O documento discute como o mundo em constante mudança torna a ideia de controle uma ilusão. Gerentes precisam aceitar que certas variáveis estão fora de seu controle e se adaptar às surpresas, vendo-as como oportunidades em vez de erros. A chave é monitorar métricas para aprender e se ajustar rapidamente ao inesperado.
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Artigo6 Quando O Controle Se Transforma Em IlusãO
1. Quando o Controle Se Transforma em Ilusão
Gisela Kassoy
Os gerentes de antigamente devem se lembrar dos tempos do POC, acróstico para
Planejamento, Organização e Controle, oriundo da idéia que as coisas basicamente
aconteceriam conforme o planejado. Era isso mesmo: com um bom planejamento,
e se a turma fizesse as coisas direito, tudo daria certo. As premissas eram essas e
nem sempre funcionavam, mas dava para se basear nelas.
Mas o mundo muda. E muda cada vez mais e mais rapidamente, a ponto de cor-
rermos o risco (ou a certeza) de vê-lo mudado quando formos conferir os resulta-
dos de nosso planejamento.
Além disso, somos forçados a trazer soluções novas, que nunca foram testadas e
que portanto poderão trazer resultados e reações imprevisíveis.
E as pessoas, estão acompanhando esta nova forma de pensar e agir? Como fica a
idéia de controle, num mundo com tantas variáveis que não podemos controlar?
Médicos e psicólogos já notaram uma das conseqüências da ilusão de poder contro-
lar o incontrolável, que é o chamado burn-out, o stress típico de quem depende de
variáveis externas para obter sucesso.
Educadores, vendedores e demais profissionais cujos resultados dependem do
comportamento de outras pessoas talvez estejam mais treinados a administrar im-
previstos, mas a surpresa acontece também quando lidamos com estratégias de
marketing, lançamento de produtos, decisões de carreira e investimentos financei-
ros.
É possível ser bem sucedido num mundo assim? Sim, desde que mudemos nossa
forma postura e aceitemos que certas variáveis são mesmo incontroláveis. Veja
como:
Entenda a Diferença Entre Ser Gerente e Ser Gestor: No Aurélio, trata-se de sinô-
nimos, mas no mundo das organizações, o gerente é mais um administrador, en-
quanto o gestor é aquela pessoa que, conforme os objetivos da empresa, cria um
ambiente propício para que coisas aconteçam e lida criativamente com o aconteci-
do. Faça uma lista de suas tarefas de gerente e suas tarefas de gestor, e adapte
sua forma de atuação para cada um dos casos.
Esqueça o Erro, Pense em Surpresas: Recentemente a revista Exame fez uma ma-
téria sobre a transformação de imprevistos em vantagens. Um exemplo foi o Shop-
ping Frei Caneca, planejado para ser um Shopping tradicional que acabou tendo
que se adaptar ao público gay, freqüentador da região. Houve um erro de previsão?
Ou nós é que temos que mudar a visão de erro? Se passarmos a ver o inesperado
como novidades, teremos agilidade para nos adaptarmos às circunstâncias.
Foi o que fez a direção do Shopping ao direcionar suas lojas para esse mercado.
Clay Carr, autor do livro O Poder Competitivo da Criatividade chama a habilidade de
aproveitar fenômenos como o exemplo acima de Administração da Surpresa, uma
habilidade que teremos de desenvolver cada vez mais.
2. Não Tema a Frustração: Um dos brinquedos favoritos da minha infância era o João
Bobo, desenvolvido para que as crianças tentassem derrubar, mas que nunca tom-
bava. Pelo contrário, quanto mais violento o golpe que ele levava, mais rapidamen-
te ele se levantava. Pois o João Bobo era muito esperto! Em vez de evitar os tom-
bos, o que ele fazia bem era se recompor para voltar a ficar em pé. Quem deixa de
arriscar por temer o erro e a frustração não se dá nem a chance de acertar nem a
de vivenciar uma boa surpresa. Como já foi mencionado antes, num mundo mutan-
te os fatores negativos podem rapidamente se transformar em oportunidades.
Planeje, Crie Métricas. Acima de Tudo, Monitore: Contar com o imprevisível não
significa deixar os fatos ocorrerem ao sabor do vento. Pode parecer um paradoxo,
mas nunca se deu tanta importância ao planejamento, bem como às métricas que
avaliarão os resultados. A diferença é que as métricas não existem apenas para
avaliações: a função delas são o monitoramento, os ajustes, o aprendizado, cada
vez mais sofisticados e mais atentos às variáveis externas.
Erre Rápido e Erre Direito: Alexander Mandic, um bem sucedido empresário brasi-
leiro do mundo da internet fala em errar rápido, ou seja, a capacidade de reagir
rápida e eficazmente ao inesperado. Podemos pensar também em errar direito, ou
seja, termos planos B, C e D e criarmos rapidamente um plano E.
Aceite os Presentes Que O Mundo Dá: Cada vez mais, as coisas acontecerão de
forma diferente de nossas previsões. Aceite e permita-se surpreender. É como a-
contece com os filhos: nem sempre eles puxam os olhos do pai e o nariz da mãe,
mas trazem alegrias que a nossa fantasia jamais imaginaria.