O Enfermeiro Diogo Carvalhais, Enfermeiro Especialista em Saúde Mental e Psiquiátrica no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, aceitou o desafio de partilhar a sua experiencia prática no âmbito da aplicação da metodologia de “Avaliação do Risco”. De uma forma simples e extremamente prática é apresentado um caso real que importa conhecer.

1. Risco Clínico e Segurança do Doente
AVALIAÇÃO DE RISCO NO CHPL – CASO
PRÁTICO
Diogo Carvalhais, Enfermeiro Especialista em Saúde
Mental e Psiquiátrica no Centro Hospitalar Psiquiátrico
de Lisboa.
Numa ação de formação ministrada pelo
Enfermeiro Fernando Barroso no CHPL, um dos
módulos abordou a questão da “Avaliação do
Risco”.
Neste contexto surgiu a proposta de realização
de um exercício escrito com a avaliação de um
qualquer tipo de risco por nós identificado no nosso
local de trabalho.
O desafio apresentado fez com o tomasse a
iniciativa de ir mais além, passando desta forma de
um exercício escrito para a real consecução de
procedimentos que levassem ao solucionamento do
risco identificado.
O foco da minha atenção prendeu-se com as
folhas de prescrições de análises e outros exames
complementares de diagnóstico, devido à constante
desorganização na sua colocação, não transmissão
da informação e possíveis erros que eu achava
existirem (na minha avaliação “semi-leiga”).
Desta forma e impulsionado pelos conteúdos
transmitidos na formação, decidi aplicar os
conhecimentos adquiridos aplicando a metodologia
da identificação e avaliação do risco, iniciando
este processo por a identificação do perigo, tendo
sempre presente que o mesmo deve ser feito de
forma simples.
O perigo que identifiquei foi o seguinte:
 Colocação indiscriminada das folhas de
prescrições de análises e outros exames
complementares de diagnóstico em recipiente de
forma desordenada e sem conhecimento dos
profissionais
(enfermeiros
e
assistentes
operacionais).
Associando estes dois elementos: probabilidade
e gravidade do dano, obtive o nível de risco de “2 significativo”, o que me levou a priorizar esta
intervenção como uma intervenção a médio prazo
(até 6 meses).
Deixando para trás a parte mais “burocrática”
mas extremamente essencial, defini um plano de
ação com o objetivo de eliminar/reduzir os riscos
identificados.
As medidas que propus e que implementei
foram as seguintes:
 Criação de uma tabela em quadro didax na sala
de Enfermagem, junto ao recipiente onde são
colocadas as requisições, para que seja
acessível, facilmente visível e de fácil
preenchimento, em que constam 3 colunas:
o Exames complementares de diagnóstico;
o Sangue;
o Urina.
 Sensibilização da equipa médica para a
necessidade de informar o Enfermeiro aquando
da requisição de análises e exames;
 Sensibilização da equipa de enfermagem para
necessidade de preenchimento diário da referida
tabela com os seguintes dados:
o Nome e apelido do utente;
o Cama;
o Exame requerido;
o Data de realização do mesmo;
o Eventuais particularidades relevantes.
 Sensibilização dos Assistentes Operacionais
para a leitura do quadro, complementada com a
informação transmitida pelo enfermeiro e pela
informação constante na requisição;
Em formato de
imagem,
certamente mais
fácil de reter:
Associado a este perigo identifiquei diversos
riscos:
 Não realização dos exames;
 Trocas de exames em pessoas com nomes
semelhantes;
 Realização de procedimento incorreto ou
desnecessário da colheita ou exame.
As pessoas expostas eram em nº de 26, tendo
eu identificado a probabilidade de ocorrência “D –
provável”, ou seja, “esperado ocorrer mais do que
uma vez ou em curtos períodos de tempo, que se
repetem durante um determinado período de tempo
ou durante a execução de uma tarefa”. Articulada a
esta probabilidade categorizei a gravidade do
dano de “II – Ligeiro”, havendo a “possível
ocorrência de lesões sem incapacidade temporária;
no máximo podem acontecer casos que necessitem
de primeiros socorros”.
Desta forma, eu, no decorrer de um turno de
trabalho, consegui implementar uma solução para o
risco identificado e nos turnos seguintes avaliar se
esta solução se apresentava como eficaz e
eficiente, o que na realidade sucedeu, sendo o
nível de adesão de 100% e até ao momento não
ocorreram novamente nenhuns erros.
“A Simplicidade é o último degrau da
sabedoria” — Khail Gibran
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