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TEORIAS PROCESSOS E FACTORES DE
APRENDIZAGEM
- 2 -
Não se aprende, Senhor,
na fantasia.
Sonhando, imaginando ou estudando.
Senão vendo, tratando e pelejando.”
(Camões, Os Lusíadas, canto X, Estrofe 153)
- 3 -
“Cada pessoa sabe perfeitamente que se pode aprender sempre e em
vários contextos, e que esta actividade estranha não se deixa confinar
aos contextos e lugares para os quais é habitualmente remetida.”
Meirieu
A natureza do processo de aprendizagem tem acompanhado Homem
e este tem-se interrogado sobre a natureza deste processo. Ora, se o
formador deve surgir no âmbito da formação de adultos como um
facilitador da aprendizagem deve dominar as características do
processo de aprendizagem, deve conhecer as teorias da
aprendizagem no sentido de reforçar a prática e os facilitadores da
aprendizagem.
Aprendizagem será uma construção pessoal, resultante de um processo
experimental, interior à pessoa e que se traduz numa modificação de
comportamento relativamente estável.
Isto é, aprendizagem é um processo na medida em que, a
aprendizagem exige um tempo que pode ser mais ou menos longo em
função do sujeito e do momento.
É uma construção pessoal, já que nada se aprende verdadeiramente
sem a experiência pessoal de quem aprende; através de mecanismos
de assimilação e acomodação, o sujeito, numa busca de equilíbrio
entre o adquirido e o que falta de adquirir constrói a sua aprendizagem.
Experimental e interior à pessoa, na medida em que, sendo intrínseco,
este processo, apenas se manifesta no comportamento exterior
- 4 -
observável, mais, este é um processo com carácter eminentemente
pessoal.
A aprendizagem traduz uma modificação de comportamento
relativamente estável, pois, não se podendo ver em si mesma, a
aprendizagem afere-se pela modificação que opera no
comportamento exterior observável do sujeito, a qual sugere uma
modificação consistente e estável.
A aprendizagem pode operar a três níveis do saber:
Saber – Saber: visa a aquisição de informações, desenvolvimento de
capacidades e estratégias cognitivas e a sua aplicação a situações
novas (Domínio Cognitivo).
Saber – Ser / Estar: visa um ajustamento pessoal, a descoberta do
sentido profundo das acções e dos acontecimentos, o desenvolvimento
de atitudes e interesses, a aquisição de valores (Domínio sócio -
afectivo).
Saber – Fazer: visa o desenvolvimento e aplicação de habilidades
psicomotoras (Domínio Psicomotor).
Saber - Saber
Saber – Ser / Estar Saber-Fazer
- 5 -
A divisão da aprendizagem nestes três domínios não significa que eles
se excluam, antes, ainda que se intervenha preferencialmente num
domínio, os outros acabam por ser influenciados. A cada um dos
vértices dos saberes correspondem diferentes estratégias pedagógicas
pelo que o formador deve dominar.
Mais, não deve o formador descurar as resistências que o indivíduo
coloca à mudança que processo de aprendizagem necessariamente
opera. De facto, as resistências ao saber são diferentes conforme
actuemos preferencialmente num ou noutro domínio de saber.
Assim, tendo em conta a realidade actual de mudanças constantes e a
real necessidade de adaptação ao novos contextos profissionais, o
formador deverá considerar que os três níveis do saber antes
enunciados, já não são suficientes para uma sociedade em
transformação, daí que se imponha o “saber – evoluir”, como afirma
Vítor Briga. O objectivo da formação será sempre o de fomentar os
conhecimentos, modificar atitudes e desenvolver as aptidões dos
formandos de modo a quer eles possam responder às diferentes
solicitações em tempo real. A este nível não serão de descurar os
mecanismos de auto - formação e a formação ao longo da vida.
- 6 -
Teorias da Aprendizagem
As teorias da aprendizagem podem dividir-se em três grandes famílias
que, não obstante as naturais diferenças entre as teorias que a
compõem, apresentam pontos comuns que permitem esta
sistematização.
Assim, de uma forma sumária vamos referir as teorias
comportamentalistas, cognitivistas e humanistas no sentido verificar o
contributo que cada uma delas pode trazer para a formação.
Behaviorista
Por Behaviorismo entende-se um estudo científico, puramente objectivo,
do comportamento humano. O termo behaviorismo está associado ao
nome do psicólogo americano John Watson; nos seus estudos sobre
aprendizagem rejeitou tudo o que não pudesse ser observado, medido
com objectividade.
Watson vê a aprendizagem como o resultado de um processo
condicionamento segundo o qual determinadas respostas ou reacções
são associadas a determinados estímulos e considera que todas as
formas de comportamento podem ser aprendidas. Fundando-se nos
- 7 -
estudos sobre o reflexo condicionado de Pavlov e da teoria de estímulo-
resposta de Thorndike, a aprendizagem poderia então conceber-se
como um processo de desenvolvimento de reflexos condicionados que
se obteriam substituindo estímulos não condicionados por estímulos
condicionados.
As ideias de condicionalismo e de reforço foram desenvolvidas por
Skinner que passou a ser conhecido como o grande expoente da teoria
behaviorista. Skinner defende que a aprendizagem é uma forma de
condicionamento operante, onde o reforço assume especial acuidade.
Isto acontece sempre que uma resposta é recompensada; a
recompensa reforça, entusiasma e funciona ela própria como estímulo,
aumentando as probabilidades de sucesso. Tudo o que a pessoa faz ou
pode fazer no futuro é resultado da sua história de reforços e punições.
O Homem é fundamentalmente um organismo que responde a
estímulos exteriores, de um modo mais ou menos automático.
Esta teoria realça o “saber fazer”, o comportamento exterior, observável
e susceptível de ser medido. Assentando num processo mecanicista que
perde frequentemente a noção de actividade no seu conjunto, baseia-
se no comportamento exterior ao aluno e na análise minuciosa da
estrutura da tarefa de aprender, considerando-o como um recipiente
passivo e moldável.
Princípios Psico - Pedagógicos
 Apresentação de estímulos;
 Matéria em sequências curtas;
 Exercitação;
 Conhecimento dos resultados;
 Reforço.
- 8 -
Cognitivista
Estas teorias consideram que a aprendizagem deve assentar em três
condições fundamentais:
1. Intuição (insigth);
2. Finalidade;
3. Estrutura.
Uma vez que o sujeito define o fim que deseja atingir, apercebendo-se
de como o há-de estruturar a sua aprendizagem de forma a consegui-
lo.
De acordo com Piaget, o papel da escola é integrar e enriquecer o
desenvolvimento normal da criança e, nessa medida, o currículo deve
acompanhar o ritmo normal do desenvolvimento. O ensino deve estar
de acordo com os interesses e a curiosidade da pessoa, não devendo
ser nem demasiado fácil para não ser maçador, nem demasiado
complicado para não ser frustrante.
Bruner é outro psicólogo que tem estudado a psicologia do
desenvolvimento e estuda-a na sua relação com a aprendizagem. Para
este autor, a aprendizagem é um processo activo do sujeito que
aprende, organiza e guarda a informação recebida. O conhecimento
adquire-se a partir de problemas que se levantam, expectativas que se
criam, hipóteses que se avançam e verificam, descobertas que se
fazem, sendo depois organizado em categorias e relacionado com
conhecimentos anteriormente adquiridos e armazenados no cérebro.
- 9 -
Deste modo, vai-se construindo, a pouco e pouco, o conhecimento do
mundo, o modelo de realidade a totalidade do saber. É o chamado
ensino pela descoberta que pressupõe actividades de pesquisa,
observação e exploração, análise de problemas e resultados,
integração de novos dados em conceitos anteriormente adquiridos e
princípios mais gerais.
É um ensino que tem como corolário uma aprendizagem activa. Um
ensino que pressupõe, da parte do formador, uma capacidade de
lançar perguntas que despertem a curiosidade, mantenham o interesse,
provoquem e desenvolvam o pensamento.
A par de Piaget, Bruner considera que o ensino deve acompanhar o
desenvolvimento humano.
Considera que, o objectivo último do ensino é promover a
compreensão geral da estrutura de uma matéria. Entender a sua
estrutura é compreendê-la de uma forma que permite que muitas
outras coisas se relacionem significativamente com esse assunto.
Quando um formando compreende a estrutura da matéria vê-a como
um todo relacionado. Cabe aqui ao formador, na sugestão de Bruner,
ajudar a promover as condições em que o formando se possa
aperceber da estrutura de um determinado assunto.
A teoria de Bruner assenta em quatro princípios fundamentais:
 Motivação;
 Estrutura;
 Sequência;
 Reforço.
- 10 -
Ausubel, outro cognitivista, dedicou-se ao estudo da aprendizagem
significativa, opondo-se à aprendizagem memorizada ou mecânica.
Propondo o ensino pela descoberta guiada, estratégia segundo a qual
o formador funciona como um organizador do processo
ensino/aprendizagem, não deixando que o ensino aconteça ao sabor e
ao ritmo dos interesses dos formandos. Segundo ele, é mais fácil
aprender se a informação for organizada e sequenciada de uma forma
lógica, isto é, de tal maneira que os objectivos que pressupõe
conhecimentos anteriores, não sejam ensinados sem que esses
conhecimentos estejam realmente presentes, e segundo estratégias
que facilitem a organização em conjuntos significativos.
A aprendizagem consiste numa mudança na estrutura cognitiva do
sujeito ou na maneira como ele percebe, selecciona e organiza os
objectos e os acontecimentos e lhes atribui significado.
Princípios Psico – Pedagógicos:
 Motivação;
 Compreensão;
 Recurso a esquemas e questionários;
 Relação do “novo” com o adquirido;
 Transferência para situações novas, idênticas;
 Estudo de casos.
Humanista
Para os humanistas, aprender não se reduz à aquisição de mecanismos
de estimulo-reacção. É um processo cognitivo. Todavia, não se
confunde com a forma como a aprendizagem cognitiva é praticada.
- 11 -
O movimento humanista surge como outra tendência actual da
psicologia da aprendizagem que está patente nas chamadas escolas
abertas ou escolas em que os formandos escolhem as actividades em
que vão participar.
Carl Rogers, entende que o educando cresce e adquire experiência se
se lhe deixa livre iniciativa para descobrir o seu caminho, numa atitude
de auto-realização e auto-avaliação, um processo de se tornar pessoa.
“Tornar-se pessoa” surge como a chave do processo de aprendizagem
na visão humanista; é um processo pessoal, de índole vivencial, no
centro do qual está a pessoa como ser que pensa, sente e vive. Para os
humanistas, os aspectos emocionais do educando são tão importantes
como o desenvolvimento intelectual.
Neste contexto, o formador deve procurar pôr-se à disposição dos
formandos, transmitindo conhecimentos e experiências de forma a lhes
possibilitar o recurso às suas próprias competências. O formador não
deve impor os seus pontos de vista, antes deve ser um recurso ou uma
fonte de referência para permitir aos próprios formandos o
desenvolvimento das suas formas de pensar.
A função do formador consistiria no permitir e acentuar a tendência dos
seus formandos para se afirmarem.
Princípios Psico - Pedagógicos
 Aprendizagem centrada no formando;
 Auto - Aprendizagem;
 Auto - avaliação;
 Atmosfera emocional positiva;
 Ajudar a “tornar-se pessoa”.
- 12 -
Facilitadores da Aprendizagem
O formador deverá conhecer e dominar os facilitadores da
aprendizagem, pois eles permitir-lhe-ão uma melhor descodificação da
mensagem, percepção da sua utilidade e aprofundamento da relação
interpessoal com o grupo.
1. Motivação
Para lá dos factores individuais de motivação, deve o formador motivar
um grupo no sentido de o fazer agir para alcançar os resultados
desejados, isto é, a aprendizagem. Assim, deverá, desde logo, analisar a
relação entre o grupo e o tema, no sentido de verificar se a motivação
intrínseca (inerente ao próprio tema) é suficiente para “fazer mover” o
grupo, ou se ao invés, terá de recorrer à motivação extrínseca (fora do
próprio tema).
Com este desiderato, poderá o formador recorrer às seguintes variáveis,
que traduzem motivações comuns do grupo:
Curiosidade e Necessidade de Saber
Existe uma atracção especial sobre o desconhecido ou a novidade.
É sabido que a descoberta motiva, pois a exploração e o
conhecimento da realidade fazem parte da actividade adaptativa
normal do indivíduo, bem como da busca do conhecimento.
Sucesso pessoal
Vencer, ter sucesso, triunfar, atingir o objectivo é motivação. O
sucesso reforça o potencial de acção, eleva a autoconfiança. Já o
fracasso deprime o potencial de acção e leva a evitar a situação
geradora, daí que o formador deva potenciar dificuldades e
situações, ainda que desafiantes, passíveis de serem superadas pelo
indivíduo.
Necessidade de Realização Pessoal
- 13 -
A ideia de progresso, de desenvolvimento, surge como uma das
motivações mais fundamentais do ser humano, ligada à
necessidade de realização própria. A formação deve contribuir para
essa sensação de realização pessoal para ser motivadora.
Competição
Sempre que o indivíduo pensa ter boas hipóteses de sucesso, o seu
espírito competitivo aumenta. Aqui cabe ao formador orientar a
competição num sentido positivo de estimulação das
potencialidades do grupo, por forma a que todos ganhem com
todos, e não num sentido “predador” em que a motivação do grupo
se perde face à rivalidade agressiva e ao culto do individualismo.
Presença no Grupo
Quase sempre a presença de um público dinamiza o indivíduo,
aumenta-lhe a rapidez e o nível de performance. Por outro lado, essa
presença intensifica os efeitos afectivos do fracasso. Só um grupo
onde o indivíduo se sente confiante é estimulante, daí que, ao
formador cabe o papel de contribuir para a criação de uma coesão
grupal onde se potenciem os efeitos positivos da presença do outro
e se neutralizem os efeitos negativos dessa presença.
Utilidade
Se é certo que o conceito de “útil” é diferente consoante os
indivíduos, é inegável que a percepção de utilidade é motivante,
quer esta utilidade surja para si, para aqueles pelos quais somos
responsáveis, para a consecução dos objectivos pessoais, ou outra.
Percepção clara da finalidade
“Saber para onde se vai” é uma necessidade adulta, como forma
de justificar o caminho proposto e elemento de aceitação dos
obstáculos eventuais.
Acessibilidade
- 14 -
O formando sentir-se-á mais envolvido se tiver a percepção da
relação entre a formação e a experiência adquirida, a familiaridade
com um determinado assunto, a avaliação do esforço necessário e
suficiente que garante o sucesso, a facilidade do conhecimento a
ser adquirido.
Prestígio social
A procura de status social, de promoção, de consideração, estimula
os esforços pessoais e, como tal, motiva.
2. Actividade
O formador pode optar por dois modos de aprendizagem:
 Por recepção;
 Por acção;
 Por recepção / acção.
Por recepção
Aqui o formando é um sujeito passivo no processo da formação,
limitando-se a receber as informações que o formador lhe transmite, daí
a sua actividade ser meramente intelectual, com os efeitos no diminuto
grau de satisfação dos intervenientes. É o formador que selecciona,
desenvolve e aplica os conhecimentos que considera mais importantes
para o grupo.
Por acção
Nesta forma de aprendizagem o papel do formando é fundamental; é
ele através da troca de experiências e opiniões com os restantes
elementos do grupo descobre os conceitos, constrói os raciocínios e
retira as conclusões que considera mais pertinentes, a partir dos quais se
- 15 -
vai fundar a sua aprendizagem. Aqui o formador deve funcionar como
um animador e moderador do grupo.
Sabendo que o formador deve ser um facilitador da aprendizagem,
deve ter em conta que:
10% do que lemos;
20% do que ouvimos;
30% do que vemos;
50% do que vemos e ouvimos simultaneamente;
80% do que dizemos;
90% do que dizemos, enquanto fazemos algo em que reflectimos e
participamos pessoalmente.
Industrial Audiovisual Association, 1962
Por recepção / acção
E suma, o formador deve privilegiar uma formação centrada no modo
de aprendizagem por acção, recorrendo à recepção para
contextualizar, enunciar definições e conceitos com vista a nivelar o
grupo, sintetizar as descobertas do grupo no sentido que estas ganhem
a consistência de um corpo teórico estruturado. Isto é, deverá privilegiar
o modo de aprendizagem por acção/recepção.
Uma aprendizagem activa implica:
 Promover o aprender fazendo;
 Estimular os formandos o gosto pela curiosidade, investigação e
descoberta;
 Incentivar e alimentar o debate;
 Fomentar a partilha de experiências, o intercâmbio de saberes e
o relacionamento de saberes e o relacionamento interpessoal.
- 16 -
3.Conhecimento dos Objectivos
Os adultos sentem necessidade de saber com precisão e clareza quais
os objectivos que o formador se propõe atingir. Mas, deve ficar claro
que, aqueles objectivos devem ser comungados por ambos os
intervenientes: formador e grupo.
O conhecimento dos objectivos permite:
 Tornar o formando mais consciente do que vai aprender;
 Marcar pontos de referência para que o formando possa fixar os
seus progressos face ao esperado;
 Distinguir o essencial do acessório;
 Tomar consciência das formas de auto e hetero-avaliação;
 Motivar, pois o grupo sabe que há um projecto a realizar.
4. Conhecimento dos resultados
Não obstante a auto-avaliação que se quer promover, os formandos
querem a opinião clara do animador do processo formativo. Se o ideal
é a convergência entre auto-avaliação do grupo e os resultados que o
formador comunica, quando isso não acontece retoma-se a
necessidade de utilização do reforço.
5. Reforço
O mais importante contributo das teorias comportamentalistas para a
formação, resultou da introdução do conceito de reforço. Não
obstante, este reforço deve ser adaptado às realidades que a
formação hoje exige, libertando-o pois, das análises redutoras do sujeito
a que uma mais radical poderia conduzir.
- 17 -
Neste contexto, o reforço surge como atitudes de aprovação,
reprovação ou indiferença que o formador adopta face aos
comportamentos dos formandos e que tem por objectivo a
continuidade ou abandono de comportamentos por parte dos
formandos.
Tipos de reforço:
 Positivo:
A recompensa, o elogio pelo trabalho bem feito, pela aprendizagem
bem sucedida. Isto pressupõe que o formador:
o Seja específico em relação ao que está a elogiar;
o Não premei a normalidade;
o Evite centrar os elogios de forma repetida nos mesmos
formandos;
o Utilize o reforço relativamente a uma componente para
melhorar as partes fracas;
o Nunca assuma que os elogios bastam; eles são um primeiro
passo numa rede formas de reconhecimento justas que a
formação pode permitir.
 Negativo:
Surge como a crítica pelo objectivo não atingido, pelo comportamento
inadequado. Se o reforço positivo não for dado de uma forma positiva
pode implicar uma reacção afectiva indesejável por parte dos
formandos. Assim o formador deverá:
o Por a tónica naquilo que a pessoa fez ou pode fazer;
o Escolher um incidente significativo, uma ocorrência que
ilustre um problema-chave que careça ser resolvido ou um
padrão de deficiência, assim como a capacidade de fazer
bem certas partes do trabalho;
o Propor sempre uma solução;
o Ser sensível, empático;
- 18 -
o Ter presente que o erro na aprendizagem é instrutivo, ou
como diz Olivier Reboul são “ensaios activos de
ajustamento da conduta ao modelo desejado”.
 Ausente:
Traduz-se na indiferença do formador face aos comportamentos dos
formandos, quer eles sejam positivos ou negativos. Este tipo de
atitude por parte do formador é totalmente desadequado, pois será
sempre propiciador de desmotivação do grupo.
6. Domínio dos pré-requisitos
Entendendo por pré-requisitos, as capacidades ou os conhecimentos
prévios indispensáveis aos exercícios e actividades supostas para uma
dada aprendizagem, é indispensável que logo no início da sessão seja
feito o seu teste, o qual funcionará como uma avaliação diagnostica.
Todavia esta avaliação deve estar despojada de toda a carga inerente
à avaliação tradicional, devendo servir como uma primeira
aproximação à realidade e conhecimento dos formandos.
Como refere Ausubel, “ De todos os factores que influenciam a
aprendizagem, o mais importante é o que o aluno já sabe. Averigúe-se
o que o aluno já sabe e ensine-se em conformidade.”.
Em suma:
Sendo certo que não há teorias perfeitas, nem receitas da psicologia da
aprendizagem a aplicar cegamente na formação, existem várias
possibilidades que, dominadas pelo formador, permitem uma maior
adequação às diferentes realidades e públicos-alvo.
- 19 -
Conscientes das virtualidades e lacunas de cada uma das teorias, cabe
ao formador, em função do grupo, das suas necessidades,
capacidades e exigência centrar a sua formação numa ou outra.
Não poderemos esquecer que, com Artur da Rosa Machado:
O ADULTO APRENDE
O que quer
O que lhe faz falta
Com a prática
O ADULTO APRENDE MELHOR
Resolvendo problemas
Em ambiente descontraído
Quando é orientado, e não avaliado
Bibliografia:
BRIGA, Vítor, Manual Temático – Aperfeiçoamento Técnico-pedagógico de
formadores, 2000.
FERRÃO, Luís e RODRIGUES, Manuela, Formação Pedagógica de Formadores,
Manual Prático Lidel, 2000.
MÃO-DE-FERRO, António, Na Rota da Pedagogia, Edições Colibri, 1999.
PINTO, Jorge, Psicologia da Aprendizagem: Concepções, Teorias e Processos,
I.E.F.P. – Colecção Aprender, 1992.
ROCHA, José Eduardo, Condições e Factores de Aprendizagem, I.E.F.P. –
Colecção Formar Pedagogicamente, 1991.

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FPIF - Aprendizagem

  • 1. - 1 - TEORIAS PROCESSOS E FACTORES DE APRENDIZAGEM
  • 2. - 2 - Não se aprende, Senhor, na fantasia. Sonhando, imaginando ou estudando. Senão vendo, tratando e pelejando.” (Camões, Os Lusíadas, canto X, Estrofe 153)
  • 3. - 3 - “Cada pessoa sabe perfeitamente que se pode aprender sempre e em vários contextos, e que esta actividade estranha não se deixa confinar aos contextos e lugares para os quais é habitualmente remetida.” Meirieu A natureza do processo de aprendizagem tem acompanhado Homem e este tem-se interrogado sobre a natureza deste processo. Ora, se o formador deve surgir no âmbito da formação de adultos como um facilitador da aprendizagem deve dominar as características do processo de aprendizagem, deve conhecer as teorias da aprendizagem no sentido de reforçar a prática e os facilitadores da aprendizagem. Aprendizagem será uma construção pessoal, resultante de um processo experimental, interior à pessoa e que se traduz numa modificação de comportamento relativamente estável. Isto é, aprendizagem é um processo na medida em que, a aprendizagem exige um tempo que pode ser mais ou menos longo em função do sujeito e do momento. É uma construção pessoal, já que nada se aprende verdadeiramente sem a experiência pessoal de quem aprende; através de mecanismos de assimilação e acomodação, o sujeito, numa busca de equilíbrio entre o adquirido e o que falta de adquirir constrói a sua aprendizagem. Experimental e interior à pessoa, na medida em que, sendo intrínseco, este processo, apenas se manifesta no comportamento exterior
  • 4. - 4 - observável, mais, este é um processo com carácter eminentemente pessoal. A aprendizagem traduz uma modificação de comportamento relativamente estável, pois, não se podendo ver em si mesma, a aprendizagem afere-se pela modificação que opera no comportamento exterior observável do sujeito, a qual sugere uma modificação consistente e estável. A aprendizagem pode operar a três níveis do saber: Saber – Saber: visa a aquisição de informações, desenvolvimento de capacidades e estratégias cognitivas e a sua aplicação a situações novas (Domínio Cognitivo). Saber – Ser / Estar: visa um ajustamento pessoal, a descoberta do sentido profundo das acções e dos acontecimentos, o desenvolvimento de atitudes e interesses, a aquisição de valores (Domínio sócio - afectivo). Saber – Fazer: visa o desenvolvimento e aplicação de habilidades psicomotoras (Domínio Psicomotor). Saber - Saber Saber – Ser / Estar Saber-Fazer
  • 5. - 5 - A divisão da aprendizagem nestes três domínios não significa que eles se excluam, antes, ainda que se intervenha preferencialmente num domínio, os outros acabam por ser influenciados. A cada um dos vértices dos saberes correspondem diferentes estratégias pedagógicas pelo que o formador deve dominar. Mais, não deve o formador descurar as resistências que o indivíduo coloca à mudança que processo de aprendizagem necessariamente opera. De facto, as resistências ao saber são diferentes conforme actuemos preferencialmente num ou noutro domínio de saber. Assim, tendo em conta a realidade actual de mudanças constantes e a real necessidade de adaptação ao novos contextos profissionais, o formador deverá considerar que os três níveis do saber antes enunciados, já não são suficientes para uma sociedade em transformação, daí que se imponha o “saber – evoluir”, como afirma Vítor Briga. O objectivo da formação será sempre o de fomentar os conhecimentos, modificar atitudes e desenvolver as aptidões dos formandos de modo a quer eles possam responder às diferentes solicitações em tempo real. A este nível não serão de descurar os mecanismos de auto - formação e a formação ao longo da vida.
  • 6. - 6 - Teorias da Aprendizagem As teorias da aprendizagem podem dividir-se em três grandes famílias que, não obstante as naturais diferenças entre as teorias que a compõem, apresentam pontos comuns que permitem esta sistematização. Assim, de uma forma sumária vamos referir as teorias comportamentalistas, cognitivistas e humanistas no sentido verificar o contributo que cada uma delas pode trazer para a formação. Behaviorista Por Behaviorismo entende-se um estudo científico, puramente objectivo, do comportamento humano. O termo behaviorismo está associado ao nome do psicólogo americano John Watson; nos seus estudos sobre aprendizagem rejeitou tudo o que não pudesse ser observado, medido com objectividade. Watson vê a aprendizagem como o resultado de um processo condicionamento segundo o qual determinadas respostas ou reacções são associadas a determinados estímulos e considera que todas as formas de comportamento podem ser aprendidas. Fundando-se nos
  • 7. - 7 - estudos sobre o reflexo condicionado de Pavlov e da teoria de estímulo- resposta de Thorndike, a aprendizagem poderia então conceber-se como um processo de desenvolvimento de reflexos condicionados que se obteriam substituindo estímulos não condicionados por estímulos condicionados. As ideias de condicionalismo e de reforço foram desenvolvidas por Skinner que passou a ser conhecido como o grande expoente da teoria behaviorista. Skinner defende que a aprendizagem é uma forma de condicionamento operante, onde o reforço assume especial acuidade. Isto acontece sempre que uma resposta é recompensada; a recompensa reforça, entusiasma e funciona ela própria como estímulo, aumentando as probabilidades de sucesso. Tudo o que a pessoa faz ou pode fazer no futuro é resultado da sua história de reforços e punições. O Homem é fundamentalmente um organismo que responde a estímulos exteriores, de um modo mais ou menos automático. Esta teoria realça o “saber fazer”, o comportamento exterior, observável e susceptível de ser medido. Assentando num processo mecanicista que perde frequentemente a noção de actividade no seu conjunto, baseia- se no comportamento exterior ao aluno e na análise minuciosa da estrutura da tarefa de aprender, considerando-o como um recipiente passivo e moldável. Princípios Psico - Pedagógicos  Apresentação de estímulos;  Matéria em sequências curtas;  Exercitação;  Conhecimento dos resultados;  Reforço.
  • 8. - 8 - Cognitivista Estas teorias consideram que a aprendizagem deve assentar em três condições fundamentais: 1. Intuição (insigth); 2. Finalidade; 3. Estrutura. Uma vez que o sujeito define o fim que deseja atingir, apercebendo-se de como o há-de estruturar a sua aprendizagem de forma a consegui- lo. De acordo com Piaget, o papel da escola é integrar e enriquecer o desenvolvimento normal da criança e, nessa medida, o currículo deve acompanhar o ritmo normal do desenvolvimento. O ensino deve estar de acordo com os interesses e a curiosidade da pessoa, não devendo ser nem demasiado fácil para não ser maçador, nem demasiado complicado para não ser frustrante. Bruner é outro psicólogo que tem estudado a psicologia do desenvolvimento e estuda-a na sua relação com a aprendizagem. Para este autor, a aprendizagem é um processo activo do sujeito que aprende, organiza e guarda a informação recebida. O conhecimento adquire-se a partir de problemas que se levantam, expectativas que se criam, hipóteses que se avançam e verificam, descobertas que se fazem, sendo depois organizado em categorias e relacionado com conhecimentos anteriormente adquiridos e armazenados no cérebro.
  • 9. - 9 - Deste modo, vai-se construindo, a pouco e pouco, o conhecimento do mundo, o modelo de realidade a totalidade do saber. É o chamado ensino pela descoberta que pressupõe actividades de pesquisa, observação e exploração, análise de problemas e resultados, integração de novos dados em conceitos anteriormente adquiridos e princípios mais gerais. É um ensino que tem como corolário uma aprendizagem activa. Um ensino que pressupõe, da parte do formador, uma capacidade de lançar perguntas que despertem a curiosidade, mantenham o interesse, provoquem e desenvolvam o pensamento. A par de Piaget, Bruner considera que o ensino deve acompanhar o desenvolvimento humano. Considera que, o objectivo último do ensino é promover a compreensão geral da estrutura de uma matéria. Entender a sua estrutura é compreendê-la de uma forma que permite que muitas outras coisas se relacionem significativamente com esse assunto. Quando um formando compreende a estrutura da matéria vê-a como um todo relacionado. Cabe aqui ao formador, na sugestão de Bruner, ajudar a promover as condições em que o formando se possa aperceber da estrutura de um determinado assunto. A teoria de Bruner assenta em quatro princípios fundamentais:  Motivação;  Estrutura;  Sequência;  Reforço.
  • 10. - 10 - Ausubel, outro cognitivista, dedicou-se ao estudo da aprendizagem significativa, opondo-se à aprendizagem memorizada ou mecânica. Propondo o ensino pela descoberta guiada, estratégia segundo a qual o formador funciona como um organizador do processo ensino/aprendizagem, não deixando que o ensino aconteça ao sabor e ao ritmo dos interesses dos formandos. Segundo ele, é mais fácil aprender se a informação for organizada e sequenciada de uma forma lógica, isto é, de tal maneira que os objectivos que pressupõe conhecimentos anteriores, não sejam ensinados sem que esses conhecimentos estejam realmente presentes, e segundo estratégias que facilitem a organização em conjuntos significativos. A aprendizagem consiste numa mudança na estrutura cognitiva do sujeito ou na maneira como ele percebe, selecciona e organiza os objectos e os acontecimentos e lhes atribui significado. Princípios Psico – Pedagógicos:  Motivação;  Compreensão;  Recurso a esquemas e questionários;  Relação do “novo” com o adquirido;  Transferência para situações novas, idênticas;  Estudo de casos. Humanista Para os humanistas, aprender não se reduz à aquisição de mecanismos de estimulo-reacção. É um processo cognitivo. Todavia, não se confunde com a forma como a aprendizagem cognitiva é praticada.
  • 11. - 11 - O movimento humanista surge como outra tendência actual da psicologia da aprendizagem que está patente nas chamadas escolas abertas ou escolas em que os formandos escolhem as actividades em que vão participar. Carl Rogers, entende que o educando cresce e adquire experiência se se lhe deixa livre iniciativa para descobrir o seu caminho, numa atitude de auto-realização e auto-avaliação, um processo de se tornar pessoa. “Tornar-se pessoa” surge como a chave do processo de aprendizagem na visão humanista; é um processo pessoal, de índole vivencial, no centro do qual está a pessoa como ser que pensa, sente e vive. Para os humanistas, os aspectos emocionais do educando são tão importantes como o desenvolvimento intelectual. Neste contexto, o formador deve procurar pôr-se à disposição dos formandos, transmitindo conhecimentos e experiências de forma a lhes possibilitar o recurso às suas próprias competências. O formador não deve impor os seus pontos de vista, antes deve ser um recurso ou uma fonte de referência para permitir aos próprios formandos o desenvolvimento das suas formas de pensar. A função do formador consistiria no permitir e acentuar a tendência dos seus formandos para se afirmarem. Princípios Psico - Pedagógicos  Aprendizagem centrada no formando;  Auto - Aprendizagem;  Auto - avaliação;  Atmosfera emocional positiva;  Ajudar a “tornar-se pessoa”.
  • 12. - 12 - Facilitadores da Aprendizagem O formador deverá conhecer e dominar os facilitadores da aprendizagem, pois eles permitir-lhe-ão uma melhor descodificação da mensagem, percepção da sua utilidade e aprofundamento da relação interpessoal com o grupo. 1. Motivação Para lá dos factores individuais de motivação, deve o formador motivar um grupo no sentido de o fazer agir para alcançar os resultados desejados, isto é, a aprendizagem. Assim, deverá, desde logo, analisar a relação entre o grupo e o tema, no sentido de verificar se a motivação intrínseca (inerente ao próprio tema) é suficiente para “fazer mover” o grupo, ou se ao invés, terá de recorrer à motivação extrínseca (fora do próprio tema). Com este desiderato, poderá o formador recorrer às seguintes variáveis, que traduzem motivações comuns do grupo: Curiosidade e Necessidade de Saber Existe uma atracção especial sobre o desconhecido ou a novidade. É sabido que a descoberta motiva, pois a exploração e o conhecimento da realidade fazem parte da actividade adaptativa normal do indivíduo, bem como da busca do conhecimento. Sucesso pessoal Vencer, ter sucesso, triunfar, atingir o objectivo é motivação. O sucesso reforça o potencial de acção, eleva a autoconfiança. Já o fracasso deprime o potencial de acção e leva a evitar a situação geradora, daí que o formador deva potenciar dificuldades e situações, ainda que desafiantes, passíveis de serem superadas pelo indivíduo. Necessidade de Realização Pessoal
  • 13. - 13 - A ideia de progresso, de desenvolvimento, surge como uma das motivações mais fundamentais do ser humano, ligada à necessidade de realização própria. A formação deve contribuir para essa sensação de realização pessoal para ser motivadora. Competição Sempre que o indivíduo pensa ter boas hipóteses de sucesso, o seu espírito competitivo aumenta. Aqui cabe ao formador orientar a competição num sentido positivo de estimulação das potencialidades do grupo, por forma a que todos ganhem com todos, e não num sentido “predador” em que a motivação do grupo se perde face à rivalidade agressiva e ao culto do individualismo. Presença no Grupo Quase sempre a presença de um público dinamiza o indivíduo, aumenta-lhe a rapidez e o nível de performance. Por outro lado, essa presença intensifica os efeitos afectivos do fracasso. Só um grupo onde o indivíduo se sente confiante é estimulante, daí que, ao formador cabe o papel de contribuir para a criação de uma coesão grupal onde se potenciem os efeitos positivos da presença do outro e se neutralizem os efeitos negativos dessa presença. Utilidade Se é certo que o conceito de “útil” é diferente consoante os indivíduos, é inegável que a percepção de utilidade é motivante, quer esta utilidade surja para si, para aqueles pelos quais somos responsáveis, para a consecução dos objectivos pessoais, ou outra. Percepção clara da finalidade “Saber para onde se vai” é uma necessidade adulta, como forma de justificar o caminho proposto e elemento de aceitação dos obstáculos eventuais. Acessibilidade
  • 14. - 14 - O formando sentir-se-á mais envolvido se tiver a percepção da relação entre a formação e a experiência adquirida, a familiaridade com um determinado assunto, a avaliação do esforço necessário e suficiente que garante o sucesso, a facilidade do conhecimento a ser adquirido. Prestígio social A procura de status social, de promoção, de consideração, estimula os esforços pessoais e, como tal, motiva. 2. Actividade O formador pode optar por dois modos de aprendizagem:  Por recepção;  Por acção;  Por recepção / acção. Por recepção Aqui o formando é um sujeito passivo no processo da formação, limitando-se a receber as informações que o formador lhe transmite, daí a sua actividade ser meramente intelectual, com os efeitos no diminuto grau de satisfação dos intervenientes. É o formador que selecciona, desenvolve e aplica os conhecimentos que considera mais importantes para o grupo. Por acção Nesta forma de aprendizagem o papel do formando é fundamental; é ele através da troca de experiências e opiniões com os restantes elementos do grupo descobre os conceitos, constrói os raciocínios e retira as conclusões que considera mais pertinentes, a partir dos quais se
  • 15. - 15 - vai fundar a sua aprendizagem. Aqui o formador deve funcionar como um animador e moderador do grupo. Sabendo que o formador deve ser um facilitador da aprendizagem, deve ter em conta que: 10% do que lemos; 20% do que ouvimos; 30% do que vemos; 50% do que vemos e ouvimos simultaneamente; 80% do que dizemos; 90% do que dizemos, enquanto fazemos algo em que reflectimos e participamos pessoalmente. Industrial Audiovisual Association, 1962 Por recepção / acção E suma, o formador deve privilegiar uma formação centrada no modo de aprendizagem por acção, recorrendo à recepção para contextualizar, enunciar definições e conceitos com vista a nivelar o grupo, sintetizar as descobertas do grupo no sentido que estas ganhem a consistência de um corpo teórico estruturado. Isto é, deverá privilegiar o modo de aprendizagem por acção/recepção. Uma aprendizagem activa implica:  Promover o aprender fazendo;  Estimular os formandos o gosto pela curiosidade, investigação e descoberta;  Incentivar e alimentar o debate;  Fomentar a partilha de experiências, o intercâmbio de saberes e o relacionamento de saberes e o relacionamento interpessoal.
  • 16. - 16 - 3.Conhecimento dos Objectivos Os adultos sentem necessidade de saber com precisão e clareza quais os objectivos que o formador se propõe atingir. Mas, deve ficar claro que, aqueles objectivos devem ser comungados por ambos os intervenientes: formador e grupo. O conhecimento dos objectivos permite:  Tornar o formando mais consciente do que vai aprender;  Marcar pontos de referência para que o formando possa fixar os seus progressos face ao esperado;  Distinguir o essencial do acessório;  Tomar consciência das formas de auto e hetero-avaliação;  Motivar, pois o grupo sabe que há um projecto a realizar. 4. Conhecimento dos resultados Não obstante a auto-avaliação que se quer promover, os formandos querem a opinião clara do animador do processo formativo. Se o ideal é a convergência entre auto-avaliação do grupo e os resultados que o formador comunica, quando isso não acontece retoma-se a necessidade de utilização do reforço. 5. Reforço O mais importante contributo das teorias comportamentalistas para a formação, resultou da introdução do conceito de reforço. Não obstante, este reforço deve ser adaptado às realidades que a formação hoje exige, libertando-o pois, das análises redutoras do sujeito a que uma mais radical poderia conduzir.
  • 17. - 17 - Neste contexto, o reforço surge como atitudes de aprovação, reprovação ou indiferença que o formador adopta face aos comportamentos dos formandos e que tem por objectivo a continuidade ou abandono de comportamentos por parte dos formandos. Tipos de reforço:  Positivo: A recompensa, o elogio pelo trabalho bem feito, pela aprendizagem bem sucedida. Isto pressupõe que o formador: o Seja específico em relação ao que está a elogiar; o Não premei a normalidade; o Evite centrar os elogios de forma repetida nos mesmos formandos; o Utilize o reforço relativamente a uma componente para melhorar as partes fracas; o Nunca assuma que os elogios bastam; eles são um primeiro passo numa rede formas de reconhecimento justas que a formação pode permitir.  Negativo: Surge como a crítica pelo objectivo não atingido, pelo comportamento inadequado. Se o reforço positivo não for dado de uma forma positiva pode implicar uma reacção afectiva indesejável por parte dos formandos. Assim o formador deverá: o Por a tónica naquilo que a pessoa fez ou pode fazer; o Escolher um incidente significativo, uma ocorrência que ilustre um problema-chave que careça ser resolvido ou um padrão de deficiência, assim como a capacidade de fazer bem certas partes do trabalho; o Propor sempre uma solução; o Ser sensível, empático;
  • 18. - 18 - o Ter presente que o erro na aprendizagem é instrutivo, ou como diz Olivier Reboul são “ensaios activos de ajustamento da conduta ao modelo desejado”.  Ausente: Traduz-se na indiferença do formador face aos comportamentos dos formandos, quer eles sejam positivos ou negativos. Este tipo de atitude por parte do formador é totalmente desadequado, pois será sempre propiciador de desmotivação do grupo. 6. Domínio dos pré-requisitos Entendendo por pré-requisitos, as capacidades ou os conhecimentos prévios indispensáveis aos exercícios e actividades supostas para uma dada aprendizagem, é indispensável que logo no início da sessão seja feito o seu teste, o qual funcionará como uma avaliação diagnostica. Todavia esta avaliação deve estar despojada de toda a carga inerente à avaliação tradicional, devendo servir como uma primeira aproximação à realidade e conhecimento dos formandos. Como refere Ausubel, “ De todos os factores que influenciam a aprendizagem, o mais importante é o que o aluno já sabe. Averigúe-se o que o aluno já sabe e ensine-se em conformidade.”. Em suma: Sendo certo que não há teorias perfeitas, nem receitas da psicologia da aprendizagem a aplicar cegamente na formação, existem várias possibilidades que, dominadas pelo formador, permitem uma maior adequação às diferentes realidades e públicos-alvo.
  • 19. - 19 - Conscientes das virtualidades e lacunas de cada uma das teorias, cabe ao formador, em função do grupo, das suas necessidades, capacidades e exigência centrar a sua formação numa ou outra. Não poderemos esquecer que, com Artur da Rosa Machado: O ADULTO APRENDE O que quer O que lhe faz falta Com a prática O ADULTO APRENDE MELHOR Resolvendo problemas Em ambiente descontraído Quando é orientado, e não avaliado Bibliografia: BRIGA, Vítor, Manual Temático – Aperfeiçoamento Técnico-pedagógico de formadores, 2000. FERRÃO, Luís e RODRIGUES, Manuela, Formação Pedagógica de Formadores, Manual Prático Lidel, 2000. MÃO-DE-FERRO, António, Na Rota da Pedagogia, Edições Colibri, 1999. PINTO, Jorge, Psicologia da Aprendizagem: Concepções, Teorias e Processos, I.E.F.P. – Colecção Aprender, 1992. ROCHA, José Eduardo, Condições e Factores de Aprendizagem, I.E.F.P. – Colecção Formar Pedagogicamente, 1991.