O documento descreve a arte brasileira desde o período colonial até a República, destacando: 1) A chegada dos portugueses e escravos ao Brasil no século XVI; 2) A descoberta de ouro em Minas Gerais no final do século XVII, que impulsionou a imigração portuguesa; 3) A transferência da família real portuguesa para o Brasil em 1808, marcando o início do período de Independência.
1. Arte Brasileira
Do Império à República
● 1500 chegada no Brasil, antes chamado Ilha de Vera Cruz e posteriormente
Terra de Santa Cruz
● Ainda no século XVI o Brasil é dividido em Capitânias Hereditárias, uma
maneira de colonizar o novo mundo
● Fracassam as Capitânias e Portugal instala o Governo Geral, com sua
primeira Constituição tem início ao governo Tomé de Souza
● Vinda dos escravos ao Brasil; Seguidamente, por Alvará de 29 de Março de
1559, dona Catarina de Áustria, regente de Portugal, autorizou cada senhor
de engenho do Brasil, mediante certidão passada pelo governador-geral, a
importar até 120 escravos.
2. Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
Navio Negreiro (trecho) – Castro Alves
3. ● 1695; Descoberta aurífera nas Minas Gerais, descoberta pelos
Bandeirantes (atuais paulistas) foi responsável por grande imigração
portuguesa ao Brasil em busca de riqueza.
● 1760; Leandro Joaquim pinta Vista da Lagoa do Boqueirão e o Aqueduto de
Santa Teresa.
● 1789; na França ocorria a queda da Bastilha e por sua vez a Revolução
Francesa, nas Minas Gerais ocorre o movimento da Inconfidência mineira,
tenho como desfecho o enforcamento e esquartejamento de Joaquim José
da Silva Xavier (Tiradentes).
● 1808; Napoleão assume após a deposição da casa dos Bourbons (Luís e
Maria Antonieta) e invade Portugal. D. João VI, príncipe regente transfere a
corte de Portugal para o Brasil.
4.
5. Pedro Américo, Tiradentes Esquartejado, 1893
Museu Mariano Procópio de Juiz de Fora (Minas Gerais -Brasil)
● Após proclamação da República, Tiradentes é tido como herói nacional
● Embora esquartejado recebe a cruz cristã
● Permanece no alto da composição
● Pedro Américo, faz sua fama como artista de pinturas de batalhas e pinturas
históricas; faz nesse caso um registro heroico de Tiradentes.
● Vale lembrar que a Inconfidência Mineira ocorreu em 1789 e a pintura
ocorre em 1893, ou seja, a construção deste herói ocorre após um século e
fica evidenciado o processo nacionalista ocorrido ao longo deste um século.
6.
7. Leandro Joaquim, Vista da Lagoa do Boqueirão e Aqueduto de Santa Teresa,
1790
óleo sobre tela, 86x105 cm, Museu Histórico Nacional
● Retrato do cotidiano? Ou uma propaganda do governo mostrando uma obra
pública?
● Os arcos da Lapa existem até hoje, porém numa paisagem diferente, mais
modernizada.
● Alto/esquerdo da tela podemos reparar o convento (a religião ocupa um
lugar importante na cena, o alto, como falado anteriormente da obra de
Pedro Américo, Tiradentes Esquartejado, 1893.
● Centro da composição temos os arcos, a obra de engenharia da época.
● Logo abaixo a lagoa do Boqueirão e pessoas que se divertem nela.
● Parece haver grande harmonia entre os personagens da cena.
9. ● 1808 – Chegada da família real ao Brasil
● 1816 – Criação Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios (dez anos após
seria aberta a Academia Imperial de Belas Artes)
● 1817 – Pintura do quadro Del Rey D. João VI, por Jean Baptiste Debret; o
quadro em questão ressalta a figura do imperador em posição de rei.
● Após 1815 com a queda de Napoleão, Portugal retoma suas relações
internacionais com a França, D. João envia carta solicitando a vinda da
missão francesa de artes ao Brasil.
● A França ainda sendo o centro cultural irradiador do pensamento europeu,
D. João VI percebe que há a necessidade de elevar o reino a um outro
patamar cultural.
● Na Europa ocorre o movimento Romântico.
11. Exercício de Reflexão
● Debret sendo francês se inspira no ensino francês de arte e pinta D. João
VI, entretanto ao analisarmos uma obra do século anterior; Hyacinthe
Riguad, Retrato de Louis XIV, 1701 – Museu do Louvre, Paris.
Percebemos que Debret inicia a arte no Brasil baseando-se numa visão
europeia da arte.
● Louis XIV conhecido como o Rei Sol, responsável pela construção do
Palácio de Versalles, fora governante da França por 72 anos.
● Uma das citações atribuídas a Louis XIV - “L'état, c'est moi!” - o Estado sou
eu!; representação máxima do poder do rei Sol, já que o rei se simpatizava
com Apolo, aquele que portava o sol.
● Observemos as duas obras:
12.
13. ● Embora ambas as pinturas se
pareçam, a pintura de D. João VI
possui o tamanho de 60x42cm, e a
pintura de Louis XIV 279x190cm,
sendo muito maior.
● D. João VI aparenta ostentar mais
insignias e brasões denotando seus
títulos de nobreza, já o rei Louis XIV
ostenta pouca riqueza e entende-se
que nobreza vem de berço.
● Na verdade a pintura em questão não
foi feita para exposição ou adoração
dos súditos; ela foi feita para
posteriormente ser feitas gravuras dela
como a que vemos ao lado.
● Carles-Simon Pradier, Dom João, Rei
do Reino Unido de Portugal, do
Brasil e Algarves, 1817
● Em tamanho menor e impressa em
papel foi possível distribuir a imagem
pelo reino de D. João, assim todo o
povo conheceria o rei ao vê-lo.
14. ● Outros trabalhos importantes de Debret
consistem na sua retratação do negro no
Brasil, Debret escreve um livro sobre sua
missão no Brasil, um estudo onde o pintor tenta
“vender” a melhor imagem do Brasil à Europa,
em especial à França.
● Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, por
Jean-Baptiste Debret; um retrato do Brasil e da
escravidão.
15.
16. José dos Reis Carvalho
●
Junto com a missão francesa e a abertura a Escola de Ciências, Artes e
Ofícios, era necessário começar a catalogar a flora e fauna brasileira.
● “Riscadores” ou “Desenhadores” assim chamados os artistas que
reproduziam com fidelidade a nossa flora e fauna, um esforço de catalogar a
registro para escola de Ciências da época.
●
José dos Reis Carvalho é o primeiro pintor a se formar na então Academia de
Belas Artes, discípulo direto de Debret.
●
Fala-se ainda do quadro a seguir sobre o tema: Natureza-morta, tema que
explora objetos ausentes de vida, ora admiradas com certo tédio, ora
admiradas com espanto. Naturezas-mortas tratam de assuntos ligados a
transitoriedade da vida, a exemplo das vanitas (pinturas de crânios humanos).
● As naturezas-mortas ganharam muito cenários após alguns países se
tornarem protestantes, o que tornava a iconografia católica apostólica romana
mal vista em suas representações.
17. José dos Reis Carvalho, Flor, sem data
aquarela sobre papel, 18x11cm
Museu D. João VI - UFRJ
18.
19. José dos Reis Carvalho, Igreja de Santana em dia de festa, 1851
20. Félix-Émile Taunay
●
1824 – Félix-Émile assume acadeira de seu pai Nicolas-Antoine Taunay (pintor
de paisagem) na Academia Imperial de Belas Artes
●
1834 – Assume à direção da AIBA, promove reforma na instuição
●
1840 – Organiza as Exposições Gerais de Belas Artes
● 1843 – Fundação da Pinacoteca (hoje Museu Nacional de Belas Artes)
● 1850 - Acusado de favorecimento a León Pallière (neto de Grandjean de
Montigny – arquiteto - , vindo na missão francesa de 1816) quando a este
contempla com uma bolsa de estudos
21. Félix-Émile Taunay, Vista de um Mato Virgem que está sendo reduzido a Carvão,
1843
óleo sobre tela, 134x195cm, Museu Nacional de Belas Artes
22. ●
Gonzaga Duque descreve a seguinte crítica em 1888 em A Arte Brasileira:
●
“Neste, tudo é áspero e desagradável. Umas figurinhas de negros,
desgraciosamente desenhadas...”
●
A crítica refere-se a paleta de cores usada pelo artista; uma cor fria, não digna
das representações a flora brasileira.
●
Entretanto a pintura mostra uma denúncia importante sobre o desmatamento
já ocorrendo em 1843.
● As críticas por Gonzaga Duque e Araújo Porto-Alegre se estendem, já que
esperava-se o ensino de arte brasileiro e Taunay ainda usava uma paleta de
cores vinda da França.
● A crítica ainda se alonga sobre a emoção da imagem:
●
“... deixou de transmitir a comoção sentida diante da natureza, e o que
conseguiu foi pintar a óleo uma estampa para qualquer museu botânico.”
23. José Correia de Lima
● O retrato do primeiro herói negro em 1853:
● O Rio de Janeiro; Sua História, Monumentos, Homens Notáveis,
Usos e Curiosidades, Moreira de Azevedo, 1877:
“Naufragando em 09 de outubro de 1853 o vapor Pernambucana ao
sul da Laguna, morreram 28 pessoas, salvaram-se 42, e destas 13
deveram sua vida ao intrépido marinheiro Simão, que treze vezes
transpôs a nado as ondas, venceu insuperáveis perigos, expôs-se à
morte conseguindo arrancar das profundezas do mar, entre outros,
um cego, um militar que tinha uma perna a menos...”
25. Reflexão Política
● Considerando que a Abolição da Escravidão deu-se em
1888 e o quadro em questão fora pintado em 1853, ou
seja, 35 anos antes. O que teria motivado tal
representação e sua ampla divulgação pelo jornalista Paula
Brito?
● Em 11 de novembro de 1853 ocupa-se uma manchete no
jornal Marmota Fluminense: “O Preto Simão, Herói do
vapor Pernambucana.”
● 1853 – faz-se circular no mesmo jornal a imagem
reproduzida do herói em litografia, por Louis Thérier, hoje
no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
27. Victor Meirelles
●
Uma das controvérsias históricas o quadro em questão, pintado em 1860 a cena seria uma representação da primeira missa
feita em 1º de maio de 1500, quando Pedro Álvares Cabral manda rezar a missa de marca de posse da Terra de Vera Cruz.
● Pintura foi executada em Paris e justificava o pensionato de Victor Meirelles pago pelo império de concedido pela AIBA; teve
favorecimento direto de Manuel de Araújo Porto-Alegre, então diretor na academia entre os anos de 1854 e 1857. Porto-
Alegre o mesmo quem criticava a gestão eurocêntrica de Félix-Émile Taunay e à bolda concedida anos antes a León Pallière.
● Mais de três séculos da colonização do Brasil, a primeira missa fora pintada baseando-se nos padrões vigentes da época.
●
Seria o quadro um relato vivo da primeira missa no Brasil, ou um modo de externarmos nossa nacionalidade e a exploração
de uma nova paleta de cores?
● Victor Meirelles, A Primeira Missa no Brasil, 1860. Óleo sobre tela, 268x356cm Museu Nacional de Belas Artes
28.
29. Pedro Américo
● Pedro Américo se consagra como pintor dos temas históricos do país, entre eles pinta; A
Batalha do Avahy, Paz e Concórdia, O Grito de Independência e Libertação dos Escravos.
● Brasileiro nato, pintou vários temas relacionados histórico e ainda absorveu parte do
conhecimento do movimento romântico europeu em outra de suas obras.
● A Batalha do Avahy, 1874-1877, tanto tempo tomado na obra deveu-se pelo fato de seu
tamanho 6x11m, exaltava a força militar e os triunfos do império; a batalha trata do conflito
entre Brasil e Paraguaios no sul mato-grossense em 1864. Pintada em Florença, após
cinco anos o término do conflito, Pedro Américo se baseia em escritos do conflito não
estando em campo de batalha.
30. Pedro Américo, A Batalha de Avahy, 1877
óleo sobre tela 6x11m
Museu Nacional de Belas Artes
34. Pedro AMÉRICO, Paz e Concórdia, 1895
40x62cm
Museu de Arte de São Paulo - MASP
35. Modesto Brocos
● Talvez a obra seja um marco no processo de miscigenação e eugenia traduzida pelo
espanhol Modesto Brocos.
● 1859 – Charlles Darwin lança seu livro; Origem da Espécies, onde ele trata da questão
da seleção natural (ambiente seleciona espécies mais adaptadas)
● Surge a teoria (ATENÇÃO!!! Não é uma teoria criada por Darwin) Darwinismo social;
→ Defende a superioridade da raça branca europeia
→ A raça branca é a portadora do conhecimento e esta deverá levá-lo às raças
inferiores; negros e índios
→ Defende que grupos populacionais mais desenvolvidos devem dominar grupos
populacionais menos desenvolvidos, ou socialmente inferiores
→ Defende ainda como “fardo” do europeu levar cultura aos selvagens
37. ●
Eugenia (significado; bem nascer) XIX;
→ Francis Galton, 1883
→ Tornar as raças “inferiores” (negros e indígenas) brancas,
sendo assim, a extinção de determinada raça.
→ Por meio de seleção artificial promover a miscigenação do
povo para que ao longo das gerações ocorresse o
“branqueamento” de determinada raça.
→ As ideias pregadas no século XIX foram retomadas com o
nazismo alemão na metade do século XX; promoção do
holocausto e perseguição a grupos sociais fragilizados; ciganos,
judeus, negros, deficientes físicos e homossexuais.
→ No Brasil a política de branqueamento e higienização
promoveu a vinda dos imigrantes europeus afim de que houvesse
a mistura e o “branqueamento” populacional, uma vez extinta a
escravidão em 1888.
38. Eliseu Visconti
● La Gioconda brasileira (Mona Lisa)
● Palheta outonal (cores frias e melancólicas)
● Gioconda e Gioventù; começam com a mesma sílaba
● Primeira exposição em 1899, posteriormente na
Exposição Universal de 1900; conhecida por consagrar o
“estilo 1900” art nouveau - virada de século.
● Marca subjetivamente questões evitadas ser discutidas
socialmente naquela época.
39.
40. Eliseu Visconti, Gioventù, 1898
óleo sobre tela, 65x49cm
Museu Nacional de Belas Artes
● O que vemos na imagem?
● Descreva o fundo da imagem e seus elementos ( o que
veste a moça e o que há ao seu redor).
● O que torna esta imagem tão polemica?
● O que você acredita representar esta moça?
● O fundo da imagem o que você acredita representar?
● Do lado esquerdo da moça qual seria a representação?
41. ● Eliseu Visconti evoca nesta imagem algo que vai além do representativo, alude às imagens mentais e como
elas se formam em nossa mente, reparemos em alguns pontos;
→ A moça que parece olhar pro nada, está tomada por um profundo pensamento como podemos ver com
seu olhar profundo, estático, assim como em toda paisagem que parece tão estática quanto.
→ Observando o fundo da imagem temos uma floresta em tons outonais, por isso chamamos de paleta
outonal, lembrando muito a paleta utilizada no renascimento pelo século XVI, observamos que a floresta
quase se funde ao cabelo da jovem.
→ Ao lado temos os pombos, muito mal representados em contraste com o rosto da moça, logo temos uma
visão embaçada dos pombos brancos que na cultura cristã trazem-nos a ideia de castidade e pureza.
→ 1898 – quase virada de século e existia um tema abordado na França; “mal du siècle” (mal do século);
dizia-se de uma abordagem sobre fantasias sexuais e algumas liberdades nesse mesmo sentido, temas
como homossexualidade e bissexualidade eram abordados mais abertamente e nesse sentido Visconti
aborda uma jovem desnuda, uma menina em sua pureza e juventude, tema este delicado à época.
42. Eliseu Visconti, Gioventù, 1898
Óleo sobre tela 65x49cm
Museu Nacional de Belas Artes
Leonardo da Vinci, Gioconda, 1507
Óleo sobre madeira de álamo 77x53c
Museu do Louvre
43. Rodolpho Chambelland
●
1913 a todo vapor está ocorrendo as vanguardas europeias; no Brasil ocorre algo parecido.
●
Em 11 de setembro de 1913 o jornal Correio da Manhã emite nota; “O Salão é dos Novos” -
quando fala da exposição ocorrido naquele mesmo ano.
● 1910 – um pouco antes dada a exposição referida pelo Correio da Manhã, um grupo de
jovens funda o Centro Artístico Juventas, um local para abrigar os novos artistas e dar acesso
àqueles que nem sempre teriam ao salão de exposições.
●
1919 – O então Centro Artístico Juventas torna-se Sociedade Brasileira de Belas Artes, com
isso o monopólio dado pela Academia Nacional de Belas Artes foi minado.
45. ● Toma-se o tema carnavalesco da obra, um ritmo frenético e cheio de movimento
na composição, os confetes (rastros de tinta) parecem saltar na pintura.
● O Jornal do Comércio emite a seguinte crítica;
“Incontestavelmente o quadro que mais de pronto chama a atenção e a empolga,
é o denominado Baile à Fantasia, do jovem artista Rodolpho Chambelland. É
uma poderosa nota de cor, um magnífico espécime de técnica colorista
executada com singular gosto e habilidade. O tema deste quadro possui grande
caráter local, e adapta-se perfeitamente ao tratamento que deu o artista, que
soube interpretar com bastante felicidade seu espírito popular. Nem lhe falta o
sentimento de expressão amorosa e algo erótico na dança.”
● O tema reflete características da vida parisiense do fim do século XIX.
● A obra emite um constante movimento, diferente das cenas de batalha de Pedro
Américo, em Baile à Fantasia a cena se eterniza pelo movimento e não pela
glória da vitória de uma batalha.
46. Reflexão e Produção
● Observe as seguintes obras; A Batalha de
Avahy, de Pedro Américo – 1877 e Baile à
Fantasia, de Rodolpho Chambelland e descreva
as diferenças das cenas.
● Faça um desenho que represente uma festa
popular ou festas recentes que tenha
frequentado.
● Transcreva um trecho da música que ouviu
nessa festa ao lado do desenho.
47. Anita Malfatti
●
Principal figura do movimento de arte moderna e da semana de 22 (1922).
● Uma das maiores promessas da vanguarda de arte no Brasil, trazia da Europa uma vasta bagagem do aprendizado alemão.
●
1918 – expões trabalhos na rua Libero Badaró junto com amigos americanos; trazia um ar de novidade internacional e com
isso Monteiro Lobato, um crítico de arte da época emite a seguinte crítica no jornal O Estado de São Paulo; “A respeito da
exposição Malfatti”
“Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem normalmente as coisas(..) A outra espécie é formada pelos que
veem anormalmente a natureza e interpretam-na à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes,
surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. (...) Embora eles se deem como novos, precursores de uma arte a vir,
nada é mais velho do que a arte anormal ou teratológica: nasceu com a paranoia e com a mistificação.(...) Essas
considerações são provocadas pela exposição da senhora. Malfatti onde se notam acentuadíssimas tendências para uma
atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de Picasso e companhia”.
48. ● E foi assim que Monteiro Lobato deu fim a carreira de Anita Malfatti; a
elite paulistana recusou seus trabalhos depois de dada a crítica.
● O nacionalismo exacerbado de Monteiro Lobato não permitiu que ele
visse além de estrangeirismos na obra de Malfatti, para ele, Anita não
trazia o novo “brasileiríssimo” e sim modismos da velha Europa.
● Para Lobato a obra deveria prestar-se ao senso histórico, ao
nacionalismo e ir além de sua plástica, a obra deveria ter premissas
ideológicas. Pouco depois o mesmo Monteiro Lobato fora acusado até de
nazista devido ao seu extremo nacionalismo.
● Devemos lembrar que na Europa os movimentos do cubismo, futurismo e
expressionismo sofriam com as críticas em sua maioria.
49. Analise esta citação:
● “O medo é a reação mais previsível diante do
desconhecido.” - Vilém Flusser
Anita Malfatti, O Homem Amarelo, 1916, óleo
sobre tela, 61x51cm. Instituto de Estudos
Brasileiros/Universidade de São Paulo
50.
51. ● E houve mais críticas de Monteiro Lobato;
“Teorizam aquilo com grande dispêndio de palavreado técnico, descobrem
na tela intenções inacessíveis ao vulgo, justificam-nas com independência
de interpretação do artista; a conclusão é que o público é uma besta e eles,
os entendidos, um grupo genial de iniciados nas transcendências sublimes
duma Estética Superior.”
● E quanto ao público que visita a exposição segue a crítica;
“Nenhuma impressão de prazer ou de beleza denunciam as caras; em
todas se lê o desapontamento de quem está incerto, duvidoso de si próprio
e dos outros, incapaz de raciocinar e muito desconfiado de que o
mistificaram grosseiramente.”
● Quanto a Anita; sua expressão era a estranheza, a opressão e a vergonha;
traços característicos do expressionismo e nos perguntamos diante do
quadro; - E é amarelo por quê? Por que, meu deus? - é amarelo porque
assim o é e será e pessoas erradas são assim. “É a humanidade exilada de
sua condição humana.” - Rafael Cardoso, Arte Brasileira em 25 quadros,
Record, pag. 179.
52. Reflexão e Produção
● Pesquise obras de Anita Malfatti, Egon Schiele e Van
Gogh descreva três quadros, um de cada artista e
responda as perguntas:
→ O que chama mais a atenção no quadro?
→ Você achou estranho o que no quadro?
→ Que sentimento te causou a obra, como alegria, medo,
desespero ou calma?
● Faça um desenho, fotografia ou colagem de algo que
acha estranho, que sente medo ou desespero ao ver.
53. Vicente do Rego Monteiro
● 1921 – O Jornal dedica uma matéria de primeira página escrita por Ronald
de Carvalho sobre o trabalho de Rego Monteiro; “uma arte
verdadeiramente brasileira”
● Ocorre a Semana e Arte Moderna de 1922 e é feita a seguinte crítica no
jornal O Imparcial, pelo articulista Enrico Castelli;
“Em geral, o ideal do artista brasileiro é fugir da terra para ir adorar os
ídolos europeus e voltar com alguns esquisitos nus “cocottes” francesas ou
algum pinheiro romanos, pintados e repintados por meio mundo como se
não houvesse lindas mulheres e poderosas paisagens nesta terra [...]”
54. Vicente do Rego Monteiro, Atirador de Arcos, 1925
óleo sobre tela, 65x81cm
Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Recife
55.
56. ● Rego Monteiro consegue fundir dois elementos
importantes para construção da arte brasileira
e movimento modernista;
→ Motivos ornamentais das cerâmicas
marajoaras.
→ Primitivismo do atirador de flechas, tema
explorado por Debret, porém sem os adornos
marajoaras.
57. ● Ainda na crítica de Enrico Castelli;
“ele preferiu o ineditismo das nossas lendas selvagens, com sua poesia
estranha e indumentária esquisita. O aspecto obscuro das civilizações
primitivas, hoje mais do que nunca, empolga o artista.”
● A idealização do índio como primitivismo e ainda como verdadeiro e
autêntico originário das terras brasileiras fez com que famílias da
metade do século XIX assumissem nomes indígenas ou fizessem a
substituição como; Paraguaçu ou Índio do Brasil.
● Indianismo
● Primeira Missa no Brasil, de Victor Meirelles (1860) já mostra a vontade
de fusão de duas culturas.
● 1872 – Alegoria do Império Brasileiro, Chaves Pinheiro, 1872,
192x75x31cm, Museu Nacional de Belas Artes;
mostra a mesma vontade, porém o índio possui traços europeus.
58.
59. ● Denota-se ainda a exploração não só por Rego
Monteiro aos motivos da cerâmica marajoara e seus
estudos; Theodoro Braga, Fernando Correia Dias e
Antônio Paim Vieira, entre seus elementos destacam-
se:
→ Composições simétricas
→ Figuras estilizadas
→ Geometrização das formas
→ Paleta terrosa
→ Ornamentação decorativa
● Na Europa um movimento muito parecido ocorre com o
expressionismo, fauvismo e cubismo; artista buscam a
arte além-da-europa, vão a outras culturas buscar
inovações e novos pensamentos.
60. Analisando Obras
● Faça uma análise entre as seguintes obras;
→ Jean-Baptiste Debret, Cabocle Indien Civilisé, 1834. Museu Castro Maya
(litografia)
→ Rego Monteiro, Atirador de Arco, 1925. Museu de Arte Moderna Aloísio
Magalhães
● Observe as obras e responda as questões:
1 – Quais semelhanças existem entre elas?
2 – Quais as diferenças entre o céu de Debret e o céu de Rego Monteiro?
3 – O indianismo é um movimento da arte brasileira, o que fizeram os artistas
buscar determinados temas como vemos nas duas obras?
4 – Qual das obras escolheria e por quê?
5 – Após observar as obras, faça a sua representação de um índio em
momento de caça.
61.
62. J. Carlos
● Iluminismo classifica cinco áreas de criação; pintura, escultura,
arquitetura, poesia e música, com isso classificamos “Belas Artes”.
● Divididas as cinco linguagens da arte, as demais recebem o nome de
“Artes Menores”; ofícios, decorativas ou aplicadas.
● John Ruskin (1859) afirma que todas as artes são de um modo
aplicada, em seu tempo ou perído, dede modo ele se opões ao termo
usado para distinguir “artes maiores” e “artes menores”.
● Man Ray e Marcel Duchamp inovam no início do século XX rompendo
com a academia quando em 1913 é exposto “A Fonte”, por Marcel
Duchamp.
63. J. Carlos, capa
da revista Para
Todos, nº45,
1927
impressão
litográfica sobre
papel couché,
30x23cm
64. ● J. Carlos na década de 20 foi grande
responsável pelo repertório visual e seus
personagens tornaram-se ícones culturais;
Melindrosa e Almofadinha.
● A imagem, rica em movimento pelo tecido que
a o vento faz no tecido.o
● Reflete a mulher da década de 20; sensual,
libertária, alegre e moderna, um ícone da
mulher desejada e um modelo de mulher no
auge sufragista do Brasil.
● 1930 – a mulher ganha direito ao voto.
● Ideal de Brasil urbano.
65. Tarsila do Amaral
● Tenta-se fundir uma identidade nacional, entretanto toda
arte ainda tem forte influência europeia.
● O futebol era criticado como “macaqueação” da vergonha,
sendo criticado por Lima Barreto como o esporte “bretão”.
● As danças e ritos afro-brasileiros eram motivo de escárnio.
O samba era motivo de vergonha.
● Quem somos nós? O que nos une?
● Ano de centenário da Independência, 1922, o Brasil ainda
não possuía uma identidade enquanto povo e o sentimento
de frustração era grande.
66. 1922, Semana de Arte Moderna
● 1922, Semana de Arte Moderna, realizada no Teatro Municipal de
São Paulo em fevereiro. A exposição foi financiada pelo Estado de
São Paulo, a prefeitura cedeu o espaço e um grupo de cidadãos
notáveis contribuíram para realização do evento.
● “A burguesia pagava para receber o choque da modernidade”.
● Entre artistas paulistas, destacou-se os cariocas; Heitor Villa-Lobos e
Di Cavalcanti.
● Todos estavam lá, menos Tarsila, que entre 1921 e 1923 estava em
Paris. Recebe influências de Fernand Legér e André Lhote.
● Tarsila explora uma paleta cítrica e terrosa, usa elementos nacionais
na composição.
70. Comparação com influências de Fernand Legèr.
À direita; Tarsila do Amaral, São Paulo, 1924
À esquerda; Fernand Legèr, La Ville, 1919
71. Reflexão
● Observe as das imagens, São Paulo, 1924 de
Tarsila do Amaral e a imagem de La Ville, 1919
de Fernand Legèr, descreva e analise os tons
das telas, os motivos e as semelhanças. Faça
uma dissertação ao menos de 20 linhas.
● Faça um desenho, colagem ou representação
que lembre uma paisagem de onde mora, de
um lugar onde viajou ou onde espera morar.