envolver-se com causas justas neste mundo? No início de 2012, Vitor, um jovem de 21 anos, foi espancado por cinco rapazes ao tentar impedir que batessem em um mendigo no Rio de Janeiro. Foi notícia no Brasil todo. Ele quase morreu, sofreu muitas cirurgias e ficou hospitalizado por muito tempo. Seis meses depois, um juiz criminal determinou o cancelamento da prisão preventiva dos acusados, abrandando também a natureza do crime, livrando os de um júri popular. O estudante lançou uma petição na internet para cobrar punição adequada aos seus agressores, para obter 20 mil assinaturas de repúdio às mudanças, exigindo que a justiça fosse feita. Em poucos dias já havia obtido 15 mil assinaturas. Este é um episódio sobre justiça e impunidade. Justiça é um valor do Reino de Deus com o qual o crente necessariamente precisa estar conectado. E se os crentes do Rio de Janeiro e do Brasil olhassem uma causa dessa como algo em que eles deveriam se envolver? Não poderíamos ter as 20 mil assinaturas em apenas um dia? O NOSSO BEM-ESTAR DEPENDE DO BEM-ESTAR DA CIDADE O profeta Jeremias escreveu ao povo de Deus que tinha sido levado cativo para a Babilônia: “Busquem a prosperidade da cidade para a qual eu os deportei e orem ao SENHOR em favor dela, porque a prosperidade de vocês depende da prosperidade dela”. (Jer. 29.7 versão NVI) No meio do povo havia falsos profetas dizendo, em outras palavras: “não se importem com esta terra, a Babilônia, pois não é a terra de vocês e logo Deus os levará de volta pro lugar de vocês”. Parecido com o discurso dos crentes que dizem: “não precisamos nos preocupar com este mundo, não; logo Jesus vai voltar e este mundo será consumido pelo fogo e nós vamos para nossa pátria celestial”. O profeta de Deus orienta o povo de Deus olhe para a Babilônia como a terra deles agora, na qual eles devem servir a Deus, viver as suas vidas e ser luz para aquela nação. Eles devem agir para produzir e desfrutar do shalom mesmo no exílio. Shalom envolve saúde integral, bem-estar material e espiritual, harmonia com Deus, com o próximo e com a criação. Não foi exatamente isso que Jesus deu como motivo para sua vinda? “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância.” (João 10.10) Será que
  • 20. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 19 ele estava falando da vida no céu? Ou será que podemos viver em vitória na Babilônia? NÃO É UM CRENTE EM JESUS UM EXILADO NESTE MUNDO? A resposta é sim! Foi o próprio Senhor Jesus que disse: “Eles não são do mundo, como eu também não sou”. Por isso rogou ao Pai: “santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade”. Desta forma, Jesus já apontava o tipo de vida piedosa e reta que os seus teriam no mundo, à luz da verdade manifestada por suas palavras. O sentido de santificado é que somos separados para Deus, dedicados a Deus, mesmo vivendo neste mundo. Por isso, no meio dessa oração, há uma declaração de envio: “Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo”. (João 17.16-18) O apóstolo Pedro compreendeu bem isso. Ao escrever sua Carta, refere-se aos crentes em Jesus como “estrangeiros” e “peregrinos”. Tal qual os do povo de Deus que foram deportados para a Babilônia. COMO VIVEMOS NESTE MUNDO SEM SER DO MUNDO? Não somos do mundo, mas somos enviados ao mundo pelo próprio Senhor que nos separou para servi-lo. No meio dessa sociedade desconectada com Deus, somos reconciliados com Deus por meio de Jesus e somos chamados a testemunhar do amor de Deus às pessoas que Deus ama e por quem sacrificou seu único Filho. Precisamos ter o sentimento que houve em Jesus: “E quando chegou perto e viu a cidade, chorou sobre ela, dizendo: Ah! se tu conhecesses, ao menos neste dia, o que te poderia trazer a paz! mas agora isso está encoberto aos teus olhos. (Lucas 19.41, 42) OS CRENTES MANIFESTAM O GOVERNO DE DEUS PARA A CIDADE Deus é o Rei das nações e ele governa todo o mundo. Isso é cantado muitas vezes nos Salmos. É anunciado por Jesus que, por sua vida, ensino e obras, manifestavam o reino de Deus. Podemos ilustrar isso assim: A igreja, que representa a comunhão dos seguidores e seguidoras de Jesus, está no mundo. E abrangendo a igreja e o mundo está o governo de Deus. Deus lida com a igreja, mas também lida com o mundo. Não há por que não levarmos a sério a recomendação de Jeremias, “orai pela prosperidade da cidade”; e o ensino do apóstolo Pedro: “Amados, insisto em que, como estrangeiros e peregrinos no mundo, (...) Vivam entre os pagãos de maneira exemplar para que (...) observem as boas obras que vocês praticam e glorifiquem a Deus no dia da sua intervenção.” (I Pe. 2.11, 12) Boas obras, evidência da fé salvadora.
  • 21. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 20 O apóstolo Pedro está relembrando o ensino de Jesus: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” (Mateus 5.16). A luz de Cristo resplandece no mundo por meio da vivência do Evangelho pelos seguidores e seguidoras de Jesus. O apóstolo Paulo relembra isso quando escreve aos Efésios: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, (...) somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas.” (2.8-10). Então, a salvação não vem das obras, mas se manifesta nas boas obras. Com este entendimento podemos compreender a ênfase de Tiago: “Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma.” (2.17, 18). Deus nos chama para a prosperidade da cidade. Para que nossas cidades desfrutem do shalom de Deus elas precisam experimentar mais da manifestação da justiça de Deus no meio da sociedade. A prosperidade da cidade depende de muitos fatores: estabilidade institucional e política, com bons governantes, bons legisladores, bons juízes. Também depende da economia, com oportunidade de empregos, acesso à alimentação, à moradia, à educação, à saúde. As cidades precisam de segurança, meios de transporte urbano, espaços de lazer e convivência social. Se cada servo ou serva de Deus, que vive em nossa sociedade, atuando em alguma dessas áreas da vida de nossa sociedade, for fiel a Deus exercendo bem o seu papel na sociedade, estará servindo não só a Deus, mas também à prosperidade da cidade. Assim, nossa vida encontra o caminho da vocação de Deus para o serviço e o testemunho. As pessoas verão a luz de Jesus em nossas vidas e serão atraídas para Deus e seu Filho Jesus. Por isso a resposta à pergunta que está no início deste artigo é: sim, todo seguidor e toda seguidora de Jesus deve se envolver com as causas justas neste mundo. PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:
  • 22. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 21 1. Quais ensinamentos bíblicos oferecem base para que os crentes em Jesus se envolvam com causas justas neste mundo? 2. O entendimento de muitos evangélicos de que a fé salvadora não envolve boas obras tem apoio no ensino bíblico? 3. Como os crentes podem ser mais fiéis a esta palavra de Jesus: “Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo”?
  • 23. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 22 A Igreja e seu papel na missão de Deus Hudson Taylor Maia Quando olhamos o rumo que a Igreja do Senhor tomou ao longo dos anos percebemos um distanciamento claro entre o Cristianismo que Jesus plantou e o “cristianismo” que os homens criaram. No meio desses dois conceitos a religiosidade clerical e o liberalismo herético fazem da igreja uma plataforma cênica e cínica de líderes totalmente despreparados e com uma teologia frágil e sem nenhuma ortodoxia. A igreja em nossos tempos não expressa a compaixão por vidas e nem pelo desejo ardente da transformação da comunidade. Em nada parece com a igreja de atos 2.42. Uma igreja que movida pelo Espírito Santo preocupava-se em quebrar sofismas, estruturas sociais injustas e acima de tudo, preocupava-se com o sustento comum da comunidade. Quando falamos sobre essa esfera social, os religiosos de plantão, na sua ignorância espiritual, atrelam automaticamente ao socialismo comunista. Preferem fugir de sua responsabilidade profética, e, estou falando do profetismo bíblico e não das “profetadas” cada vez mais comuns em nossos dias, que viver um evangelho autêntico e sacrificial, que empodera as pessoas para servir no Reino de Deus. Uma igreja que transforma seu ambiente é uma igreja bem informada, bem articulada e bem estruturada espiritualmente. É uma igreja que não tirou os olhos do alvo, e o alvo é Cristo. Uma igreja que transforma seu ambiente é uma igreja que ensina, serve, convive, celebra e anuncia (pontos abordados por Jorge Barro no livro o qual organizou intitulado Missão para cidade da Descoberta Editora em parceria com a FTSA). A igreja que não contempla as mudanças sociais como parte de seu ofício nato ainda não compreendeu a Missio dei. Igreja e comunidade se entrelaçam e não se dissociam em função de um fato: Cristo morreu para redimir o ser o humano e também todas as áreas da dimensão humana. A igreja que não compreende isto sente a necessidade de trazer para o seu convívio alguma coisa que preencha seus vazios. Criam ministérios de várias naturezas, redes, novas teologias, novas tendências e nova “unção”. É como se tivessem um novo cristo totalmente adaptados a essa nova “igreja”. A igreja que Jesus plantou é única, universal, e santa e que tem como propósito central a salvação da humanidade pervertida pelo pecado, e isso se estende a dimensão de sua vida na terra. Não podemos continuar dizendo Jesus te ama e não fazermos algo para expressar na prática o amor do Deus que nos chamou.
  • 24. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 23 A Missio dei não é uma proclamação de voto de pobreza, mas de voto de justiça, o Espírito Santo é o Espírito de Justiça "O Reino de DEUS não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo" (Romanos 14.17). Ao lermos textos como Êxodo 22.25; Levítico 19.9-10; Provérbios 13.4,18; 19.15; 20.13 percebemos a economia de Deus e o cuidado com os pobres e os necessitados, a participação dos mais favorecidos e suas responsabilidades com os menos favorecidos. A igreja precisa passar por uma nova reforma onde o discurso central deve ser a universalidade humana e seus vários viés. Precisamos viver uma igreja que operacionalize a fé cristã na comunidade na qual está inserida, uma igreja pastoral, uma igreja para vidas e não para “crentes” somente. Uma igreja debatedora das questões sociais, ativa, proativa e reflexiva. Uma igreja que pensa, age e faz. Uma igreja que tipifica o “noivo”, santa, real, fiel e que se relaciona. Uma igreja para fora e não para dentro. Uma Igreja que muda conceitos e filosofias pelo que faz e não somente pelo que fala. Uma igreja que ama como Cristo nos amou. Em João 13.35 Jesus disse aos seus discípulos: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”. A igreja precisa expressar o amor de Cristo na comunidade com ações claras que gerem transformação. A igreja deve ser uma agente de transformação de vidas e consequentemente da comunidade. A igreja precisa ser percebida na comunidade pela evangelização constante, pelo seu testemunho verdadeiro, pelas suas ações relacionais e principalmente pelas ações sociais transformadoras que expressam o amor de Deus de forma efetiva. Alguns homens fizeram diferença em sua época por meio da Igreja do Senhor: George Whitfield, um dos avivalistas mais proeminentes na Inglaterra e Estados Unidos durante o século dezoito, pregou principalmente fora das igrejas em áreas abertas. Abraham Kuyper foi um planejador da coalizão ideológica. Fhilip Jacob Spener ensinou a intimidade com Deus e trouxe o movimento pietista à igreja Luterana, cuja proposta central era que o conhecimento do Cristianismo deve ser alcançado através da prática. Os Anabatistas ensinaram o pacifismo e a separação entre igreja e estado. Os puritanos, que fugiram da Inglaterra e se estabeleceram no Novo Mundo por causa da perseguição religiosa aplicaram a bíblia em todas as áreas da vida a fim de trazer transformação cultural. Ao longo dos tempos Deus tem levantado pessoas e igrejas, e pessoas que são igrejas para cumprir seu mandato universal: O reino de Deus está entre nós. Oramos a Deus para que, por sua graça, a igreja do Senhor, possa voltar ao primeiro amor, e as práticas da justiça e da transformação de vidas e comunidades por meio de seus atos de justiça.
  • 25. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 24 BIBLIOGRAFIA CITADA: Revolução do Reino – Josefh Mattera – Instituto e Publicações Transforma. Missão para a Cidade – Org. Jorge Barro - Descoberta Editora em parceria com a FTSA. PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: 1. Como podemos contextualizar Levítico 19.9-10 com a igreja dos nossos dias? 2. Que coisas práticas devem fazer a igreja para torná-la relevante na comunidade onde ela está inserida? 3. Quais aspectos do Profetismo bíblico são completamente diferentes dos profetas da atualidade?
  • 26. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 25 A missão da Igreja Romildo Gurgel Fernandes A primeira menção das escrituras da palavra igreja (ecclesiae) se encontra no texto de (Mateus 16). Jesus aqui interpreta não só o mistério como também traduz o seu envolvimento direto com ela. Jesus é o fundador da igreja cujo fundamento tem implicações diretas com a revelação da sua pessoa. Não há como entender esse mistério sem que atentemos para a função do Senhor como o cabeça da criação dessa comunidade. A comunidade é formada por todos aqueles que são chamados dos que estão do lado de fora dela. Isto porque o significado literal da palavra Igreja é: “aqueles que são chamados para fora”, ou seja, as pessoas de todo o mundo são convidadas a saírem desse sistema dominado pelo seu príncipe, para se tornarem Igreja. A igreja era um mistério oculto até que o apóstolo Paulo elucidou pormenorizadamente esse mistério através de suas cartas escritas como (Colossenses 1:24-26, mais especificamente o vs. 26). Compreendemos assim, que a Igreja é a detentora e o baluarte da verdade, coluna esta de sustentação dessa grande construção, onde o mesmo apóstolo diz que lançou o fundamento como prudente construtor, fazendo uso dessa verdade, aonde outros viriam e edificariam sobre este fundamento que é Jesus Cristo (1Coríntios 3:10-11). O apóstolo Pedro corroborou com os escritos de Paulo, pois foi através da experiência de (Mateus 16) que depois escreveu em sua primeira epístola dizendo: “Chegamos a Ele a pedra que vive (fundamento), rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo” (1Pedro 2:4-5). O propósito primeiro da existência de uma comunidade cristã, é estar nesta verdade, recebê-la, entendê-la, desfrutá-la, tornando-a sua experiência de vida. Sabendo que ao ouvir a proclamação da verdade e crendo nela, assegura (comunidade) sua alma para a salvação, quando reage apropriando-se através de uma atitude de fé confessional. Os agentes da missão são os proclamadores que abraçaram o ministério da reconciliação. Estes são aqueles que após receberem a palavra, foram selados e enviados a proclamarem (kerigma) essa verdade para que haja a continuidade dessa construção do santuário do Senhor, sua Igreja, tabernáculo móvel que envolve todos os seus santos que nasceram da semente da incorruptibilidade (1Jo.3:9; João 1:12-13; 3:1-8).
  • 27. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 26 Os requisitos para o ministério podem ser muitos, mas inquestionavelmente o primeiro deles deve ser a experiência do novo nascimento efeito da conversão, reação essa que acontece após ouvir as boas novas de salvação em Jesus Cristo. O papel fundamental da igreja local é educar os seus membros e levá-los a receberem os dons que Deus disponibiliza para que sejam equipados para toda boa obra ministerial para o aumento deste edifício. Este preparo ministerial pode ser a nível local e a nível que cruze além da sua fronteira geográfica. Os dois níveis devem focar-se na distinção entre o que é fé e do que não é fé. Ambos os níveis, devem ser comprometidos a exercerem ministério nos ambientes que não exista fé perceptível ou saudável, avaliando se o fundamento edificado não foi alterado, ou modificado. Onde quer que esteja o povo de Deus é chamado a participar da missão de Deus (missio Dei). É Deus quem comissiona sua igreja não ela mesma. A essência da comunidade da fé consiste no compromisso de cumprir essa missão comissionada por Deus. A Igreja permeia entre dois ambientes: a comunidade da fé (comunidade em treinamento) e a comunidade sem fé (a ser alcançada). A Igreja que não se compromete com a missão de proclamar a salvação de Jesus, deixou de ser igreja, ou melhor, esta não é a igreja comissionada por Deus, pois estão lançando outro fundamento que não é Cristo. Comunidade assim, se parece com um clube religioso onde todos os meses os seus membros pagam as suas taxas como mantenedores, e vivem como meros amigos que aprenderam o vocabulário de uma agência de bem-estar sócio- cultural-espiritual; que são entretidos pelos programas, correntes, promessas financeiras e ainda mais consumindo os seus produtos em troca de bênçãos. Podemos afirmar que esse tipo de evangelho tem o homem como centro (evangelho humanista). O evangelho humanista o sujeito de ação é o ser humano atuando no palco do uso e das atribuições, enquanto que, o evangelho de Deus atua através da trindade, tratando os homens como paciente realmente passivo. No evangelho humanista a experiência está na pauta do engodo do consumo para satisfação própria, como os gentios que assim procedem. E por se tratar de um “ambiente religioso” entre aspas, se aceita tudo como sendo verdade sem questionar. E por não perceberem, são atraídos por propostas gananciosas que sedem sem a mínima cautela, como está escrito: “Porque esses tais não servem a Cristo nosso Senhor, e, sim, a seu próprio ventre; e, com suas palavras e lisonjas enganam os corações dos incautos” (Romanos 16:18). O mínimo da experiência que colhem com isso é a frustração e a experiência do seu próprio esforço profissional ou certo desencargo de
  • 28. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 27 consciência por estarem ali apostando tudo, lhe sendo vedado a experiência do novo nascimento. Veja a advertência do Senhor: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque fechais o reino dos céus diante dos homens; pois, vós não entrais, nem deixais entrar os que estão entrando” (Mateus 23:13). Continua anda o Senhor advertindo a esses falsos proclamadores: “Ai de vós escribas e fariseus, hipócritas! Porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós” (Mateus 23:15). Equipar homens e mulheres é a função da igreja local e a combater a mentira pela verdade. Na Igreja, todos os seus membros deveriam abraçar o ministério da reconciliação, podendo exercer este ministério dentro da comunidade (equipando os santos para toda boa obra) e ao mesmo tempo mobilizando-os para o campo onde não exista fé explícita. No entanto é razoável pensar que o caminho da missão não é de mão única, é uma via de mão dupla. Jesus Cristo tanto ensinava pedagogicamente como também praticava o que ensinava. A abrangência ministerial de Jesus está naquilo que Ele leu em uma sinagoga na cidade de Nazaré quando lhe deram o livro do profeta Isaias onde achou o lugar que está escrito: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor” (Lucas 4:18-19). Após a leitura entregou o livro ao assistente e disse: “Hoje se cumpriu a escritura que acabais de ouvir”(v.21). Só deste texto podemos extrair cinco mistérios: 1 – Evangelizar aos pobres. 2 – Proclamar libertação aos cativos. 3 – Restauração da vista aos cegos. 4 – Por em liberdade os oprimidos. 5 – Apregoar o ano aceitável do Senhor. A Igreja local é chamada a manifestar seus ministérios no mundo, não só pelo conteúdo que proclama, mas também pelo que pode fazer em resposta às necessidades das pessoas que estão em sua volta, através da ação primeira, a salvação das almas. A "grande comissão" foi entregue aos apóstolos, pois a eles foi lançado o desafio de pregar o evangelho em todo o mundo, e no evangelho de
  • 29. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 28 Marcos há mais detalhes sobre isso. Enquanto Marcos fala de pregar o evangelho, Mateus fala também de fazer discípulos e ensinar, o que mostra que a grande comissão tem um escopo mais amplo do que apenas pregar o evangelho. “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém”. (Mateus 28:19). “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”. (Marcos 16:15-16) A grande comissão incorpora a pregação do evangelho e o ensino de todas as coisas que Jesus tem mandado guardar. É a própria trindade que se interessa pelos perdidos. A Igreja tem a missão de reunir todas as pessoas ao redor do mundo, para ter comunhão com a trindade, da mesma forma que a trindade possui comunhão entre si, devemos ter comunhão uns com os outros, pois a parede da separação foi derrubada. Os dons do Espírito é uma capacitação sobrenatural que habilitam o homem de Deus a desempenhar o mandato da reconciliação. O que muito tem sido difundido atualmente é que muitas igrejas têm se distanciado do modelo do kerigma ensinado por Jesus e interpretado pelos seus apóstolos. Não é a toa que o cristianismo de consumo está no centro do movimento de crescimento dessas igrejas e seu efeito letal se encontra quase que em todas elas. Através do seu marketing até mesmo as igrejas históricas sutilmente tem cedido a essa dissimulação. Inevitavelmente, isso tem afetado a pregação, a música, o ensino, as programações, as orações e o sentido real de bênção. As pessoas pensam que ao comprar os produtos religiosos estão adquirindo a espiritualidade tão necessária para obterem a bênção. A grande verdade é que Jesus veio resgatar os pecadores e não os consumidores. Cabe aqui a advertência apostólica: “Pois muitos andam entre nós, dos quais repetidas vezes eu vos dizia e agora vos digo até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo: O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia; visto que só se preocupam com as cousas terrenas” (Filipenses 3:18-19). E ainda adverte o apóstolo: “Admira-me que estejais passando tão depressa que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho; o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo” (Gálatas 1:6-7).
  • 30. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 29 A intenção de Deus criar a Igreja não foi de prover serviços aos seus membros, ao contrário, ela deve desafiar os seus membros a obedecerem ao evangelho e a servirem a Deus e a seus semelhantes. Que Deus nos ajude e nos abençoe. PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: 1. Na sua ótica o que seria fundamental para o cumprimento da missão deixada por Jesus Cristo? 2. O que você poderia comentar do comportamento da Igreja frente aos desafios de ser instrumento evangelizador e reconciliador? 3. Como você cumpre a missão deixada por Jesus Cristo? BILBIOGRAFIA: PADILLA C. Renè. O que é missão integral? pp.1-22 Editora Ultimato. Viçosa- MG 2009. http://www.chamada.com.br/mensagens/consumo.html http://veshamegospel.blogspot.com.br/2010/01/cristianismo-de- consumo.html http://ganancia.com.br/index.php?id=63 www.respondi.com.br/2011/07/grande-comissao-de-mt-2818-20-vale- para.html
  • 31. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 30 Transformando o Mundo Para a Glória de Deus Marcos Aurélio dos Santos Deus está em missão. Como Igreja do Senhor Jesus, recebemos a tarefa de reconciliar todas as coisas juntamente com ele. Esta reconciliação acontece em quatro dimensões na qual o homem deve buscar. Devemos reconciliar-nos com Deus (espiritual teológica), com o próximo (sócio-cultural), consigo mesmo (soteriológica, salvação pessoal) e com a natureza (micro-cosmomógica, planeta), pois assim somente haverá transformação de uma forma integral e contextual. Na missio dei, a Igreja deve entender de maneira clara seu papel como agente de transformação, como sal (caráter), dando sabor a um mundo destemperado pelo pecado nas áreas estrutural e pessoal. Como luz (boas obras), devemos resplandecer em um cosmo em trevas. A comunidade dos santos, corpo de Cristo, noiva do cordeiro, não foi chamada para ser apenas expectadora da história, mas como o sal que deve estar fora do saleiro, deve evolver-se para conhecer a realidade da humanidade no poder do Espírito Santo, encarnando os valores do reino aqui e agora para que se cumpram as Escrituras quando diz que Cristo é o Senhor de todas as coisas. A Igreja que caminha deve exercer sua vocação de serva, expressando ao mundo a vida e ministério daquele que a comprou por alto preço. Esta mudança só poderá ser evidenciada por meio da proclamação e encarnação do Evangelho. Esta igreja é viva, pois é nutrida por Cristo para sua glória. É na vida da igreja que a missão transformadora no primeiro momento acontece. Acredito que o passo inicial para a ação da igreja é arrepender-se do que ainda não fez, ou deixou de fazer na história em seu chamado para a missão. É preciso haver quebrantamento, renuncia, quebra de paradigmas, visão renovada e coragem, tudo na dependência total do Espírito Santo. Como diz um amado companheiro de missão, “devemos entrar em crise”. Esta que parte de uma atitude de arrependimento e humildade diante de Deus. A ação poderosa do Espírito causará forte impacto na liderança da igreja, que consequentemente encoraja os demais compartilhando a nova visão. Caso não haja um mover do Espírito e uma mudança, tanto nos conceitos teológicos, como na maneira de realizar a missão, dificilmente a igreja cumprirá a missão de forma integral. Como proclamadora do Evangelho do reino, a igreja precisa encarnar sua pregação. Devemos ir além das palavras, demonstrando o amor de Jesus em serviço ao próximo. Não seria o mínimo que uma pessoa sensata poderia nos pedir? Ver como é esse Evangelho que anunciamos na prática? Então, ninguém que for alcançado pelo poder do Evangelho poderá negar que o amor de Jesus chegou até ele. Isto só acontecerá por meio da encarnação dos valores do reino de Deus em nós, em atos de compaixão, misericórdia e cuidado com o outro.
  • 32. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 31 Assim fez Jesus. Ele pregava e servia. Em sua peregrinação ministerial, seus ensinamentos não se limitaram somente as pregações da sinagoga na tarde de Sábado, mas na vida. Na condição de servo serviu a todos. Andou pelas ruas e becos, em barquinhos, assentou-se em lugares em que os religiosos da época passavam de longe. Quebrou preconceitos (no caso da mulher Samaritana). Seu amor acolhedor alcançou endemôniados, crianças pobres, prostitutas, leprosos, traidores da pátria e ladrões (publicanos), em fim, como ele mesmo disse: “Não vim para ser servido, mas para servir”. Uma igreja que transforma deve ter em seu caráter a vida de Jesus como referencial no exercício da missão. Outra questão bastante pertinente, quanto à missão entregue à igreja, é a sua vocação para o ministério profético. Como igreja, somos comissionados a denunciar as injustiças nas dimensões econômica, pessoal, social e política. A relevância neste ministério dar-se pelo fato de que a igreja é por natureza profética estribando-se na pregação e vida de Jesus de Nazaré. Em concordância, podemos ver esta feita no ministério dos profetas Hebreus e nos apóstolos. (Veja: Os 4,1-2; Mq 6,11-12; Jo 6.14; Lc 9.19). Denunciar com voz, como também em nossa maneira de viver o Evangelho do reino, é o referencial maior de uma igreja profética. Para que a igreja entenda sua missão de profetizar, é preciso também mudar sua cosmovisão. Deve libertar-se de sua visão dualista que por muitos anos na história separou a igreja do mundo. O Foco em extremo na “santificação pessoal” e o antigo lema de “ganhar almas” em detrimento da missão de cuidar das pessoas levou a igreja a uma compreensão distorcida quanto à sua forma de encarnar a missão bíblica. Esta postura resultou em um afastamento da igreja quanto ao seu envolvimento em questões que não fossem no seu ponto de vista, “espirituais”. Em sua história na missão, a igreja separou-se de forma gnóstica do mundo. É preciso enxergar o mundo sob a ótica do reino de Deus. Uma vez que Cristo é o Senhor de tudo, este reino deve ser manifesto por meio da igreja em todos os lugares e em todas as dimensões da vida das pessoas. Isto implica no seu engajamento nas questões sociais, politicas, econômicas, culturais, espirituais, emocionais e etc. Como voz profética contra as injustiças no mundo, a igreja deve alargar a visão de ver o cosmo como Deus o vê, de forma integral, na expectativa de reconciliar todas as coisas para sua glória. A igreja deve enxergar a humanidade com olhar esperançoso, como lugar de ação do amor de Deus, de maneira positiva, esta atitude de amor deve contribuir para a promoção da justiça aos desfavorecidos, para restauração do caído, para o acolhimento dos pobres, para transformação do pecador em discípulo de Jesus de Nazaré, para temperar com o caráter de Cristo, pois sem sal não há missão, para iluminar, pois é na luz, que o mundo verá as obras de Cristo em mim, e em você.
  • 33. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 32 Nossa voz profética deve ecoar sobre todo tipo de injustiça. Em coro, é preciso falar em favor daqueles que não tem voz, de gente que não tem a quem recorrer se não ao Deus de misericórdia, gente que sofre não apenas por ser pobre, mas porque perderam o respeito, a autoestima, a dignidade de ser gente, o direito, a autonomia. Nossa voz deve ir contra todo tipo de riqueza que produz a miséria do povo, seres criados à imagem e semelhança de Deus. A igreja do Senhor Jesus é a agente de transformação nesse cenário. Seu envolvimento com as necessidades das pessoas, seu chamado para ser serva, sua voz profética e uma vida sob a direção do Espírito Santo são alguns dos desafios missionais da igreja de nossos dias. Sua mensagem deve ser confrontadora, pois o Evangelho tem estes dois referenciais: Ele confronta e transforma. Que possamos ser todos os dias confrontados pelo poder do Evangelho do reino. PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: 1. A quem pertence à missão? 2. Porque a urgência em mudar nossa cosmovisão? 3. O que vem a ser a encarnação da pregação?
  • 34. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 33 Emerge Novo Conceito de Santidade Antônio Carlos Costa Vejo uma ruptura de gerações em curso na vida das igrejas do país. Um conceito de santidade de vida que começa a ganhar espaço nas mentes e corações de milhares de jovens, que vai alterar o perfil do protestantismo brasileiro. Pela primeira vez na história, três elementos novos farão parte, numa extensão nunca antes vista, da forma de o cristianismo ser vivenciado pelos cristãos brasileiros. Que características são essas? 1. COMPROMISSO COM O POBRE Começa a se espalhar pelo Brasil o interesse por resposta, à luz das Escrituras, para pergunta crucial: o que significa ser cristão num país de miséria? Como alguém que passou pela espantosa obra da regeneração responde à realidade dos barracos infestados de ratos, cujas portas são banhadas por esgoto, dentro dos quais habitam crianças pobres, cujos pais estão desempregados ou recebem salários irrisórios? Milhares começam a questionar modelos eclesiásticos que negligenciam o cuidado daqueles para os quais Cristo dedicou especial atenção. 2. DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS Como pode uma pessoa ter conceito tão elevado sobre o homem a ponto de afirmar que seu ser carrega características que podem ser encontradas no próprio Deus, e, ao mesmo tempo, não se indignar quando aquele que foi criado à imagem do seu Criador é explorado, torturado e grita sob os golpes dos seus algozes sem ter quem o ouça? Jovens cristãos começam a ver como grave incoerência proclamar a dignidade do homem e ao mesmo tempo tratar com indiferença a banalização da vida humana, o que muitas vezes é perpetrado pelo próprio Estado. 3. AMOR POLÍTICO Milhões de homens e mulheres encontram-se acorrentados a sistemas de opressão. Sem a mínima possibilidade de encontrarem alívio para sua dor, exceto se decisões no campo político sejam tomadas. Salários baixos, jornadas de trabalho desumanas, falta de moradia, carência de saneamento básico, insegurança nas ruas, hospitais mal equipados, escolas sem estrutura mínima. Não há igreja que dê conta desses males através da pura ação filantrópica. Há grande diferença entre dar pão e libertar o povo da escravidão do Egito. Cristãos brasileiros começam a perceber que a sempre indispensável generosidade pontual não dá conta do sertão nordestino, das favelas cariocas, dos bairros de periferia de São Paulo, das comunidades ribeirinhas do Amazonas. Há uma dimensão política no amor.
  • 35. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 34 Talvez você esteja perguntando: o que o leva a crer nessa transformação? Sei que essa profecia é a profecia do desejo. Gostaria de ver esse cristianismo emergir antes da minha morte. Minhas andanças pelo país, contudo, têm me levado a crer que algo já se encontra em curso. Ouço gemidos, vejo lágrimas, contemplo joelhos dobrados, em cultos nos quais a mensagem do amor simétrico e integral é anunciada. Se esses jovens conseguirem incorporar esses três elementos ao seu conceito de santidade, sem se deixarem levar por ideologias políticas de esquerda ou de direita, mantendo a fidelidade às Escrituras, levando o evangelho aos que não conhecem a Cristo, exercitando o amor na igreja local e orando no poder do Espírito Santo, essa geração de cristãos terá transcendido a que a antecedeu. FONTE: palavraplena.typepad.com PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: 1. Qual a importância do resgate do cuidado com os pobres? 2. A igreja deve envolver-se com as questões dos direitos humanos? 3. Estaria a igreja falhando em sua missão profética?
  • 36. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 35 Práticas de Liderança Para Uma Missão Transformadora Arturo Meneses Missão Transformadora vem do texto de David Bosch: “Transforming Mission”. O livro, quando originalmente lançado em inglês, em 1991, foi amplamente aclamado como a obra mais importante do século sobre o caráter missionário de Deus e os empreendimentos missionários da igreja! Com 17 impressões até 2002 (Em Inglês) e traduzido ao Português em 1998, bem vale a pena ler, estudar e debater, para as abordagens mais teológicas da Missão de Deus e papel da igreja, o qual não é o meu objetivo neste artigo. Deixo isso para os teólogos. A minha reflexão, tem a ver com o que David Bosch, já no seu livro, chama de “Missão, a crise contemporânea” (introdução página 22). Ele disse: “Um fundamento inadequado para a missão e motivos e metas missionárias ambíguos, estão fadados a acarretar uma prática missionária insatisfatória” Também acrescentou: Esse problema não é localizado “lá fora”, no campo de missão, mas no coração da própria igreja. O resultado é determinado pelo que acontece dentro da igreja, não fora, no campo de missão. Em 2008, interessantemente,17 anos depois do livro de Bosch, foi publicado outro livro por Paul Washer: Dez acusações contra a igreja contemporânea. Num tom apaixonado e corajoso (Introdução página 9), o autor parece afirmar que a crise continua, quando diz: “Precisamos de um despertamento. Não entanto, não podemos esperar que o Espírito Santo venha e arrume toda bagunça que temos feito. Temos instrução clara da Palavra de Deus sobre o que Ele fez por meio de Cristo, como ele espera que vivamos, como espera que organizemos sua igreja” Na minha humilde perspectiva, tanto na reflexão de Bosch, como as acusações radicais de Washer, estamos falando de uma crise interna da liderança. Estratégias e práticas que são necessárias para viabilizar eficazmente a missão da igreja, como cooperadora da Missão de Deus. Os teólogos concordam que não pode haver missão transformadora, sem uma espiritualidade bíblica integral. Eu me permito propor que também não existe missão transformadora, sem uma prática de liderança também transformadora. Pensando com esperança, vamos assumir o paradigma de que crise, literalmente significa: (para os chineses) “Perigo de morte e também oportunidade única”. Qual é então uma possível oportunidade? Gostaria nesse respeito, refletir sobre a proposta de James Kouzes e Barry Posner, no texto editado em 2004: Reflexões cristãs sobre o Desafio da Liderança. Essa proposta, considerando que liderança é influência, convida a construir e cultivar 5 práticas exemplares de liderança. Acho que pode ser uma experiência
  • 37. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 36 importante para ser considerada como bússola de aprendizagem nos esforços da igreja para aprimorar uma estratégia de desenvolvimento da liderança. Essas práticas exemplares e seus compromissos são: Prática de liderança Compromissos 1. Modelar o caminho. Liderar a partir daquilo em que se acredita, começando por clarificar seus valores pessoais; dar o exemplo, ser o modelo de comportamento que espera dos outros; alcançar o direito e o respeito para liderar (Tito 2:7)  Clarificar os valores  Descobrir capacidades  Afirmar ideais partilhados  Dar exemplo, alinhando as ações com os valores para fortalecer a credibilidade. 2. Inspirar uma visão partilhada. Ter uma visão de futuro, imaginar as possibilidades atrativas; envolver aos outros numa visão comum, a partir de um conhecimento profundo dos seus sonhos, esperanças e aspirações (Habacuque 2:2-3)  Pensar no futuro e possibilidades apaixonantes  Integrar aos outros numa visão comum  Apelar as aspirações partilhadas 3. Desafiar o processo. Reconhecer boas ideias, sustentá-las e mostrar vontade de desafiar o tradicional para obter propostas inovadoras; experimentar e correr riscos, originando constantemente pequenas vitórias e aprendendo com os erros (Romanos 12:2)  Procurar oportunidades e tomar iniciativa  Criar formas inovadoras de melhorar  Experimentar e assumir riscos 4. Habilitar aos outros a agir. Promover a colaboração de todos, fomentando objetivos cooperativos e construindo confiança; valorizar aos outros, partilhando poder, utilizando a palavra “nós” (1 Pedro 4:10)  Fomentar a cooperação através da confiança  Facilitar os relacionamentos e desenvolver novas capacidades  Fortalecer aos demais aumentando a autodeterminação 5. Encorajar o coração. Reconhecer as contribuições, através da apreciação pela excelência individual; celebrar os valores e as vitórias, criando um espírito de comunidade. Integrar inteligência espiritual e emocional. (Filemom 1:7)  Valorizar a participação dos colaboradores  Fomentar expectativas positivas  Criar espaços para comemorar e reconhecer ações exemplares. Essas práticas concretas são congruentes com a seguinte definição, que tenho adaptado destes autores e de John Maxwell: “Liderança é a arte de avivar os dons de Deus em nós, influenciando e mobilizando eficazmente a outros, para que aspirem fazer realidade uma visão compartilhada de transformação integral” Podemos concluir que não existe transformação sem liderança exemplar. Como diz Dallas Willard, a igreja é protagonista preparada por Deus com a mente de Cristo e o poder do Espírito, para ser parte de uma “conspiração
  • 38. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 37 divina” para a transformação do mundo. A igreja só é eficaz, quando Cristo é formado nela (Gálatas 4:19) Não só na espiritualidade, senão também no seu modelo de liderança servidora. PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: 1. Qual é a relação das práticas exemplares de liderança com o desenvolvimento da missão transformadora pela igreja como cooperadora de Deus? 2. Qual das práticas exemplares de liderança considera o maior desafio no contexto da sua igreja? Por quê? 3. De que maneira, uma liderança exemplar interna na sua igreja local, fortalece a credibilidade do seu papel para a missão transformadora? “Quando o pastor ou servidor cristão deixa de se tornar o tipo de líder que Deus planejou para ele ou ela, todos perdemos a grande oportunidade de desfrutar do seu dom divino” (John Ortberg)
  • 39. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 38 Igreja: Agencia de Transformação no Mundo Contemporâneo Renildo Diniz Lopes Junior O QUE SE PASSA NA ATUALIDADE Toda vez que pensamos na igreja estamos pensando no modelo estabelecido por Deus para expandir sua missão. A igreja é seguramente o veículo que expressa com maior naturalidade os planos de Deus em cumprir seus propósitos, não é a igreja apenas um simples ajuntamento de pessoas que solidarizam símbolos religiosos, mas, uma comunidade em quem está a responsabilidade de anunciar as Boas Novas do Reinos de Deus (Lc. 8:1), a saber Jesus. Nos últimos anos temos testemunhado a grande ênfase que tem sido dada pela mídia ao crescimento das igrejas evangélicas, e aqui me refiro as diversas igrejas locais que se espalham pelo país. O fenômeno é sem dúvida espantoso, especialmente na América Latina e mais especificamente no Brasil, onde segundo o senso o número de evangélicos já chega a 25% comparado às últimas décadas. Esta expansão é variavelmente contrária ao que ocorre em continentes como a Europa onde a secularização não só da cultura como também da religião tem transforado os modelos de religiosidade. Enquanto no Brasil temos uma esteira religiosa ampla e em pleno crescimento das formas religiosas, em outros países e especialmente em países do velho continente temos uma espécie de bricolagem que nada mais é que, uma espécie de sincretismo que ao invés de levar o indivíduo a variar entre vários modelos religiosos, cria um novo, não institucionalizado nem mesmo ligado as tradições religiosas herdadas. O caso brasileiro é interessante pois, não existe aqui uma desaceleração dos cultos, mas, o contrário; movimentos como os neopentecostais tem crescido bastante por exemplo. Outro fenômeno interessante paralelo ao crescimento dos protestantes é o número cada vez maior de pessoas desvinculadas das instituições religiosas são os chamados “sem igreja”. Isso se dá por diversos fatores que não dará tempo trabalhar aqui, no entanto vale a pena lembrar que estas pessoas não se desligam necessariamente das tradições herdadas, simplesmente não querem mais envolvimento institucional. Estes fatores que caracterizam em parte a igreja protestante brasileira têm na verdade, produzido um grande desafio àqueles que se comprometem com a igreja do Senhor, eu diria que as nossas igrejas precisam refletir muito sobre o seu verdadeiro papel diante às transformações contemporâneas. Como ser igreja diante uma sociedade com aspectos religiosos sincréticos e
  • 40. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 39 triunfalistas? Como responder aos que não acreditam mais nas instituições, que deveriam ser manifestações da igreja invisível de Cristo, portanto, agências sinalizadoras do Reino? Que papel esta igreja pode exercer sobre a sociedade contemporânea? Quando começarmos a encontrar respostas sérias a estas questões talvez estejamos dando passos significativos a uma transformação que colocará a igreja como baluarte de transformação da nossa sociedade. O QUE É ESSENCIAL PARA TRANSFORMAR Uma igreja que se propõe a transformar uma sociedade necessita ter em mente algumas características imprescindíveis. Devemos lembrar que a igreja não é a dona da Missão, ela é cooperadora da Missão que pertence a Deus, isso leva a igreja a entender que sua existência está sob a dependência de Deus. Outro fator relevante está no fato que os líderes devem estimular os membros das suas igrejas a conhecerem a realidade do mundo em que estão inseridos, por exemplo, quem são e como vivem as pessoas do bairro. Uma das grandes dificuldades que encontramos nas igrejas locais é sua completa alienação do estilo e modo de vida das pessoas, na verdade estamos interessados nos números que preencherão os bancos das nossas congregações e uma igreja que se propõe a transformar uma sociedade não pode ignorar as lutas e sofrimentos das pessoas. O que esperamos das nossas igrejas é que elas sejam servidoras, nesse sentido vejo um problema; virou moda o líder ou pastor se tornar um administrador, uma espécie de líder sênior, um técnico. O que ocorre no meu entendimento é que os membros são levados a servirem a instituição com o pretexto de estarem servindo a Igreja do Senhor, não é pouco o que ouvimos: “tenha compromisso com a obra do Senhor”! Não é que esteja errado, mas, o que significa esta obra, seriam os ministérios da igreja local? Seriam os departamentos? Tudo isso é interessante, mas, quando falamos em uma igreja servidora devemos ter em mente o fato que a igreja vive para servir os de fora. Este é um aspecto fundamental, os crentes precisam internalizar a sua função diaconal, sua tarefa em servir (Mc. 10:45) anunciando o Reino de Deus. O pastor é, portanto uma peça importante no visionamento da igreja quanto ao reino de Deus, Jorge Barro em O Pastor Urbano diz: “Quando a meta da ação pastoral é outra que não o reino de Deus, consequentemente estamos fora do modelo pastoral de Jesus e com certeza dentro de outros modelos, especialmente os modelos dos modismos pastorais”. (Barro: pg. 187). O que é extremamente essencial ao pastor é ter em sua mente sua tarefa bem definida, levar a igreja a um modelo de rebanho que faça com que esta igreja seja serva da comunidade em que está inserida. Finalmente, diria citando Jorge Barro, que é dever do pastor ou líder saber interpretar o seu tempo. Quando não sabemos traduzir as angustias, sofrimentos e alegrias das pessoas cometemos o erro de ignorar estas pessoas como agentes pessoais e as vemos apenas como números. Este erro deve ser
  • 41. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 40 evitado a todo custo, pois se persistirmos nele daremos claros sinais de que não entendemos qual a verdadeira tarefa não só do pastorado como também da igreja. Se queremos transformar a sociedade é tarefa nossa fazer uma releitura do texto Sagrado, contextualizando-o a um mundo que tem sido transformado pela secularização. PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: 1. Como o líder pode interpretar a realidade em que vive? 2. Quais riscos o pastor corre quando se desvia da meta de ação pastoral? 3. Além das sugestões do texto para ser uma igreja transformadora, o que você poderia acrescentar?
  • 42. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 41 O Desafio Urbano às Igrejas Sérgio Paulo Ribeiro Lyra Segundo dados da ONU, em 1950 não existia em todo o mundo mais do que sete cidades com população superior a 5 milhões de pessoas. Os mesmos dados apontavam haver cerca de 100 cidades com mais de um milhão de habitantes. Apenas 50 anos depois, a realidade é completamente outra. E se estendermos os horizontes para 2020 espera-se existir mais de 500 cidades “milionárias”, estando a maioria delas no Terceiro Mundo. Porém, há um outro fenômeno que também fora previsto. Trata-se da formação das metrópoles. No entorno de grandes cidades que começaram a crescer e desenvolver-se aceleradamente, floresceram outras cidades menores. Não havendo uma definição precisa, no Brasil fala-se de nove a doze metrópoles. Conscientes da amplitude que o leque de informações disponibiliza sobre os aspectos urbanos de uma região metropolitana, tornou-se imperativo sumariar e delimitar nossa abordagem em apenas quatro aspectos: o econômico, a sociabilidade, as ações eclesiásticas e as oportunidades missionárias. A) Estrutura econômica da Metrópole. Há duas faces opostas nas grandes cidades. Uma é aquela que frequentemente aparece nos congressos e relatórios de propaganda governamentais, nos folders das empresas, nas agências e mapas turísticos. Nesta face, a cidade é bonita, bem organizada, progressista, afável e ordeira para com os seus habitantes ou visitantes. Tomando a cidade do Recife como exemplo, ela é vista como o maior centro comercial do Nordeste, o segundo melhor centro médico do país, ostentando dezenas de faculdades e universidades e o seu polo de informática possui projeção internacional. Além disso, possui diversos polos industriais, destacando-se o Porto de Suape que vai abrigar o maior estaleiro do hemisfério sul, uma refinaria de petróleo e outros mega-investimentos. Foi olhando para essa face das cidades que surgiu a frase publicitária de um “Pernambuco como nunca se viu”. Triste, mas verdadeira, é a existência de outra face. As cidades metropolitanas no Brasil abrigam centenas de favelas e milhões de miseráveis. É facílimo se deparar com crianças e adolescentes fazendo alguma coisa nos sinais de trânsito, em busca de conseguir alguns trocados. A cidade da face bela, de repente, se transmuta e se torna local de milhares de desabrigados, desempregados, viciados, verdadeiros miseráveis que, vivendo à margem sem desfrutar de acessos econômicos, se utilizam de meios escusos para viver.
  • 43. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 42 Se focalizarmos o aspecto da geração de renda e da oferta de empregos, as metrópoles nordestinas não fogem ao panorama nacional, agravando-o, inclusive. Pesquisa do IPEA com 130 países, apresenta o Brasil no vergonhoso segundo lugar no ranking das piores distribuições de renda. Só somos “melhores” do que a péssima distribuição de Serra Leoa na África. E mais, “de acordo com o Banco mundial, durantes os primeiros 25 anos do século 21, a pobreza mundial será cada vez mais concentrada nos grandes centros urbanos.” Milhares de retirantes das cidades do interior, em particular daquelas que não apresentam opções de renda, chegaram, e ainda chegam, às capitais em busca de melhores condições de vida. Isto amplia as dificuldades e geram uma grande grama de problemas estruturais. São essas pessoas que adensam as favelas e produzem uma imensa oferta de mão de obra não qualificada, sendo muitos os analfabetos. Mudanças na sociabilidade urbana Ao contrário das pequenas cidades do interior, o contexto urbano das metrópoles impõe a pressa, a concorrência, a presença incógnita, a valorização extrema da privacidade e o consequente isolacionismo social, a preocupação com a segurança, a inversão do valor de ser pelo ter e a inevitável restrição à sociabilidade que tudo isto provoca. As grandes transformações urbanísticas e tecnológicas não permitem mais o compartilhar de espaços comuns. Os espaços antes representados pelas praças e passeios públicos não têm mais importância na lógica atual da vida urbana. Assim, a metrópole não é mais a cidade portadora de um centro marcado por monumentos, casas de espetáculo, restaurantes e ruas de lazer e compras. Hoje os habitantes de classe média das metrópoles pertencem mais aos bairros, verdadeiros novos centros onde lá se encontra praticamente tudo. Quanto mais rico o bairro, mais limpeza, mais iluminação, mais segurança, melhores acessos e mais oferta variada de produtos e serviços. Diante deste novo ambiente, fatores geradores de sociabilidade como a rua, a feira, a praça e a igreja central perdem completamente os seus papeis como elementos facilitadores da socialização na cidade, descaracterizando, quase que por completo, o perfil interiorano na metrópole. A metrópole moderna foi afetada por mudanças radicais. Uma simples análise deixa exposto o seguinte para a classe média urbana:
  • 44. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 43 Quadro comparativo (Adaptado) Dentre as características de sociabilidade nas metrópoles, a exigência por privacidade se destaca como uma sensora vigilante. Mora-se geograficamente próximo, mas, esses vizinhos pouco sabem além do número do apartamento um do outro. Não podemos deixar de questionar quanto dessa mudança de sociabilidade urbana tem afetado as igrejas. A primeira vista, identificamos quatro áreas seriamente afetadas e que carecem de investigações posteriores mais acuradas. (1) Primeiro, identifica-se claramente pais cristãos educando seus filhos não para servirem a Deus, mas para buscarem o sucesso conceituado e estabelecido pela sociedade não-cristã, produzindo a idolatria, ou no mínimo uma mega- valorização, do dinheiro, da carreira e do benefício sócio-econômico. (2) Segundo, há um processo de evangelização elitizada, e consequentemente, a criação do isolamento, gerando a formação de guetos evangélicos, entenda-se comunidade auto-centrada, que pressupõem um nível social “adequado” para uma determinada igreja.
  • 45. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 44 (3) Terceiro, o isolamento quase que anula as possibilidades de ser testemunha, pois fechando-se na redoma da auto-proteção e auto-interesse, como cruzar barreiras e servir de testemunha de Jesus à cidade? (4) Quarto, o elitismo separatista faz com que a comunidade cristã dessas igrejas fique alheia à realidade da cidade que fica cada vez mais distante e alienada em todos os sentidos. Outro exemplo do isolacionismo social urbano atual é a preponderância do “carro individualizado” como meio de transporte, cuja ostentação de privilégio é a negação à sociabilização igualitária, quando comparado à sociabilização que o transporte coletivo proporciona. Nas metrópoles há bairros onde o fluxo de carros particulares na ida e volta ao trabalho é tão intenso, que produz congestionamentos regulares e quilométricos. A pobreza nesses bairros ricos é uma chaga indesejável, perigosa, uma agressão ao que se ver. A presença de pobres é apenas de passagem, eles só se fazem perceptíveis através das empregadas domésticas, funcionários de prédios e outros profissionais de serviços com pouca qualificação profissional. Entretanto, outra é a realidade nos bairros periféricos e nas cidades agregadas às capitais. Milhares de pessoas agrupadas pela parca renda e disponibilidade de investimentos, formam outro gueto, agora caracterizado pelo ciclo da pobreza. São pessoas cujo estilo de vida reflete muito da sociabilidade das cidades do interior. A rua e os lugares públicos, os festejos populares e religiosos voltam a assumir valores de sociabilização. Essa duplicidade exclusivista retrata a realidade de toda metrópole. Há a existência de uma “polifonia social” que mistura contextos sócio-econômicos colocando-os lado a lado pela teia de atividades da cidade, e também produz isolacionamento, elitização, marginalização e aglomeração geográfica de classes sociais. Não se deve passar despercebido que o contexto econômico nas metrópoles impõe certas posses como um status quo social. Isto faz com o fato de possuir determinado objeto significa progresso e participação social, gerando uma sensação de semelhança e pertencimento. O melhor exemplo disto é o telefone celular. A grande cidade “determinou“ que é imprescindível para todos os seus habitantes possuírem um. Assim, quem o possui está atualizado e “conectado” com os demais habitantes da metrópole, podendo ser “achado” no meio da multidão a qualquer hora. Em menores proporções, o mesmo vem ocorrendo com o DVD, a roupa e o sapato da estação etc.
  • 46. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 45 Oportunidades missionárias. Uma região metropolitana é um verdadeiro misto de realidades sócio- econômicas. Não é possível, por hipótese alguma, imaginar que a concentração metropolitana de tecnologia, meios de transportes, serviços públicos, escolas, hospitais e os fatores de sociabilidade estão igualitariamente distribuídos. Logo, é fácil deduzir que o perfil de uma pessoa urbana, irá sofrer a influência, desejável ou não, dessa distribuição diferenciada de acessos e fatores, modelando a pluralidade. Consequentemente, as igrejas também irão sofrer tal fatiamento urbano, mesmo que em menor escalar. Por essa razão, quando falamos em oportunidades urbanas, nos referimos à pluralidade de contextos e situações que existem nas metrópoles e que irão potencializar as ações missionárias a partir de suas igrejas locais. Esses múltiplos perfis precisam ser vistos pelas igrejas como oportunidades missionárias. Na pesquisa que realizamos, identificamos que na Região Metropolitana do Recife, em particular para a Igreja Presbiteriana do Brasil, a existência de sete presbitérios, com um total de 53 igrejas organizadas. Adicionando a existência de igrejas batistas, metodistas, congregacionais e de outras denominações evangélicas, essa metrópole se torna um estratégico centro missionário. Leve-se em consideração que há igrejas estabelecidas em quase todos os locais, porém elas não trabalham missionariamente articuladas. Parece-nos até que apenas crentes de uma ou outra denominação terão acesso ao Reino de Deus. Outro fator de importância missiológica identificado é que há muitos membros das igrejas metropolitanas que possuem parentes em outras partes da metrópole. Uma vez quebrado o muro da inércia e da alienação, inúmeras oportunidades missionárias poderão surgir simplesmente através de vínculos familiares. Entretanto, o que observamos é que a grande maioria das ações missionárias urbanas é o resultado de uma iniciativa das igrejas locais sem planejamento. A parceria de igrejas em prol do Reino precisa ser restaurada como uma verdadeira oportunidade missionária a partir da metrópole, podendo somar esforços, difundir e suprir necessidades, oferecer treinamentos específicos, oportunizando diversas propostas de missões. Por fim, merece atenção, ainda, cinco aspectos da ação social e da evangelização aos pobres. (1) Primeiro, que é inegociável reconhecer que nenhuma comunidade de servos de Deus pode alienar-se à realidade da miséria existente no contexto em que a igreja está inserida, por mais doloroso que tal processo de conhecimento e participação venha a ser, ou por maior que seja a extensão da miséria.
  • 47. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 46 (2) Segundo, é preciso afirmar que as grandes proporções de pobreza existente, não podem servir de justificativas para a inércia da Igreja. A Igreja é a comunidade “sal e luz” e precisa se voltar para o mundo não-cristão com modelos de solidariedade, com projetos e ações criativas produzindo mudanças permanentes, mesmo que atinja pequenas proporções de pessoas com almas sedentas de graça e corpos famintos de pão. (3) Terceiro, a participação das igrejas urbanas mais abastadas precisa mudar o foco da auto-aplicação dos recursos materiais e humanos e direcioná-los mais abundantemente para as áreas de pobreza das cidades e também para áreas rurais de miséria. (4) Quarto, seguindo a orientação do apóstolo Paulo, em cada igreja local as famílias devem ser incentivadas a reservar mensalmente um pouco do seu ganho para ser destinado ao socorro dos necessitados, desfrutando assim da bem-aventurança de dar (At. 20:35). (5) Quinto, é urgente a necessidade de quebrar os muros de separação e produzir participação em ações de parcerias sociais com outras comunidades reconhecidamente evangélicas, no propósito se fazer ouvida em alto e bom som a voz profética da Igreja contra a injustiça social e o descaso contra os desprovidos, tornando tal atuação uma influência nas decisões políticas de investimentos e planejamento sociais, à semelhança do ideal de ajuda aos pobres e igualdade social que João Calvino desejava e buscou produzir na cidade de Genebra. Por amor a Cristo; por crermos que a Sua igreja é comissionada para evangelização e ação social; por obediência à Palavra; por vermos no outro necessitado a imagem de Deus e por crermos que o estado de pobreza e miséria não honra a Deus, embora possa ser por Ele usado como disciplina e ensino divinos, não cuidar da causa do pobre e miserável é inquestionavelmente pecado!
  • 48. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 47 PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: 1. Porque nas grandes metrópoles há grande concentração de miseráveis? 2. Qual a relação entre o desvio do capitalismo e a pobreza nas grades Cidades? 3. E a Igreja? Qual o seu papel diante desta realidade?
  • 49. Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão) 48 Os Fatores Essenciais e as Melhores Práticas para Engajar sua Igreja na Missão Integral de Deus Ana E.C. Borquist e Bruce R. Borquist Qual a missão do Povo de Deus (ou seja, da Igreja)? Em poucas palavras, a missão dos seguidores de Jesus se refere à proclamação e demonstração das boas novas da nova vida em Jesus e da presença do Reino de Deus. Enfatiza um compromisso de viver nossa fé individual e coletiva “à maneira de Jesus” (1 Jo. 2.4-6). Destaca que Deus chama seu povo a compartilhar a plenitude do Evangelho que transforma a vida em todas as suas dimensões: do indivíduo para a sociedade. Mas, como conduzir a igreja no processo de amadurecimento a fim de que ela se torne um canal eficaz do todo Evangelho em palavras e ações, cooperando com Deus na missão integral dEle? Os seguintes fatores e práticas foram identificados numa pesquisa feita com várias igrejas da Convenção Batista Nacional do Brasil (CBN) já engajadas em ministérios que refletem a missão integral de Deus.* Eles representam um entendimento comum a respeito dos elementos, práticas ou estratégias necessários que facilitem a transição da igreja focada em si mesma para uma igreja equilibrada que, simultaneamente, cuida dos seus membros e os equipa para mostrar o amor de Deus e as Boas Novas de Jesus em palavras e ações. Fatores essenciais 1. O PASTOR O pastor é a pessoa chave para promover a visão da missão integral de Deus e o papel da igreja local nela. O pastor precisa ter uma compreensão profunda e clara do mandato bíblico de que cada discípulo deve se engajar na missão de Deus no mundo, “na maneira de Jesus”. Se o pastor estiver relutante ou tiver dúvidas sobre a necessidade de participar da missão de Deus além das quatro paredes da igreja, a igreja continuará a andar lentamente, investindo exclusivamente em ministérios que beneficiam os próprios membros. O pastor é quem seleciona e treina a equipe de liderança responsável por mobilizar a igreja para a missão integral. Um pastor afirmou com paixão: “Permita o seu povo trabalhar! Liberte o seu povo para fazer aquilo que o Espírito Santo o chamou a fazer!” 2. ORAÇÃO Pela oração, a igreja busca a vontade de Deus para a sua missão específica. Uma igreja mobilizada para a missão integral de Deus organiza campanhas de oração e inclui em sua pauta de oração tanto os de dentro quanto os de fora da igreja.