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AS SETE ESCOLAS
DE PSICANÁLISE
Profª Msc Russélia Godoy
• Não existe a “verdadeira psicanálise”
• Devemos aproveitar as vantagens de pensarmos
analiticamente a partir de uma multiplicidade e
diversidade de vértices, muitas vezes convergentes,
outras vezes divergentes
2
ESCOLA
Existem 4 condições básicas para caracterizar uma
escola:
• Aporte de conceitos originais
• Conceitos com aplicabilidade na prática clínica
• Conceitos que atravessem gerações de psicanalistas
• Que inspirem e dêem novos frutos
3
AS SETE ESCOLAS
• Escola Freudiana
• Teóricos das relações objetais (Klein)
• Psicologia do ego (Hartman a Mahler)
• Psicologia do self (Kohut)
• Escola francesa (Lacan)
• Winnicott
• Bion
4
ESCOLA FREUDIANA
5
ESCOLA FREUDIANA
• Na atualidade o movimento freudiano tem por sede
a Sociedade Britânica de Psicanálise
• Os trabalhos de Freud não são sistemáticos, nem
completos, por vezes contrapõem-se e aparecem
espalhados ao longo da obra
• Sempre integrou a teoria com a técnica, como
vemos nos seus casos clínicos
• Freud procurou explicar as causas para muitos
comportamentos humanos na religião, arte, ciência,
mitologia, antropologia e etc... 6
ESCOLA FREUDIANA
• Dentre os colaboradores imediatos de Freud
aconteceram dissidências
• As mais importantes foram Adler (1910) e Jung
(1913)
• Os contemporâneos mais importantes são:
Abraham, Ferenczi, Reich e Anna Freud
7
KARL ABRAHAM
• Foi o primeiro psicanalista alemão e um dos
fundadores da Associação Psicanalítica da Alemanha
• Fiel colaborador e amigo íntimo de Freud
• Estudou os estágios do desenvolvimento e os
pacientes pseudocolaboradores
8
SANDOR FERENCZI
• Está ressurgindo o interesse por sua obra
Contribuições:
1) Lançou as primeiras sementes para a teoria das
relações objetais e do conceito de introjeção
2) “As crianças que são recebidas com aspereza e
falta de amor morrem fácil e voluntariamente”
3) Teoria do trauma da sedução real, afirmando que
isso acontece quando os adultos confundem os
jogos da criança com os desejos das pessoas
sexualmente adultas
9
SANDOR FERENCZI
4) Foi o primeiro analista a dar importância à pessoa
real do analista, tanto em relação às suas
inadequações, quanto à rara oportunidade propiciada
ao paciente para reelaborar os primitivos problemas,
por meio de uma nova figura parental, representada
pelo analista, o qual o respeita, estima, é coerente e
tem outras formas de enfrentar e solucionar os
problemas. A personalidade do analista é um
instrumento de cura.
5) Não acreditava em nenhum critério definitivo de
analisabilidade, todo paciente que solicitasse ajuda
deveria recebê-la
10
SANDOR FERENCZI
6) O estado de regressão propicia que o analista
complemente as primitivas falhas parentais
7) Foi o primeiro discípulo de Freud a mostrar que a
técnica concebida por ele não era a única que poderia
beneficiar o paciente
Ferenczi foi eleito presidente da IPA em 1918, mas
renunciou após alguns meses, e o seu retrato é o
único que não figura na galeria dos presidentes.
11
WILHEML REICH
• Em 1933, publicou o livro “Análise do caráter”, que
trouxe a ideia de que uma análise poderia e deveria
ir além da remoção dos sintomas e que também
deveria visar mudanças na “armadura
caracterológica resistencial”, que todo paciente
possui, em alguma forma ou grau.
• Seu artigo sobre o caráter masoquista (1932) foi a
causa de seu rompimento com Freud.
• Reich colocava em dúvida a existência do instinto de
morte e negava que o masoquismo fosse
manifestação direta dele 12
WILHEML REICH
• Nos últimos anos de sua vida desviou-se dos
princípios essenciais da psicanálise e dedicou-se a
propor a “organoterapia”
• É o pai das terapias corporais!
• Teve o mérito de colocar o corpo nas discussões
sobre a psicologia.
• Ele acreditava que o homem teria costurado para
si uma “capa invisível” e inconsciente para se
proteger dos males externos, tornando o corpo
um refletor direto da mente. 13
WILHEML REICH
• Supôs que o ser humano tinha uma série de
camadas, como as da Terra, que serviam para
proteger seu “núcleo” de possíveis ameaças.
• O indivíduo sedimentava crostas de vivências
que se sobrepunham umas às outras com o
decorrer do tempo.
• Esse envoltório ia se enrijecendo à medida que
era necessário experienciar sensações
desagradáveis, servindo também para acobertar
sentimentos prazerosos que poderiam torná-lo
presa fácil.
14
WILHEML REICH
• É possível livrar-se da couraça, e um dos caminhos é
a consciência corporal
• Consciência corporal: Reconhecer e identificar os
processos e movimentos corporais, internos e
externos.
• Toda atividade física favorece a consciência
corporal, entretanto algumas práticas associadas
ao relaxamento tendem a ser mais
eficazes: Pilates, massagem biodinâmica, Ioga,
15
ANNA FREUD
• A sua importância para a psicanálise deve-se aos
seus próprios méritos ou à sua condição de filha de
S. Freud?
• O seu livro “O ego e os mecanismos de defesa”
(1936) é um grande avanço, pois vai além das
pulsões do ID, ela enaltece as funções do ego, que
Freud esboçou, mas não aprofundou.
• Pode ser considerada formadora dos discípulos que
mais tarde vão fundar a Escola da Psicologia do ego
• É uma das pioneiras da psicanálise com crianças
16
ANNA FREUD
• Possuía uma orientação de natureza pedagógica,
mas criticava Klein por isso
• Propôs que o analista deveria abster-se de qualquer
medida reeducativa ou de apoio
17
ESCOLA DOS
TEÓRICOS DAS
RELAÇÕES OBJETAIS
18
MELANIE KLEIN
• Nasceu em Viena, em 1882
• Morreu em Londres, em 1960, aos 78 anos
• Sofreu severas perdas ao longo de sua vida... Aos 5
anos perdeu a irmã. Tomou a decisão de ser médica,
influenciada pela vontade de ajudar o seu irmão,
que sofria de cardiopatia, que mais tarde veio a
falecer. Teve um casamento que não deu certo. Um
de seus filhos morreu praticando alpinismo e teve
uma ruptura pública com a sua filha, que também
era psicanalista, esta atacou a mãe publicamente.
19
MELANIE KLEIN
• Seu primeiro contato com a psicanálise foi através
de um texto de Freud
• Nunca abandonou sua devoção por ele, mas jamais
conseguiu conhecê-lo pessoalmente, pois Freud a
evitava, devido às brigas que ela tinha com sua filha
• Fez análise com Ferenczi
• Em 1916, inicia sua carreira de psicanalista de
crianças, em uma clínica em Budapeste
20
MELANIE KLEIN - OBRA
• Enfatizava o papel do brinquedo como instrumento
de análise.
• Fazia uma analogia entre o brinquedo e o sonho.
• Brincando, a criança expressa de forma simbólica as
suas fantasias inconscientes.
21
PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES
Foi pioneira nas seguintes concepções:
1) Criou uma técnica própria de psicanálise com
crianças e introduziu o entendimento simbólico
contido nos brinquedos e jogos
2) Postulou a existência de um inato ego rudimentar
no recém-nascido
3) A pulsão de morte também é inata e presente
desde o início da vida, sob a forma de ataques
invejosos e sádico-destrutivos contra o seio da mãe
4) Essas pulsões promovem uma angústia de
aniquilamento
22
PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES
5) Contra esta angústia, o ego do bebê utiliza-se de
mecanismos de defesa primitivos: dissociação,
introjeção, idealização...
6) A realidade psíquica é constituída de fantasias
inconscientes
7) Introduziu o conceito de objetos parciais: figuras
parentais representadas unicamente por um objeto,
como o seio
8) Postulou uma dissociação entre os objetos (seio
bom X seio mau) 23
PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES
9) Acreditava que as crianças, os psicóticos e os
regressivos poderiam ser analisados
10) Conservou as concepções de “Complexo de Édipo”
e “superego”, porém os situou em etapas bastante
primitivas do desenvolvimento da criança
11) Promoveu uma significativa mudança na prática
analítica: as interpretações deveriam ser
transferenciais, com ênfase na transferência negativa
24
SEGUIDORES
• Winnicott se afastou por divergências ideológicas e
seguiu uma linha independente
• Bion se manteve fiel a ela, porém com modificações
profundas na sua teoria
25
ESCOLA DA
PSICOLOGIA DO EGO
26
PSICOLOGIA DO EGO
• Autores: Heinz Hartman, Kris, Loewenstein,
Rappaport e Erikson
• Fundamentaram a sua teoria nos últimos trabalhos
de Freud, principalmente a segunda tópica e
também alicerçaram nos trabalhos de Anna Freud
referente às funções do ego
• Pesquisadores modernos: Margareth Mahler e Otto
Kernberg
27
PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES
1) Valorização das funções mentais processadas pelo
ego: afeto, memória, percepção, conhecimento,
pensamento, ação motora e etc
2) Aproximação com outras disciplinas, como a
medicina, biologia e educação
3) Ênfase nos processos defensivos do ego, em
particular à neutralização das energias pulsionais
sexuais e agressivas
28
PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES
4) Diferenciação entre “ego” e “self”.
Ego: Instância psíquica encarregada de algumas
funções
Self: Conjunto de representações que determinam o
sentimento de si mesmo
5) A principal tarefa do ego é uma adequada
adaptação , promovendo soluções adaptativas entre
as demandas pulsionais e as imposições da realidade
6) Ao contrário de Freud, acredita que nem toda
energia do ego provém do ID, mas parte dela é
autônoma
29
ESCOLA DA
PSICOLOGIA DO
SELF
30
HEINZ KOHUT
• Nasceu em Viena, em 1913
• Se formou em medicina, tendo como especialidade a
neurologia
• Morreu nos Estados Unidos, em 1981
• Foi influenciado por Hartman, mas aos poucos
afastou-se dos postulados da escola da psicologia do
ego e também de Freud
31
HEINZ KOHUT
Os aspectos mais importantes da sua teoria são:
1) O principal instrumento da psicanálise não é a
livre associação, mas a introspecção e a empatia
2) É importante que ocorra uma internalização
transmutadora, que consiste na introjeção da
figura do analista naqueles pacientes cujas falhas
empáticas dos pais não possibilitaram
identificações satisfatórias, nem com o pai, a mãe
ou com os substitutos destes
3) Nestes casos, há uma dificuldade de estruturação
do self e forma-se um transtorno de sentimento
de identidade
32
HEINZ KOHUT
4) Postulou 2 novas estruturas, ambas de formação
arcaica: o self grandioso e a imago parental idealizada
Self grandioso: Imagem onipotente e perfeita que o
sujeito sente como sendo própria. No caso de
evolução normal, o self grandioso vai transformar-se
em auto-estima, auto confiança e ambições.
Imago parental idealizada: Imagem primitiva toda
poderosa e perfeita que a criança tem dos pais e que é
sentida fazendo parte do sujeito. Transforma-se nos
“valores ideais”. 33
ESCOLA FRANCESA
DE PSICANÁLISE
34
AUTORES
• MacDougall
• Laplanche
• Lebovici
• Grumberger
Todos eles sofreram influencia de Lacan, que por esta
razão, é considerado o representante desta escola!
35
LACAN
• Nasceu na França, em 1901
• Morreu em 1984
• Iniciou seus estudos em medicina em 1920 e, a
partir de 1926, especializou-se em psiquiatria, na
qual se interessava, particularmente, pelo
estudo da paranóia
• Revoltou-se com o crescimento da escola norte-
americana da psicologia do ego
• Alegava que estavam deturpando o verdadeiro
espírito da psicanálise
36
LACAN
• Decidiu dirigir os seus estudos a partir de um
“retorno a Freud”
• Entretanto, fez radicais reinterpretações dos
textos freudianos
• Foi cercado por uma corte de adoradores, mas
também formou um grande contingente de
desafetos e severos críticos
37
LACAN - OBRA
• O primeiro trabalho psicanalítico importante foi
sobre a “Etapa do Espelho”, em 1936
• Em 1966, reuniu seus “Escritos” em um único
volume, que constituiu a coluna vertebral de sua
obra
• São 4 as áreas do psiquismo que Lacan estudou
mais profundamente: a etapa do espelho, com a
imagem do corpo; a linguagem; o desejo;
narcisismo e Édipo.
38
CORPO
• A etapa do espelho na constituição do sujeito
prolonga-se na criança dos 6 aos 18 meses
• É dividida em 3 fases de 6 meses cada uma
• Na primeira delas, a criança reage com grande
alegria diante da imagem visual completa de si
mesmo, porque esta contrasta com a
fragmentação do seu corpo.
• Ex: A criança não concebe que o seu pé, nariz,
sensações corporais provindas dos órgãos
internos pertencem a um mesmo e único corpo,
o seu
39
CORPO
• O ego ideal é uma imagem antecipatória, um
registro imaginário prévio daquilo que ainda não
somos, mas queremos ser
• Na primeira e segunda fase, a imagem corporal
da criança é percebida como sendo a do outro
• Isso esclarece os sintomas de despersonalização,
os de confusão quanto à identidade corporal dos
psicóticos
40
NARCISO E ÉDIPO
• Na segunda fase da etapa do espelho, a criança
identifica-se com o desejo da mãe
• Na terceira fase, dos 12 aos 18 meses, em
situações normais, a criança assume a castração
paterna
• Castração paterna: Função do pai de portador
da lei, que interdita e normatiza os limites da
relação diádico-simbiótica da mãe com o filho
41
LINGUAGEM
• A palavra tem tanto ou mais valor que a imagem
visual
• “O ser humano está inserido em um universo de
linguagem”
• A imagem é (re)significada pela palavra
• Enunciado identificatório: Predições veiculadas
pelo discurso dos educadores. Ex: Essa criança é
terrível e vai se dar mal na vida...
• A criança identifica-se com a representação e o
afeto que o adulto significativo lhe dirige
42
LINGUAGEM
• A linguagem é estruturante do inconsciente
• O inconsciente é o discurso dos outros
43
DESEJO
• Lacan estabelece o funcionamento do psiquismo
em 3 registros: imaginário, simbólico e real
• Estes registros interagem concomitantemente
entre si
• Estuda o desejo humano a partir das interações
entre o registro imaginário com o simbólico
• Nas primeiras fases da etapa do espelho, o
registro imaginário da criança faz-lhe supor que
ela e a mãe são a mesma coisa, que ela tem
posse absoluta da mãe 44
DESEJO
• Caso a mãe reforce essa ilusão, o desejo da
criança passa a ser o de ser o desejo da mãe
• Quando essa criança ingressa no registro
simbólico, o que é conseguido pela castração
paterna, ela vai descobrir que o desejo de cada
um deve submeter-se à lei do desejo do outro
45
DESEJO
• Lacan postula uma diferença entre as noções de
necessidade, desejo e demanda
• Necessidade: O mínimo necessário para manter
a sobrevivência física e psíquica
• Desejo: Uma necessidade que foi satisfeita com
um plus de prazer e gozo, que o sujeito quer
voltar a experimentar as sensações prazerosas
46
DESEJO
• Demanda: A satisfação dos desejos é insaciável,
pois o verdadeiro significado da demanda é um
pedido desesperado de reconhecimento e amor,
como forma de preencher uma antiga e
profunda cratera
• Há o desejo de ser o único objeto de desejo do
outro
• A estrutura do sujeito obriga-o a seguir
desejando
• O seu desejo é o de desejar 47
PRÁTICA CLÍNICA
Algumas modificações na teoria de Lacan:
• A inveja e agressão não seriam inatas, surgem
quando é desafiado e frustrado o registro
imaginário
• A análise não deve ficar reduzida à mesquinharia
exclusiva do mundo interno
• O analista deve dar importância à palavra do
paciente, que pode ser cheia ou vazia de
significados
• A ausência do pai, no psiquismo da criança, pode
propiciar a formação de psicoses e perversões
48
PRÁTICA CLÍNICA
• Substitui o tempo cronológico (50 min) das
sessões pelo tempo lógico. O importante é a
sessão terminar quando a palavra do paciente
passa de vazia e está a serviço de obstruir o
acesso à verdade, para o plano do registro
simbólico, onde a palavra deve ser plena e
realmente a favor da comunicação e das
verdades
49
PRÁTICA CLÍNICA
• Lacan considera que não se instalará a
transferência caso o analista interprete
adequadamente
• Não considera a contra-transferência como
instrumento técnico
• Adverte que o uso sistemático das
interpretações deve ser evitado, pois pode fazer
com que o paciente se identifique com os
desejos do analista
50
CRÍTICAS
• Radicalismo, fala como se suas postulações
fossem as únicas verdadeiras na psicanálise
• Rechaço à prática das sessões sem tempo
determinado, sendo que ele realizava alguns
atendimentos que duravam 5 minutos
51
ESCOLA DE
WINNICOTT
52
WINNICOTT - BIOGRAFIA
• Nasceu na Inglaterra, em 1897
• Viveu em um lar bem estruturado, econômica e
afetivamente
• Mostrou uma inclinação pela música, possuía
criatividade artística e era atleta
• Formou-se em medicina, sua especialidade era a
pediatra
• Evidenciava preocupação com os aspectos
emocionais dos seus pacientezinhos e com a
interação materna
53
WINNICOTT - BIOGRAFIA
• Fez supervisão com Klein durante alguns anos
• Publicou seu primeiro trabalho em 1936, no qual
estudou a relação entre os conflitos emocionais e os
transtornos de alimentação
• Revelou uma predileção pelo atendimento de
pacientes psicóticos, borderline e adolescentes com
conduta anti-social
• Morreu em 1971, aos 74 anos, devido a
complicações cardíacas
• “Oh, Deus, quero estar vivo quando eu morrer”
• Era casado, mas não deixou filhos
54
WINNICOTT - OBRA
• Possui uma obra extensa e original
 Em 1945, ainda influenciado por Klein, publicou o
clássico “Desenvolvimento emocional primitivo”
• Propõe que a maturação e o desenvolvimento
emocional processam-se em 3 etapas:
1) Integração e personalização: O bebê nasce em um
estado de não-integração, no qual está em um
estado de dependência absoluta, apesar da crença
mágica em possuir uma absoluta independência.
• O desenvolvimento normal leva a um esquema
corporal integrado.
55
WINNICOTT - OBRA
• A personalização seria o sentimento de que a
pessoa habita o seu próprio corpo.
2) Adaptação à realidade: A mãe tem o papel de
ajudar a criança a sair da subjetividade e provê-la com
elementos da realidade.
3) Crueldade primitiva: Todo bebê tem uma carga
agressiva, que muitas vezes volta-se contra ele
mesmo.
• Tem a fantasia de ter danificado a mãe
• Aspectos construtivos: Esperança que sua mãe o
compreenda, ame e sobreviva aos seus ataques
56
WINNICOTT - OBRA
 Em 1951, escreve sobre os fenômenos e objetos
transicionais
Objeto transicional: Geralmente é um bico, ursinho,
pano ou travesseiro. Caracteriza-se pelo fato de ele
ser de posse exclusiva da criança.
• Ele é amado e conservado por um longo período de
tempo e sobrevive aos ataques que a criança lhe
inflige.
• Representa um momento evolutivo estruturante.
 Em 1958, publica o seu artigo sobre “A capacidade
para estar só”
57
WINNICOTT - OBRA
 Em 1960 publicou 2 de seus mais importantes trabalhos:
1) Teoria da relação paterno-filial: Descreve o papel da
mãe no desenvolvimento emocional do filho.
• Descreve o estado psicológico de “devoção” materna
primária (regressão materna)
• A mãe possui uma função de ego auxiliar, até que a criança
consiga desenvolver as suas capacidade inatas de
pensamento, síntese, integração...
• Função holding: “sustentação” física e emocional praticada
pela mãe ao bebê. Um conjunto de comportamentos que
visam apoiar a criança, como a amamentação, firmeza, o
carinho e outras ações de satisfação da dupla.
58
WINNICOTT - OBRA
2) Deformação do ego em termos de um verdadeiro
e falso self:
• Quando as falhas ambientais ameaçam a
continuidade existencial da criança, essa vê-se
obrigada a deformar o seu verdadeiro self, em prol
de uma submissão às exigências ambientais,
notadamente dos pais, pela construção de um falso
self
• “o indivíduo, tal como o tronco de uma árvore,
desenvolve-se às custas da expansão da casca, mais
do que de seu núcleo” 59
WINNICOTT - OBRA
• O falso self não deve ser confundido com o
entendimento de ordem moral ou ética
• Clinicamente, o falso self costuma vir acompanhado
de uma sensação de vazio, futilidade e irrealidade
 Em 1971, é publicado o livro “O brincar e a
realidade”:
• Papel de espelho da mãe e da família: o primeiro
espelho da criatura humana é o rosto da mãe,
seu olhar, sorriso, expressões faciais, etc... 60
ASPECTOS TÉCNICOS
• Possibilidade de um sentimento de ódio na
contratransferência, que pode servir como
instrumento técnico
• Há nos analisandos um período de hesitação, que
não pode ser confundido com resistência
• O analista pode ser visto como um objeto
transicional
• Valor positivo da destrutividade, desde que haja a
sobrevivência do objeto, simultaneamente amado e
atacado 61
ASPECTOS TÉCNICOS
• A não satisfação de uma necessidade pode provocar
uma decepção, uma reprodução do fracasso
ambiental, de onde se derivou uma interferência na
capacidade de desejar, a qual deve ser resgatada na
reexperimentação emocional com o analista
• Com pacientes regressivos, é mais importante o
manejo do que as interpretações
• Toda pessoa apresenta algum tipo e grau de
dependência, cabe ao analista transitar pelas 3
fases: absoluta, relativa e aquela que vai rumo à
independência
62
ESCOLA DE BION
63
BION - BIOGRAFIA
• Nasceu em 1897, na Índia
• Viveu até os 7 anos neste país, quando foi sozinho para
Londres, a fim de iniciar a sua formação escolar
• Formou-se em medicina e posteriormente fez
psiquiatria e formação psicanalítica
• Fez análise didática durante anos com Klein
• Mudou-se para Los Angeles em 1968
• Fez várias visitas à Buenos Aires e 4 vezes esteve no
Brasil
• Faleceu em Novembro de 1979, aos 82 anos, de
leucemia
64
BION - OBRA
Sua obra pode ser dividida em 4 décadas distintas:
• Década de 40: Dedicou-se aos experimentos com
grupos
• Década de 50: Trabalhou com pacientes psicóticos,
se interessou principalmente pelos distúrbios da
linguagem, pensamento e comunicação
• Década de 60: É a época mais rica, original e
produtiva. Pode ser chamada de epistemológica.
• Década de 70: Predominância mística
65
BION - OBRA
As contribuições que merecem um destaque
especial:
• Estudo da mente do psicanalista: Propõe que
devemos ter “condições necessárias mínimas”.
Importante que ele nunca se afaste do “amor pelas
verdades”, por mais penosas que sejam.
• Existência permanente de vínculos na situação
analítica (amor, ódio e conhecimento)
• Todos os sujeitos possuem uma parte psicótica da
personalidade, que é composta por: inveja excessiva,
intolerância absoluta às frustrações, ódio às
verdades e etc...
66
BION - OBRA
• A psicanálise não deve ficar restrita aos conflitos
inconscientes, mas deve também abordar os
aspectos conscientes
• Nunca existe uma “cura”. Existe um crescimento
mental, pois no lugar de ir fechando a mente a partir
da resolução de conflitos, devemos abri-la cada vez
mais
67

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  • 1. AS SETE ESCOLAS DE PSICANÁLISE Profª Msc Russélia Godoy
  • 2. • Não existe a “verdadeira psicanálise” • Devemos aproveitar as vantagens de pensarmos analiticamente a partir de uma multiplicidade e diversidade de vértices, muitas vezes convergentes, outras vezes divergentes 2
  • 3. ESCOLA Existem 4 condições básicas para caracterizar uma escola: • Aporte de conceitos originais • Conceitos com aplicabilidade na prática clínica • Conceitos que atravessem gerações de psicanalistas • Que inspirem e dêem novos frutos 3
  • 4. AS SETE ESCOLAS • Escola Freudiana • Teóricos das relações objetais (Klein) • Psicologia do ego (Hartman a Mahler) • Psicologia do self (Kohut) • Escola francesa (Lacan) • Winnicott • Bion 4
  • 6. ESCOLA FREUDIANA • Na atualidade o movimento freudiano tem por sede a Sociedade Britânica de Psicanálise • Os trabalhos de Freud não são sistemáticos, nem completos, por vezes contrapõem-se e aparecem espalhados ao longo da obra • Sempre integrou a teoria com a técnica, como vemos nos seus casos clínicos • Freud procurou explicar as causas para muitos comportamentos humanos na religião, arte, ciência, mitologia, antropologia e etc... 6
  • 7. ESCOLA FREUDIANA • Dentre os colaboradores imediatos de Freud aconteceram dissidências • As mais importantes foram Adler (1910) e Jung (1913) • Os contemporâneos mais importantes são: Abraham, Ferenczi, Reich e Anna Freud 7
  • 8. KARL ABRAHAM • Foi o primeiro psicanalista alemão e um dos fundadores da Associação Psicanalítica da Alemanha • Fiel colaborador e amigo íntimo de Freud • Estudou os estágios do desenvolvimento e os pacientes pseudocolaboradores 8
  • 9. SANDOR FERENCZI • Está ressurgindo o interesse por sua obra Contribuições: 1) Lançou as primeiras sementes para a teoria das relações objetais e do conceito de introjeção 2) “As crianças que são recebidas com aspereza e falta de amor morrem fácil e voluntariamente” 3) Teoria do trauma da sedução real, afirmando que isso acontece quando os adultos confundem os jogos da criança com os desejos das pessoas sexualmente adultas 9
  • 10. SANDOR FERENCZI 4) Foi o primeiro analista a dar importância à pessoa real do analista, tanto em relação às suas inadequações, quanto à rara oportunidade propiciada ao paciente para reelaborar os primitivos problemas, por meio de uma nova figura parental, representada pelo analista, o qual o respeita, estima, é coerente e tem outras formas de enfrentar e solucionar os problemas. A personalidade do analista é um instrumento de cura. 5) Não acreditava em nenhum critério definitivo de analisabilidade, todo paciente que solicitasse ajuda deveria recebê-la 10
  • 11. SANDOR FERENCZI 6) O estado de regressão propicia que o analista complemente as primitivas falhas parentais 7) Foi o primeiro discípulo de Freud a mostrar que a técnica concebida por ele não era a única que poderia beneficiar o paciente Ferenczi foi eleito presidente da IPA em 1918, mas renunciou após alguns meses, e o seu retrato é o único que não figura na galeria dos presidentes. 11
  • 12. WILHEML REICH • Em 1933, publicou o livro “Análise do caráter”, que trouxe a ideia de que uma análise poderia e deveria ir além da remoção dos sintomas e que também deveria visar mudanças na “armadura caracterológica resistencial”, que todo paciente possui, em alguma forma ou grau. • Seu artigo sobre o caráter masoquista (1932) foi a causa de seu rompimento com Freud. • Reich colocava em dúvida a existência do instinto de morte e negava que o masoquismo fosse manifestação direta dele 12
  • 13. WILHEML REICH • Nos últimos anos de sua vida desviou-se dos princípios essenciais da psicanálise e dedicou-se a propor a “organoterapia” • É o pai das terapias corporais! • Teve o mérito de colocar o corpo nas discussões sobre a psicologia. • Ele acreditava que o homem teria costurado para si uma “capa invisível” e inconsciente para se proteger dos males externos, tornando o corpo um refletor direto da mente. 13
  • 14. WILHEML REICH • Supôs que o ser humano tinha uma série de camadas, como as da Terra, que serviam para proteger seu “núcleo” de possíveis ameaças. • O indivíduo sedimentava crostas de vivências que se sobrepunham umas às outras com o decorrer do tempo. • Esse envoltório ia se enrijecendo à medida que era necessário experienciar sensações desagradáveis, servindo também para acobertar sentimentos prazerosos que poderiam torná-lo presa fácil. 14
  • 15. WILHEML REICH • É possível livrar-se da couraça, e um dos caminhos é a consciência corporal • Consciência corporal: Reconhecer e identificar os processos e movimentos corporais, internos e externos. • Toda atividade física favorece a consciência corporal, entretanto algumas práticas associadas ao relaxamento tendem a ser mais eficazes: Pilates, massagem biodinâmica, Ioga, 15
  • 16. ANNA FREUD • A sua importância para a psicanálise deve-se aos seus próprios méritos ou à sua condição de filha de S. Freud? • O seu livro “O ego e os mecanismos de defesa” (1936) é um grande avanço, pois vai além das pulsões do ID, ela enaltece as funções do ego, que Freud esboçou, mas não aprofundou. • Pode ser considerada formadora dos discípulos que mais tarde vão fundar a Escola da Psicologia do ego • É uma das pioneiras da psicanálise com crianças 16
  • 17. ANNA FREUD • Possuía uma orientação de natureza pedagógica, mas criticava Klein por isso • Propôs que o analista deveria abster-se de qualquer medida reeducativa ou de apoio 17
  • 19. MELANIE KLEIN • Nasceu em Viena, em 1882 • Morreu em Londres, em 1960, aos 78 anos • Sofreu severas perdas ao longo de sua vida... Aos 5 anos perdeu a irmã. Tomou a decisão de ser médica, influenciada pela vontade de ajudar o seu irmão, que sofria de cardiopatia, que mais tarde veio a falecer. Teve um casamento que não deu certo. Um de seus filhos morreu praticando alpinismo e teve uma ruptura pública com a sua filha, que também era psicanalista, esta atacou a mãe publicamente. 19
  • 20. MELANIE KLEIN • Seu primeiro contato com a psicanálise foi através de um texto de Freud • Nunca abandonou sua devoção por ele, mas jamais conseguiu conhecê-lo pessoalmente, pois Freud a evitava, devido às brigas que ela tinha com sua filha • Fez análise com Ferenczi • Em 1916, inicia sua carreira de psicanalista de crianças, em uma clínica em Budapeste 20
  • 21. MELANIE KLEIN - OBRA • Enfatizava o papel do brinquedo como instrumento de análise. • Fazia uma analogia entre o brinquedo e o sonho. • Brincando, a criança expressa de forma simbólica as suas fantasias inconscientes. 21
  • 22. PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES Foi pioneira nas seguintes concepções: 1) Criou uma técnica própria de psicanálise com crianças e introduziu o entendimento simbólico contido nos brinquedos e jogos 2) Postulou a existência de um inato ego rudimentar no recém-nascido 3) A pulsão de morte também é inata e presente desde o início da vida, sob a forma de ataques invejosos e sádico-destrutivos contra o seio da mãe 4) Essas pulsões promovem uma angústia de aniquilamento 22
  • 23. PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES 5) Contra esta angústia, o ego do bebê utiliza-se de mecanismos de defesa primitivos: dissociação, introjeção, idealização... 6) A realidade psíquica é constituída de fantasias inconscientes 7) Introduziu o conceito de objetos parciais: figuras parentais representadas unicamente por um objeto, como o seio 8) Postulou uma dissociação entre os objetos (seio bom X seio mau) 23
  • 24. PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES 9) Acreditava que as crianças, os psicóticos e os regressivos poderiam ser analisados 10) Conservou as concepções de “Complexo de Édipo” e “superego”, porém os situou em etapas bastante primitivas do desenvolvimento da criança 11) Promoveu uma significativa mudança na prática analítica: as interpretações deveriam ser transferenciais, com ênfase na transferência negativa 24
  • 25. SEGUIDORES • Winnicott se afastou por divergências ideológicas e seguiu uma linha independente • Bion se manteve fiel a ela, porém com modificações profundas na sua teoria 25
  • 27. PSICOLOGIA DO EGO • Autores: Heinz Hartman, Kris, Loewenstein, Rappaport e Erikson • Fundamentaram a sua teoria nos últimos trabalhos de Freud, principalmente a segunda tópica e também alicerçaram nos trabalhos de Anna Freud referente às funções do ego • Pesquisadores modernos: Margareth Mahler e Otto Kernberg 27
  • 28. PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES 1) Valorização das funções mentais processadas pelo ego: afeto, memória, percepção, conhecimento, pensamento, ação motora e etc 2) Aproximação com outras disciplinas, como a medicina, biologia e educação 3) Ênfase nos processos defensivos do ego, em particular à neutralização das energias pulsionais sexuais e agressivas 28
  • 29. PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES 4) Diferenciação entre “ego” e “self”. Ego: Instância psíquica encarregada de algumas funções Self: Conjunto de representações que determinam o sentimento de si mesmo 5) A principal tarefa do ego é uma adequada adaptação , promovendo soluções adaptativas entre as demandas pulsionais e as imposições da realidade 6) Ao contrário de Freud, acredita que nem toda energia do ego provém do ID, mas parte dela é autônoma 29
  • 31. HEINZ KOHUT • Nasceu em Viena, em 1913 • Se formou em medicina, tendo como especialidade a neurologia • Morreu nos Estados Unidos, em 1981 • Foi influenciado por Hartman, mas aos poucos afastou-se dos postulados da escola da psicologia do ego e também de Freud 31
  • 32. HEINZ KOHUT Os aspectos mais importantes da sua teoria são: 1) O principal instrumento da psicanálise não é a livre associação, mas a introspecção e a empatia 2) É importante que ocorra uma internalização transmutadora, que consiste na introjeção da figura do analista naqueles pacientes cujas falhas empáticas dos pais não possibilitaram identificações satisfatórias, nem com o pai, a mãe ou com os substitutos destes 3) Nestes casos, há uma dificuldade de estruturação do self e forma-se um transtorno de sentimento de identidade 32
  • 33. HEINZ KOHUT 4) Postulou 2 novas estruturas, ambas de formação arcaica: o self grandioso e a imago parental idealizada Self grandioso: Imagem onipotente e perfeita que o sujeito sente como sendo própria. No caso de evolução normal, o self grandioso vai transformar-se em auto-estima, auto confiança e ambições. Imago parental idealizada: Imagem primitiva toda poderosa e perfeita que a criança tem dos pais e que é sentida fazendo parte do sujeito. Transforma-se nos “valores ideais”. 33
  • 35. AUTORES • MacDougall • Laplanche • Lebovici • Grumberger Todos eles sofreram influencia de Lacan, que por esta razão, é considerado o representante desta escola! 35
  • 36. LACAN • Nasceu na França, em 1901 • Morreu em 1984 • Iniciou seus estudos em medicina em 1920 e, a partir de 1926, especializou-se em psiquiatria, na qual se interessava, particularmente, pelo estudo da paranóia • Revoltou-se com o crescimento da escola norte- americana da psicologia do ego • Alegava que estavam deturpando o verdadeiro espírito da psicanálise 36
  • 37. LACAN • Decidiu dirigir os seus estudos a partir de um “retorno a Freud” • Entretanto, fez radicais reinterpretações dos textos freudianos • Foi cercado por uma corte de adoradores, mas também formou um grande contingente de desafetos e severos críticos 37
  • 38. LACAN - OBRA • O primeiro trabalho psicanalítico importante foi sobre a “Etapa do Espelho”, em 1936 • Em 1966, reuniu seus “Escritos” em um único volume, que constituiu a coluna vertebral de sua obra • São 4 as áreas do psiquismo que Lacan estudou mais profundamente: a etapa do espelho, com a imagem do corpo; a linguagem; o desejo; narcisismo e Édipo. 38
  • 39. CORPO • A etapa do espelho na constituição do sujeito prolonga-se na criança dos 6 aos 18 meses • É dividida em 3 fases de 6 meses cada uma • Na primeira delas, a criança reage com grande alegria diante da imagem visual completa de si mesmo, porque esta contrasta com a fragmentação do seu corpo. • Ex: A criança não concebe que o seu pé, nariz, sensações corporais provindas dos órgãos internos pertencem a um mesmo e único corpo, o seu 39
  • 40. CORPO • O ego ideal é uma imagem antecipatória, um registro imaginário prévio daquilo que ainda não somos, mas queremos ser • Na primeira e segunda fase, a imagem corporal da criança é percebida como sendo a do outro • Isso esclarece os sintomas de despersonalização, os de confusão quanto à identidade corporal dos psicóticos 40
  • 41. NARCISO E ÉDIPO • Na segunda fase da etapa do espelho, a criança identifica-se com o desejo da mãe • Na terceira fase, dos 12 aos 18 meses, em situações normais, a criança assume a castração paterna • Castração paterna: Função do pai de portador da lei, que interdita e normatiza os limites da relação diádico-simbiótica da mãe com o filho 41
  • 42. LINGUAGEM • A palavra tem tanto ou mais valor que a imagem visual • “O ser humano está inserido em um universo de linguagem” • A imagem é (re)significada pela palavra • Enunciado identificatório: Predições veiculadas pelo discurso dos educadores. Ex: Essa criança é terrível e vai se dar mal na vida... • A criança identifica-se com a representação e o afeto que o adulto significativo lhe dirige 42
  • 43. LINGUAGEM • A linguagem é estruturante do inconsciente • O inconsciente é o discurso dos outros 43
  • 44. DESEJO • Lacan estabelece o funcionamento do psiquismo em 3 registros: imaginário, simbólico e real • Estes registros interagem concomitantemente entre si • Estuda o desejo humano a partir das interações entre o registro imaginário com o simbólico • Nas primeiras fases da etapa do espelho, o registro imaginário da criança faz-lhe supor que ela e a mãe são a mesma coisa, que ela tem posse absoluta da mãe 44
  • 45. DESEJO • Caso a mãe reforce essa ilusão, o desejo da criança passa a ser o de ser o desejo da mãe • Quando essa criança ingressa no registro simbólico, o que é conseguido pela castração paterna, ela vai descobrir que o desejo de cada um deve submeter-se à lei do desejo do outro 45
  • 46. DESEJO • Lacan postula uma diferença entre as noções de necessidade, desejo e demanda • Necessidade: O mínimo necessário para manter a sobrevivência física e psíquica • Desejo: Uma necessidade que foi satisfeita com um plus de prazer e gozo, que o sujeito quer voltar a experimentar as sensações prazerosas 46
  • 47. DESEJO • Demanda: A satisfação dos desejos é insaciável, pois o verdadeiro significado da demanda é um pedido desesperado de reconhecimento e amor, como forma de preencher uma antiga e profunda cratera • Há o desejo de ser o único objeto de desejo do outro • A estrutura do sujeito obriga-o a seguir desejando • O seu desejo é o de desejar 47
  • 48. PRÁTICA CLÍNICA Algumas modificações na teoria de Lacan: • A inveja e agressão não seriam inatas, surgem quando é desafiado e frustrado o registro imaginário • A análise não deve ficar reduzida à mesquinharia exclusiva do mundo interno • O analista deve dar importância à palavra do paciente, que pode ser cheia ou vazia de significados • A ausência do pai, no psiquismo da criança, pode propiciar a formação de psicoses e perversões 48
  • 49. PRÁTICA CLÍNICA • Substitui o tempo cronológico (50 min) das sessões pelo tempo lógico. O importante é a sessão terminar quando a palavra do paciente passa de vazia e está a serviço de obstruir o acesso à verdade, para o plano do registro simbólico, onde a palavra deve ser plena e realmente a favor da comunicação e das verdades 49
  • 50. PRÁTICA CLÍNICA • Lacan considera que não se instalará a transferência caso o analista interprete adequadamente • Não considera a contra-transferência como instrumento técnico • Adverte que o uso sistemático das interpretações deve ser evitado, pois pode fazer com que o paciente se identifique com os desejos do analista 50
  • 51. CRÍTICAS • Radicalismo, fala como se suas postulações fossem as únicas verdadeiras na psicanálise • Rechaço à prática das sessões sem tempo determinado, sendo que ele realizava alguns atendimentos que duravam 5 minutos 51
  • 53. WINNICOTT - BIOGRAFIA • Nasceu na Inglaterra, em 1897 • Viveu em um lar bem estruturado, econômica e afetivamente • Mostrou uma inclinação pela música, possuía criatividade artística e era atleta • Formou-se em medicina, sua especialidade era a pediatra • Evidenciava preocupação com os aspectos emocionais dos seus pacientezinhos e com a interação materna 53
  • 54. WINNICOTT - BIOGRAFIA • Fez supervisão com Klein durante alguns anos • Publicou seu primeiro trabalho em 1936, no qual estudou a relação entre os conflitos emocionais e os transtornos de alimentação • Revelou uma predileção pelo atendimento de pacientes psicóticos, borderline e adolescentes com conduta anti-social • Morreu em 1971, aos 74 anos, devido a complicações cardíacas • “Oh, Deus, quero estar vivo quando eu morrer” • Era casado, mas não deixou filhos 54
  • 55. WINNICOTT - OBRA • Possui uma obra extensa e original  Em 1945, ainda influenciado por Klein, publicou o clássico “Desenvolvimento emocional primitivo” • Propõe que a maturação e o desenvolvimento emocional processam-se em 3 etapas: 1) Integração e personalização: O bebê nasce em um estado de não-integração, no qual está em um estado de dependência absoluta, apesar da crença mágica em possuir uma absoluta independência. • O desenvolvimento normal leva a um esquema corporal integrado. 55
  • 56. WINNICOTT - OBRA • A personalização seria o sentimento de que a pessoa habita o seu próprio corpo. 2) Adaptação à realidade: A mãe tem o papel de ajudar a criança a sair da subjetividade e provê-la com elementos da realidade. 3) Crueldade primitiva: Todo bebê tem uma carga agressiva, que muitas vezes volta-se contra ele mesmo. • Tem a fantasia de ter danificado a mãe • Aspectos construtivos: Esperança que sua mãe o compreenda, ame e sobreviva aos seus ataques 56
  • 57. WINNICOTT - OBRA  Em 1951, escreve sobre os fenômenos e objetos transicionais Objeto transicional: Geralmente é um bico, ursinho, pano ou travesseiro. Caracteriza-se pelo fato de ele ser de posse exclusiva da criança. • Ele é amado e conservado por um longo período de tempo e sobrevive aos ataques que a criança lhe inflige. • Representa um momento evolutivo estruturante.  Em 1958, publica o seu artigo sobre “A capacidade para estar só” 57
  • 58. WINNICOTT - OBRA  Em 1960 publicou 2 de seus mais importantes trabalhos: 1) Teoria da relação paterno-filial: Descreve o papel da mãe no desenvolvimento emocional do filho. • Descreve o estado psicológico de “devoção” materna primária (regressão materna) • A mãe possui uma função de ego auxiliar, até que a criança consiga desenvolver as suas capacidade inatas de pensamento, síntese, integração... • Função holding: “sustentação” física e emocional praticada pela mãe ao bebê. Um conjunto de comportamentos que visam apoiar a criança, como a amamentação, firmeza, o carinho e outras ações de satisfação da dupla. 58
  • 59. WINNICOTT - OBRA 2) Deformação do ego em termos de um verdadeiro e falso self: • Quando as falhas ambientais ameaçam a continuidade existencial da criança, essa vê-se obrigada a deformar o seu verdadeiro self, em prol de uma submissão às exigências ambientais, notadamente dos pais, pela construção de um falso self • “o indivíduo, tal como o tronco de uma árvore, desenvolve-se às custas da expansão da casca, mais do que de seu núcleo” 59
  • 60. WINNICOTT - OBRA • O falso self não deve ser confundido com o entendimento de ordem moral ou ética • Clinicamente, o falso self costuma vir acompanhado de uma sensação de vazio, futilidade e irrealidade  Em 1971, é publicado o livro “O brincar e a realidade”: • Papel de espelho da mãe e da família: o primeiro espelho da criatura humana é o rosto da mãe, seu olhar, sorriso, expressões faciais, etc... 60
  • 61. ASPECTOS TÉCNICOS • Possibilidade de um sentimento de ódio na contratransferência, que pode servir como instrumento técnico • Há nos analisandos um período de hesitação, que não pode ser confundido com resistência • O analista pode ser visto como um objeto transicional • Valor positivo da destrutividade, desde que haja a sobrevivência do objeto, simultaneamente amado e atacado 61
  • 62. ASPECTOS TÉCNICOS • A não satisfação de uma necessidade pode provocar uma decepção, uma reprodução do fracasso ambiental, de onde se derivou uma interferência na capacidade de desejar, a qual deve ser resgatada na reexperimentação emocional com o analista • Com pacientes regressivos, é mais importante o manejo do que as interpretações • Toda pessoa apresenta algum tipo e grau de dependência, cabe ao analista transitar pelas 3 fases: absoluta, relativa e aquela que vai rumo à independência 62
  • 64. BION - BIOGRAFIA • Nasceu em 1897, na Índia • Viveu até os 7 anos neste país, quando foi sozinho para Londres, a fim de iniciar a sua formação escolar • Formou-se em medicina e posteriormente fez psiquiatria e formação psicanalítica • Fez análise didática durante anos com Klein • Mudou-se para Los Angeles em 1968 • Fez várias visitas à Buenos Aires e 4 vezes esteve no Brasil • Faleceu em Novembro de 1979, aos 82 anos, de leucemia 64
  • 65. BION - OBRA Sua obra pode ser dividida em 4 décadas distintas: • Década de 40: Dedicou-se aos experimentos com grupos • Década de 50: Trabalhou com pacientes psicóticos, se interessou principalmente pelos distúrbios da linguagem, pensamento e comunicação • Década de 60: É a época mais rica, original e produtiva. Pode ser chamada de epistemológica. • Década de 70: Predominância mística 65
  • 66. BION - OBRA As contribuições que merecem um destaque especial: • Estudo da mente do psicanalista: Propõe que devemos ter “condições necessárias mínimas”. Importante que ele nunca se afaste do “amor pelas verdades”, por mais penosas que sejam. • Existência permanente de vínculos na situação analítica (amor, ódio e conhecimento) • Todos os sujeitos possuem uma parte psicótica da personalidade, que é composta por: inveja excessiva, intolerância absoluta às frustrações, ódio às verdades e etc... 66
  • 67. BION - OBRA • A psicanálise não deve ficar restrita aos conflitos inconscientes, mas deve também abordar os aspectos conscientes • Nunca existe uma “cura”. Existe um crescimento mental, pois no lugar de ir fechando a mente a partir da resolução de conflitos, devemos abri-la cada vez mais 67